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CAPÍTULO IV
PROJEÇÕES CRISTALOGRÁFICAS
4.1. INTRODUÇÃO
A partir das considerações feitas até aqui, podemos afirmar que o produto final da
projeção esférica de um cristal qualquer é similar, por analogia, ao mapa de nosso planeta na
forma de um globo terrestre. Sendo assim, temos um problema! – O processo de
transformação do globo terrestre, tridimensional para uma representação plana, bidimensional
gerará erros ou distorções inevitáveis. Nenhum mapa plano exprime as mesmas proporções de
áreas e configurações existentes na realidade, pois a Terra não possui a forma plana mas sim
esférica.
Da mesma maneira, quando formos transformar o produto de uma projeção esférica
de um certo cristal – um desenho esférico – num desenho plano, iremos distorcer suas áreas e
configurações. Obteremos, portanto, somente as relações angulares entre os elementos
geométricos do cristal.
Isto é suficiente para “guardarmos” todas as informações necessárias para, quando
necessário, restituirmos a sua forma tridimensional real. Além disso, é possível efetuar-se
cálculos das posições e relações angulares das faces, eixos, planos, índices, formas e zonas
presentes no cristal.
Duas projeções muito usuais e que atendem as finalidades que acabamos de
enumerar no parágrafo anterior, são:
1ª – Projeção Gnomônica: é a projeção perspectiva num plano tangente à superfície
da esfera, em que o pólo da projeção fica no centro da esfera. A projeção não é
nem conforme nem equivalente. É a única em que os círculos máximos da
esfera são apresentados por linhas retas. Em cristalografia, o uso da projeção
gnomônica se faz mais presente na confecção de desenhos de cristais (projeções
clinográficas), como aquele que se acha situado no centro da esfera da ilustração
da página anterior, e também para determinações gráficas das relações axiais,
bem como para correlacionar as faces de um cristal com os dados derivados das
medidas de difração dos raios X, indicando-lhes os índices;
2ª – Projeção Estereográfica: é a projeção conforme perspectiva sobre um plano
tangente, em que o ponto de projeção situa-se na extremidade oposta ao
diâmetro da esfera, partindo do ponto de tangência do plano. É o mesmo que
projeção ortomórfica azimutal. Mais especificamente em cristalografia, a
projeção estereográfica representa, em um plano, a metade da projeção esférica,
normalmente o hemisfério norte. Tal plano de projeção é o equatorial e o círculo
primitivo (círculo que contorna a projeção) é o próprio equador. Por exemplo:
um segmento de reta com origem no polo sul e extremidade no pólo da face de
um cristal projetado no hemisfério norte, irá interceptar o plano equatorial em
um ponto. Este ponto é a projeção estereográfica daquele pólo de face do cristal.
Em resumo, podemos realizar uma projeção estereográfica traçando segmentos de
retas a partir do pólo sul em direção aos pólos das faces, projetados no hemisfério norte. Os
pólos correspondentes à projeção estereográfica estarão localizados onde estes segmentos de
retas cortam o plano equatorial. A ilustração a seguir mostra a relação das projeções esférica e
ortográfica:
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Embora possa ser escolhida qualquer projeção do raio, usa-se habitualmente uma de
10 centímetros. Esta é suficientemente grande para ser exata sem ser incômoda e, ao mesmo
tempo, simplifica os cálculos. Com um raio de 10 centímetros, é necessário somente ver a
tangente natural, mover a vírgula decimal uma casa para a direita e localizar o resultado em
centímetros a partir do centro da projeção. Quando os pólos das faces do cristal estão loca-
lizados estereográficamente, como explicado antes, sua simetria de arranjo deve ser aparente
(conforme ilustração abaixo). Vimos que um círculo máximo na projeção esférica é o lugar
dos pólos das faces que se situam em uma zona do cristal. Quando projetados estereogra-
ficamente, os círculos máximos verticais tornam-se diâmetros da projeção. Todos os outros
círculos máximos projetam-se como arcos de círculo que subtendem um diâmetro. O limite
destes círculos máximos é o primitivo da projeção que é, ele próprio, um círculo máximo co-
mum às projeções tanto esférica como estereográfica. Os pólos das faces verticais do cristal
situam-se no primitivo e, assim, eles são projetados sem distorção.
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SIMBOLOGIAS E CONVENÇÕES
◉ PÓLOS DE ZONAS
PLANOS DE SIMETRIA (são indicados por “linhas cheias” sobre círculos máximos)
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EXERCÍCIOS DE ASSIMILAÇÃO
4. Sabendo-se que o pólo de uma zona dista 90° da mesma (e vice-versa); determine os
pólos das zonas [AB] e [CD];
Procedimento: Fazer a zona [AB] coincidir com o círculo máximo, no qual ela foi
traçada, e efetuar a contagem de 90° a partir dela, diretamente na rede estereográfica,
sobre o círculo máximo horizontal que passa pelo pólo norte. Idem para a zona [CD];
5. Efetuar as medições dos ângulos φ e ρ para os pólos das zonas [AB] e [CD];
Procedimento: Basta efetuarmos o caminho inverso das etapas seguidas na execução do
primeiro exercício da presente lista.
6. Sabendo-se que o ponto de interseção entre duas zonas quaisquer determina o pólo de
uma face comum a estas duas zonas; localize no diagrama de Wulff o pólo “P” da face
comum às zonas [AB]e [CD] e calcule seu azimute (longitude φ) e inclinação (latitude ρ);
Obs. A somatória do ângulo formado por duas zonas com o ângulo formado pelos
respectivos pólos resulta sempre em 180°.
Verifique esta propriedade com os resultados dos dois últimos exercícios
10. Determinar o pólo da bissetriz do ângulo formado pelas zonas [AB] e [CD]
(Bbissetriz [AB]∧[CD]);
Procedimento: Seguir o mesmo procedimento descrito para a execução do exercício 4.
Observar que o pólo será plotado sobre a zona de “P”.