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DIRE CÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DONORTE

Escola Secundár ia
Dr. ManuelGomesdeAlmeida
401559

FICHA DE TRABALHO

1. Lê com atenção o excerto da entrevista de Daniel Sampaio ao Jornal i

Entrevista

Daniel Sampaio "Ninguém se suicida só por ser vítima de bullying"


por Joana Stichini Vilela, Publicado em 10 de Abril de 2010

Defende que os pais estão inseguros e precisam de ajuda. Todos os sábados toma o pequeno-
almoço com o irmão
Sandra Rocha/
Trinta minutos. Na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, em
Lisboa, o psiquiatra Daniel Sampaio, 63 anos, recebe o i com o atraso da
praxe. Em troca oferece todo o tempo de que necessitarmos. "Não tenho
pressa", assegura, de cara lavada, enquanto tira uma caixa de bombons
da secretária para a fotografia. "Não pode aparecer assim. Sou muito
arrumado."
(…)
Mais de metade a escrever livros sobre adolescentes, família e escola. Desde que editou "Droga, Pais e
Filhos", em 1978, os jovens mudaram muito?
A socialização é muito diferente. Antes tínhamos uma concepção da adolescência ligada à família e à escola. A
internet mudou completamente a maneira como o adolescente se relaciona com os amigos. Ainda não sabemos
que repercussão vai ter. Depois há outro problema: a insegurança dos pais. Dos anos 60 aos 90, os pais reagiram
ao modelo dos seus próprios pais e tornaram-se muito permissivos. Houve uma perda de autoridade. Foi bom,
porque pais e filhos se aproximaram muito. Só que os pais, que eu acho que são os melhores de sempre, passaram
a ter muitas dúvidas e inseguranças. E agora têm de mudar a forma como se relacionam com os filhos.

O que têm de mudar?


Não podem esperar que o filho vá ter com eles num sábado à tarde para ter uma conversa séria. A sociedade é
muito rápida. Existem muitas questões que devem ser resolvidas no momento. As pessoas dizem que não há
tempo. O que é preciso é arranjar novas formas de contactar, que não podem passar por manuais ou coisas
estereotipadas. Dou-lhe um exemplo: estou no Facebook. Foram os meus netos que me introduziram. (…)

Aceita convites de amizade?


Com algum critério. Mas tenho um site e recebo uma média de 70 emails por dia, de jovens com problemas
pessoais a pais com problemas com os filhos... Gasto entre uma e duas horas por dia a responder-lhes. Não me
deito sem o fazer.

Passando para a actualidade. Existe de facto bullying em Portugal?


Claro. Como sempre existiu. O bullying é uma violência caracterizada por comportamentos de humilhação e de
provocação em relação ao aluno. Nos anos 60, estava no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, e havia bullying. Mas
não se estudavam essas questões e não se valorizava. Havia a noção de que as pessoas tinham de se desenrascar.
Lembro-me de um jovem homossexual que era vítima de humilhações sistemáticas na casa de banho e no pátio.
Hoje, felizmente, acha-se que as pessoas frágeis devem ser protegidas. Porque violência sempre haverá na escola.
Isso é uma utopia dos anos 60.

Mas não faz parte do crescimento aprender a lidar com as dificuldades?


É verdade.

Então qual é o limite?


Há uma diferença entre um comportamento que pode ser episodicamente violento - que até é saudável, porque é
importante que as pessoas aprendam a desembaraçar-se - e um comportamento de humilhação e provocação
sistemático.
Há quem defenda que superar situações de provocação pode fazer da vítima um adulto mais forte.
Isso tem a ver com o perfil da vítima. Há quem saiba reagir e quem se vitimize: pessoas depressivas, inseguras.
Mas os agressores também precisam de ajuda. É errado pensar que o problema se resolve punindo os agressores.

Nos EUA, nove jovens estão a ser investigados no caso de uma adolescente que se suicidou por ser vítima de
bullying.
Isso nunca é bem assim. A pessoa nunca se suicida só porque é vítima de bullying. Há múltiplas causas que num
determinado momento se somam. Por exemplo, temos a escola de Fitares e o professor que se suicidou, vítima -
escreveram indecentemente os seus colegas do "Público" - da turma do 9.º B. Não se pode escrever isto. Primeiro
porque houve pessoas da turma do 9.ºB que não tiveram nada a ver com isso. Depois, o professor - que de certeza
que sofria muita pressão dos alunos, ao ponto de escrever isso no computador - era doente psiquiátrico, estava em
depressão, tinha 50 e tal anos e vivia com os pais.

Ao longo destes 20 anos, a sua forma de olhar os adolescentes mudou?


Claro que mudou. Primeiro porque vou envelhecendo. Às vezes olham-me como um avozinho. Mas isso não faz
mal. Quero estar de acordo com a minha idade. Nunca uso calão juvenil nem permito que o usem comigo.

Em "Vozes e Ruídos" defende que temos de usar a linguagem dos jovens e um capítulo chama-se "Bute
Falar".
Sim... Isso em 93. Já não uso esse tipo de linguagem. Em 94, quando escrevi "Inventem-se Novos Pais", era
importante dizer aos pais "oiçam os adolescentes". Em 2010, os adolescentes já têm a sua voz. O essencial é dizer
"atenção, os pais precisam de ajuda e estão inseguros". Há situações preocupantes, em que os adolescentes
comandam a vida familiar. Houve muita permissividade.

Quando deixa de haver espaço para negociação e é preciso ser autoritário?


Uma família não é uma estrutura democrática tradicional. Há um momento em que é preciso decidir, e quem
decide é o adulto. É fundamental que decida sobretudo nas questões de saúde e de segurança. (…) O grande
problema das famílias é que os jovens não sabem se estão a transgredir, porque não há regras.

Que tipo de adultos serão?


Isto traz consequências a nível da frustração e a nível moral. A educação deve ter uma dimensão de frustração,
que é "tu não podes ter tudo quanto queres". Qualquer aprendizagem exige esforço. Não se deve desistir à mínima
coisa. Aprendi isso com os meus pais, que não admitiam que faltássemos à escola, a não ser que estivéssemos
mesmo doentes. Era o nosso dever. E depois é importante a chamada educação para os valores: aquilo que eu pai
e eu mãe achamos que é importante para ti nesta família.

A conduta dos pais é responsável pela conduta dos filhos?


Não. Os pais são determinantes, mas não são os únicos responsáveis. Devemos dizer às crianças e aos
adolescentes que eles são responsáveis pelos próprios actos de acordo com a sua idade. Uma criança de um ano
não pode decidir a sua vida, mas pode arrumar os brinquedos. (…)

Que tipo de adolescente foi?


Muito contemplativo. Tinha a mania que ia ser escritor. Pertencia a uma coisa que se chamava Comissão para a
Associação dos Liceus, um movimento liceal que era proibido, onde estavam pessoas como o Fernando Rosas.
Contestámos o regime, fizemos um jornal proibido. Era um adolescente muito sério. Mas também namorei...

Era muito namoradeiro?


Não muito. Tive várias namoradas. Mas era muito interventivo. Isso é um traço da minha família. Vem dos meus
pais. Os serões eram passados a discutir temas. Apesar dos sete anos de diferença em relação ao meu irmão [o ex-
Presidente da República Jorge Sampaio], a minha opinião era muito reconhecida. Os meus pais perguntavam-me
o que pensava sobre como se devia organizar a família, o que achava da situação política... (…)

Havia muitas regras?


Havia muitas regras, mas havia uma autoridade natural. Tive uma época em que era muito contestatário e chegava
a casa tarde. Ficava em casa do Ruben de Carvalho a cantar canções revolucionárias até às tantas. Tinha 17 anos.
Eles achavam péssimo. (…)

in http://www.ionline.pt/conteudo/54730-daniel-sampaio-ninguem-se-suicida-so-ser-vitima-bullying, consultado
em 18 de Novembro de 2010
Responde agora às seguintes questões:

1. Refere as principais mudanças dos jovens desde 1978, segundo o psicólogo.

2. Segundo o psicólogo, o Bullying é um fenómeno da actualidade? Justifica.

3. Segundo Daniel Sampaio quando é que a violência se transforma em Bullying?

4. De acordo com as suas afirmações, consideras que Daniel Sampaio partilha da opinião de que as
pessoas que são vítimas de Bullying se podem tornar adultos psicologicamente mais fortes?

5. Daniel Sampaio não concorda que o Bullying por si só possa levar alguém ao suicídio.

5.1. Justifica esta afirmação com uma frase do texto.

6. A jornalista, a dada altura, consegue denunciar uma aparente contradição do autor. Indica-a.

7. Segundo o psicólogo, qual tem sido o principal erro dos pais?

7.1. Que consequências é que este erro pode ter para os filhos?

8. Caracteriza a adolescência de Daniel Sampaio.

II

1. Divide e classifica as orações das frases seguintes:

a) “Os pais, que eu acho que são os melhores de sempre, passaram a ter muitas dúvidas e inseguranças.”

b) “É fundamental que decida sobretudo nas questões de saúde e de segurança.”

c) “O grande problema das famílias é que os jovens não sabem se estão a transgredir, porque não há regras.”

d) “Aprendi isso com os meus pais, que não admitiam que faltássemos à escola, a não ser que estivéssemos
mesmo doentes.”

e) “Uma criança de um ano não pode decidir a sua vida, mas pode arrumar os brinquedos.”

f) “Há múltiplas causas que num determinado momento se somam.”

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