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Documento de sessão
FINAL
A5-0031/2002
6 de Fevereiro de 2002
RELATÓRIO
sobre as consequências económicas dos atentados de 11 de Setembro de 2001
(2001/2240(INI))
RR\461126PT.doc PE 307.464
PT PT
PE 307.464 2/17 RR\461126PT.doc
PT
ÍNDICE
Página
PT
PÁGINA REGULAMENTAR
PT
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO
O Parlamento Europeu,
B. Considerando que os problemas económicos existentes têm, na sua maioria, outras causas,
subitamente tornadas patentes e intensificadas pelos acontecimentos de 11 de Setembro,
C. Considerando que a insegurança geral concitada pelo medo de novos atentados terroristas
contribuiu para um agravamento contínuo do clima de consumo e de investimento,
2. Salienta que, graças à União Monetária, a Europa se encontrou, pela primeira vez,
habilitada a adoptar uma posição comum para fazer face a abalos externos;
PT
3. Exorta todas as Instituições europeias a responderem ao repto de 11 de Setembro mediante
a aceleração da integração e aplicação das reformas económicas e estruturais, bem como
das reformas das políticas do emprego e dos assuntos sociais, no intuito de melhorar a
capacidade de acção da União Europeia;
5. Insta a que a Cimeira em Barcelona lance uma nova ofensiva em termos de crescimento e
inovação, a fim de estimular o crescimento, o investimento e o emprego mercê de um
optimismo conjuntural justificado;
12. Solicita aos Estados-Membros que não respondam aos atentados terroristas com regimes
de ajudas ultrapassados nem com o regresso a programas conjunturais emanados do
Estado, apostando, sim, no reforço do princípio ordenador da economia ecológica e social
de mercado;
PT
sejam as companhias aéreas, de auxílios estatais geradores de distorção da concorrência,
uma vez que tal poderia conduzir ao agravamento dos sintomas de crise nas empresas
estabelecidas na UE;
14. Acolhe com satisfação as medidas acordadas entre o Banco Central Europeu e a Reserva
Federal dos Estados Unidos em matéria de taxas de juro e de liquidez como reacção
directa aos atentados, medidas essas que permitiram obviar a uma iminente crise
financeira;
15. Espera que o BCE - cuja independência respeita - tire partido de todas as margens de
manobra de que disponha para novas reduções das taxas de juros, como incentivo ao
investimento;
16. Apela à Comissão e aos Estados-Membros para que logrem uma solução duradoura para o
problema do seguro contra riscos associados a conflitos bélicos e ao terrorismo;
17. Insta a Comissão a assumir, neste contexto, uma função de coordenação, por forma a que
o problema do seguro seja regulado por princípios europeus uniformes;
18. Preconiza, neste contexto, que seja igualmente examinada a questão da cobertura da
actividade industrial por seguro contra danos causados pelo terrorismo;
19. Considera, neste contexto, que não se trata de transferir para o Estado e, por conseguinte,
para o contribuinte, riscos privados, mas sim de complementar os regimes de seguros e
resseguros privados quando a dimensão e a possibilidade de cálculo dos riscos superem a
capacidade dos regimes privados;
21. Advoga que os referidos regimes apenas devem ser accionados em casos excepcionais
claramente delimitados, o que pressupõe uma definição inequívoca dos actos terroristas
que deverão ser abrangidos;
22. Sustenta que, para completar e coordenar as iniciativas nacionais e, sobretudo, assegurar
um adequado nível de protecção dos riscos transfronteiriços, se revela necessária uma
solução a nível europeu; solicita, por conseguinte, à Comissão que apresente uma
estratégia concertada a nível internacional, visando obstar a distorções da concorrência a
longo prazo;
23. Solicita à Comissão que continue a autorizar auxílios estatais a favor de linhas aéreas e de
aeroportos, desde que os mesmos sejam exclusivamente utilizados para fins de superação
de dificuldades originadas pela denúncia, efectuada por seguradoras comerciais, de
apólices de seguro contra riscos de terrorismo;
24. Assinala que o sucesso de uma aliança mundial contra o terrorismo depende, sobretudo,
da capacidade da União Europeia e dos seus Estados-Membros de associarem os Estados
vizinhos às estratégias de política económica e estrutural e, por conseguinte, de
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promoverem, designadamente, as reformas económicas e sociais necessárias na Europa
Central e Oriental mercê da cooperação e da ajuda acordadas;
26. Recorda o seu apoio à instituição de normas sociais justas aplicáveis à actividade
económica e o compromisso por si assumido de participar nos esforços destinados a
combater a exploração dos trabalhadores em todo o mundo; salienta o papel fundamental
que, neste domínio, cabe desempenhar à OMC, à Assembleia parlamentar da OMC - cuja
criação cumpre promover - e à OIT, bem como a necessidade de estas organizações
implementarem efectivamente um programa de trabalho conjunto;
27. Insta a Comissão a intensificar, em consonância com os parceiros sociais, os seus esforços
tendentes à adopção de um Livro Branco conciso sobre a responsabilidade social das
empresas durante a actual Presidência espanhola da União Europeia;
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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Os atentados de 11 de Setembro abalaram o mundo ocidental, uma vez que, até então, actos
terroristas desta amplitude só eram concebíveis, quando muito, no domínio da ficção
científica. Simultaneamente, a economia mundial vivia uma fase crítica, caracterizada por
uma nítida quebra de crescimento na maior parte dos países industrializados. Embora pouco
mais se possa reconhecer do que apenas indícios dos efeitos a nível político e económico que
se farão sentir gradualmente e a longo prazo, os responsáveis políticos têm a obrigação de
reflectir sobre o que aconteceu, fazer um primeiro balanço, analisar as possíveis
consequências políticas e traduzi-las numa linguagem clara.
PT
interna irão aumentar e terão de ser financiadas através de um maior endividamento das
finanças públicas ou através de cortes noutras áreas. A consolidação das finanças públicas na
zona euro irá temporariamente sofrer atrasos, muito embora estes se façam sentir com maior
ou menor intensidade nos diferentes Estados-Membros. Apesar da débil situação conjuntural,
tal afigura-se defensável, cumprindo, por conseguinte, adoptar medidas correspondentes,
desde que se reportem a receitas fiscais mínimas ou a despesas inadiáveis relativas à
segurança interna e à defesa. Todavia, estas despesas não poderão servir para justificar
desvios ao pacto de estabilidade e crescimento.
Os Estados-Membros deverão opor-se com determinação às exigências formuladas pelos
agentes económicos e por alguns políticos que reclamam a concessão de ajudas estatais
maciças e a aplicação de programas conjunturais destinados a atenuar as consequências dos
atentados de 11 de Setembro. No passado, os programas conjunturais ad hoc de curto prazo
revelaram-se pouco eficazes, acabando por contribuir apenas para um aumento do
endividamento público. Todas as medidas desta natureza constituirão um retrocesso no
sentido do intervencionismo estatal e devem ser encaradas com cepticismo. Os
Estados-Membros da UE dispõem de uma reduzida margem de manobra a nível financeiro e
seria fatal se se verificasse o desmoronamento da estabilidade política em resultado do 11 de
Setembro, porque tal comprometeria seriamente os árduos esforços de consolidação
desenvolvidos nos últimos anos. Esta constatação de princípio não constitui uma recusa de
assumpção da co-responsabilidade política pela criação de condições gerais político-
económicas, nem tão pouco uma recusa de adopção das necessárias iniciativas políticas com
base e para efeitos de aplicação dos pactos e programas europeus. Assim sendo, a resposta da
política europeia ao 11 de Setembro deverá centrar-se, pois, na melhoria do quadro de
investimento e da competitividade internacional, através da aceleração das reformas
estruturais e da aplicação empenhada do processo de Lisboa. A realização do mercado interno
a nível das mercadorias e dos serviços, a integração dos mercados financeiros europeus,
mediante a rápida aplicação do plano de acção financeiro e a eliminação dos impasses
estruturais do mercado de trabalho são algumas das medidas que devem ser implementadas. A
reorientação dos orçamentos públicos para uma diminuição das despesas correntes e para um
reforço dos investimentos em infra-estruturas, nos quais se incluem as despesas nos sectores
do ensino e da formação, bem como nos da investigação e do desenvolvimento, poderia gerar
impulsos sustentados de promoção do crescimento e do emprego, bem como impulsionar a
conjuntura do mercado interno e reforçar o papel da UE no quadro da concorrência mundial.
O Banco Central Europeu reagiu muito bem aos acontecimentos. Graças à rápida descida dos
juros, em consonância com a Reserva Federal americana, e ao aumento da liquidez
disponível, conseguiu evitar uma crise financeira internacional. Devido, em parte, às novas
descidas dos juros da Reserva Federal e do Banco Central Europeu, os mercados accionistas
internacionais conseguiram recuperar os níveis que registavam no início de Setembro.
Recorda-se, no entanto, que as descidas dos juros contribuem para gerir a crise a nível
psicológico, mas nunca apresentam resultados políticos reais antes de um ano. Existe, pois,
um grande risco de estas descidas de juros do Banco Central se diluírem nos mercados
accionistas. Verifica-se ainda o perigo de ser criada uma nova bolha especulativa, bem como
potenciais riscos, a longo prazo, nos preços para o consumidor, em consequência de um
aumento excessivo da massa monetária. O Banco Central Europeu deveria, no entanto, com
base na sua independência, tirar partido da margem de manobra conseguida e cuja aplicação
se espera para breve no respeitante a novas descidas das taxas de juro como impulso nos
domínios do investimento e conjuntural.
PT
De momento, tudo aponta no sentido de que para que os efeitos negativos dos atentados
terroristas de 11 de Setembro sobre a economia europeia estejam controlados. Não obstante,
tal não significa que possamos descurar a situação.
Agora é importante haver coragem para exigir uma Europa mais actuante nas áreas em que ela
revelou maior fragilidade. A lição a tirar dos atentados - sem esquecer a tragédia humana que
representaram - deverá ser utilizada para reforçar o papel político da Europa, o mercado
interno no quadro da concorrência económica mundial e o euro. Necessitamos de uma
economia forte, com menor intervenção do Estado e maior participação do mercado, na linha
do modelo da economia social de mercado que contempla igualmente requisitos ambientais. O
crescimento e o emprego, no quadro do pacto de crescimento e de estabilidade, bem como a
aplicação do processo de Lisboa, deverão continuar a ser critérios absolutamente prioritários.
Urge ainda centrar a actuação nos sectores que se vêem confrontados com desafios especiais
desde o 11 de Setembro e para os quais importa encontrar rapidamente soluções europeias.
Alguns desses sectores são constituídos pelas seguradoras, pelo turismo e pelas companhias
aéreas europeias.
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totalidade do risco concentrada a nível da empresa. Tal conduziria, para além disso, a um
enfraquecimento das empresas do ponto de vista técnico-financeiro.
Não obstante, apesar das módicas tarifas aplicáveis às viagens para a Europa, os turistas de
outros continentes não tiram das mesmas pleno partido.
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Uma publicidade concertada que assinale, quer a segurança dos destinos europeus, quer o
factor de diversão e de repouso, a par da promoção de sólidas parcerias (linhas aéreas,
agências de viagens, promotores) revelam-se, por conseguinte, necessárias para reconduzir a
Europa ao seu papel de destino de férias favorito.
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24 de Janeiro de 2002
PROCESSO
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BREVE JUSTIFICAÇÃO
Introdução
Deveria ser elaborado e implementado um Plano Marshall Global para ajudar a eliminar as
disparidades sociais entre ricos e pobres. O Parlamento Europeu poderá desempenhar um
papel importante neste contexto, fornecendo os estudos e o apoio político necessários.
A questão dos direitos humanos, em particular, passou a ocupar, uma vez mais, o topo da
agenda política. Tal aplica-se à maior parte dos domínios do debate político, incluindo as
relações comerciais.
A fim de alcançar uma paz durável e uma prosperidade sustentável, é essencial uma política
coerente e sem critérios duplos no domínio dos direitos humanos. A União Europeia deverá
assumir um papel de primeiro plano na consecução deste objectivo. Na era da globalização, a
promoção e aplicação da universalidade dos direitos humanos deve constituir uma tarefa
prioritária tanto para o sector económico como para as empresas transnacionais. Os decisores
políticos podem facilitar esta tarefa, assumindo a responsabilidade pela tomada de decisões.
Neste contexto, é importante estabelecer uma interligação entre direitos humanos e sociais e
as actividades comerciais e de investimento nos países em desenvolvimento, uma tendência
que tem sido preconizada por ONG, sindicatos e pelo Parlamento Europeu.
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O poder para induzir todas as mudanças necessárias encontra-se nas mãos dos Estados Unidos
e da União Europeia. Em 2000, a União Europeia e os Estados Unidos responderam por nada
menos do que 33% das exportações mundiais totais e por 41,5% das importações mundiais de
mercadorias. Do mesmo modo, responderam, em conjunto, por mais de 50% das exportações
mundiais e por 45% das importações mundiais de serviços comerciais.
A União Europeia foi o maior investidor estrangeiro, com 50% dos fluxos do investimento
estrangeiro directo em 2000, a nível mundial. Cerca de metade do investimento estrangeiro
directo dos 15 Estados-Membros da UE em países terceiros em 1999 foi canalizado para os
Estados Unidos. No entanto, o investimento conjunto da União Europeia com os Estados
Unidos, no final de 1999, era de 2.312,6 mil milhões de euros, o que corresponde
aproximadamente a 80% do total mundial.
Se considerarmos os mercados de capitais dos Estados Unidos e da União Europeia,
concluiremos que o mundo inteiro está assente em dois pólos: os Estados Unidos e a União
Europeia, responsáveis por cerca de 85% dos fluxos mundiais de capitais. Mais
concretamente, 80% das transacções do mercado monetário dizem respeito a investimentos
comerciais, estando 84% desse volume localizado nos Estados Unidos e na União Europeia. O
volume correspondente aos países da União Europeia atingiu mais de 27.000 mil milhões de
dólares US no final de 1995, montante esse que era aproximadamente da mesma ordem de
grandeza do PIB mundial (94% do PIB mundial). O mercado financeiro interno da União
Europeia não só é o maior do mundo, como também opera de forma muito activa em todas as
partes do mundo.
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CONCLUSÕES
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