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UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DE DISSERTAÇÃO E


CARTA ARGUMENTATIVA

Dissertação apresentada so curso


de Especialização em Leitura e Produção
Textual da Universidade Federal de Pelotas,
como requisito para a obtenção do titulo em
Especialista em Leitura e Produção Textual.

Orientador : Profª Drª Silvia Costa Kurtz

PELOTAS
2005
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Resumo...........................................................................................4
Introdução........................................................................................5
1. Metodologia.................................................................................7
2. Releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005) a partir de
perspectivas teóricas subjacentes.................................................10
2.2. Coletânea........................................................................................................................12
2.3 Tipo de Texto..................................................................................................................12
2.5 Coerência.........................................................................................................................18
3. Sugestões didático-pedagógicas para o ensino de redação a
vestibulandos da UFPel, quanto aos itens tema, coletânea e tipo
de texto..........................................................................................24
4. Análises de produções argumentativas, com base na releitura
dos critérios de correção das redações de vestibulandos da UFPel
(UFPEL/CES, 2005), com ênfase ao que se refere aos itens tema,
coletânea e tipo de texto...............................................................34
Conclusão......................................................................................39
Africanistas temem proibição de sacrifícios de animais.......................................................43
Africanistas temem proibição de sacrifícios de animais.......................................................43
EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................................47
DISCUSSÃO.........................................................................................................................47
O USO DE ANABOLIZANTES TORNA-SE UM RISCO DE VIDA PARA OS JOVENS
...............................................................................................................................................48
Efeitos colaterais dos pés à cabeça........................................................................................49
PROPOSTA: ....................................................................................................................50
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4

Resumo
O estudo aqui apresentado como trabalho de conclusão do curso de
Especialização em Leitura e Produção Textual da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) tem como objetivo sugerir uma releitura dos critérios de correção das
redações de vestibulandos utilizados pela instituição (UFPEL/CES, 2005), a partir
de perspectivas teóricas subjacentes, bem como apresentar algumas sugestões
pedagógicas para o ensino de elementos pertinentes à produção textual referente
ao vestibular da UFPel, feitas com base nessa releitura.
As perspectivas teóricas consideradas na releitura em questão relacionam-se,
na sua maioria, à área de estudo da argumentação, à qual tivemos uma
introdução durante o referido curso de especialização na disciplina denominada
Tópicos em Argumentação. Na tentativa de associar uma dimensão aplicada às
reflexões de caráter teórico apresentadas e, considerando que o vestibular de
UFPel determina a produção de uma carta argumentativa ou de uma dissertação
na prova de redação, este trabalho apresenta algumas sugestões pedagógicas
para o ensino desses tipos de texto, podendo vir a ser de interesse e contribuir
para a prática docente de professores de ensino médio.
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Introdução
Considerando minha experiência como professora de redação de cursos pré-
vestibulares, entendo ser grande a dificuldade da maioria dos vestibulandos
quanto à adequação ao tipo de texto que devem produzir na prova de redação do
vestibular da Universidade Federal de Pelotas, uma carta argumentativa ou uma
dissertação.
Soma-se a isso a escassez de recursos didáticos que auxiliem professores a
planejar aulas objetivando orientar seus alunos especificamente para a situação
de produção de redação para o vestibular, assim como para elucidar questões
relativas ao estudo de textos argumentativos no ensino médio. A respeito disso,
Azevedo (2004), com base em análise de manuais didáticos, afirma ser possível
constatar, conforme Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), que há um
considerável desconforto dos autores desses manuais em lidar com o processo
argumentativo. E acrescenta: “A questão que fica é: como ensinar a argumentar,
onde buscar subsídios a fim de nortear a prática docente?” (Azevedo, 2004,
p.300).
Certamente não temos a pretensão de responder a essa questão, que revela
um estado de apreensão quanto ao ensino de produção textual argumentativa.
Entretanto, tendo cursado a disciplina Tópicos em Argumentação, oferecida pelo
Curso de Especialização em Leitura e Produção Textual da UFPel, no segundo
semestre de 2003, notei que com base nas perspectivas teóricas estudadas seria
possível fazer uma releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), e, a partir disso, fazer
algumas sugestões pedagógicas para o ensino de elementos pertinentes à
produção textual referente ao vestibular da instituição.
Assim, associando as dimensões de caráter teórico às de caráter aplicado, ou
seja, a referida releitura às sugestões pedagógicas pretende-se contribuir para o
ensino da produção de textos argumentativos dos tipos carta argumentativa e
dissertação.
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Após a seção relativa à metodologia, apresentamos, na seção dois, as


tabelas dos critérios de correção das redações de vestibulandos da UFPel
(UFPEL/CES, 2005), seguidas de releituras realizadas a partir de perspectivas
teóricas subjacentes. As referidas tabelas explicitam os critérios de correção
utilizados pela UFPel em janeiro de 2005 (UFPEL/CES, 2005), que se referem aos
seguintes itens:
1) Tema;
2) Coletânea;
3) Tipo de Texto;
4) Modalidade;
5) Coerência;
6) Coesão.
A seção três deste trabalho consta de sugestões pedagógicas
desenvolvidas a partir da prática realizada quanto ao ensino de elementos
pertinentes à produção textual referente ao vestibular da UFPel e com base na
releitura dos referidos critérios de correção (UFPEL/CES, 2005). Salientamos
que, devido à natureza deste trabalho e à ênfase pretendida quanto à
argumentação, os itens abordados na seção três são tema, coletânea e tipo de
texto, não sendo incluídos modalidade, coesão e coerência.
A seção quatro apresenta um paralelo entre a produção textual inicial e a
final de um dos alunos, ambas sendo analisadas com base na releitura dos
critérios de correção das redações de vestibulandos da UFPel (UFPEL/CES,
2005), com ênfase ao que se refere aos itens tema, coletânea e tipo de texto.
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1. Metodologia
Considerando que:
• uma releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), a partir
de perspectivas teóricas relacionadas à questão da argumentação,
pode ampliar a compreensão dos referidos critérios;
• o acesso aos critérios de correção das redações de vestibulandos
utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005) acompanhados de
esclarecimentos que venham a ampliar a sua compreensão pode
vir a beneficiar a produção de textos argumentativos dos tipos
carta e dissertação
propomos a seguinte questão: “é possível observar melhora em termos de
adequação na produção de textos argumentativos do tipo carta e dissertação,
através de uma releitura dos critérios de correção das redações de vestibulandos
utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), sendo essa realizada a partir de
perspectivas teóricas relacionadas à questão da argumentação, e possibilitando o
acesso aos critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados pela
UFPel (UFPEL/CES, 2005), acompanhados de esclarecimentos que venham a
ampliar a sua compreensão ?”.
Para responder a tal questão oferecemos um curso a quatro vestibulandos,
aqui tratados por “alunos”, com idades entre 19 e 23 anos, todos provenientes de
escolas estaduais de ensino médio e que não tinham estudado em cursos pré-
vestibulares.
A prática em questão teve um total de 32 horas-aula de 50 minutos,
distribuídas ao longo de dois meses em dois encontros semanais de 2 horas-aula
cada.
O curso foi desenvolvido com base na referida releitura dos critérios dos
critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados pela UFPel
(UFPEL/CES, 2005), conforme explicitado na seção dois deste trabalho. As aulas
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foram conduzidas, num processo semelhante ao adotado no vestibular da UFPel,


da seguinte maneira:
1. No início de cada encontro os alunos recebiam suas redações corrigidas e
tiravam suas dúvidas quanto à correção;
2. o conteúdo relativo a algum dos critérios de correção das redações de
vestibulando da UFPel (UFPEL/CES, 2005) a ser abordado em cada encontro
sempre foi escolhido a partir das dificuldades verificadas nas produções textuais
dos alunos;
3. ao final de cada encontro era distribuída uma proposta de redação. Cada
proposta constava de alguns textos de livros, revistas e jornais que abordavam
vários aspectos de um tema geralmente polêmico e de interesse público, a
respeito do qual os vestibulandos deveriam escrever, em casa, uma carta e uma
dissertação (ver exemplos de coletâneas aplicadas, nos anexos 1, 2 e 3);
4. a proposta era lida e debatida;
5. eram recolhidas as produções textuais relativas à proposta entregue no
encontro anterior, as quais serviam de base para a escolha do conteúdo a ser
debatido no próximo encontro.
Tendo como base a produção textual dos alunos, que servia com elemento
para a identificação das suas maiores dificuldades em relação à redação de carta
argumentativa e de dissertação, a carga horária do curso foi dividida de acordo
com os itens presentes na tabela de avaliação dos textos produzidos no vestibular
da UFPel da seguinte maneira:
Tema e Coletânea : 7 h/a
Tipo de Texto: 8 h/a
Modalidade: 9 h/a
Coerência: 4 h/a
Coesão: 4 h/a
Para facilitar o processo de compreensão da correção por parte dos
vestibulandos, bem como para agilizar o processo de correção das redações, foi
criada uma tabela de siglas (anexo 4). Essa tabela foi desenvolvida com base na
experiência da autora deste trabalho como professora de cursos pré-vestibulares e
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contém os problemas observados como mais recorrentes em redações escritas


como exercício para o vestibular da UFPel, a sigla referente a cada problema e a
indicação dos possíveis prejuízos que cada um pode causar quando da correção
do texto conforme os critérios da universidade supracitada.
Além disso, elaborou-se um modelo de folha para a redação (anexo 05), com
o objetivo de padronizar a apresentação dos textos, visando facilitar o processo
reprodução da situação do vestibular, como uma forma de auxiliar na adequação
do aluno no que tange às linhas que podem ser deixadas em branco e ao tamanho
da sua letra ao número de linhas a ser escrito, por exemplo. Como se pode
observar ao visualizar a folha elaborada, julga-se adequada a folha de redação
com linhas numeradas, que haja nela o número máximo de linhas que se deseja
ser escrito, assim como pode haver uma “marca” indicando o número mínimo de
linhas, podendo esta ser apresentar o determinado número circulado. Também,
visando facilitar o processo de correção e de compreensão da mesma por parte
dos estudantes, sugere-se que no rodapé seja disposto um espaço em que sejam
colocados os critérios através dos quais o texto será analisado, um espaço para
as notas e as respectivas observações ou justificativas.
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2. Releitura dos critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados


pela UFPel (UFPEL/CES, 2005) a partir de perspectivas teóricas
subjacentes
Quando se trata do tema redação no vestibular, sabe-se que a UFPel
procura selecionar para os seus cursos aqueles alunos capazes de organizar as
ideias, de estabelecer relações, de interpretar dados e fatos e de elaborar
hipóteses coerentes. É nesse contexto, portanto, que se deve entender a prova de
redação e o peso que ela tem no vestibular. O escore total do vestibular da UFPel
é de 420 pontos, sendo 60 pontos o valor máximo da prova de redação, o que
equivale a 14,3% do escore total do vestibular.
A correção é realizada com base em um valor máximo de 60 pontos,
atribuídos ao(s) candidato(s) que totalizar 10 pontos na avaliação dos seis itens
considerados: tema, coletânea, tipo de texto, modalidade, coerência e coesão.
Salienta-se que o texto deve ter no máximo 30 linhas e que a tipologia, que pode
ser ou dissertação ou carta argumentativa, e o tema são especificados aos
vestibulandos. Cada redação é avaliada no mínimo por dois corretores, os quais o
farão mediante os seis itens anteriormente mencionados e conforme critérios
valores apresentados nas tabelas divulgadas pela UFPel (UFPEL/CES, 2005).
2.1.Tema
Este é o primeiro item que consta na tabela de critérios de correção das
redações do processo seletivo da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL/CES,
2005) e avalia a capacidade do vestibulando para compreender o tema proposto e
saber utilizar elementos da coletânea de forma colaborativa ao seu ponto de vista.
Tema, segundo o Dicionário Aurélio (2000), é a proposição a respeito da qual
se vai tratar. O tema a ser abordado na redação do processo seletivo da UFPel é
sempre especificado ao vestibulando. A coletânea é composta por alguns textos,
fornecidos pela banca de correção das redações, e deve ser considerada na
argumentação sobre o tema proposto, para que o aluno não tenha que “partir da
estaca zero” e também para que possa ser avaliada a capacidade do aluno de ler,
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interpretar e selecionar informações relevantes para defender o seu ponto de


vista.
Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito ao item tema e
a nota atribuída a cada nível de adequação:
0 fuga total ao tema: o candidato não desenvolveu a redação de acordo com a proposta,
levados em consideração os ângulos possíveis de abordagem do tema;
2,0 desenvolvimento muito ruim e/ou tangencial do tema: o candidato refere-se ao tema
de forma muito superficial, detendo-se em ângulos não pertinentes e/ou deixa ideias soltas
e/ou contraditórias;
4,0 desenvolvimento razoável do tema: informações do senso comum; ponto de vista
repleto de obviedades; as ideias podem progredir — porém são relacionadas de forma
previsível — e/ou ser circulares;
6,0 desenvolvimento bom do tema: o texto evidencia um projeto claro de desenvolvimento,
ainda que sem apresentar ideias originais e criticidade;
8,0 desenvolvimento muito bom do tema: boa articulação das ideias; o ponto de vista do
autor se mantém, ao longo de texto, sem dispersões; há indícios de “autoria” e/ou de
criticidade;
10,0 desenvolvimento acima da média do tema, “excelente”: o autor articula os elementos
escolhidos com informações significativas não fornecidas pela coletânea; texto com
“autoria” e/ou com criticidade, com ponto de vista criativo e original, com ideias
relacionadas de forma incomum, de modo a “sensibilizar” o leitor.
Observação: recebe desconto de 50% do total de pontos a redação que tangenciou o tema.
Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.
É importante salientar que, a fim de ampliar a compreensão quanto a tais
critérios (UFPEL/CES, 2005), torna-se pertinente sugerir esclarecimentos de
alguns termos e expressões presentes no item tema:
Note-se a importância que é dada à capacidade do vestibulando de articular
os elementos escolhidos com informações não fornecidas pela coletânea, porém
significativas para o desenvolvimento do tema.
Para compreender melhor o item Tema recorre-se a Perelman (1993) que
criou uma definição a respeito de argumentação, em que ensina que para
convencer é preciso estar convencido, e isso, segundo Perelman (1993), exige
acurado preparo do orador sobre o tema. Vale salientar que os primeiros estudos
quanto à argumentação referiam-se mais à argumentação oral, à retórica, porém
considera-se, atualmente, que tais estudos podem ser aplicados à argumentação
escrita, tornando-se, assim, de uma forma mais abrangente, o que se denominava
“orador”, em “produtor da argumentação”, seja ela oral ou escrita.
Entende-se aqui que o vestibulando deve ter uma carga de leituras bastante
significativa, que o auxilie a defender de forma eficaz o seu ponto-de-vista sobre o
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tema, e também que deve saber selecionar aspectos do tema proposto que
contribuem para o desenvolvimento de seu projeto de texto, evitando informações
desnecessárias ou óbvias.
2.2. Coletânea
Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito à nota atribuída
a cada nível de adequação com relação a este item, que avalia a capacidade do
vastibulando ler, interpretar e selecionar elementos colaborativos ao seu ponto de
vista :
0 não utilização de nenhum elemento da coletânea;

2,0 mera colagem ou paráfrase de alguns fragmentos da coletânea;

4,0 utilização razoável dos elementos da coletânea: os dados escolhidos contribuem


minimamente para um desenvolvimento relevante do tema;

6,0 boa utilização dos elementos da coletânea: os dados escolhidos contribuem


satisfatoriamente para a discussão e/ou desenvolvimento do tema;

8,0 utilização muito boa da coletânea: as informações foram selecionadas de forma crítica,
contribuindo relevantemente para a discussão e/ou desenvolvimento do tema;

10,0 articulação acima da média dos elementos da coletânea com informações do


conhecimento de mundo do candidato: o aproveitamento inteligente da coletânea
sensibiliza o leitor.

Observação: recebe desconto de 50% do total de pontos a redação que tangenciou o tema.
Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.
A coletânea é composta por alguns textos, fornecidos pela banca de correção
das redações, e deve ser considerada na argumentação sobre o tema proposto,
para que o aluno não tenha que “partir da estaca zero” e também para que possa
ser avaliada a capacidade do aluno de ler, interpretar e selecionar informações
relevantes para defender o seu ponto de vista. Os textos que compõem a
coletânea geralmente são selecionados de revistas e jornais de circulação
nacional ou regional.
2.3 Tipo de Texto

Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito à nota atribuída
a cada nível de adequação com relação a este item, que avalia o domínio do
candidato sobre os elementos formais e estruturais do texto dissertativo ou da
carta argumentativa:
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0 Desenvolvimento de outro tipo de texto que não o proposto; aparecimento de


elementos da carta argumentativa na dissertação;

2,0 Afastamento do tipo de texto proposto: só aparece uma das partes de um texto
argumentativo; o texto não define claramente seu tipo; aparecimento de carta
argumentativa com apenas 2 elementos;

4,0 Uma da partes do texto não cumpre o seu papel: a introdução apresenta elementos que
não são desenvolvidos e/ou o desenvolvimento pouco tem a ver com a introdução e/ou a
conclusão não retoma as ideias apresentadas, não finalizando o texto como um todo;
aparecimento de 4 elementos da carta argumentativa;

6,0 Todas as partes do texto cumprem o seu papel, embora possam não estar
perfeitamente integradas: a divisão em parágrafos pode perturbar a identificação das
partes constituintes do texto; pode apresentar algum problema que não comprometa o
texto, ou ainda a tese não estar perfeitamente amarrada aos argumentos; aparecimento
de 4 elementos da carta argumentativa;

8,0 Todas as partes cumprem o seu papel:a divisão em parágrafos reflete uma boa
organização do texto; no mínimo aparecem 5 elementos da carta argumentativa;

10,0 Texto acima da média quanto ao tipo proposto: além de todas as partes cumprirem o
seu papel, estão amarradas de forma criativa e competente; aparecem todos os
elementos da carta.

Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.


Observe-se que no que diz respeito ao item Tipo de Texto há várias
menções às partes caracterizadoras de dissertação e carta. Quanto à dissertação,
há uma vaga referência a quais seriam tais partes, quando são citadas
“introdução, desenvolvimento e conclusão”, mas quanto à carta, apenas há
referência ao fato de que deve haver “seis elementos formais”, não indicando
quais seriam. Assim, torna-se pertinente refletir acerca das perspectivas teóricas
subjacentes relativas à questão das partes dos textos argumentativos.
Para Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), por exemplo, toda
relação argumentativa é composta por três elementos: uma asserção de partida
(premissa), uma asserção de chegada (conclusão) e asserções de passagem
(argumentos) que permitem passar da primeira para a segunda asserção.
Considerando-se que, para Rohden (1997), o objetivo de fazer um discurso
em partes é possibilitar a demonstração, pois assim é fácil recordar tudo que se
argumentou acerca de um tema, é importante buscar definições mais completas
sobre as partes de um texto argumentativo.
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Por essa razão, recorre-se aos primórdios dos estudos obre a argumentação,
mais precisamente a Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002), que
estabelece, no segundo tratado apresentado na obra A arte retórica (s.d.), a
ordem das partes do discurso e a importância da ordenação das partes para
possibilitar o ato de demonstrar ou refutar determinadas opiniões.
Segundo Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002), as partes que
compõem o discurso retórico são:
1. exórdio: é o começo do discurso. Pode ser uma indicação do assunto a
ser desenvolvido. O exórdio visa a assegurar a fidelidade dos ouvintes;
2. narração: é a exposição dos fatos, do assunto, tema. Na narração
coloca-se tudo o que ilustra o assunto, é a “justa medida” como diz Aristóteles
(Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002).
3. confirmação: é o conjunto de provas, seguidas por uma refutação que
destrói os argumentos do outro. São elementos sustentadores da argumentação;
4. peroração; é o epílogo. Ela é a última oportunidade para o argumentador
assegurar a fidelidade do receptor. A peroração constitui-se de quatro estratégias:
(a) deixar o receptor “mal” com o ponto de vista adversário, ou seja, reafirmar os
seus equívocos; (b) amplificar ou atenuar o que se expôs, colocando, por
exemplo, um último e forte argumento, que pode ser alguma provável
consequência que ocorrerá caso não seja tomada alguma atitude para solucionar
o problema (tema) em questão; (c) excitar as paixões no ouvinte; (d) proceder uma
recapitulação, um resumo do ponto de vista.
Essa divisão foi feita pelos pensadores que antecederam Aristóteles nos
estudos da retórica, na Grécia antiga, e ele acabou aceitando e explorando mais
detalhadamente em seus estudos.
Com vistas a uma proposta pedagógica para o ensino de redação a vestibulandos
da UFPel, uma reflexão acerca das partes que compõem o discurso retórico,
citadas acima, leva a supor que:
1. exórdio corresponde ao que chamamos, atualmente, de introdução;
2. narração pode ser encontrada na introdução ou no início do
desenvolvimento e corresponde à apresentação do tema a ser abordado no texto;
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3. confirmação é o que chamamos de desenvolvimento;


4. peroração é o que chamamos de conclusão e que, por fim, excitar as
paixões no ouvinte, como forma de peroração ou conclusão, poderia tornar-se
difícil quanto à dissertação, já que não há um leitor pré-determinado.
Em contrapartida, para refletir a respeito das marcas tipológicas da carta,
começando pela introdução, julgamos mais pertinente se considerarmos teóricos
que consideram de suma importância a relação entre autor e leitor. Logo, ressalta-
se Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), que considera que duas das
condições gerais da atividade argumentativa são a identidade, que diz respeito a
“quem escreve a quem”, e a finalidade, que diz respeito a “porque se escreve”.
Assim, considera-se que a condição que Charadeau (Charadeau, s.d. apud
Toldo, 2002) chama de identidade pode ser identificado pelos vestibulandos em
qualquer exemplo de carta de carta entregue a eles, através do vocativo, da auto-
apresentação e da inferência.
Entende-se por vocativo o “chamamento” à pessoa que se escreve.
Inclusive, segundo muitos manuais, o vocativo deve ser o segundo elemento da
carta, sendo colocado na linha abaixo da data. Considera-se autoapresentação a
parte do texto em que o escritor se identifica como possuidor do direito de
argumentar a respeito do tema em questão. Inferência julga-se que corresponde a
todas as passagens do texto em que o escritor refere-se ao leitor, “chamando-o”,
através de pronomes, por exemplo.
Considera-se, também, que o que Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo,
2002) chama de finalidade é a justificativa, o motivo da carta, o que pode ser
identificado na introdução e reafirmado na conclusão da carta.
Perelman (1993) compartilha a visão de Charadeau (Charadeau, s.d. apud
Toldo, 2002), e considera primordial a opinião que o “auditório” (leitor) tem do
“orador” (escritor), afirmando, inclusive, que “o contato entre o orador e seu
auditório não concerne unicamente às condições prévias da argumentação: é
essencial também para todo o desenvolvimento dela”. A partir disso considera-se
que o vestibulando deve escolher uma autoapresentação de forma a deixar claro
que ele tem o direito de argumentar a respeito do tema abordado.
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Para finalizar, a respeito da introdução de carta argumentativa, recorre-se


novamente a Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), que enfatiza a
necessidade de levar o “sujeito-alvo” (leitor) a saber sobre o que é preciso pensar,
ou seja, para um texto argumentativo ser considerado adequado, deve haver,
claramente, a apresentação do tema que está sendo abordado. Considera-se,
inclusive, atualmente, que tal apresentação deva ser feita já na introdução da
carta, para garantir que o leitor leia o texto já consciente a respeito do quê o
escritor escreveu.
Para abordar o desenvolvimento de carta argumentativa recorre-se a
Charolles (apud GALVES, C.; ORLANDI, E.P.; OTONI, P.1988), que enfatiza a
exigência de argumentos como meios de defender o ponto de vista. Isso leva-nos
a concluir que períodos muito informativos, ou seja, aqueles em que apenas é
explicado o tema em questão, por exemplo, devem ser evitados, principalmente no
desenvolvimento, já que na introdução pode-se fazer uso da informatividade para
apresentar o tema.
A perspectiva de Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002) também
pode ser útil na compreensão do desenvolvimento de texto argumentativo, já que
ele considera como condição da atividade argumentativa a elucidação, ou seja,
“fazer compreender”, colocando em questão a validade dos fatos. Além disso,
pode-se observar que a argumentação, para Charadeau (Charadeau, s.d. apud
Toldo, 2002), centra-se em relações lógicas, em condições de verdade, ou seja, o
fato justifica o argumento para determinada conclusão. Essa lógica argumentativa
revela uma relação de demonstração que pode ocorrer por meio de deduções
(espécies de silogismos, condições de verdade), explicações (hipóteses),
associações (paradoxos, tautologias). Isso evidencia a função de validar uma
argumentação, ou seja, mostrar uma proposição justificada, para que se chegue a
uma determinada conclusão.
2.4 Modalidade
Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito à nota
atribuída a cada nível de adequação com relação a este item, que afere o domínio
que o candidato demonstra da modalidade padrão da língua portuguesa:
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O candidato deverá demonstrar capacidade de exprimir-se de forma adequada ao estilo escrito e


formal. revelando domínio das estruturas da língua, do sistema ortográfico e dos recursos de
pontuação. Deve ser observado preferencialmente o seguinte:
— convenções ortográficas;
— uso de maiúsculas e minúsculas;(redação em caixa alta deve marcar a maiúscula)
— separação de sílabas e de vocábulos (resolvelo);
— concordâncianominal e verbal
— regência nominal e verbal
— flexão nominal e verbal;
— pontuação;
— imprecisão e inadequação vocabular;
— impropriedade de registro;
— mistura de tratamentos.
0 A gravidade e a quantidade dos erros comprometem seriamente a leitura do texto;

2,0 muitos erros graves, que, no entanto, não comprometem seriamente a leitura do
texto, embora a prejudiquem;

4,0 Alguns erros que refletem desconhecimento de regras da língua escrita-padrão: uso
acentuado de estruturas da linguagem oral, por exemplo; pouca complexidade sintática;

6,0 Razoável complexidade sintática: aparecem problemas de inadequação linguística que,


no entanto, não revelam desconhecimento das regras gramaticais da língua escrita padrão;

8,0 Bom domínio da língua escrita formal: pode aparecer algum problema de ortografia e/ou
acentuação, de uso de maiúsculas ou minúsculas, impropriedade de registro, por exemplo.

10,0 Domínio da língua escrita formal acima da média: o candidato sabe valer-se dos
recursos linguísticos para expressar-se com propriedade e/ou originalidade; pode aparecer
algum erro de ortografia e/ou de acentuação, por exemplo.

Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.


Pode-se citar que a frase “Afinal, porque eu tenho que escrever tudo
‘certinho’? É muito difícil...” é a mais ouvida por professores pré-universitários.
Então, começa-se a questionar também: “Porque eles têm que escrever tudo
conforme a linguagem padrão se essa não é a forma utilizada usualmente?”.
Para sanar essa questão, pode-se recorrer a vários estudiosos. Por exemplo
Halliday (apud BARBISAN, 2000). Conforme ele, não se pode dizer que fala e
escrita formam uma simples dicotomia. Assim, apesar da dificuldade de
representar traços prosódicos, um mecanismo é usado, na escrita, para suprir
essa deficiência: a pontuação. Além de estabelecer limites de sentenças, orações,
sintagmas, palavras e morfemas, a pontuação tem o papel de indicar qual é a
função na fala (como na afirmação, na exclamação e na pergunta, por exemplo).
Halliday (apud BARBISAN, 2000) também estabelece distinção entre oral e escrito
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em relação a itens lexicais e itens gramaticais. Ao comparar oral e escrito, ele


afirma que os itens lexicais devem ser mais frequentes na escrita e que a língua
escrita é, portanto, mais densa do que a oral, resgatando informações, sendo mais
formal e pensada, para garantir a transmissão da mensagem. Para ele, o discurso
não planejado tende a apresentar construções com predomínio de coordenação
de orações, orações curtas e justapostas, ou seja, há uma estrutura “frouxa”. Já
no discurso planejado a ordem e a escolha das palavras são rígidas, há orações
“encaixadas”, relacionadas em uma estrutura gramaticalizada.
Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002) já destacava que as
proposições são feitas por meio de palavras e que, portanto, elas devem ser
analisadas de forma cuidadosa.
Perelmam também compartilha esse ponto de vista, e julga que uma das
condições prévias para a eficiência da argumentação é a existência de uma
linguagem em comum e de uma técnica que possibilite a comunicação.
A partir das abordagens apresentadas, pode-se perceber a importância da
escolha vocabular para o texto argumentativo, para garantir que o leitor
compreenderá a mensagem que o escritor deseja transmitir. Ao usar gírias,
conotatividades, coloquialidades e ao não escolher bem as palavras, não planejar
e organizar o texto, o escritor não terá a garantia de que o leitor o compreenderá e
isso prejudicará o objetivo do testo argumentativo: ser convincente.
2.5 Coerência
Observe-se abaixo a parte da tabela de correções das redações utilizada
pela UFPel quanto ao item Coerência, que analisa a unidade de sentido do texto,
expressa na convergência dos argumentos bem como na progressão dos
mesmos, assim como na pertinência e relevância das ideias listadas ao longo do
texto.
0 problemas gravíssimos de articulação de ideias, que levam a uma fragmentação
total do texto e/ou com ideia central contraditória com o mundo externo;

2,0 Texto com problemas sérios de articulação do conteúdo e/ou com contradição(ões)
grave(s), interna(s) ou externa(s), na amarração dos argumentos à tese central;

4,0 Texto com articulação razoável do conteúdo e/ou com alguma contradição que não
comprometa seriamente a articulação das ideias no seu interior e/ou com
“circularidade” de ideias e/ou com falácias em relação a dados da realidade;
19

6,0 Texto cuja articulação/progressão das ideias é adequada, embora pouco fuja ao
comum, podendo, contudo, apresentar alguma perturbação que não comprometa o
sentido; não apresenta contradição;

8,0 Texto cuja propriedade na articulação das ideias é superior à média: projeto de texto
bem sucedido, em que não há evidência de perturbação;

10,0 Projeto muito bem sucedido de desenvolvimento de um determinado conteúdo: as


ideias e/ou suas articulações demonstram propriedade e autoria por parte do autor.

Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.


É importante salientar que, a fim de ampliar a compreensão quanto a tais
critérios (UFPEL/CES, 2005), torna-se pertinente sugerir esclarecimentos de
alguns termos e expressões presentes no item coerência:
1. Ideia central contraditória ao mundo externo (referente à nota 0): ocorre
quando a tese defendida no texto não é aceitável conforme a realidade.
2. Contradição (referente às notas 2,0 e 4,0): é quando há incoerência entre
as afirmações, quando o escritor a princípio defende um ponto de vista e em
seguida defende o ponto de vista contrário.
3. Circularidade (referente à nota 4,0): quando as proposições são colocadas
de forma circular, ou seja, sempre voltando ao ponto de partida, ficando sem
conclusão.
4. “Perturbação que não comprometa o sentido do texto” (referente à nota
6,0): quando há alguma falha na “amarração” dos argumentos entre si ou deles
com a tese, mas isso não impede que o texto possa ser classificado como bem
sucedido, com argumentos relevantes e conclusão coerente.
Quanto a estudos sobre coerência, parece ser possível dizer que desde, pelo
menos, a Antiguidade Clássica, é um objeto de discussão. O debate entre Platão e
os sofistas, por exemplo, parecia girar em torno de que, preocupado com uma
linguagem que refletisse uma razão ideal, Platão acusava os sofistas de
construírem um texto falacioso, que não refletia a verdade das coisas. Nesse
sentido, a questão da relação entre linguagem e verdade poderia ser vista como
uma questão de coerência.
20

Coerência, segundo Koch (1997), “diz respeito ao modo como os elementos


subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma
configuração veiculadora de sentidos”.
Michel Charolles (1987, apud Fávero & Koch, 1983) afirma que, a partir de
meados da década de setenta, houve uma revisão das gramáticas de texto porque
se verificou que as sequências de frases não eram coerentes ou incoerentes em
si, mas que tudo dependia muito da situação em que estas sequências eram
enunciadas e da capacidade do receptor de calcular o seu sentido.
Charolles (1988), em seu clássico artigo Introdução aos problemas da
coerência dos textos, afirma que não há textos incoerentes em si, porque não há
regras de boa formação de textos (como há para as frases) que se apliquem a
todas as circunstâncias e cuja violação, como na sintaxe das frases, levasse ao
mesmo veredicto: é um texto, não é um texto. Segundo o autor, tudo vai depender
muito dos usuários (do produtor e, principalmente, do receptor) do texto e da
situação. Para o autor, quando estamos diante de um texto, nossa primeira atitude
é a de sermos cooperativos para com ele, ou seja, sempre agimos como se este
fosse coerente, fazendo tudo para compreendê-lo. Charolles defende que a
coerência de um texto é um “princípio de interpretabilidade”, ou seja, todos os
textos seriam, em princípio, aceitáveis. No entanto, admite-se que o texto pode ser
incoerente em/ para determinada situação comunicativa. Em outras palavras: “o
texto será incoerente se seu produtor não souber adequá-lo à situação, levando
em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatário, regras socioculturais,
outros elementos da situação, uso dos recursos linguísticos etc. Caso contrário,
será coerente”.
Podemos julgar, então, que a coerência é um princípio de interpretabilidade,
ou seja, podemos perceber que a coerência de um texto não depende somente de
uma correta decodificação dos sentidos presentes no texto, decodificação esta
feita por meio da detalhada observação dos elementos linguísticos. Em nossa vida
cotidiana, imersos em nossa cultura ocidentalizada e letrada, quase desde sempre
em contato com as mais diversas formas textuais, estamos, a toda hora,
processando listas (telefônicas, de nomes de alunos com suas respectivas notas,
21

de produtos com preços, entre outras), extratos bancários, prestação de contas do


condomínio, notificações de excessos no trânsito, ordens de serviço, dicionários,
enciclopédias, editais de concursos, anúncios publicitários etc. como textos,
porque atribuímos a essas sequências significados globais. No entanto, para cada
um desses gêneros textuais, devem ser observadas certas condições: não os
lemos da mesma maneira, e os princípios gerais aplicados, necessários para que
o(s) sentido(s) global(is) seja(m) estabelecido(s), não vêm especificamente de
nossa capacidade de decodificação do sistema linguístico, mas de nossa inserção
na sociedade como um todo. Em outras palavras, a coerência de uma
determinada produção textual depende de uma série de fatores, entre os quais
alguns já apontados, tais como recursos linguísticos, conhecimento de mundo,
papel social do leitor ou destinatário.
Assim, torna-se pertinente citar Val (1994), que amplia a proposta de
Charolles, ao afirmar que as ideias estão articuladas quando uma for a causa,
condição ou consequência da outra, por exemplo. Para a autora, a congruência é
obtida quando se consegue estabelecer qualquer relação semântica entre uma
ideia e outra.
2.6 Coesão
Observe-se abaixo a parte da tabela de correções das redações utilizada
pela UFPel quanto ao item Coesão, que mede o grau de domínio do candidato
sobre o uso dos recursos coesivos:
0 Desconhecimento total dos recursos coesivos de que a língua dispõe (nexos,
modalizadores, correlação de tempos verbais, referências lexicais, anafóricas e
substituições) a fim de relacionar termos ou segmentos na construção de um texto;

2,0 O texto apresenta muitos problemas quanto ao uso dos recursos descritos
acima, que comprometem dramaticamente a estruturação interna dos parágrafos e
do texto;

4,0 O texto não faz uso de recursos coesivos para qualificar-se ou apresenta alguns
problemas quanto à utilização dos procedimentos coesivos descritos, que
permitem identificar alguns momentos de perturbação na amarração das ideias;

6,0 utilização adequada dos elementos coesivos ; o texto não apresenta nenhum
problema sério de coesão; pode apresentar algum problema coesivo não muito
sério;
22

8,0 utilização muito boa dos recursos coesivos; não há nenhum problema de coesão;

10,0 além de coeso e bem estruturado, o texto demonstra sofisticação e diversificação


no uso dos recursos coesivos descritos.

Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.


Koch (1997) conceitua a coesão como “o fenômeno que diz respeito ao modo
como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram
interligados, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências
veiculadoras de sentido.” Para Platão e Fiorin (1996), a coesão textual “é a
ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou frases do texto.” A
coesão é, segundo Suárez Abreu (1990), “o encadeamento semântico que produz
a textualidade; trata-se de uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um
termo presente em uma sentença A.” Daí a necessidade de haver concordância
entre o termo da sentença A e o termo que o retoma na sentença B. Finalmente,
Marcuschi (1983) assim define os fatores de coesão: “são aqueles que dão conta
da sequenciação superficial do texto, isto é, os mecanismos formais de uma língua
que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto, relações de
sentido.”.
A respeito do conceito de coesão, autores, como KOCH e TRAVAGLIA
(1998), afirmam que a coesão é condição necessária, mas não suficiente, para
que se crie um texto. Na verdade, para que um conjunto de vocábulos,
expressões, frases seja considerado um texto, é preciso haver relações de sentido
entra essas unidades (coerência) e um encadeamento linear das unidades
linguísticas presentes no texto (coesão). Mas essa afirmativa não é categórica
nem definitiva, por algumas razões. Uma delas é que podemos ter conjuntos
linguísticos destituídos de elos coesivos que, no entanto, são considerados textos
porque são coerentes, isto é, apresentam uma continuidade semântica.
Vale citar que, embora a coesão não seja condição suficiente para que
enunciados se constituam em textos, são os elementos coesivos que dão a eles
maior legibilidade e evidenciam as relações entre seus diversos componentes.
Assim, deve-se ater às variadas as maneiras como os diversos autores descrevem
23

e classificam os mecanismos de coesão. Consideramos que é necessário


perceber como esses mecanismos estão presentes no texto (quando estão) e de
que maneira contribuem para sua tecitura, sua organização. Porém, para os
propósitos do presente trabalho, verificar-se-á apenas quais são considerados os
elementos coesivos atualmente, já que uma leitura mais aprofundada quanto a
esse tema pode ser realizada com o auxílio de uma gramática.
Dessa forma, considera-se Mateus (1983), por exemplo, que enfatiza: “todos
os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma
ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície
textual podem ser encarados como instrumentos de coesão.” Mateus (1983)
acrescenta que esses instrumentos se organizam da seguinte forma:
24

3. Sugestões didático-pedagógicas para o ensino de redação a vestibulandos da


UFPel, quanto aos itens tema, coletânea e tipo de texto
Por mais imprecisas que sejam as condições em que se desenvolvem os
fenômenos da interação, são eles que determinam, em grande parte, a escolha
dos argumentos, a amplitude e a ordem da argumentação. Assim, Perelmam
(1993) considera como uma das condições prévias para a argumentação o
conhecimento prévio daqueles que se pretende conquistar.
Considerando-se o processo seletivo da UFPel como sendo a
circunstância, têm-se dois possíveis “auditórios”: um destinatário para a carta, o
qual é especificado aos vestibulandos, e, no caso da dissertação, o auditório
universal. Aqui vale citar Perelman (1993): “uma argumentação que se dirige a um
auditório universal deve convencer o leitor do caráter constringente das razões
fornecidas, da sua evidência, da sua validade intemporal e absoluta, independente
das contingências locais e históricas”.
Daí pode-se concluir acerca da necessidade do vestibulando conhecer os
critérios de correção (UFPEL/CES, 2005) que a referida banca usa, pois eles
representam as preferências do “auditório”. Por isso a presente proposta os teve
como ponto de partida para a construção e concomitante aplicação de sugestões
pedagógicas.
Salienta-se que para pôr em pratica as sugestões que seguem e que são
fundamentadas nos pressupostos teóricos que serviram de base para a releitura
dos critérios de avaliações das redações utilizados pela UFPel (UFPEL/CES,
2005) foi realizado um curso para quatro vestibulandos, objetivando uma melhora
em seu desempenho quanto à redação. Observe-se que tais sugestões não são
“receitas”, já que se realizou uma abordagem centrada no aluno. Tal abordagem
pode ser explicada nas palavras de Rogers (1983):
A hipótese central dessa abordagem pode ser colocada em
poucas palavras... Os indivíduos possuem dentro de si vastos
recursos para auto-compreensão e para modificação de seus
autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo.
25

Estes recursos podem ser ativados se houver um clima, passível de


definição, de atitudes psicológicas facilitadoras. (p. 38)
3.1 Tema
Após analisar, juntamente com os vestibulandos, o item tema da tabela de
critérios de correção das redações de vestibulandos da UFPel (UFPEL/CES,
2005) e sanar dúvidas quanto a palavras ou expressões que podem não ser
conhecias, pode-se concluir que o vestibulando precisa, principalmente, ser
convincente e não abordar outro tema se não o tema proposto. Pode-se perceber,
também, que para ser convincente, deve fazer uma profunda reflexão, atendo-se
ao tema proposto, na busca por um ponto de vista próprio.
Sugere-se que, como primeiro exercício, sejam selecionados períodos
argumentativos para que os vestibulandos identifiquem o tema abordado em cada
um. Por exemplo:

1. "Uma revolução, geralmente, só produz violência e intranqüilidade. Por exemplo,


quando os revolucionários de 1789 se instalaram no poder, desencadearam um processo de
julgamentos arbitrários e de execuções sumárias. A França foi muito prejudicada pelo regime
que se tornou conhecido como o 'do Terror". (Tema sugerido: "As conseqüências das
revoluções para a sociedade".)

2. "Importantes pesquisas que utilizam embriões para obter células-tronco, as quais


propiciarão a cura para inúmeras pessoas que sofrem algum tipo de paralisia ou outras
doenças, estão sendo muito debatidas, como vistas à sua legalização, no Brasil". (Tema
sugerido: " A provável legalização das pesquisas de células-tronco".)

3. "Acompanhando os noticiários, percebemos provável ineficácia da Lei do


Desarmamento em nosso país. Isso porque a violência é gerada, na maioria dos casos
divulgados, por armas ilegais, e não por armar de cidadãos que possuem porte". (Tema
sugerido: "A eficácia da lei do desarmamento criada no Brasil".)

É relevante ressaltar que, devido à subjetividade intrínseca a tal


interpretação, pode haver mais de uma possibilidade de resposta aceitável.
Em seguida, sugere-se que seja distribuída uma coletânea aos
vestibulandos, a qual deve ser lida silenciosamente, para reproduzir a situação do
26

vestibular (ver exemplos de coletâneas aplicadas, nos anexos 1, 2 e 3). Tal


coletânea, assim como todas as que serão distribuídas, preferencialmente deve
ser debatida com os vestibulandos, como forma de incitar o seu interesse pelo
tema em questão, não como trabalho de “previsão” como se fosse pretendido
“adivinhar” o tema do vestibular, mas como forma de os candidatos acostumarem-
se a refletir acerca de um tema determinado.
Então, objetivando a escritura de um primeiro texto argumentativo, pode-se
solicitar que o vestibulando formule uma questão, tendo como base o tema.
Supondo-se que o tema seja “A lei de proteção dos animais versus os cultos
africanistas” (ver anexo 1), ele pode questionar-se da seguinte forma: “O que eu
penso sobre a oposição entre a lei de proteção aos animais e os cultos
africanistas?”.
A resposta para tal questionamento é a tese, o ponto de vista.
Em seguida, o vestibulando poderia novamente montar um questionamento.
Supondo-se que a tese seja “Se o governo não mantiver a proteção aos animais
como sendo mais importante do que liberdade religiosa, corre-se o risco de haver,
por parte de várias religiões que realizam rituais cruéis, a solicitação de aceitação
legal”, o vestibulando deve questionar o porquê de tal afirmativa, ou seja: “Por que
acredito que se o governo não mantiver a proteção aos animais como sendo mais
importante do que liberdade religiosa, corre-se o risco de haver, por parte de
várias religiões que realizam rituais cruéis, a solicitação de aceitação legal?”.
As respostas para este questionamento são os argumentos.
Assim, levando-se em consideração os referidos critérios de correção
(UFPEL/CES, 2005) no que se referem a Tema, supõe-se que o vestibulando
deva escolher os argumentos os quais julga ser os mais convincentes,
reconhecendo as ideias de senso comum, as ideias apegadas demasiadamente
aos argumentos fornecidos pela coletânea, e a tangencialidade, que podem estar
presentes entre os seus argumentos. Tangencialidade ocorre quando o aluno
desenvolve o tema de forma indireta ou faz uma abordagem sucinta, abrangendo
apenas um aspecto do tema. Por exemplo, se o tema é “O uso de anabolizantes
na busca pelo suposto corpo ideal”, o vestibulando realizará uma abordagem
27

tangencial se abordar o uso de anabolizantes sem relacioná-lo à busca pelo


suposto corpo ideal. Para tal, os vestibulandos podem realizar exercícios que
visem evitar que produzam textos com tais inadequações. Eis alguns períodos que
compunham introduções, nas quais o tema é apresentado, na maioria dos textos
argumentativos, e que podem ser analisados. Porém, sugere-se que, se houver
possibilidade, sejam utilizados períodos desenvolvidos pelos próprios
vestibulandos em suas produções:
O tema proposto quanto ao primeiro e ao segundo períodos acima era “A
viabilidade da proposta de lei que visa limitar os horários de educação física,
devido à radiação solar intensa”. Observe-se que tal lei não é abordada em ambos
os períodos, bem como sua viabilidade.Quanto ao terceiro período acima, o tema
proposto era “A busca pelo suposto corpo ideal e o uso de anabolizantes” .

1. "A educação física, na escola, é uma das melhores formas de incentivo às crianças
para que pratiquem algum tipo de esporte, além de auxiliá-las a desenvolver noções de
trabalho em grupo, ‘vitória’ e ‘derrota’." (Tema proposto: "A viabilidade da proposta de lei que
visa limitar os horários de educação física, devido à radiação solar intensa.".)

2. "O que, atualmente, falamos sobre saúde? Que devemos tomar todos os cuidados.
Mas temos horas, em nossos dias ensolarados, que são bastante prejudiciais à nossa pele, e
não notamos o quanto a exposição nessas horas pode ser grave."

3. "Milhares de pessoas buscam a perfeição estética, muito comentada na mídia. Cada


vez mais existem locais apropriados para melhorar a aparência das pessoas. Tal epidemia é
tão forte, que jovens de todas as idades, por todo o mundo, estão visando um corpo másculo,
nas academias."

Observe-se que o período aborda apenas a busca pela beleza, sem relacioná-la
com utilização de anabolizantes.
A partir disso, outro fator que se considera relevante é ampliar as noções dos
vestibulandos quanto à utilização de paráfrases, pois há pouca criticidade em se
utilizar ideias presentes na coletânea como se fossem suas. Isso pode ser
realizado através de exercício de leitura e interpretação de textos em que haja
esses aspectos negativos. Assim, os vestibulandos poderão perceber que essas
28

ideias não devem ser incluídas no texto, já que gerariam um texto pouco crítico e
original. Também se julga importante exercícios em que os vestibulandos possam
identificar ideias de senso comum em textos argumentativos. Informações de
senso comum, segundo o Dicionário Aurélio, são “opiniões tão aceitas em
determinada época que as opiniões contrárias parecem aberrações”.
Dessa forma, após tais reflexões, o vestibulando pode começar a realizar
produções utilizando o que fora trabalhado a fim de elaborar a sua tese e
selecionar uma lista de argumentos, sem presença de senso comum ou apego
demasiado aos argumentos fornecidos pela coletânea.
3.2 Coletânea
A utilização das informações da coletânea oferecida é de extrema
relevância na defesa de um ponto de vista. Tal utilização está mais relacionada
com aspectos de interpretação textual do que de produção textual.
Portanto, considerando os critérios de correção das redações de
vestibulandos da UFPel e, assim, sabendo-se que os maiores “riscos” que os
alunos correm quanto à utilização da coletânea são a paráfrase e a má
interpretação das ideias expostas, sugere-se exercícios de interpretação em que
os alunos façam sínteses de textos argumentativos, identificando o ponto de vista,
as ideias principais e transcrevendo-as com suas palavras.
Em seguida pode-se solicitar que redijam uma carta ao autor do texto lido,
explicitando seus pontos de vista quanto às ideias expressas no referido texto.
Tal sequência de exercícios pode ser realizada várias vezes e é bastante
prático realizá-la frequentemente, quando os alunos receberem coletânea.
3.3 Tipo de texto
Após identificar o tema a respeito do qual deverá argumentar, elaborar uma
tese e selecionar uma lista de argumentos adequados aos itens Tema e
Coletânea, o vestibulando precisa organizar esses elementos em um texto
adequado ao Tipo de Texto. Esse é o segundo item que consta na tabela de
critérios de correção das redações do processo seletivo da Universidade Federal
de Pelotas (UFPEL/CES, 2005) e, assim como quanto a todos os outros itens, o
29

primeiro passo é analisar e debater com os vestibulandos as exigências feitas e


palavras e expressões pouco conhecidas por eles.
É sabida que a redação para a UFPel deve ter um caráter argumentativo.
Assim, para que o vestibulando melhor compreenda as diferenças entre ambos os
tipos de texto exigidos pela UFPel, no vestibular, pode-se iniciar a abordagem
através de características gerais de textos argumentativos, que se aplicam aos
dois tipos de texto: carta argumentativa e dissertação. À medida que isso estiver
sendo realizado, pode-se solicitar textos argumentativos livres aos vestibulandos,
ou seja, textos apenas com a exigência de adequar-se aos itens Tema e
Coletânea.
Para que o vestibulando amplie seus conhecimentos a respeito das partes
acima apresentadas, pode-se escolher textos argumentativos, preferencialmente
uma carta argumentativa e uma dissertação feitas objetivando o vestibular da
UFPel (ver exemplos na seção 3 deste trabalho). Assim, após debater com os
vestibulandos acerca das partes comuns aos referidos textos e ajudá-los a
identificar, nos exemplos, as partes estudadas, pode-se usar os textos para
introduzir o ensino das especificidades existentes.
Propõe-se que, ao abordar as especificidades tipológicas existentes, inicie-
se pela carta argumentativa. Isso porque a carta tem um maior número de
elementos essenciais (local e data, vocativo, retomadas ao vocativo, despedida e
assinatura, além de introdução, desenvolvimento e conclusão). Isso porque se
considera ser mais proveitoso para o vestibulando compreender a estrutura da
carta argumentativa e a relação que deve existir entre introdução,
desenvolvimento e conclusão, e em seguida compreender as especificidades da
dissertação, partido do fato que a maior diferença entre os dois tipos de texto
abordados é a inferência (na carta, escreve-se a um leitor determinado, o que é
mais comum ao nosso cotidiano, enquanto que na dissertação escreve-se ao
“leitor universal”, que seria toda e qualquer pessoa interessada pelo tema) e que
devido a essa diferença é que se pode perceber a maioria das especificidades
entre carta argumentativa e dissertação.
30

A primeira observação que o vestibulando pode fazer ao ler um exemplo de


carta é necessidade da presença da especificação de onde e quando ela foi
escrita. Por exemplo: Pelotas, 18 de março de 2004.
Depois o aluno poderá notar a presença do vocativo, aí se pode debater
acerca de pronomes de tratamento. Ao questionar os vestibulandos quanto a
quem escreveu o texto e qual é o tema abordado, eles poderão perceber que a
introdução traz essas duas informações.
Em seguida, os vestibulandos poderão ser questionados quanto a qual é a
tese defendida e onde se pode localizar tal tese, isso irá auxiliá-los a analisar a
conclusão do texto. É relevante que, na sequência, questione-se os vestibulandos
quanto a quais fatores levaram o autor do texto a tal tese e qual a relação entre
esses fatores. Assim, eles poderão reconhecer a relação entre os argumentos
(causa e consequência, oposição, adição...).
Nesse ponto é importante lembrar aos vestibulandos da necessidade da
inferência ao destinatário, na carta argumentativa. Para tal, costuma-se manter
pelo menos uma retomada ao vocativo na conclusão. Também, costuma-se
“avisar” ao leitor sobre a proximidade do fim da inferência através de um dos
nexos conclusivos (portanto, enfim, concluindo, logo, finalizando,...). Além desses
elementos, os vestibulandos também poderão identificar no modelo de carta dado
(anexo 5), uma despedida e a assinatura (na UFPel, até o último processo
seletivo, de verão 2005, a assinatura padrão exigida dos alunos foi
“Vestibulando”).
Sugestões de como pode ser a abordagem na conclusão podem ser feitas
com base em Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), que considerava
que se deve sempre tomar lugar em uma situação que é transformada em
situação de argumentação (ou seja, nada de ficar “em cima do muro”) e também
com base em Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002), quanto ao que ele
classifica como peroração.
Outro exercício que pode ser usado é entregar exemplos de cartas
argumentativas para os alunos e pedir que eles façam um resumo dos argumentos
e expliquem a relação entre eles e deles com a conclusão.
31

Pode-se, então, inicialmente, desenvolver exercícios exigindo esse tipo de


construção de sentido dos vestibulandos, ou seja, que desenvolvam cartas
argumentativas e analisem-nas assim como fizeram com o exemplo de carta dado,
identificando onde está a apresentação do tema, a autoapresentação do
destinatário, a tese, quais são os argumentos e qual a relação entre eles.
Quanto à dissertação, como já foi explicitado no início do tópico a respeito de
Tipo de Texto, após os vestibulandos se exercitarem quanto à estrutura da carta
argumentativa, pode-se simplificar o estudo da dissertação, solicitando que eles
realizem uma comparação entre os dois tipos de texto, partindo do princípio de
que a carta argumentativa é escrita a um destinatário pré-determinado e a
dissertação é escrita ao “leitor universal”, que pode ser compreendido com base
em Platão (1989), que imaginava uma argumentação capaz de convencer a
qualquer “auditório”.
Assim, primeiramente pode-se construir uma tabela, no quadro, à medida
que se faz uma revisão acerca dos elementos da carta, questionando os
vestibulandos quanto a quais são tais elementos e, com base na mudança de
inferência, se tais elementos são necessários em uma dissertação, levando-os a
um paralelo entre os dois tipos de texto:

Elementos de uma carta argumentativa Elementos de uma dissertação


Local e data Não há necessidade de determinar onde e
quando se escreve, pois a dissertação,
devido ao fato de ter como tema, na
maioria dos casos, um problema de
interesse público, pode ser um texto
atemporal.

Vocativo Não há necessidade de vocativo na


dissertação, pois não se está escrevendo
para alguém pré-determinado, mas sim ao
leitor universal.

Autoapresentação, na introdução Não se pode identificar o leitor na


dissertação, portanto, não se pode supor
32

uma auto-apresentação que o leve a ter


uma boa impressão a respeito do escritor.
Na dissertação, o escritor deve posicionar-
se como “a voz da verdade”, ou seja, não
identificar-se para que o texto não fique
tendencioso à subjetividade (“eu julgo” é
menos convincente do que “as pessoas
julgam”).

Apresentação dos motivos/justificativas da carta, Pode haver, na dissertação, a


na introdução. apresentação dos motivos pelos quais o
tema em questão deve ser considerado
relevante (essa é uma forma para se
apresentar o tema).

Apresentação do tema, na introdução Apesar de o leitor não poder ser


identificado, o texto fica mais coerente se o
escritor levar o leitor a saber sobre o que
está escrevendo/argumentando. Outro fator
importante é o de que o título do texto
argumentativo deve ser extremamente
relacionado com o tema e com a tese a ser
defendida, o que também funciona como
um indicador ao leitor a respeito do que se
está argumentando.
Desenvolvimento realizado através de Sendo um texto argumentativo, deve haver
argumentos, mantendo a inferência direta ao leitor a defesa da tese através de argumentos,
(estabelecendo “quem fala a quem”). mas não há como realizar inferência direta,
pois não se sabe “a quem se fala”.
Retomada ao vocativo, na conclusão, para manter Não há como realizar inferência.
a inferência ao leitor.
Nexo conclusivo para indicar o fim da inferência. Ainda que não se possa determinar quem é
o leitor, é positivo ao texto que a conclusão
fique bem delimitada e compreensível,
assim, um nexo conclusivo pode ser
utilizado.
Conclusão que pode ser feita através de reforço Pode-se manter as formas de concluir a
da tese, refutação da tese adversária, sugestão abordagem ao tema, mas deve-se estar
ou indicação de possíveis consequências se não atento para evitar marcas de inferência
33

for solucionado o problema em questão, por direta. Quanto a isso é possível que se
exemplo, mas sempre fazendo com que o leitor solicite aos alunos que reescrevam
perceba qual é a tese, o ponto de vista. sugestões dadas, de conclusão para cartas
argumentativas, adequando-as a serem
possíveis conclusões de dissertação.
Despedida Pelo fato de não haver leitor determinado,
não há a necessidade de haver uma
despedida.
Assinatura O escritor de dissertação está escrevendo
como “a voz da verdade”, ou seja,
procurando não dar indícios de
subjetividade devido ao fato de não poder
estabelecer a relação “quem escreve a
quem”, logo, não há a necessidade de
assinar a dissertação.
34

4. Análises de produções argumentativas, com base na releitura dos critérios de


correção das redações de vestibulandos da UFPel (UFPEL/CES, 2005),
com ênfase ao que se refere aos itens tema, coletânea e tipo de texto.
Nesta seção serão apresentadas as análises de quatro textos
argumentativos escritos pelos alunos, sendo duas dissertações e duas cartas, das
quais uma dissertação e uma carta são iniciais , realizadas sem nenhuma
orientação quanto aos critérios de correção das redações de vestibulandos da
UFPel, e uma dissertação e uma carta são finais, realizadas após os alunos
obterem orientações quanto aos referidos critérios de correção.
É relevante citar que as coletâneas referentes às redações acima estão
incluídas, respectivamente, como anexos 1 e 2 deste trabalho.

Cultos ou crueldade?

Os cultos africanos existem a mais de três mil anos e nestes é comum o sacrifício de
animais para a realização de trabalho mas, isso pode ser chamado de crueldade?
Atualmente, muitos parlamentares (religiosos) estão entrando com alguns projetos de
leis para aprovação de punições contra o sacrifício de animais pois alegam que os animais
sofrem muito. Muitos destes parlamentares são evangélicos, religião que nos últimos tempos
vem se mostrando intolerante em relação as outras religiões e não percebem que o sacrifício
de animais faz parte do culto e que estes cultos estão amparados por uma lei federal dando-
lhes a liberdade de culto.
Contudo, seria viável, não a proibição ao sacrifício e sim a utilização de mecanismos
para a diminuição do sofrimento destes animais, mas devido a falta de fiscalização, a utilização
destes mecanismos podem não ser utilizados.
Cabe então as autoridades e aos parlamentares a criação de leis que autorizem esta
pratica ou a utilização de mecanismos que diminuem a dor, sem que isso acabe na proibição
ao culto ou a intolerância religiosa.

Tema: Observa-se que a dissertação acima não articula informações relevantes às da


coletânea, fazendo uso dela de forma pouco original e crítica, levando o texto a ser classificado
como “próximo do senso comum”.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 4,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Como já citado quanto ao item tema, pode-se observar que a dissertação
constitui-se de dados já expostos na coletânea, sendo que tais dados contribuem minimamente
para o desenvolvimento relevante do tema. Além disso, pode-se identificar tendência à
circularidade, através da dificuldade de expressão escrita, em períodos como:
“(...)o sacrifício de animais faz parte do culto e que estes cultos estão amparados por uma
lei federal dando-lhes liberdade de culto.”
“(...)a utilização desses mecanismos pode não ser utilizados.”
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 4,0 quanto ao item coletânea.
35

Tipo de texto: ao analisar a dissertação acima, pode-se concluir que a introdução não
apresenta elementos que serão desenvolvidos, por exemplo, o impasse sobre se o sacrifício nos
referidos cultos pode ou não ser considerado crueldade não é retomado. Concomitantemente,
quanto ao desenvolvimento, este pode ser interpretado como pouco relacionado com a introdução.
Por sua vez, a conclusão não retoma as ideias apresentadas, não finalizando o texto
adequadamente. O fechamento do texto ficou confuso, principalmente, devido ao fato de não ficar
claro o referente de “esta prática” e isso leva à identificação de uma provável conclusão “em cima
do muro”. Como se pode sugerir que as autoridades competentes ou liberem os sacrifícios ou
exijam mecanismos que diminuam a dor dos animais? As alternativas não são compatíveis entre si.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da

Pelotas, 30 de setembro de 2004.

Srª. Norinha de Oxalá

Venho por meio desta dizer que não concordo com a sanção do governador Germano
Rigotto, permitindo o sacrifício de animais em rituais religiosos africanos.
Tenho respeito a sua religião e a sua liberdade de expressão, mas acima de tudo
respeito o direito à vida dos animais.
Estes bichos que não podem se defender nos rituais a que são submetidos e que muito
sofrem fisicamente até a morte. Suponho que os animais são essenciais à prática dos rituais,
só que sujeitá-los a dor é crueldade.
Acredito que a solução seria não utilizá-los e tão pouco sacrificá-los, mas se não for
possível, deve-se usar outros procedimentos de executar os rituais. Formas que prevaleçam o
respeito à vida de todos os seres humanos.

Atenciosamente

Fulana de tal

UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 4,0 quanto ao item tipo de texto.
Tema: Pode-se compreender, quanto ao texto acima, que este se refere de forma
superficial ao tema. A abordagem é sucinta e os argumentos são minimamente justificados.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos, para a carta acima, a nota 2,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Observa-se que os dados expostos na coletânea foram minimamente
utilizados e que, além disso, o aluno não utiliza informações relevantes, do seu conhecimento de
mundo, que o auxiliem a defender o seu ponto de vista de forma convincente.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 3,0 quanto ao item coletânea, já que nele não
36

há colagens ou paráfrase que justifiquem uma nota 2,0, porém não há um desenvolvimento
relevante sobre o tema, o que justificaria uma nota 4,0.
Tipo de Texto: Ao analisar a carta acima quanto às marcas tipológicas de carta
argumentativa, pode-se perceber que há a indicação de onde e quando a carta foi escrita, há
inferência, despedida, assinatura (ainda que não a exigida), e que o tema está explicitamente
apresentado ao destinatário na introdução e implicitamente pode-se perceber a justificativa da
carta (escrevo porque não concordo com a sanção do governador Germano Rigotto, permitindo o
sacrifício de animais em rituais religiosos africanos.).
Por outro lado, o aluno não incluiu uma auto-apresentação, não utilizando, assim, uma boa
forma de fazer com que o destinatário considere como mais relevantes os seus argumentos, além
disso o desenvolvimento não conta com uma defesa convincente do ponto de vista do aluno e a
sugestão dada na conclusão não é bem justificada e explicada.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, a dissertação acima receberia nota 4,0 quanto ao item tipo de texto.

Ter ou não ter armas?

Ter armas de fogo em casa muitas vezes pode ser perigoso, já que em mãos inábeis
poderão acontecer crimes, e a nova lei do desarmamento promete resolver esta questão. Mas
será que resolverá?
A violência dos dias de hoje faz com que as pessoas tenham armas em casa, sempre
no intuito de proteger-se contra os ladrões, porém, a lei do desarmamento, tão defendida pela
mídia, promete reduzir os homicídios oferecendo uma indenização em dinheiro por arma. Outra
proposta vinculada a tal lei é o aumento da idade para poder comprar uma arma.
Contudo, há de se considerar como mais relevante que se as pessoas que possuem
armas legalizadas estão se desarmando, o tráfico de armas ilegais está aumentando. Armas
poderosas e de alto calibre vão parar nas mãos de bandidos e jovens despreparados.
Há também o problema da polícia, que devido aos baixos salários e a estrutura precária
implica em ações desastrosas. Sem citar que a indústria que fabrica essas armas lucra fortunas
fazendo propaganda, principalmente no cinema, nos filmes, e isso continuaria acontecendo.
Conclui-se, então, que somente com leis diferenciadas, não desarmando de forma tão
drástica a população, que ao invés disso deve ser alertada sobre os riscos de se possuir uma
arma, assim como orientada e treinada, os índices de violência diminuirão.

Tema: Pode se observar que , na dissertação acima, o aluno manteve seu ponto de vista,
enfatizando os dados contribuintes a ele e refutando os contrários, o que pode ser classificado
como “indício de autoria e/ou criticidade”.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 8,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Pode-se verificar que, na dissertação acima, há a inclusão de elementos não
explicitados na coletânea, mas relevantes, devido às relações de sentido estabelecidas entre eles,
na construção da defesa do ponto de vista.
37

Dessa forma, considerando a interferência da subjetividade, devido à qual a dissertação


acima pode não ser classificada como um texto que “sensibiliza o leitor”, e observando-se os
critérios de avaliação das redações de vestibulandos da UFPel, sugerimos a nota 9,0 quanto ao
item coletânea.
Tipo de texto: Pode-se perceber, ao analisar o texto acima, que todas as partes
(introdução, desenvolvimento e conclusão) cumprem o seu papel, embora os argumentos não
estejam perfeitamente integrados.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 6,0 quanto ao item tipo de texto.

Pelotas, 10 de novembro de 2004.

Sr. Miguel Malo

Sou uma jovem brasileira, preocupada com a violência gerada por armas de fogo, sendo
elas legais ou ilegais. Escrevo-lhe pois concordo, em parte, que o desarmamento impedirá crimes
que envolvam crianças e famílias.
Primeiramente, saliento que o desarmamento não impedirá a criminalidade em geral, já
que a maioria dos crimes é realizada com armas ilegais e, por isso, suponho que o projeto de
desarmamento é um tanto errôneo, que prejudica o cidadão honesto, que paga seus impostos
acreditando que o governo o protegerá.
Admito que uma vez que um pai de família entregue à polícia a arma que possui em sua
casa, ele terá menos riscos de que um filho seu encontre esta arma e aconteça um acidente fatal,
mas por outro lado, como este mesmo pai se defenderá de um assaltante que invadir sua
residência possuindo uma arma ilegal?
Então, Senhor Miguel Malo, espero que o meu ponto de vista faça com que o Senhor
reconsidere sua opinião sobre o desarmamento do cidadão honesto, pois, ao invés de implantá-
lo, deveríamos desenvolver formas para acabar com o comércio ilegal, que é a verdadeira causa
de tanta violência.

Atenciosamente

Vestibulanda
Tema: Pode-se perceber que o ponto de vista do autor se mantém, ao longo do texto.
Além disso, há uma boa articulação das ideias, apresentando os pontos positivos, negativos,
relacionando-os e ressaltando os que contribuem para o ponto de vista, sem dispersões.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 8,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Pode-se verificar que as informações contribuintes na defesa do ponto de
vista, ainda que não sendo muitas, foram bem selecionadas e, principalmente, bem articuladas.
Devido a isso o texto acima pode ser selecionado com relevante, a respeito do tema em questão.
Dessa forma, considerando a interferência da subjetividade, devido à qual a carta acima
pode não ser classificada como um texto que “sensibiliza o leitor”, e observando-se os critérios de
avaliação das redações de vestibulandos da UFPel, sugerimos a nota 8,0 quanto ao item
coletânea.
38

Tipo de texto: Ao analisar a carta acima, pode-se observar que é organizada, todas as
partes cumprem o seu papel, estando bem articuladas e “amarradas”.
Dessa forma, considerando a interferência da subjetividade, devido à qual a carta acima
pode não ser classificada como um texto que “amarra as parte de forma criativa”, e observando-se
os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da UFPel, sugerimos a nota 9,0 quanto ao
item coletânea.
39

Conclusão
Após a análise dos textos realizada na seção quatro, à luz das teorias e
da releitura dos critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados
pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), pode-se concluir que é possível observar
melhora em termos de adequação na produção de textos argumentativos do tipo
carta e dissertação, através de uma releitura dos critérios de correção das
redações de vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), sendo essa
realizada a partir de perspectivas teóricas relacionadas à questão da
argumentação, e possibilitando o acesso aos critérios de correção das redações
de vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), acompanhados de
esclarecimentos que venham a ampliar a sua compreensão.
Diante dos fatos apresentados, acredita-se que são pertinentes as
considerações que se faz a seguir sobre os possíveis fatores que interferiram nos
resultados obtidos.
Julga-se importante citar que a avaliação dos resultados foi facilitada
devido ao fato de que os alunos não haviam estudado em curso pré-vestibular,
assim, eram alunos com o nível de conhecimento mínimo exigido para que alguém
preste vestibular: o ensino médio completo. Isso porque se considera que, ao
cursar algum pré-vestibular, o aluno poderia ter adquirido “fórmulas” e “macetes”
que, se utilizados, interfeririam no comportamento e na produção textual desses
alunos e, consequentemente, na análise da aplicação feita pelo aluno do que seria
ensinado através da proposta didático pedagógica em desenvolvimento.
Além disso, verifica-se que a produção textual, por ser dinâmica, sempre
representará uma surpresa e um aprendizado novo, o que ratifica a certeza de que
coisa alguma é definitiva e, portanto, nós, professores, devemos nos manter
sempre abertos e receptivos diante da realidade permanentemente desafiadora,
mantendo-nos informados, atualizados a respeito de metodologias de ensino e
avaliação que sejam favoráveis ao aprendizado dos alunos.
Bibliografia

ARISTÓTELES. Arte retórica e arte poética. Rio de Janeiro. Ediouro, s.d.


40

ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 4. ed., São Paulo, Ática,


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AZEVEDO, Tânia Maris. Em busca de uma definição de tese. In:
BARBISAN, L.B; GIERING, M.E; TEIXEIRA, M. (orgs). Texto situado:
Textualidade e função comunicativa. Pelotas: EDUCAT, p. 281-303,2002.

BARBISAN, Leci B; MACHADO, Rejane F. O tópico no texto


argumentativo. Letras de hoje. Porto Alegre, v.35,p. 69-106, setembro de 2000.

BUARQUE DE HOLANDA, AURÉLIO - Novo Dicionário Aurélio - Edit.


Nova Fronteira 1ª ed.São Paulo, 2000.

CHAROLLES, Michel. Introdução aos problemas de coerência dos textos:


abordagem teórica e estudo das práticas pedagógicas. In: O texto: escrita e
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CUNHA, Celso. & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português


Contemporâneo.3a ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2001.

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INGEDORE, Villaça Koch/TRAVAGLIA, Luiz Carlos - A coerência textual -


Ed. Contexto, 1998.
KOCH, I.G.V. (1997). O texto e a construção dos sentidos. São Paulo,
Contexto. Maingueneau, D. (1997).

MARCUSCHI, L. A. Linguística de texto: o que é e como se faz. Recife:


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, CENTRO ESPECIALIZADO


EM SELEÇÃO. Critérios para a Distribuição de Pontos. Pelotas, 2005.

MATEUS,M.H.Mira,A.M.BRITO,I.DUARTE&I.H.FARIA(1983).Gramática da
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Argumentação.A Nova Retórica. São Paulo.Martins Fontes.,1993.
41

PLATÃO E FIORIN. Para Entender o Texto-Leitura e Redação. São Paulo:


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PLATÃO, Górgias. Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 3ª edição,
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ROGERS, Carl Ransom (1983) Um Jeito de Ser. São Paulo: EPU,1983.

ROHDEN, Luiz - O Poder da Linguagem . A Arte Retórica de Aristóteles.


Porto Alegre, Epipucrs, 1997.

VAL, M.G.C. Redação e textualidade . São Paulo: Martins Fontes, 1994.


42

Anexos
43

Anexo 01
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 1

A encruzilhada dos gaúchos


Religiões afro-brasileiras brigam para manter sacrifícios de animais
As entidades protetoras da fauna estão em pé de guerra com
babalorixás e ialorixás no Rio Grande do Sul. O confronto eclodiu quando o
governador gaúcho, Germano Rigotto, sancionou, no mês passado, a lei que
cria uma exceção no Código Estadual de Proteção aos Animais, em favor dos
cultos de origem africana. Com a mudança, os ritos não poderão ser
enquadrados como maus-tratos a galinhas, cabritos e ovelhas que são
sacrificados durante Africanistas temem proibição
as cerimônias. As deorganizações
sacrifícios de animais ambientalistas
encaminharam ao Ministério Público uma ação direta proteger
A interpretação de uma lei estadual criada para os animais de atos
de inconstitucionalidade
de crueldade
para tentar anular estáa deixando em alvoroço
nova legislação. Foi aosvezterreiros gaúchos. Adeptos
de os seguidores da umbandade cultos
e
de origem africana temem que o Código Estadual
do candomblé protestarem. "Não podem proibir uma cultura que está em nosso de Proteção aos Animais seja
usado para
sangue", diz proibir
Norinha o sacrifício
de Oxalá.deOs animais
adeptosemdospráticas
cultos religiosas.
afros acusam lideranças
O texto da lei não proíbe os sacrifícios,
de igrejas neopentecostais de usar o Código para discriminar mas estabelece regrasseus
para rituais,
o abate.
Antes de ser morto, o animal deve ser anestesiado,
porque o Código foi proposto por um deputado que é pastor evangélico. de modo a não sentir dor no
momento da sangria. A regra dificilmente seria aplicada nos terreiros, afirmam
Uma pesquisa do site ClicRBS mostrou que 89% dos internautas se
ambientalistas. Segundo o veterinário José Ricardo Canceco, integrante da
declaram chocados com os rituais dos terreiros. "Não vivemos há 3 mil anos
Associação Riograndense de Proteção aos Animais (Arpa), o ambiente ao qual os
em uma tribo da África", diz a presidente do Movimento Gaúcho de Defesa dos
animais são expostos durante um culto afro-brasileiro já seria causa de sofrimento.
Animais,- Maria
O animal LuizaficaNunes.
em pânico Ela quercom que os animais
a gritaria, e depois recebam
é morto anestesia
de formaantescruel -
de ser degolados. No Congresso, há 12 projetos de lei para proibir os maus-
afirma.
tratos e O o Conama
risco de essa elabora um estatuto
interpretação nacional.
prevalecer em"Do pontoações
futuras de vista ambiental,
judiciais levou os
entendo os sacrifícios como maus-tratos", diz o diretor
africanistas a pedirem a inclusão de uma emenda na lei assegurando a liberdade de fauna do Ibama,
Rômulo
de culto.Mello. O desafio será conciliar a fauna com a liberdade religiosa. E o
debate está apenas
- O código começando.
é bom, mas o texto "Se oé Rio Grande
dúbio decidiu fazer
e dá margem exceção para
ao preconceito. Como
é que ososritos africanos,
juízes imagina ao lei?
vão interpretar queEma Bahia vai decidir",
programas de TV,arrisca
fomosMello.
chamados até
de seguidores (Paulo César Teixeira,
do demônio - afirmaPorto Alegre. Revista
o babalorixá Pedro Época, Edição 326
de Ogum - 16/08/04.)
Docô, de Porto
Alegre.
Em abril, a
Deputado presidente
lamenta de um centro
sacralização de espírita
animais deem umbanda
cultos de Rio Grande foi
africanistas
Africanistas temem proibição de sacrifícios de animais
condenada O adeputado
30 dias de prisãoMaria em regime aberto ema razão de reclamações dode
A interpretação de Manoel
uma lei estadual ( PTB)
criadavoltou
para proteger lamentar a sanção
os animais de atos
vizinhos irritados com o som de tambores e atabaques.
degovernador
crueldade Germano
está deixando Rigotto emao projeto os
alvoroço de terreiros
lei 282/03, de autoria
gaúchos. do deputado
Adeptos de cultos
Na sentença, criticada pelos africanistas, o juiz mencionou o sacrifício de
deEdson
origem Portilho(PT),
africana temem queque autoriza
o
animais ao explicar os motivos da condenação.
Código a sacralização
Estadual de de animais
Proteção aos em cultos
Animais seja
africanistas
usado para no Estado.
O proibir
autor doo sacrifício
projeto que dedeu animais
origem emaopráticas
código,religiosas.
o deputado estadual e pastor
Em discurso
da lei nãona tribuna,
proíbe os nesta
da Igreja do Evangelho Quadrangular Manoelestabelece
O texto terça-feira(03/08),
sacrifícios, mas Maria (PTB),
o petebista
regras disse
para o abate.
assegura
que
queAntes
ade
não há
proposta é um retrocesso na defesa
restrições aos cultos africanistas. Mas, segundo do direito dos
ser morto, animais
o vereador o animal e lembrou
Betodeve que no
ser anestesiado
Moesch (PP), que
ano passado os deputados aprovaram e o governador
trabalhou na redação do texto quando era assessor da Comissão de sancionou a Lei Saúde
11.915,da
que criou o Código
Assembléia, em 1999, Estadual de Proteção
o "espírito" aos
da lei era Animais.
limitar a matança"Foi desrespeitada
de animais. uma
legislação
Proposta:- exemplar
com Nãobase ée proibido
pioneira
nos textos noda
matar, Estado", enfatizou.
a lei só
coletânea proíbe
e em seus os maus-tratos.
conhecimentos Mas acomo é
Durante
que os terreiros
respoeito o período
do temaserão do recesso
neles fiscalizados?
abordado, escreva da Assembléia
Como uma é que seLegislativa,
dissertação e umaoocarta
vai matar deputado
bicho sem
esteve mobilizado,
submetê-lo a uma ao lado
crueldade? das
argumentativa à religiosa Norinha de Oxalá.- entidades
questiona. protetoras, na tentativa de convencer
o governo a vetar o sacrifício
A presidente da Fundação dos Zoobotânica
animais.Manoel Maria também
do Estado, esclareceu:
Verena Nygaard, "
admite
Em nenhum momento pensamos em religiões quando
que os sacrifícios podem ser interpretados como um ato de crueldade, apesar da criamos o Código.
Apenas
garantia queríamos proteger
constitucional de os animais".
liberdade de culto assegurar o respeito às práticas
religiosas. Segundo Verena, (http://www.ptbrs.org.br/
a fundação está , visitado em 04/08/2004,
elaborando às 11h30)de
o decreto
regulamentação do código, mas a lei só poderia ser alterada, como pretendem os
africanistas, por meio de um projeto aprovado pela Assembléia.
(Fabiano Burkhardt/ Especial/ZH. Publicado em: www.oxum.com.br/paipedro.asp)
44

Anexo 02
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 16

[...] Há alguns pontos do texto original que despertam especial


estranheza. As exigências de “efetiva necessidade” ou a circunstância de “ameaça
à integridade física”, como justificativa para concessão do porte de armas , pode se
subordinar ao mero juízo subjetivo de uma autoridade pública. Por que o cidadão
pode ser autorizado a manter uma arma em sua residência, mas não levá-la para
um local onde haja mais riscos “à integridade física”- seja no trabalho ou em outra
propriedade?Se apenas o dono de uma empresa, em sua sede, pode ser
autorizado a manter uma arma, isso significa que o médico que no ermo da
madrugada se desloca por caminhos perigosos para atender um paciente num
hospital só pode nele chegar se for o dono do hospital? O cidadão, normalmente,
não pode ter e /ou portar armas de fogo para defender-se, a não ser em
circunstancias e mediante qualificações especialíssimas. Mas, se puder pagar uma
empresa especializada de segurança, qualquer cidadão terá armas de fogo
disponíveis para sua proteção o que não deixa de causar uma certa estranheza
ético-social.
De qualquer forma, a mudança das regras está em marcha e esperemos
que não se faça com radicalismos – como o das proibições que só fazem aumentar
o mercado clandestino. E esperamos, sobretudo que venham a resultar numa
efetiva diminuição dos índices de criminalidade no País – que, evidentemente, tem
outras causas mais importantes do que a licença para porte de armas.
(Editorial publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 12 de setembro de 2004)

Proibição divide analistas


O Estatuto do Desarmamento é apontado por grupos de defesa dos direitos humanos
como um passo positivo no combate à violência , mas uma outra corrente de
especialistas no assunto critica a legislação como estratégia para a redução da
criminalidade.
Tim Cahill, representante da Anistia Internacional para o Brasil, diz que o projeto de
desarmamento é uma medida importante para o país.
“Este é um passo, mas é um pequeno passo que precisa ser feito junto com outras
questões”, afirma “Não é suficiente o controle de porte de armas se não se controla o
tráfico de armas”.
Já o americano John Lott, professor da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos,
afirma que o Estatuto do Desarmamento em vigor no Brasil não vai trazer benefícios
para a população e, sim torná-la mais vulnerável.
“O problema do Brasil é o mesmo de muitos outros paises. Quando você faz com que a
posse de armas seja extremamente difícil e transforma em ilegal ter sua própria arma, o
risco que você corre é se você desarma o cidadão”, diz Lott.”Com isso, você pode ver o
crescimento da violência em vez da queda”.
(Matéria publicada na Folha online /ABBC Brasile visitada em 09/08/2004, às 15h11)
45

Polícia
Proposta
Para Miguel: Faça umaconsultor
Malo, análise crítica dos textos acima
da Organização e redija
Mundial uma dissertação
de Saúde (OMS)noaBrasil,
respeitoo
do tema abordado.
desarmamento Escreva, também,
é fundamental para uma carta paradaMiguel
a diminuição Malo,
violência abordando
porque ajudaoaponto de
impedir
vista
crimesexplicitado por ele.
que envolvem crianças e famílias.
“A proibição do uso de armas por civis não vai funcionar mais do que a antiga
legislação estava funcionando”, discorda Lott, autor do livro More Guns, Less Crime:
Understanding Crime and Gun Control Laws (Mais Armas, Menos Crimes:
Entendendo o Crime e as Leis. Já era ilegal ter armas em vários aspectos no Brasil.
Os crimes no Brasil são realizados com armas ilegais. Ao proibir o uso de armas, o
que eles vão fazer é tirar as armas da população”.
Lott diz que o Brasil só vai conseguir combater a violência com a ação eficaz da
policia. Para isso, afirma, é preciso melhorar salários e fortalecer treinamento e
equipamento para as forças policiais.
O também americano Jeffrey Miron, professor da Universidade de Boston, reforça o
argumento de que menos armas no mercado não são uma garantia de diminuição da
violência.
“Proibir armas não significa necessariamente diminuir o número de armas, mas você
aumenta o mercado negro. É uma questão empírica”, afirma Miron.
Para o acadêmico, outras medidas – como a descriminação das drogas e a reforma
do sistema judiciário – poderiam gerar resultados mais efetivos para a redução da
violência.
(Matéria publicada na Folha online /ABBC Brasile visitada em 09/08/2004, às 15h11)
46

Anexo 03
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 11
O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES NA ADOLESCÊNCIA
Texto de Elaine S. Souza *; Mauro Fisberg **.
*nutricionista, especializanda em Adolescência para equipes Multidisciplinares, Centro de
Atendimento e Apoio ao Adolescente, disciplina de Especialidades Pediátricas, departamento de
Pediatria, Universidade Federal de São Paulo.
** pediatra, prof. adjunto doutor, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente,
disciplina de Especialidades Pediátricas, departamento de Pediatria, Universidade Federal de São
Paulo.
Os esteróides anabólico-androgênicos (EAA) são um grupo de compostos
naturais e sintéticos formados pela testosterona e seus derivados.
Ao longo de mais de duas décadas, temos presenciado a uma contínua
escalada das drogas no meio esportivo, e ao que parece estamos ainda distantes
do topo.
O uso de anabolizantes, em particular, tem crescido muito nos últimos
anos, a ponto de encontrarmos, mesmo no Brasil, atletas que defendem quase
publicamente seu uso, técnicos que os incentivam, médicos que os acompanham,
e dirigentes que se encarregam de seu fornecimento.
O uso de substâncias para melhorar o desempenho do atleta é descrito
desde a antiguidade. Filistrato e Galeano referem, em sua época, que os
competidores olímpicos ingeriam testículos de touro, rico em testosterona, para
melhorar suas marcas.
No Brasil, os esteróides anabólico-androgênicos são considerados “doping”,
segundo os critérios da Portaria 531, de 10 de julho de 1985 do MEC, seguindo a
legislação internacional.
Em nosso meio, no serviço de Informação de Substâncias Psicoativas
(SISP), o número de solicitações de informações sobre os EAA, vêm crescendo
gradativamente, pois o uso indevido tem sido encontrado entre frequentadores de
academia de musculação, atletas de halterofilismo, pessoas de baixa estatura, na
tentativa de melhorar a aparência, ou com o fim de melhorar a performance sexual
ou para diversão.
Além disso, a preocupação não é tanta com os atletas, mas com aquele
jovem adolescente, que no seu imediatismo, quer ganhar massa e músculos
rapidamente, um corpo atlético em curto prazo, entregando-se aos anabolizantes,
muitas vezes receitados por instrutores e professores de educação física, sem
nenhum conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, que podem
ser compradas em farmácias, sem exigência de receita médica, apesar da tarja
vermelha “Venda sob prescrição médica”.
Em nosso país, a facilidade de obtenção dos anabolizantes favoreceu sua
disseminação junto aos atletas e não atletas. A grande “atração” para o consumo
destas drogas ocorre porque seus efeitos são visíveis (para os que se preocupam
com aparência física) e relativamente duradouros, até nove meses após o término
47

da ingestão. Estas duas características, somadas ao apelo à aparência física, em


nossa sociedade, levaram o consumo de esteróides a uma faixa etária
problemática: a pré-adolescência e a adolescência.
Os EAA têm sido associados a uma variedade de efeitos indesejáveis
clínicos e psiquiátricos, com o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas e é altamente
correlacionado com comportamento agressivo. Por isso, pode se tornar um
problema de saúde pública.
EPIDEMIOLOGIA
A incidência de uso dos EAA parece ter aumentado consideravelmente nos
últimos anos nos EUA. No entanto, a obtenção de estatísticas fidedignas sobre o
abuso de drogas por adolescente é difícil, especialmente pelo temor destes de
serem afastados do esporte. A frequência de uso destes agentes é variável entre
3% a 37% por populações de estudantes de primeiro (elementar), segundo
(secundário) ou terceiro graus (universitários) e atletas. A incidência é maior no
sexo masculino, e há relação com a progressão da escolaridade, o que pode ser
devido à mudança do nível de competição. Os atletas semiprofissionais, de nível
universitário, fazem uso mais intenso de EAA, podendo haver, entre eles,
diferenças da intensidade do consumo de drogas relacionado ao tipo de esporte
praticado, havendo índices mais elevados entre jogadores de futebol americano.
Estudos prospectivos comparando a prevalência do uso de anabolizantes
ao longo dos últimos cinco anos mostram que a quantidade de pessoas que
utilizam estas drogas vem diminuindo; entretanto, a idade em que se inicia o
consumo destas drogas, com o objetivo de melhorar o desempenho esportivo,
continua sendo entre 15 e 18 anos, ou seja, os americanos que admitiram uso de
anabolizantes, 75% tinham começado a consumi-los durante o 2º grau (high
school) (Anderson, 1991).
No Brasil, apesar do problema estar se agravando, não localizamos
estudos sobre incidência e prevalência do uso ilícito de esteróides anabolizantes.
Entretanto, podemos afirmar que o usuário, ou consumidor preferencial,
encontra-se na faixa etária dos 18 a 34 anos de idade e em geral, é do sexo
masculino.
DISCUSSÃO
A busca pelo corpo perfeito e a performance atlética têm se tornado um
problema entre os jovens, pois sabemos que este comportamento pode levar ao
desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia, bulimia e o uso
indevido de esteróides anabolizantes/energéticos.
O que se tem feito no Brasil é o controle através dos chamados “exames
antidoping” e capacitação de recursos humanos para orientar os jovens a criarem
uma postura adversa ao uso de drogas.
O controle antidoping tem amedrontado alguns atletas e embora o consumo
de anabolizantes seja proibido por todas as federações esportivas, isso não
impede o uso.
Pode-se perceber que os recursos utilizados não são capazes de
conscientizar os usuários dos males causados pelo uso de anabolizantes.
48

O USO DE ANABOLIZANTES TORNA-SE UM RISCO DE VIDA PARA OS


JOVENS
A busca pelo corpo perfeito têm se tornado um problema entre os jovens
que buscam o imediatismo de querer ganhar massa e músculos rapidamente e ter
um corpo atlético em curto prazo, fazendo com que os jovens busquem
alternativas entregando-se aos anabolizantes, muitas vezes receitados por
instrutores e professores de educação física, sem nenhum conhecimento na área,
que indicam e vendem essas drogas, que podem ser compradas em farmácias,
sem exigência de receita médica, apesar da tarja vermelha “venda sob prescrição
médica”.
“Disciplina nos treinos e uma alimentação saudável já são o suficiente para
ter um corpo bonito sem a necessidade do uso de anabolizantes “, acrescenta o
personal trainer, Diego dos Santos.
“Nas academias, é comum encontrarmos pessoas sem volume e qualidade
muscular apesar do uso de anabolizantes hormonais, por outro lado, pessoas
muito grandes e fortes que jamais utilizaram drogas” diz o professor de educação
física, Fábio Gomes.
Assim sendo, a decisão deverá ser sempre uma decisão pessoal. A pessoa
deve ponderar os riscos e benefícios e decidir racionalmente. Aos profissionais
compete informar e não influenciar na decisão.
(Jornal Notícias da Manhã, Edição 426 - Sexta-feira, 24 Setembro, 2004)

Especialistas criticam uso de anabolizantes e questionam corpo da Feiticeira


Paira uma dúvida sobre o corpão ultramalhado exibido pela modelo Joana Prado,
a Feiticeira. Estaria ela tomando anabolizantes ou apenas malhando, como confirma
seu empresário? A polêmica ganhou as ruas e as academias na primeira semana do
programa.
O uso de anabolizantes para ganhar massa muscular ainda é polêmico, aceito por
uns e criticado por outros. Certo é que os produtos usados nas academias acarretam,
além do efeito pretendido, na manifestação de características tipicamente masculinas e
no aumento da incidência de doenças, segundo especialistas.
“Todo anabolizante tem efeito androgênico. Acentuam as caraterísticas que
diferem o homem da mulher, como o timbre da voz, a distribuição dos pêlos, a
estimulação das glândulas sebáceas, o comportamento agressivo e a hipertrofia
exagerada dos músculos”, afirma Turíbio Leite de Barros, coordenador do Cemafe
(Centro de Medicina da Atividade Esportiva e do Esporte), da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), e autor do livro “O Programa das Dez Semanas” (ed. Manole).
É o caso da Feiticeira, que apareceu com uma voz mais grossa, e ombros e
pescoço mais largos que o comum num corpo feminino. A modelo nega que tome
anabolizante e diz que malha três horas por dia.
“O exercício físico oferece a possibilidade de aumento de massa muscular, mas o
modelo que as pessoas ambicionam é de ganho de massa muscular além do que o
treino pode promover”, afirma o coordenador do Cemafe.
De acordo com ele, a plasticidade fisiológica é limitada por um resultado percebido
a olho nu. “Ninguém pode dizer com segurança absoluta se fulano está usando
anabolizante ou não, a não ser por exame de urina. O que chama atenção em quem
49

usa é a deformação, característica do abuso de substâncias que quebram o equilíbrio


da natureza”, afirma.
Resultados
Para a personal trainer Tatiana Trescato, da academia Fórmula, de São
Paulo, conseguir um corpo escultural e atlético sem a ajuda de anabolizantes
depende da genética. “O corpo tem um limite, mas o fator genético influencia. Os
negros, por exemplo, têm mais facilidade para ganhar massa muscular”, diz.
Para ela, em geral, muitos atletas usam anabolizante: “Quem compete, visando
ganhar dinheiro, tende a usar esses recursos. Para os meus alunos, falo todos os prós
e contras. Não indico e digo que não tem necessidade. Você não sabe como vai estar
daqui a 20 ou 30 anos. É melhor preservar a saúde para ter uma velhice saudável”,
afirma.
“O corpo dela está um pouco exagerado”, comenta, sobre o desenvolvimento da
Feiticeira, que já treinou na Fórmula, onde a personal trabalha. “Eu atendo mulheres,
mas faço um trabalho para qualidade de vida, para ter um corpo feminino e não atlético.
Quando a Feiticeira treinou na Fórmula, o corpo dela era completamente diferente. Hoje
ela tem um corpo de atleta”, diz Tatiana.
Marcos Prado, empresário de Joana Prado, foi procurado pela Folha Online, mas
não autorizou o contato com o personal trainer da Feiticeira, Renato Ventura.
Saúde
O presidente da Federação Paulista de Musculação, Eugênio Koprowski, liga o
consumo de anabolizantes à fama, ao sucesso e ao dinheiro. “Eu condeno o uso por
questões éticas e por uma questão de saúde. O esportista não deve ceder a esse tipo
de apelo. Por erro de treinamento, as pessoas que acham que não vão conseguir
melhorar mais e acabam caindo no esteróide. O segredo é descobrir o limite do corpo.”
Quem pratica exercícios físicos com o intuito de garantir a saúde não precisa se
sacrificar, segundo o professor de educação física Luís Carlos de Oliveira, especialista
em Ciências do Esporte e assessor técnico-científico do Agita São Paulo - programa de
promoção da atividade física para saúde: “Para ter saúde não há necessidade de se
enquadrar no modelo corporal difundido pela mídia. As pessoas fazem isso por estética
e chegar a esse corpo exige muita malhação, mas a OMS (Organização Mundial de
Saúde) sugere um novo caminho: fazer 30 minutos de atividade física diariamente. Isso
não vai deixar ninguém malhado como a Feiticeira, mas vai garantir a diminuição do
risco de doenças crônicas não comunicadas, como o infarto, o AVS [acidente vascular
cerebral] e alguns tipos de câncer”.
(Folha Online, publicado em 22/02/2002 e acessado em 21 de outubro de 2004.)

Efeitos colaterais dos pés à cabeça


Os esteróides anabolizantes produzem efeitos anabólicos (aumento do tamanho e
força musculares) e androgênicos (ligados a hormônios e responsáveis por
características masculinas). Esses efeitos - assim como os colaterais - podem ser
reversíveis ou não.
Eis apenas alguns dos efeitos colaterais:
• coração: pressão alta, aumento de colesterol, aumento de tamanho do coração,
grandes riscos de doenças cardíacas, derrame e morte;
• estômago: sensação de inchaço no estômago, náuseas e vômitos com sangue;
50

• fígado: hepatite, tumores no fígado, câncer e colapso total do órgão; • rins:


doenças renais, pedra nos rins e câncer;
• abdominal: dores, náuseas, vômitos, diarreias e possíveis hemorragias;
• ossos: dores, deterioração óssea, diminuição de altura devido à atrofia prematura
dos ossos;
• músculos, tendões e ligamentos: câimbras musculares, obstrução dos vasos
sanguíneos;
• órgãos genitais masculinos: ereções frequentes e dolorosas, testículos
enrugados, esterilidade e impotência;
• órgãos genitais femininos: mudança no ciclo menstrual, dano permanente ao
sistema reprodutivo e infertilidade;
• gestação: deformidades e danos ao feto.
(Fonte: Folheto da Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química, da Prefeitura do Rio
de Janeiro.)

PROPOSTA:
Os textos da coletânea enfocam um assunto muito debatido, atualmente, em
nosso país. Assim, escreva uma carta para Joana Prado, abordando a polêmica
envolvendo o seu nome e o uso das substâncias referidas acima. Escreva, também,
uma dissertação com o tema “A busca pelo corpo supostamente ideal e o uso de
esteróides anabólico-androgênicos (EAA), mais conhecidos por “Anabolizantes”.
51

Anexo 04
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Tabela de siglas utilizadas nas correções

SIGLA REFERÊNCIA OBSERVAÇÕES


AMB Ambiguidade Escrever algo que possa ser
interpretado de forma errônea pelo
leitor. Prejudica coerência e pode
prejudicar coesão se envolver
elementos coesivos.
CO Problema de Coerência Problema de articulação das ideias
(por exemplo contradições e
fragmentações). Pode ser tanto interna
(ideias contraditórias ou confusas no
texto) quando externa (ideias que não
condizem com a realidade)
COE Problema de Coesão Mau uso de recursos anafóricos,
concordância, tempos verbais,
conjunções, preposições, recursos de
pontuação e pronomes mal colocados.
COL Coloquialidade Uso de expressão própria da fala.
Prejudica tipo de texto e modalidade.
Se necessário for o uso, coloque-a
entre aspas.
COM Erro de concordância Prejudica coesão e pode prejudicar
coerência se deixar confuso o sentido
da frase / período.
CONO Conotatividade Uso inadequado de modificação do
sentido básico, ou estritamente
referencial das palavras, por
associações de ideias, analogias ou
figuras de linguagem. Prejudica
modalidade. Se necessário for o uso,
coloque-a entre aspas.
EO Erro ortográfico Problemas de pontuação, acentuação,
trocas de “s” por “z” e similares.
Prejudica modalidade e pode
prejudicar coerência e / ou coesão se o
erro modificar ou deixar confuso o
sentido da frase / período.
FC Falta de conclusão da ideia inicial “Pular” de uma ideia para outra, sem
concluir a primeira. Também pode
ocorrer se a tese ou o
desenvolvimento indicar um ponto de
52

vista e a conclusão indicar outro (o


que também é incoerência).
PC Período confuso Ideias mal expressas, confusas,
mesmo que não de forma longa.
PL Período longo Período longos tentem a ficar
confusos ao entendimento do leitor e,
assim, prejudicam coerência e coesão
(devido a falta de pontuação
adequada, por exemplo)
RED Redundância Redundância de discurso é aquela que
resulta da liberdade do emissor para
escolher entre as várias possibilidades
gramaticais válidas na língua.
Exemplo: Muito bem, excelente,
ótimo. A redundância aqui é
semântica, o mesmo significado, o
mesmo significado é veiculado três
vezes. A RED pode causar
“circularidade” e prejudicar coesão e
coerência.
REP Repetição Repetição inadequada de palavra,
expressão ou estrutura... Prejudica
coesão, principalmente.
TER Termo ou expressão inadequada Uso de frase clichê ou de palavra
inadequada à coerência do período.
Prejudica modalidade, pode
prejudicar coerência e coesão.
TT Problema de adequação ao tipo de Problemas de organização das partes
texto solicitado do texto, bem como o esquecimento -
ou inadequação - de alguma delas.
53

Anexo 05
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Folha de Redação

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.

Tema:___________________________________________________________________________
Coletânea:_______________________________________________________________________
Modalidade:______________________________________________________________________
Coerência________________________________________________________________________
Coesão:__________________________________________________________________________
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