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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JMS
Nº 70029885910
2009/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÂO CIVIL PÚBLICA.
CUSTAS. IMPOSSIBILIDADE. Impossibilidade de
condenação do Estado no pagamento de custas
processuais, porquanto a recente Lei nº 13.471, de 23
de junho de 2010, alterando o artigo 11 da Lei nº
8.121/82 (Regimento de Custas), isentou as pessoas
jurídicas de direito público do pagamento de custas,
despesas judiciais e emolumentos no âmbito da Justiça
Estadual de Primeiro e Segundo graus.
REEXAME NECESSÁRIO. CONHECIMENTO DE
OFÍCIO. Há conhecer de ofício do reexame necessário,
tendo em vista que a condenação é ilíquida e se
enquadra na previsão do art. 475, I, do Código de
Processo Civil, estando sujeita ao duplo grau de
jurisdição. Em reexame necessário, deve-se confirmar a
sentença, tendo em vista que é responsabilidade dos
entes públicos custearem tratamento que vise a
assegurar o direto à vida e à saúde dos cidadãos.
Apelo provido, sentença confirmada em reexame
necessário.

APELAÇÃO CÍVEL PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70029885910 COMARCA DE TUPANCIRETÃ

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL APELANTE

MINISTÉRIO PÚBLICO APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Primeira Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento
ao apelo, sentença confirmada em reexame necessário.

Custas na forma da lei.

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Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes


Senhores DES. IRINEU MARIANI (PRESIDENTE E REVISOR) E DES.
CARLOS ROBERTO LOFEGO CANÍBAL.

Porto Alegre, 25 de agosto de 2010.

DES. JORGE MARASCHIN DOS SANTOS,


Relator.

RELATÓRIO
DES. JORGE MARASCHIN DOS SANTOS (RELATOR)

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público


contra o Estado do Rio Grande do Sul.

Sobreveio sentença, julgando procedente o pedido para


condenar o réu ao fornecimento do medicamento solicitado, sendo que tal
medicamento poderá ser substituído por genéricos, até que persista a
necessidade do fornecimento, sob pena de bloqueio de valores. Foi
condenado o Estado ao pagamento das custas, sem honorários.

Irresignado, o Estado apelou, postulando o descabimento da


condenação imposta quanto ao pagamento das custas processuais.

O Ministério Público de 1º Grau manifestou-se pela


conformidade com a irresignação quanto às custas.

Após, subiram os autos a este Tribunal, opinando o Ministério


Público pelo provimento do recurso.

Vieram, então, os autos conclusos para julgamento.

É o relatório.

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VOTOS
DES. JORGE MARASCHIN DOS SANTOS (RELATOR)

CUSTAS – CONDENAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE

Merece provimento o apelo no tocante às custas processuais,


porquanto a recente Lei nº 13.471, de 23 de junho de 2010, alterando o
artigo 11 da Lei nº 8.121/82 (Regimento de Custas), isentou as pessoas
jurídicas de direito público do pagamento de custas, despesas judiciais e
emolumentos no âmbito da Justiça Estadual de Primeiro e Segundo graus,
vejamos:

“Art. 1º - O artigo 11 da Lei nº 8.121, de 30 de dezembro de


1985, Regimento de Custas, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 11 – As Pessoas Jurídicas de Direito Público são
isentas do pagamento de custas, despesas judiciais e emolumentos no
âmbito da Justiça Estadual de Primeiro e Segundo graus.
Parágrafo único – A isenção prevista neste artigo não
exime a Fazenda Pública da obrigação de reembolsar as despesas feitas
pela parte vencedora.”

A referida Lei apenas não eximiu a Fazenda Pública da


obrigação de reembolso das despesas feita pela parte vencedora. Contudo,
in casu, a parte autora litiga sob o benefício da assistência judiciária gratuita.
Assim, não há falar em reembolso de despesa.

REEXAME NECESSÁRIO – CONHECIMENTO DE OFÍCIO

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Conheço de ofício do reexame necessário, pois a condenação


do Estado, na sentença, se enquadra na previsão do art. 475, I,1 do CPC, ou
seja, está sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Registro que o presente caso, não se enquadra na exceção do


§ 2º do art. 475 do CPC, pois o valor da condenação na sentença é ilíquido,
porque a medicação postulada é de uso contínuo.

Em reexame necessário, deve-se confirmar a sentença, tendo


em vista que é responsabilidade dos entes públicos custearem tratamento
que vise a assegurar o direto à vida e à saúde dos cidadãos.

Ademais, a questão do fornecimento de medicamento é


pacífica nessa Câmara Cível, já havendo decisões dos demais integrantes
sobre o tema:

DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.


APELAÇÃO CÍVEL. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTO. OBSERVÂNCIA À CONSTITUIÇÃO
FEDERAL E À LEI ESTADUAL Nº 9.908/93.
RESPONSABILIDADE DE TODOS OS ENTES
FEDERATIVOS. Da responsabilidade solidária.
Cumpre tanto ao Estado quanto ao Município, modo
solidário, à luz do disposto nos artigos 196 e 23, II da
Constituição Federal de 1988, o fornecimento de
medicamentos a quem deles necessita, mas não pode
arcar com os pesados custos. A ação poderá ser
proposta contra um ou contra outro, ou, ainda, contra
Estado e Município, pois todos os entes federativos
têm responsabilidade acerca da saúde pública. Em
sendo dever do Poder Público garantir a saúde física e
mental dos indivíduos e, em restando comprovado nos
autos a necessidade da requente de receber os
medicamentos descritos na inicial, imperiosa a
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Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas
autarquias e fundações de direito público;
§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito
controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso
de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.
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procedência do pedido para que o ente público


forneça os medicamentos tidos como indispensáveis à
vida e à saúde da beneficiária. Exegese que se faz do
disposto nos artigos 196, 200 e 241, X, da
Constituição Federal, e Lei nº 9.908/93. APELO
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70023366537, Primeira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em
23/04/2008)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE


MEDICAMENTOS. DEVER DO ESTADO. TUTELA
ANTECIPADA. POSSIBILIDADE DE l DE VALORES
ANTE A INOBSERVÂNCIA DO PROVIMENTO
JUDICIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70023738149, Primeira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Silveira Difini,
Julgado em 07/04/2008)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO À SAÚDE.


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. DIREITO
CONSTITUCIONAL. SOLIDARIEDADE ENTRE
MUNICÍPIO E ESTADO. POSIÇÃO FIRME DA
CÂMARA E DO STJ. NEGATIVA DE SEGUIMENTO
(ART. 557, CAPUT, DO CPC). (Agravo de Instrumento
Nº 70022727697, Primeira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em
27/12/2007)

Acrescento julgado do Supremo Tribunal Federal sobre a


questão:
PACIENTES COM ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE E
DOENÇA MANÍACO-DEPRESSIVA CRÔNICA, COM
EPISÓDIOS DE TENTATIVA DE SUICÍDIO -
PESSOAS DESTITUÍDAS DE RECURSOS
FINANCEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE -
NECESSIDADE IMPERIOSA DE SE PRESERVAR,
POR RAZÕES DE CARÁTER ÉTICO-JURÍDICO, A
INTEGRIDADE DESSE DIREITO ESSENCIAL -
FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS
INDISPENSÁVEIS EM FAVOR DE PESSOAS
CARENTES - DEVER CONSTITUCIONAL DO
ESTADO (CF, ARTS. 5º, "CAPUT", E 196) -
PRECEDENTES (STF) - ABUSO DO DIREITO DE
RECORRER - IMPOSIÇÃO DE MULTA - RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO À SAÚDE
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REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA CONSTITUCIONAL


INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA.- O direito
público subjetivo à saúde representa prerrogativa
jurídica indisponível assegurada à generalidade das
pessoas pela própria Constituição da República (art.
196). Traduz bem jurídico constitucionalmente
tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira
responsável, o Poder Público, a quem incumbe
formular - e implementar - políticas sociais e
econômicas idôneas que visem a garantir, aos
cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência
farmacêutica e médico-hospitalar.- O direito à saúde -
além de qualificar-se como direito fundamental que
assiste a todas as pessoas - representa conseqüência
constitucional indissociável do direito à vida. O Poder
Público, qualquer que seja a esfera institucional de
sua atuação no plano da organização federativa
brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao
problema da saúde da população, sob pena de incidir,
ainda que por censurável omissão, em grave
comportamento inconstitucional. A INTERPRETAÇÃO
DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE
TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA
CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE.
- O caráter programático da regra inscrita no art. 196
da Carta Política - que tem por destinatários todos os
entes políticos que compõem, no plano institucional, a
organização federativa do Estado brasileiro - não pode
converter-se em promessa constitucional
inconseqüente, sob pena de o Poder Público,
fraudando justas expectativas nele depositadas pela
coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um
gesto irresponsável de infidelidade governamental ao
que determina a própria Lei Fundamental do Estado.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA, A PESSOAS
CARENTES, DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS À
PRESERVAÇÃO DE SUA VIDA E/OU DE SUA
SAÚDE: UM DEVER CONSTITUCIONAL QUE O
ESTADO NÃO PODE DEIXAR DE CUMPRIR.- O
reconhecimento judicial da validade jurídica de
programas de distribuição gratuita de medicamentos a
pessoas arentes dá efetividade a preceitos
fundamentais da Constituiçãoda República (arts. 5º,
"caput", e 196) e representa, na concreção do seu
alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à
vida e à saúde das pessoas, especialmente daquelas

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que nada têm e nada possuem, a não ser a


consciência de sua própria humanidade e de sua
essencial dignidade. Precedentes do STF. ULTA E
EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO DE RECORRER.
-O abuso do direito de recorrer - por qualificar-se
como prática incompatível com o postulado ético-
jurídico da lealdade processual - constitui ato de
litigância maliciosa repelido pelo ordenamento
positivo, especialmente nos casos em que a parte
interpõe recurso com intuito evidentemente
protelatório, hipótese em que se legitima a imposição
de multa.
A multa a que se refere o art. 557, § 2º, do CPC
possui função inibitória, pois visa a impedir o exercício
abusivo do direito de recorrer e a obstar a indevida
utilização do processo como instrumento de
retardamento da solução jurisdicional do conflito de
interesses. Precedentes. . (RE 393175 AgR,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma,
julgado em 12/12/2006, DJ 02-02-2007 PP-00140
EMENT VOL-02262-08 PP-01524)

Diante do exposto, pois, dá-se provimento ao apelo para


afastar a condenação ao pagamento das custas imputada ao Estado,
confirmando a sentença em reexame necessário.

DES. IRINEU MARIANI (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DES. CARLOS ROBERTO LOFEGO CANÍBAL - De acordo com o(a)
Relator(a).

DES. IRINEU MARIANI - Presidente - Apelação Cível nº 70029885910,


Comarca de Tupanciretã: "À UNANIMIDADE, PROVERAM E
CONFIRMARAM A SENTENÇA EM REEXAME NECESSÁRIO."

Julgador(a) de 1º Grau: VANDERLEI DEOLINDO

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