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ANOMALIAS DENTÁRIAS EM PACIENTES PORTADORES


DE FISSURAS LABIOPALATINAS: REVISÃO DE
LITERATURA

DENTAL ANOMALIES IN THE PATIENTS WITH CLEFT LIP AND


PALATE: A LITERATURE REVIEW

Ana Christina Claro Neves


Mônica César Patrocínio
Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté
Karime Paes Leme
Regina Tiemi Ui
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Paraíba

RESUMO

As fissuras labiopalatinas são malformações congênitas que causam em seus portadores além de comprometimento estético
severo, distúrbios funcionais que vão desde a alimentação até a fonação. Visando estudar as anomalias dentárias presentes
nesses pacientes foi realizada a revisão da literatura pertinente ao assunto. Observou-se que anomalias dentárias se
evidenciam mais freqüentemente em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas do que na população em geral e
ocorrem com maior incidência na dentição permanente, na região da fissura. O incisivo lateral superior é o elemento
dentário mais susceptível a injúrias e mostra maior incidência de anodontia. O diagnóstico precoce das anomalias dentárias
é de fundamental importância para que sejam minimizados seus efeitos deletérios no desenvolvimento harmonioso da
oclusão dentária e da estética, através de conduta clínica e ortodôntica adequada.
PALAVRAS-CHAVES: fissuras de lábio, fissuras de palato, anomalias dentárias

INTRODUÇÃO

Os portadores de fissuras labiopalatinas, além de grave problema estético, apresentam distúrbios


funcionais severos, de forma que se esta deformidade não for tratada convenientemente e a tempo, poderá causar
também, problemas de ordem psicológica ao portador (REZENDE, 1997).
Anomalias dentárias de número, tamanho, forma, desenvolvimento e erupção, são bastante freqüentes
em fissurados labiopalatinos e a sua intensidade parece depender da severidade da fissura. Embora apareçam na
dentição decídua, prevalecem na dentição permanente, e na maxila sua incidência é maior do que na mandíbula.
Essas anomalias parecem ser determinadas embriologicamente, ocorrendo em fases diferentes do
desenvolvimento dental; as anomalias de número se dão durante a formação inicial dos germes dentais, as de
forma durante a morfodiferenciação e as de posição durante a erupção do dente.
Embora a anodontia seja a anomalia dentária mais freqüentemente observada em portadores de fissuras
de lábio e palato, afetando principalmente o incisivo lateral do lado da fissura, outras anomalias como dentes
supranumerários, microdentes, erupção dentária ectópica, dentes natal, neonatal e intranasal, atraso na erupção e
na formação dentária também são evidenciadas.

REVISÃO DA LITERATURA

Damante, Freitas e Moraes (1973) estudaram a incidência de agenesia dentária e de dentes


supranumerários na área das fissuras de lábio e rebordo alveolar e de lábio - rebordo alveolar-palato, nas

Rev. biociênc.,Taubaté, v.8, n.2, p.75-81, jul.-dez.2002.


dentições decídua e permanente. Participaram da pesquisa 115 pacientes com idades variando entre 3 e 25 anos.
Na dentição permanente, foi encontrada maior incidência de agenesia dentária do que de dentes supranumerários
e, na dentição decídua, dentes supranumerários foram observados mais freqüentemente que agenesia. A
incidência de dentes supranumerários era menor quanto mais complexa era a fissura e a incidência de agenesia
parecia aumentar nesta mesma ordem.
Ranta (1986) revisou a literatura referente as anomalias dentárias presentes em crianças com fissuras de
lábio e palato e, segundo o autor, o incisivo lateral superior na área de fissura é o elemento dentário mais
susceptível a injúrias nas dentições decídua e permanente, aumentando a prevalência de agenesia com a
gravidade da fissura. Na dentição decídua, anodontia é encontrada mais freqüentemente na maxila, porém na
dentição permanente, maxila e mandíbula são igualmente afetados. O tempo de formação da dentição
permanente é maior em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas que em crianças não fissuradas e parece
aumentar com a gravidade da fissura. O tamanho dos dentes permanentes é menor em crianças fissuradas do que
em crianças não fissuradas, com evidente desequilíbrio do tamanho coroa-raiz.
Ranalli, Elliott e Zullo (1986) compararam a prevalência de erupção ectópica em 118 crianças, com
média de idade de 9,3 anos, portadoras de fissuras de lábio e palato. Após análise radiográfica, 236 dentes
mostravam erupção ectópica, sendo que 49 eram primeiro molar superior permanente, e destes, 38 haviam
irrompido espontaneamente. Os autores concluíram que a erupção ectópica do primeiro molar superior
permanente incide mais freqüentemente em portadores de fissuras labiopalatinas do que em indivíduos não
fissurados, e que grande número de molares com erupção ectópica, entram em posição normal espontaneamente.
Lopes, Mattos e André (1991) estudaram as anomalias dentárias de número em 86 portadores de
malformação congênita de lábio e palato. Os autores observaram que anomalias dentárias de número são sete
vezes mais prevalentes em pacientes com fenda labial e palatina do que na população não fissurada; anodontia se
evidencia duas vezes mais freqüente que dentes supranumerários tanto em indivíduos não fissurados como
naqueles com fissuras labiopalatinas e, a freqüência de dentes supranumerários é inversamente proporcional a
complexidade da fenda.
Silva Filho, Albuquerque e Costa (1993) pesquisaram a prevalência de erupção ectópica do primeiro
molar permanente superior em pacientes com fissura de palato. Participaram da pesquisa 107 pacientes que
haviam se submetido à cirurgia reparadora das fissuras nos primeiros anos de vida e, após análise das
radiografias panorâmicas, foram evidenciados 22 pacientes com erupção ectópica dos primeiros molares.
Bjerklin, Kurol e Paulin (1993), após análise da erupção ectópica dos primeiros molares permanentes
superiores em 125 crianças com fissuras labiopalatinas, encontraram prevalência quatro vezes superior em
crianças fissuradas que em crianças não fissuradas. Nas crianças com fissuras de lábio ou de palato e processo
alveolar, a prevalência era de 15.4% e naquelas com fissuras palatinas, era de 28.8%. Segundo os autores,
pacientes do sexo feminino apresentavam mais freqüentemente erupção ectópica do que os do sexo masculino e
o achado mais notável do estudo foi a erupção ectópica do molar não ter sido observada no lado da fissura.
Vichi e Franchi (1995) estudaram a prevalência de anomalias dentárias de número, tamanho e forma dos
incisivos superiores decíduos e permanentes, em crianças portadoras de fissuras uni ou bilaterais, de lábio e
processo alveolar, com ou sem envolvimento do palato. Foram analisados, através de exame clínico e
radiográfico, 77 pacientes entre 3 e 16 anos de idade. Os resultados mostraram que os incisivos laterais eram os
dentes mais freqüentemente ausentes no lado da fissura, sendo que em 8 casos estava ausente em ambas as
dentições e em 25, somente na dentição permanente. Segundo os autores, a ausência congênita do incisivo
lateral decíduo está sempre associada à ausência congênita do correspondente permanente; entretanto, a
presença do incisivo lateral decíduo do lado fissurado pode estar também associada à ausência congênita do
incisivo lateral permanente. O incisivo central permanente do lado fissurado estava ausente em 2,6% dos casos e
os incisivos laterais supranumerários foram mais freqüentemente encontrados na dentição permanente do que na
decídua. Em 28 pacientes o incisivo lateral permanente do lado fissurado apresentava algum grau de
deformidade no tamanho ou na forma, e somente 4 pacientes apresentavam deformidades no incisivo central. Os
autores concluíram que o reconhecimento precoce das anomalias dentárias na dentição decídua é de grande
importância para o sucesso do tratamento interceptivo de problemas potencialmente severos.
Oliveira, Capelozza e Carvalho (1996) após estudarem a freqüência de anomalias dentárias de
desenvolvimento e sua correlação com os tipos de fissuras labiopalatinas, em 2511 pacientes fissurados,
encontraram maior freqüência de agenesia dental, dentes supranumerários e microdontia do incisivo lateral no
lado da fissura. Agenesia do incisivo lateral superior se evidenciou mais freqüentemente nos pacientes com
fissuras pré e transforame e, agenesia do segundo pré-molar inferior nos pacientes com fissuras pós-forame. O
segundo pré-molar superior foi o elemento dentário retido mais comumente observado nos portadores de fissura
pré-forame completa unilateral direita e, o segundo pré-molar inferior nos portadores de fissuras pós-forame.
Almeida e Gomide (1996) analisaram a prevalência de dentes neonatal em 692 crianças portadoras de
fissura unilateral completa e 367 com fissura de lábio e palato bilateral, com menos de 3 meses de idade e não
operadas. Maior prevalência de dente neonatal foi encontrada nas portadoras de fissura bilateral completa
(10.6%), e no grupo portador de fissura unilateral completa foi evidenciado 2,02%, sendo esses valores
significativamente maiores do que os relatados em crianças não fissuradas.
Peterka, Peterková e Likoviski (1996) investigaram o período de substituição da dentição decídua
maxilar pela permanente em 163 portadores de fissuras labiopalatinas unilaterais completas (FLPUC), 82 de
fissuras bilaterais (FLPB), e 97 de fissuras palatinas isoladas (FP). Os resultados foram comparados com um
grupo controle constituído por 294 pacientes. Nos pacientes portadores de FLPUC, a erupção dos incisivos
laterais e segundos molares permanentes foi mais lenta do lado da fissura; no lado não afetado não foi observado
nenhum atraso na erupção dentária e se evidenciou erupção precoce do canino e dos primeiros e segundos pré-
molares superiores. Nos pacientes com FLPB, o maior atraso na erupção foi observado no incisivo lateral e
primeiro molar superior e o canino e os pré-molares erupcionaram mais cedo do que no grupo de controle. Nos
pacientes com FP, os incisivos centrais erupcionaram precocemente e os caninos e segundos molares superiores
decíduos foram esfoliados mais cedo. Os autores concluíram que os distúrbios de desenvolvimento da maxila em
pacientes com fissuras labiopalatinas estão associados com as alterações do período de substituição de dentes.
Mattos et al. (1997) analisaram a assimetria do incisivo central superior em trinta indivíduos portadores
de fissura labiopalatina unilateral, observando que os incisivos centrais superiores adjacentes à fissura não
apresentavam redução significativa na largura mésio-distal de seu terço cervical, embora fossem
significativamente menores nos terços médio e incisal quando comparados a seus contralaterais. Segundo os
autores, isso possivelmente se deva a redução da borda incisal voltada para a fissura e a alterações de estrutura
de esmalte.
Lekkas, Latief e Kuijpersjagtman (1999) investigaram a ausência de caninos e pré-molares em 266
pacientes adultos portadores de fissuras labiopalatinas e não operados. Ausência de caninos e pré-molares não
foi encontrada e anomalias dentárias de número só foram observadas em dentes localizados na região da fissura.
Os resultados deste estudo sustentam a hipótese de que a cirurgia precoce para o fechamento do palato duro na
infância, é o fator etiológico mais importante para a ausência de dentes fora da região da fissura.
Shapira, Lubit e Kuftinec (1999) avaliaram 278 pacientes portadores de fissura labial, palatina ou ambas,
objetivando determinar a freqüência da agenesia dos segundos pré-molares. Os autores observaram que a
freqüência da agenesia em indivíduos com fissuras labiopalatinas era significativamente maior que a observada
na população não fissurada, se mostrando três vezes mais freqüente na maxila do que na mandíbula. Segundo os
autores, o diagnóstico da agenesia dos incisivos laterais e segundos pré-molares encontrados em indivíduos com
fissuras labiais e palatinas, é extremamente importante para a determinação de um plano de tratamento
adequado.
Medeiros et al. (1999) estudaram a diferença de incidência de dentes intranasal em pacientes do sexo
masculino e feminino, portadores de fissuras labiopalatinas. Foram analisados 815 pacientes com fissura de lábio
e palato bilateral e 1495 com fissura de lábio e palato unilateral. Os resultados mostraram maior incidência de
dente intranasal no sexo feminino, sendo 0.61%, as crianças que apresentavam fissuras de lábio e palato bilateral
e 0.40%, as que apresentavam fissuras de lábio e palato unilateral. Segundo os autores, a união incompleta do
processo embrionário parece ser a provável causa do deslocamento do germe dentário original.
Cabete, Gomide e Costa (1999) analisaram o número de dentes presentes na dentição decídua de
portadores de fissuras labiopalatinas, com e sem a presença de dente neonatal na região da fissura. A dentição
decídua de 55 crianças com fissuras de lábio e palato uni e bilateral, com idade variando de 3 a 6 anos e que
apresentavam dente neonatal foi clinicamente avaliada e comparada com a dentição decídua de 54 portadores de
fissuras de lábio e palato uni e bilateral, sem dente neonatal. Os portadores de dente neonatal já tinham tido
estes dentes extraídos e, a falta do incisivo lateral na região de fissura era a anomalia mais prevalente. Segundo
os autores a extração do dentes neonatal parece não alterar o número de dentes decíduos.
Shapira, Lubit e Kuftinec (2000) utilizaram radiografias panorâmicas, periapicais e oclusais de 278
pacientes com fissuras labiais, palatinas ou ambas, para analisar a prevalência de agenesia, fora e na região da
fissura, e a possível associação entre o lado fissurado e o lado da ausência dentária. Foi encontrada prevalência
de anodontia de 77% (excluindo os terceiros molares) e este valor era significativamente maior, estatística e
clinicamente, que o encontrado na população não fissurada e, consideravelmente maior que a relatada em
estudos prévios. Os incisivos laterais superiores permanentes eram os dentes mais freqüentemente ausentes no
lado fissurado seguido pelos segundos pré-molares superiores e segundos pré-molares inferiores. No lado não
fissurado, os dentes mais freqüentemente ausentes eram os segundos pré-molares superiores, incisivos laterais
superiores e segundos pré-molares inferiores. Anodontia foi mais evidenciada nas fissuras de maxila do que nas
de mandíbula e nos casos de fissura unilateral era mais freqüente no lado da fissura. Segundo os autores, é de
grande importância o diagnóstico precoce de dentes permanentes congenitamente ausentes e o conhecimento do
tamanho e número dos dentes remanescentes, para que se possa estabelecer um plano de tratamento adequado.

DISCUSSÃO

A odontologia, através de suas diversas especialidades, tem conseguido notáveis resultados na


reabilitação de indivíduos portadores de malformações congênitas labiopalatinas, no que se refere à estética, à
função e à fonação (DAMANTE; FREITAS; MORAES, 1973).
Anomalias de número, tamanho e forma dos dentes e alterações dos períodos de formação e sua erupção
são freqüentemente observadas nestes pacientes, gerando não só problemas estéticos como também dificuldades
na mastigação, respiração, deglutição e fonação. O diagnóstico precoce dessas anomalias permite que se
estabeleçam condutas clínicas e ortodônticas preventivas, interceptativas e corretivas, visando à obtenção de uma
oclusão mais favorável (OLIVEIRA; CAPELOZZA; CARVALHO, 1996).
Pesquisas apontam que anomalias dentárias são significativamente mais prevalentes em pacientes
portadores de fissuras labiopalatinas do que na população em geral e na região da fissura maior incidência é
observada do que na região contralateral (RANALLI; ELLIOTT; ZULLO,1986; LOPES; MATTOS; ANDRÉ,
1991; BJERKLIN; KUROL; PAULIN, 1993; ALMEIDA; GOMIDE,1996; SHAPIRA; LUBIT;
KUFTINEC,1999; SHAPIRA; LUBIT; KUFTINEC, 2000). Embora essas anomalias dentárias afetem as
dentições decídua e permanente, sua incidência parece ser maior na dentição permanente (VICHI; FRANCHI,
1995).
A incidência de anodontia e dentes supranumerários nas dentições decídua e permanente de portadores
de fissuras labiopalatinas foi estudada por diversos autores (DAMANTE; FREITAS; MORAES, 1973; RANTA,
1986; LOPES; MATTOS; ANDRÉ, 1991; VICHI; FRANCHI, 1995; OLIVEIRA; CAPELOZZA;
CARVALHO, 1996; LEKKAS; LATIEF; KUIJPERSJAGTMAN, 1999; SHAPIRA; LUBIT; KUFTINEC,
1999; CABETE; GOMIDE; COSTA, 1999; SHAPIRA; LUBIT; KUFTINEC, 2000) e, de acordo com Lopes,
Mattos e André (1991), são sete vezes mais freqüentes nesses pacientes do que na população em geral, sendo a
anodontia duas vezes mais freqüente que dentes supranumerários.
Damante, Freitas e Moraes (1973) relataram maior incidência de anodontia do que de dentes
supranumerários na dentição permanente e, maior número de dentes supranumerários na dentição decídua,
entretanto, Vichi e Franchi (1995) observaram que incisivos laterais supranumerários são mais freqüentemente
encontrados na dentição permanente. A incidência de dentes supranumerários parece diminuir e a de anodontia
aumentar quanto mais complexa é a fissura (DAMANTE; FREITAS; MORAES, 1973; RANTA,1986; LOPES;
MATTOS; ANDRÉ, 1991).
Enquanto Ranta (1986) observou que o tempo de formação da dentição permanente é maior em crianças
portadoras de fissuras labiopalatinas do que em crianças não fissuradas e este tempo aumenta com a gravidade
da fissura, Peterka, Peterková e Likoviski (1996) relataram erupção mais lenta dos dentes permanentes apenas do
lado da fissura.
Em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas o incisivo lateral superior, decíduo e permanente,
localizado no lado da fissura, é o elemento dentário mais susceptível a injúrias (RANTA,1986; OLIVEIRA;
CAPELOZZA; CARVALHO, 1996), sendo os incisivos laterais permanentes superiores, os dentes mais ausentes
(VICHI; FRANCHI,1995) nesses pacientes.
Segundo Oliveira, Capelozza e Carvalho (1996), a agenesia e a impacção do segundo pré-molar inferior
são mais freqüentemente evidenciadas nos portadores de fissura pós-forame e o segundo pré-molar superior
parece ser o elemento dentário retido mais comumente encontrado nos portadores de fissura pré-forame
completa unilateral direita. Shapira, Lubit e Kuftinec (1999), encontraram freqüência significativamente maior
de agenesia do segundo pré-molar nos portadores de fissuras labiopalatinas do que a observada na população não
fissurada, sendo evidenciada mais comumente na maxila do que na mandíbula e em portadores de fissuras
unilaterais do lado esquerdo.
Lekkas, Latief e Kuijpersjagtman (1999) não encontraram anodontia de caninos e pré-molares em 266
pacientes adultos portadores de fissuras labiopalatinas e não operados, sendo provavelmente a cirurgia precoce,
realizada na infância, para o fechamento do palato duro, o fator etiológico mais importante da ausência de dentes
fora da região da fissura. Contradizendo essa hipótese, está a anteriormente estabelecida por Bjerklin, Kurol e
Paulin (1993), de que a ausência de dentes superiores fora da área da fissura se deve a fatores congênitos.
Enquanto a prevalência de erupção ectópica do primeiro molar permanente vem sendo relatada entre 2 a
6% na população em geral, uma prevalência de 20 a 30% tem sido observada em portadores de fissuras
labiopalatinas (SILVA FILHO; ALBUQUERQUE; COSTA, 1993). Ranalli, Elliott e Zullo (1986) evidenciaram
erupção ectópica do primeiro molar permanente superior em 26,3% dos pacientes fissurados de lábio e palato,
sendo a maior freqüência encontrada em portadores de fissuras de lábio e palato do lado esquerdo.
Dentes natal e neonatal são definidos como dentes presentes na boca no nascimento e aqueles que
erupcionam nos primeiros trinta dias de vida, respectivamente. Enquanto estas condições são raramente
encontradas na população normal, uma alta incidência (10,6%) foi observada por Almeida e Gomide (1996) em
um grupo de portadores de fissura bilateral de lábio/processo alveolar/palato, sendo os incisivos central e lateral
decíduos superiores os elementos dentários mais descritos na literatura (ALMEIDA; GOMIDE,1996; CABETE;
GOMIDE; COSTA, 1999).
Dentes intranasal é um fenômeno raro na população em geral, assim como em portadores de
malformação de lábio e palato e, embora sua etiologia seja desconhecida, a união incompleta do processo
embrionário parece ser a provável causa do deslocamento do germe dentário original. (MEDEIROS, 1999).
Baseados na revisão da literatura podemos afirmar que é extremamente importante o conhecimento das
anomalias dentárias presentes em pacientes portadores de fissuras de lábio e palato, no sentido de permitir o
diagnóstico precoce das mesmas e o estabelecimento de um plano de tratamento adequado.

CONCLUSÃO

a) Anomalias de número, tamanho e forma dos dentes e, alterações dos períodos de formação e erupção dos
mesmos são mais prevalentes em portadores de fissuras labiopalatinas do que na população em geral.
b) Embora as anomalias dentárias afetem as dentições decídua e permanente, sua incidência parece ser maior na
dentição permanente, sendo o incisivo lateral superior do lado da fissura o dente mais susceptível a injúrias e o
que apresenta maior freqüência de agenesia.
c) As anomalias dentárias mais freqüentemente observadas em portadores de fissuras labiopalatinas são
anodontia, dentes supranumerários, natal e neonatal, erupção ectópica e, atraso na formação e erupção dentária.
d) O conhecimento das anomalias dentárias presentes em pacientes portadores de fissuras de lábio e palato é de
fundamental importância no sentido de permitir seu diagnóstico precoce e o estabelecimento de um plano de
tratamento adequado.

ABSTRACT

The cleft lip-palate are congenital malformations that cause in bearers severe aesthetic compromising and
functional disturbances from the feeding to the phonetics. Seeking to identify the dental anomalies of number,
shape, size, development and eruption that are frequently evidenced in those patient, the review of pertinent
literature was accomplished to the subject. It was observed that those dental anomalies are more significantly
frequent in patient bearers of fissures lip-palate than in the population in general, and, according to several
authors, it happens with larger incidence in the permanent teething, in the area of the fissure. Therefore, the
maxillary lateral incisor is the dental element more susceptible to offenses, and it presents larger anodontia
incidence. It is necessary to settles down a precocious diagnosis of these anomalies to minimize the deleterious
effects in the harmonious development of the dental occlusion and of the aesthetics, through clinical conduct and
suitable ortodontic.
KEY-WORDS: cleft lip, cleft palate, dental anomalies

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