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MODELO 6S
Mauro Antonio Homem Antunes*, Renata Maria Borges Freire, Alan da Silva Botelho,
Lucia Helena Toniolli
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Tecnologia, Departamento de Engenharia
BR 465, km 7, CEP: 23.890-000 - Seropédica – RJ
*E-mail: mantunes@ufrrj.br
RESUMO
Este artigo apresenta e avalia o modelo 6S para correção atmosférica de imagens. O modelo foi avaliado para uma
imagem TM do Landsat 5 e outra do ETM+ do Landsat 7, respectivamente de 30/05/1984 e 09/06/2002, ambas da cena WRS
217_76. Os resultados mostraram que as imagens sem correção não representaram a reflectância característica dos alvos
avaliados (vegetação, água e área urbana), ao passo que a correção atmosférica permitiu a obtenção de valores de reflectância
características de cada alvo. Conclui-se que o modelo 6S é recomendável para a correção atmosférica de imagens de
sensoriamento remoto.
ABSTRACT
This paper presents the use of 6S model for atmospheric corrections of satellite images and an evaluation of the
atmospheric correction performance is carried out. Landsat 5 TM and Landsat 7 ETM+ images of 05/30/1984 and 06/09/2002,
path 217 row 76, were used to evaluate atmospheric corrections with the model. Reflectances from uncorrected images did not
represent the characteristic reflectances for the targets used in the evaluation (vegetation, water and urban area). The
atmospheric corrections allowed the retrieval of target reflectances that were in accordance with typical values of these targets.
The conclusion is that the 6S model is recommended for atmospheric corrections of remotely sensed images.
As correções atmosféricas podem ser feitas O modelo 6S ( Second Simulation of the Satellite
através de modelos de transferência radiativa ou através de Signal in the Solar Spectrum) foi desenvolvido para a
métodos empíricos (Mather, 1999). O método empírico simulação do sinal de sensores remotos entre 0,25 µm a
mais utilizado é o da subtração do valor do pixel mais 4,00 µm (Vermote et al. 1997). No presente trabalho este é
escuro (Chavez, 1988). No entanto, neste método a adaptado para a correção atmosférica de imagens obtidas
correção atmosférica é realizada sem um embasamento por sensores remotos.
físico que permita a aplicação em condições variadas tanto
de superfície como de atmosfera. A radiação interage com a atmosfera causando
absorção ou espalhamento (Deschamps et al., 1983), sendo
que o espalhamento poder ser também produto de múltiplas
interações. As componentes do efeito atmosférico na gases e o espalhamento por aerossóis e moléculas. A
irradiância sobre a superfície e na radiância que chega ao absorção subtrai radiação de um feixe enquanto que o
sensor são mostradas na Figura 1, onde A significa espalhamento subtrai e adiciona radiação a um feixe em
absorção e S espalhamento. As componentes A 1 e S 1 uma dada direção. O modelo 6S pode ser obtido no permite
a escolha da configuração geométrica de satélites
retiram radiação do feixe que incide sobre o ponto P. S 2 é específicos, como Landsat 5 e Landsat 7. As condições de
uma componente da radiação atmosférica que é adicionada iluminação são obtidas a partir da data, hora e das
ao fluxo incidente na superfície, sendo portanto a radiação coordenadas da imagem. Os modelos de atmosfera e de
difusa incidente. O fluxo refletido pela superfície em aerossóis podem ser escolhidos de um grupo de modelos
direção ao sensor é subtraído pelas componentes A 2 e S 4 . pré-estabelecidos ou o usuário pode estabelecer as
características da atmosfera através de sondagens. Estes são
À radiação refletida pelo alvo na direção do sensor é
encontrados na Tabela 1.
adicionada pela atmosfera as componentes S 3 e S 5 , sendo
S 3 espalhada do fluxo solar e S 5 uma componente A concentração de aerossóis é obtida a partir da
visibilidade horizontal, dada em quilômetros. Além destes
refletida pelo ambiente em volta do alvo e posteriormente parâmetros devem ser fornecidos a altitude do terreno e
espalhada na direção do sensor. A absorção ocorre pelas localização de sensor, se a bordo de satélite ou a altitude do
moléculas da atmosfera enquanto que o espalhamento pode mesmo se este estiver à bordo de aeronave. No modelo
ser causado pelas moléculas (espalhamento Rayleigh) e adaptado para correções atmosféricas de imagens deve-se
pelos aerossóis (espalhamento Mie). A descrição destes fornecer também se os dados estão em reflectância ou
radiância escalonadas de 0 a 255. Por último deve-se
fornecer o tamanho da imagem em bytes, que é igual ao
Sensor
número de pixels da imagem.
Reflectância (%)
8
nível do mar. Verifica-se que a reflectância aparente na
banda 1 é 8 % maior do que aquela da imagem corrigida, e
tanto os valores de reflectância como as diferenças entre 6
sem correção e corrigida diminuem à medida que aumenta a
o comprimento de onda (banda), começando com 2% na 4
banda do azul para a reflectância corrigida para a
atmosfera. O resultado da correção atmosférica está em
2
conformidade com o que é esperado para reflectância da
água mostrada na Figura 2.
0
100 1 2 3 4 5 7
Água Banda TM
Asfalto
Fig. 3 - Reflectância da água do mar sem correção e
80 Concreto corrigida pelo modelo 6S, sensor TM. Média de 25 pixels
Gramado
Solo 12
Refletância
60 Sem correção
Corrigido
10
40
8
Reflectância (%)
20
6
4
0
0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4
2
Comprimento de onda (um)
Para a água do reservatório a 430 m de altitude Fig. 4 - Reflectância da água represada a uma altitude de
foi observado o mesmo padrão para a reflectância 430m sem correção e corrigida pelo modelo 6S, sensor TM.
planetária, ao passo que a reflectância corrigida apresentou Média de 25 pixels
um padrão diferente daquela da água ao nível do mar. Ficou
evidente que a curva de reflectância planetária não foi Os gráficos para a vegetação mostram que a
capaz de detectar o aumento de reflectância na banda 2 em reflectância planetária decresce da banda 1 para a banda 3,
decorrência de uma maior concentração de clorofila em aumenta da banda 3 para a banda 4 e desta para a banda 7
relação a água do mar. Já a reflectância da imagem decresce (Figura 5). No entanto esse padrão de
corrigida mostra claramente esta característica espectral da comportamento no visível não é típico da vegetação,
água com clorofila devido à presença de algas. Isto mostra a conforme pode ser verificado na Figura 2. A correção
importância da correção atmosférica para estudos de água atmosférica permitiu a recuperação de valores de
em que se pretende quantificar a quantidade de material reflectância mais próximos para a vegetação, com um
suspenso na água. ligeiro aumento da reflectância na faixa do verde (banda 2).
Observa-se também que o efeito atmosférico nas bandas do
visível é aditivo, ou seja, mais radiação é adicionada pela
atmosfera do que é retirada, fazendo com que a correção
atmosférica cause uma diminuição nos valores de
reflectância da superfície. Esse efeito é mais pronunciado
na banda 1 devido ao espalhamento Rayleigh. Já nas bandas
4, 5 e 7 o efeito atmosférico é subtrativo, principalmente
devido à absorção pelas moléculas de água. Isto faz com 35
Sem correção
que a imagem corrigida tenha um aumento nos valores de Corrigido
reflectância da superfície em relação à reflectância 30
planetária. Isto mostra que a simples subtração do pixel
escuro para todas as bandas pode levar a erros nas 25
Reflectância (%)
correções atmosféricas uma vez que os efeitos são
diferenciados entre as bandas do visível e do infravermelho 20
próximo e médio, e os efeitos são quantitativamente
diferentes para cada banda. 15
20
5 Sem correção
Corrigido
0 16
1 2 3 4 5 7
Banda TM
Reflectância (%)
12
Fig. 5 - Reflectância da vegetação a uma altitude de 20m
sem correção e corrigida pelo modelo 6S, sensor TM.
Média de 25 pixels 8
Para a área urbana (Figura 7) o padrão da Fig. 7 - Reflectância de uma área urbana sem correção e
reflectância corrigida para a atmosfera mostra um corrigida pelo modelo 6S, sensor TM. Média de 25 pixels
acréscimo entre as bandas 1 e 5, característico das áreas
construídas. As maiores diferenças entre os valores de As análises estatísticas através do teste t pareado
reflectância corrigida e sem correção ocorreram para banda mostraram que as diferenças entre os valores de reflectância
1 e para as bandas 4, 5 e 7. Na banda 1 o efeito foi aditivo da superfície (corrigida para atmosfera) e reflectância
devido o espalhamento Rayleigh enquanto que nas bandas planetária (sem correção) foram significativas. A banda 1
4, 5 e 7 o efeito foi subtrativo, devido à absorção pela água. foi a que apresentou maiores diferenças e a banda 4 foi a
que apresentou menores diferenças.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Mather, P. M., 1999, Computer Processing of Remotely-
Sensed Images: An Introduction, John Wiley & Sons, New
As análises dos resultados apresentados mostram York, 352 p.
que o modelo foi capaz de corrigir as imagens de satélites
para os efeitos atmosféricos e os testes estatísticos Thome,K., B. Markham, J. Barker, P. Slater, S. Biggar,
mostraram que as diferenças foram significativas. As 1987, Radiometric Calibration of Landsat,
correções atmosféricas foram corretas tanto para alvos Photogrammetric Engineering & Remote Sensing, Vol. 63,
próximos e ao nível médio do mar como para aqueles de pp. 853-858.
maior altitude, como é o caso da vegetação a 1540 m de
altitude. As correções foram também corretas tanto para Vermote, E.F.; D. Tanré, J. L. Deuzé, M. Herman, J.-J.
alvos escuros como para alvos mais claros em todas as Morcrete, 1997, Second Simulation of the Satellite Signal
bandas analisadas. O parâmetro utilizado para essa in the Solar Spectrum, 6S: An overview. IEEE Transactions
conclusão é o fato de os valores de reflectância sem on Geoscience and Remote Sensing. Vol. 35. N 3, pp
correção não serem característicos dos alvos e após as 675– 686.
correções atmosféricas os valores de reflectância passaram
a ser representativos destes alvos, assemelhando-se mais às
curvas espectrais dos mesmos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS