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Exemplo:
A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta,
acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.
2 - Conhecimento Filosófico
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do
universo, ultrapassando os limites formais da ciência.
Exemplo:
"O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche)
3 - Conhecimento Teológico
Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser
confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.
Exemplo:
Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em
reencarnação; acreditar em espírito etc..
4 - Conhecimento Científico
É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem
está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então
dizer que o Conhecimento Científico:
- É racional e objetivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exatidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (GALLIANO, 1979, p. 24-30).
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Exemplo:
Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos
batráquios
Roderick Chisholm
Essas perguntas têm suas análogas tanto na Filosofia Moral como na Lógica. O que significa
um ato estar certo e como decidiremos, em qualquer caso determinado, se um certo ato
está certo ou não? O que significa uma inferência ser válida e como decidiremos, num
determinado caso, se uma dada inferência é ou não válida?
2 ) A nossa prova para algumas coisas, ao que parece, consiste no fato de termos provas
para outras coisas. "A minha prova de que ele cumprirá sua promessa é o fato dele ter dito
que cumpriria a sua promessa. E a minha prova de que ele disse que cumpriria a sua
promessa é o fato de que. . ." Devemos dizer de tudo aquilo para o que temos prova que a
nossa prova consiste no fato de termos prova para alguma outra coisa? Se tentarmos
formular, socraticamente, a nossa justificação para qualquer pretensão particular de
conhecimento ("A minha justificação para pensar que sei que A é o fato de que B" ) e se
formos inexoráveis em nossa investigação ("e a minha justificação para pensar que sei que
B é o fato de que C"), chegaremos, mais cedo ou mais tarde, a uma espécie de fim de linha
("mas a minha justificação para pensar que sei que N é simplesmente o f ato de que N" ) .
Um exemplo de N poderá ser o fato de que me parece recordar que já estive aqui antes ou o
fato de que alguma coisa, agora, me parece azul.
Esse tipo de interrupção pode ser descrito de duas maneiras bastante diferentes.
Poderíamos dizer: "Há certas coisas (por exemplo, o fato de que me parece recordar ter aqui
estado antes) que são evidentes para mim e que o são de tal forma que a minha prova de
evidência para essas coisas não consiste no fato de haver certas outras coisas que são
evidentes para mim". Ou poderíamos dizer, alternativamente: "Há certas coisas (por
exemplo, o fato de que me parece recordar ter aqui estado antes) das quais não se pode
dizer que sejam evidentes, em si mesmas, mas que se parecem com o que se pode
considerar evidente, na medida em que funcionam como prova evidente para certas outras
coisas." Essas duas formulações apenas pareceriam diferentes verbalmente. Se adotarmos
a primeira, poderemos afirmar que algumas coisas são diretamente evidentes.
3 ) As coisas que ordinariamente dizemos que conhecemos não são coisas, portanto,
"diretamente evidentes". Mas, ao justificarmos a pretensão de conhecimento de qualquer
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uma dessas coisas particulares, podemos ser levados de novo, da maneira descrita, às
várias coisas que são diretamente evidentes. Deveríamos dizer, portanto, que o conjunto
daquilo que conhecemos, em qualquer momento dado, é uma espécie de "estrutura", que
tem seu "fundamento" no que acontece ser diretamente evidente, nesse momento? Se
dissermos isso, deveremos estar então preparados para explicar de que maneira esse
fundamento serve de apoio ao resto da estrutura. Mas essa questão é difícil de responder,
visto que o apoio dado pelo fundamento não seria dedutivo nem indutivo. Por outras
palavras, não é o gênero de apoio que as premissas de um argumento dedutivo dão à sua
conclusão, nem é o gênero de apoio que as premissas de um argumento indutivo dão à sua
conclusão. Pois
4) Pode-se perguntar: "0 que é que sabemos? Qual é a extensão do nosso conhecimento?"
Poder-se-á também perguntar: "Como decidir, em qualquer caso particular, se sabemos ou
não? Quais são os critérios de conhecimento, se porventura existem?" 0 "problema do
critério" resulta do fato de que, se não tivermos resposta para o segundo par de perguntas,
não disporemos, nesse caso, aparentemente, de um procedimento razoável para encontrar
resposta para o primeiro; e, se não tivermos resposta para o primeiro par de perguntas, não
teremos então, aparentemente, um processo razoável de encontrar a resposta do segundo.
0 problema poderá ser formulado mais especificamente para diferentes matérias - por
exemplo, o nosso conhecimento (se houver) de "coisas externas", "outros espíritos", "certo
e errado", as "verdades da Teologia". Muitos filósofos, aparentemente sem razão suficiente,
abordam algumas dessas versões mais específicas do problema do critério segundo um
ponto de vista, ao passo que outros as encaram de um ponto de vista muito diferente.
Suponha-se que dizemos: "0 que ele está dizendo agora é verdade", quando acontece que o
que ele está dizendo agora é o que nós estamos agora dizendo que é falso, seja o que for.
Nesse caso, estaremos dizendo algo que é verdadeiro ou dizendo algo que é falso?
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conhecimento o sentar-me na cadeira, mas sim o saber porque me sento e como me sento.
O resultado do acto de conhecer é uma representação e, portanto, conhecer é representar
alguma coisa distinta do sujeito que conhece.
Há, por conseguinte, no conhecimento três elementos: o sujeito que conhece, o objecto
conhecido e a relação sujeito - objecto. Este objecto pode ser exterior ao sujeito, como
por exemplo, a caneta com que escrevo; pode ser interior, como a maior tristeza ou o meu
pensamento; e pode, ainda, identificar-se com o próprio sujeito, como ao procurar conhecer-
me a mim próprio. Mas mesmo no caso de identificação do sujeito com o objecto, não
deixam de existir aí os três elementos referidos, pois o "eu" que é conhecido apresenta-se
ao "eu' conhecedor como uma realidade distinta, mas em relação com ele.
"(...) Quando se atenta no mundo que nos rodeia, não pode negar-se que ele aparece como
uma inata variedade de fenómenos e de relações em movimento perpétuo.
Um número infinito de fenómenos e de relações, agindo uns sobre os outros e a que nem o
homem escapa - tudo está no todo que flui -, eis o que uma observação atenta não pode
deixar de revelar.
Neste momento registemos esta primeira conclusão que nos leva a outra - é que o
conhecimento é um processo, um processo complexo em que há, por um lado, o homem com
o seu pensamento e, por outro, dele desligado, o universo externo. (... ) O conhecimento é um
processo. Nele podem, porém, distinguir-se várias fases com aspectos qualitativos diversos
(fisiológicos, psíquicos, lógicos). Da sensação à percepção, da imagem captada por esta à
elaboração racional, e depois à acção material do homem, à sua prática individual e à prática
social conjunta, tanto acumulada ao longo do tempo como de uma colectividade em dada
fase da sua evolução, eis o conjunto de elementos que se integram para produzir o
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conhecimento.
1.1 O Dogmatismo
O dogmatismo corresponde, portanto, à atitude de todo aquele que crê que o homem tem
meios para atingir a verdade, assim como para ter a certeza de que a alcançou, pois
considera que existem critérios que lhe permitem distinguir o verdadeiro do falso, o certo do
duvidoso. O dogmático não se confronta com a dúvida, na medida em que não problematiza
o conhecimento, ele parte simplesmente do pressuposto da possibilidade do conhecimento,
tomando este como um dado adquirido, como algo que nem sequer é posto em
questão.
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"Dogma em grego significa, o que se manifesta como bom, opinião, decreto, doutrina. (...) Em
filosofia, contudo, nunca a autoridade é, só por si, argumento decisivo: a própria verdade
necessita de uma fundamentação interna que satisfaça as exigências da razão. Por isso, o
termo adquiriu, frequentemente, sentido pejorativo, significando a adesão a alguma doutrina,
sem prévia fundamentação crítica. O problema levantou-se. sobretudo, a propósito do
problema gnosiológico.(...)"
1.2 O Cepticismo:
O cepticismo é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder
alcançar um conhecimento verdadeiro; é a doutrina segundo a qual o espírito humano não
pode atingir qualquer verdade com certeza absoluta. O cepticismo, na sua forma radical,
nega totalmente a capacidade do sujeito para conhecer algo verdadeiramente, o que acaba
por ser uma posição insustentável e contraditória, pois ao afirmar a impossibilidade de
alcançar um conhecimento verdadeiro, está já a supor uma verdade - a verdade de que não
há nada de verdadeiro.
Esta posição foi assumida, pela primeira vez, por volta de 270 a.C., por Pirrón. Este pensava
que nada pode ser considerado verdadeiro ou falso, bom ou mau, belo ou feio, uma vez que
o espírito é incapaz de afirmar ou negar seja o que for, por falta de motivos sólidos para o
fazer. É, pois, de evitar afirmar ou negar o que quer que seja, isto é, deve suspender-se o
juízo (epoché).
"Skepticós em grego significa "que observa", "que considera". O céptico tanto observa e
tanto considera, que conclui pela impossibilidade do conhecimento. Confrontando as diversas
filosofias, percebe que são diferentes e ás vezes contraditórias, concluindo que é impossível
aderir a qualquer uma delas.
(...) É pois em vão que tentaremos determinar um só acontecimento, ou descobrir uma causa
ou um efeito sem o auxílio da observação e da experiência.
Podemos, a partir daí, descobrir a razão pela qual nenhuma filosofia razoável e modesta
conseguiu alguma vez indicar a causa última de uma operação natural, nem mostrar
claramente a acção do poder que produz um só efeito no universo. Há acordo geral quando se
afirma que o esforço último da razão humana é o de reduzir os princípios que produzem os
fenómenos naturais a uma maior simplicidade e os numerosos efeitos particulares a um
pequeno número de causas gerais por meio de raciocínios tirados da analogia, da experiência
e da observação. Mas será em vão que tentaremos descobrir as causas destas causas gerais;
e nunca ficaremos satisfeitos com uma explicação particular. Estas causas e estes princípios
últimos serão sempre completamente subtraídos à curiosidade e investigação do homem.»
De onde nos vêm as representações que nos servimos para compreender a realidade? De
onde procede, fundamentalmente, o conhecimento ? Para que o conhecimento se possa
considerar um autêntico conhecimento, é preciso que seja universal e necessário e, ao
mesmo tempo, se aplique à realidade, que é singular e contingente. De onde deriva o
conhecimento, de modo a satisfazer estas duas condições ? Se procede apenas da
experiência satisfará a segunda, mas não a primeira - se é obtido só pela razão, terá
carácter universal e necessário, mas não valerá da realidade.
Foi esta dificuldade que dividiu todos os filósofos em duas correntes opostas Empirismo e
Racionalismo -, que o Empírico - Racionalismo procura conciliar. O Empirismo diz-nos que o
conhecimento provém fundamentalmente da experiência sensível e a esta se reduz, não
podendo elevar-se acima dos dados experimentais - por isso se diz que o conhecimento é "a
posteriori". O Racionalismo, pelo contrário, valoriza, sobretudo a razão, que organiza, unifica
e dá sentido aos dados recebidos espontaneamente da consciência. O Racionalismo, não
encontrando na experiência, singular e concreta, explicação para o carácter geral e
abstracto do conhecimento, afirma que a razão recebe certas ideias gerais que lhe servem
para conhecer a realidade, ou cria certos dados chamados apriorísticos, com os quais
organiza e interpreta a experiência - por isso se diz que o conhecimento é "a priori".
Finalmente, a corrente Empírico-racionalista afirma que o conhecimento procede da
experiência, mas não se reduz à experiência, para estes o conhecimento resulta dum
processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela
capacidade organizacional do sujeito.
2.1 O Racionalismo:
Descartes, Leibniz e Spinoza são alguns dos representantes do racionalismo. Esta doutrina
filosófica afirma que o conhecimento humano tem a sua origem na razão, que possui, ou
representações inatas, ou capacidade de criar representações (Ideias gerais) dos objectos,
às quais a realidade se submete. Deste modo, é sobre as ideias inatas que (segundo
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Descartes são as únicas que obedecem ao critério da clareza e da distinção) se constitui um
conhecimento que pode ser considerado verdadeiro porque logicamente necessário e
universalmente válido.
Os juízos determinados pela experiência não apresentam essas características, por isso,
concluem os racionalistas, o verdadeiro conhecimento não pode fundamentar-se na
experiência, mas sim na razão.
2.2 O Empirismo:
Vejamos agora um texto muito célebre, no qual Locke retoma a antiga tese da alma como
"tábua rasa", na qual só a experiência inscreve conteúdos:
"Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma tábua rasa, sem quaisquer
caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? Por que meio recebe essa imensa
quantidade que a imaginação do homem, sempre activa e ilimitada, lhe apresenta com uma
variedade quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais que fundamentam os
seus raciocínios e os seus conhecimentos? Respondo com uma palavra: à experiência. É essa
a base de todos os nossos conhecimentos e é nela que assenta a sua origem. As observações
que fazemos no que se refere a objectos exteriores e sensíveis ou as que dizem respeito às
operações interiores da nossa alma, que nós apercebemos e sobre as quais reflectimos, dão
ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São essas as duas fontes em que se baseiam
todas as ideias que, de um ponto de vista natural, possuímos ou podemos vir a possuir."
John Locke, Essay concerning human understanding, Collins, Livro 1, cap. II, p. 68
Nem o racionalismo nem o empirismo são respostas totais aos problemas que pretendem
resolver. O racionalismo opõe-se ao empirismo, e a doutrina empírico-racionalista
representa uma tentativa de estabelecer a mediação entre estas duas, afirmando que o
conhecimento se deve à comparticipação da experiência e da razão.
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O maior representante desta corrente é Kant, um filósofo alemão do séc. XVIII, que
abordou a questão da origem do conhecimento procurando conciliar as duas doutrinas
acima referidas - de facto, para Kant, todo o conhecimento começa na e pela experiência,
mas não se limita a ela. Os elementos múltiplos, diversos e contingentes fornecidos pela
experiência são integrados em conceitos que o próprio entendimento possui a priori. Deste
modo, a experiência fornece a matéria, o conteúdo do conhecimento, enquanto que o
entendimento lhe dá uma certa forma; o que significa que o conhecimento é sempre o
resultado da junção de uma forma com uma matéria.
Quer isto dizer que se não pode haver conhecimento sem experiência, continuamos a não
ter conhecimento se nos limitarmos exclusivamente a esta. O mesmo se passa em relação à
razão. Como sabemos, o verdadeiro conhecimento é aquele que, para além de permitir a
sua adequação ao real que se quer conhecer, é também universalmente válido e necessário.
O primeiro aspecto pressupõe a experiência como modo do homem contactar com a
realidade, o segundo aspecto advém-lhe do facto de existirem conceitos e categorias que
são a priori e, como tal, possuem as características de universalidade e de necessidade.
Como já vimos, Piaget no nosso século, retoma a ideia do conhecimento como uma
construção por parte do sujeito a partir dos dados fornecidos pela experiência, procurando a
sua justificação psicológica. Ao estudar como se formam as estruturas e as categorias que
permitem o funcionamento da inteligência, Jean Piaget dá ao apriorismo de Kant uma versão
biologista. Segundo a teoria operatória, o organismo tem que possuir determinadas
características que tornem possível a troca de informação com o meio e a construção de
conhecimento que, deste modo, não é dado nem é cópia do real. O conhecimento é,
assim, fruto de uma interacção entre o sujeito e o meio implicando, por um lado a
experiência sensível e, por outro, as estruturas cognitivas de que todo o sujeito é
dotado e que lhe permitem construir o seu conhecimento com base nessa mesma
experiência.
3.1 O Realismo:
A nossa atitude habitual é acreditar que existe um mundo de objectos físicos que
existem independentemente do facto de estarem a ser percebidos por um sujeito,
que são causa das nossas percepções e que estas nos dão a conhecer o mundo tal como ele
é em si. Esta atitude é habitualmente designada por Realismo. doutrina que afirma que por
meio do conhecimento atingimos uma realidade distinta da nossa representação e
independente dela, mas que lhe corresponde. Por outras palavras, o realismo admite a
existência da realidade exterior (ou do mundo externo) como sendo coisa distinta do
pensamento ou das nossas representações, o que significa que, para o realismo, o nosso
conhecimento atinge a própria realidade e não apenas as representações subjectivas -
atinge o que é, e não o que pensamos que seja.
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"0 homem da rua, que não reflectiu muito sobre o problema da percepção e do
mundo físico, é realista: crê que existe um mundo físico que está aí, quer o
percebamos ou não, e que podemos saber diversas coisas sobre ele. As cinco
crenças seguintes parecem ser partilhadas por todos os seres humanos, e o
conjunto constituído pelas quatro primeiras fundamenta a opinião que, às vezes,
se denominou "realismo ingénuo".
2. Pode conhecer-se a verdade dos enunciados acerca destes objectos por meio da
experiência sensorial.
3. Estes objectos não só existem quando estão a ser percepcionados, como também quando
não estão a ser percepcionados. São independentes da percepção.
4. Por meio dos nossos sentidos, percepcionamos o mundo físico quase tal qual ele é. Em
geral, as nossas pretensões ao seu conhecimento, estão justificadas.
As impressões que temos das coisas físicas nos sentidos, são causadas por essas mesmas
coisas físicas. Por exemplo, a minha consciência da mesa é causada pela própria mesa.
Porém, não há uma única destas proposições que não tenho sido questionada por pessoas
que sobre elas pensaram de modo sistemático. Qual poderia ser a base da sua dúvida ?"
3.2 O ldealismo:
O idealismo não nega propriamente a existência do mundo externo, mas reduz este às
representações, ou seja, ao pensamento, às ideias. Como tal, o nosso conhecimento atinge
apenas as modificações subjectivas e não a própria realidade - atinge o que pensamos e não
o que é.
"Chama-se idealismo a toda a doutrina - e às vezes a toda a atitude - segundo a qual o mais
fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas, são
ideais - realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Então, o
idealismo contrapõe-se ao realismo, entendido como a doutrina - e às vezes a atitude -
segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as
acções humanas são as 'realidades' - as 'duras realidades' (... ). Considerando, pois, o
idealismo como idealismo moderno e tendo em conta que o ponto de partida do pensamento
idealista é o sujeito, pode dizer-se que este constitui um esforço para responder à pergunta:
'Como podem, em geral, conhecer-se as coisas ?' (... ) Para o idealismo, 'ser' significa
primariamente 'ser dado na consciência, no sujeito, no espírito', 'ser conteúdo da consciência,
do sujeito, do espírito', 'estar contido na consciência, no sujeito e no espírito.'
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4- O PROBLEMA DO VALOR DO CONHECIMENTO:
Posto isto, podemos agora perguntarmo-nos: o nosso conhecimento intelectual terá valor
objectivo e absoluto, ou apenas valor subjectivo e relativo ?
Terá valor objectivo se atingir o real, a essência das coisas, os objectos, tendo também,
assim, um valor absoluto, pois sendo imutável a realidade essencial, também o respectivo
conhecimento terá carácter absoluto - realismo. Terá carácter subjectivo, se apenas atingir
as modificações subjectivas, a maneira como pensamos a realidade, o que as coisas são
para nós e não a própria realidade em si e, por isto, também terá valor relativo, porque vale
só para nós e para todos os seres constituídos como nós - relativismo.
O valor e limites do conhecimento estão dependentes da atitude que se tomar quanto à sua
origem e à sua natureza. Assim, o empirismo, o racionalismo. e o idealismo são teorias
relativistas, enquanto que o empírico-racionalismo e o próprio realismo conferem ao
conhecimento valor absoluto.
Senão vejamos:
• para o Empirismo, o conhecimento tem um valor relativo; não só porque varia com
a experiência (o que é verdadeiro para a experiência deste mundo poderá não o ser
para um mundo diverso), mas porque se limita a conhecer os fenómenos e, por isso,
vale só para o mundo constituído pelos fenómenos.
• para o Racionalismo, a realidade é interpretada em função de certos dados da
razão que traduzem as possibilidades do espírito humano nesse sentido e, assim, o
seu valor também é relativo, urna vez que é válido apenas para os seres que tenham
uma constituição psicológica como a nossa.
• para o Idealismo, o conhecimento tem valor puramente subjectivo e relativo,
limitando-se o homem a conhecer apenas as suas modificações subjectivas, às quais
nada de material corresponde na realidade (Berkeley), ou a conhecer as aparências
da realidade - os fenómenos - e não a realidade em si - os númenos (Kant).
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