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TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 1

Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

São Paulo, Novembro/2008

Ano 01. Número 03


Circulação Gratuita

Ademir Pascale João B. dos Santos Paulo Noboru


No escuro salão... O viúvo Uma tarde e um pouco de...
Adriano Siqueira Leonardo Brum Rafael Jordan
Vida de escritor O salto Suzana
Almir Pascale Leonardo Grasel Renata R. Cezimbra
Lados opostos Gruta Secreta Cuidado com o que você...
Carla Ribeiro Luciana Fátima Ricardo Delfin
Olhos de fogo Metempsicose O reflexo da alma
Daniel Frini Luciana Muniz Roberlandio Pinheiro
Calibre 45 Subconsciente Recuerdo
Diego Piovesan Marcelo Dias Amado Roberto Ortiz Falcón
Preparativos de Halloween O Sono El origen de los...
Edson Rossatto Mario C. C. Junior Rodrigo Araújo
Dever cumprido! O Invasor A tampa do caixão
Elenir Alves Martha Argel Sergio vel Hartman
A cabana Oficial responsável Acto de desagravio
Frodo Oliveira Miguel Dorelo Tanya Tynjälä
Mentiras Servicio El resucitador de estrellas
Iam Godoy Miriam S. dos Santos Vinícius Vieira
Plantas de carne Do outro lado Começando pelo olho
James Andrade Nelson Magrini Wilson Gorj
Palavras no vento Reflexões solitárias Impressão
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 2
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Editorial

Ademir Pascale e Elenir Alves

Chegamos no TerrorZine número 03 com mais 33 excelentes minicontos,


novas participações, dicas de livros e uma entrevista especial comemorativa. Em
quatro anos de atividades, alcancei a minha entrevista de número 100. Sim,
entrevistei exatamente 100 pessoas, entre os entrevistados, grandes escritores,
professores, artistas plásticos, cineastas, dramaturgos, ufólogos, filósofos,
quadrinhistas, ilustradores, webmasters, circenses, editores, músicos e até um dos
membros da Academia Brasileira de Letras (Moacyr Scliar, ocupante da cadeira nº
31). Aprendi muito com todos eles, e digo que não acabou por aí, pois ainda
existem centenas para entrevistar, e farei isso até quando Deus permitir.
Infelizmente, perdemos um amigo, o quadrinhista e autor alternativo Joacy James
(1971- 2006) que, vítima de um aneurisma cerebral, faleceu com apenas 35 anos.
Nossa entrevista ficará registrada para todo o sempre
(www.cranik.com/entrevista10.html), suas ilustrações, idem. Esta entrevista
marcou muito, pois foi através dela que me tornei amigo de Joacy James, tanto em
parcerias culturais como em conversas diárias via e-mail. Quando percebi que ele
parou de enviar suas rotineiras mensagens, fui atrás e descobri que já tinha
falecido. Hoje, alguns dos seus sites ainda permanecem no ar, e por incrível que
pareça, até a sua página no orkut. Alguns desavisados ainda tentam entrar em
contato com ele, outros tentam adicioná-lo como amigo.
Nostalgia: Com três anos de idade, fui incentivado por minha mãe (in memoriam)
na criação de uma história em quadrinhos, sendo que a única personagem não
apresentava narrativa alguma. Sua cabeça, olhos, nariz e boca, arredondadas,
eram completamente desproporcionais ao pequenino e magro corpo. Já na
literatura, fui influenciado com apenas quatro anos (1980) por meu pai (in
memoriam) com seus incríveis “causos”, sempre salpicados com lobisomens,
bruxas, fantasmas, caboclos d’água e outros seres sobrenaturais. Lembro até hoje
quando eu e meus irmãos sentávamos ao seu lado, muitas vezes no chão do seu
quarto, para ouvir as suas histórias. Com seis anos já lia a coleção enciclopédia
Conhecer e HQs, como Conan – O Bárbaro e Heróis da TV, e antes dos dez, era
incompreendido pelos professores da escola municipal onde estudava, pois não
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 3
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

escrevia ou desenhava nos mesmos padrões dos outros garotos. Lembro que, aos
onze anos, minha professora me deixou deveras encabulado: plantou-me na frente
dos outros alunos, e fui obrigado a contar uma história que criei, intitulada Mar de
Sangue. A história era sobre um soldado que na guerra tinha perdido as pernas em
uma explosão, e que devido ao tempo sem tratamento no meio da selva, os vermes
começaram a se alimentar de sua carne. A morte seria o seu único alívio, algo que
conseguiu com sucesso no último parágrafo, quando que do alto, avistou seu
ensangüentado corpo no chão completamente inerte. Ao final da leitura, os pálidos
e extasiados alunos me olhavam assustados. A professora me perguntou pela
segunda vez se eu era realmente aluno daquela escola, pois os enredos que criava
eram completamente diferentes dos demais, mas, agradando ou não os assustados
alunos, ganhei um dez da professora. Mas, foi somente em 2004 que comecei a
divulgar mais as minhas idéias, e isso, agradeço a nossa querida internet. Conheci
inúmeras pessoas através dela, e hoje mantenho contato com praticamente todas,
e é por isso que ministro aulas de introdução ao LINUX para uma comunidade
carente da região de São Paulo. Sei muito bem da importância da inclusão digital, e
fiquei muito bravo quando alguém tentou barrar isso. A idéia era exigir que em
cada acesso, o usuário teria que se identificar com o número do RG e CPF. A
liberdade de expressão não mais existiria. Fiz uma extensa carta que foi parar nas
mãos do jornalista Gilberto Dimenstein da Folha de São Paulo. Enfim, ele publicou a
carta em seu site oficial, deixando a mesma exposta por mais de trinta dias. No
fim, a idéia foi abolida, pois além de mim, nenhum jornalista ou profissional da
internet aprovou.
Num tom lastimoso, recordo de algumas passagens da minha vida, mas
comemoro por continuar seguindo o sonho de criar e criar cada vez mais, sendo
que neste caminho, muitas estradas poderiam ter me desviado.

Aguardaremos vocês no próximo TerrorZine. Para participar com o seu miniconto,


acesse: www.cranik.com/terrorzine.html.

Eu e minha esposa Elenir Alves, organizadora do zine e também colega de trabalho,


desejamos uma excelente leitura.

Ademir Pascale e Elenir Alves


Editores e Organizadores

Foto: Ademir Pascale e Elenir Alves


Local: Casa das Rosas (Av. Paulista)

Para saber mais sobre Joacy James, acesse:


www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1372-1.pdf

Dicas, opiniões, etc., entre em contato: cranik@cranik.com. Teremos prazer em


respondê-los.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 4
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Índice
Ademir Pascale (Frei Joseph)............................................................. 05
Adriano Siqueira (Vida de escritor)....................................................... 06
Almir Pascale (Lados opostos)......................................................... 07
Carla Ribeiro (Olhos de fogo)........................................................... 08
Daniel Frini (Calibre 45)..................................................................... 09
Diego Piovesan (Preparativos de Halloween)........................................... 10
Edson Rossatto (Dever cumprido!)........................................................... 11
Elenir Alves (A cabana)........................................................................ 12
Frodo Oliveira (Mentiras)......................................................................... 13
Iam Godoy (Plantas de carne)............................................................. 14
James Andrade (Palavras no vento).......................................................... 15
João Batista dos Santos (O viúvo).......................................................................... 16
Leonardo Brum (O salto) .......................................................................... 17
Leonardo Grasel (Gruta secreta).................................................................. 18
Luciana Fátima (Metempsicose)................................................................ 19
Luciana Muniz (Subconsciente)................................................................ 20
Marcelo Dias Amado (O sono)........................................................................... 21
Mario Carlos C. Junior (O Invasor)....................................................................... 22
Martha Argel (Oficial responsável)........................................................ 23
Miguel Dorelo (Servicio)......................................................................... 24
Miriam S. dos Santos (Do outro lado)................................................................. 25
Nelson Magrini (Reflexões solitárias)....................................................... 26
Paulo Noboru (Uma tarde e um pouco de medo)................................... 27
Rafael Jordan (Suzana)........................................................................... 28
Renata Rosa Cezimbra (Cuidado com o que você deseja).................................... 29
Ricardo Delfin (O reflexo da alma).......................................................... 30
Roberlandio A. Pinheiro (Recuerdo)....................................................................... 31
Roberto C. Ortiz Falcón (El origen de los fundamentos)....................................... 32
Rodrigo Araújo (A tampa do caixão)........................................................ 33
Sergio Gaut vel Hartman (Acto de desagravio)........................................................ 34
Tanya Tynjälä (El resucitador de estrellas).............................................. 35
Vinícius Vieira (Começando pelo olho).................................................... 36
Wilson Gorj (Impressão)...................................................................... 37
Entrevista (Entrevista comemorativa com André Carneiro)............. 38
Livros (Dicas de livros)............................................................... 43
TerrorZine nº 04 (Saiba como participar do próximo TerrorZine).............. 46
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 5
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Frei Joseph
Ademir Pascale

O s rumores de que o frei Joseph falecera era algo vago e incerto, mas curioso
que sou, visitei sua igreja e, temeroso, procurei pelos sinais da morte, mas ao
contrário, encontrei vida em um corvo que fazia questão de me vigiar, até que algo
estremeceu minh'alma; ruídos no porão da antiga biblioteca Franciscana que mais
se assemelhavam aos dos roedores, mas, no meio dos ruídos, uma medonha voz se
fez viva. Corri até próximo do porão, e com certo esforço, levantei o pesado
alçapão de madeira. Um forte odor de enxofre invadiu o local, espantando o
estranho corvo e deixando minhas narinas deveras irritadas, mas nada se
comparava a nova aparência daquele que já fora um pacato e mortal frade: pálido
como a cera de uma vela e possuidor de aquosos e vitrificados olhos e de
poderosos e pontiagudos caninos.

Sim, os rumores eram verdadeiros, frei Joseph já não está mais entre nós...

Ademir Pascale: Lingüista, crítico de cinema, ativista cultural, escritor, professor


de informática (LINUX), idealizador do projeto de inclusão social “Vá ao cinema” e
do zine TerrorZine – Minicontos de Terror. Administrador do portal Cranik
(www.cranik.com) e dos sites (www.oentrevistador.com.br) e
(www.divulgalivros.org) é autor do áudio-livro Cinema – Despertando seu olhar
crítico. Já publicou seus contos em diversas antologias e está com um romance no
prelo. Contato com o autor: ademir@cranik.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 6
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Vida de escritor
Adriano Siqueira

- Í ris, passava a noite escrevendo os contos de terror em sua mesinha do


quarto.
O Fogo da vela que estava na mesa, dançava com o vento que vinha da janela.
A tinta acabou. O vento ficou mais forte, A janela começou a bater. Íris fez o sinal
da cruz, se levantou e andou pela casa.
Encontrou seu marido jogado ao chão com um machado enfiado nas suas costas.
Íris olhou por algum tempo e preocupada, caminhou até o corpo.
Ela começou a examinar o corpo, e quanto mais o mexia mais ficava preocupada.
Até que finalmente encontrou uma pequena poça de sangue.
Respirou aliviada, ela sorri. Pega a sua caneta tinteiro e a carrega com o sangue do
seu marido.
Logo em seguida dá um beijo no rosto dele e volta para sua mesinha para
continuar a escrever os seus contos de terror.
Até a tinta acabar...

Adriano Siqueira: é um dos escritores do livro "Amor Vampiro" e criador do


fanzine "Adorável Noite" sobre contos de terror e vampiros, que é distribuído em
várias casas noturnas e eventos sobre ficção. Faz palestra sobre vampiros e
escreve para vários sites sobre o tema. Contato com o autor:
Siqueira.Adriano@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 7
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Lados opostos
Almir Pascale

E ra tarde da noite quando cheguei ao prédio onde moro e, o encontrei sem


energia elétrica. Iniciei então a subida da escada e, logo após, encontrei sentada
em um degrau, uma jovem e belíssima loira, de vestidinho preto e maravilhosas
pernas. Ao me ver, a loira sorriu e disse: “Gostaria de viver para sempre ao meu
lado?” Surpreso com a pergunta, respondi: “Poderia repetir?”
- Aceite viver eternamente ao meu lado, me dê sua mão e, iremos para meu
lar!
Neste momento, uma senhora muito idosa, trajando um vestido branco e um xale
azul claro, surgiu ao meu lado: meu filho, me dê sua mão, preciso de sua ajuda!
- Certamente – respondi!
A loira, retrucou: me trocará por esta velha? Vamos, me dê sua mão!
- Auxiliarei esta senhora até seu apartamento e, logo retornarei – respondi. À
seguir, segurei a mão da idosa – senti uma imensa sensação de paz. Contrariada, a
loira se ergueu furiosa e desapareceu deixando um rastro de fumaça negra e fétida.
Atônito, olhei para a velha senhora que, sorriu e disse: “Obrigada por me ajudar à
ajudá-lo!” À seguir, também sumiu, deixando um suave perfume de rosas.

Almir Pascale: São Paulo, 1968, de origem européia (Itália) por parte de mãe, é
formado em Gestão Financeira, escritor, participou da Antologia Anno Domini pela
editora Andross, e da Antologia Contos Fantásticos 12° volume pela Câmara
Brasileira de Jovens Escritores; autor do miniconto “O Velho Casebre” publicado no
TerrorZine nº 01; ativista cultural e colaborador do Portal Cultural Cranik.
(www.Cranik.com). Contato com o autor: almir_pascale@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 8
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Olhos de fogo
Carla Ribeiro

O fogo dorme nas asas do dragão, como num beijo de Inferno. E ela vê o seu
olhar dentro de si, sorrindo como nas trevas de um cântico adormecido. Sente-o a
avançar na sua direcção, lentamente, derramando cinzas à sua passagem,
consumindo a menor partícula capaz de se opor à sua busca.
E, depois, encontra-a, perdida nos labirintos da sua obscura prisão, ferida e
vulnerável, pronta para o alimentar. E desce, no voo mortal das suas asas de
obscuridade, incendiando os caminhos do seu desejo para saciar a sua fome.

Carla Ribeiro: estudante de Medicina Veterinária, nasceu em Portugal a 20 de


Julho de 1986. Premiada em vários concursos literários, publicou em diversas
antologias. Publicou, além disso, os livros “Estrela sem Norte”, “Alma de Fogo”,
“Canto de Eternidade”, “Herdeiros de Arasen, vol. I”, “Herdeiros de Arasen, vol. II”
, “O Deus Maldito” e “Alma Abandonada”. Contacto com a autora:
carianmoonlight@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 9
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Calibre 45
Daniel Frini

A ntes de llegar a la esquina, supo que sin dudas algo lo había alcanzado un poco
más abajo de los hombros y casi al centro de su espalda. Sin embargo, esta certeza
no lo asustó tanto como el estampido que le llegó desde atrás unos segundos
después de haber sentido el impacto de la bala. Sólo con el envión que traía de su
carrera alocada, llegó hasta el cartel azul en el que leyó, apenas de soslayo,
"...rmiento 400-500", y se aferró a él con la certeza de que era el último sostén del
cual tomarse. Las piernas se le aflojaron y prestó especial atención a cuánto
esfuerzo le demandaba quedar de pie. No pensó en su familia. Ni siquiera en la
razón de la absurda venganza de la cual le provino la muerte. Sólo pensó: "la
pucha, si caigo, ese charquito del piso me manchará el traje?". Dejó de ver en el
agua el reflejo azul-marrón de las luces de la calle. Jamás supo de la mancha
oscura en su corbata-de-seda-italiana, pero hecha en China, la misma que su viuda
atesora como trofeo de guerra en la cómoda que alguna vez fuera suya, en el
segundo cajón de la izquierda.

Daniel Frini: Berrotarán (Córdoba, Argentina), 1963. Ingeniero, Redactor y


columnista en revistas humorísticas del interior del país. Colaboró en “Axxón”. En
2000 publicó el libro “Poemas de Adriana”. Colabora habitualmente en
Químicamente Impuro; Ráfagas,Parpadeos y Breves no tan Breves. Mail del autor:
dfrini@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 10
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Preparativos de Halloween
Diego Piovesan

K risten contava os dias para tirar sua fantasia de bruxa do armário, comprar
grandes abóboras para criar 'jack-lanternas' e sair correndo pelas casas da
vizinhança gritando 'doces ou travessuras?'. Ano após ano a fixação da garota pela
festividade só crescia. Até que em um Halloween ela conheceu Josh, um simpático
garoto de olhos verde e pele branquíssima. Ela nunca quis ir a festa de jovens,
onde o feriado era desculpa para usar fantasias provocativas e ter sexo fácil. Mas,
após ter cancelado o convite de Josh por horas a fio, resolveu apareceu na festa
para surpreender-lhe. Surpresa a dela, ao vê-lo na cama com outra.

Ela pensou em como aquilo iria afetar a lembrança de todos os seus Halloweens
divertidos e então arrancou a faca de cima da cabeceira, possivelmente parte da
fantasia de algum garoto que esquecera ali e jogou-se contra o casal. A garota saiu
correndo e Josh encarou-a. Assobiando ela passou a faca pela garganta do garoto,
separando-a totalmente do corpo e foi brincando de tirar olhos e tripas da cabeça.
Aquele ano ela não precisaria preocupar-se em comprar abóbora, não mais.

Diego Piovesan: estudante de Jornalismo, escreve desde quando não sabia falar
quantos anos tinha sem mostrar nos dedos. Amante de música, filmes e livros de
ficção. Perdido em um mundo de loucos maníacos homicidas, mas mesmo assim se
diverte. Contato com o autor: diegopiovesan@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 11
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Dever cumprido!
Edson Rossatto

T omou o ônibus e sentou-se à janela. Ficou a observar as pessoas nas ruas


daquela cidade americana. Chegou em casa, brincou com os filhos, jantou e foi ver
tevê.
- Como foi seu dia?
Sorriu.
- Nenhuma novidade!
Voltou a assistir ao programa, sem nenhuma lembrança do cheiro de queimado
insuportável da eletrocussão realizada por ele nos porões daquele presídio.

Edson Rossatto: nasceu em São Paulo, Capital, em 1978. Formado em Letras,


trabalha, atualmente, como editor de livros, além de ser professor, palestrante e
roteirista de HQ. Publicou anteriormente os livros Mansão Klaus e outras histórias e
Curta-metragem, além de ter organizado várias antologias literárias. Mantém o
blog http://edsonrossatto.blogspot.com. Contato com o autor:
edson@andross.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 12
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A cabana
Elenir Alves

R enato tem 19 anos e Lucas 18, os dois se conheceram na infância. Num


determinado dia, Lucas convidou Renato para acampar na floresta codinome
“INVASION”. Seus pais já haviam lhes contado que nesta floresta tem uma cabana
assombrada e cheia de armadilhas, e que há 20 anos uma família foi morta e
esquartejada por seres totalmente desconhecidos. Mesmo sabendo do caso os
jovens não hesitaram, disseram aos seus pais que o perigo fazia parte da
adrenalina que eles sentiam ao freqüentar lugares estranhos e assombrados. Três
dias depois, lá estavam os amigos acampando na floresta, quando resolveram
visitar o local do crime. Ao chegar nas proximidades da cabana perceberam uma
placa enorme de aviso “PERIGO NÃO ENTRE”. Renato sentira uma sensação
estranha e pediu ao amigo que fossem embora dali, mas Lucas ignorou o aviso e
resolveu entrar, deixando seu parceiro do lado de fora. Em questão de segundos,
Renato ouviu um barulho muito estranho, olhou em direção a porta e viu pedaços
de corpos sendo arremessados numa velocidade extrema de dentro para fora da
cabana. Intacto, apenas um grito agudo saiu da garganta de Renato: “Nããão...” E o
desejo de diversão se tornou na mais bruta realidade...

Elenir Alves: publicitária e escritora. Colabora regularmente com a revista


Caderno Literário da editora Pragmatha, trabalhou 10 anos na área de R.H e
trabalha atualmente na assessoria de imprensa do portal Cranik (www.cranik.com),
além de organizadora e co-editora do zine TerrorZine – Minicontos de Terror.
Contato com a autora: elenir@cranik.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 13
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Mentiras
Frodo Oliveira

H á alguns anos, fui a uma festa no meio da semana, e no dia seguinte perdi a
hora de ir trabalhar. Para não ter o meu salário descontado, inventei que o meu pai
havia falecido. Algum tempo depois, a mentira transformou-se em realidade, mas
eu já não podia usar a mesma desculpa para ir ao enterro do meu próprio pai.
Matei então a minha mãe. Para o meu desespero, aconteceu novamente.
Hoje, sei que devo falar a verdade. Eu não quero que mais ninguém seja vítima das
minhas mentiras...
Mentira é só uma verdade que ainda não aconteceu.

Frodo Oliveira: é o pseudônimo de Frodovino Lemos de Oliveira, nascido em


Recife/PE em 30/12/67 e residente há mais de vinte anos no Rio de Janeiro.
Comerciário e acadêmico de Letras da Faculdade Simonsen, participou das
antologias Noctâmbulos (2007), Caminhos do Medo (2008) e publicou o livro
Extrema Perfeição (2008). Atualmente finaliza o segundo livro, A torre negra.
Contato com o autor: frodooliveira@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 14
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Plantas de carne
Iam Godoy

N ão se sabia desde quando ou por quê eles estavam ali. Estáticos...


Nem o sol ou a chuva ou qualquer outra intempérie abalava a sua determinação.
Poças de carne liquefeita formavam-se aos seus pés e uma revoada ensandecida de
moscas formavam um cortejo negro e barulhento.
A cidade estava em polvorosa. Será que estava acontecendo em outras partes do
mundo? Seria ali que se iniciaria aquele capítulo macabro do Livro Sagrado onde
dita-se que no Armageddon, os mortos se levantariam para disputar com os
impuros o seu lugar rente ao Criador?

Ninguém poderia responder aquela questão e a sociedade como a conhecíamos já


não existia. Eles já somavam aos milhares e, acumulados como dejetos,
aguardavam uma espécie de ordem final onde suas bocas descarnadas se
banqueteariam com a carne fresca dos vivos.

Mas no momento estavam parados...imóveis como plantas de carne, balanceando à


favor do tempo.

Iam Godoy: desenhista, contista e redator do e-zine FUN HOUSE. Juntamente com
R.Raven fundou o projeto Ravens House Brasil, que visa a divulgação de trabalhos
alternativos do underground em geral. Contato com o autor
grendel.2333@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 15
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Palavras no vento
James Andrade

B úti, com dificuldade, restabeleceu o equilíbrio; aproveitou e acelerou ainda


mais; pouco ajudou. A velha CG125 já estava dando o máximo. “Na güela” – dizia.
Estava atrasado, sempre; por isso ia à “toda”. Entregava gás e água; no momento
só gás, 4 butijões; cheios. Fez isso a vida toda; daí o apelido. Era um jovem-velho.
Pobre é assim; amadurece rápido. Apodrece com a mesma rapidez. Fazer o quê? É
a vida. Ele não liga, talvez por não saber que seja assim; ultimamente liga ainda
menos. A Nena morreu. Dez dias atrás; num comício que terminou em tiroteio. No
São Marcos, quase tudo acaba em tiro; vidas principalmente. Está triste, mesmo
assim trabalha. Sem descanso. Para esquecer.
Na ladeira tenta recuperar o atraso. O vento invade o capacete com a viseira
quebrada; gosta da sensação. Parece estar livre. Voando.
- Marcelo... – a voz; nítida, chamou seu nome, o de verdade.
Sua pulsação disparou. Conhecia aquela voz. Muito. De sussurros úmidos.
Inesquecíveis. Nena. Uma lágrima se formou. Um piscar para que ela rolasse. Não
viu o carro que parou abruptamente. Nem ouviu a explosão. Só o vento.

James Andrade: nascido em 25 de julho de 1967; é paranaense de nascimento e


paulistano de coração. Com seu livro de estréia “Getsêmani, a verdade oculta”,
trilhou os tortuosos caminhos da conspiração e do mistério. Participa, junto com
outros autores, do Fontes da Ficção (www.fontesdaficcao.com). Contato com o
autor: andrade.james@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 16
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O viúvo
João Batista dos Santos

S onhou que estava morto.


Cheio de horror, em vão tentou acordar.
Não sabia se estava na cama ou no jazigo da família,
ao lado da mulher.

João Batista dos Santos: nascido em 1956, é de Londrina/PR, escreve desde


criança nos gêneros poesia, contos e humor. Ganhou diversos concursos como
poeta e contista. De 1999 a 2001 editou o Jornal Leco e o Surucucu Zine, contendo
textos seus e de convidados. Contato com o autor: joaodosssantos@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 17
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O salto
Leonardo Brum

M EU DEUS eu fiz isso eu posso morrer o que vai ser de mim sinto frio todo
mundo olhando tenho que fazer bem feito a água lá embaixo e se eu cair de mal
jeito meu Deus estou caindo mais rápido e se eu bater lá no fundo fratura exposta
sangue dor que loucura a água que não chega nunca fiz isso nunca devia ter feito
isso a água que não chega e se tiver uma pedra lá embaixo vou quebrar a cabeça
dor muito sangue água escura estou mais rápido e se der cãibra a água chegando e
agora é agora vem chegando que loucura vou fechar os olhos boca fechada tampar
o nariz socorro eles não podem fazer nada vou morrer socorro adeus...
-- Ele pulou! – alguém gritou.
Então o suspense. Da escuridão das águas chegam espumas que se
esparramam sobre a superfície. Depois aparece uma mão. Duas. Um rosto. Uma
boca em busca de ar.
-- Muito bem! – gritaram todos, batendo palmas.
Ao que respondeu, recuperando o fôlego:
-- Foi muito fácil. Eu sabia que ia conseguir!

Leonardo Brum: tem 35 anos e é mineiro de Belo Horizonte, e estréia este mês
de novembro com o lançamento de sua obra de suspense "Um Mundo Perfeito",
publicada pela Editora Novo Século. Reside no Rio de Janeiro e, nas horas vagas,
vem dedicando-se à conclusão do segundo livro. Visite o site do autor:
www.leonardobrum.com.br. Contato com o autor: leonardobrum.rj@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 18
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Gruta secreta
Leonardo Grasel

O tacílio explorava as galerias subterrâneas de uma caverna situada numa


cidadezinha do interior de Minas Gerais. Não havia indicações da mesma em seu
mapa, mas tal fato não o incomodava. Julgava ser comum a regiões esquecidas
como aquela a incompletude das indicações geográficas. Perambulava a esmo por
um semi-denso matagal que ladeava uma construção embargada, quando divisou a
entrada em arco de uma gruta escura, profunda, misteriosa. Meteu o capacete-
lanterna na sua cabeça e seguiu em frente, disposto a levantar dados sobre a
constituição mineral de rochas que viesse a coletar. De início, o homem seguiu por
um longo corredor, permeado por estalactites e estalagmites que pareciam crepitar
no silêncio. Sentindo o ar arrefecer, ele rumou por uma íngreme descida que, a
cada momento, tornava-se mais estreita. Cerca de cem metros adiante, Otacílio
adentrou numa cripta totalmente escura. Súbito, a lanterna de seu capacete
desatou a bruxulear um laranja opaco, até que se apagou por completo. Um rugido
terrível explodiu no mesmo instante. Petrificado, ele viu um ser disforme,
repugnante, devasso, cintilar ao seu lado, recortando o denso negror.

Leonardo Grasel: estudante de Direito pela UFSC, nascido em Florianópolis, em


1982, já publicou um conto na antologia “Caminhos do Medo” da Andross Editora.
Outros contos desse autor podem ser visualizados no sítio
www.recantodasletras.com.br, onde ele encontra-se sob o mesmo pseudônimo.
Contato com o autor: leonardogdf@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 19
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Metempsicose
Luciana Fátima

P or que aquela inscrição chamava-lhe tanto a atenção? As letras traçadas ali há


mais de um século mexiam de tal maneira com seus sentimentos que cada vez que
as lia sentia imensa vontade de desabar em prantos.
Um dia, recebeu a notícia da herança inesperada de uma tetravó da qual nem tinha
conhecimento da existência. E foi remexendo as coisas abandonadas da falecida
que pôde levantar o véu que cobria os olhos de seu passado remoto. O bilhete
muito bem dobradinho e escondido sob um pó ancestral era o convite do amado,
com a mesma inscrição que estava naquele túmulo tantas vezes admirado:
“Quanto te quis!... Que estranho laço fez de nós dois quase um só... Tive em vida o
teu regaço. Morto, quero o meu pó junto ao teu pó. Vem! Vamos! Almas trêmulas e
unidas... Ainda na morte confundidas, dentro das trevas derradeiras!”

Luciana Fátima: nasceu em São Paulo, no inverno de 1975. Graduada em


Produção Editorial, pós-graduada em Língua Portuguesa & Literatura e mestranda
em Comunicação. É fotógrafa e escritora. Já publicou contos em várias antologias e
em sites literários. Contato com a autora: lucianafatima@uol.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 20
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Subconsciente
Luciana Muniz

D e repente estava diante dela: uma enorme serpente, com escamas brilhantes e
olhos flamejantes. Seu primeiro impulso foi o de correr para bem longe daquele ser
que lhe inspirava tanto medo. Suas pernas ainda tremiam com aquela visão
aterradora, quando percebeu que ela preparava o bote, mas não em sua direção. A
criatura planejava atacar uma criança que inocentemente sorria para o perigo à sua
frente.
Dali em diante sentiu pesar na alma o mais terrível dos dilemas: enfrentava
seu medo e salvava a criança ou fugia, sendo eternamente perseguido pela culpa
da omissão?
Em meio à agonia sentiu o coração batendo acelerado dentro do peito,
querendo uma solução. O rastejante de sangue frio não o aguardou e atacou sua
presa. Foi quando ele acordou.

Luciana Muniz: Analista de Sistemas, graduada em Sistemas de Informação pela


Universidade Presbiteriana Mackenzie e como escritora participou de duas
antologias: Soltando o Verbo (2006) e Vampirus Brasil: Sedução, Fascínio e Traição
(2008). Contato com a autora: lumunizf@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 21
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Sono
Sono
Marcelo Dias Amado

T enho vontade de escrever, mas o sono tomou conta de mim. Não consigo
raciocinar direito e meus olhos vão fechando e lutando contra a sonolência, que
beira o ridículo. Com o notebook no colo, pernas dobradas para apoiá-lo e a cabeça
mal acomodada do travesseiro, causando um incômodo no pescoço. Mas eu preciso
escrever. É meu último suspiro, minha última vontade. São minhas últimas
palavras. O sono veio de forma incomum e sei muito bem o que me espera. Já
matei uma personagem dessa forma... talvez duas. Agora meus olhos pesam e não
consigo mais ver as teclas... Ainda assim insisto, porque esse é meu único legado.
Minhas palavras, minhas idéias, meus pesadelos. Minha mão esquerda já não
acerta as teclas. Digito apenas com a direita. Agora já não sinto minhas pernas e
vejo o notebook escorreg...

M. D. Amado: é analista de sistemas e programador, mineiro de Belo Horizonte,


39 anos. Começou a escrever contos, em seu site Estronho e Esquésito, onde abre
espaço para novos escritores. Teve um conto publicado no livro Necrópole Vol 2 –
Histórias de Fantasmas e vários contos espalhados em sites da internet.
Atualmente trabalhando no projeto de um livro de contos de sua autoria.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 22
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O Invasor
Mario Carlos Carneiro Junior

J orge sentiu a pancada no pescoço assim que entrou em casa, quando ia acender
a luz. Rodopiou pelo ar, o tempo se esticando de maneira delirante. Dentre as
várias coisas que passaram por sua mente aterrorizada, imaginou qual seria a força
necessária para fazer seus 85 quilos voarem com aquela desenvoltura. Embora a
dor tivesse sido intensa no primeiro instante, já havia desaparecido antes dele
atingir o chão.
Rodou alguns metros pelo assoalho até bater na parede. Tentou levantar para fugir
do invasor que havia atacado pelas costas, no entanto estava paralisado, não
sentia mais o corpo. Será que o golpe tinha sido intenso o suficiente para deixá-lo
tetraplégico?
A lâmpada foi ligada. A vítima caíra de frente para a porta, então conseguiu ver seu
agressor: era o marido da doce Ângela, sorrindo vingativamente enquanto
segurava um machado ensangüentado.
Antes do resíduo de vida finalmente se esvair do cérebro, Jorge viu seu corpo
decapitado caído aos pés do assassino.

Mario Carlos Carneiro Junior: Formado em Direito e Medicina Veterinária, têm


quatro contos publicados na Scarium Megazine e outras histórias em sites e
fanzines. Continua lutando com seu livro ainda não publicado, mas um dia ele
consegue. Contato com o autor: spinossauro@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 23
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Oficial responsável
Martha Argel

–C oronel, senhor...
– Fale, Major.
– Senhor, esses crimes aqui no quartel... os soldados que aparecem mortos...
– O que há com eles, Major?
– Os ferimentos no pescoço, os corpos dessangrados... O senhor pode achar que
fiquei louco, mas creio que o responsável é... um vampiro!
O Major não teve como se defender. O Coronel agarrou-o, rasgou com as presas
seu pescoço e, enquanto o rubro sangue jorrava, empapando uniformes antes
imaculados, tranqüilizou-o.
– Não, Major, não acho que tenha ficado louco!

Martha Argel: é bióloga e escritora. Junto com Humberto Moura Neto, traduziu e
organizou O Vampiro Antes de Drácula (Editora Aleph), antologia com 12 contos
vampíricos do século XIX, que também traz um estudo sobre a evolução do mito
até o surgimento de Drácula, de Bram Stoker. Site: www.marthaargel.com. Lista
de notícias: http://br.groups.yahoo.com/group/MarthaArgel.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 24
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Servicio
Miguel Dorelo

L o bueno de mi trabajo está, sobre todo, en la satisfacción de saber que estoy


colaborando con designios más allá de la comprensión de la mayoría de los
mortales
Seguramente, no se comprendan los motivos, pero sé que he sido designado para
realizar esta tarea y no soy quién para negarme.
No es difícil y creo ser la persona adecuada.
—Antes de que cumplan un año —fueron las instrucciones recibidas.
Me explicaron que luego de ese tiempo, ya no era posible; que el íncubo sería
reemplazado automáticamente.
Por suerte, son muy frágiles, solo tengo que apretar; mis manos rodean el pequeño
cuello, mientras mis pulgares se hunden lentamente, no sin cierto placer, lo admito,
hasta notar que todo atisbo de vida ha abandonado el cuerpecito.
Quizás ha algunos les resulte horroroso el pequeño inconveniente que de algún
modo atentan contra el perfecto cumplimiento de mi tarea, pero ya vendrá el
tiempo en que pueda diferenciarlos mejor y no tenga la necesidad de eliminar a
algún inocente.

¡Qué hermoso niño, señora! ¿Cuántos meses tiene?

Miguel Angel Dorelo: Florida, provincia de Buenos aires, 16 de Septiembre de


1959. Radicado en Pergamino, argentina. Miembro de taller 7 de Sergio Gaut vel
Hartman. Textos publicados en formato digital en Quimicamente Impuro, Breves no
tan breves, Ráfagas y parpadeos y en Los que abandonan Omelas. Mail del autor:
mdorelo@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 25
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Do outro lado
Miriam Santiago dos Santos

C aminho tranqüilamente por ruas desertas. O silêncio e a escuridão refletem um


mundo a ser desvendado. Penso em minha solidão!
Que frescor tem as madrugadas de outono.
Epa... Quanta gente correndo em minha direção. Surgiram do nada! São milhares
e feios. Rostos sisudos, sujos, tenebrosos! Estão me apontando!
Corro pelas ruas, olho para trás, mas eles continuam a me seguir e a gritar! Corto
caminho... Parece que os despistei.
Avisto o prédio onde moro. Subo os três andares correndo e com o coração a
milhão; não paro de tremer e de imaginar aqueles seres horrendos.
Do corredor escuto o despertador me chamando. Isso me deixa aliviada e as
batidas fortes em meu peito vão voltando ao normal.
Entro em casa e caminho até meu quarto. Ao me aproximar do relógio vejo alguém
deitada em minha cama... O coração se acelera novamente. Dou a volta e me
deparo com meu rosto pálido e triste. O corpo, sem vida. Ao lado dele, um frasco
vazio de remédios para dormir.

Miriam Santiago dos Santos: é jornalista e trabalha em Assessoria de


Comunicação. Está cursando Letras na Universidade Metodista. Participou de duas
antologias: “Livro Negro dos Vampiros”, Andross Editora, 2007 e “A Mulher
Japonesa Imigrante”, 2008, ainda não editado. Contato com a autora:
mirianmorganuns@hotmail.com / miriansssantos@gmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 26
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Reflexões solitárias
Nelson Magrini

N ada se movia, porém, o barulho era insuportável. Um roçar que começara ao


longe e com o tempo, se aproximara e agora, parecia estar ao meu lado, vindo de
toda a parte. A imagem de algo raspando à minha volta, querendo entrar, me veio
à mente, mas entrar onde? E o que raspava?
E apesar de tudo, este era o menor de meus problemas. A escuridão era de tal
monta que não era possível se ver nada. O ar, carregado e abafado, recheado de
por um cheiro acre, permeava o ambiente, tornando-o claustrofóbico e assustador,
e ainda assim, aquele não era o maior de meus problemas.
A questão era a imobilidade. Estava paralisado, não conseguindo me mexer um
centímetro, sequer. O desespero e a agonia eram avassaladores, e me consumiam
a razão e a vontade, em uma tortura sem fim, que eu só podia torcer para que
findasse. E assim fiquei, por horas, dias, meses, até perder a conta, quando por
fim, resignado, me pus a dormir e por fim, descansei em paz.

Nelson Magrini: é engenheiro mecânico e um apaixonado em Física e Mecânica


Quântica. Passou a escrever a partir do ano 2000, tendo publicado ANJO A Face do
Mal (2004), Relâmpagos de Sangue (2006), e o conto Isabella, na coletânea Amor
Vampiro (2008). Seu mais recente livro, Os Guardiões do Tempo, se encontra no
prelo. Contato com o autor: nelson_magrini@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 27
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Uma tarde e um pouco de medo


Paulo Noboru

E la tinha acabado de abrir seus olhos. Se encontrava sentada em um banco na


frente de sua antiga escola. O dia estava nublado. Aqueles dias estavam estranho
para ela, seus sonhos menos aterrorizantes do que antes, como se toda aquela
essência maléfica de seus sonhos tivesse saído dela. Ela tentava não pensar nisso,
suspirou, mas logo se alertou ao perceber que uma mulher tinha se sentado ao seu
lado. Cabelos longos, loiros e soltos, parecia linda. Ela tinha vontade de conversar
com a mulher, perguntar como estava sua vida, se estava apaixonada. Respirou
fundo e virou para a moça. Viu aquele rosto. Vazio, não tinham olhos apenas
cavidades negras perdidas nos pesadelos dela, dentes a mostra com aquele sorriso
ali mesmo. A criatura chegou perto e disse bem baixinho em seu ouvido: “Já
pensou no tamanho da maldade que tem dentro de você?”. Ela fechou os olhos e,
ao abrir de novo, viu que estava no mesmo parque de antes e que não tinha
nenhuma criatura perto dela, só um pouco de sangue, uma faca e aquele garoto
que brincava na gangorra morto ao seu lado.

Paulo Noboru: musico, professor, jovem, perdido em sua imaginação que mistura
ambientes sobrenaturais e paixões infinitas. Atraído pela beleza que vê nos casais
apaixonados e nos cenários obscuros, que envolvem espiritualismo, tem um
fascínio por espíritos. Contato com o autor: pkawanishi@hotmail.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 28
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Suzana
Rafael Jordan

O brilho prateado da lua se refletia em seus olhos assim como eram refletidos os
dizeres talhados da lápide: “Descanse em paz, Suzana”. Era de se admirar que tão
poucas palavras lhe causassem tamanha angústia, e indescritivelmente, causavam-
lhe medo. Uma brisa gelada soprou e um som peculiar passou a ser ouvido. O
gramado defronte à lápide se contorcia, embora o vento frio já houvesse passado
levando consigo toda coragem que ainda restava ao rapaz. Eis que das profundezas
da terra surge um braço ansioso para conter algo em sua mão putrefada. Em um
movimento extremamente rápido a garota se ergueu das profundezas e já se
encontrava inteiramente sobre a superfície do cemitério. Suas degradadas vestes
brancas e sua pele igualmente branca contrastavam com seus longos cabelos
pretos caídos sobre o rosto, impossibilitando que seus olhos fossem vistos. Ela
estendeu as mãos para o rapaz que jazia petrificado pelo medo. Enquanto isso, eu
assistia à horrível cena escondido atrás de uma árvore.

Rafael Jordan: nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1992. Terá sua primeira
publicação impressa na antologia a ser lançada em Dezembro: Réquiem para o
Natal – Contos de Terror de Natal, da Andross Editora. Contato com o autor:
jordancampos@uol.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 29
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Cuidado com o que você deseja


Renata Rosa Cezimbra

- B oneca do diabo! - gritava Arnold sempre que via a loiríssima Ulla, a


cheerlader que comandava a torcida de sua escola, pois a detestava como o diabo a
cruz, pois ela era fofoqueira, além de cruel com os amigos que tanto ele amava, o
que o deixava louco, tão louco que ele desejava que ela virasse a linda boneca que
tanto achava que era.
Porém, ele esquecia uma coisa: qualquer coisa que ele desejava ele tinha e
naquele dia todos comentavam que Ulla não havia aparecido e quando as amigas
foram buscá-la, encontraram-na sentada e congelada sobre a cama, com os olhos
vidrados, a pele plastificada e os cabelos em fiapos, em suma, uma boneca em
tamanho natural.
Cora disse olhando o neto que chegava em casa apavorado: - Eu já soube Arnold,
por isso sempre te digo: cuidado com o que você deseja, porque no seu caso
sempre acontece e pior, da forma mais sinistra possível.
Ele sabia o que aquilo significava: mais um dos seus terríveis pesadelos, aonde
mais uma vítima viria cobrar dele uma explicação.

Renata Rosa Cezimbra: natural de Porto Alegre, nasceu em 1988 e cursa Letras
na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e seus contos trazem
personagens históricos ou criações estranhas como um vampiro romeno
geneticamente modificado ou um fisiculturista austríaco de mente brilhante, porém
muitas vezes perigosa e incontrolável.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 30
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

O reflexo da alma
Ricardo Delfin

E spelho d'alma são os olhos. A ti, ofereci a minha. Em amargura suportei a


recusa tua. Agora, guardo selado a chaves o reflexo d'anima tua. Pela Eternidade.

Ricardo Delfin: publicou contos nas antologias O Livro Negro dos Vampiros, Anno
Domini – Manuscritos Medievais e Caminhos do Medo. Todas da Editora Andross.
Escreve sobre Cinema no site www.cranik.com. Contato com o autor:
rick.delfin@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 31
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Recuerdo
Roberlandio A. Pinheiro

E le retirou cuidadosamente o pesado quadro da parede. Uma fina camada de


poeira cobria o rosto jovem, em cujas tintas se via preservada a beleza de anos já
perdidos entre as entranhas do tempo.
Aquela pintura era, talvez, a mais bela de suas antigas lembranças, traços
aquarelados que lhe recordavam aquele amor que se foi... Amor triste, vil. Amor
traído. Quiçá, o penúltimo resquício de sua honrosa vergonha.
Ele embrulhou o grande quadro em jornais com notícias de ontem, com a
calma e dedicação que a situação exigia, uma derradeira ode-reflexo aos anos
dedicados (e, por desgraça sua, perdidos!) àquela que agora não passava de tinta
morta jogada no lixo.
Na casa, então feita de sombras, quase nada mais dela sobrara. Nem o som,
nem o cheiro, nem o riso... Na verdade, o que ainda restava era um único e
pequeno pedaço: o coração, prudentemente guardado nos fundos do congelador.
No entanto, aquela lembrança, a última, duraria apenas até a hora do
jantar.

Roberlandio A. Pinheiro: nasceu em Piquet Carneiro/CE e mudou-se para SP aos


11 anos. Apaixonado por literatura, aos 15 anos começou a escrever pequenos
contos e histórias de ficção e fantasia, cuja reunião deu origem a seu primeiro
romance, Lordes de Thargor, O Vale de Eldor, recentemente publicado. Para mais
informações, acesse: www.lordesdethargor.com ou contato@lordesdethargor.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 32
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

El origen de los fundamentos


Roberto Carlos Ortiz Falcón

E l demonio entró en su cuerpo en forma de humano. Al principio, cuando le


salieron las primeras uñas, pensó que era una malformación genética. Pero luego
fueron los cabellos, los olores y la cubierta epitelial. Jamás aceptó el hecho de ser
el último de su especie. Tenía la esperanza de encontrar un igual. Y ahora, presa de
aquella mutación, sabía que el demonio, usando quién sabe qué argucias, se había
metido en su elemento. Juró que no lo admitiría así por así. Se arrastró hasta la
cima y desde allí contempló a la orgía de sombras entrampadas en el sufrimiento. A
medida que avanzaba juró que jamás dejaría de adorarse a sí mismo. Así fue como
emergió, del barro, el primer hombre.

Roberto Carlos Ortiz Falcón: nací en Pasco, Perú. Soy Ingeniero de Sistemas y
escritor aficionado. Participé en la Antología Ser Abuelo de Editorial Editando's.
Actualmente radico en Lima y participo en el Taller 7 de Sergio Gaut vel Hartman y
escribo en los blogs Químicamente Impuro y Breves no tan Breves. E-mail:
robcof2001@yahoo.com.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 33
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

A tampa do caixão
Rodrigo Araújo

N amoro: só ternuras. Um mês casados, tudo nele a irrita. O ronco, a meia usada,
o modo de mastigar, a gargalhada, os horários de comer.
Ela entra no banheiro, ele na privada.
– Meus deus, que nojo, não foi com você que casei. Tranca essa porta, porco! Se
isso a acontecer de novo eu te largo. Juro que te largo!
– Eu tranco, mas não a porta. Fecho a tampa do caixão.
Não fez a barba, mas usou a navalha.

Rodrigo Araújo: Curitibano. Em 2008 publicou o e-book de microcontos intitulado


“inferninho”, disponível no site Recanto das Letras. Não gosta que acentuem seu
sobrenome, não cursa Letras, não ganhou nenhum concurso, não usa sapatos
marrons. Contato com o autor: othenada@yahoo.com.br.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 34
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Acto de desagravio
Sergio Gaut vel Hartman

L o tenía a mi merced.
—¿No sabías que esto ocurriría, tarde o temprano? ¿Tu ciencia infalible te
abandonó?
Dos lágrimas como gotas de aceite rodaron por sus mejillas.
—¡No, por favor! —suplicó—, no me haga nada.
Desenfundé el kriss que me había regalado Sandokan.
—¿Cómo que no? ¡Por todas las porquerías que tuve que soportar! —Le pinché el
pecho con la punta del arma; una flor roja decoró la camisa.
—¡No! —mugió.
—¡Pobre astrólogo! —hundí el kriss hasta la empuñadura. Los planetas no se
movieron de sus órbitas, como si no hubiera ocurrido nada.

Sergio Gaut vel Hartman: nació en 1947 en Buenos Aires, Argentina. Publica
desde 1970 en revistas y antologías. Entre sus libros se cuentan Cuerpos
descartables (relatos) y El universo de la ciencia ficción (ensayo). Dirige la revista
digital Sinergia, tres blogs de minificciones y ha compilado Los universos
vislumbrados 2, Grageas, Desde el Taller y Mañanas en sombras.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 35
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

El resucitador de estrellas
Tanya Tynjälä

E l Resucitador de Estrellas es un ser abominable. Vaga con aire indiferente por


las bajas esferas, guardando la oscura esperanza de encontrar una estrella herida
que al caer, haya perdido su brillo. Cuando ubica a su posible víctima, se aproxima
sin mirar y finge gran sorpresa al pisotearla. La recoge cuidadosamente, le quita el
lodo con un sucio pañuelo de papel y escucha comprensivo sus quejas. Siempre
son las mismas: en un mundo dominado por deslumbrantes luces artificiales ya no
hay por quién brillar.

El la consuela, le seca las lágrimas, acaricia sus aristas, le habla del amor que aún
no ha muerto y que se esconde en algún lugar del alma humana y cuando la
estrella resucitada recupera su luz, la utiliza cínicamente como alfiler de corbata.

Tanya Tynjälä: es una escritora de literatura fantástica peruana. Radica en


Finlandia. Ha publicado los libros: “La ciudad de los nicatálopes” y “cuentos de la
princesa Malva” con la editorial NORMA. En 2007 ganó el premio Francisco Garzón
Céspedes en la categoría de monólogo teatral hiperbreve.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 36
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Começando pelo olho


Vinícius Vieira

I rá não conseguia desviar os olhos do pequeno gato agachado no canto da sala,


um fio de luz entrava pela veneziana semi-aberta como uma faca e cortava o
escuro em uma linha que passava pelos olhos do velho deitado no chão e ia até o
gato marrom. Devia ser o Luizinho, o velho não tinha mais certeza de nada.
Luizinho, ou qual diabo fosse ele, mergulhou nas sombras enquanto soltava um
miado. Irá ainda escutava o outro demoniozinho chafurdando em algum tipo de
comida, como um leitão dos infernos. Amaldiçoou a hora, três dias atrás, que tinha
resolvido trocar a Lâmpada, logo depois caído de cima da escada. Só se arrependia
de ter esquecido de alimentar o Huguinho, o Zezinho e o Luizinho. Pelo menos não
sentia nada do pescoço para baixo.
Ma o desgraçadinho tinha que ter começado pelo olho, pensou enquanto perdia
toda esperanças e Zezinho mergulhava a cabeça dentro de seu abdômen
escancarado.

Vinícius Vieira: mesmo sem saber exatamente como fazer uma minibiografia
quando se tem pouca experiência, o santista de 27 anos poderia no máximo contar
que é formado em Jornalismo e desde lá vem se especializando em crítica de
cinema, já tendo escrito para jornais da região, mas que hoje só alimenta seu
blogcinemaqui e ainda alguns textos para o site Cranik, sendo essas 12 linhas sua
primeira experiência literária, mas que provavelmente não serão as últimas.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 37
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Impressão
Wilson Gorj

D o filho que se jogou na frente do trem, só lhe trouxeram o chinelo – um


apenas: o esquerdo.
Meses depois, já consolada desta segunda perda familiar, a viúva mandou reformar
o quarto do filho, até então trancado pela dor da tragédia.
Novo reboco, nova pintura, novo piso.
Dia seguinte, a surpresa: no cimento ainda fresco, estavam impressas duas
pegadas distintas: a de um pé descalço e a de um chinelo. Direito.

In: Contos de Algibeira - ed. Casa Verde, 2007.

Wilson Gorj: autor do livro de Sem Contos Longos, coletânea de 100


micronarrativas. Do mesmo gênero, participou das antologias Contos de Algibeira
(ed. Casa Verde, RS - 2007.) e Entrelinhas (ed. Andross, SP - 2008). É colunista
do jornal O Lince (www.jornaolince.com.br).
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 38
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Entrevista
Ademir Pascale faz sua entrevista comemorativa de número 100 com
o jornalista, cineasta, fotógrafo, poeta, artista plástico e escritor de
FC André Carneiro.

Ademir Pascale: Não poderia deixar de lhe agradecer imensamente por ter
aceitado esta importante entrevista comemorativa que atinge a marca de 100
entrevistas que realizei em um período de quatro anos.
Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de André Carneiro na literatura.

André Carneiro: Infelizmente, não fui


influenciado por nenhum parente ou
amigo que me incentivasse para as
artes e a literatura. Essa circunstancia
sempre ajuda e apressa uma carreira.
Desde muito criança eu lia muito, de
tudo e até revistas argentinas, o
portunhol é uma língua que os
brasileiros nascem sabendo. Comecei
escrevendo crônicas e alguns artigos, só
pelo prazer de escrever. Não pensava
em publicar. O diretor de um jornal de
Bragança (SP), cidade próxima de
Atibaia onde eu morava, soube por
coincidência e me pediu uma
colaboração. Dei uma delas, já pronta.
O dono de um jornal de Atibaia soube,
pediu-me também. No domingo saíram
dois artigos meus, diferentes, um em
cada jornal. Daí em diante não mais
parei.

Ademir Pascale: Como foi publicar e


trabalhar no jornal literário TENTATIVA
nas décadas de 40 e 50, com os autores Sérgio Milliet, Graciliano Ramos, José Lins
do Rego, Vinícius de Morais e outros, além de ser citado em grandes jornais e
revistas pelos grandes Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gular, Oswald de
Andrade, Bernard Lorraine, etc.?

André Carneiro: O poeta e articulista político Domingos Carvalho da Silva


“descobriu-me” pela colaboração em Atibaia. Estávamos na ditadura de Getúlio.
Felinto Müller, o chefe de Policia, tinha expatriado a mulher do comunista Luiz
Carlos Prestes para a Alemanha de Hitler, onde morreu em campo de extermínio
judaico. Eu atacava a ditadura com incrível coragem. Domingos impressionado
convidou-me para colaborar em um jornal de São Paulo, onde logo conheci os
maiores escritores e artistas. Fiquei amigo de Oswald de Andrade. Seja anotado
que minha coragem resultava da minha inexperiência e do jornal de Atibaia ser
praticamente desconhecido fora. Logo aprendi que a grande imprensa combatia a
ditadura debaixo da maior pressão. Meus “corajosos” artigos de Atibaia, eles não
tinham condições de publicar.
TENTATIVA, o meu jornal literário, nasceu de um conjunto de circunstâncias e
coincidências, até um certo ponto provocado pela censura ditatorial cerceando a
atividade dos melhores jornais do país. Houve uma grande diminuição dos
Suplementos Literários dominicais e as revistas literárias praticamente
desapareceram. Eu tinha 27 anos. Junto com um amigo com dez anos menos
(César Mêmolo) e minha irmã Dulce Carneiro com 18, lançamos de Atibaia um
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 39
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

jornal literário com o titulo de TENTATIVA, desenhado pelo grande Aldemir Martins,
recentemente chegado do Norte, mas já com bastante prestígio. Quem quiser
pesquisar a história de “Tentativa” hoje, pode fazê-lo facilmente. Nas melhores
bibliotecas oficiais deste país encontrarão em formato de livro, um fac-simile de
todas as edições do meu jornal, feitas pela Imprensa Oficial de São Paulo, trabalho
organizado por Araceles Stamatiu, diretora do Museu Histórico de Atibaia, em 2007.
Explica-se facilmente a importância logo adquirida pelo jornal. O primeiro número
vinha com uma apresentação em manchete de Oswald de Andrade. (A pronúncia
correta do seu nome é Oswalde e não Óswald, com acento na primeira sílaba, como
no inglês). Em pouco tempo tínhamos correspondentes especiais mandando
colaboração de Paris, Lisboa e Buenos Aires, numa tentativa de união com o mundo
intelectual sul-americano, fato que, infelizmente não teve nenhuma continuidade
até hoje. Tentativa tinha representantes nas principais capitais brasileiras. Nele
colaborava a primeira linha dos escritores nacionais, escritores franceses e
portugueses.

Ademir Pascale: André Carneiro já foi cogitado para ocupar uma cadeira na
Academia Brasileira de Letras?

André Carneiro: Sim, e


na Academia Paulista
também. Sempre existe lá
o convite de um
contemporâneo imortal. O
regulamento das duas
Academias é semelhante.
Tem-se de visitar todos os
acadêmicos e pedir um
voto a eles. Eu não seria
capaz, acho provinciano
demais.

Ademir Pascale: A
maioria desta nova safra
de escritores, não
trabalhou com as famosas
máquinas de escrever.
Para você, como foi essa transição tecnológica entre máquina de escrever e
computador?

André Carneiro: Eu escrevia em uma nova e reluzente Remington 12, que pode
facilmente ser vista em qualquer museu. Enfrentei depois o 286, para cada
operação havia um código. Acho razoável que alguns se justifiquem não terem
agüentado o 286, com muita razão. E na Remington, eu enfiava quatro folhas de
papel carbono para conseguir cinco copias iguais... inacreditável. Adoro uma
história verdadeira transformada em anedota. Uma jovem desesperada precisava
copiar uma centena de paginas da tese de mestrado, cujo prazo vencia no dia
seguinte. Por coincidência os computadores da família estavam com defeitos. O
velho avô disse: eu ainda tenho minha maquina de escrever, está perfeita. A moça
suspirou de alívio, descobriu que o teclado era igual. Passou a noite toda
escrevendo. De manhã, abraçou o avô: - O senhor me salvou, está tudo copiado,
só não encontrei o botão para imprimir, onde fica?

Ademir Pascale: Dentre as inúmeras profissões que você exerceu, foi também
fotógrafo artístico, pintor e escultor. Seus trabalhos tiveram grande repercussão
internacional. Conte pra gente como foi.

André Carneiro: Herdei do meu pai uma loja de material de construção,


ferragens, vidros etc. Sou perito cortador de vidros com diamante. Sem isso não
existiria a minha Pintura Dinâmica. Desenhei a planta da minha casa de pedra, em
Atibaia, pedra bruta de alto a baixo do lado externo sem nenhuma alvenaria. Nessa
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 40
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

casa havia, no sub solo um quarto secreto, que se entrava pelo armário embutido
do meu quarto. Como era eu mesmo o fornecedor de todos os materiais, sua
entrada era absolutamente invisível... e, constituía, durante o golpe militar um
segredo que não poderia ser violado. Já contei algumas historias a respeito.
Fui publicitário, Diretor de Propaganda do Café Pelé, que lancei. Emerson Fitipaldi,
o campeão mundial e um outro, de futebol, eram os contratados da propaganda.
Exerci o trabalho de muitas profissões; diretor de edições, jornalista, analista e
hipnólogo. Escrevi dois livros a respeito, fiz algumas pesquisas experimentais, como
parto com data marcada, junto com o cientista Motaury Moreira Porto, que
introduziu no Brasil o chamado “parto sem dor”. Participei de alguns congressos
internacionais de Parapsicologia, escrevi teses a respeito. Pintei, entrei em uma
Bienal, com minha “Pintura Dinâmica”, de minha invenção, fiz fotografia artística,
ganhei prêmios nacionais e no estrangeiro. Cinqüenta anos depois, críticos
pesquisaram quais eram os fotógrafos pioneiros do modernismo nacional.
Identificaram 24, eu fui incluído. Minha foto “Trilhos” foi comprada até pela Tate
Galery de Londres. Houve uma solene exposição em São Paulo e no Rio. Essa
coleção dos Pioneiros foi vendida para o Itaú Cultural. Também fiz dezenas de
capas de livros e até recentemente fotos abstratas como capas. As 29 ilustrações
do meu último livro de contos, Confissões do Inexplicável, (600 páginas, segundo o
editor, a maior antologia já publicada no Brasil) são colagens da minha autoria.

Ademir Pascale: Além das profissões citadas na pergunta anterior, você também
foi cineasta, mas é nítido que dessa pluralidade de profissões, pelo menos no Brasil,
você se destacou mais na literatura. Como foi a sua trajetória no mundo da sétima
arte?

André Carneiro: Fiz Cinema, como autor e


realizador. Um filme meu de pesquisa artística
representou o Brasil em um festival na Europa. Do
conto “O Mudo”, Julio Silveira, fez um filme artístico
com astros da televisão.
Fiz um roteiro para o grande Carlo Ponti, que alguns
conheceram como o marido da Sofia Loren. A história
era sobre a vida do mais célebre ladrão brasileiro,
Meneguetti, cuja biografia resultou em diversos livros.
As aventuras que passei para escrever esse roteiro
daria um filme, principalmente minha visita ao célebre
presídio Carandiru onde Meneguetti passou 18 anos
preso. Fui uma grande promessa no cinema, tinha
prestígio como roteirista (fiz trabalhos para Roberto
Santos, Walter Hugo Cury, etc.), ganhei prêmios de
roteiro. Dei aulas e orientei oficinas. Como
experiência de vida foi muito grande, mas não
cheguei onde eu gostaria. Não tinha vocação para
reunir investidores com muito dinheiro, condição primordial para a realização final,
que não pode ficar em patamares abaixo de milhões.
Na Espanha um cineasta comprou os direitos de meu conto “Escuridão”, para a
realização de um filme.
Espero que tenha sucesso.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouco para os nossos leitores sobre a sua
magnífica obra de FC “Confissões do Inexplicável” (Editora DEVIR)?

André Carneiro: Uma vez, na França uma entrevistadora pediu-me que falasse do
meu país. Eu pensei, começo em Colombo ou no Cabral. Escrevi 600 páginas e
percebi que eram “confissões inexplicáveis”. Tenho de tentar algum truque, talvez
imaginar que um alienígena fez a pergunta.
A coisa mais importante da literatura é o Pacto Ficcional, embora o escritor o
mantenha invisível e nenhum leitor ainda o respondeu objetivamente. Todos os
romances e contos são inventados. Saem da cabeça do escritor e a verossimilhança
é totalmente livre, depende do Pacto. O escritor mostra o livro ao leitor e afirma:
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 41
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

esta história, como a de todos os romances é inventada. Você, leitor, sabe que ela
saiu da minha imaginação. Entretanto você leitor, vai ler esta história como se
fosse absolutamente verdadeira. Vai olvidar completamente que eu a inventei. Você
vai desprezar ou talvez odiar algum personagem, mas vai amar um outro, talvez a
heroína, vai sofrer com ela suas vicissitudes. Combinado?
O leitor sempre responde SIM, mas essa afirmativa crucial de acreditar na história
vai depender da qualidade do autor. O romancista precisa convencer o leitor.
Nenhum leitor acredita na história, de graça. Para convencer um leitor que uma
história inventada é verdadeira, nós escritores, sabemos quanto sacrifício isso
exige. Temos de escrever bem, temos de possuir o instrumento. Uma caneta muito
afiada, uma tecla de computador capaz de arrancar o botão da blusa da menina
leitora e acariciar ali perto do coração, até que uma lágrima pingue no seio nu e
provoque um suspiro de emoção da leitora.

Ademir Pascale: Quais dos seus livros mais lhe marcou e por quê?

André Carneiro: Vejo que não respondi sobre as


Confissões. Vou tentar, misturo com a oitava
pergunta.
Inevitavelmente contos e romances são projeções do
autor, ou de sua vida, às vezes muito bem
disfarçadas, ou não. Geralmente marcantes para
nós são os livros que se basearam em nossa
realidade ou
em fatos reais. Em Syrene eu me refiro “ao bom
burguês” como os jornais apelidaram o alto
funcionário do Banco do Brasil que deu um enorme
desfalque e o entregou nas mãos do Mr8 que lutava
com armas contra o golpe militar. Também em
“Seqüestro” descrevi uma inicial exata realidade
para depois inventar o meio e o fim. “A Grande
Obra” sempre foi o apelido da Alquimia. Como esta
palavra não é dita no conto, os que nunca leram
sobre os segredos dos alquimistas terão dificuldade
para entendê-lo. Em “Cartas Mágicas” descrevo quase inteiramente a vida de um
amigo jogador profissional.
Não aprecio estas minhas explicações e menos ainda quando resenhadores
simplesmente descrevem o enredo de um conto. Felizmente tornam-se raras as
sinopses comerciais de filmes, onde histórias complicadas são resumidas em cinco
linhas. Ou os romances clássicos que o Reader Digest expreme em três páginas.

Ademir Pascale: Nada melhor do que pedir dicas para um grande mestre como
você: como os interessados que desejam ingressar na literatura, devem proceder
para publicar suas obras? Existe uma receita específica?

André Carneiro: Sim, existe uma receita, uma espécie de tempero que carrega
um original pelas portas de uma gráfica e deposita as folhas impressas, das
livrarias para as mãos dos compradores. Esse tempero mágico chama-se
QUALIDADE. Qualidade do assunto, do estilo, do desenvolvimento. Os iniciantes
têm de se conformar, esse tempero só se obtém escrevendo bastante, cada vez
mais. Graciliano Ramos era prefeito de uma cidadezinha nordestina. No fim do ano
mandou para o Rio um relatório sobre a cidade pedindo verbas para
melhoramentos. Havia um editor por ali e disse: Este camarada escreve muito
bem, deve ter um romance já escrito. Escreveu perguntando. Graciliano tinha.
Assim publicou seu primeiro livro, só porque escrevia bem. Por isso quem quer ser
escritor, deve escrever bem. O resto é fácil. Para subir de emprego, de prefeito
para autor é só pedir verbas para a cidade, muito bem redigidas...
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 42
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

André Carneiro: Sim, muitos. Vivo anunciando o desejo de fazer filmes de


pesquisa artística. Até agora não apareceu ninguém para participar. Penso em
escrever cada vez melhor. Não me importo, até me esforço para sofisticar. Há leitor
que me diz: não entendi nada.
Não sou um escritor popular. Segundo Kafka, muitos ficam para fora do castelo.

PERGUNTAS RÁPIDAS:

Um livro: Um seria uma injustiça. Mas não fica bem citar 20 ou 30.
Um(a) autor(a): Exatamente os 30 citados.

Um ator ou atriz: Lembro de alguns do cinema mudo e outros do falado.


Um dia especial: Lembro de semanas, meses, até anos

Ademir Pascale: Amigo, mais uma vez lhe agradeço pela gentileza da entrevista.
Desejo-lhe muito sucesso.

André Carneiro: Retribuo o seu agradecimento com um espelho belga de alto


aumento.
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 43
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Livros
A SOMBRA DOS HOMENS
Roberto Causo

Tajarê nasceu e cresceu na Aldeia do Coração da


Terra, à beira do Grande Rio - que muito tempo
depois seria chamado de 'Amazonas', e por isso fala
todas as línguas e conhece todas as crenças e
costumes de todos os povos do continente. É o herói
escolhido pelas forças mágicas da própria Terra para
defendê-la contra a invasão de uma magia alienígena,
representada pela sacerdotisa Sjala. Mas Tajarê é um
herói relutante, que preferiria viver a vida simples,
sem batalhas a travar e inimigos a destruir.

Valor: R$ 17,00
ISBN: 8575321048
ISBN-13: 9788575321041
Páginas: 120 - Devir
Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

TAIKODOM - DESPERTAR
J. M. Beraldo

Despertar é a história de dois amigos brasileiros —


Jorge Santiago e Augusto Carrera — que serviam
juntos como piloto e co-piloto na Força Aeroespacial
da União do Centro, bloco geopolítico do qual o
Brasil fazia parte em meados do século XXI, época
em que as mega-corporações já haviam migrado
para o espaço interplanetário, e dado início à
exploração e à colonização do Sistema Solar.
A ação eletrizante do romance se passa na mesma
época em que tem início o módulo I do game on-
line. Diversas cenas, ambientações e personagens
são inclusive comuns ao romance e ao jogo.
Despertar é o primeiro livro desta coleção que
apresentará as narrativas literárias do U.F. Seu
autor, João Marcelo Beraldo é escritor de ficção
científica e game designer do próprio Taikodom.

Valor: R$ 35,00
ISBN: 8575323482
ISBN-13: 9788575323489
Páginas: 317- Devir
Para adquirir, acesse: www.devir.net
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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

RELÂMPAGOS DE SANGUE
Nelson Magrini

Desde quando ela estava tendo aquelas visões? Não


sabia de um modo exato, não tinha certeza.
Acreditava que tudo havia começado após a viagem
de quinze dias que fizera há pouco mais de um mês,
mas ela não podia jurar. Na realidade, não se
lembrava. E por estranho que fosse, havia várias
outras coisas que ela não se recordava, e os lapsos
de memória também começaram após aquela
viagem. Ela não sabia dizer que coisas eram; apenas
sabia que eram importantes e que estavam em sua
memória, muito perto, mas não conseguia acessá-
las. Estavam lá, mas eram fugidias, toscos espíritos
que pareciam flutuar sem rumo, ao redor de sua
mente, zombando dela, zombando de sua sanidade e
de seu medo. Ela apenas sabia que tinha medo, e esse medo, não tinha dúvidas,
era real.

Valor: R$ 45,00
ISBN: 8576790599
ISBN-13: 9788576790594
Páginas: 456 – Novo Século
Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

LORDES DE THARGOR
O VALE DE ELDOR
Roberlandio A. Pinheiro

Um poder ancestral ressurgiu e dois mundos


separados pela guerra e pelo tempo estão novamente
ameaçados.
Ao encontrar um talismã perdido na colina atrás de
sua casa, o jovem Deiv Martins jamais imaginou que,
de uma hora a outra, seu mundo viraria de cabeça
para baixo.
Salvo de um ataque que quase o matou, Deiv é jogado
no meio de uma jornada em busca dos Primais, cinco
grandes poderes que, unidos, podem salvar ambos os
mundos ou destruí-los por completo.
Junto com novos amigos, entre eles um poderoso
guerreiro de pele azul e um mago-anão imortal, ele
vai enfrentar monstros alados e perigos inimagináveis,
vai encontrar reinos escondidos atrás de cortinas mágicas e vales encantados e
descobrir que seu mundo possui mais faces e mistérios do que ele poderia
imaginar.

Valor: R$ 57,00 [ou com 35% de desconto do preço de capa (R$ 37,00), através
do site do autor www.lordesdethargor.com].
ISBN: 978-85-61590-41-3
Páginas: 328 - 1ª Edição – Biblioteca 24X7.
Para adquirir, acesse: www.biblioteca24x7.com.br ou www.lordesdethargor.com
TerrorZine – Minicontos de Terror nº 03 45
Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

HISTÓRIAS DO TARÔ
Vários Autores

O objetivo do livro 'Histórias do tarô' é apresentar a


jornada de cada um dos Arcanos Maiores, através de
22 histórias que vão desde o Louco que precede o
Mago, até o Louco que segue após o Mundo,
abordando as situações que tanto podem surgir em
analises psicológicas, relacionadas ao
desenvolvimento pessoal, como nas leituras de
âmbito divinatório.

Valor: R$ 37,00
ISBN: 8561541024
ISBN-13: 9788561541026
Páginas: 208 – 1ª Edição – Tarja Editorial
Para adquirir, acesse: www.tarjalivros.com.br

CONFISSÕES DO
INEXPLICÁVEL
André Carneiro

'Confissões do inexplicável', com histórias escritas


num intenso período de seis anos, é a mais robusta
coletânea de um autor brasileiro de ficção científica já
publicada. Suas histórias atestam a boa forma de um
escritor que contribuiu como poucos para o avanço da
ficção científica nacional, numa carreira que se
expande desde o final da década de 1950. Autor de
obras audaciosas no conteúdo e na forma, André
Carneiro expressa suas idéias com poesia,
sensualidade, ironia e originalidade reconhecidas no
Brasil e no exterior. Seus enredos atmosféricos
parecem representar os espaços da mente, tanto
quanto o palco físico para a ação dos personagens. Um
dos poucos autores brasileiros do gênero com carreira internacional, tem contos e
romances publicados nos Estados Unidos, Inglaterra, Argentina, Espanha, Suécia,
Japão e outros países.

Valor: R$ 44,50
ISBN: 8575322788
ISBN-13: 9788575322789
Páginas: 599 – Editora DEVIR
Para adquirir, acesse: www.livrariacultura.com.br

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Organizadores: Ademir Pascale e Elenir Alves

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® Todos os direitos reservados a Ademir Pascale e Elenir Alves – 2008


Cada autor responde pelo teor do seu miniconto, assim como plágio.

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