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CAPA

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO I


Professor Wilton Silva Costa

Atenção: Este material não substitui a leitura doutrinária. É um material de apoio didático,
que deve necessariamente ser complementado com as explicações das aulas e com
o estudo da doutrina/legislação.

Caso seja verificado algum erro material ou interpretativo, solicitamos que


informem ao professor orientador, para que possamos produzir uma “errata” e
divulgar.

Abaixo disponibilizamos a relação de obras utilizadas.

BIBLIOGRAFIA:
BARBOSA, Rui, Oração aos Moços, Ed. Casa de Rui Barbosa
Obra disponível para download gratuito no site: http://www.casaruibarbosa.gov.br/

Obs.: Oração aos Moços é o “discurso de Rui Barbosa preparado para os formandos de 1920 da Faculdade
de Direito de São Paulo, dos quais foi o paraninfo. Uma das mais brilhantes peças produzidas pelo jurista,
síntese de sua maturidade intelectual, discorre sobre o papel do magistrado e a missão do advogado”.

* A BIBLIOTECA DA UNISUAM TEM EXEMPLARES DE TODAS AS OBRAS ABAIXO 

CARRION, Valentin, Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, Ed. Saraiva

COSTA, Coqueijo, Direito Processual do Trabalho, Ed. Forense

GIGLIO, Wagner V. e CORREA, Cláudia Giglio V., Direito Processual do Trabalho, Ed. Saraiva

GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson, Curso de Direito do Trabalho, Ed. Forense

GUSMÃO, Paulo Dourado de, Introdução ao Estudo do Direito, Ed. Forense

LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Curso de Direito Processual do Trabalho, Ed. LTR

MARTINS, Sérgio Pinto, Direito Processual do Trabalho, Ed. Atlas

SAAD, Eduardo Gabriel, Curso de Direito do Trabalho, Ed. LTR

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1ª Parte

“O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias,
que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no
espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas
transformador reflexivo de aquisições digeridas”.
(Rui Barbosa, Oração aos Moços)

1. ASPECTOS GERAIS

DIREITO – Conforme Paulo Dourado Gusmão, a expressão direito vem do latim “directum”, correspondendo
à idéia de regra, direção, sem desvio. O Direito assume diversas faces na sociedade que o criou, sendo
instrumento de controle social, visando a prevenção, a composição dos conflitos de interesse, a promoção
da ordem, da segurança e da justiça.

DIREITO MATERIAL – relativo à determinada matéria jurídica, descrevendo o direito propriamente dito, p.
ex., da criança e do adolescente, dos trabalhadores, etc.

DIREITO PROCESSUAL – princípios e normas que dispõem sobre a atividade jurisdicional, que é o poder-
dever do Estado-Juiz de compor/solucionar o conflito, dizendo o direito material aplicável.

JURISDIÇÃO – A jurisdição, em regra, é inerte, devendo ser provocada pelas partes que compõe a relação
jurídica processual. A peça inaugural de um processo é a petição inicial. Segundo Coqueijo Costa, o processo
é instrumento da jurisdição, ressaltando ainda o mesmo autor que “não há jurisdição sem processo, nem
processo sem ação, nem ação sem autor”.

2. ASPECTOS HISTÓRICOS - SURGIMENTO DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

“Nenhum jurista pode dispensar o contingente do passado a fim de bem compreender as instituições
jurídicas dos dias atuais”. Waldemar Ferreira, segundo citação de Sérgio Pinto Martins.

O TRABALHO ERA ATRIBUIÇÃO DOS ESCRAVOS → AS ATIVIDADES ERAM


ARTESANAIS → COM A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AS ATIVIDADES ARTESANAIS
PERDERAM ESPAÇO → OCORREU UM AUMENTO DA MÃO DE OBRA DISPONÍVEL →
SURGE O DESEMPREGO E A CONSEQUENTE DIMINUIÇÃO DOS SALÁRIOS

Para Wagner Giglio, a reunião dos trabalhadores em grandes fábricas facilitou-lhes a comunicação,
proporcionando a conscientização da identidade dos problemas básicos que os atingiam. Neste cenário,
surgem os primeiros conflitos e as primeiras mobilizações dos trabalhadores visando melhoria dos salários e
das condições de trabalho, ocasionando as primeiras greves. A greve surgiu como um instrumento de
autodefesa do trabalhador e não tinha nenhuma regulamentação.

A atuação do Estado perante os conflitos passou por algumas fases:

a) Conciliação espontânea – No início, o Estado manteve-se inerte. Era um espectador aguardando


uma possível conciliação espontânea entre as partes (empregados e empregadores).

b) Tentativa de conciliação obrigatória - As greves diminuíam a produção, diminuindo, por


conseguinte, a arrecadação de impostos, o que gerava prejuízos para o Estado, que resolveu agir,
fazendo sua primeira intervenção na tentativa de auxiliar a composição dos conflitos trabalhistas,
ordenando as partes uma conciliação obrigatória, o que, entretanto, não produziu resultados
satisfatórios.

c) Mediação – Em um segundo momento o Estado começou a intervir como mediador, buscando ainda
que as partes chegassem a uma conciliação. Posteriormente, chega a fase em que o Estado nomeia
um árbitro para decidir/julgar o conflito, sendo coercitiva a referida decisão.

Este formato é a gênese do Direito Processual do Trabalho, como forma de solucionar os conflitos
trabalhistas. Wagner Giglio coloca que, segundo esta gênese, o Direito Processual do Trabalho teria nascido

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antes do Direito Material do Trabalho, pois, ainda não existiam as garantias trabalhistas, mas já se
construíam as regras procedimentais para compor o conflito de interesses.

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3. EVOLUÇÃO NO BRASIL (RESUMO)

1922 - No Brasil, a primeira experiência de um órgão especial surgiu no estado de São Paulo em 1922, com
a criação dos Tribunais Rurais, que eram compostos pelo Juiz de Direito da Comarca, um representante dos
trabalhadores e um representante dos fazendeiros. Na prática, estes tribunais rurais não obtiveram
resultados satisfatórios.

1930 – A Revolução prometia uma profunda reforma, Getúlio Vargas promulgou em pouco tempo um grande
número de leis trabalhistas.

1932 – Criação das Juntas de Conciliação e Julgamento para dirimir dissídios individuais (Decreto-Lei 22.132
de 25/11/32) e criação das Comissões Mistas de Conciliação para dirimir dissídios coletivos (Decreto-Lei
21.396 de 12/05/32), ambos eram órgãos administrativos que não tinham competência para executar os
seus próprios julgados, estando sob a autoridade do Ministério do Trabalho e da justiça comum.

1934 – A Constituição de 1934 institui a Justiça do Trabalho, com competência para compor os conflitos
trabalhistas, entretanto, esta não constava no artigo 122 como órgão do Poder Judiciário.

1937 – A Constituição de 1937 manteve a Justiça do Trabalho como um órgão administrativo, esta ainda
não compunha o Poder Judiciário.

1941 – O Decreto-Lei 1237 de 02/05/39, que passou a vigorar a partir de 01/05/1941, organiza a Justiça do
Trabalho como órgão autônomo. A competência foi ampliada e esta já poderia executar os seus julgados.

1943 – O Decreto-Lei 5452 de 01/05/1943 aprova a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT.

1946 – Finalmente, na Constituição de 1946, a Justiça do Trabalho passa a integrar formalmente o Poder
Judiciário.

4. CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Sérgio Pinto Martins


“Direito Processual do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições destinado a regular a
atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais ou coletivos, pertinentes a relação de
trabalho.

Carlos Henrique Bezerra Leite


“Direito Processual do Trabalho é o ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de normas,
princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos
individuais, coletivos e difusos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho,
bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõe a Justiça do Trabalho”

5. AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Segundo Wagner Giglio, a autonomia de um ramo jurídico exige institutos, princípios e fins próprios.
A autonomia não significa independência total, assumindo faces distintas, conforme abaixo:

AUTONOMIA LEGISLATIVA – um bom número de diplomas jurídicos legais específicos.

AUTONOMIA JURISDICIONAL – existência de órgãos jurisdicionais especiais, encarregados de dirimir os


conflitos.

AUTONOMIA DIDÁTICA – divisão que visa facilitar a transmissão dos conhecimentos (no caso a criação da
Disciplina Direito Processual do Trabalho nas Universidades).

AUTONOMIA DOUTRINÁRIA – grande número de estudiosos dedicados a pesquisas e publicações no ramo


jurídico.

AUTONOMIA CIENTÍFICA – Seria resultante do conjunto de autonomias acima descritas.

5.1 - AS TEORIAS MONISTA E DUALISTA

TEORIA MONISTA – Entende que o Direito Processual se subdivide em Processual Penal e em


Processual Civil (não penal), sendo subespécies do Processual Civil, p.ex., o Processual do Trabalho e

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o Processual Eleitoral. Valentin Carrion assevera que as subespécies aqui referidas têm em comum a
Teoria Geral do Processo.

TEORIA DUALISTA – Admite a autonomia do Direito Processual do Trabalho, segundo o que aqui
estamos discorrendo.

Concluindo, conforme Giglio, o Direito Processual do Trabalho ainda carece de autonomia plena nos
aspectos legislativo e didático. Entretanto, ele frisa que a evolução social é lenta, sendo esta carência retrato
desta lentidão e não da falta de autonomia. Para ele, o Processo do Trabalho apresenta características
próprias e inconfundíveis, distintas daquelas que identificam o processo civil. O referido autor entende que o
Processo do Trabalho foi pioneiro e serviu de laboratório experimental para novas conquistas processuais
que foram adotadas pelos processos civil e criminal, citando como exemplo os princípios da oralidade, da
gratuidade e da celeridade.

Bezerra Leite, demonstra uma preocupação com relação à referida autonomia, pois, recentemente, a
Justiça do Trabalho teve sua competência ampliada, passando a compor conflitos que não são
necessariamente regulados pelo Direito Material do Trabalho. Este item será melhor entendido quando
estudarmos COMPETÊNCIA.

Vale conhecer a lição de Coqueijo Costa sobre a autonomia do Direito Processual do Trabalho, “ele é
e deve ser autônomo, pois não há direito especial sem juiz próprio, sem matéria jurídica especial e sem
direito autônomo. Tem relações jurídicas, princípios e métodos próprios”.

6. PRINCÍPIOS

Princípios são, segundo Miguel Reale, enunciações normativas de valor genérico, que condicionam
e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação e integração, quer para a
elaboração de novas normas. É o mandamento nuclear de um sistema; verdadeiro alicerce dele.

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma.

É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão de um princípio


atingido, porque representa a insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais,
contumália irreversível a seu arcabouço e corrosão de sua estrutura mestra.

Princípio não revoga princípio; antes se harmonizam – o da Razoabilidade, proporcionalidade ou


ponderação de bens.

Os princípios exercem tríplice função:

a) Informativa – ao legislador;

b) Interpretativa – ao aplicador do direito (hermenêutica); e

c) Normativa – ao aplicador do direito – Tanto pode ser utilizado na solução dos casos concretos
mediante a derrogação de uma norma por um princípio (princípio da norma mais favorável),
quanto de forma indireta, por meio de integração do sistema nas hipóteses de lacuna (CPC –
artigo 128).

7. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS

7.1 – Princípio da isonomia ou igualdade – art. 5o, caput da CRFB/88.


Segundo o qual todos são iguais perante a Lei, sem distinção de cor, raça, condição social, estado
gravídico, opção sexual e etc.
No dizer de Rui Barbosa, “é imperioso tratar iguais com igualdade e desiguais com desigualdade na
exata medida em que se desigualam, porque tratar iguais com desigualdade e desiguais com igualdade é
desigualdade flagrante e não igualdade real”.

EXCEÇÕES: Ministério Público, Defensoria Pública e Fazenda Pública (Prazos, Custas e Duplo grau de
jurisdição necessário)

7.2 – Princípio do contraditório – art. 5O, LV da CRFB/88.


Segundo o Professor Bezerra Leite, este princípio é de mão dupla, isto é, implica dizer que a
bilateralidade da ação gera a bilateralidade do processo, contemplando autor e réu.

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7.3 – Princípio da ampla defesa – art. 5º, LV da CRFB/88.
O princípio da ampla defesa pode ser visto como um complemento do princípio do contraditório, mas
vale ressaltar que estes são diversos. A ampla defesa é garantia do réu, não tendo a conotação de
bilateralidade que vimos no contraditório. Para a formação da relação jurídica processual é necessário o
chamamento do réu ao juízo para, se desejar, defender-se, gozando este da garantia de poder excepcionar,
contestar, recorrer ou deduzir toda a prova de seu interesse.

7.4 – Princípio da imparcialidade do juiz – art. 93, IX da CRFB/88.


Com o monopólio da jurisdição pelo Estado, saltaria aos olhos a existência de juízos suspeitos. O
Estado-juiz, ao exercer a jurisdição, deverá agir com absoluta imparcialidade. O princípio da imparcialidade
implica repúdio aos juízos secretos de caráter inquisitivo, como ocorre, por exemplo, no caso do inquérito
policial.
Como conseqüência desse princípio, nasce outro, o princípio constitucional da obrigatoriedade da
motivação das decisões judiciais.

7.5 – Princípio da motivação das decisões – art. 93, IX da CRFB/88.


Todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, ou seja, todas as decisões dos juízes devem
conter as explicações para aquela decisão e seus fundamentos.

7.6 - Princípio do devido processo legal – art. 5º, LIV da CRFB/88.


É a base sobre a qual todos os outros princípios se sustentam. Ninguém será privado de sua
liberdade ou de seus bens, sem o devido processo legal.

Assenta-se no trinômio: VIDA  LIBERDADE  PROPRIEDADE.

Deste princípio decorrem outros, p.ex., o do Juiz Natural, do promotor natural e do duplo grau de
jurisdição.

7.6.1 – Princípio do Juiz Natural – art. 5º, LIII, da CRFB/88


Garante que o Tribunal tem que preexistir ao fato; ou seja, que o juiz tem que existir antes
que o fato ocorra. Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

7.6.2 – Princípio do Promotor Natural – art. 5º, XXXVI e LVIII, 127 e 129, I, da CRFB/88
Existe por analogia ao princípio do Juiz Natural. Conforme Bezerra Leite, “assenta-se nas
cláusulas da independência funcional e da inamovibilidade dos membros da instituição”, significando
que o jurisdicionado tem a garantia de que, caso seja processado, o será por autoridades
competentes e previamente estabelecidas.

7.6.3 – Princípio do Duplo Grau de Jurisdição – art. 5º, XXXV da CRFB/88


Garante a parte que ainda sentir-se injustiçada, o direito de ter reexaminada a decisão,
podendo o Tribunal mantê-la, anulá-la ou reformá-la total ou parcialmente.
Alguns doutrinadores consideram que o duplo grau de jurisdição não tem status de princípio
constitucional.

7.7 – Princípio do acesso à justiça ou da inafastabilidade da jurisdição ou indeclinabilidade da


jurisdição – ver art. 5º, XXXV da CRFB/88.
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Este princípio consagra que ninguém pode impedir o acesso de outrem à justiça para deduzir uma
pretensão insatisfeita ou resistida.

7.8 – Princípio da razoabilidade da duração do Processo – art. 5o, LXXVIII, da CRFB.


Este inciso foi acrescentado pela EC 45/2004, surgindo um novo princípio fundamental para o
sistema processual – “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”

8. PRINCÍPIOS COMUNS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AO DIREITO PROCESSUAL DO


TRABALHO

8.1 - Princípio dispositivo ou da demanda – art. 2º do CPC


O poder de provocar a tutela jurisdicional foi entregue a própria parte interessada; portanto,
nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer.

No Direito Processual do Trabalho este princípio comporta algumas exceções:

1a – A execução promovida ex officio pelo Juiz (art. 878 da CLT).

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2a – Reclamação para anotação de CTPS (nos termos do art, 39 da CLT).

3a – A ação do Ministério Público do Trabalho no dissídio de greve quando ocorrida em atividades


essenciais.

8.2 - Princípio inquisitivo ou do impulso oficial - art. 262 do CPC.


O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Isto é, o
Juiz deve prestar a jurisdição de acordo com o ordenamento jurídico.

8.3 - Princípio da Instrumentalidade das formas - arts. 154 e 244 do CPC.


Vimos em Coqueijo Costa que, o Processo é um instrumento da Jurisdição. Logo, o principio da
instrumentalidade, também chamado de princípio da finalidade, diz que, ainda que o ato praticado esteja de
forma diversa ao determinado pela norma, se este preencher a finalidade a que se destina e não estiver
maculado pelo vicio de nulidade, torna-se válido.

8.4 - Princípio da impugnação específica – art. 302 do CPC.


Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial
(exordial). A inobservância deste princípio deságua na presunção de serem verdadeiros os fatos não
impugnados.

EXCEÇÃO: Não se aplica este princípio ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério
Público, que podem promover a defesa, em tais hipóteses, por negativa geral.

8.5 - Princípio da estabilidade da lide – arts. 41, 264 e 294 do CPC e 846 e 847 da CLT.
Uma vez que o autor já propôs a ação com os seus pedidos em juízo, e o réu já foi citado para se
pronunciar, não poderá mais o autor modificar sua pretensão sem anuência do réu e, depois de ultrapassado
o momento da defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes.

8.6 - Princípio da eventualidade – art. 300 do CPC.


Pelo princípio da eventualidade, toda a matéria, quer seja de ataque ou defesa, deve ser alegada no
início, ou seja, para o autor na exordial e para o réu na contestação.
O juiz admitirá novas inserções se surgirem novas provas, entendendo-se por novas àquelas que
não existiam ao tempo da inicial ou da contestação.

8.7 - Princípio da Preclusão – art. 245 do CPC.


Qualquer processo tem uma seqüência lógica, é o andar para frente, sem retorno a etapas ou
momentos processuais já vividos.
Preclusão quer dizer a perda do direito de praticar o ato processual.

Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos
autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem
prevalece a preclusão, provando a parte legítimo impedimento.

É via de regra o princípio da oralidade, se o autor ou réu, perceber que ocorreu alguma
irregularidade pede ao juiz para consignar em ata o seu protesto.
As decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato, salvo as terminativas de feito. As
consignações em ata servirão para um recurso mais na frente, se não protestar ocorrerá a preclusão.

São seis os tipos de preclusão:

Preclusão Lógica
Está precluso o direito ao ato que, se praticado, ofenderia a lógica das partes. Ou seja, estaria em
desconformidade, em contradição, com um outro anteriormente praticado.

Ex: artigo 806 da consolidação: “É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando
já houver oposto exceção de incompetência”. (Dá-se o conflito de jurisdição quando dois juízes
declararem-se competentes ou incompetentes).

Preclusão Temporal
É a perda do direito de praticar o ato processual pelo decurso do tempo. Ou seja, a parte não
praticou o ato processual no prazo legalmente previsto, ou se o pratica, o faz extemporaneamente.

Ex: Perda do prazo para interposição de recurso.

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Preclusão Consumativa
Ocorre quando o ato já se integralizou, já se consumou. Uma vez praticado o ato, a parte não
poderá fazê-lo novamente.

Ex: O prazo para interposição do recurso ordinário é de 8 dias. A parte interpôs o recurso no quinto
dia. Mesmo faltando três dias para expirar o prazo total a que teria direito, não pode praticar o ato
novamente, para corrigir um erro material (por exemplo), pois este já se consumou no 5º dia.

Preclusão Ordinatória
Conforme Bezerra Leite, é a perda da prática do ato se precedida de exercício irregular da mesma
possibilidade.

Ex: Não será conhecido o recurso se não houve o pagamento das custas.

Preclusão Máxima
Coisa julgada – é a perda do direito de praticar qualquer ato processual nos autos do processo que
já transitara em julgado.

Preclusão Pro Judicato


O Magistrado não poderá revogar ou modificar decisão prolatada e publicada, salvo nas hipóteses de
interposição de embargos de declaração e de ação rescisória (artigo 836 da CLT).

Atenção: O juízo de prelibação (de admissibilidade) feito pelo órgão a quo não gera preclusão pro
judicato para o órgão ad quem.

8.8 - Princípio da Economia Processual


Consiste em obter o máximo de resultado da prestação jurisdicional com o mínimo de esforço.

8.9 - Princípio da perpetuatio jurisdictionis - art. 87 do CPC.


Conforme Bezerra Leite, a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo
irrelevantes as modificações posteriores, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.

8.10 - Princípio do ônus da Prova - artigo 333 do CPC e art. 852-D da CLT.
O ônus da prova incumbe:
I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

No Processo do Trabalho o artigo 818 da CLT assim sentencia:


“A prova das alegações incumbe a quem as fizer”.

O rigor da norma acima tem sido atenuado por outro princípio, admitindo-se a aplicação subsidiária
do princípio da inversão do ônus probandi, instituído pelo CDC, artigo 6o, VIIII.

8.11 – Princípio da Oralidade


Para Bezerra Leite, uma das manifestações deste princípio na seara laboral encontra-se na dinâmica
das audiências trabalhistas, em que as partes se dirigem direta e oralmente ao juiz, gerando debates orais
(requerimentos, contraditas, razões finais, protestos, etc).
Para o mesmo autor, este princípio exterioriza-se interagindo com outros quatro (imediatidade,
identidade física do juiz, concentração e irrecorribilidade das decisões interlocutórias)

8.11.1 - Princípio da imediatidade – arts. 342, 440 e 446, II do CPC e 820 da CLT.
Significa que o magistrado está obrigado ao contato direto com as partes e suas provas
testemunhal/pericial, buscando a verdade real e justificando o seu livre convencimento.

8.11.2 - Princípio da identidade física do juiz – art. 132 do CPC


Segundo este princípio, o juiz fica vinculado ao processo que instruiu, devendo ser o prolator
da sentença, visto que este seria o juiz que melhor teria condições de formar o seu convencimento
com justiça.

CONFORME A SÚMULA 136 DO TST, este princípio NÃO vem sendo admitido no
processo do trabalho.

8.11.3 - Princípio da concentração

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Denota a tendência de se aplicar, de forma conjunta, vários procedimentos e peculiaridades,
visando regulamentar e orientar a apuração de provas e a decisão judicial em uma única audiência.
Vide, p.ex., o art. 852 da CLT.

Art. 852 da CLT “as demandas sujeitas ao rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência
única, sob a direção de juiz presidente ou substituto (...)

8.11.4 - Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias


(art. 893, §1º da CLT)
No processo civil as decisões interlocutórias podem ser revistas por agravo de instrumento
ou por agravo retido, de acordo com a gravidade do que se recorre, não devendo estes obstar ao
prosseguimento do processo.
No processo do trabalho as decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato. Havendo
insatisfação, cabe o protesto nos autos, ficando este retido para uma possível apreciação somente
por ocasião de um eventual recurso da decisão definitiva.

DESPACHOS → Impulsionam o processo


PRONUNCIAMENTOS
JUDICIAIS
DECISÕES LATO SENSU → Decidem uma questão

INTERLOCUTÓRIA – Decisões que não põe fim ao processo


JUÍZO SINGULAR
SENTENÇA – Decisões que põe fim ao processo*

DECISÕES

ACÓRDÃOS
ÓRGÃO COLEGIADO Interlocutória do Relator

DECISÕES MONOCRÁTICAS
Decisão final do Relator

* Se houver recurso, a sentença não põe fim ao processo, pois os recursos “correm” dentro do
mesmo processo.

8.12 – Princípio da Lealdade Processual


Também chamado de princípio da probidade, estando intimamente ligado ao princípio da dignidade
da pessoa humana, que visa construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Este princípio tem o objetivo de tornar indispensável aos litigantes uma conduta ética, que propicie o
bom andamento do processo, sendo condenável a litigância de má fé.

9. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC

O Título X da CLT trata do Processo Judiciário do Trabalho, composto pelos artigos 763 ao 909.

O artigo 769 dispõe o seguinte:

“Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste título”

Conforme Valentin Carrion, ao processo laboral se aplicam as normas, institutos e estudos da


doutrina do processo geral (que é o processo civil), desde que:

a) não estejam aqui (na CLT) regulados de outro modo (“casos omissos”, “subsidiariamente”);
b) não ofendam os princípios do processo laboral (“incompatível”);
c) se adapte aos mesmos princípios e peculiaridades deste procedimento;

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d) não haja impossibilidade material de aplicação (institutos estranhos a relação deduzida no juízo
trabalhista).

Para Bezerra Leite, o processo do trabalho surgiu da necessidade de se por em prática um sistema
de acesso à Justiça do Trabalho, “que fosse a um só tempo simples, rápido e de baixo custo para os seus
atores sociais”. Continuamos com o entendimento do referido professor, de que o art. 769 da CLT seria uma
cláusula de contenção das normas do processo civil, privilegiando as normas especiais e admitindo o uso do
direito processual civil somente de forma subsidiária.

10. PRINCÍPIOS PECULIARES AO PROCESSO DO TRABALHO

Não há um entendimento uniforme que classifique os princípios peculiares do direito processual do


Trabalho. Alguns doutrinadores, como Sergio Pinto Martins, entendem que o Processo do Trabalho teria
somente um princípio, o da Proteção. Para ele, todos os demais seriam procedimentos peculiares ao
processo trabalhista e não princípios.
Já para Bezerra Leite, o direito processual trabalhista tem princípios próprios, que expomos a seguir:

10.1 - Princípio da Proteção


Conforme Sérgio Pinto Martins, “no processo civil, parte-se do pressuposto de que as partes são
iguais. No processo do trabalho, parte-se da idéia de que as partes são desiguais, necessitando o
empregado da proteção da lei. Assevera ainda o referido autor que a Justiça do Trabalho não é paternalista
ao proteger o trabalhador, protecionista é o sistema adotado pela lei. Logo, o princípio da proteção não quer
dizer que o juiz seja sempre parcial em favor do empregado, o sistema visa proteger o trabalhador e não
promover injustiça com os empregadores.

Ex.: possibilidade de gratuidade do processo somente para o empregado (art. 790, §3º, da CLT)

10.2 – Princípio da Finalidade Social


Conforme lição de Coqueijo Costa, “enquanto o direito do trabalho reivindica a humanização dos
direitos nos últimos tempos, o direito processual do trabalho realiza a função excelsa do Estado, a
mais transcendental de todas, distribuir a Justiça Social”
Este princípio decorre da quebra do princípio da isonomia entre as partes. No principio da proteção a
desigualdade ocorre no plano processual, já no princípio da finalidade processual é o magistrado que tem
liberdade para atender aos fins sociais, com limites, é claro.

Art. 5º da LICC – “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.

10.3 – Princípio da Busca da Verdade Real


Derivado do Princípio da Primazia da Realidade do direito material do trabalho. O art. 765 da CLT
confere aos juízes ampla liberdade na direção do processo, podendo estes determinar quaisquer diligências
necessárias ao esclarecimento das causas.

10.4 – Princípio da Indisponibilidade


Este princípio emana do princípio da irrenunciabilidade do direito material do trabalho. Conforme
Bezerra Leite, “o processo do trabalho teria uma função finalística: a busca efetiva do cumprimento dos
direitos indisponíveis dos trabalhadores.

10.5 – Princípio da Conciliação


O princípio da conciliação não é exclusividade do processo laboral, sendo, entretanto, onde este mais
se efetiva, vide p.ex. o art. 764 da CLT:

Art. 764 da CLT – “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho
serão sempre sujeitos à conciliação.

10.6 – Princípio da Normatização Coletiva.


Conforme Bezerra Leite, “a Justiça do Trabalho Brasileira é a única que pode exercer o chamado
poder normativo, que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do
Poder Legislativo), proferindo sentença normativa (rectius, acórdão normativo) com eficácia ultra parte,
cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional
representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.”
O Art. 114, §2º, da CRFB confere esta função especial aos tribunais do trabalho.

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Direito Processual do Trabalho I 10

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