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BELÉM
2009
BELÉM
2009
Banca Examinadora
______________________________________
OrientadoraMsc. Amariles Maria Ferreira
Pacheco
______________________________________
1º membro Msc Roseneide dos Santos Tavares
______________________________________
2º membro Msc. Maria Amélia Fadul Bitar
Aprovado em:___/___/___
Conceito:______________
Aos meus familiares e amigos, em especial pela
minha mãe Audaci que sempre incansavelmente
está ao meu lado, ao meu pai Antonio ( in
memoriam) que durante foi descansar ao lado do Pai celestial,
mas sempre torceu pelas minhas conquistas, embora distante.
Edileuza Lima
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria
possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos,
destes momentos que nos são tão importantes.
Clara Ota
AGRADECIMENTOS
A DEUS por ter nos contemplado com as oportunidades, sabedoria, nos proporcionado
condições para alcance e realizações de nossos objetivos.
À NOSSA ORIENTADORA Amariles Pacheco por ter nos oportunizado este momento com
seus conhecimentos e incentivos.
À MSC Maria Amélia por ter estado ao nosso lado nos envolvendo com seus conhecimentos,
contribuições e sugestões.
Aos profissionais e depoentes que contribuirão para realização da temática, incluindo minha
amiga Clara Ota e ao seu esposo Hamilton, que além de colega de trabalho criou
oportunidades e meu o interesse pelo tema, e nos ajudou na realização deste trabalho.
A minha amiga Edileuza que foi uma grande companheira na realização desse trabalho, dentro
e fora de sala e que continuara fazendo parte da minha história.
Por último, agradecemos ao apoio dado pela Universidade que através do Departamento de
Pós-Graduação, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará - UFPA),
incentivou o desenvolvimento da nossa pesquisa.
Humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos
materiais e tecnológicos não são mais significativos do que a essência humana. Esta sim irá
conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro,
tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana.
This study examines the importance of humanization, use of the terms of ICU and its history,
incorporating the concept of feelings and perceptions, communication and humanity, seen as
key points of the care process in the ICU through the report of the experience of nurse -
patient. We aim to become acquainted with the feelings of the professional nurse referred to
the hospital in ICU and assist in the construction and reflection of the professional nurse as to
the care given to critically ill patient in ICU. This is an exploratory study with a qualitative
approach, through the themes set from the theme, using semi-structured questionnaire. We
attempted to interview 10 nurses, but the great difficulty of access to these professionals chose
to interview 4 professionals. After the interviews, data were analyzed and justified based on
literature, arising 6 themes, defined "feelings about the ICU as a professional and patients",
"reason for admission to the ICU," unequal treatment "," experience be a nurse-patient ","
assessment practices after being patient in the ICU "and" Reflections on the ICU after
discharge. We preserve the integrity of research participants, we chose to characterize the
precious stones.
1 - TEMA EM ESTUDO:........................................................................10
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I - INTRODUÇÃO
1 - TEMA EM ESTUDO:
A unidade de terapia intensiva ( UTI) teve sua origem a partir da idéia de Florence
Nightingale em reunir os feridos da guerra da Criméia em um lugar em que pudesse prestar
cuidado de maneira igualitária. Diante das dificuldades da época, e que permanecem até hoje,
a deficiência de recursos humanos, e a gravidade dos feridos fez com que Florence diminuísse
o tempo com deslocamentos, a procura dos feridos, idealizou colocá-los em um ambiente em
que estivesse nas proximidades das enfermeiras cuidadoras, cujo método adotado era o da
observação continua, baseado no grau de dependência.
Humanização é um ato ou efeito de humanizar, não é uma técnica, uma arte e muito
menos um artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade do local e das
pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana,
dentro das circunstâncias peculiares que cada um se encontra no momento de sua internação,
bem como ao seu meio social, como a família e a sociedade (MALIK, 2000).
Nasce então a necessidade de criar empatia para com o paciente, pois assim
poderemos melhor entende-lo e presta-lhe uma melhor assistência. A empatia então decorre
dos sentimentos que os seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam.
A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta
necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência
em lidar com a situação.
2 - JUSTIFICATIVA:
Durante nossa vida profissional nos deparamos com diversos tipos de clientes, seja ele
de qualquer profissão, apenas é considerado cliente, às vezes não respeitamos seus limites,
suas dores, e ate mesmo sua cultura, não aprendemos a ouvi-lo, ou reconhecer sua capacidade
de entendimento e conhecimento sobre a sua clinica, ou a sua doença.
Todos esses fatores, entre outros, afetam o doente em graus distintos, dependendo da sua
personalidade, da gravidade física, do tempo de internação, as experiências obtidas com
internações anteriores nos hospitais ou em UTI e da sua espiritualidade. Ele necessita, a todo
o momento, ajustar-se emocionalmente e fisicamente a esse local. Situação essa que pode
contribuir para afetar ainda mais a problemática da doença e da hospitalização.
Contudo esse paciente, muitas das vezes leigo, desconhece que além do conhecimento
técnico-científico daquele que lhe presta cuidados, sejam também capaz de identificar suas
manifestações psicológicas, tais como: depressão, recusa ao tratamento, agitação,
agressividade, medo, apatia e negação. Dando assim condições de oferecer-lhe uma atuação
eficiente e, sobretudo, poder preveni-las dos agravos decorrentes dessas manifestações.
4 - OBJETIVOS:
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
Os conceitos de UTI tornam-se cada vez mais específicos, principalmente a partir dos
conceitos de humanização em UTI, portanto antes UTI era “ unidade de cuidado a ser
dispensado ao paciente critico, para sua sobrevida e reintegração social, com o mínimo
desconforto, visando atender as necessidades” ( GOMES, 1988). Mas, hoje, segundo a
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB, 2004) UTI “ tratamento de problemas
menores até problemas maiores, prestando atendimento personalizado, garantindo conforto e
humanidade na internação com o paciente e familiar”.” Os serviços de Tratamento Intensivo
tem por objetivo prestar atendimento a pacientes graves e de risco que exija assistencia
médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamentos e recursos humanos
especializados ( Portaria nº 466, 1998)
Outros estudos mostram que o paciente em UTI possui pouco controle e influência no
ambiente, em virtude da falta de privacidade, dependência, monotonia, dificuldade em se
orientar, estímulo permanente por monitores, tratamento e interrupções freqüentes de seu sono
(WILSON, 1972; GOWAN, 1979; NOVAES et al, 1997).
A história da UTI teve inicio nas salas de recuperação pós-anestésica (RPA), onde os
pacientes submetidos a procedimentos anestésico-cirúrgicos tinham monitorizadas suas
funções vitais (respiratória, circulatória e neurológica) sendo instituídas medidas de suporte
quando necessário até o término dos efeitos residuais dos agentes anestésicos. Destacam-se
com pioneiros dessa história a enfermeira Florence Nighingale quando no século XVII
idealizou a Unidade de Monitoração de pacientes e o médico Peter Safar que no século
seguinte consagrou-se como o primeiro médico intesivista da história, contribuído na criação
do ABC primário em que criou a técnica de ventilação artificial boca a boca e massagem
cardíaca externa. Para estes experimentos contava com voluntários da sua equipe o qual eram
submetidos à sedação mínima.
Sem dúvida a UTI, com todo esse aparelhamento tecnológico e aprimoramento técnico –
cientifico profissional, contribui muito para o avanço terapêutico, porém impõe nova rotina ao
paciente onde há separação do convívio familiar e dos amigos, que pode ser amenizada
através das visitas diárias. Outro aspecto importante é a interação família-paciente com a
equipe, apoiando e participando das decisões médicas. Vale destacar que a tecnologia dos
equipamentos jamais substituirá a tecnologia humana, ou seja, a humanização.
A UTI é considerada como o “ hospital do hospital”, pois é este local dispõe de recursos
tecnológicos, infra-estrutura de um hospital e principalmente recursos humanos. É um setor
que funciona 24h por dia durante todo o ano, cuja equipe é composta por enfermeiros,
médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de apoio técnico, destinada ao
atendimento contínuo de doentes críticos, do ponto de vista clinico, respeitando critérios de
admissão, permanência e alta.
Diferença entre Unidade de Terapia Intensiva- UTI e Centro de Terapia Intensiva- CTI.
As UTI’s são destinadas ao tratamento de pacientes de forma específica a uma determinada
patologia, enquanto que os CTI’s são destinadas a assistirem pacientes de diversas patologias
de forma generalistas.
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No Brasil, as UTI’s surgem pela década de 1970, dentro de seus conceitos mais
modernos “ é uma unidade hospitalar para atender doentes graves e recuperáveis, com
assistência médica e de enfermagem integrais, continuas, especializados e empregando
equipamentos diferenciados. Dotado de pessoal treinado, recursos técnicos, área física e
aparelhagens específicas, capazes de manter a fisiologia, a sobrevida do paciente.
A humanização não é apenas uma questão de mudanças nas instalações físicas, é de fato
uma mudança de comportamento e atitudes frente ao paciente e seus familiares.
O mundo que o doente critico vivencia na hospitalização, promove uma quebra no seu
mundo habitual, denotando a idéia de que a doença promove uma parada no seu percurso, nos
seus projetos e expectativa de vida.
Para BAKES et al, 2006 a humanização tem um significado que passa por valores,
sentimentos e atitudes que guiam o modo de agir e de ser dos profissionais que atuam na UTI,
principalmente no sentido de prestar atendimento humanizado e diferenciado com o doente
crítico. Mas, o fazer diferente não está relacionado a um programa de qualidade e sim no
sentido de atender um ser fragilizado com particularidades e peculiaridades especificas que
são inerentes à condição humana.
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É necessário que exista uma equipe integrada, sendo composta por diversos
profissionais mais com o mesmo objetivo, promover a recuperação do paciente em todas as
suas relações de vida. Neste sentido é imprescindível a participação de uma equipe que se
baseia nas relações humanas e sociais no cuidado com o paciente critico. A responsabilidade é
de cada profissional pelo cuidado e a recuperação de uma parte e cada parte compõe um todo,
o ser humano. ( BAKES et al, 2006).
diferentes aspectos devem ser considerados: o modo de ser cuidado o paciente e seus
familiares; a atenção ao profissional da equipe e o ambiente físico (AMIB, 2004).
A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta
necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência
em lidar com a situação.
Humanizar é um processo vivencial que permeia toda a atividade local e das pessoas que
ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana, dentro das
características peculiares em que cada um se encontra no momento de sua internação.
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Segundo, ter uma conduta holística nos cuidados intensivos, neste sentido incluir a
família do individuo enquanto ser social. A família, às vezes, demonstra mais necessidades de
cuidados que o próprio doente, demonstrando muitas vezes maior gravidade do que o paciente
que se encontra na UTI, pois suas angústias, insegurança, medo por não saber o que irá
acontecer com o seu familiar. A família também é alvo de cuidados tanto quanto o paciente,
visto que ela adoece juntamente e com esse adoecer causa um desequilíbrio bio-psico-social-
espiritual, normalmente pelo medo e angústias e riscos de perda do membro familiar. Neste
sentido, é fundamental que a humanização do cuidado englobe a família, denotando um
comportamento de interesse e respeito pela família e do doente crítico na UTI.
Mas qual o tempo necessário para o cuidado? É verdade que o doente crítico na UTI
requer um tempo prolongado para o cuidado dispensado a ele, é banhos no leito, higiene oral,
aspirações de secreções, mudanças de decúbito, entre outros, mas será que paramos para
refletir se realmente é este cuidado que o paciente deseja receber? Será que humanizar o
cuidado é realizar atividades que partem das necessidades prioritárias de saúde, higiene,
eliminações, como as propostas por MASLOW?.
Num ambiente em que não exista sociabilidade, organização e humanização não está
adequado ao cuidado humano, portanto, no processo de humanização torna-se imprescindível
que haja relações humanas e sociais entre as equipes.
O individuo quando procura o hospital é factível compreender que algo não está bem,
seja de ordem física, psíquica, moral ou espiritual. Neste momento cabe a responsabilidade
dos profissionais que ali atuam no cuidado intervir de maneira integral e não numa parte do
corpo, reconhecendo as particularidades de cada paciente, bem como as de sua família, dos
amigos, do trabalho, lazer, alimentação, por exemplo, promovendo um ambiente de cuidado
humano o mais aconchegante possível.
No processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico que
intermédia os locutores, diz-se que há uma comunicação mediada.
Sendo assim, sabemos que a comunicação destaca-se como o principal instrumento para
que a interação e a troca aconteçam e, conseqüentemente, o processo de cuidar, no seu sentido
mais amplo, tenha espaço para acontecer.
Uma reflexão histórica sobre como o corpo e o toque são percebidos ressalta a
possibilidade do mundo da tecnologia avançada substituir esse instrumento próprio do ser
humano. "O afago, o aperto de mão, oferecendo apoio e suporte, ou mesmo o olhar carinhoso
e amigo parece não ser mais necessário. A máquina passa a realizar o cuidado e a cuidadora a
ocupar-se, absorvendo-se e concentrando-se no manuseio da mesma, por vezes esquecendo o
ser humano a ela conectado".
2.6- PERCEPÇÃO
Observa-se que muitas vezes existe uma super valorização dos aspectos orgânicos do
paciente, deixando-se de lado aspectos psicológicos e sociais dos mesmos, os quais podem
interatuar no processo saúde-doença.
Quando os pacientes são levados a essa unidade, em geral são demasiadamente enfermos
para serem afetados psicologicamente pelo significado do lugar. Mais tarde eles se sentem
molestado pelas atenções freqüentes que eles e os outros recebem (intubação, mudança de
posição, terapia endovenosa), pelo ruído das máquinas e pela ausência de um lugar privado.
May (1974) aponta características essenciais que constituem uma pessoa. Tais
características ajudarão a entender o processo de angústia com que o ser humano se depara.
May descreve que toda pessoa é centrada em si mesma; tem o caráter de auto-afirmação, a
necessidade de preservar sua centralidade. A esta auto-afirmação é dado o nome de
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[...] a minha capacidade de conhecer-me como uma pessoa que está sendo
ameaçada, a minha experiência própria como a pessoa que possui um mundo. A
consciência, para usar os termos de Kurt Goldstein, é a capacidade do homem de
transcender a situação concreta e imediata, de viver em termos do possível. Ela
forma a base da larga faixa de possibilidades que o homem tem com relação ao
seu mundo, e constitui o embasamento da liberdade psicológica (MAY, 1974,
p.89).
[...] é a visão do paciente de que é ele que está sendo ameaçado, que é ele o ser
que está neste mundo que ameaça, que é ele o sujeito que possui o mundo. E isto
lhe proporciona a possibilidade de insight, de 'visão internalizada' de ver o
mundo e seus problemas com relação a si próprio. E assim dá-lhe a possibilidade
de fazer algo sobre seus problemas (MAY, 1974, p.92).
Resumidamente, o ser humano, num primeiro momento, pode perceber algo “estranho”,
um incômodo, e toma, ou não, consciência disto. Conforme a informação que ele recebe,
poderá haver o desencadeamento da ansiedade e da angústia. Todo este processo ocorre as
lidar com um problema subjetivo, isto é, perceber algo pessoal que o incomoda, como ao lidar
com algo externo, como por exemplo, a descoberta de um sério problema de saúde em si ou
num membro de sua família.
No caso é possível pensar no âmbito da UTI onde uma doença pode vir a desestruturar
uma pessoa tanto física quanto psicologicamente; em especial o profissional enfermeiro como
paciente da UTI, objeto desse estudo.
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3- METODOLOGIA:
3.2- LOCAL:
A amostragem utilizada será em forma de rede ( bola de neve), cujos critérios de inclusão são:
CATEGORIA TEMATICA 1:
Sentimento em relação a UTI, enquanto profissional e enquanto doente
[...] é uma sensação de medo [...] ,de dependência, de você conhecer e não poder fazer nada,
mesmo sabendo como fazer [...]- SAFIRA.
[...] primeiro foi de abandono, me senti abandonada, [...], daí eu não sabia que ia ficar
entubada, que eu ia pra UTI eu sabia, [...], então eu arrumei um jeito de chamar atenção, por
medo, eu comecei a babar, fazendo bolinha, minha boca enchia e eu fazia bolinha, daí eles
vinham me aspirar, [...], daí eu sentia sempre alguém perto de mim. ESMERALDA
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[...] eu senti um desespero, [...] eu fiquei um tempo sedada [...], ficando como paciente na
UTI, mas ai a própria equipe de enfermagem foi me acalmando, então fui me sentindo segura
pela equipe [...] PÈROLA.
[...] eu me senti um pouco ociosa, porque eu sabia que tinha outros pacientes necessitando de
atenção, [...] PÈROLA
Tendo em vista nossa atuação diária na UTI, percebemos que em 100% dos pesquisados
apresentam um sentimento negativo em relação a UTI, sendo os principais sentimentos
enquanto profissionais é o medo da MORTE, desespero, vergonha, abandono principalmente
pela família, conhecimento do iria acontecer. Enquanto que, para paciente os sentimentos
diferiram, 25% não conseguiu fazer diferença por lembrar que estava na UTI,mas era
enfermeira, outros 25%se sentiu bem cuidada e amparada pela equipe de enfermagem, outros
25% se sentiu ociosa, sabendo que estava bem e que existiam outro pacientes necessitando de
cuidados e 25% sentiu medo e dependência, afetando em sua necessidades básicas.
A UTI embora seja para pacientes recuperáveis, passa a ser avaliada como fase critica e
com possibilidades mínimas de cura, fazendo que o individuo passe a analisar como se
estivesse para morrer.
Neste momento é indispensável que os profissionais que atuam na UTI, busquem meios
de amenizar esse contexto avaliado com ambiente de sofrimento, desmitificando os temores
experenciados pelos indivíduos.
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CATEGORIA TEMATICA 2:
[...] foi pós- operatório imediato, [...] eu tinha feito a redução do estomago, daí eu tive um
pico hipertensivo, então o medico achou melhor eu ir pro CTI. PÈROLA
[...] por causa de uma cirurgia bariátrica e [...] era uma cirurgia grande, que tem como
protocolo ficar na UTI por 12 ou 24horas. RUBI
[...] foi recuperação pós- anestésica e[...] foi uma complicação de anestesia que se prolongou e
eu acabei tendo que ficar na UTI. SAFIRA.
As cirurgias de grande porte sempre apresentam fortes indicações para controle em pós
operatório em UTI, como podemos perceber, em 100% dos pesquisados a indicação de UTI
foi por recuperação em pós- operatório imediato, aquele que compreende as primeiras 24horas
após a cirurgia.
CATEGORIA TEMATICA 3:
Diferença no cuidado:
[...] eu percebi que tinha uma diferença porque eles sabiam que eu era enfermeira,... porque a
colega falou pra olharem pra mim,eles chegavam enfermeira ta tudo bem.. então, eu percebi
que tive um atendimento diferente dos outros pacientes... isso porque eu também conhecia os
médicos[...].RUBI.
[...] olha não, mas quando os técnicos iam realizar algum procedimento tinham a
preocupação, eles me falavam. Ah! Você é enfermeira né. Então, acho que isso me dava maior
segurança, sei lá [...] SAFIRA.
[...] em momento nenhum, a mesma atenção que foi dada pra mim que estava consciente foi
dada ao paciente que estava entubado, eles sabiam que eu era enfermeira, que era filha de
médico, que eu era esposa de médico, eu não sei [...] isso iria interferir em alguma coisa, inclusive
eu conhecia algumas pessoas que estavam de plantão. PÈROLA
[...] olha em um determinado momento sim e em outro não, pelos técnicos não, pela
enfermeira sim, porque ela era minha amiga de trabalho, ela trabalha comigo, então ela ficou
muito tempo comigo, até porque minha ida pra UTI tava programada, só não estava
programada eu chegar entubada [...], ela me deu atenção especial, dos técnicos foi normal, e
da equipe no geral não [...] ESMERALDA
De acordo com Vargas & Braga ( 2008) Unidade de Terapia Intensiva –UTI, surge para
necessidade de aperfeiçoar recursos humanos e materiais para o atendimento aos pacientes
graves, em estado critico, vistos como recuperáveis, e principalmente pela necessidade de
observação constantes, que necessitam de cuidados médicos e de enfermagem, em um meio
de tecnologias, permitindo que a enfermagem suplante os desafios em integrar conhecimento
ao cuidado.
CATEGORIA TEMATICA 4:
Experiência em ser paciente em UTI:
[...] é uma experiência negativa, muito ruim [...], uma sensação de incapacidade, estranho,
você saber como fazer o procedimento e não poder fazer. SAFIRA.
[...] passei a ser mais criteriosa, [...] porque você tem que ver o paciente como um todo, isso
fez com que eu prestasse mais atenção nos pacientes,[...] é horrível você acordar , o meu
calcâneo direto no colchão é uma dor inexplicável[...] ESMERALDA
[...] tipo assim, não pelo lado do tratamento, nem pelo lado da assistência, mas... pelo lado
emocional, porque na enfermaria você tem a visita do acompanhante, você tem a visita das
outras pessoas e na UTI você tem uma equipe trabalhando[...] é uma ociosidade, eu não
gostaria de passar por isso de novo. PÉROLA
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[...] olha não é uma experiência muito boa, porque a gente tem cuidados restritos de outras
pessoas, não é como na enfermaria comum [...] que você tem cuidados parciais [...] isso
independe de você ser profissional ou não, tu ta la como paciente[...]. RUBI.
O paciente necessita ter informações que amenizem seu estado de ansiedade, seja pela
equipe médica ou de enfermagem, todos devem agir de maneira humanizada.
CATEGORIA TEMATICA 5:
[...] a minha visão enquanto profissional e enquanto pratica não mudou, eu tinha um senso
critico muito grande, eu não vi nada de errado, mas por a gente ter o senso critico, seu tivesse
visto eu teria falado, eu continuo assim, não mudou nada[...] RUBI
[...] olhar sempre o cuidado do outro, a gente se vendo naquela condição, dependente do
outro, então é o cuidado do outro que deve prevalecer, dar uma atenção melhor, atender o
chamado, em ouvir o que ele quer [...] SAFIRA
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[...] houve um caso que eu lembrei que o paciente chamava, chamava e a equipe demorava pra
atende [...] eu não sei se fosse comigo de como enfermeira eu teria deixado isso acontecer,
mas eu procuro logo dar atenção, eu procuro atender logo, eu tento me colocar no lugar
daquela pessoa [...] PÉROLA
[...] eu... fui comovida [...] eu comecei avaliar melhor meu paciente, principalmente a questão
da entubação, no decúbito, das áreas de ulcera de pressão, as outras coisas eu não modifiquei
porque eu já fazia o que eu achava correto [...] eu do importância pra dobrinha do lençol,
aquela prega que fica no calcâneo, se o ossinho num ta sendo pressionado[...] ESMERALDA
CATEGORIA TEMATICA 6:
[...] eu fico imaginado, a gente já conhecendo já sentiu tudo isso: a perda da privacidade, o
medo da morte..., imagina uma pessoa leiga [...] ai é que entra o profissional com uma atenção
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assim imensa com esse paciente [...],porque a gente fica ali muito só, longe da família, só tem
aquele horário [...] eu ficava preocupada se eu ia morrer e meus filhos iam ficar com quem¿ a
gente pensa no marido, no irmão,mas... os teus filhos é primordial[...], eu ficava pensando ai
meu Deus tomara que de tudo certo[...] ai tu acorda ai obrigada eu to viva, agora vou cuidar
dos meus filhos[...], o que chama atenção é o barulho, até fala alta dos profissionais e olha que
eu fiquei num lugar reservado,então, umas das coisas que mudou na minha vida foi isso, eu
procuro entrar na UTI-neo do outro hospital bem devagar, não falo alto[...] porque ficou
condicionado que os pacientes que estão lá não querem ouvir barulho[...] RUBI
[...] nossa é uma sensação muito ruim, um lugar que te deixa incapaz, mas eu sei que fui bem
cuidada pela equipe, que tem quem goste de estar ali, se preocupando com o outro [...]
SAFIRA
[...] eu acho que a gente enquanto profissional deveria dar mais atenção ao paciente...
porque... eu não fui bem atendida pelo médico plantonista da noite,... o medico da manha não
sabia que eu era profissional da área da saúde [...] eu acho que você tem que cuidar igual, não
que ser diferente.[...], ESMERALDA.
Sabemos que a audição é um sentido mais aguçado, frente ao paciente em UTI, todo
comentário pode interferir no cuidado, bem como em sua recuperação.
A UTI, não é vista como ambiente acolhedor, tanto pacientes e familiares, criam
estigmas, que podem ser duradouros e traumáticos, influenciando em seu comportamento e
atitudes.
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Reitero aos participantes dessa pesquisa, que será utilizada linguagem clara, o objeto de
estudo, os objetivos e o modo de inserção deles na pesquisa. Embora trate- se de uma
pesquisa que não envolve riscos à integridade física dos informantes, asseguro o anonimato e
o direito do informante de deixar de compor o grupo a qualquer momento, respeitando neste
sentido a resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96, por tratar-se de uma pesquisa que
envolve seres humanos.
Para tanto utilizaremos nomes de pedras preciosas para preservar a integridade dos
participantes.
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4 – CONCLUSÃO
A família estigmatiza que a equipe se apropria do seu familiar, adoece junto dele.
Enquanto que o paciente reflete o contrario, imaginado que a família o abandonou. Este
isolamento social pode provocar danos irreversíveis aos indivíduos submetidos à internação
hospitalar em UTI. Portanto, é fundamental que esse duvida seja sanadas para que possamos
atingir nossos objetivos, que é devolver o individuo com menos seqüela possíveis ao seu meio
social.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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Nursing. V. 113, pp. 467-470, 2007.
BEDIN, Eliana; RIBEIRO, Luciana Barcelos Miranda; BARRETO, Regiane Ap. Santos
Soares Barreto - Humanização da assistência de enfermagem em centro cirúrgico. Revista
Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, 2004. Disponível em www.fen.ufg.br. Acesso em:
16/09/2008.
CINTRA, E.A & NISHIDE, V.M., & NUNES, W.A. Assistência de Enfermagem ao
Paciente Gravemente Enfermo. 2. Ed. São Paulo- Atheneu, 2005.
DAY, R.H. Psicologia da percepção. 2ª Ed. Rui de Janeiro, José Olympio, 1974.
39
FREUD S. Psicoterapia de grupo e análise do ego (1921). In: Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas, vol. XVIII. [Traduzida por Jayme Salomão]. Rio de
Janeiro: Imago; 1969. p. 89-169.
FREUD S. (1913 {1912-1913}). Totem e tabu. In: Edição Standard Brasileira das Obras
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1969. p. 13-192.
MAURER LANE, S. T., "A psicologia social e uma novo concepção do homem para a
psicologia", in Psicologia social: o homem em movimento, São Paulo, Brasiliense, 1985, pp.
10-19.
Mendonça, C.S.P; Oliveira, S.N.C. O ser familiar na Unidade de Terapia Intensiva: conhecer
para compreender. TCC apresentado ao curso de graduação em enfermagem para obtenção do
grau 2008. 48.p.
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SOUZA et al, Perfil dos Clientes que Receberam Orientações Sobre os Cuidados
Perioperatorios. Rev. Enfermagem Atual. Ano 8- N
Tratando-se de uma pesquisa que não envolve riscos à integridade dos participantes,
porém fica livre o direito do pesquisado em deixar de compor tal pesquisa a qualquer
momento ou de participar da pesquisa, com direito a resposta, pertinentes aos objetivos
propostos. Em casos de dúvidas com as perguntas pertinentes ao objeto do estudo o
pesquisado poderá consultar as entrevistadoras.
Pesquisadoras Responsáveis:
Assinatura:___________________________
Data:___/____/____.
Pesquisadoras Responsáveis:
Clara Manami Ota Fernandes. Fone: (91) 32431923. E-mail claraota@globo.com
APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO
6- Como você descreve suas práticas após o cuidado empregado pela enfermagem a você
durante sua hospitalização?