JOSYENNE MARIA DE SOUSA SILVA
REGIENNE MARIA PAIVA ABREU OLIVEIRA
CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM LONGO PRAZO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
NA INFÂNCIA
BELÉM - PARÁ
2002
JOSYENNE MARIA DE SOUSA SILVA
REGIENNE MARIA PAIVA ABREU OLIVEIRA
CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM LONGO PRAZO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
NA INFÂNCIA
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso
de Psicologia do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da UNAMA, como
requisito para obtenção do grau de Bacharel
em Psicologia, orientado pela professora Lúcia
Cristina Cavalcante da Silva.
BELÉM - PARÁ
2002
JOSYENNE MARIA DE SOUSA SILVA
REGIENNE MARIA PAIVA ABREU OLIVEIRA
CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM LONGO PRAZO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
NA INFÂNCIA
Avaliado por:
_____________________________________
Profa. Maria Lúcia Araújo de Medeiros
(UNAMA)
_____________________________________
Profa. Sandra Brandão de Lima
(UNAMA)
_____________________________________
Profa. Lúcia Cristina Cavalcante da Silva
(UNAMA)
Data: ______ / ______ / ______
Belém – Pará
2002
DEDICATÓRIA
AOS NOSSOS PAIS, NOSSOS MAIORES E
MAIS DEDICADOS INCENTIVADORES .
AOS NOSSOS AMIGOS E COLEGAS DE
CURSO PELA COMPANHIA E TROCA DE
EXPERIÊNCIAS CONSTANTES.
A TODOS AQUELES QUE
CONTRIBUÍRAM, DIRETA OU INDIRETAMENTE,
PARA QUE CHEGÁSSEMOS ATÉ AQUI.
AGRADECIMENTOS
A NOSSA ORIENTADORA PELA
PACIÊNCIA E DEDICAÇÃO COM QUE ASSUMIU
A ORIENTAÇÃO DESTE TRABALHO.
ÀS PSICÓLOGAS ENTREVISTADAS POR
VIABILIZAREM A REALIZAÇÃO DESTE
TRABALHO.
AOS NOSSOS PROFESSORES POR
TODO CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA
TRANSMITIDOS.
ÀS PROFESSORAS MARIA LÚCIA
ARAÚJO DE MEDEIROS E SANDRA
BRANDÃO DE LIMA PELAS IMPORTANTES
CONTRIBUIÇÕES A ESTE TRABALHO.
CONHECER E PREVENIR A VIOLÊNCIA SEXUAL E
SEUS EFEITOS É, ACIMA DE TUDO, UMA
RESPONSABILIDADE SOCIAL.
(JOSYENNE SILVA E REGIENNE OLIVEIRA)
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Experiência profissional das Psicólogas...............................................19
QUADRO 2 – Fonte de procura por atendimento psicoterápico................................. 20
QUADRO 3 – Faixa etária em que ocorreu o estupro ................................................ 21
QUADRO 4 – Características comportamentais comuns às vítimas .......................... 22
QUADRO 5 – Queixas mais freqüentes levadas à psicoterapia ................................ 23
QUADRO 6 – Distúrbios psicológicos de diagnóstico mais freqüente ...................... 24
RESUMO
Sabe-se que a violência sexual – abordada neste trabalho como estupro - é um
problema de caráter e responsabilidade social e o número de casos, apesar de vasto,
poucas vezes chega ao conhecimento público, daí a relevância deste estudo. O objetivo
desta pesquisa foi verificar as queixas mais freqüentes que mulheres, com história de
violência sexual na infância, apresentam no processo psicoterápico, relacionando-as
com o diagnóstico recebido. Foi realizada uma pesquisa qualitativa-descritiva com
dados coletados a partir de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com duas
psicólogas da abordagem analítico-comportamental, com dez anos de experiência
cada. Os dados foram apresentados em quadros–síntese acompanhados das
respectivas discussões. Concluiu-se que as queixas mais freqüentes que essas
mulheres apresentam são: depressão, medo, vergonha, culpa, isolamento, desamparo
e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Todas as mulheres apresentaram algum
tipo de disfunção sexual e um déficit ou dificuldade quanto a relacionamentos sociais,
entre outros diagnósticos menos freqüentes, o que reforça a idéia de uma relação entre
a violência sexual na infância e o desenvolvimento de um distúrbio psicológico na idade
adulta.
PALAVRAS-CHAVE: violência sexual, estupro, mulher.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
METODOLOGIA .......................................................................................................... 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 28
ANEXOS
Introdução
A violência e o surgimento da criminalidade, de uma forma geral, são fenômenos
que nos remetem à história da humanidade. Desde a pré-história, pelos mais diversos
motivos, os homens mostraram-se agressivos. Entretanto, a violência vem aumentando
com o decorrer do tempo. Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000. p. 204) afirmam que:
O mundo moderno e globalizado nos permite afirmar que se trata,
lamentavelmente, de uma tendência quase universal, as exceções ficando por
conta de comunidades restritas e isoladas do alcance da tecnologia e do
progresso.
A violência sexual – leia-se neste como estupro - particularmente contra
mulheres, vem aumentando ao longo dos anos. Uma pesquisa realizada no estado do
Pará por Silva et al (1999), entre os anos de 1992 e 1994, levantou 94 casos de estupro
noticiados pelo jornal O LIBERAL. Inúmeros casos, entretanto, não chegam ao
conhecimento público, o que nos leva a inferir que o número é consideravelmente
maior. Para Padilha (2002, p. 123), “...se levarmos em conta que a maioria dos casos
não é revelada e, portanto, não é denunciada, teremos idéia de como o abuso sexual é
um fenômeno comum, porém silencioso.”
Silva et al (1999) mostram que um outro agravante no quadro da violência sexual
contra a mulher é que grande parte dos estupros é praticada contra crianças e
adolescentes. Os agressores são, geralmente, membros da própria família ou
completos desconhecidos. Para as crianças, o fato de ter sido vítima de um ato de
violência sexual pode gerar inúmeras conseqüências tanto imediatas como a longo
prazo. A este respeito, Miller (2000, p. 71) refere que:
O trauma do abuso sexual, com intrusão violenta no corpo e na mente da
criança, pode ser ligado imediatamente à ruptura do desenvolvimento cognitivo
e emocional, dando lugar a distúrbio grave e, em casos mais extremos, a
estados psicóticos.
No caso de um estupro cometido pelo pai ou por qualquer outro membro da
família, o vínculo familiar fica seriamente comprometido. “Por ser praticado por pessoas
ligadas afetivamente à criança, [o abuso incestuoso] pode ter conseqüências mais
sérias do que o abuso extra-familiar...” (PADILHA, 2002, p. 122). O ambiente primitivo
da criança é a família, e é nesse contexto que a criança iniciará sua aprendizagem
comportamental e adquirirá um repertório de respostas próprias, incluindo-se aí os
comportamentos que se referem à sexualidade. Uma vez inserida uma variável
estranha nesse processo de aprendizagem – a violência sexual -, aumentará a
probabilidade do surgimento de efeitos prejudiciais à saúde da criança. A probabilidade
de o comportamento futuro ser influenciado por esta variável é muito alta. Del Prette e
Del Prette (1996, p. 234) afirmam que:
As dificuldades cotidianas de relacionamento entre as pessoas, muitas vezes
expressas por queixas interpessoais (...) indicam desempenhos sociais
inadequados que podem comprometer a qualidade das interações sociais e
produzir seqüelas negativas.
Dependendo do nível de dificuldades que cada individuo apresente, se
estabelece um quadro de Déficit de Habilidades Sociais que se caracteriza pela
incapacidade em estabelecer, de acordo com Del Prette e Del Prette (1996), um
conjunto de comportamentos emitidos por este individuo em seu contexto interpessoal
expressando assim sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos adequados às
situações.
Em decorrência deste comprometimento, o relacionamento entre pais agressores
e filhos violentados torna-se deficiente, pois a criança, por medo do pai, muitas vezes
se cala, omite o fato de outras pessoas, permitindo que a agressão se repita outras
vezes. Segundo Padilha (2002, p. 123) “Os sentimentos de culpa e vergonha da vítima
muitas vezes impedem que revele o acontecido, fazendo-o somente na vida adulta...”.
De acordo com Kaplan et al (1997, p. 738):
Na maioria de casos de incesto persistente, as crianças vítimas de abuso são
ameaçadas com mais maus tratos ou abandono se revelar os segredos
familiares, o que as deixa na posição impossível de suportar em silêncio o
abuso contínuo ou arriscarem a perda total de suas famílias.
A família tem influência no silêncio da criança por ser uma agência controladora
do seu comportamento, na medida em que é responsável pela sua educação
(SKINNER, 1998). Além dos problemas com a família, distúrbios psicológicos e de
comportamento estão entre os efeitos que crianças e adolescentes vítimas de violência
sexual freqüentemente apresentam.
Para a vítima, o ato sexual abusivo pode trazer diversas conseqüências. Quando
a vítima é uma criança, o ato é considerado ainda mais grave pelo fato de ela estar em
uma fase importante do seu desenvolvimento. De acordo com Papalia e Olds (2000), o
caráter, a autonomia, a confiança em si e no outro estão em pleno desenvolvimento.
Esta é uma fase onde muitas transformações acontecem num período de tempo
relativamente curto. Um evento tão violento como o estupro pode interferir direta e
prejudicialmente no desenvolvimento do indivíduo.
Azevedo (2000, p. 152) afirma que os crimes sexuais violentos “... podem
resultar em lesões graves e morte.”. Sabe-se, entretanto, que existem conseqüências
de caráter psicológico para as vítimas que são tão, ou algumas vezes, mais importantes
que as seqüelas físicas. Muito se tem enfatizado sobre a gravidez pós-estupro, por
exemplo. Entretanto, Lerner (2000, p. 15) relata que:
A despeito da evidente importância do enfoque a este ponto específico, a
esmagadora maioria das situações de abuso sexual não resulta em gestação,
levando à necessidade de uma discussão mais ampla sobre as formas de
tratamento aplicáveis a esta população.
Um indivíduo saudável, precisa estar funcionando de uma forma integral, ou
seja, precisa estar psicológica, social e fisicamente estável. Cabe ao psicólogo,
enquanto profissional da saúde, investigar os fenômenos psicológicos gerados pelo
sofrimento da violência sexual a fim de que se possam gerar estratégias de
intervenção, proporcionando às vítimas o retorno ao estado saudável.
Consideramos, portanto, de grande relevância científica e social um estudo que
possibilite a compreensão das conseqüências do abuso sexual para as mulheres para
que, a partir disto, se possam estudar novas formas de intervenção junto a elas bem
como a realização de trabalhos preventivos nessa área.
ABUSO SEXUAL E JUSTIÇA
Segundo Michaelis (1998, p. 609), crime é a “violação dolosa ou culposa da lei
penal..., violação das regras que a sociedade considera indispensáveis à sua
existência”. Dentre os crimes mais freqüentes na atualidade, encontram-se os crimes
sexuais.
Estes crimes vêm sendo estudados pela doutrina jurídica ao longo dos tempos.
Como resultado desse estudo, foram surgindo novas formas de punição para eles.
Novas penalidades vêm sendo aplicadas em diferentes épocas e em diferentes países.
No Brasil, tais crimes são considerados hediondos. Esta atribuição de penas em nosso
país é recente, pois de acordo com o Código Penal do Brasil de 1940, o atentado
violento ao pudor, por razões ideológicas, era considerado um delito de menor
gravidade que o estupro. Esta situação foi corrigida com a Lei dos Crimes Hediondos.
É imprescindível, agora, definirmos alguns dos termos aqui abordados. Define-se
como comportamento agressivo aquele que tem por fim impor prejuízos físicos e/ou
psicológicos a outrem. Segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000, p. 206) “... a
intencionalidade da ação por parte do agente da agressão...” é o que define um ato
agressivo, ou seja, um ato só pode ser considerado violento se houver a intenção de
causar danos a uma outra pessoa ou objeto.
Violência é definida por Ferreira (s/d) como “...constrangimento físico ou moral;
força; coação.” Violência sexual, segundo Hazeu (1998, p. 31) é uma “... violência
física contra a liberdade sexual.”. Ela é todo investimento sexual feito contra a vontade
do sujeito paciente, a vítima. É um ato de coação sexual que não se restringe ao coito
vaginal, mas também envolve o coito anal, sexo oral e práticas masturbatórias. Hazeu
(1998) divide a violência sexual em três níveis de gravidade: sensorial, por estímulo e
por realização de atos sexuais.
No primeiro caso, ocorrem representações de ações sexuais que ofendem a
vítima. A violência por estímulo é executada pela prática de carícias nas partes íntimas
do corpo da vítima. Por fim, na violência por realização de atos sexuais, acontece a
consumação da violência física.
Uma outra definição de violência sexual faz a distinção entre crimes sexuais
bárbaros e crimes sexuais violentos. Os primeiros são aqueles que resultam em
homicídios. Os crimes sexuais violentos são aqueles que, segundo Azevedo (2000,
p.150), “... recorrem à violência para obter a submissão da vítima a práticas sexuais
desejadas pelo agressor.” Estes crimes são divididos em duas categorias: o estupro e
o atentado violento ao pudor. O estupro é a utilização da violência para a realização o
coito vaginal com a vítima. O atentado violento ao pudor, de acordo com Azevedo
(2000, p. 151), consiste na “... prática de ato libidinoso – diverso da conjunção carnal e
não visando a procriação portanto – praticado mediante coação ...”. Ele envolve todos
os atos sexuais diferentes do coito vaginal como “...apalpadelas e beliscões ... coito
oral, anal, cunnilingus, conjunção interfemora (sic) e intermamas etc.” (AZEVEDO,
2000, p. 151).
Silva (1999) refere que a violência sexual é caracterizada pelo processo onde um
ou mais adultos homo ou heterossexuais são responsáveis por envolver crianças ou
adolescentes em práticas eróticas com a intenção de estimulá-las sexualmente ou
utilizá-las na obtenção de satisfação sexual. Estes adultos podem ser o pai, padrasto,
irmão, amigo ou desconhecido.
É importante ressaltar, entretanto, que neste trabalho estaremos nos referindo
aos termos violência sexual e abuso sexual como estupro.
Mesmo sendo estudados há tempos, os crimes sexuais ainda são considerados
fatos isolados da vida cotidiana das pessoas, portanto, pouco se sabe a respeito das
inúmeras e, às vezes, incorrigíveis conseqüências que estes atos podem trazer à vítima
de abuso sexual. A maior ênfase no estudo científico da violência sexual é dada aos
aspectos físicos gerados pela agressão sofrida. Muito se tem falado e escrito sobre as
conseqüências orgânicas e biológicas nas vítimas desse tipo de violência e sobre os
mecanismos de repressão e controle da agressão. A sociedade parece mais
preocupada em conter o avanço da criminalidade e da violência do que em prestar uma
assistência real e eficaz às vítimas.
Não queremos dizer com isto que a Justiça não deva cumprir seu papel
controlador e mantenedor da ordem social, mas sim que existem outros aspectos de
fundamental importância que devem ser abordados. A Justiça age “terapeuticamente”
em relação à sociedade, curando-a dos males que a criminalidade provoca. O
profissional de saúde, mais especificamente o psicólogo, deve, em primeiro lugar, atuar
de forma preventiva, evitando que conseqüências psicológicas possam ser desastrosas
para o futuro da pessoa que sofreu a violência. Ele pode atuar, na seqüência, de forma
terapêutica, porém seu enfoque será diferente do jurídico, uma vez que ao psicólogo
interessa a saúde psicossocial e, também, física do indivíduo. A Justiça opera no nível
da sociedade e o psicólogo opera no nível do indivíduo.
CONSEQÜÊNCIAS DA VIOLÊNCIA SEXUAL
O fator físico é apenas um entre outros envolvidos pelas conseqüências da
violência sexual. Além da agressão física, os crimes sexuais constituem uma agressão
psicológica para a vítima. Quando ela é uma criança, os prejuízos podem ser
duplicados. Isto porque o desenvolvimento infantil é mais acelerado que em outras
fases, por isso, muitas mudanças acontecem em pouco tempo. Os efeitos do choque
que representa a violência sexual podem repercutir em diversos aspectos do
desenvolvimento da criança até a fase adulta. Trataremos neste trabalho,
particularmente, dos efeitos do abuso sexual para a estrutura psicológica do indivíduo.
Azevedo, Guerra e Vaiciunas (2000) listam como conseqüências psicológicas da
violência sexual em curto prazo as dificuldades de adaptação sexual, interpessoal e
afetiva. Em longo prazo, as vítimas geralmente apresentam dificuldades de
relacionamento com figuras masculinas, pelo fato de os agressores serem, em sua
grande maioria, homens. A intimidade representa uma ameaça, pois é difícil para a
vítima estabelecer vínculos de confiança. As idéias de morte e os suicídios também são
conseqüências marcantes segundo as autoras.
Estas crianças podem apresentar baixa auto-estima, hostilidade, agressividade,
empobrecimento das habilidades sociais e depressão segundo Padilha (2002).
Distúrbios relacionados à sexualidade também são freqüentes tanto na infância quanto
na idade adulta dessas vítimas. Ainda de acordo com a autora, são freqüentes
pensamentos e recordações recorrentes sobre o abuso, medo, ansiedade e uma
tendência, que ela diz ser a pior conseqüência, a não acreditar em sua capacidade de
controlar as situações, tornando-se uma pessoa passiva, incapaz de se proteger e
permitindo que os outros façam consigo o que quiserem, explorando-a muitas vezes.
De acordo com Williams (2002), os sintomas apresentados a curto prazo são o
comportamento sexualizado, ansiedade, medos, pesadelos, depressão, isolamento
social, queixas somáticas, fugas de casa, Transtorno de Estresse Pós-Traumático,
comportamentos autodestrutivos, problemas escolares, pensamentos suicidas e
comportamentos regressivos como enurese, choros e birra. A longo prazo, Kendall-
Tackett et al (1993 apud WILLIAMS, 2002) mencionam que existe uma tendência ao
desaparecimento destes sintomas de 12 a 18 meses após o abuso sexual. Um número
considerável de casos, contudo, apresenta agravamento dos sintomas, que podem
convergir para depressão, revitimização, perturbações no sono, ansiedade, problemas
com relacionamento sexual, uso abusivo de substâncias, ideação suicida,
promiscuidade e prostituição.
Papalia e Olds (2000) também citam alguns efeitos do abuso sexual sofrido por
crianças. Entre eles estão os atrasos de linguagem, déficit cognitivo, agressividade,
rejeição por parte de outros grupos, abuso de álcool e drogas, e, até mesmo, tendência
a tornarem-se delinqüentes quando adultos.
Segundo as autoras, as conseqüências variam de acordo com a idade em que o
abuso sexual foi sofrido. Os sintomas mais comuns em crianças em idade pré-escolar,
vítimas de abuso sexual, são a ansiedade, os pesadelos e um comportamento sexual
inapropriado. Já em crianças em idade escolar, encontram-se mais comumente,
distúrbios mentais, agressividade, pesadelos, hiperatividade, comportamentos
regressivos e problemas escolares. Nos adolescentes, os sintomas mais comuns são a
depressão, o abuso de substâncias químicas e o comportamento retraído ou suicida.
Como efeitos manifestados em longo prazo, destacam-se aqueles que os
adultos, com história de violência sexual na infância, apresentam tais como ansiedade,
estados depressivos, hostilidade, dificuldade de confiar nas pessoas, sentimentos de
isolamento e rotulação e ainda problemas relativos ao aspecto sexual.
Vimos, então, que os efeitos psicológicos gerados pelo abuso sexual são muitos
e podem ocorrer das mais diversas formas em qualquer estágio da vida do indivíduo.
Eles mostram-se em curto, médio e longo prazo. Crianças vítimas de violência sexual
podem sofrer por toda a vida os efeitos desagradáveis da agressão se não passarem
por um tratamento adequado. E é para que seja possível atuar de maneira mais eficaz
que estudos como este, que objetiva conhecer as queixas de maior incidência que
mulheres vítimas de violência sexual na infância trazem à psicoterapia, são relevantes.
METODOLOGIA
Participantes
Participaram da pesquisa duas psicólogas da abordagem analítico-
comportamental, ambas (P1 e P2) atuando em atendimento psicoterápico há 10 anos.
P1 atendeu 2 casos de mulheres com história de violência sexual na infância. P2
atendeu 20 casos de mulheres com história de violência sexual na infância.
A opção por uma só abordagem foi feita visando não incluir bases
epistemológicas diferenciadas na análise dos casos.
Local
A coleta de dados foi realizada nos consultórios das próprias psicólogas.
Instrumentos e técnicas
Entrevista semi-estruturada, a partir de um roteiro previamente elaborado,
composto por 9 questões abertas, semi-abertas e fechadas. (ver Anexo I)
Procedimento
1ª Etapa: Escolheram-se aleatoriamente psicólogos da abordagem analítico-
comportamental, que atuassem em atendimento psicoterápico com tempo de
graduação superior a 5 anos.
2a Etapa: Contataram-se as psicólogas, esclarecendo-se os objetivos da
pesquisa e solicitando sua participação na mesma.
3a Etapa: Apresentou-se e discutiu-se o Termo de Compromisso e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ver Anexo II) com as psicólogas, garantindo-lhes
segurança e sigilo e prestando-lhes maiores esclarecimentos quanto ao conteúdo da
pesquisa.
4a Etapa: Realizaram-se as entrevistas com as psicólogas.
5a Etapa: Transcreveram-se integralmente as entrevistas realizadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados coletados com as profissionais foram dispostos em Quadros-síntese
que contêm trechos eleitos das respostas dadas a cada questão. Abaixo de cada
quadro são estabelecidas relações com o referencial teórico previamente exposto.
QUADRO 1 – Experiência profissional das Psicólogas.
Psicóloga Experiência profissional
P1 Trabalha em consultório particular e é Supervisora de Estágio em
um hospital universitário em Belém, atendendo nestas duas
atividades predominantemente crianças.
P2 Atuou por determinado tempo em serviços de orientação e ajuda
para vítimas de violência sexual em Belém e, atende em
consultório particular, adultos em sua maioria.
Observa-se no Quadro 1, que mesmo tendo 10 anos de experiência em
consultório particular, ambas as psicólogas têm experiências distintas de atuação
profissional.
QUADRO 2 – Fonte de procura por atendimento psicoterápico.
Psicóloga Resposta
P1 “Demanda própria.”
P2 “A maioria é encaminhada.”
“... normalmente [são encaminhadas] pelo ginecologista.
Dificilmente elas procuram por elas mesmas. Elas vão ao
ginecologista com um problema ginecológico ou sexual e aí o
ginecologista já encaminha para uma terapia sexual.”
Relacionando-se os Quadros 1 e 2, pode-se sugerir que diferença entre a fonte
de procura por atendimento psicoterápico se dá em função da experiência profissional
diferenciada das psicólogas.
QUADRO 3 – Faixa etária em que ocorreu o estupro.
Psicóloga Resposta
P1 “Entre 9 e 15 anos”
P2 “De 5 a 12 anos”
Verifica-se que a violência sexual sofrida pelas mulheres situa-se entre a infância
e o início da adolescência, estando de acordo com as pesquisas realizadas por Silva et
al (1999).
Segundo Kaplan et al (1997), dentre as crianças vítimas de abuso sexual, “...
32% têm menos de 5 anos de idade; 27% têm entre 5 e 9 anos; 27% têm entre 10 e 15
anos; e 14% têm entre 15 e 18 anos.” Estes dados coincidem com os números obtidos
por este estudo.
QUADRO 4 - Características comportamentais comuns às vítimas.
Psicóloga Resposta
P1 “... um certo retraimento na vida sexual... no início da vida sexual
propriamente dita... medo, vergonha de tirar a roupa diante do
parceiro sexual, às vezes dor na relação sexual e podem vir a
desencadear alguma disfunção sexual”
“... a criança se sente culpada, se sente a pior pessoa do mundo.”
P2 “Com certeza... ser cuidadora com as outras pessoas. Não cuidam
de si, cuidam das outras pessoas. Têm a auto-estima muito baixa
e, até mesmo por isso, são cuidadoras porque acham que
cuidando podem ser mais amadas. Há tendência a continuar sendo
abusadas em outros âmbitos que não só o sexual, como outras
pessoas pedem muitos favores. Elas são muito prestativas, até
empréstimos financeiros. Elas fazem muito isso e acabam não
cobrando de volta, então tendem a ser abusadas em todos os
âmbitos da vida. Procuram parceiros abusadores.”
Estes dados são compatíveis com o que afirmam Papalia e Olds (2000), que
referem, dentre os efeitos manifestados pelas mulheres vítimas de violência sexual, os
estados depressivos, o medo, a vergonha e a sensação de culpa e problemas sexuais.
Os resultados obtidos confirmam, ainda,
a discussão feita por Padilha (2002)
acerca do sentimento de incapacidade
de controlar as situações, o que acarreta
o envolvimento dessas mulheres em
relacionamentos de exploração e abuso
não apenas no âmbito sexual.
QUADRO 5 – Queixas mais freqüentes levadas à psicoterapia.
Psicóloga Resposta
P1 “... vergonha, timidez excessiva, angústia...”
“... não saber se portar, não conseguir arranjar namorado, e,
quando arranjar, não conseguir manter esse relacionamento.”
“...depressão após o abuso sexual, tentativa de suicídio, culpa...”
“...medo, aversão até a sair...”
P2 “... são queixas somáticas. Elas não procuram muito por um
problema emocional ou pela queixa em si do abuso. Às vezes esse
abuso vem aparecer muito tempo depois da terapia... Então você já
está há seis meses em Terapia e é que vem aparecer o abuso.”
“... desamparo, ansiedade, estresse muito grande... ela sempre
acha que ela está errada...”
As respostas dadas pelas duas profissionais são confirmadas pela literatura.
Verificamos a presença de queixas relativas a estados depressivos, o desamparo, a
ansiedade, a culpa, o medo e a dificuldade em estabelecer relacionamentos, o que
pode levar a um isolamento social, como afirmam Padilha (2002), Williams (2002) e
Papalia e Olds (2000). Williams (2002) ainda menciona a manifestação de queixas
somáticas, ratificando a resposta dada por P2. Segundo Kaplan et al (1997, p. 740) o
abuso sexual complica-se pelo “...medo, vergonha e culpa maciços...”, humilhação,
confusão e raiva que as vítimas apresentam.
QUADRO 6 – Distúrbios psicológicos de diagnóstico mais freqüente
Psicóloga Resposta
P1 “Neste caso que eu relatei foi o TOC 1, transtorno obsessivo
compulsivo, um déficit de habilidades sociais, principalmente
relacionado a relacionamentos amorosos.”
“...vaginismo2, dispareunia3, frigidez4, anorgasmia5...”
P2 “... distúrbio psicológico pela ansiedade e o estresse...
dispareunia... vaginismo... anorgasmia.
Conforme os autores pesquisados, uma disfunção na sexualidade é unânime
dentre as conseqüências do estupro na infância. Depressão e distúrbios de ansiedade
também são freqüentemente mencionados, como afirmam Williams (2002) e Padilha
(2002). Um outro diagnóstico constante é o comprometimento das habilidades sociais.
_________________________________________________
1 Transtorno que se caracteriza por idéias, pensamentos, imagens ou impulsos persistentes que se tornam repetitivos e
intencionais e sem finalidade útil que se executa em ordem ou forma pré-estabelecida como meio de prevenir a ocorrência de
um evento ou situação.
2 Constrição involuntária dos músculos da vagina, o que dificulta a penetração peniana e causa dor na relação sexual.
3 Dor recorrente e persistente antes, durante ou após o ato sexual.
4 Diminuição acentuada do desejo sexual.
5 Ausência da sensação de orgasmo.
Padilha (2002) diz que as habilidades sociais empobrecidas constituem uma
conseqüência a curto e longo prazo da violência sexual.
Meichenbaum (1994 apud WILLIAMS 2002) confirma que a violência sexual na
infância pode constituir um fator de risco para distúrbios psiquiátricos. Segundo
Medeiros (1998), a presença de estímulos aversivos no ambiente social pode contribuir
para o desenvolvimento da compulsão. A violência sexual, portanto, constitui um
estímulo aversivo no ambiente do individuo, o que pode vir a desencadear o Transtorno
Obsessivo Compulsivo, como um dos diagnósticos relatados por P1.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo verificar as queixas e os diagnósticos mais
freqüentes que mulheres, com história de violência sexual na infância, levam à
psicoterapia, relacionando-os. Pudemos verificar que os dados analisados confirmam a
relação entre a violência sexual na infância e o desenvolvimento de alterações
comportamentais na idade adulta.
Dentre as conseqüências mais comuns, verifica-se que há, na maioria dos casos,
um distúrbio relacionado à sexualidade e aos relacionamentos sociais. Segundo as
profissionais, todas as vítimas apresentam um déficit quanto à interação social,
tendendo, inclusive, a se relacionarem com pessoas abusadoras em todos os âmbitos.
As mulheres doam mais que recebem, não conseguindo estabelecer regras de troca
dentro de suas relações, sendo isto compatível com padrões comportamentais sub-
produtos da punição.
Um outro aspecto, relatado por P2, é que dificilmente as mulheres chegam à
psicoterapia relatando o abuso sexual sofrido no passado. Isto pode se dar em função
do constrangimento experimentado em verbalizar sobre o fato ou mesmo a não
consciência da relação entre o estupro e sua condição atual. P2 ainda sugere que
quando a história de estupro é relatada e trabalhada na psicoterapia, ocorre uma
evolução no tratamento.
A ocorrência de queixas e distúrbios psicológicos semelhantes na clientela
atendida pelas psicólogas entrevistadas parece independer do contexto social que cada
vítima está inserida, visto que algumas receberam tratamento em consultório particular,
outras em clínica-escola e serviço de orientação e ajuda a vítimas.
Dentre as maiores dificuldades para a realização deste trabalho, destacamos o
pequeno número de psicólogos que atendem casos de mulheres que sofreram violência
sexual na infância, o que pode ser resultado da procura reduzida por estes
profissionais. Finalmente, a escassez de material científico que avaliem a relação
estudada por esta pesquisa, o que dificultou a elaboração de um referencial teórico
mais consistente.
Futuras pesquisas poderiam avaliar a relação estudada com um número maior
de psicólogos, visando tornar a amostra mais significativa do ponto de vista quantitativo.
Além desta, podemos sugerir a realização de estudo semelhante com indivíduos do
sexo masculino, com história de violência sexual na infância, haja visto que uma das
psicólogas (P1) relatou ser grande o número de meninos abusados, apesar de que o
enfoque dado pela maioria dos estudos recai sobre o sexo feminino. É importante,
também, que se conheça o perfil comportamental dos agressores, uma vez que estes
dados podem contribuir com trabalhos de prevenção à ocorrência do abuso sexual.
Estudos como estes têm muito a contribuir para a comunidade científica e
profissional, principalmente nos dias atuais, em que os casos de violência sexual contra
crianças e adolescentes têm sido mais divulgados. Com base nos dados obtidos a partir
destas pesquisas, será possível se conhecer as principais conseqüências que estas
vítimas trazem e, assim, contribuir para a melhoria em sua qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
AZEVEDO, M. A. Crimes sexuais bárbaros contra crianças e adolescentes: alguns
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do conhecimento. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2000.
AZEVEDO, M. A. & GUERRA, V. N. A. & VAICIUNAS, N. Incesto ordinário: a
vitimização sexual doméstica da mulher-criança e suas conseqüências psicológicas. In:
AZEVEDO, M. A. (org). Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. 3
ed. São Paulo: Cortez, 2000.
DEL PRETTE, Z. A. P. & DEL PRETTE, A. Habilidades sociais: uma área em
desenvolvimento. Psicologia: reflexão e crítica. v.9, n.2, p. 233-255, 1996.
HAZEU, Marcel. Exploração e violência sexual de crianças e adolescentes no Pará.
Caderno de Textos de Ciências Sociais. v.1, n.3, p. 31-36, out.. 1998.
KAPLAN, H. I. et al. Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e
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LERNER, Théo. Tratamento em Situações de Abuso Sexual de Crianças e
Adolescentes. Jornal da Rede Saúde. n. 22, p. 15-16, nov. 2000.
MEDEIROS, M. L. A. Compulsão: da Psicopatologia à visão Behaviorista Radical.
Caderno de Textos de Psicologia. V. 2, n. 2, p. 20-25, ago. 1998.
MILLER, L. Dificuldade de estabelecer um espaço para pensar: a terapia de uma
menina de sete anos. In: RUSTIN, M. et al. (orgs). Estados psicóticos em crianças.
Rio Janeiro: Imago, 2000.
PADILHA, M. G. S. Abuso sexual na infância e na adolescência: você pode descobrir o
que está acontecendo. In: BRANDÂO, M. Z. et al. Comportamento Humano. Santo
André: ESETec, 2002.
PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7.ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.
RODRIGUES, Aroldo. & ASSMAR Eveline Marie L. & JABLONSKI, Bernardo.
Psicologia Social. 19.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
SILVA, Sandra et al. Rompendo o silêncio: A violência sexual existe. Belém:
Fundação Santa Casa de Misericórdia, 1999.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 10.ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
WILLIAMS, L. C. A. Abuso sexual infantil. In: GUILHARDI, H. et al. Sobre
comportamento e cognição: contribuições para a construção da teoria do
comportamento. v. 10. Santo André: ESETec, 2002.
ANEXOS
ANEXO I
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
ROTEIRO DE ENTREVISTA
I – IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Tempo de Graduação:
Abordagem Teórico-prática:
II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1) Quantas mulheres, vítimas de violência sexual na infância, foram atendidas no
ano de 2001?
2) As mulheres com história de violência sexual na infância procuram atendimento
psicoterápico, em sua maioria, por demanda própria ou são encaminhadas?
3) Em que faixa etária, na infância, ocorreu a maioria dos casos de violência sexual
relatados?
4) Existem características comportamentais comuns às vítimas de violência sexual
na infância? Em caso afirmativo, quais?
5) Quais as queixas mais freqüentes dessas clientes?
6) Quais os distúrbios psicológicos de diagnóstico mais freqüente nesses casos?
7) Essas mulheres apresentam problemas relacionados à sexualidade na idade
adulta?
8) Existem indícios de que essas mulheres apresentam problemas no convívio
social e em relacionamentos afetivos na idade adulta?
ANEXO II
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
TERMO DE COMPROMISSO
Projeto de Pesquisa:
Conseqüências psicológicas a longo prazo da violência sexual na infância
Caro Psicólogo,
Solicitamos, através deste, autorização para realização de entrevista com o
objetivo de coletar dados e apresentar à comunidade científica local informações a
respeito das queixas mais freqüentes trazidas à psicoterapia por mulheres vítimas de
violência sexual na infância.
Esta pesquisa torna-se importante devido ao grande número de casos de
violência sexual contra crianças, assim como a insuficiência de programas de
prevenção contra as possíveis conseqüências psicológicas apresentadas por essas
mulheres. Tais dados podem oferecer subsídios para a criação desses programas.
Aproveitamos para ressaltar que sua identidade, bem como a de suas clientes e
todas as informações obtidas serão de caráter sigiloso, estando os mesmos livres para
participarem ou retirarem-se da pesquisa a qualquer momento.
Josyenne Maria de Sousa Silva Lúcia Cristina Cavalcante da Silva
Professora orientadora
Regienne Maria Paiva Abreu Oliveira
Pesquisadoras
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que li as informações sobre a pesquisa Conseqüências psicológicas a
longo prazo da violência sexual na infância, estando plenamente esclarecido (a) sobre o
conteúdo da mesma. Declaro ainda que, por vontade própria, aceito participar da
pesquisa, cooperando com a coleta de informações.
Belém, ______ / _______ / _______
________________________________________
Assinatura do Psicólogo
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