Nesse texto tentaremos passar de que forma podemos contribuir para
que as crianças que chegam ao mundo tenham uma qualidade de vida melhor que a de seus pais. Falaremos do “Banho de Linguagem”, pré-história da criança, palavras que são encontradas na história da família que antecede a mesma, a princípio tiradas do histórico de família das duas linhagens, homem e mulher, desde o primeiro encontro do casal, até o projeto de gravidez ou não. Toda família tem sua singularidade com a participação de vários membros dela. Tudo o que não foi dito nesse contexto de vida forma o inconsciente para depois se transformar em consciente dando margem a escolha da maneira que vamos viver. Esse mesmo banho de linguagem é dividido em direto: Tudo que se diz respeito ao projeto de gravidez e indireto: A história do pai e da mãe. A história desse casal que vai conceber uma criança também começa com a história de seus pais, sendo assim uma corrente. O lugar que cada um ocupou na sua determinada família vai intervir na sua maneira de se ver como Pai ou Mãe. Se não tivermos um bom posicionamento podemos criar interditos que trará grandes traumas , frustrações que causam danos enormes na vida adulta como no caso da esterilidade psicogênica que é causada por fatores inconscientes que não autorizam que essa mulher se sinta no direito de maternidade, só conseguindo se libertar depois de uma autorização externa como a adoção Em qualquer família, seja qual for nível social, etnia e cultura vai existir um lugar para cada um dos membros. Como exemplo podemos citar o irmão mais velho, caçula, o mais inteligente e etc, sendo esse lugar determinado pelas palavras do pais. Quando esse processo de ser inserido na família ocupando um lugar específico não acontece pode ocorrer o fenômeno de recém-nascidos que não engordam e que os médicos não encontram explicação para a patologia, necessitando de ajuda psicanalítica. Podemos dizer que a família intervém com uma grande parcela no que se diz respeito ao encontro com uma pessoa específica para viver uma união, marido e mulher. As palavras ditas e não ditas pelos pais abrem um leque de possibilidades para essa união, como por exemplo um encontro de cumplicidade e durável ou uma paixão passageira. Esse encontro implicará no banho de linguagem da criança que vier dessa relação. Esse casal não se entendendo bem, a criança chega ao mundo com uma missão de reparação. Essa missão fará parte de sua bagagem influenciando seu comportamento tanto para o construtivo como para o destrutivo. Graças ao jogo do Ego essa criança tem autonomia e constituirá sua vida com os recursos dados pelos pais e sua família. A palavra casal hoje tem vários modelos e não mais determina que são cônjuges. Todas as crianças são filhas de um casal, porém de diferentes tipos de casal, como por exemplo de uma cega paixão, de um adultério, e até mesmo de um verdadeiro amor como deveria ser sempre. O que importa é que qualquer que seja o modelo do casal implicará diretamente na banho de linguagem desse filho, influenciando sua vida adulta. Os filhos de pais divorciados tendem a dizer que nunca vão quere viver assim, escolhem isso conscientemente. Mas esses eventos tendem a passar de geração pra geração por ficarem registrados com marcas profundas. Nem toda história familiar é dramática, mas em todas a repetições, todavia devemos procurar ajuda de um psicanalista quando percebermos que a história é dramática para interrompermos seu ciclo. Somos portadores de nossa bagagem e na maioria das vezes não queremos que nossos filhos passem pelos mesmos eventos. Nos casos de abandono e maus tratos é bastante comum as mães que sofreram essa agressão deixarem seus filhos para adoção em anonimato, sendo assim uma forma de não dar continuidade nesse mesmo seguimento. É bem mais cômodo aceitarmos a história já inserida do que criarmos outro episódio pra ela. No caso da mãe solteira que opta por ter seu filho sem a presença do pai é o famoso filho Edípico. Na grande maioria dos casos esses filhos são criados pelos avôs , pois é a única figura masculina aceita pela mãe. O que dizer então a essas crianças? Não parece nem um pouco justo esconder a verdadeira história dela. Os pais na tentativa de poupar seus filhos acabam por esconder eventos que fogem da normalidade tais como: uma gravidez artificial, um suicídio, uma adoção e vários outros. Essa omissão as vezes é baseada na própria garantia de bem estar dos pais em não terem que ser questionados ou assistirem o sofrimento dos filhos. Mas esse sofrimento momentâneo ou durável terá uma razão conhecida, ao contrário do não dito que fará um buraco em sua vida levando a graves conseqüências. Diante dessas descobertas pode-se afirmar que toda criança tem o direito de saber sua história por mais que lhe faça sofrer naquele momento, esses eventos formulados em palavras podem encontrar um bom lugar no decorrer de sua existência. Todos esses fatos nos remete a pensar e constatar que filhos de inseminação artificial também devem saber de seu selo, pelas palavras de seus próprios pais, para que ninguém fora do círculo venha a cometer um estrago na vida dessa nova vida. Podemos falar agora um pouco sobre projeto de filho e projeto de ser pais, dois fatores distintos. Todo projeto de gravidez necessariamente precisa de três pessoas, ou três desejos como a psicanálise trata, pai , mãe e filho. Cada um depende dos outros dois para que aconteça o nascimento, esse desejo de duas pessoas quer seja consciente ou não fará parte da pré-história da criança. Vamos falar da contracepção e as falhas dela, o desejo para a psicanálise não pertence somente a vontade do consciente. Sabe-se que filhos desejados conscientemente mas que inconscientemente por algum motivo de bagagem de linguagem na história desse pai ou dessa mãe, pode evitar essa gravidez esperada. Mas essa fecundação não pode ser explicada somente com o inconsciente, mas em conjunto com o momento atual da vida de cada um dos desejos ou seja o homem e a mulher. Homens e mulheres são diferentes tanto na parte fisiológica como na psíquica, desejar um filho para um homem não tem o mesmo sentido para a mulher. Vamos começar pelo fato de que o homem tem muito mais tempo para ser pai do que a mulher para ser mãe. Hoje para se constituir uma família vários parâmetros são avaliados, principalmente pela mulher. Independência financeira é a mais importante delas, não podemos esquecer o fato de ser cada vez mais raro observar um homem que possa assumir a responsabilidade sozinho de uma família, forçando a mulher a assegurar uma posição profissional antes da maternidade. Podemos entrar na ambivalência que vem complementar tudo o que dissemos até agora de contracepção e as falhas dela. Ambivalência é o desejo de duas coisas contraditórias, como desejar ter um filho e ao mesmo tempo questionar vários fatores como, carreira, estudos, viagens e liberdades. Ou mesmo aceitar fazer um aborto quando naquele momento aquele filho era desejado, deseja o filho mas encontra muitos argumentos racionais para não tê-lo. Sermos ambivalentes trata-se de dois fatores associados, contexto histórico e inconsciência. Algumas pessoas são vítimas da ambivalência deixando que todas as decisões sejam tomadas por dúvidas. O banho de linguagem do homem e da mulher que juntos formam um casal pode influenciar nesse desenvolvimento dessa ambivalência. Pode-se afirmar que esse desejo de ter filhos vem de referências familiares, parentais e sociais. E quando ambos, homem e mulher submergiram de uma linhagem semelhante a possibilidade de acertos aumenta muito. O projeto de ser pai também vai de encontro com o contexto em que fomos criado, como eram nossos pais e outros modelos parentais. Trataremos agora das diferenças e aceitações que devemos ter dentro de um projeto de ser pais. Cada indivíduo cria dentro do seu consciente um molde para a pessoa que vai juntamente com ela conceber um filho. Cria um sonho e uma expectativa que talvez venha trazer sofrimento e traumas quando não correspondidos. Pode-se observar que ao longo da vida conjugal cada membro evolui em direções diferentes. Cada filho do casal poderá se inserir na linhagem que mais se identificar como no caso do primogênito que segue a linhagem do pai e o segundo filho opta pelas tradições da mãe. Cada filho é singular porque cada gravidez tem o seu próprio significado surgindo nem determinado momento da vida do casal. Essa questão de lugar específico na família por muitas vezes gera sofrimento e dor por motivos de alguns membros da família não elaborarem bem um evento traumático. A gravidez tem um significado, consciente ou inconsciente, tendo como projeto reparar alguma coisa ou preencher um vazio causado por desaparecimento ou morte. Essa criança já vem ao mundo até mesmo com o mesmo nome da pessoa que supostamente vai ocupar o lugar, chegando as vezes com uma missão dentro da família de comandar os negócios do pai ou seguir a carreira de bailarina por imposição da mãe. Cada um vai lidar com essa missão conforme sua criatividade, seus dotes e talento e não necessariamente vai seguir o que os pais determinarem. Existem projetos mais tristes e sérios como de uma criança que vem ao mundo para salvar com sua medula um irmão. Nessas situações difíceis a palavra tem importância primordial para que essa criança não se sinta como simples objeto de salvação. Precisa ser dito que o quanto ele é importante e como foi desejado. Agradecer por ter vindo com saúde e ter aceito a missão de ajudar os médico a salvar seu irmão. Isso será fundamental para a fase adulta dessa criança e na relação com seu irmão. Na pré-história do filho é necessário incluir a sexualidade dos pais com a finalidade de tornar possível que sua própria vida sexual seja segura com seu parceiro na fase determinada e correta. Todas as informações da vida sexual dos pais vão abastecer o inconsciente do filho com palavras boas ou não, determinando sua conduta na vida adulta. Outro fator muito importante na vida de uma criança que vai chegar é abordar o dia da concepção e qual o contexto para chegar nesse dia marcante, diante dessa hipótese, o que pensar dos bebês de proveta, quais seriam seus sentimentos ao dia de sua concepção. Nunca poderá ser generalizado o fato de concepção influenciar direta ou indiretamente no modo de ver a vida. Muitas dessas crianças programadas são muito mais felizes e equilibradas do que outras concebidas na noite de lua de mel, devemos lembrar que a história precede cada um de nós e nos influencia, mas a história continua a ser escrita todos os dias. Agora só nos falta mencionar a esterilidade e seus desdobramentos. A esterilidade por muitas das vezes advêm de razões inconscientes das quais só vão ser identificadas com ajuda profissional psicanalítica. Quando um casal é estéril o primeiro alvo é a mulher até por uma imposição cultural. Para as mulheres existem dois tipos de esterilidade, as explicáveis sendo classificadas organicamente e só sendo superada com técnicas de procriação e as inexplicáveis, chamadas de psicogênicas. Ambas têm uma trajetória penosa, cheia de angustia e decepções assim como de expectativas e esperanças. Esse filho virá ao mundo marcado por esse selo, e os pais terão que resistir bravamente para não educar essa criança de maneira errada , mimando e protegendo demais. O passo mais importante desses pais é ter as palavras certas para que o banho de linguagem dessa criança seja construtivo. Nunca omitir os fatos, sempre ter respostas para os questionamentos e nunca o silêncio. Conclui-se que a esterilidade seja do homem ou da mulher, o impacto da história e o desejo inconsciente são determinantes para que ela exista e seja vencida. Nesse texto podemos conhecer um pouco das várias maneiras que a criança pode ser protegida de futuros traumas e sofrimentos, que toda a nossa história vem de muito tempo atrás, já quando nossos pais eram criados pelos seus pais.Esse poderoso banho de linguagem que forma toda inconsciência e passa a consciência de forma construtiva ou destrutiva para a vida adulta do homem. Palavras representativas do contedo do trabalho, escolhida, preferencialmente, em vocabulário controlado. As palavras devem ser separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SZEJER, M; STEWART, RICHARD; “Nove Meses na Vida da Mulher” , Uma
abordagem psicanalítica da gravidez e do nascimento: Ed Casa do Psicólogo.