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1- Ok, ah, isso é uma coisa.. [aqui oh, tá aqui no meio aqui..] ok, isso é uma coisa q
ue eu queria te perguntar se não eu ia passar batido..
[Bruno Letchovisky?] E o Letchovisky, bicho? O que mais me espanta é o cinema das
origens né? O primeiro cinema não existia sala de exibição, público..
2- E ele não exibia cine, era só o nome.. por incrível que pareça.. as pessoas até achavam
que era filme.. ele deu o nome de cineton mas era uma.. ele
expunha pintura.. isso é o que eles chamavam assim essas paisagens né? Essa coisa da
imagem..
1- Era um quiosque de exposição de pintura..?
2- Sim, mas ele viajava e dormia dentro dessa barraca.. ele viajava né? Pelas cida
des. Então a ideia do circuito , assim, é mais a ideia.. ele entra como referência
por essa dimensão aí do circuito que ele queria criar pro trabalho de arte pra fugir
um pouco daquele circuito fechado que era a exibição no palácio,
ou a exibição no museu na Europa.. e.. que era mais restrito, assim, à população.. ele que
ria que o circuito fosse a população.. uma coisa assim..e que a obra dele
não precisasse ser vendida para ele sobreviver, então ele.. até se cobrava a entrada,
tipo um real, uma coisinha.. Ah, um real não devia ser.. é, não era né..
1-Uma pataca qualquer..[quantos reis..]
2-Sei lá se seria uma pataca, uma pataca? Quantos reis seria eu não sei.. mas..
1-De qualquer jeito era uma grana que dava pra ele pagar o paletó dele né?
2-É..[pelo menos] É.. acho que sim.. acho que ele tinha uma vida bem simples assim..
mas enfim, acho que a ideia vem por aí.. o que ele fala né(?) em relação
a ideia da circulação da arte dele é bastante inspiradora assim.. falando que a arte..
quase assim como arte.. arte é uma coisa de todos né, então ela tem
tentar chegar ao maior numero possível de pessoas, tentar influenciar as pessoas c
om a sensibilidade.. com a.. com esse olhar diferente que ela tem sobre
o mundo.. e.. é por aí que vai a homenagem ao Bruno Letchovisky.
1-Ah.. mas como é que você.. ah.. descobriu o Bruno Letchovisky?
2-O Bruno Letchovisky descobri porque haviam exposições.. já tinham acontecido umas du
as exposições dele aqui em Curitiba..
1-A tá, é tipo história da arte de Curitiba..
2-É.. ele é um cara importante na.. assim, ele..pô.. ele tem umas aquarelas..ele é muito
bom na aquarela.. ele tem umas aquarelas muito bonitas sabe? Assim..
usando muito branco.. fazendo uns recortes até meio fotográficos.. ele tem uma estétic
a dele assim, muito legal nas pinturas.. mas ele foi um dos fundadores
do núcleo.. depois ele se mudou pro Rio.. ele foi um dos fundadores do núcleo Bernar
delli também, que foi uma escola de pintura importante no Rio..
e de pinturas paisagistas assim sabe? Que meio, não vou dizer que sejam nômades, mas
eles iam visitando lugares, assim.. é da onde saiu até o PanSet, mas ele
é anterior e as pinturas dele são muito mais legais do que as do PanSet, no meu pont
o de vista, eu gosto mais assim da.. da estética e da pintura dele.
1-São paisagens também?
2-São paisagens.. e ele é.. tinham algumas fases assim.. teve uma fase dele mais sim
bólica.. e também tem pinturas urbanas ao óleo, mas as aquarelas dele
são excepcionais.. as aquarelas dele são coisas bem legais mesmo.. tipo a coisa da q
ualidade, da fatura da tinta alí e do papel.. e o uso do branco assim, sabe?
As transparências.. uma coisa bastante avançada assim, pra.. em termos do olhar assi
m na aquarela.. tem umas paisagens até do Rio assim que são lindas..
muito arvolátil assim, sabe? Tipo, muito legal..
1-Como assim? [não tenho o material dele agora..] Intrigante ser um cara que fazia
paisagens né? Montar um quiosque.. tipo é como se ele levasse as paisagens..
olhares de paisagens distantes pra serem vistas.. assim, não parece uma coisa meio
do.. das atualidades do lumiere? Dos eventos, dos países, não sei o que..
e concentrar e tal.. que essas paisagens certamente ele trouxe, as paisagens que
ele já tinha pintado antes pra exibir aqui.. as da europa pra cá, daqui pra.. as
de Curitiba pro Rio e assim por diante né?
2-É.. então, acho que essa coisa das imagens e das paisagens.. e deslocamento né.. ago
ra não sei exatamente como é que o entendimento dele sobre isso, assim, eu não sei
exatamente como é que é.. porque nas pesquisas que eu vi assim não..publicadas né.. prin
cipalmente tem uma aqui da Cristine Viana Batista que é muito boa.. é, eu não vi uma..
é, mais desenvolvimento
sobre esse pensamento dele em relação ao nome Cineton, tanto que as pessoas confundi
am e achavam que era uma tenda de projeção de cinema. Mesmo quando eles iam.. ele ch
egou a montar essa tenda também depois,
quando ele deu o nome de Cineton, ele montou na Cinelândia se não me engano. E as pe
ssoas achavam que eram uma história de cinema também.
1-Nickel Odeon, né? (*****)
2-É..
1-Bom, e você está.. estamos no Rio em 2005..
2-Mas sabe que depois.. sabe uma coisa bem interessante? De até um outro artista h
avia também falado e eu só fui me ligar agora recentemente.. é, o Vitor Meirelles..
né? Também o pintor, que também faziam paisagens e.. pintor da primeira missa no Brasi
l.. não era pintura imaginária não, histórica assim sobre a cena brasileira.. é, né? Acadêm
,
pintor acadêmico.. ele tinha uma coisa bem interessante.. ele tinha um negócio que e
le chamava de panorama.. que era um.. ele montava um.. tem a ver também, mas o obj
etivo
é um pouco diferente.. acho que o objetivo.. ele montou isso até anteriormente assim
, acho que no começo dos anos.. do século 20.. assim.. mil novecentos e pouco, não
sei quanto.. ele fazia uma pintura panorâmica da paisagem.. assim, ia pintando ped
aços.. mas assim, em escala grande, não vou lembrar agora a altura.. tipo dois metro
s
de altura por.. cada pedaço devia ter uns dois metros por não sei quantos.. uns quat
ro, sei lá.. e juntava e se fazia realmente uma panoramica da paisagem..
como se fosse quase uma, não vou dizer um escala real.. mas ele chegou a montar um
a.. e montava e remontava essas pinturas em círculo no espaço público.. como..
1-Não, ele tava perseguindo o efeito de imersão com essas imagens né?
2-Sim, e as pessoas visitavam.. indo ao centro desse círculo com a pintura dele pa
ra tentar olhar a paisagem numa panorâmica só que com a pintura dele..
1-Isso é tão característico da pintura chinesa assim.. de o objetivo de produzir essa
sensação de imersão.. e a paisagem é a chave disso assim.. [é..]
tanto a paisagem quanto essa representação da paisagem lacunar.. cheia de brancos, c
heia de sugestões, de formas assim.. fragmentárias.. em que o sujeito,
ele imerge, não só perceptivamente mas cognitivamente né? Tem que realmente completar
o resto do objeto que tá imerso na água, por exemplo.. ou o objeto que tá
refletido assim.. o que que é reflexo de que.. o trabalho de, de.. a imagem exige
ser.. a percepção dela exige um esforço do sujeito e ao mesmo tempo o sujeito
já tá na posição de estar contemplando.. numa posição de contemplação dessa paisagem.. é al
tem que ter uma certa, me parece ter uma.. não conteúdo, mas
a relação semelhante a essa do circuito, em que você por exemplo, quem vai exibir, faz
er.. produzir a exibição locar é alguém que já tem material que tá integrado
no corpo do circuito que, tá entendendo? Você é objeto da pesquisa, você é também participa
te da realização da exibição.. ao mesmo tempo tá em várias posições
de participação.. a paisagem oferece essa coisa assim, né? Você pode dizer que o circuit
o são.. a paisagem da produção de arte e de coletivos de arte, de arte urbana,
de imersão ambiental, etc..[a é.. tem uma coisa do mapeamento da produção né?] é.. mapeamen
o de paisag... de panoramas..[panoramas.. é, tem mesmo.].
2-Então, mas só pra voltar ali no Vitor Meirelles.. acho que tem uma diferença do Vito
r Meirelles pro Bruno Letchovisky.. porque o.. diz que isso que o Vitor Meirelle
s
fazia.. diz que era comum na Europa.. é, de você montar esses panoramas assim.. prin
cipalmente..
1-Dioramas não é? Dioramas é outra coisa.. envolve objeto também né?
2-É, eu acho que o nome era panorama mesmo.. o dele era panorama, não sei se os outr
os na europa eram.. como que se chamavam.. mas diz que nas feiras internacionais
,
que eram muito comuns naquela época existiam panoramas assim.. e a intenção dele, quan
do fazia os panoramas, ele fez o panorama do Rio de Janeiro, acho que os dois..
ele fez um Rio de Janeiro e não sei se ele fez o outro em Florianópolis, que ele é nat
ural de Florianópolis. Mas a intenção dele era uma.. era quase um efeito de propaganda
assim,
a ideia era, por exemplo, montar esse panorama na Bélgica, se não me engano, era apr
ensentar a cidade como um lugar pra ser visitado, um lugar assim.. apresentar a
civilização
que existia aqui no Brasil.. essa vistosidade do Rio de Janeiro pra.. pro exteri
or.. então tinha um intuito assim mais de propaganda, quase turístico, ainda que tiv
esse essa visitação imersiva também,
enquanto que no do Bruno Letchovisky, que eu saiba, não tenho muitos relatos de al
guém que tenha viajado com uma tenda que morava nela expondo pinturas e.. né? Porque
o Vitor Meirelles
teve um apoio financeiro né?
1-Mas porque esse interesse pelo fato do Bruno Letchovisky morar na.. na cabana,
na barraca?
2-Ele morava na própria caixa onde depois ele desmontava a barraca.. e quando a ba
rraca tava montada ele dormia dentro da caixa que transportava a barraca.. eu ac
ho
que não é uma questão de.. talvez seja uma questão de praticidade né? Tipo de.. eu acho qu
e é um tipo de economia diferente né? Ele não precisava pagar um hotel.. ele não tinha q
ue,
não sei por quantas cidades ele passou na europa.. no Brasil acho que foram alguma
s assim.. Curitiba, São Paulo e Rio.. não sei se foi pra outras porque no Rio ele já s
e fixou..
e em Curitiba ele ficou um ano, dois.. um ano. E na europa não sei por quantas cid
ades ele passou.. ele passou por algumas até que ele chegou na Itália e diz que viu
um poster
do Rio de Janeiro e falou.. porque ele queria viajar pelo mundo fazendo esse tip
o de atividade.. daí da Itália ele falou assim: vou pro Rio.. daí e ele chegou no Rio
e soube que
tinha uma colônia polonesa muito forte em Curitiba.. então ele veio pra cá pra meio qu
e restaurar a barraca dele, pra se sentir um pouco mais em casa em um país diferen
te.
1-Pra alguém poder conversar com ele né? (1:28:25)
2-É.. e enfim..daí ele teve uma relação boa com o circuito local.. que era bem forte ass
im em termos de pintura na época né? Essa pintura com origem europeia né,
tudo..paisagem.. enfim, mas o do Letchovisky é por aí.. agora então, o Letchovisky eu
acho que é diferente porque ele tinha um caráter político na fala dele assim
que não era tanto de propaganda como o do Vitor Meirelles né? Independente, assim, d
as qualidades e das ótimas intenções e tudo mais.. mas o do Bruno Letchovisky
era uma coisa de realmente de contrapor ao circuito do museu, esse mais elitizad
o, e..
1-Ele queria dar acesso à.. do trabalho dele a multidões.. multidões..
2-Exatamente.. então isso que eu acho que mesmo tendo esse antecedente do Vitor Me
irelles eu acho que o dele ainda.. o do Bruno Letchovisky era mais
claro em relação a pontuação sobre o circuito de arte.
1-A originalidade dele não tava, não no conteúdo mas na relação né? [é..] Que ele ele tava
pondo com o público..
2-Como pintor ele era muito experimental, enfim, teve a sua.. o seu lance de lin
guagem principalmente com a aquarela eu acho assim, acho que bastante à frente até..
mas eu acho que a coisa mais à frente que ele fez foi o Cineton e depois era um ou
tro lugar que ele queria fazer como uma espécie de residência.. ele queria fazer
um.. ele começou a fazer isso também.. uma chácara que ele pudesse receber todos os ar
tistas do mundo, inclusive os artistas quando se aposentassem, quando
tivesse velhos, assim.. terem um lugar pra ficar. Então ele tinha uma..
1- Uma casa dos artistas..
2- É que teve uma coisa de residência né, artistas em trânsito, pra poder receber artist
as em trânsito pelo país, que são as visões que hoje você vê
que acontece muito dentro do circuito né? A ideia do preojeto de residência é quase um
.. é um setor do.. de.. [uma rubrica específica.. financiamento..]
é um setor.. exatamente.. é um setor específico dentro do circuito né? Mas quer ver, só pr
a voltar ali então..
1-Voltando ao Rio, nós estamos no Rio.. filmamos em 2005 [nossa, tá passando rápido is
so..] no Rio, você tá contando que o Basbão achou legal.. triangulou
lá no Rio com.. [O Cláudio da Costa, desde então participou desse evento aqui do ciclo
de vídeo-arte, foi legal.. depois, ah, como eu tava no Rio..]
Peraí, no ciclo de vídeo-arte mas assim, video-arte é.. a maior parte dos trabalho dos
circuitos não são video-artes, são documentários de arte..
2-Aí então, mas daí eu.. justamente toda a minha apresentação foi focada nesse aspecto mai
s do documentário, daí.. é.. tem a ver com vídeo-arte mas
não é o principal dele ainda que mesmo sendo documentário, ele ainda abre espaço pra uma
experimentação de linguagem né.. é aqui que entra a..
fica uma coisa híbrida..
1-A vontade de ter uma dupla leitura.. um documentário de arte como arte do docume
ntário né?
2-É, porque ele também.. ele tem uma diversidade, assim, de formas de registro né..
1-Ele quem?
2-Os materiais da circuitos compartilhados têm um repertório, assim, bastante divers
ificado de estratégias de registro, de estratégias de lhe dar com sons ambientes,
ou lhe dar com trilhas sonoras, ou lhe dar com inserçao de legenda e crédito, imagen
s adicionais complementares ou não.. ou a coisa mais crua mesmo, porque
tem alguns que são bem crus né.. a estratégia de filmagem também, você vê que geralmente o
ara, o câmera.. ele tem um pouco de conhecimento da ação que vai se
desenvolver porque ele.. a gente tem uma imagem que ou tá dentro ou tem uma.. um e
nquadramento que pega o todo da história, ou então.. é..
como documentário ele bastante processual né? Na construção dessa imagem do registro, as
sim.. foge bastante do documentário tradicional mesmo né? De TV e cinema,
no sentido da narrativa, ou do depoimento.. ele é uma coisa mais corporal assim, a
té porque muitos dos trabalhos são ações né.. e eles vão se construindo assim..
ou eventualmente nas falas ou numa sequência de ações..
1-É, tem uma diferença muito grande, mas em geral você tem uma.. é.. perfomatividade que
não é da.. perfomatividade que é desencadeada pela câmera [é..],
é a performatividade que a câmera expande o circuito, a circulação da.. do campo de eficác
ia da atuação, mas assim, o próprio vídeo sem isso, acontece
em alguns casos.. por exemplo como no caso filho do Cildo Meireles, que ele própri
o.. ele faz essas duas coisas né, ele tem a.. ele próprio visa os efeitos
dele, como vídeo experimento.. documentário experimental e também faz uma.. digamos, s
erve de.. de função referencial pros trabalhos do Cildo né? De que..
que tão.. que é a inserção em circuitos.. é.. como que chama? Inserção em circuitos.. [em c
uitos ideológiocos..] ideológicos..****(1:33:12)***
2-Sei..é.. e é legal também que ele coloca os trabalhos dele às vezes numa situação assim,
omo aquele dos Cantos né, ele leva pra praia e faz o trabalho
dele participar de um ritual na fogueira pra compor com a narrativa do filme, qu
er dizer, que o trabalho dele jamais tinha sido exposto na praia, então assim..
ele queria uma situação pra.. é, dentro do filme, que leva a uma leitura que estava no
trabalho mas que nunca esteve num registro, ou num lugar de exposição
do trabalho, então.. contrapondo a essa coisa do racionalismo, da perspectiva, e d
a coisa do ritual.. então junta as duas coisas numa mesma cena, então
daqui a pouco tá o trabalho dele participando duma.. de um lual na praia.. é.. engraça
do..
1-Que foi feito pra poder entrar no filme [sim, pra poder entrar no filme] e.. t
ipo assim, o filme desencadeia [desencadeia..].. é.. deslocamentos de contextos, d
os trabalhos
que às vezes não aconteceria fora do filme.. os pró.. o próprio circuito você sente que de
sencadeia.. que desencadeou isso em alguns casos?
2-Ah, eu acho que teve pessoas.. teve gente que se inspirou em fazer filmes [de
trabalhos que foram.. foram, assim tipo o processo deles foi digamos imantado
por essa ideia do circuito da futura circulação deles no circuito compartilhado..].
Olha eu sei que rolou gente que fez filme.. que criou um tipo..
que criou um registro prum trabalho que já tinha feito mas que não.. porque não tinha
feito o registro, mas que criou um tipo de registro pra circuitos..
1-Ah, o caso do estilingue é um desses..
2-É.. bom, o próprio do SPMB que eles fizeram um.. na real quando eu entrei em conta
to com eles eu queria um outro material deles..e eles tavam tendo uma dificuldad
e
de acessar o material que tava em alta definição.. o arquivo tava em São Paulo, eles t
avam no Canadá.. e daí tinha a estréia do material..
e eles fizeram um vídeo conceitual sobre o que seria a estratégia deles.. então eles f
izeram um vídeo pra participar da circuitos..porque o outro material..
nem sei se eles chegaram a editar o outro material, mas enfim.. o outro material
não rolou.. assim como o Rubens Manno por exemplo, é.. eu queria algum registro
em vídeo daquele trabalho Vazadores que ele fez na Bienal.. aquela porta.. ele cri
ou uma porta de vidro e aço numa das laterais da Bienal e aquilo gerou um
fluxo paralelo de acesso à exposição.. e que acabou até meio que sendo controlado assim.
. [deu confusão né?]. Deu confusão porque ele.. porque a Bienal
até então era paga, hoje em dia nem é.. e o trabalho dele com certeza deve ter ajudado
a fazer com que a Bienal não fosse mais paga.. mas eu queria um
registro desse trabalho porque tinha tudo a ver né? Uma abertura dentro da institu
ição.. e o trabalho dele lhe dando com a instituição e lhe dando com o fluxo,
com questionamentos assim, seria muito massa.. mas ele não tinha ou não.. diz que não
era o caso daí e ele propôs um outro trabalho que o trabalho se
apresentava como registro em vídeo.. que é o.. o único.. o melhor registro de trabalho
era o vídeo.. que era o Ação Comum.. então, assim.. às vezes
eu ia atrás de uma coisa e a pessoa oferecia outra.. e acabou que o material dele
estreiou também na circuitos.. ele editou o material dele por causa da
circuitos.. aí rolava essas coisas assim.. daí eu tava lá no Rio.. aí passei na FUNARC,
porque sabia que a FUNARC tava fazendo um projeto chamado Redes,
eu tinha visto que eles tava na segunda edição, sei lá.. deixa eu ver se aqui é segunda.
. ou eles tinham feito uma primeira edição..
1-É segunda edição Projeto Rede Nacional de Artes Visuais FUNARC..
2-Ah então, eles tinham feito uma primeira edição.. e eu li na intenção do projeto, do Red
es, que era um projeto de intercâmbio entre produções no Brasil,
e.. é, né? De deslocar as produções do Nordeste pro Sul, do Sul pro Nordeste.. enfim, cr
iar um intercâmbio entre produções.. e eu fui lá e apresentei
falei pra eles, olha não sei como vocês fazem seleção dos projetos, a gente apresenta..
como é que faz pra apresentar um proposta aqui? Mas de qualquer forma
eu quero saber como é que.. eu tenho uma proposta que tem tudo a ver com essa inte
nção aí e eu gostaria de inscrever, e não havia edital naquela época..
era uma coisa por convite.. daí eles ficaram com a minha proposta e aí acabaram acha
ndo que tinha tudo a ver mesmo.. daí eu propus, daí entrou dentro da..
da lista de opções que eles, é.. consideravam assim, as chamadas assim nas edições do Rede
s né.. então eu participei de dois Redes, nesse uma vez fui pra
Maceió e uma outra vez eles tiveram.. daí uma outra vez eles queriam fazer aqui no P
araná.. porque no Paraná a Secretaria de Cultura não tava dando apoio pro..
era o único estado que não tava tendo retorno..
1-Me conta, assim, como foi o evento em Maceió?
2-Em Maceió foi uma articulação com a Secretaria de Cultura.. foi uma articulação com a Se
cretaria.. foi da FUNARC com a Secretaria..
(1:38:16)
1-Peraí, tudo de novo..
2-Desde onde?
1-Caros ouvintes, eu dei uma pala aqui e esqueci de apertar o botão de REC de novo
, então.. acabei de perguntar aqui pro Goto, como é que foi a divisão dos nomes,
dos.. não sei se chegou a gravar o que você relatou.. lá de.. com o Hermano Figueiredo
, das mostras nas paredes, que você fez num bairro pobre do.. com o que
do arroz? [eu acho que é grotão do arroz..] Grotão do arroz, foi exibido num espaço, num
a casa antiga na periferia de Maceió.. que foi interessante que as pessoas
tavam discutindo e tal, você falou também que o contexto de Maceió era muito incipient
e em termos de arte experimental [circuitos de arte..], circuitos de arte..
então, que foi principalmente estudantes e a gente que tava ali meio despatriados
da arte que acabaram encontrando. Aí eu fui te perguntar sobre.. que aí eu lembrei né.
.
fui te perguntar da origem do Goto né? Aí você fez uma longa explanação assim sobre sua..
que você fazia um programa numa rádio livre né? Que chamava.. como que
chama a rádio livre? [Liberdade vigiada..] Liberdade vigiada, que era a segunda ma
is.. segunda rádio livre que teve em aqui Curitiba[isso..], eu nem sabia que tinha
essa
cena de rádios livres em Curitiba.. a estrutura da rádio era [final dos anos 80] era
essa característica da rádio livre mantida voluntariamente [pelos estudantes..]
estudantes, dinheiro do próprio bolso.. [eles tentavam manter no cabo de vassoura,
iam no apartamento dos alunos..] nem sabiam direito se tinha gente do outro
lado ouvindo.. [sim..] tinha né? [Os próprios alunos..] Mais uma vez né, os participan
tes são o próprio público e que são os suntentadores né? [Exatamente..]
Mais uma vez esse setting né? E aí você no meio do.. foi inventar uma xenoglocia japon
esa grega.. não, japonesa e latina apareceu o Goto e aí na hora que você
tava falando essa situação daquele rádiotranse e o Goto grudou, você grudou no Goto e pr
onto.. [exatamente] e aí lá foi, a ponto de atualmente se te chamarem
de Nilton Rocha Filho você só atende se você reconhecer uma voz da sua família.. [é..] por
que se não nem vira a cara né? [É isso aí..] E aí você tava contando do
EPA, uma coisa que você foi.. o EPA foi do Rio, é isso?
2-Não, foi numa participação numa.. no festival de arte de Porto Alegre em 2001, na re
al eu já..
1-Aqui você já tava fazendo a pesquisa dos coletivos de artistas..
2-É, na real o contexto do EPA já existia.. que eram essas produções focadas num conteúdo
coletivo, reflexão histórica, pesquisa.. né? No entorno social, assim..
nesse conteúdo de interesse público.. e na palestra lá em Porto Alegre, o tema era.. o
tema da minha apresentação era justamente.. eu falei um pouco do meu trabalho né?
O histórico do meu trabalho e em certo momento eu queria comentar sobre essa impor
tância da dimensão pública do trabalho do artista né? Tanto a obra como uma
dimensão pública [exclamação pública do artista..] tanto a obra como dimensão pública, dime
simbólica dela, coletiva e tudo, quanto a importância do artista se
De barro, dois blocos de barro.. daí eu botei.. puxei da minha sacolinha ali e bot
ei dois blocos de barros na mesa, no meio da palestra.. [argila, argila de molda
r?]
Ah asim argila, exatamente.. para modelagem.. daí finquei duas canetas, uma em cad
a uma assim, amarrei uma fitinha verde e amarela do Brasil né? Daí convidei quem
quisesse participar da inauguração do Estado Público do Artista.. da inauguração da EPA..
daí vieram alguns né? O pessoal do Recife veio todo né? Tipo, não
posso perder esse momento histórico.. o Reinaldo disse.. daí eu acendi o isqueiro, q
ueimou a fita e inaugurou-se o Estado Público do Artista né? A.. essa EPA,
Expansão Pública do Artista.. [exclamação..] Exclamação.. teve até.. o pessoal até bateu pa
acho até que tenha foto disso cara.. [deve ter..] é, o pessoal
do.. acho que o Maurício tirou uma foto.. o Maurício Castro.. [E aí a EPA..] lá tava dan
do uma oficina também.. [virou uma instituição..] lá tava dando uma oficina
que depois o nome.. o primeiro.. mudou o nome, sempre muda o nome depois, aprese
nto a proposta e lá depois com o tempo, no final ela muda.. o nome no final lá
foi BackLight Selvagens.. que a partir dos desenhos, aqueles dos (**************
) daí a gente fez pequenos backlights assim com.. pra dar impressão de lâmpada..
e foi pra rua também, pegou uns sofás velhos que tavam lá e montou um ambiente assim n
a rua e colou todos os backlights, fez um gato no poste e montou uns pequenos..
cada um fez um backlight, cada um, participante né? Fez um blacklight, colou tudo
na rua lá.. então ficavam os blacklights assim, tipo meio.. como se fosse graffiti
só que era a partir da (***********) e tinha essa coisa do luminoso né, então ficou le
gal.. e lá foi inaugurado a EPA né? [Lá onde?] Em Porto Alegre.. [Em Porto Alegre..]
Mas assim, a performance né.. o sentido [Porto Alegre 2001 né?] o sentido já existia né?
O sentido da coisa já existia..
1-Mas quando deu.. quando deu esse ponto de cristalização é que se dá o nome pro negócio..
e aí como que você veio operando com esses três.. dois, dois nomes né?
Porque o seu nome de batismo e de cartório [é nois..] é nois.. não tem muita.. não teve mu
ita.. ele é como qualquer outro cidadão e você tá usando o Goto e o EPA em
que circunstâncias? Qual que é o uso dessa pseudonomia?
2-Então, a princípio o EPA tem a ver com essa produção de textos, com produção de pesquisa.
é, valorização de mostras de vídeo, acervos agora né? E uma reflexão sobre
conteúdos é.. contextuais da cena de arte e.. [e não é.. não se aprensenta como uma voz in
dividual né? Mais como uma agência..] É, não deixa de ser um intérprete também
mas ele busca bastante dados de pesquisa e tenta fazer uma interpretação, e.. a prin
cípio eu até via como uma interpretação a partir de brechas, de conteúdos que não eram fala
os
assim pela instituição mas agora eu vejo que, na real, isso que era uma brecha ficou
tão grande que é um campo né.. são campos assim de.. de leitura né? De leitura de context
o,
de articulação de sentido, de conexão de produções, de desejos, fazeres né?... é uma interp
ação das coisas..
1-O EPA é um operador de fazer essas.. de explorar esse campo né? [É.. o EPA tem sido
esse..] E ao mesmo tempo constitui e te permite explorar ele discursivamente né?
2-Isso mesmo..[então.. ou não?] é onde eu acabo desenvolvendo até o lado de curador e crít
ico e pesquisa.. [mas aí você não assume a curadoria como um indivíduo.. mas
sim como um indivíduo quase institucional né?] É mais ouvir do que.. do que exatamente
se colocar como indivíduo né.. mas é tentar ouvir.. ouvir uma cena..
identificar uma cena tentar ouvir a cena.. acho que é meio assim do que tentar faz
er uma leitura curatorial, talvez só, é.. pessoal, ou só de uma escolha pessoal.. é tent
ar
identificar aquilo como uma manisfestação.. alguma dimensão da manifestaçao coletiva.
1-Tá.. e o mamelucovitche? O mamelucoviche eu presenciei o nascimento..
2-Exatamente.. do mamelucoviche e a mamelucóvina também..
1-Tem até mamelucóvina?
2-Tem ué, você tava junto.. [ah, mamelucóvisky..] você tava junto do subtropicalismo tar
dio também.. [é verdade..] é essa coisa de que..
1-E o mamelucoviche vai sendo usado para uma outra finalidade ainda né?
2-Ah, isso é a celebração da nossa mestiçagem.. do nosso lado brasileiro.. [e aí..] e do n
osso entorno social que envolve e que faz com que a gente se mova
antes de qualquer desejo de identificar só as raízes étnicas.. [ou por outras..] é o soc
ial que vem antes.. [Ou tipo assim, é.. a mestiçagem de branco do sul também
é mestiçagem..] Ah, também é.. [isso é uma coisa que vejo muito numa preocupação sua de.. n
ua, assim, a (**********) também tem muito.. também tem essa queixa
muito grande.. tipo assim.. cultura popular só é popular acima do trópico de capricórnio
né? Abaixo do trópico de capricórnio já não é mais popular né? Já passa.. tipo
ninguém aceita os sulistas como bra.. não são brasileiros o suficiente, não são europeus o
suficiente.. então ficam nessa.. numa espécie de (*********)..]
Eu acho que tem os dois lados assim né.. acho que tem um tipo de leitura sobre ess
a formação do povo brasileiro aí.. como o Darci Ribeiro fala, que eu acho que a leitur
a
dele.. ela é um pouco restritiva porque ele dá uma idealizada, assim, uma romantizad
a em relação a isso como se a fusão das raças tivesse sido algo estagnado, [e de boa né..]
tipo.. português, negro e índio se fundiram.. onde Minas Gerais até seria o grande aps
e dessa fusão segundo ele, porque teve o maior percentual, assim, talvez o mais
equitativo, onde mais se misturou, há mais tempo, todos.. mas daí ele acha que isso é
o povo brasileiro.. quer dizer que ele chega..acho que é até um pouco racista de
certa forma, porque se a mestiçagem continua, quem chega também se mistura, também é bra
sileiro.. tipo então dizer que o povo brasileiro seria essa formação só, é meio
que se fechar pra outras possibilidades de brasista [tipo..é.. não é só essa liga, com e
ssa composição, tem outras ligas com outras composições..] tem um documentário
que ele se refere.. [eu fico lembrando do Leminski falando do Kaingang que apren
deu.. a lingua ocidental que ele aprendeu foi polonês né..] Imagina.. [Mas é..] É o
próprio né.. [Não, imagina não.. ele tipo se lembra porque é o próprio Leminski né..] é.. [
, quer dizer, aqui a composição é guarani com centro europeu né,
frequentemente.. mas você.. te cortei, você ia dizer outra coisa..] não, é isso mesmo..
[você ia dar outro exemplo..] Ah não, dele.. o.. o Darci Ribeiro ele fala assim..
ah ddepois vieram aqueles branquelos lá do Sul.. como assim? Como se isso não fosse
fardo do Brasil. Mas tem o outro lado da ponte também né, tem o outro lado da linha
também que tem gente que veio nessa onda migratória mais recente assim, da europa, q
ue também não se acha brasileiro né, se acha europeu realmente.. que é outra..
acho que o Darci tá errado quando ele fala porque é restritivo em relação ao processo do
que seja a formação de um povo aberto a mistura.. ele é restritivo, ele é
estanque.. ele dá uma data pra isso, mas acho que as pessoas que vêm pra cá e acham qu
e ainda são italianas ou são alemãs porque são já a terceira ou quarta geração..
ou que se fosse a segunda mesmo, a partir do momento que você tá aqui.. você tá vivendo
aqui, escolheu viver aqui, você tá nessa realidade, você é daqui.. você não..
dizer que só pela sua origem você seria de outro lugar acho bastante equivocado também
.. e aí acaba que existe isso também né, então na real isso até..
talvez até predomine.. se você for casar esse tipo de discurso com o discurso do Dar
ci Ribeiro as coisas ficariam.. fariam sentido, porque ele fala daí vieram os
branquelos do Sul.. né? [E essess branquelos do sul que também não querem se identific
ar tão legitimando também essa fala..] Que não se identificam.. então faz
sentido, mas na real, o legal é justamente o contrário né? É ver que isso tudo é Brasil e
que faz parte, então a gente faz parte.. nós somos os mestiços nessa onda aí,
então a gente vai.. [Então, certo..] Mamelucoviche! [Mamelucoviche também é mestiço tanto
quanto qualquer outro mestiço nacional..] Tanto, sim.. [E aí no Circuitos
aparece uma afirmação duma cena local curitibana, por exemplo naquele trabalho do Séri
o que a gente gravou aqui..] Exatamente, que é manauara o cara inclusive né..
[É..é.. imagina.. é de Manaus, veio parar pra fazer..] E que deve ter sofrido, eu imag
ino assim que ele deve ter, assim, tido inclusive alguma resistência por parte
dos círculos do local em ser aceito inclusive talvez por ser manauara.. eu penso q
ue.. mas não por isso acho que o trabalho dele foi.. durante certo momento né? Acho
que hoje ele tá bastante bem integrado na cena.. mas eu acho que mais.. o trabalho
dele acho que demorou, o trabalho que grupo dele ao se sensibilizarem.. mesmo
ante o arte(************) que ele ajudou.. coordenou.. acho que esses trabalhos
que são bastante afirmativos assim, em relação à circuitos, esses são trabalhos
bastante.. é, expressivos né, no sentido de uma crítica cultural, de proposta de invol
vimento social, de participação, tudo, são bem.. bem.. bem fundamentados né, bem
claros assim, em relação ao propósito assim, acho que na cena brasileira acho que é o..
são alguns dos exemplos assim, mais claros em relação às intenções e à prática
mesmo.. mas é..
1-Não tô falando em esse.. esse interesso do circuitos, é.. há um interesse do circuitos
em defender uma especificidade.. nem uma especificidade.. mas uma.. dar visibil
idade
pra uma série de cenas locais, destacadamente a cena de Curitiba.. tem um vídeo do A
CT, tem uma galeria.. da galeria Vera Barcellos [não, Vera Barcellos é em Porto
Alegre..], do.. do coletivo Couve-Flor..
2-Não, acho que assim.. acho que em termos de produção..[ou é circunstancial pelo falo d
e se ter partido daqui?] É circunstancial.. é circunstancial em relação ao
próprio processo mesmo.. o de Curitiba assim, até pode ter partido.. na real é que o d
e Curitiba era menos conhecido, mas não acho assim que tenha sido tão privilegiado,
sabe?
Na real, acabou talvez tendo mais destaque justamente por nunca ter sido visto,
ou por ter sido muito pouco visto.. mas o fato de não ter sido visto não quer dizer
que
não tenha sido intenso e muito articulado né? E bastante importante..é.. e a questão é mai
s o lance da diversidade mesmo.. as cenas de POA, as cenas de Porto Alegre,
Curitiba..é.. Recife, né? Daí Rio.. Rio mais até do que São Paulo foram os lugares da onde
vem a maior parte dessas produções aí mesmo.. e uma coisa foi mais processual mesmo,
foi o que deu pra acessar durante esse tempo aí.. tipo, né, tem cenas bem importante
s que não entraram né.. tipo de.. sei lá de Fortaleza não entrou, Belo Horizonte tem que
entrar mais.. [Tem a cena da video-arte de Belo Horizonte que não entrou..] Exatam
ente, São Paulo daria pra entrar mais, daria pra buscar algumas coisas, mas assim.
.
[O Fórum BHZ Vídeo por exemplo seria o caso.. uma cena particular..] Então, é um univer
so maravilhoso que daria pra complementar né? [Pois é, e aí vamos nós né? Aí vamos nós..]
Aí que acho que é o caso de realmente focar, porque como tem um lastro histórico basta
nte forte já, e aberto, tem um potencial.. acho que tem um potencial agregador ass
im,
que.. é.. e contextual né, que valeria a pena, não por ser agregador e pra.. sabe? Pra
.. vamos ser o centro.. mas porque o contexto realmente merece uma continuidade
desse tipo de trabalho né.. (1:54:30)
2-Tá, vamo voltar então pro o percurso histórico.. eu só tô te perguntando essas coisas so
bre os pseudônimos por que isso tem uma.. existe um debate sobre isso no cyberativ
ismo,
existe um uso disseminado do cyberativistas de pseudônimos, às vezes um, às vezes vários
, pseudônimos individuais e coletivos.. e isso é.. tem.. eu preciso ouvir das
pessoas do uso que elas fazem pra tentar entender a lógica disso, assim.. depois e
u retomo isso com vc, mas enfim.. é.. o, depois aqui tá aparecendo Antonina na, em J
ulho de 2006,
programação da terceira edição do Projeto Rede Nacional das Artes Visuais FUNART, parcer
ia com o décimo sexto festival de inverno na universidade federal do Paraná..
e aí? Isso foi aqui..
1- Ah então, esse foi aqui, é..
2- Que a cena de Curitiba que que se mudou [e aqui..] pra.. que se move pra Anto
nina no festival de inverno, e é.. [exatamente..] e aí?
1- E aqui foi até.. tem uma coisa interessante porque a FUNART não tava conseguindo
fazer parceria com a Secretaria de Cultura, a Secretaria de Cultura não.. era o únic
o estado..
A secretaria do estado de cultura do Paraná respondia a FUNART no sentido de receb
er a proposta do Redes.. e eles tavam pensando em cancelar a proposta.. e o dire
tor da FUNART
falou comigo se..
2-Porque essa incomunicação?
1-Acho que um pouco de descaso ou incopetência da Secretária de cultura..
2-Pouca operacionalidade né?
1-Pouca.. é, porque na real vinha.. vinha tudo coberto praticamente né, era só pra dar
hospedagem e alimentação pras pessoas.. as secretarias de cultura, os locais..
a parceria que se fazia era isso, o custeio era feito pela FUNART tirando a cois
a da hospedagem e da alimentação.. e a secretaria não tava.. não fazia.. enfim, daí eles
perguntaram se eu poderia realizar alguma coisa, assim, mas com uma.. menos, com
menos.. com dinheiro do que seria a oficina de um convidado e de um local.. ou
seja,
eu seria o local, eles tavam me convidando pra ser o local e se eu faria, convid
aria mais alguém, indicaria mais algúem e se eu organizaria a produção.. daí a EPA..
2-Em vez de ser pela Secretaria foi pela Universidade..
1-Daí a EPA bolou uma história.. daí assim.. é.. só que festival de inverno também tinha um
. é, daí eu articulei uma história e incluia até a Cris Bugê no meio..
2-Ela que era que era a histe.. a de fora..
1-Não, o de fora foi o Rubens, na real de dentro do Paraná também.. eu e chamei a Cris
Bugê também.. só que a Cris Bugê entrou como um extra.. mas daí como eu fiz
uma articulação com o festival de inverno, o festival de inverno tinha um cachê também,
então o que que eu fiz.. eu peguei, não lembro se todo o meu cachê, e a EPA
e investiu no filme da Cris Bugê.. daí uma quantidade.. ela precisava de uma grana p
ra terminar a produção de filme então a EPA investiu no filme dela pra ela poder termi
nar
o filme.. e a ideia era que ela estreiasse o filme lá mas acabou não dando tempo, es
sas coisas acabam demorando né, acabou não dando tempo dela terminar, mas foi uma
coisa legal assim, foi.. foi na articulação feita..
2-Qual filme?
1-O "Comunidade e Ativismo Enceno Downtown" tanto que aparece lá apoio ao local EP
A e outro apoio que ela teve foi no Estados Unidos que nem sei quem que é.. então es
se
foi uma coisa legal, foi uma coisa que eu fiz duas vezes assim.. imagina, pra mi
m sobrar dinheiro é uma coisa difícil.. mas teve vezes que.. muito circunstancialmen
te
teve um extra e ao invés de investir no meu projeto insveti no projeto dela e uma
vez investi no.. mandei menos ainda lá no projeto do Rubens.. não era muito dinheiro
mas
nessas horas que você tá fazendo produção todo dinheiro que entra é uma maravilha né? Porqu
geralmente só tá saindo.. e você já tá devendo.. e então entrar um dinheiro foi
legal..
2-Tipo assim, diminui o vermelho do vermelho né?
1-É, então foi bacana porque daí teve.. além da mostra de vídeo a gente fez um bate papo,
a Cris apresentou a pesquisa dela né.. e ainda teve.. o Rubens fez umas
performances e eu ainda fiz uma oficina lá também que ficou um pouco inconclusa assi
m, mas são muitas coisas paralelas né?
2-E aí, mas e o público? Público e reverberação..
1-Daí esse foi um público bom.. [repercusão do..] público bom porque era assim, a gente
fez na estação de trem lá de Antonina..
2-Público bom? Em termos..?
1-Público bom sim, ah não, é porque no festival de inverno ele junta muitos estudantes
de arte né, o festival daqui.. esse do Antonina já foi também bastante importante né,
na cena aqui do Sul assim, tipo, movimentou muito..
2-Veio gente de São Paulo e do Rio Grande do Sul.. até o Rio Grande o Sul..
1-Vinha, já chegou a vir, já chegou a vir né.. e tinham muitos convidados também de várias
partes do Brasil pra dar oficina, agora ele tá em baixa assim.. nessa época ele tav
a
médio pra começar a entrar em baixa assim, entendeu? Tanto que a nossa programação talve
z tenha sido uma das mais diferentes assim..
2-Mas vocês fizeram a exibição num espaço não convencional, que foi aonde?
1-É, um.. o museu da estação se não me engano.. é uma antiga estação ferroviária [que foi t
ormada em museu..] de Antonino.. mas que continua funcionando como..
não sei se continua funcionando como estação de volta, não sei.. enfim, a linha foi reat
ivada agora não sei o que fizeram.. a gente fez nesse museu aí.. e o público que né?
O público que frequentava as outras oficinas que ofertadas pelo próprio festival vei
o [que era estudante universitário..] nessa programação paralela.. é, veio nessa program
ação
paralela ai.. mais o público da.. universitário né, de várias partes do Paraná..
2-E teve oficina também mais uma vez né?
1-Teve, desse jeito assim, mais.. mais de.. ele acaba virando mais conversa e de
bate assim, a coisa do..
2-A oficina na verdade é o espaço paralelo da discussão correlato aos vídeos né?
1-Sim, ficou sendo assim.. mas sempre tem aquela perspectiva de fazer alguma coi
sa dependendo da demanda ali, do retorno dos participantes.. [do embalo da galer
a né..]
Só que como não chegou a ter uma oficina assim, seria o próprio público que assistia a m
ostra e tava todo mundo já com muitas agendas de oficina, então não deu assim..
a gente pegou mais pessoas que ficaram mais próximas assim, ou fazendo algumas der
ivas como lá em Antonina..
2-Bom, o debat.. mas a discussão foi interessante? Foi em que direção?
1-Foi.. tinha uma.. foi em direção a essa coisa assim.. tinha até o título assim eu acho
já diz bastante.. o título do bate papo era "articula e manda brasa", acho que era
auto-gestão cultural dos circuitos artis.. artísticos, "articula e manda brasa".. er
a um pouco isso, mostra o potencial.. foi por aí..
2-Tipo provocando as pessoas a se auto-organizarem..
1-É, lendo uns textos lá, uns pedaços do.. do Pierre Bourdieu, do Hanshak, do Daniel B
ourman, Foucault, Hélio Oiticica.. é esses caras que a gente sempre lê aí..
***********************
(2:01:33)
2-Ce tava falando de Antonina né?
1-Ah então, acho que Antonina a gente já falou né..
2-Já matou aqui? Ah então depois vai São Paulo no Reverberações..
1-Ah esse do Reverberaões na real ele.. foi uma coisa engraçada porque na real ele não
rolou direito assim, essa primeira vez não rolou, porque a gente fez uma programação
mas era paralela a outra atividade assim daí praticamente não teve público, mas engraçad
o que foi uma coisa boa, foi um acontecimento bom porque ele.. em paralelo eu já t
ava
gravando Desligare e também deu pra conectar outros coletivos em São Paulo assim, ti
po Jari, ou Túlio Tavares, deu pra conversar com o Daniel Lima.. então daí esse foi
engraçado porque o Desligare na real tem muitos coletivos de artistas que particip
am do Desligare, então quando eu fui pro Reverberações a mostra Circuitos e Vida *****
*
*****
não rolou muito bem, mas.. eu já nem sei se era na mesma época cara, tô meio confuso.. não
, acho que sim, era na mesma época. Mas no Reverberações daí eu descolei uma hospedagem
lá pra ficar e voltei dois, três dias depois, uma semana depois e gravei o Desligare
com muitos coletivos de artistas.. [virou uma proposição realizada por múltiplas pess
oas..]
é, e é legal porque daí conectou alguns coletivos de artistas dentro do trabalho e ao
mesmo tempo ia conversando com as pessoas sobre circuitos em vídeo, e pegando
material assim.. foi uma forma de juntar as duas coisas, é.. que era uma cena que
eu não tinha tido muito acesso assim.. e daí deu pra dar uma focada assim, conversar
mais..
foi legal, nesse sentido foi legal mas, mas a mostra do Reverberações foi fraca mas
ela oportunizou um contato né? E depois eu voltei pra lá com o Desligare na semana
seguinte.. [Com o Desligare e com o Circuitos?] Não, o Circuitos ficou só nesse dia
ou dois dias mas não rolou direito.. mas ela.. mas como eu fiquei dois, três dias lá
eu articulei minha vinda na semana seguinte..
2-O Túlio Tavares é que é do grupo de, do Prestes Maia, do..
1-Ele que organizou a compilação do Políticas do Dissenso e também do Menossão..
2-Ah, do Menossão.. [menossão..] Então assim tipo, foi mais pra fazer.. com o Reverber
ações foi mais pra fazer contato do que pra fazer uma exibição..
2-Não, a intenção até era a exibição também mas como tava tudo meio junto assim eu aproveit
e dei um foco no Desligare e no Desligare deu sim.. o Reverberações
na real ele oportunizou só um contato com algumas pessoas que daí eu falei que queri
a vir na semana seguinte pra gravar o Desligare, então eu descolei uma hospedagem
e
o Desligare foi custeado pelo Desligare mesmo, não foi o Reverberações, o Reverberações não
custeou nada, mas enfim, ele abriu um espaço de contato com as pessoas né, que
era as pessoas de coletivos que me interessavam também, eu só conhecia o Daniel Lima
assim pela.. pela internet, conhecia pouco pessoalmente.. mas não conhecia outros
grupos, enfim..
1-E o Desligare? Fala aí, o que que era?
(2:05:00)
2-Não, o Desligare era aquele negócio, você sabe né.. bom, era uma proposta de..
1-Não, de onde é que saiu o Desligare né?sabe?
2-Cara, na real o Desligare que tem até uma pegada política assim, ele surgiu de uma
percepção estética, eu achava bonito assim a imagem da televisão sumindo sabe? Quando d
esligava
a televisão.. daí eu queria fotografar, mas com a máquina que eu tinha eu não conseguia
pegar o frame.. sempre tirava a foto e sempre virava um espelho.. e daí nessa eu
resolvi filmar pra conseguir pegar o frame depois reduzir né, na velocidade reduzi
da, conseguir identificar o frame-a-frame e a ideia do espelho acabou sendo inco
rporada
assim como linguagem né, daí tipo, numa das partes da filmagem né, desligava a televisão
e ficava o espelho onde aparecia o sujeito autor do desligamento da televisão..
1-O suposto sujeito..
2-O Sujeito, o sujeito.. o novo sujeito..
1-E aí.. como é que foi o desenvolvimento do projeto? Você começou com esse interesse da
forma que aparecia no cinescópio e começou a desligar cinescópios por aí.. e pedia
as pessoas pra gravar [a ideia..] o próprio desligamento do cinescópio..
2-você quer saber, a ideia é até antiga cara, a ideia é assim tipo de 98, 97 nem me lemb
ro direito mas ela estava na lista de dez que para um dia serem
realizadas, sabe? O lance de desligar a televisão.. Daí em 2003 eu tentei fazer uma
primeira proposta assim que ela chamava TV Real, mas era bem diferente, era uma
proposta de intervenção urbana assim, tipo colocar televisões espelhadas na rua.. com
cadeirinhas na frente pras pessoas ficarem olhando a televisão assim só que com
a TV com espelhos ao invés do.. de tá passando a programação ela seria um espelho e uma
cadeirinha, duas cadeirinhas.. sentados assim.. no espaço público né..
e depois em 2000 e sei lá, 2005, daí eu formatei uma proposta pra.. que acabou tendo
apoio também no Edital Público aqui em Curitiba, de fazer um vídeo, uma vídeo-instalação
com desligamentos de televisão..
1-Só, passando em slow motion, ao desligamento? É porque tem três vídeos Desligare no Ci
rcuitos [são quatro..], quatro.. [tem quatro.. lá tem cinco na real..] qual é,
qual que é o propósito de cada um? Porque os circuitos originais deles são diferentes
né?
2-Tem quatro vídeos oh.. tem quatro vídeos e um terceiro que é um registro de uma mont
agem da vídeo-instalação, que seria o quinto.. dos quatro..é, esses quatro eles tão
divididos assim em duas tendências, tipo uma tendência assim.. duas propostas.. uma
proposta que é chamada Percurso Sena que é meio uma filmagem assim, você.. bom
a ideia era assim, era ir na casa da.. as pessoas escolhiam um programa pra desl
igar e eu ia na casa delas e filmava elas desligando o programa que elas queriam
no
horário do programa né.. então essa primeira proposta era essa entrada no ambiente par
ticular, indo até o lugar onde a pessoa assistia tevê e ali desligava a tevê da
forma, do jeito que queria.. e depois de ter a televisão desligada ela fazia o que
queria.. essa era a proposta.. E a outra filmagem era colocar a câmera no automátic
o
quase que enquadrada no.. com o campo de visão assim, enquadrada na própria tela né, n
o monitor da tevê, e começar a filmar a partir do momento que a pessoa apertava
o botão de desligamento, então filmava os frames sumindo.. esse trecho da filmada..
da filmagem era usado, foi editado em velocidade reduzida pra poder ver o frame-
a-frame
e quando a imagem sumia completamente o foco da tevê, o foco da câmera buscava o ref
lexo da pessoa que acabava ficando espelhada na própria televisão.. porque a ideia
era uma pouco essa assim, a proposta de que a pessoa buscasse se enquadrar no re
lfexo como se fosse um retrato.. então essa era outra filmagem.. então no filme tem
isso
em tempo normal, tipo tirando a coisa do frame, dos frames sumindo em velocidade
reduzida depois o trecho da pessoa se posicionando em frente a tevê até o foco fech
ar..
que acontece em alguns casos, em outros casos fica.. não dá muito certo assim, mas e
nfim foi o processo né.. e isso o resto em tempo normal.. e a outra filmagem dentr
o,
a entrada na casa e pegar a pessoa, é.. chegando no momento onde ela queria deslig
ar e as ações às vezes performáticas, sempre performáticas né, mas às vezes mais tratadas
como linguagem mesmo que ocorriam depois que a pessoa desligava a televisão.. esse
s eram, esses foram as filmagens inteiras.. essa do Percurso Sena que era onde a
pessoa
desliga a televisão e faz o que quer acabou dando duas, praticamente duas horas..
uma hora e cinquenta e oito minutos de filme.. e a outra que é o Percurso Sena, é..
Tela Espelho, o foco na tela e o frame-a-frame até virar espelho tem vinte minutos
e existem duas outras versões que são versões simplificadas que é só a imagem sumindo..
então o Tela Espelho só com imagem sumindo em tempo real, sem ser a velocidade reduz
ida e o Percurso Sena só as pessoas apertando o botão que tem cerca de 3 minutos, qu
ase 4..
1-Porque que isso tá no circuitos? Porque que que esse traba.. Você tem vários trabalh
os.. esse e o Museu do Poste tão nos circuitos..
2-Ah o Museu do Poste não é.. eu participei mas não é uma proposta minha assim..
1-Então, bom, no caso.. porque que o Desligare você contextualizou no circuitos?
2-Sim, total né.. é uma.. tem a ver com.. é bem inclusive, bem tem até uma redundância ass
im porque ele é um trabalho que ele é construído numa participação criativa né..
tem um espaço performático.. além do que o próprio ato assim, repitido.. além do sentido s
imbólico e político do desligamento da televisão e do indivíduo dando uma
resposta à comunicação unidirecional né, você tendo essa chance do indivíduo interagir e co
trapor e negar até a comunicação unidirecional.. fazendo seu gesto..
além disso ele era construído nessa participação das pessoas né..
1-Qual a conexão de uma pessoa com a outra, eles se conheciam?
2-Não, não conheciam.. mas acho que a conexão enquanto circuito é a vontade de se manife
star contra a televisão assim, tipo no sentido de uma..
1-Todos são voluntários e fizeram isso..
2-Até tinha um link de circuito que era eu no caso né..
1-Mas no caso essas pessoas voltaram a.. elas viram o material?
2-Ah, muitas viram.. das pessoas.. é porque assim, teve uma parte em Curitiba.. A
maioria foi agendada na rua né, montei uma banca na rua com uma tela de projeção..
onde tinha um frame sumindo e tinha assim: Qual programa de televisão você gostaria
de desligar? - Lá na Boca Maldita, fiquei lá uma semana agendando.. então vinha
muita gente assim, faziam rodinhas assim em volta de mim.. chegou a ter mais de
vinte pessoas.. a gente ficava conversando sobre a tevê, sobre a comunicação unidireci
onal..
sobre a suposta verdade dos meios de comunicação.. ou quanto isso tudo é editado né, tip
o que
às vezes a realidade local não entra, assim essas coisas.. e as pessoas achavam que
eram uma enquete então elas vinham com bastante vontade assim de dizer os programa
s que elas
não gostavam, e daí eu dizia que elas poderiam realizar o desejo participando do fil
me e que aquilo seria.. teria uma dimensão pública e também política, talvez não..
provavelmente não chegaria a ter o efeito de realmente tirar do ar o programa que
ela não gostava, mas que seria uma forma de levar a opinião dela pra dimensão pública
também em relação àquela programação.. daí tinha gente que gostava disso.. daqui a pouco ap
cia lá na, eu marcava e ia lá na casa delas e elas abriam a própria casa
pra um desconhecido assim, então.. muito interessante, eu achei.. foi muito legal
isso assim nesse sentido assim.. mas a ponte mesmo acho que era o sentido político
assim,
era a manifestação política, era o sentido do circuito.. da pessoa querer de alguma fo
rma.. é.. saber que estaria exibida publicamente em algum momento fazendo um ato
que seria um questionamento da televisão..
Olha a chama vermelha cara.. tá vendo? [lindo, deve ser alguma substância..] Nunca t
inha visto.. da pitanga cara.. nunca tinha visto uma chama assim tão vermelha..
a chama da pitanga então, da árvore da pitanga é.. [tem umas coisas diferentes né?] dife
rentes cara, já vi muitas cores de chama mas esse vermelho.. [isso são os metais
que a planta puxa da terra, cada uma puxa diferentes metais, por isso que as cha
mas dela são diferentes..] você veja hein, vermelho..
1-Bom, então, essas pessoas acabaram se encontrando através do trabalho? [Não, algumas
sim..] Casualmente né, nada programado..
2-Teve pessoas que indicaram outras pessoas né, então assim eu acabei indo na.. porq
ue queria que um amigo participasse, ou que um parente participasse, então teve
esses vínculos assim.. e na exibição do público assim em geral poucas pessoas acabaram v
indo pra assitir, mas a galera do circuito de arte, que participou dos coletivos
todos viram, quase todos viram.. imagino que quase todos.. teve esse tipo de ret
orno assim..
1-Bom então, você tava falando aqui.. a gente tava.. [Ah, nesse do Reverberações..] Não vo
cê já falou do Reverberações que foi meio que.. [daí já passou pelo Desligare e daí foi..]
Não, só pegar a deixa do Desligare depois tem o Recife..[esse do Recife..] Formação de A
rtes Visuais da Fundação de Cultura da Cidade de Recife ..
2-Ah então, essa foi uma coisa legal do Reverberações também porque o Reverberações teve um
parte, o Reverberações teve uma parte em São Paulo e teve uma segunda
parte em Londrina.. e em Londrina eu conheci o cara que era o atual coordenador
da Fundação Cultural do Recife, que é o Fernando Augusto.. e ele viu o material
da circuitos, o jornalzinho e tudo e ficou super empolgado e queria levar o mate
rial pra Recife.. e ele falou que eu teria a oportunidade de adequar dentro de u
m
processo, ele falou pra eu encaminhar uma proposta prum.. prum formato de projet
os que eles tinham lá no Centro de Formação de Artes Visuais, que tava iniciando ativi
dade
acho que naquela época assim, talvez fosse a segunda edição do projeto.. e levar a mos
tra.. só que o jornalzinho tava acabando e ele falou que eles tinham um cachê, eu fa
lei que
o jornalzinho tava acabando e perguntei se não daria pra gente incluir a edição de um
segundo número do jornal como fazendo parte do material didático..
1-Porque jornal Goto? Porque você editou essas coisas?
2-Bom, é uma estratégia pra ter uma complementação né, de informação em relação a cada um d
alhos, dos grupos.. é mais dos coletivos do que propriamente dos vídeos né,
era uma forma de complementar, de botar o assunto na discussão né.. porque a mostra
tinha esse objetivo né, de levar esse repertório, esse ideário do coletivo de artistas
dos circuitos, dessa auto-gestão cultural dos circuitos artísticos.. é, botar esse ass
unto em pauta.. então o informativo ele, ele trazia informações complementares em
relação ao vídeo e trazia novas informações sobre esse contexto assim, então era um materia
bem importante assim..
1-Você tem o rastro da difusão desse jornalzinho? [O rastro da difusão? A distribuição?] É.
porque eu tive, como eu falei no começo da gravação eu encontrei com isso
no Espaço Curinga lá em São Paulo, eu tava conversando com a.. [Que participaram do De
sligare inclusive..] É, é mesmo.. olha só, foi por causa do.. eu conheci a Flávia
Vivacqua no encontro Capitalismo e Cultura Livre que foi lá em São Paulo, acho que f
oi em 2007 ou em 2006, eu não consigo me lembrar direito.. e aí por conta disso é
que caiu na minha mão, tava chegando na hora que eu tava passando lá.. caiu o pacote
que você tinha, que tinha sido emitido.. [ah, sério?] eu peguei assim, olhei assim.
.
[o pacote chegou pra quem, pra Flávia?] não, chegou pro.. [pro Espaço Curinga] pro Cur
inga.. aí eu olho assim, gente, olha que achado, que legal, fiquei loco com aquilo
..
[sério que chegou na hora, cara?] Na hora cara.. [que coincidência..] foi um negócio a
ssim, dos Deuses mesmo, porque.. [que legal..] enfim..
2-Eu mandei pra eles e não sei.. acho que pra São Paulo foi pra eles e.. [peraí não fica
longe não..] posso abrir o portão e volto.. [mandou pra onde?] Ah, esse do Recife
eu mandei pra.. acho que pro Rio de Janeiro eu mandei lá pro Vogler..
Pausa
1-Você tava falando do.. [da distribuição do obes lá no Recife..] é, do obes do Recife daí
gente parou.. [que chegou lá no Curinga né..] Bom, mas e aí.. em Recife você
acabou não contando, você falou que teve.. que tava acabando de abrir esse Centro de
Formação Artes Visuais, que você foi chamado..
2-Ah então, aí foi lá e rolou a mostra, também, mesmo esquema assim e a gente.. [teve of
icina também?] teve, foi.. também foi muito bate papo e tudo mas nessa a gente
fez uma proposta no final que foi bem legal.. que teve uma parte.. o que seria o
último dia de exibição por sugestão das pessoas que tavam ali participando a gente
escolheu um lugar na cidade pra fazer uma exibição pública assim, e foi feito lá no Alto
Zé do Pinho, que é uma comunidade lá num morro, perto de Casa Amarela, acho que
é por aí.. que é um lugar que tem uma cena bem forte de rock e tudo, com o pessoal lá do
s Devotos.. que era Devotos do Ódio, o cara lá, acho que é o.. enfim, daí o
pessoal achou que lá era o lugar, daí a gente foi procurar um lugar lá, foi conversar
com os grupos e a gente acabou fazendo uma sessão que era inclusive pra estreiar
o filme do Brusque(******), que o Brusque(******) daí localizou.. a gente localizo
u, ele localizou no arquivo dele o Art-Door(******), em super 8(******), o Art-D
oor (******)
que o Gilmar Moinhos de Brito (******) havia filmado a proposta de 1981 de inter
venção em outdoor.. ah, esqueci de falar o lance do.. ah, o Brusque então.. desde o
começo do Circuitos a gente ficou procurando esse material do Art-Door e conversan
do com o Brusque(******) ele falou que tinha.. ah, sabe que até tem o Art-Door fil
mado e tudo..
mas ele nunca achou.. e nessa vez em 2007 ele encontrou o material do Art-Door n
os arquivos dele.. e a gente fez uma primeira projeção na casa dele assim, foi a pri
meira
vez que ele viu o filme.. a gente conseguiu descolar um projetor de super 8 lá, o
Maurício Castro que tinha.. a gente levou na casa dele, daí tinha os dois filhos del
e,
o Maurício Castro, eu e ele, a gente viu o fiminho projetado no meio dos.. ele tir
ou os dois quadros da parede assim, projetou no meio dos quadros.. a gente viu u
m terço
do filme.. ele achou que eram dois filmes até mas era um só, porque o Gilmar tinha f
ilmado.. o Brusque tem tudo catalogado assim sabe, então ele tinha o catálogo mas não
tinha a mídia mesmo, a mídia tava perdida, mas tava no catálogo dele, assim no fichário
que ele faz.. daí que ele percebeu que os dois fichários na real eram um filme só,
e a gente foi daí tentar passar no Alto Zé do Pinho no último dia.. [passou?] foi até an
unciado no jornal e tudo.. tipo filme perdido não sei o que lá, quantos anos assim..
Brusque estreia no seu filme, virou mais notícia o lance de ele ter encontrado o f
ilme dele do que a própria Circuitos assim, daí foi o Gilmar, foi mais um outro não se
i
se o Daniel Santiago foi também, foi uma turma assim do Gilmar, foi lá no Auto Zé do P
inho também.. daí a gente, a gente teve que fazer a exibição na própria Praça
da Maconha mas daí não tinha um ponto de luz legal assim e a gente acabou indo um po
uco no meio da rua mesmo, trancou uma rua e fez a projeção numa parede lá.. só que
na hora que foi passar o filme do Brusque, depois que a gente fez toda a apresen
tação tudo lá pra comunidade, o filme dele na hora que começou a passar assim enroscou,
ele já pulou em cima assim e já desligou a máquina né, porque ele começou a comer.. [pra nã
queimar..] sim, começou a morder né? E tava.. enfim, o filme dele que foi
todo anunciado e tudo não foi exibido de volta.. depois de toda essa cena.. [foi a
parecer com Circuitos.. com a última..] Foi.. e outra coisa legal foi que a gente
acabou fazendo o jornalzinho né, o jornalzinho lá de volta, o obs(******) número 2.. j
unto.. dentro do material didático da oficina..
1-Pois é, eu queria te perguntar inclusive assim.. [e deu pra atualizar com mais 2
0 títulos novos.. ouvinte, participante..] é.. banda de rock é super produtora de
cena independente assim.. não tem isso no Circuitos..
2-É, não tem.. não tem.. porque daí seria muita coisa né, eu acho.. [é questão de recorte m
o né?] É eu acho que é.. mas aí quase entrou um filme sobre a história
do punk assim, mas daí acabou não rolando..
1-Bom, é, você falar, contar essa história do Brusque.. anos depois do contato que você
fez assim, deve ter ficado procurando, procurando.. uma hora trombou com o negócio
e encontrou..
2-Toda vez que exibiu ligava, a gente tentava se articular assim pra ver se ele
já tinha achado o material.. [sei..] porque como, porque tinha me ligado muito naq
uele
trabalho dele do Art-Door né, porque era uma intervenção muito grande, eram 186 artist
as de 25 países ocupando simultaneamente 180 e poucos outdoors da cidade, é uma
coisa grandea assim.. [e tipo, tem todas as características dos circuitos em vídeo,
né?].. então, conversando com ele eu sabia né, na primeira ele já.. buscando material
na real, ele queria um catálogo, também daquele.. ele não tinha mais catálogo.. e daí ele
comentou numa das vezes que ele tinha, que tava filmado.. daí desde então
toda vez que surgia oportunidade eu tentava dar uma estimulada nele pra ver se e
le achava o material né? E nessa vez acabou rolando daí.. só que na real não deu tempo
de exibir né, não deu certo né.. mas acho que ficou pra próxima, depois acho que do Reci
fe já foi o de Curitiba de volta, não lembro.. [depois foi o Cinemateca de Curitiba.
.]
Ah, então, que foi o lançamento daí nessa daí já deu pra fazer a telecinagem, ele mesmo fe
z lá com o pessoal lá do Recife..
1-Então, o Brusque tem muita coisa.. uma quantidade imensa de.. o acervo dele de t
roca de figurinha com grupo de arte contemporânea de tudo quanto é canto e tal.. e e
le
é um homem do arquivo né, arquivador.. compulsivo, arquiva todo tipo de coisa de.. q
ue aparece que ele acha que é relevante.. você acabou ficando bastante assim né Goto,
aquela sala do poder sua lá, que tem pastas e mais pastas, arquivos e mais arquivo
s, até as edições do.. as impressões do catálogo do Circuitos e tal.. o que que é o trabalh
de arquivo pra você assim.. como, assim, não só do aspecto político mas do aspecto estétic
o-afetivo.. porque tem.. explicar assim um pouco do que move a sua, a produção
do Circuitos, a continuidade do Circuitos, etc..
(2:25:30)
2-Ah, é um manancial de contexto assim, de ideia, de diversidade, de.. é uma coisa b
em viva na real assim.. [o arquivo..] essa história de arquivar, é algo que dá pra
ser remexido várias vezes, é.. né? Gera contexto, gera trabalho, gera ligações, né.. gera m
ita coisa..
1-É, mas têm muitos outros artistas trabalhando com arquivo assim, como é que você situa
isso?
2-Você veja.. é bacana né? Acho que é uma forma de você trabalhar com essa memória coletiva
assim, dentro daquele campo que é o campo de, no meu caso né, não é tanto
uma.. até tem um pouco de colecionismo mas não é.. a ideia não é.. a motivação não é ser ex
e um colecionador só assim né.. eu juntei materiais que.. de assuntos..
[só mas também é..] sim, e acaba sendo.. mas é porque eu juntei por conta do.. que é um co
nteúdo de interesse mesmo né? Não é só por ser colecionador.. então ele agregou
um assunto.. [O que que seria esse colecionismo assim? Porque você meio que acha q
ue você é insuficiente né..] não sei, acho que poderia ser várias coisas, eu poderia
fazer várias coleções, mas é que o assunto da auto-gestão, desse tipo de atitute é que é um
ma que por ser de interesse acabou gerando uma coleção, então.. é, eu acho importante
porque dentro dessa.. é um tipo de contribuição que se pode dar no sentido de uma memóri
a né, sobre uma cena importante, ampla, diversificada.. e acho que outras
pessoas montam outros arquivos e acabam contribuindo com outros pedaços dessa memóri
a assim, e acaba que como ela é motivada por um interesse mesmo de diário né,
de prática né, de vontades em relação à realidade às vezes passa longe dos critérios das in
tuições assim, no sentido de elaborar uma coleção que.. né, uma instituição
quando vai elaborar uma coleção, um acervo, acho que não tem esse tipo de envolvimento
assim, tão de um ideário, uma coisa mais afetiva né, apaixonada assim, tipo de
vontade de transformação, então acho que aí tem uma importância nessas coleções particulare
ue depois acabam virando públicas como a do Brusque(*****) e outras pessoas têm,
porque o tipo de relação que se tem com as pessoas e com.. que acabam gerando os arq
uivos né, é uma relação bem direta assim com os produtores, são relações de proximidade
bem mais fortes né, bem mais intensas né, o arquivo do Brusque por exemplo que tem a
ver até com a prática.. acabou tendo a ver com essa prática minha também e de outras
pessoas né, mas o arquivo do Brusque daí fica bem como exemplo.. boa parte foi feita
na própria organização dos eventos coletivos né, foi organizar uma mostra de vídeo de
super 8, de arte postal e depois se formavam coleções.. e de coleções em coleções foi.. vai
se fazendo um grande arquivo.. mas eu mesmo acabei conhecendo depois essa
história do arquivo do Brusque(*****).. e outras pessoas fazem isso né, tipo boa.. a
cho que talvez boa parte da.. de grandes coleções aí interessantes elas são feitas
por esses interesses pessoais assim, mais individuais que vão se coletivizando dep
ois.. Que uma instituição por si né, às vezes ela não tem esse afeto, esse interesse
desenvolvido assim.. ela, é uma.. geralmente é uma.. é um procedimento bem mais burocrát
ico e às vezes parte de critérios muito mais focados numa legitimação cultural..
é diferente de você querer botar em evidência um contexto, uma ideia porque acha que a
quilo é importante pra sociedade e isso é diferente de você querer fazer uma coleção, ou
um arquivo a partir de critérios como "essa é a melhor, essas são as melhores produções de
ntro de determinado campo de linguagem".. né, os critérios da instituições
são outros assim, ela tenta buscar alguma coisa, como se fosse já.. como se já tivesse
esse grau de legitimação social já efetivado.. [consolidado..] consolidado, exatament
e..
enquanto que num movimento como esse não, o que importa não é se a legitimação já foi dada
or uma instituição.. mas é que aquele conjunto de produção ele realmente
reforça e intensifica e mostra um pouco a complexidade e a diversidade que é a própria
cena.. acho que essas coleções têm muito disso..
1-Você é muito.. é, ácido na crítica, uma série de efeitos sobre a circulação da arte por c
da institucionalização né, da.. dos espaços.. enfim, de como a arte
se torna visível e tal.. uma das coisas que você insiste assim é da criação artificial de
raridade né, de você ter o acesso dificultado e tal.. mas ao mesmo tempo
quando você.. quando você faz os circuitos você é obrigado a negociar com pessoas e grup
os muito diferentes, digamos em mesma situação de circulação na coleção, o que
te leva, de certa maneira, a incorporar certas restrições que nem são originalmente su
as mas que você acaba tendo que defender.. assumir defensivamente pra inclusive
conseguir.. continuar tendo acesso a receber essas contribuições, a poder botar elas
assim numa circulação mais sustentável, que acaba sendo não completamente
auto-sustentado, auto-independente mas por exemplo.. as últimas versões são financiada
s por instituições públicas assim, como é que você lida com essa contradição assim,
de certa maneira você tem que transferir a produção de raridade que nem é sua mas que vo
cê tem que assumir?
2-Ah, você falou várias coisas aí né.. acho que sobre o apoio, primeirou vou falar sobre
o apoio institucional né.. então, nas circulações da mostra, ela foi de alguma
forma solicitada por várias pessoas, inclusive pelos participantes no sentido de v
ocê ter acesso em relação a ela.. então sempre ficou essa vontade de achar um jeito
de fazer um.. por exemplo, até então quando as mostras circulavam o acordo que eu ti
nha feito com as pessoas era desse.. de juntar o material pra exibir na amostra
dentro daquele contexto, que todo mundo topava, mas eu não tinha nenhum tipo de ac
ordo apalavrado ou escrito com ninguém no sentido de eu começar a reproduzir o que
as pessoas haviam me passado e começar a distribuir pras outras pessoas.. então fico
u aquela vontade de em algum momento dar uma organizada nisso pra que.. pra que
ficasse
mais claro assim, pra que as pessoas soubessem que estariam disponibilizando pra
outros.. e acabou que a forma mais legal assim, que surgiu foi justamente a ide
ia de fazer
uma copiagem do material de forma que cada um que contribuiu com uma parte pudes
se acessar o todo, que é uma troca muito interessante assim, que todo mundo tinha
vontade
também de acessar o todo.. então todo mundo, é.. achou legal ceder sua parte sem.. a t
roca foi um elemento diferente dentro dessa lógica assim, de circuito.. não se falou
tanto no dinheiro ou na compra, ou numa licença, ou num percentual.. se falou na t
roca direta mesmo, então tem gente que deu um vídeo e acessou 225.. [é..] enquanto
que o Brusque, por exemplo só o Brusque tem mais de 20 títulos e então são medidas muito
diferentes assim mas que no fundo todo mundo topou pela diversidade que era
o conjunto.. [e cada contribuinte desse organizou a exibição do material, difundiu o
material também né?] Depois tem a coisa do raro lá que você falou..
É.. depois, então, a questão da institucionalização primeiro.. e quando, e nesse.. num cer
to momento, justamente quando tinha, logo depois que tinha rolado essa mostra
no Recife surgiu um edital do IFAM voltado pra arte contemporânea.. que era a prim
eira vez que o IFAM fez um olhar sobre esse tipo de produção no Brasil e na real tem
muito
dessa produção experimental e documental que vem dos anos 60 e 70 por não ter um proje
to.. que até então tinham poucos projetos voltados pra esse tipo de produção,
na real esse material ainda que recente ele tava bastante.. e continua sim ainda
bastante em risco tanto de sair né, do Brasil quanto de se perder por falta de te
ntativas
diferentes de olhar pela guarda ou pela recontextualização dessa produção né.. então o edia
era voltado pra isso e a Circuitos tinha muito a ver com isso, então foi
uma oportunidade de botar na roda a copiagem da coleção e uma melhor contextualização de
la né, por isso que deu pra fazer daí a.. uma complementação, uma requalificação,
a compilação e também essa reflexão que foi publicada depois no catálogo.. e sobre a questã
do raro eu acho interessante porque na copiagem.. a coleção se fosse ainda
o que era, uma coleção que só tava comigo e eu podia continuar aumentando, ela até seria
uma coleção.. poderia ser uma coleção rara assim, ainda que outros até pudessem
montar ela também né, mas quando ela foi compartilhada ela foi na lógica inversa do qu
e as instituições geralmente empreendem, porque os museus mundo afora e inclusive
no Brasil eles são muito pautados por essa questão da raridade do seu acervo né, e pel
a exclusividade das suas obras.. então, como aquela história do MAC da USP né?
Você veja que no final das contas assim.. depois da.. o que levou o Brusque, o que
incentivou a própria Circuitos, junto com outras influências dos escritos e tudo ma
is..
mas no final você tem um produto que é o contrário da lógica do acervo do MAC da USP.. é,
porque ao invés de ser algo restrito pra exibição e pra circulação que se
coloca como raro e único.. é, né.. como uma relíquia quase, ele se colocou como algo col
etivizado né, compartilhado entre todos os participantes e mais algumas
instituições culturais públicas, tem até umas privadas no meio, alguns pesquisadores, e
esse processo é diferente.. e a ideia ainda, a vontade ainda é fazer com que
isso possa ir mais além, assim.. chegar em outros estágios de reflexão sobre isso como
por exemplo essa ideia da cultura.. cultura livre né, essa ideia das pessoas..
aí é outra qualificação coletiva que todo mundo.. que a gente teria que desenvolver em g
rupo né, mas ver o quanto desses participantes topariam realmente entrar nesse
movimento de considerar que sua produção tenha essa importância enquanto patrimônio públic
o e coletivo e principalmente num país como o Brasil né, na América Latina..
1-Você tá falando isso porque tem toda, envolve toda uma renegociação de poder público sob
re fazer.. colocar o material disponível na web, que não é a mesma do DVD, o
DVD os vídeos, os trabalhos tão lá inscritos, estáveis, por mais que seja possível copiar
DVD ainda é um ato meio clandestino copiar um DVD.. enquanto na internet
você não consegue acessar sem copiar né..e aí nesse sentido que eu tava falando, que você
acaba tendo que incorporar um discurso, uma expectativa de rarificação
em função dessa abertura que a internet oferece de acesso, de reprodutibilidade inco
ntrolável..
2-Ah, mas acho que são etapas né? Você veja que a coisa tá super bem resolvida já, se for
ver.. né, o acervo do MAC da USP continua lá parado no MAC da USP, essa daí
já virou 150 cópias, já tá no Brasil inteiro e tá até em alguns lugares fora do Brasil.. el
tem uma.. quem recebeu tem um.. a gente fez um acordo de que cada um que
participou também pode armar sua própria estratégia de exibição desde que gratuita, desde
que em espaço público.. quer dizer que já houve um avanço, além do que eu acho
que a participação junto com a instituição foi legal, na real ela foi.. inclusive no arg
umento do projeto eu coloquei isso, que o.. o projeto Circuitos Compartilhados
não buscava uma legitimação junto ao edital do IFAM, porque o projeto já.. o projeta já er
a legitimado pela participação e pelo envolvimento de todos, inclusive tinha..
tem inham vários professore de universidades, então, enfim.. é bem diversificado né, o p
erfil dos participantes, então a legitimação social do projeto ela já existia..
feita no próprio envolvimento e nas redes que o projeto criou, o que eu busquei no
edital e argumentei lá era que o projeto buscava um apoio para compartilhamento
visto que a necessidade já se fazia.. então a instituição, ela foi reivindicada na sua f
unção pública mesmo, de potencializar uma ação que todos queriam.. inclusive
museus, porque aí eu busquei cartas dos museus perguntando se eles queriam aquilo
como acervo.. e vários museus falaram que queriam.. daí eu falei assim tá aqui oh,
vários museus querem, os artistas querem, é.. há um.. o desejo público existe e o conteúdo
é público, é de interesse né.. o contexto é de interesse.. então queremos
que a instituição participe, é a função dela, então foi reivindicado assim.. pode até parec
um pouco arrogante mas não é, é que na real se cria.. a lógica da busca
da legitimação, é ela que é muito invertida, ela cria, ela se coloca como um fetiche de
validação ou de legitimação, ela quer se antecipar à própria história e enquanto
na real ali a história já existia, ela tava buscando justamente um apoio.. então nesse
sentido eu acho que a instituição, ela.. é importante.. [buscando apoio no sentido
assim, de sustentação mesmo de permitir.. de botar os envolvidos pra trabalhar pra p
roduzir e distribuir o material que já tava agrupado né?] É do interesse público,
é do interesse da instituição né, acho que.. [que esse trabalho fosse feito né..] é.. então
i nesse sentido.. e a questão das licenças é isso, acho que tem que..
assim, até agora foi tudo bem né, tipo na conversa com todos assim, deu pra fazer aq
uilo que foi o mais comum que foi possível fazer até agora..
1-Tá, eu nem vou entrar.. te pedir pra falar da Cinemateca de Curitiba porque acho
que já.. tipo, acho que já falou disso.. [Ah, mas no final depois.. no final eles
apoiaram né? Quando o projeto foi lançado na Cinemateca, quer dizer.. começou, no início
não apoiaram mas depois apoiaram.. no final, no final do ciclo..] Tipo, "agora
você quer né?" [Ah sim, e foi importante também o apoio.. num outro momento foi import
ante também né.. você me perguntou outro negócio, não me lembro mais.. legitimação..]
Não, mas enfim.. o Circuitos tá, uma pequena parcela deles, embora importante, tá na i
nternet agora né, foi feito o upload.. como é que você.. como é que são as perspectivas
aí da.. da telematização do Circuitos.. [ah então..] em vídeo heterogêneos auto-dependentes
e compartilhados?
2-A ideia é.. [são camadas né?] A gente criou um site experimental ali meio só pra.. a t
entativa de mostrar uma potencialidade e meio que marcar um certo território
assim também.. simbólico. [Como assim?] Ah, botar algumas coisas no ar assim pra diz
er que aquilo é uma possibilidade e ao mesmo tempo já ser algo né, então.. marcar
um território virtual assim, de existência do projeto também.. mas a ideia depois dess
e site experimental era ampliar bastante né, era tentar.. isso já até foi formatado
e vai ser reformatado agora pra ver se a gente consegue colocar o maior número pos
sível de vídeos e de repente até complementar com algumas outras coleções, algumas
outras produções.. é, ampliar né, dar uma.. de repente corrigir alguma coisa que tenha e
rro, é.. aperfeiçoar as informaçoes, ampliar elas e fazer a conversão daquele
material todo gráfico pra internet e tentar botar os vídeos em alguns formatos na in
ternet.. até como você sugeriu, assim como formatos mais baixos.. mas a ideia era..
e também nos que forem possível em termos de autorização, de entendimento coletivo né, bot
ar pra baixar na melhor qualidade possível.. esse seria o ideal pra..
com esse entendimento né, e não fechando a possibilidade de ter outros formatos, mes
mo a continuidade dos DVDs, de repente criar algum sistema também que pudesse até se
r
comprado por pessoas.. é, criar alternativas.. [de circulação..] E eventualmente até de
geração de economia, e num outro momento a gente podia até abrir a questão
da gestão entendeu? Assim, de ter participação editorial, que eu nem citei num conselh
o editorial de uma revista.. acho que a partir, acho que tem uma transição ainda..
que tem que ser complementada, mas acho que após uma transição assim que seria botar a
parada na internet com tudo que for possível agora, a ideia daí.. rolando isso
que na real já poderia até ter acontecido, porque a gente já tinha mão.. assim, nós já tinh
mos disponibilidade de, já tinhamos conhecimento e disponibilidade de trabalho
pra poder ter realizado já faz mais de um ano e faltou uma verba né, faltou um apoio
institucional que não foi conseguido, mas a ideia é botar isso o quanto antes for p
ossível né?
Quando a gente conseguir uma renda de apoiador.. de apoiadores pra isso..
1-Aí caberia também pensar
(2:44:55)

Problemas:
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