Vous êtes sur la page 1sur 34

OTORRINOLARINGOLOGIA APLICADA

ANATOMIA DO APARELHO AUDITIVO

Prof.(a) Andréa Cordeiro da Silva

PAVILHÃO DA ORELHA

DONALDSON & MILLER descreveram o pavilhão da orelha como um apêndice flexível, de fina
cartilagem elástica recoberta de pele. Em sua porção anterior, a pele adere-se firmemente,
enquanto posteriormente, entre ela e a cartilagem, interpõe-se uma camada de tecido
conjuntivo subcutâneo. A firme aderência da pele na cartilagem determina o aparecimento de
uma concavidade e elevações no pavilhão. Sua face lateral, que é côncava,possui uma zona de
maior concavidade, denominada concha. Em torno da concha destacam-se quatro saliências:
hélice, antélice, trago e antitrago. Na porção inferior do pavilhão há outra saliência, desprovida
de cartilagem, que é o lóbulo. Estas saliências determinam o aparecimento de alguns sulcos,
dos quais ressalta-se:

a) Incisura anterior – sulco entre a raiz da hélice e o trago.

b) Sulco posterior da orelha – entre a hélice e a antélice (ou sulco da hélice).

c) Incisura intertrágica – entre o trago e o antitrago (face inferior).

d) Concha.

Em sua face posterior ou medial, o que mais importa é o sulco retroauricular.

O pavilhão da orelha prende-se ao crânio e ao couro cabeludo por três músculos extrínsecos:
anterior, superior e posterior. Quando bem desenvolvidos podem dar movimentação
voluntária ao pavilhão. Os músculos intrínsecos que são bem desenvolvidos em animais, no
homem não se desenvolvem. A irrigação arterial é levada pela artéria temporal superficial e
pela auricular posterior. A drenagem venosa se faz por suas homônimas e pela emissária
mastóidea. A linfática se faz para as cadeias de linfonodos anterior, inferior e posterior. A
inervação sensitiva é feita pelos nervos auriculotemporal e occipital menor. A inervaçãomotora
é dada pelo facial.
MEATO ACÚSTICO EXTERNO

ANSON & DONALDSON descrevem o meato acústico externo como sendo um canal que se
estende desde a concha (lateralmente) até a membrana do tímpano (medialmente). Seu
comprimento é de 25 mm, em média, quando medido por sua parede superior e cerca de 6
mm maior quando medido na inferior. O canal se constitui mais lateralmente da cartilagem
meatal e medialmente do meato ósseo (dois terços mediais). Tem a forma de “S”, sendo
convexo anteriormente, próximo ao meato e sua luz tem uma forma elíptica irregular, com o
seu maior eixo no plano vertical. A epiderme que reveste este túnel ósseo é de espessura
variada. Durante certos procedimentos cirúrgicos que envolvem o meato acústico, fica
evidente a maior espessura da pele nas regiões póstero-superiores que nas regiões do
assoalho ou anteriores. Isto facilita a dissecção póstero-superiormente, local onde usualmente
empregamos nossas incisões cirúrgicas. A parte medial deste túnel é selada pela membrana do
tímpano, que tem a forma de um disco de tecido fibroso, com cerca de 9 mm de diâmetro,
situado obliquamente para anterior e inferior. O meato acústico externo, por sua parede
anterior, relaciona-se com a articulação temporo-mandibular medialmente e com a glândula
parótida lateralmente. Por sua parede inferior, relaciona-se com a parótida e sua parede
superior está em contato com o recesso epitimpânico medialmente e com a fossa média mais
lateralmente. A parede posterior mantém relações com as células da mastóide e com o nervo
facial. A cartilagem do meato acústico, que ocupa o terço lateral, é continuação do pavilhão da
orelha, sendo que medialmente se une firmemente ao conduto ósseo. Existem duas fissuras na
cartilagem do canal; as incisuras da cartilagem do meato acústico (fissuras de Santorini), que se
localizam ântero-inferiormente. Estas incisuras se constituem no caminho para a passagem de
infecções ou neoplasias entre o meato acústico e a parótida.
JOHNSON & HAWKE descrevem que a parte óssea, que compreende mais da metade do meato
é na realidade representada por um túnel no osso temporal. Sua parede anterior, assoalho e
porção inferior da parede posterior são representados pelo osso timpânico, sendo a parte
superior da parede posterior e teto representados pela parte escamosa do osso temporal. A
pele, que é muito fina, reveste o meato e a parede externa da membrana do tímpano. Esta
pele é mais espessa na parte cartilaginosa do meato e bem fina na parte óssea. A parte
cartilaginosa é rica em pêlos e em glândulas sebáceas. Glândulas ceruminosas tubulares
secretam o cerume. A vascularização do meato acústico externo é dada pelas artérias
temporal superficial e auricular posterior e parte pela artéria auricular profunda, que leva
vascularização para a membrana do tímpano. A drenagem linfática, é ainda, segundo
DONALDSON & MILLER, dirigida aos linfonodos auriculares anterior, inferior e posterior. Sua
inervação sensitiva é dada, em sua porção superior e parte da membrana do tímpano, pelo
ramo auricular do vago (nervo de Arnold) e pelo ramo auriculotemporal do nervo mandibular
para suas outras partes. O entendimento da drenagem linfática é importante para que se
possa interpretar o aparecimento de um deslocamento do pavilhão da orelha para a frente,
nas otites externas agudas na infância, simulando uma otomastoidite aguda. A presença de um
linfonodo infartado, retroauricular, numa otite externa difusa aguda, determina aquele
deslocamento e pode ser diferenciado de uma otomastoidite, pois nesta o pavilhão desloca-se
para a frente e para baixo. A infiltração da porção superior do meato acústico, em anestesia
local para miringotomia, pode dar anestesia da membrana do tímpano e pode ser agora
entendida.

ORELHA MÉDIA

A orelha média é constituída de:

• Cavidade timpânica.

• Antro mastóideo (e espaços anexos).

• Tuba auditiva.

Cavidade timpânica -

ANSON & DONALDSON descrevem a cavidade timpânica como sendo um espaço irregular
entre a orelha externa e a orelha interna. Esta cavidade é revestida por uma mucosa que
envolve um espaço arejado, onde se encontra a cadeia ossicular. É uma fenda achatada, que se
estende num plano oblíquo ântero-posterior. Ela é constituída de seis paredes com limites
pouco nítidos:
a) O teto (ou tégmen) é constituído por uma lâmina óssea fina, que o separa da fossa cranial

média.

b) O assoalho (ou parede jugular), que se relaciona diretamente com a veia jugular interna.

c) A posterior (ou mastóidea) é mais larga acima que embaixo. Uma pequena elevação se
destaca, que é a eminência piramidal, em cujo ápice há uma abertura para passagem do
tendão do músculo do estribo. Lateralmente a ele, há um orifício que dá passagem à corda do
tímpano. Entre esta abertura e a pirâmide há uma pequena fossa denominada seio posterior,
ou recesso retropiramidal ou ainda recesso do facial. Ele é descrito por AUSTIN como situando-
se imediatamente lateral ao canal do facial e ao processo piramidal, sendo limitado
lateralmente pelo anel timpânico em sua parte mais póstero-superior e superiormente pelo
processo curto ou curta apófise da bigorna, situado na fossa incudal. Este espaço costuma ser
invadido por colesteatoma, principalmente o secundário, ou por migração epitelial à orelha
média, nas otites médias crônicas. O acesso cirúrgico a este espaço permite a remoção de
afecções ali situadas, assim como facilita a cirurgia descompressiva do nervo facial.
Imediatamente medial ao processo piramidal, existe um outro pequeno recesso, o
infrapiramidal, que, quando invadido por colesteatoma, torna necessária a cirurgia mais
radical, uma vez que o acesso cirúrgico a este pequeno espaço é praticamente impossível.
Acima deste há outro recesso, um pouco maior, que é o recesso incudal, ocupado pela bigorna
e seu ligamento. Mais acima há outro recesso, denominado epitimpânico, que se abre no
antro mastóideo.

d) A anterior (parede carotídea) é também mais larga acima que embaixo. Na parte mais
superior encontra-se o canal do músculo do martelo e mais abaixo o orifício timpânico da tuba
auditiva, que a comunica com a faringe.

e) A parede medial (ou labiríntica): nesta parede em posição mais inferior há uma saliência
óssea denominada promontório que corresponde a um abaulamento da espira basal da cóclea.
Em sua superfície há um plexo nervoso denominado plexo timpânico, que corre em sulcos na
superfície óssea. Inferior e posterior ao promontório há uma depressão, a janela coclear ou
janela redonda, cujo orifício é fechado por um tecido fibroso revestido de mucosa e
denominado membrana secundária do tímpano. Posteriormente, há uma discreta projeção,
denominada subículo do promontório, que forma a borda inferior de uma depressão
conhecida como seio do tímpano (anterior). Superior e posteriormente ao promontório
existem mais três pontos importantes: uma depressão denominada janela do vestíbulo ou
janela oval, que é fechada pela base do estribo e pelo ligamento anular; a saliência do facial
(ducto de Falópio) que é recoberta por fina camada óssea; acima disto se desenha a saliência
do canal semicircular horizontal. Em posição ântero-superior, encontra-se o processo
cocleariforme, que representa o ponto de emergência do tendão do músculo do martelo. O
processo cocleariforme representa a terminação posterior do canal do tendão do músculo
tensor do tímpano. O perfeito conhecimento de sua localização é um importante ponto de
referência na identificação da posição do nervo facial, especialmente quando a orelha média
apresenta-se com sua anatomia distorcida por alterações crônicas, inflamatórias ou
hiperplásicas de sua mucosa, ou ainda na presença de placas de timpanosclerose. O nervo
facial está imediatamente posterior e medial ao processo cocleariforme.
f) A parede lateral (ou timpânica ou membranosa) é formada pela membrana do tímpano e de
uma parte óssea do osso temporal, na qual a membrana se prende.
Membrana do tímpano

Para ANSON & DONALDSON, a membrana do tímpano representa uma parede comum ao
meato acústico externo e cavidade. É como um disco semitransparente de forma elíptica,
tendo como medida em seu eixo vertical 9 a 10 mm, um diâmetro de 8 a 9 mm e uma
espessura de 0,074 mm. Colocada obliquamente, ela se inclina medialmente da parede
póstero-superior à ântero-inferior do meato acústico externo. Com a parede superior forma
um ângulo de 140°. É ligeiramente côncava em sua face lateral devido à tração do martelo. Sua
maior depressão central é o umbigo que corresponde à ponta do cabo do martelo. O cabo do
martelo faz saliência na membrana e em sua extremidade superior há uma pequena projeção
denominada curta apófise. Daí os ligamentos, um anterior e outro posterior, dirigem-se ao
sulco timpânico determinando com este uma área triangular que é denominada parte flácida
ou membrana de Schrapnell. Ela tem duas partes, a parte tensa e a parte flácida. A maior dela
é a tensa, que tem uma espessura entre 30 e 230 µm e afunila-se medialmente, do anel para
seu centro, pelo cabo do martelo. A parte tensa tem uma camada interna circunferencial de
fibras elásticas e uma externa de fibras radiais (não de colágeno). No limite superior do cabo
do martelo há seu processo lateral e daí encontra-se os ligamentos anteriores e posteriores do
martelo que se prendem ao osso. Acima destes ligamentos situa-se a parte flácida da
membrana, que como seu nome indica não está tensionada ao anel timpânico e não tem as
camadas de tecido elástico como na tensa. A face medial desta membrana é revestida pela
mucosa da orelha média. Sua face lateral é revestida por uma delgada camada de pele do
meato acústico externo, que mede entre 15 a 30 µm. Sobre a parte tensa, há cerca de 3 a 5
camadas de células e sobre a flácida de 5 a 10 camadas. A espessura de epiderme não é
uniforme sobre a parte tensa. A epiderme é mais espessa sobre o cabo do martelo e o anel,
sendo mais delgada entre o umbigo e o anel da membrana do tímpano. Ela é bem fina e frouxa
e adere-se diretamente ao osso (não há anel da membrana do tímpano). A parte maior da
membrana, que se denomina parte tensa, adere-se a um anel fibrocartilagíneo, que por sua
vez está preso a um sulco temporal (Rivinus).
Mucosa da orelha média

Uma fina camada de mucosa reveste toda a parede da cavidade e seu conteúdo. Segundo
SADE, ela continua-se com o revestimento da tuba anteriormente e com o epitímpano ântero-
posterior e superiormente. A mucosa que reveste a tuba auditiva é constituída por um epitélio
colunar ciliado. Este revestimento mucoso conforme afasta-se da região da cavidade timpânica
em direção às células da mastóide vai perdendo seus cílios. A densidade de células caliciformes
(“globet cells”) é pequena em uma orelha média normal. Na mastóide, o revestimento mucoso
é constituído por uma camada bem delgada de um epitélio colunar não ciliado com uma
quantidade mínima de tecido conjuntivo, não encontrando células caliciformes ou glândulas
mucosas. É uma membrana vascularizada, fina e transparente, intimamente unida ao
periósteo, daí o nome de mucoperiósteo. Os ligamentos anterior e posterior do martelo e a
membrana do tímpano delimitam dois fundos de saco, o anterior e o posterior. Conectado
com o posterior há um terceiro, denominado espaço de Prussak, situado entre a parte flácida,
a membrana do tímpano e o colo do martelo. Nesta região é que começa o desenvolvimento
dos colesteatomas primários.
Ossículos da orelha média

São três ossículos móveis. Eles se estendem desde a membrana até a janela oval, colocando as
duas estruturas em contato, a fim de transmitir as vibrações da membrana. O mais lateral é o
martelo e o mais medial o estribo, em contato direto com o líquido da orelha interna. Entre os
dois situa-se a bigorna. Eles se unem por articulações e se ligam ou se prendem à parede da
cavidade por meio de ligamentos suspensores. Eles atuam como uma alavanca, transmitindo
as vibrações da membrana à base do estribo.

Martelo

É o maior e ocupa uma situação mais lateral. Sua parte superior, ou cabeça situa-se no
recesso epitimpânico e é a sua maior massa e tem em sua face medial e posterior a superfície
articular para a bigorna. A cabeça do martelo se separa do cabo por uma constrição, o pescoço
ou colo, que se continua com o cabo que é mais delicado, de borda oval em seu perfil, e
termina com a forma de uma espátula. O cabo forma um ângulo aberto (± 130°) com a cabeça.
Um pouco abaixo do colo há, lateralmente, uma saliência denominada processo curto (ou
lateral) ou curta apófise. No colo, em sua face anterior, há outra pequena saliência, o processo
anterior, onde se prende o ligamento anterior do martelo.
Bigorna

É comparada por ANSON e cols. a um dente com duas raízes. Seu corpo seria a coroa, com
uma superfície articular em forma de sela, que recebe a superfície articular do martelo. Suas
duas apófises correspondem às duas raízes do dente. Uma menor e curta e outra maior, a
longa apófise. A curta é a mais robusta. Elas se dirigem para diferentes direções, fazendo uma
angulação de ±100°. A curta se situa horizontalmente e se dirige para trás, e a longa é vertical,
correndo quase que paralela ao cabo do martelo. Em sua ponta, a longa apófise tem
medialmente um processo denominado lenticular, que se articula com o estribo.

Estribo

É o mais medial deles. Possui uma base, dois arcos ou ramos anterior e posterior, e uma
pequena cabeça denominada cabeça. A base ocupa quase que totalmente a janela oval, sendo
ali sustentada pelo ligamento anular. Seus dois arcos têm a forma de uma goteira e têm quase
o mesmo comprimento, sendo que o anterior tem uma curvatura menor, é mais delicado e
parece um pouco mais curto. O ramo posterior tem em sua face posterior, próxima à cabeça,
uma área na qual se insere o tendão do músculo do estribo.
Articulações

O cabo do martelo é totalmente revestido pela membrana do tímpano. Sua cabeça conecta- se
com o corpo da bigorna por uma verdadeira articulação, que tem uma cápsula muito fina,
formando uma diartrose. É a articulação incudomalear. A apófise lenticular da bigorna se
articula com a cabeça do estribo por outra diartrose denominada articulação incudestapedial,
que é envolvida por uma membrana que forma a cápsula.

A base do estribo articula-se com a janela oval por um ligamento, formando uma
“sindesmose”. Os ossículos possuem ligamentos entre si e com as paredes da cavidade.

Músculos da orelha média

Dois músculos são encontrados na orelha média:

a) Músculo tensor do tímpano

b) Músculo do estribo
Músculo tensor do tímpano

O músculo tensor do tímpano foi primeiramente descrito por Eustachio em 1564. ANSON e
cols. o descrevem como sendo uma estrutura fusiforme, medindo cerca de 20 mm de
comprimento que ocupa na maior parte de sua extensão o conduto ósseo que tem seu nome.
Para SCHIMERT já se pode reconhecê-lo no embrião de 22 mm e se desenvolve do mesmo
blastema do primeiro arco branquial com o músculo pterigóideo interno. Este músculo
apresenta duas porções bem distintas: uma interna que corresponde ao corpo do músculo e
que se encontra dentro do canal ósseo e outra externa, perpendicular à primeira, bem mais
curta, constituída pelo seu tendão. JEPSEN o descreve como tendo suas fibras musculares
dispostas tal como uma pena. São fibras paralelas e curtas, dando-lhe grande tensão quando
se contrai. Grande quantidade de gordura tem sido encontrada entre suas fibras, sendo
obscura sua finalidade. O fato de estar dentro de um canal ósseo, foi explicado por BÉKÉSY
como tendo a finalidade de, na sua contração, não interferir com a transmissão sonora da
orelha média. Seu tendão, embora pareça ser constituído de uma peça única, foi descrito por
CALAZANS, em minucioso estudo, como constituído por três porções independentes, torcidas
uma sobre as outras, como numa corda. Destes tendões, um se prende ao colo do martelo e os
outros dois ao cabo do mesmo. Descreve ainda como sendo o músculo constituído de quatro
formações musculares distintas. Para CALAZANS, o processo cocleariforme seria um ponto de
inserção de seus feixes musculares e não simplesmente uma polia de reflexão dos tendões.
Este músculo é inervado pelo trigêmeo.
Músculo do estribo

Filogeneticamente é o mais antigo dos dois músculos timpânicos. Já pode ser reconhecido
num embrião de apenas 13,5 mm. É inervado pelo nervo facial (VII par) e se desenvolve do
segundo arco branquial, o arco hióideo, em relação muito próxima com os músculos digástrico
e estilo-hióideo. De modo semelhante ao tensor, suas fibras se dispõem como uma pena. São
curtas e paralelas, dando-lhe grande tensão durante a contração. O músculo do estribo ocupa
uma pequena cavidade na eminência piramidal, que é uma minúscula saliência da parede
posterior da orelha média (cavidade timpânica). Seu tendão passa através de uma pequena
abertura na eminência piramidal e dirige-se anteriormente à margem posterior da cabeça do
estribo, perto de sua articulação com o processo lenticular da bigorna.Segundo TESTUT e cols.,
a contração deste músculo provoca um movimento daquele ossículo para fora. Sua base
(platina) executa em redor de seu eixo vertical um movimento de báscula. Este movimento faz
com que a extremidade anterior da base do estribo se desloque para fora da janela oval,
enquanto a extremidade posterior faz um movimento para o interior do vestíbulo. Em virtude
do eixo de rotação da base do estribo estar mais próximo de sua extremidade posterior, seu
deslocamento para dentro é muito menor que para fora em sua porção anterior.

Vasos e nervos da orelha média

Para ANSON, a irrigação arterial da orelha média deriva basicamente da artéria carótida
externa. A artéria timpânica anterior, que é ramo da maxila distribui-se em sua parte anterior
e inclui a membrana do tímpano. A artéria auricular posterior, ramo da artéria
estilomastóidea, irriga a parte posterior da cavidade e células da mastóide. A artéria timpânica
inferior, ramo da faríngea ascendente participa da irrigação arterial do promontório. Da artéria
carótida interna vem o ramo caroticotimpânico, que se dirige à parede anterior da orelha
média. As veias correspondem às artérias e drenam para o seio petroso superior e plexo
pterigóideo. Os vasos linfáticos relacionam-se, principalmente, com os linfonodos
retrofaríngeos e parotídeos. A inervação da mucosa, ainda segundo ANSON, é representada
pelo plexo timpânico, formado pelo ramo timpânico do glossofaríngeo (nervo de Jacobson) e
pelo caroticotimpânico superior e inferior, ramos do sistema simpático do plexo carotídeo e do
nervo petroso superficial menor. A corda do tímpano apenas atravessa a orelha média de
posterior para anterior.

Antro e células da mastóide

Uma pequena abertura denominada adito do antro na parte superior da parede posterior do
recesso epitimpânico, comunica uma câmara conhecida por antro mastóideo. Seu tamanho
pode ser comparado ao de um feijão, mas varia muito em função da pneumatização da
mastóide. Situa-se atrás e um pouco acima da cavidade timpânica. Ele é revestido por um
mucoperiósteo semelhante ao da cavidade e nele abrem-se numerosas células.

Tuba auditiva

A tuba estende-se desde sua abertura timpânica à parede lateral da rinofaringe, tendo uma
inclinação medial e anterior. Tem uma porção óssea e uma cartilaginosa, com um
comprimento de 3,5 a 4,0 cm. Sua porção lateral ou timpânica, que no momento não
interessa, cor responde à metade da mesma e ocupa um semicanal ósseo. Situado
superiormente à tuba, situa-se um canal que é ocupado pelo músculo tensor do tímpano e sua
parede medial se relaciona com o canal carotídeo. Sua luz é irregular com uma forma
triangular. É revestido por um epitélio tipo respiratório que se continua com a da orelha
média, sendo ciliado colunar e pseudo-estratificado junto à nasofaringe. As glândulas mucosas
predominam junto à faringe, onde há um conglomerado de tecido linfático.

Orelha interna
A orelha interna localiza-se na porção petrosa do osso temporal e engloba os órgãos da
audição e do equilíbrio. Consiste, segundo ANSON e cols., de três partes principais:

1. Labirinto endolinfático (membranoso).

2. Labirinto perilinfático (ósseo).

3. Cápsula ótica.

Labirinto endolinfático

É um sistema de canais e tubos epiteliais, repleto de um líquido claro denominado endolinfa. É


quase que totalmente envolvido pelo labirinto perilinfático e seu tecido de sustentação.
Ambos situam-se no chamado osso labiríntico da cápsula ótica. Suas partes principais são:

1. Utrículo.

2. Sáculo.

3. Ducto e saco endolinfático.

4. Ductos semicirculares e suas ampolas.


5. Ducto coclear

Existem outros pequenos canais de comunicação como o ducto utricular, ducto sacular e
ductus reuniens.

O ducto coclear e os ductos semicirculares têm praticamente a forma dos canais ósseos em
que se situam, o que não acontece com o vestíbulo onde há dois sacos, o utrículo e o sáculo.
Seu conteúdo, a endolinfa o recheia e é separado da perilinfa. As ramificações do VIII par
terminam no revestimento interno do sistema de ductos.

Utrículo

É um saco ovóide, ligeiramente achatado, que se situa na porção póstero-superior do


vestíbulo. Nesta região ele se adere firmemente por tecido conjuntivo e pelas terminações
nervosas do ramo utricular do VIII par. Em situação anterior e lateral há uma área espessada, a
mácula utricular, que é onde se situa sua porção sensorial. Na parede posterior se abrem os
ductos semicirculares e na anterior o ducto utrículo-sacular que o comunica com o sáculo.

Sáculo

Também tem a forma de um saco ovóide, porém bem menor que o utrículo. Situa-se na parte
anterior e inferior do vestíbulo. Um espessamento também oval localiza-se anteriormente,
onde o nervo sacular termina na mácula sacular. Em sua parte inferior há um canal que o une
ao ducto coclear, que é o ductus reuniens e posteriormente há o ducto utrículo-sacular já
citado. Fazendo um ângulo com este canal, o delicado ducto endolinfático tem sua origem.
Ducto e saco endolinfático

O ducto endolinfático situa-se num canal ósseo, o aqueduto do vestíbulo, e é envolvido em sua
maior parte por um tecido conjuntivo frouxo que se continua com o periósteo. Junto à
extremidade utricular o ducto se situa no labirinto perilinfático, onde sua abertura interna
origina-se do vestíbulo. A parte distal do ducto continua-se com o saco endolinfático, parte do
qual se situa numa pequena depressão na face posterior do osso petroso, entre as camadas da
dura-máter. Quando ainda no vestíbulo, o ducto endolinfático divide-se em dois braços como
um Y; um comunica-se com o utrículo e o outro com o sáculo. Na literatura antiga eram
denominados de ducto utrículo-sacular. A parte do ducto que se situa no vestíbulo pode ser
chamada de sinus ou seio. O saco endolinfático é representado pelo alargamento distal do
ducto e situa-se na porção cranial do aqueduto que tem a forma afunilada. O saco é também
envolvido por um tecido conjuntivo. Uma parte do saco se estende entre o periósteo e a dura-
máter propriamente dita. Seu revestimento é de epitélio cubóide, sendo um pouco mais alto
na porção junto à duramáter, denominado “porção rugosa”.

Ductos semicirculares

Três ductos membranosos se abrem no utrículo por cinco orifícios. Eles se situam no canal
ósseo que tem seu nome. Cada ducto, no entanto, ocupa o volume de um terço do canal. Cada
ampola membranosa é sustentada em sua face externa por um sulco transverso, o sulco
ampolar onde penetram as fibras do nervo ampolar. Correspondendo ao sulco, internamente,
há uma saliência, a crista ampular, que se projeta na luz e recebe as terminações nervosas.

Ducto coclear

É um ducto em forma de espiral (mola espiral) que se situa na cóclea óssea e é preso à sua
parede externa. O ducto coclear inicia-se como um fundo de saco que ocupa o recesso coclear
do vestíbulo. Dentro do canal ósseo coclear, faz uma espira basal, uma média e uma
incompleta, apical, onde termina num fundo de saco (seio cupular). No vestíbulo ele se
comunica com o sáculo pelo ductus reuniens. O ducto coclear é de forma triangular num corte
transversal. Seu assoalho é formado por um espessamento do periósteo recobrindo a parte
periférica da lâmina óssea espiral (e se continuando como a membrana basilar, alcançando o
periósteo que se situa na parede periférica do canal ósseo coclear). O epitélio do assoalho
coclear é altamente sofisticado e especializado, constituindo o órgão de Corti, onde terminam
as fibras do nervo coclear. A parede periférica do ducto coclear é constituída por um
espessamento do periósteo, onde se situa a estria vascular. A terceira parede ou teto é
constituída por uma delicada membrana denominada de membrana vestibular ou de Reissner.
Ela forma um ângulo de 45° com a lâmina óssea espiral. O ducto coclear e a lâmina óssea
espiral dividem o canal coclear em um espaço superior, a rampa do vestíbulo e um inferior, a
rampa do tímpano. Estas duas rampas se unem apicalmente no helicotrema, onde termina o
ducto coclear. A parede lateral do ducto também tem uma camada média de tecido
conjuntivo, envolvida por um epitélio delicado. Sua parede lateral é revestida por um
periósteo espessado e modificado, denominado ligamento espiral, que contém muitos vasos
em sua porção superior, isto é, junto à membrana vestibular (Reissner) que se estende num
epitélio irregular pseudo-estratificado que o reveste. Esta região vascularizada é denominada
estria vascular. No assoalho do ducto é que se encontra o epitélio mais especializado de todos
(órgão de Corti). Junto à rampa do tímpano, o periósteo da lâmina espiral óssea se continua ao
lado oposto, como uma fina membrana (membrana basilar), que se prende ao ligamento
espiral na parede lateral. No lado da lâmina espiral óssea, junto à luz do ducto coclear, o
periósteo é mais espessado e ali (limbo da lâmina espiral) se prende à membrana tectória. Ela
é uma membrana delicada, gelatinosa, que recobre o órgão de Corti.

Órgão de Corti

O órgão de Corti encontra-se apoiado sobre a membrana basilar. A membrana basilar é uma
estrutura extremamente resistente, que separa a rampa do tímpano do ducto coclear; ela se
estende da espira basal à espira apical da cóclea, estando fixa medialmente ao lábio timpânico
do limbo espiral e lateralmente ao ligamento espiral. Esta estrutura possui no ser humano uma
largura cinco vezes menor na base que no ápice coclear e sua tensão diminui gradualmente da
base para o ápice. Tais propriedades físicas determinam as características peculiares na
mecânica da onda de propagação ao longo da membrana basilar, quando um estímulo acústico
penetra a orelha interna através da janela oval. O órgão de Corti é basicamente constituído
dos elementos sensoriais, as células ciliadas, das células de sustentação e da membrana
tectória. A membrana tectória encontra-se fixa ao limbo espiral e apoiada sobre os
estereocílios das células ciliadas. Existem dois grupos anatomofisiológicos de elementos
sensoriais. As células ciliadas internas, bulbosas, formam uma única fileira de células ao longo
do neuroepitélio coclear, encontrando-se apoiadas em células de sustentação relativamente
rígidas, constituem o primeiro grupo anatomofisiológico. O segundo grupo é formado pelo
conjunto de células ciliadas externas, cilíndricas, que formam três a quatro fileiras ao longo das
espiras da cóclea, apoiadas em células de sustentação muito flexíveis. Existem
aproximadamente 17.000 células ciliadas, sendo 4.500 células ciliadas internas e 12.500
células ciliadas externas. As células ciliadas internas estão localizadas na porção mais rígida da
membrana basilar e as células ciliadas externas, na porção mais flexível da mesma. Esta
organização estrutural e os estudos da eletrofisiologia da orelha interna sugerem que a
transdução mecanobioelétrica ocorra em nível da lâmina reticular das células.
Vascularização – O labirinto é irrigado pela artéria auditiva interna que é ramo ou da basilar
ou da artéria cerebelar ântero-inferior (ANSON). A artéria auditiva interna subdivide-se em
artéria vestibular, artéria coclear e artéria vestibulococlear. Esta leva irrigação arterial para os
dois terços da espira basal da cóclea e grande parte para o sáculo, utrículo, ducto semicircular
posterior e parte do ducto horizontal (lateral) e superior.

A artéria vestibular irriga parte do sáculo, utrículo e ductos semicirculares. A artéria coclear
leva irrigação para os dois turnos apicais da cóclea.

A drenagem venosa é feita, ainda segundo ANSON, pela veia auditiva interna que reúne veias
de nomes semelhantes às artérias que ali existem.

A irrigação arterial do órgão de Corti e outros elementos do ducto coclear é ministrada por
vasos da estria vascular e vasos espirais sob a membrana basilar.

As artérias que irrigam a cóclea penetram através do modíolo juntamente com as fibras do VIII
par.

Inervação – A inervação é dada pelo VIII par, o nervo estatoacústico. Este nervo divide-se em
duas partes: o nervo vestibular e o nervo coclear.

O nervo vestibular origina-se de células do gânglio de Scarpa e distribui-se em dois ramos: para
o sáculo e utrículo e outro para as ampolas dos ductos semicirculares. Dentro do canal espiral
do modíolo estão o nervo coclear e o gânglio espiral (Corti). Suas fibras periféricas, ainda
repetindo ANSON & DONALDSON, passam do modíolo através da lâmina espiral para alcançar
as células ciliadas do órgão de Corti, onde suas fibras se distribuem.
Labirinto perilinfático (ósseo)

A matriz óssea que envolve o labirinto ósseo é mais dura que o resto do osso petroso. Isto
permite a sua identificação como um arcabouço separado do osso petroso e é a cápsula ótica
original.

Divide-se em três compartimentos:

A) Vestíbulo.

B) Canais semicirculares.

C) Cóclea.

Todo o osso é revestido por um delicado

periósteo e internamente por um fino epitélio.


Todo ele se encontra cheio de um líquido denominado perilinfa, que envolve o labirinto
membranoso que é bem menor. A parede lateral do labirinto ósseo corresponde à parede
medial da orelha média e sua parede medial corresponde ao fundo do meato acústico interno.

Vestíbulo

É uma câmara ovóide com cerca de 4 mm de diâmetro, sendo a parte mais volumosa do
labirinto. Em sua porção ântero-inferior contacta a cóclea e na póstero-superior recebe a
terminação dos canais semicirculares. Nele encontram-se várias aberturas: uma parte crivosa
para o nervo, uma para o aqueduto do vestíbulo, para canais semicirculares, cóclea e a janela
oval lateralmente.

Canais semicirculares

São três canais ósseos, situados na porção superior do vestíbulo, cada um desenha dois terços
de um círculo e se situa em ângulo reto, um do outro, como os cantos de um cubo. O canal
tem cerca de 1 mm de diâmetro, mas se torna dilatado em sua porção terminal, a ampola
óssea, com o dobro do diâmetro. Eles se abrem no vestíbulo por cinco aberturas (em vez de
seis), pois dois canais se fundem (o superior e o posterior). O canal horizontal (ou lateral) situa-
se num plano quase horizontal e é o mais curto deles.

Cóclea

Assemelha-se à concha de um caracol. Sua forma tem sido comparada a um cone com base no
meato acústico interno e ápice anterior e lateral. É constituída de um canal espiral com cerca
de 30 mm, que envolve uma porção central (o modíolo), em duas voltas e meia. Do modíolo
projeta-se na luz do canal ósseo uma lâmina óssea, denominada lâmina espiral óssea. Assim o
canal coclear é dividido incompletamente em duas porções, a rampa do vestíbulo e, mais
inferiormente, do tímpano, que se unem no ápice do modíolo num lugar denominado
helicotrema. O modíolo, que é uma coluna óssea curta, é perfurado pelo nervo e vasos. No
início do canal coclear há três aberturas: a janela oval (com a membrana do tímpano
secundária), a comunicação com o vestíbulo e o canalículo que comunica a rampa do tímpano
com o espaço subaracnóideo.

Cápsula ótica

Ela envolve o labirinto e é uma categoria óssea essencial pelas seguintes razões:

a) Ossifica-se de numerosos (mais ou menos 14) centros.

b) Os centros se fundem sem formar suturas.

c) Deriva-se de cartilagem e não remanescem áreas de crescimento cartilaginoso.

d) Tem seu máximo desenvolvimento alcançado no 5º mês de gestação.

ANSON & DONALD descrevem “que em orelhas de fetos já desenvolvidos, ou então logo após
o nascimento, já é possível distinguir histologicamente uma linha que separa a cápsula ótica
original, das camadas mais internas de osso periosteal acrescentadas. A adição destas camadas
periosteais é, ao mesmo tempo, acompanhada por fusão de porções adjacentes da parte
escamosa e do osso occipital, do crânio em desenvolvimento, resultando assim na
incorporação da cápsula ótica na parte petrosa do osso temporal”.

FISIOLOGIA
As noções mais precisas em relação à fisiologia da orelha datam de menos de um século;
sendo que nos últimos 40 anos seu progresso foi notável, talvez pelo início da cirurgia
reconstrutiva que ganhou sua maioridade nos últimos 30 anos.

Os gregos, como ARISTOTELES (384-322 a.C.) e EMPEDOCLES (500 a.C.), foram quem
reconheceram na membrana do tímpano e orelha média uma função auditiva. GALENO (130-
200 d.C.) acrescentou a noção da existência do nervo auditivo e pensava que o mesmo
terminava na orelha média.
ARISTOTELES atribuia à audição uma importância muito maior que a visão, pois a audição seria
o instrumento do aprendizado, sendo os cegos muito mais inteligentes que os surdos-mudos.
Coube ainda a ARISTOTELES reconhecer a importância do ar dentro da orelha média.

HIPPOCRATES (460-377 a.C.) foi quem descreveu que a orelha era cercada de um osso de
grande dureza e rodeada de espaços aéreos.

Apenas no século XVI, na Renascença, é que vieram à luz as contribuições dos grandes
anatomistas.

VESALIUS (1514-1564) descreveu a bigorna e o martelo em detalhes (ele em seus trabalhos


não descreve o estribo).

INGRASSIA (1510- 1580) estudou em detalhes o estribo e as janelas oval e redonda.

FALOPIO (1523-1562) descobriu e descreveu a cóclea, o labirinto e o canal do facial e


EUSTACHI (1510-1574) descreveu a tuba auditiva, que recebeu o seu nome.

Estas descobertas permitiram a COLTER, em 1566, descrever a via que o som tomava até sua
chegada à cóclea, porém ainda não havia dado atenção ao importante papel transformador da
orelha média.

CORTI (1822-1876) em 1851 descreveu o órgão que leva o seu nome.

A função transformadora da orelha média só foi lembrada por VON HELMHOLTZ (1821-1894)
em 1863, que notou a diferença entre as propriedades condutoras do som no ar e na água. Ele
reconheceu a necessidade de um mecanismo para converter as vibrações de larga amplitude e
baixa pressão do ar, em baixa amplitude e pressão maior para os líquidos.

BÉKÉSY (1899-1972), pelos seus engenhosos estudos, confirmou a teoria de VON HELMHOLTZ
e demonstrou alguns erros cometidos pela teoria anterior. Graças aos estudos de VON BÉKÉSY,
os conhecimentos da fisiologia da orelha ganharam sua maioridade, permitindo sua aplicação
prática no desenvolvimento da cirurgia funcional da orelha (WULLSTEIN e ZOLLNER).

Os capítulos finais ainda estão por ser escritos, repetindo SHAMBAUGH JR., “pois muitas coisas
ainda devem ser explicadas”.

SOURDILLE e HOLMGREN não entendiam e nem conseguiam explicar os mecanismos da


audição após a fenestração. Somente LEMPERT e os trabalhos de BÉKÉSY é que, algumas
décadas depois (1948), vieram a explicar o mecanismo.

Pavilhão da orelha

Alguns animais podem movimentar seus pavilhões, auxiliando em muito na localização da


fonte sonora, assim como auxiliam na exteriorização de um estado emocional. No homem
perde sua importância, apenas participando na orientação direcional.
Relata TONNDORF que o ganho produzido pelo pavilhão da orelha não é muito grande,
aproximadamente de 3 dB a 4 kHz, sendo que a concha oferece um ganho de 10 dB a 4 kHz e
uma perda de 5 dB a 10 kHz.

Meato acústico externo

HELMHOLTZ demonstrou que a ressonância própria da coluna aérea no meato acústico reforça
as freqüências equivalentes aos tons próprios da coluna de ar, que se acham entre 2 e 3 kHz.

Para TONNDORF o meato acústico representa um tubo aberto numa extremidade e fechado na
outra e tem uma ressonância na freqüência de 2,6 kHz. O ganho total, combinando todos seus
elementos, seria de 20 dB a 2,5 kHz.

Segundo JOHNSON & HAWKE, o meato acústico externo tem funções auditivas e não
auditivas. A função auditiva seria a de permitir uma eficiente condução do som do meio
ambiente à membrana do tímpano. A função não auditiva é a proteção da membrana do
tímpano e estruturas mais profundas e manter uma passagem livre para o som alcançar a
membrana do tímpano. O revestimento epidérmico oferece uma barreira de proteção aos
tecidos subjacentes de efeitos danosos potenciais do meio ambiente, isto é: ressecamento,
umidade, abrasão, substâncias químicas ou invasão bacteriana. Esta função protetora é
oferecida pela camada mais superficial epidérmica, o stratum corneum. Este estrato consiste
de camadas de ceratócitos mortos que constitui uma superfície impermeável, porém flexível.

A função protetora da orelha externa é em parte oferecida pela sua anatomia, porém há
outros importantes fatores que colaboram para que esta função protetora seja mais eficiente:
os pêlos, o cerume, a migração epitelial e a descamação.

a) Os pêlos são encontrados na porção cartilaginosa da orelha externa, onde envolvem o


meato acústico. Estes pêlos, por sua disposição, apontam para fora, oferecendo uma proteção
contra a entrada de objetos animados ou inanimados.

b) A cera ou cerume é uma combinação de ceratócitos descamados e secreções das glândulas


da parte mais superficial do meato acústico.
Existem dois tipos de glândulas no canal: as sebáceas (associadas aos folículos pilosos) e as
ceruminosas (são um tipo de glândula apócrina).

Não existem verdadeiras glândulas sudoríparas no meato acústico externo. O produto destas
glândulas tem propriedades antifúngica e antibacteriana, além de proteger a pele contra a
umidade. A cera aqui produzida tem algumas características genéticas. Os japoneses tem um
tipo de cera mais seca, denominada de “rice bran” enquanto em outras raças a cera é mais
úmida e é denominada “honey wax”. O gene da cera úmida é dominante e os homozigotos e
heterozigotos são fenótipos idênticos. Uma associação interessante do fenótipo da cera úmida
é com o odor axilar que está ausente no fenótipo da cera seca. Há uma provável associação
com diferenças genéticas nas funções das glândulas apócrinas. A cera úmida é predominante
nos caucasianos enegros e a cera seca nos povos de origem mongólica. Outro fato curioso
descrito por JOHNSON & HAWKE está relacionado com a maior freqüência de carcinoma de
mama nas mulheres ocidentais (cera úmida) que nas orientais (cera seca).

A cera tem um conteúdo de lipídeos, proteínas, aminoácidos livres e íons minerais. O conteúdo
protéico na cera seca é maior que na úmida. Também foram encontradas a lisozima e
imunoglobulinas G no cerume, por sinal mais freqüente na cera seca que na úmida.

c) A migração epitelial foi estudada por ALBERTI em 1964, que usando tinta nanquim (“China
ink”) verificou a tendência migratória do epitélio do canal de forma radial desde o umbigo em
direção lateral. A pele migra numa velocidade de 0,07 mm por dia de medial para lateral. O
objetivo desta migração epitelial é limpar o canal auditivo da descamação.
d) Como o material descamado do meato acústico alcança sua porção mais lateral é incerta.
Parece que a ação da mastigação pode mover lateralmente este material, uma vez que os
côndilos determinam uma compressão e expansão alternada do canal.

Estas noções são importantes quando relacionadas com a colocação de tubos de ventilação na
membrana do tímpano e seus mecanismos de eliminação.

Orelha média

HELMHOLTZ atribui a ação transformadora da orelha média a três fatores:

1. Amplificação da energia sonora pelo efeito vibratório e de alavanca da própria membrana.

2. Efeito de alavanca dos ossículos.

3. Efeito hidráulico, pela maior superfície da membrana, agindo sobre uma superfície 30 vezes
menor.

Recentes trabalhos de BÉKÉSY e cols. demonstraram que HELMHOLTZ havia se enganado


quanto ao efeito amplificador da membrana. Na realidade ela funciona como um cone rígido
que vibra num eixo que passa ao longo do processo curto do martelo e corpo da bigorna; e o
cabo do martelo, que se encontra envolvido pela membrana, apenas acompanha seu
movimento sem nenhuma amplificação ou aumento de força. O segundo fator descrito por
HELMHOLTZ foi confirmado por pesquisas de DAHLMANN, WEVER e LAWRENCE que explicam
o aumento da energia na razão de 1:1,3 e não 1:1,5, conforme afirmou originalmente
HELMHOLTZ, pela diferença de comprimento entre o cabo do martelo e o processo longo da
bigorna. Esta diferença representa um aumento de força de 1,3 no homem.
Para SHAMBAUGH, o terceiro fator seria a diferença de tamanho entre a membrana e a
superfície da base do estribo. BÉKÉSY determinou que a superfície vibratória da membrana era
um pouco menor do que se julgava inicialmente, sendo cerca de 55 mm2 (em vez de 90 por
HELMHOLTZ) e a da base do estribo de 3,2 mm2 o que proporciona uma relação de 17:1, isto
é, um aumento de 17 vezes da energia sonora. A ação efetiva de transformação da membrana
e cadeia ossicular, segundo BÉKÉSY, é o produto de 1,3 x 17 (efeito de alavanca e efeito
hidráulico) que é igual a 22,1 para o homem e que é muito inferior ao de alguns animais como
para o gato onde efeito alavanca = 1:2,5 e efeito hidráulico = 1:24,5 o que lhe dá um efeito
transformador de 61:1.

Função da janela redonda

Ela situa-se na parte oposta do ducto coclear com relação à janela oval, sendo fechada por
uma pequena e delicada membrana denominada membrana do tímpano secundária (tem uma
área de mais ou menos 2 mm2). Admite-se que sua função seja meramente mecânica,
permitindo a descompressão e deslocamento do líquido movimentado pela excursão da base
do estribo, permitindo o máximo deslocamento da coluna do líquido coclear. O aumento de 22
vezes da energia para a janela oval excede qualquer um que chegue à janela redonda. Por
outro lado, a membrana atua como uma barreira que impede a passagem direta do som, ou
muda sua fase diminuindo qualquer efeito que pudesse ocorrer com a chegada simultânea do
som às duas janelas. Isto adquire importância na orelha doente com perfuração da membrana
ou interrupção da cadeia ossicular.

Diferença de fase entre as janelas

Cada vibração sonora consiste de uma fase de compressão seguida de uma fase de rarefação.
Se o som atinge as duas janelas na mesma fase de compressão ou rarefação, há uma tendência
a um deslocamento menor do líquido coclear, o que não acontece quando atinge as janelas em
fases diferentes.

Uma diferença de fase também pode ocorrer quando as duas janelas se encontram a
diferentes distâncias da fonte sonora. Esta é uma situação que ocorre quando há destruição da
membrana e do martelo e bigorna. O som atinge a cabeça do estribo antes da janela oval.

Na orelha normal esta diferença de fase participa com um efeito pequeno devido ao aumento
de 22 vezes que ocorre na janela oval mas na presença de uma perfuração já é diferente,
trazendo inconvenientes para a audição.
Ressonância e eficiência da orelha média

Como foi assinalado, o meato acústico tem uma freqüência de ressonância própria, que se
situa ao redor de 2,6 kHz, o que lhe promove um ganho de cerca de 10 dB. A eficiência da
membrana do tímpano e cadeia ossicular conforme foi demonstrada é maior em freqüências
em torno de 800 a 1.600 c/s. Isto oferece à nossa orelha uma eficiência maior entre 1.000 e
3.000 Hz e é a faixa que corresponde à palavra falada.

Músculos da orelha média

Os inúmeros trabalhos e observações publicadas na literatura acerca da função dos músculos


da orelha média, nada têm de conclusivo quanto à sua aplicação ao homem. É definitivo o fato
de que o músculo do estribo se contrai a estímulos sonoros muito intensos. Quanto ao
músculo do martelo, não se pode comprovar, ao que parece, sua contração efetiva e
sistemática aos mesmos estímulos, embora em alguns indivíduos esta contração tenha sido
observada.
Das inúmeras teorias a respeito da função destes músculos, duas têm resistido às críticas ao
longo dos anos:

• Função de acomodação sonora.

• Função protetora da cóclea.

A função de acomodação seria exercida pela ação conjugada dos músculos, que pela sua
contração permitiria que apenas um volume adequado de som fosse transmitido à orelha
interna (KIRIKAE, 1960). Para PERLMAN (1960) a contração destes músculos, aumentando a
rigidez da cadeia ossicular, teria efeito mascarante sobre os sons graves, facilitando a audição
dos sons agudos em animais.

A função protetora é exercida principalmente pelo músculo do estribo, aumentando a rigidez


do sistema tímpano-ossicular e, conseqüentemente, a impedância da orelha média.

HILDING estudou em coelhos a ação protetora daqueles músculos ante a sons muito intensos.
Um grupo de animais era submetido a um som intenso, prolongado, mas precedido de outro
som forte, curto, capaz de provocar a contração dos músculos. Alguns animais tiveram o
músculo tensor seccionado e outros o músculo do estribo. Suas observações puderam
demonstrar que aqueles coelhos que tiveram o tendão do músculo do estribo seccionado,
apresentaram lesões cocleares como conseqüência de sua exposição ao som forte,
prolongado. Os que tiveram o músculo tensor seccionado, não apresentaram as lesões
cocleares. Os animais que tinham o tensor e o músculo do estribo íntegros, mas não haviam
recebido o som forte e curto inicial, apresentaram lesões da orelha interna. Conclui o autor
que o tom que antecedeu ao tom puro teve ação protetora sobre a orelha interna. Quanto à
atividade muscular, apenas o músculo do estribo protegeu a cóclea contra o som forte.

Músculo tensor do tímpano

O músculo tensor do tímpano parece não desempenhar no homem uma função auditiva, como
sucede com o músculo do estribo.

OSTMANN, em 1898, descreveu movimentos da membrana do tímpano, para dentro, durante


o estímulo acústico. Outros pesquisadores como WARR, em 1923, e LUSCHER, em 1929,
repetiram as mesmas pesquisas e não conseguiram visualizar aqueles movimentos, mesmo
usando sistemas ópticos mais aperfeiçoados.

TERKILDSEN, através do estudo das variações de pressões no meato acústico externo (usando
um micromanômetro), conseguiu registrar movimentos da membrana do tímpano, após
estímulo acústico, no homem. Na maioria dos casos, os movimentos foram para fora e seriam
devido à contração do músculo do estribo. Em algumas pessoas, inicialmente, conseguiu
demonstrar a presença de um movimento para dentro, que seria devido à contração do
tensor. Aperfeiçoando seu método e estudando 60 orelhas de pessoas normais, conseguiu
observar aquele movimento para dentro em 62% dos casos, usando um estímulo sonoro de
110 dB NA.
MOLLER (1964), em animais, usando um método semelhante ao desenvolvido por
TERKILDSEN, estudou as mesmas variações de pressão no meato acústico externo, agora
durante a contração isolada e simultânea dos músculos da orelha média. Demonstrou que a
contração simultânea daqueles músculos determinava uma pressão negativa (movimentos
para dentro), que no entanto era inferior àquela causada pela contração isolada do tensor.

KATO, em 1913, havia sido incapaz de constatar qualquer contração do tensor, em macacos,
por estímulo acústico.

KOBRAK (1953), usando meios ópticos, conseguiu definitivamente demonstrar movimentos da


membrana do tímpano, resultantes da contração dos músculos da orelha média por estímulos
acústicos.

O estímulo acústico no homem, segundo KLOCKHOFF (1963, 1971), por motivos


desconhecidos, ativa somente o reflexo do estribo, em contraste com o que ocorre com os
animais. Já em 1955, JEPSEN, em sete pacientes portadores de paralisia facial periférica, não
conseguia registrar atividade muscular da orelha média, embora não houvesse anormalidade
do nervo trigêmeo. Por outro lado, em dois casos com paralisia do trigêmeo, ele obteve o
reflexo muscular da orelha média, com a mesma intensidade que em indivíduos normais.

JEPSEN conclui que a atividade do músculo tensor no homem é obscura. Segundo LIDEN e
cols., a obtenção do reflexo acústico dos músculos da orelha média em animais não deixa
margem a dúvida, enquanto no homem a obtenção do reflexo do tensor do tímpano é motivo
de controvérsia. É de sua observação que, em paralisias faciais periféricas, quando a lesão
estava localizada acima da emersão do nervo do músculo do estribo, havia completa ausência
dos reflexos musculares acústicos.

Músculo do estribo

Segundo TESTUT e cols. (1944), a contração do músculo do estribo provoca um movimento


desse ossículo para fora. Sua base (platina) executa, em redor de seu eixo vertical, um
movimento de báscula. Este movimento faz com que a extremidade anterior da base do
estribo se desloque para fora da janela oval, enquanto a extremidade posterior faz um
movimento para o interior do vestíbulo. Em virtude do eixo de rotação da base do estribo estar
mais próximo de sua extremidade posterior, seu deslocamento para dentro é muito menor
que para fora, em sua porção anterior.

KIRIKAE (1960) acredita que a contração do músculo provoca principalmente um movimento


de deslizamento da cabeça do estribo na articulação incudestapedial. Observando ao
microscópio, pode visualizar um deslocamento para trás e um deslizamento também em
direção posterior da cabeça do estribo na articulação. De seus estudos, conclui que a redução
na amplitude da transmissão sonora pela contração do músculo é baseada não só no aumento
da resistência do estribo, mas também no seu efeito no mecanismo de condução do som à
orelha interna.
O arco reflexo acústico do músculo do estribo é descrito por JEPSEN (1963), como sendo
constituído de uma parte aferente, o nervo coclear, e outra eferente, o nervo facial.

MOLLER (1963) estudando o reflexo acústico deste músculo, em pacientes com orelhas médias
normais, verificou que a mesma poderia ser evocada por estímulo monoaural ou biaural.
Quando somente uma orelha era estimulada, as modificações da impedância registradas eram
maiores na orelha homolateral. Quando ambas eram estimuladas, aquelas modificações se
revelavam maiores que quando o estímulo era aplicado e registrado do mesmo lado.

Os estudos de JEPSEN (1951, 1953), METZ (1952), HARPER (1961), KLOCKHOFF (1963),
DJUPESLAND e cols. (1966) e ALBERTI e cols. (1970) demonstraram que o reflexo do músculo
do estribo pode ser obtido pela aplicação de um estímulo sonoro de 70 a 90 dB NA acima do
limiar da audição, nas freqüências de 250, 500, 1.000, 2.000 e 4.000 Hz, em indivíduos com
orelha média normal. JEPSEN (1963) não conseguiu obter o reflexo usando freqüências de 125
e 8.000 Hz, mesmo com a potência máxima de seu audiômetro (70 e 90 dB NA
respectivamente).

JERGER e cols. (1972) definem o limiar (nível) do reflexo estapediano como sendo a menor in
tensidade sonora capaz de provocar a contração do músculo do estribo.

DJUPESLAND e cols. (1966) verificaram que para freqüências mais baixas, os limiares são
também mais baixos e que para as mesmas intensidades sonoras acima do limiar os reflexos
são mais fortes para estímulos de baixa freqüência. Por outro lado, verificou que para ruído
branco os limiares são também mais baixos. Estas observações foram confirmadas por
PETERSON e cols. (1972) que encontram diferenças de 15 dB NA nos limiares para ruído
branco e DEUTSCH (1972) que tanto para ruído branco como faixa estreita achou valores de 20
dB NA, em média, mais baixos. Em pacientes com idade entre 2 e 5 anos, JERGER (1970)
encontrou limiares um pouco mais altos e interpretou estes achados como devido a uma
insuficiência de maturação do arco reflexo. Por outro lado, o mesmo JERGER e cols. (1972)
verificaram que para 4.000 Hz as respostas nem sempre são típicas e que a ausência de reflexo
naquela freqüência não tem significado clínico. O período de latência do músculo do estribo
tem sido estudado por vários autores, tanto em animais como no homem. Segundo
GALAMBOS e cols. (1959), ele se apresenta quase idêntico no homem e nos animais
estudados. No homem, o melhor método para estudar a latência do reflexo é o método da
impedância, na opinião de JEPSEN (1963). METZ (1951) encontrou o valor mínimo de 35 ms
(milissegundos) e explicou que quanto maior o estímulo sonoro, menor o período de latência.
TERKILDSEN (1960) e MOLLER (1958) confirmaram as observações de METZ. WERSALL (1958)
verificou que a contração do músculo do estribo se mantinha quase que inalterada por
períodos prolongados, desde que o estímulo sonoro intenso também fosse mantido. As
mesmas observações já haviam sido feitas por LUSCHER, quando pela primeira vez observou
aquele fenômeno. DJUPESLAND e cols. (1966) estudaram a duração da contração do músculo
do estribo durante o estímulo sonoro, em função das modificações da impedância provocadas.

Verificou que um tom de 4.000 Hz não conseguia manter a mesma modificação da impedância
por períodos maiores que 70s (sendo em média 19s). Para um tom de 1.000 Hz, as
modificações da impedância podiam durar até 137s (em média 87s). WERSALL (1958) acredita
que a fatigabilidade do reflexo não esteja localizada exclusivamente nos músculos, havendo
também um componente coclear. Do mesmo modo que o músculo tensor, a contração do
músculo do estribo parece provocar pequenos movimentos na membrana do tímpano. Estes
movimentos seriam de tal modo a deslocar a membrana do tímpano em direção ao meato
acústico.

TERKILDSEN (1960) constatou estes movimentos, porém em amplitude bem menor que os
determinados pela contração do tensor.

Para MOLLER (1964) estes movimentos da membrana são desprezíveis quando comparáveis ao
do tensor.

Para LINDEN e cols. (1970) a conclusão que se pode tirar a respeito das pesquisas sobre a
atividade acústica dos músculos da orelha média é de que, durante o estímulo acústico o
músculo do estribo é o único responsável pelos chamados reflexos musculares intra-aurais,
pelo menos é o que se pode determinar pela medida da impedância.

KIRIKAE (1960) acredita que a contração reflexa dos músculos da orelha média por estímulos
sonoros, no homem, não exerce a atividade protetora da orelha interna com a mesma eficácia
que nos animais. Segundo aquele autor, os músculos da orelha média sofreram uma
“degeneração filogenética”.

Se, por um lado, os estudos acerca da atividade muscular acústica da orelha média não tem
comprovado sua eficácia na proteção da orelha interna; de outro, sua pesquisa clínica tem nos
oferecido dados altamente significativos para o diagnóstico de alterações relacionadas não só
com a orelha média, mas também com a função coclear, alterações neurológicas centrais e na
detecção de pacientes que simulam alterações graves da audição.

Leitura recomendada

ANSON, B. J. & DONALDSON, J. A. – The surgical anatomy of the temporal bone and ear.
Philadelphia, W.B. Saunders Co., 1967.

JERGER, J. et al. – Studies in Impedance Audiometry. Arch. Otolaryngol., 96:513-523, 1972.

JOHNSON, A. & HAWKE, M. – In: JAHN, A. F. & SANTOS-SACCHI, J. Physiology of the Ear. New
York, Raven Press, 1988. p. 41.

KLOCKHOFF, I. – Middle ear reflex in man. Acta Otolaryngol., (Suppl.) 162, 1961.

LOPES FILHO, O. – Contribuição ao estudo clínico da impedância acústica. Tese Univ. de S.


Paulo, 1972.

LOPES FILHO, O. – Da impedância acústica do ouvido médio e do diagnóstico otológico. Rev.


Bras. O.R.L., 39:66-76, 1973.
LOPES FILHO, O. – Estudo clínico da atividade dos músculos do ouvido médio, pelo método da
impedância acústica. Rev. Bras. O.R.L., 41:111-140,1975.

SADE, J. – Middle ear mucosa. Arch. Otolaryngol., 84:137-143, 1966.

SCHUMACHER-MARIENFRID, S. – Compêndio de Histologia Humana. 4ª ed. Barcelona, Labor,


1950.

TONNDORF, J. – The external ear. In: JAHN, A.J. & SANTOS-SACCHI, J. Physiology of the Ear.
New York, Raven Press, 1988. p. 29.

Vous aimerez peut-être aussi