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Serviço de Pediatria

Febre na Criança e no Jovem

A febre é um dos sintomas mais frequentes na prática clínica diária e o motivo de um número
elevado de consultas, tanto no ambulatório urgente como no não urgente, sendo causa de
grande ansiedade por parte dos pais.
A febre serve como sinal de alerta para os pais e para os profissionais de saúde, e estima-se
que 20% a 30% das consultas pediátricas têm a febre como queixa única preponderante.
O que é a febre?
Febre é a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo.
Esta definição implica estabelecer aquilo que é a temperatura normal, tarefa nem sempre fácil,
porque a temperatura normal varia consoante o ritmo circadiano, as refeições, a temperatura
ambiente, o vestuário, a actividade física e os estados emocionais.
Desse modo, não se pode falar numa temperatura normal, mas numa faixa normal e em limites
superiores da normalidade.
No entanto pode-se considerar como temperatura normal um valor entre os 36 e os 37 ºC.
Considera-se febre quando existe um aumento da temperatura rectal acima dos 38ºC, timpânica
acima dos 38.2ºC ou axilar acima de 37ºC.
Qual é o mecanismo da febre?
A temperatura corpórea é regulada pelo centro termorregulador, localizado numa região do
encéfalo, denominada de hipotálamo anterior, e que funciona como termostato, ao qual compete
manter o equilíbrio entre a produção e a perda de calor, mantendo a temperatura interna em
aproximadamente 37 ºC.
Na febre, o termostato é reajustado e o centro regulador eleva o ponto de termorregulação da
temperatura para um patamar mais elevado.
A febre aparece em resposta a agentes infecciosos, tais como bactérias, vírus, fungos ou outros
microrganismos ou perante a exposição a agentes não infecciosos, como por exemplo, tóxicos
ou drogas. Estes agentes funcionam como pirógenos exógenos, que induzem o organismo a
produzir substâncias chamadas pirógenos endógenos, que actuam no centro termorregulador,
elevando o patamar de termorregulação aparecendo a febre.
A febre é uma doença?
Não, a febre é um sinal de que alguma coisa no organismo não está bem. Na maior parte dos
casos, a temperatura aumenta em resposta a uma infecção ou a outra causa. A presença de
febre é sinal de que o organismo da criança está a combater o agente invasor, que pode ser, por
exemplo, uma bactéria ou um vírus. A febre pode ser considerada por vezes um bom sinal pois

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funciona como mecanismo de defesa, indicando que o sistema imunológico está a reagir à
agressão.
Quais são as causas da febre?
A febre pode ser causada principalmente por infecções (bacterianas, viricas, fúngicas ou outros
agentes), neoplasias, desidratação, medicamentos e outros.
A febre é normalmente de natureza aguda, autolimitada e sem complicações, embora raramente
possa ser um indicador de gravidade particularmente em crianças muito pequenas com menos
de três meses de idade ou em crianças imunocomprometidas, isto é, com o sistema imunitário
debilitado.
Como medir a temperatura?
O instrumento padrão para a medida da temperatura corpórea é o termómetro, antigamente
termómetros de mercúrio, mas que actualmente foram substituídos por termómetros
electrónicos. É consensual que a temperatura rectal é mais precisa para determinar a
temperatura do organismo. A técnica consiste em introduzir o termómetro no recto da criança
durante dois minutos.
O método mais utilizado é a determinação da temperatura axilar, que, embora não tão precisa
como a rectal, é a mais indicada na prática clínica diária.
Deve ser colocado o termómetro na axila e manter o braço firmemente apertado no tórax durante
quatro minutos.
A temperatura timpânica tem a vantagem da comodidade e rapidez, mas requer um termómetro
próprio. É mais elevada do que a temperatura axilar, mas com grande variação, inclusive entre
as medidas dos dois ouvidos. Tem sensibilidade para detectar febre, mas convém sempre usar o
mesmo ouvido e repetir a medição, e até confirmar o resultado com o termómetro convencional.
A temperatura bucal, cuja determinação não é fácil em crianças e que acarreta algum risco, é
medida colocando-se o termómetro sob a língua, com a boca fechada e aguardando-se três a
cinco minutos para a leitura.
As chupetas termo-sensíveis são também uma forma para identificar a febre em lactentes
doentes, mas são ineficientes e, portanto, não recomendáveis.
Quando se deve levar uma criança com febre ao médico?
Se existir febre numa criança com bom estado geral e sem sinais aparentes de localização, deve
esperar-se dois a três dias até recorrer ao médico medicando a criança com antipiréticos
(medicamentos para diminuir a temperatura corporal) e com cuidados gerais.

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Na presença de febre superior a 39ºC e renitente à terapêutica antipirética, febre acompanhada


de sinais de localização ou febre em criança com alteração do estado geral deve ser consultado
o médico.
Quando ocorrem as convulsões febris?
Geralmente, as convulsões febris acontecem quando a temperatura sobe muito rapidamente. No
entanto, algumas crianças têm predisposição genética para fazer convulsões desencadeadas
por febre. Neste caso, a convulsão pode ocorrer mesmo quando a temperatura não está muito
elevada. Entre os 3 meses e os 3 anos de idade, 3% a 5% das crianças podem ter convulsões
acompanhadas de quadros febris. Acima dessa idade as convulsões febris são raras.
As convulsões febris geralmente são benignas e, na grande maioria das vezes, não deixam
sequelas. Além disso, normalmente são de curta duração e não são acompanhadas de doenças
graves.
Durante a crise convulsiva, a criança perde a consciência, tem movimentos anormais, pode ficar
rígido, revirar os olhos ou espumar pela boca. O melhor a fazer é manter a criança deitada sem
impedir os seus movimentos, não colocar qualquer objecto na boca da criança e dirigir-se ao
serviço de urgência ou contactar o seu médico assistente.
Como se deve tratar a febre?
As crianças são particularmente susceptíveis à febre e à desidratação pois têm um corpo
pequeno, com uma relação elevada entre a superfície corporal e o peso e menor quantidade de
gordura subcutânea. É por isso importante, além de baixar a febre, oferecer líquidos, como água,
chá, leite ou sumos naturais. É também frequente que uma criança com febre tenha uma
diminuição do apetite. Não se deve obrigar a criança a comer se ele não tiver vontade,
recomendando-se alimentos leves, sendo de suma importância a ingestão de líquidos.
Numa criança com febre, deve ser inicialmente retirada a roupa e os agasalhos e posteriormente
recorre-se aos fármacos ou meios físicos, como o banho de água tépida.
Para tratar a febre na criança recomendam-se os antipiréticos, como por exemplo o paracetamol
ou o ibuprofeno, que reduzem a febre.
O objectivo do antipirético é aliviar o desconforto causado pela febre, e deve ser usado apenas
quando existir febre, devendo no entanto ser sempre respeitado as doses recomendadas para o
peso e o intervalo mínimo entre cada administração de medicamento e medida a temperatura
antes de cada toma do fármaco.
A diminuição da febre ocorre após administração do antipirético, podendo a febre reaparecer no
intervalo das administrações o que não significa ineficácia da medicação.

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Os antipiréticos são medicamentos seguros e utilizados há muitos anos, no entanto é necessário


respeitar as doses, o intervalo entre cada administração e as indicações do médico, porque
todos os medicamentos têm efeitos colaterais, nomeadamente o paracetamol pode gerar
toxicidade hepática ou renal. O ibuprofeno, quando administrado a crianças com varicela pode
ser responsável por uma infecção bacteriana grave dos tecidos, denominada de fasceiite
necrotizante.
É também importante não administrar ácido acetilsalicílico ou derivados em crianças com
varicela ou gripe devido à associação com o Síndroma de Reye, que é uma situação grave com
atingimento do sistema nervoso central e do fígado.
Os meios físicos, nomeadamente o banho com água tépida não devem ser usados
isoladamente, mas sim acompanhados da administração prévia de antipiréticos. Estes banhos,
consistem na imersão da criança em água tépida durante 10 a 20 minutos, deixando-se a água
esfriar lentamente ou então aplicar delicadamente água tépida com a esponja, toalha ou
compressas humedecidas, fazendo-se essa aplicação em partes sucessivas do corpo num total
de 20 a 30 minutos. Estes processos só devem ser utilizados se trouxerem evidente conforto
para a criança.
Não deve ser usada água fria, que para além do desconforto, pode causar calafrios e tremores
aumentando a temperatura. O álcool não deve ser nunca utilizado para diminuir a temperatura,
porque pode ser absorvido pela pele e causar toxicidade sistémica. Nunca se deve colocar a
criança com convulsão febril na banheira.

Dr. Helder Gonçalves


Drª Dora Fontes
Serviço de Pediatria
Hospital Espírito Santo de Évora E.P.E.

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