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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTIUTO DA CIÊNCIA E DA SAÚDE
FACULDADE DE ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE PÓS GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA

CLARA MANAMI OTA FERNANDES


EDILEUZA NUNES LIMA

O SENTIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SUBMETIDOS À


INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UTI

BELÉM
2009

CLARA MANAMI OTA FERNANDES

EDILEUZA NUNES LIMA

O SENTIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SUBMETIDOS À


INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UTI

Monografia apresentada ao Departamento de Pós-


Graduação, da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal do Pará- UFPA, como requisito
para obtenção de titulo de Especialista em Enfermagem
Terapia Intensiva, orientado pela Mestra Amariles Maria
Das Graças Ferreira Pacheco.

BELÉM
2009

CLARA MANAMI OTA FERNANDES


EDILEUZA NUNES LIMA

O SENTIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SUBMETIDOS À


INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UTI

Monografia apresentada ao Departamento de Pós-


Graduação, da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal do Pará- UFPA, como requisito
para obtenção de titulo de Especialista em Enfermagem
Terapia Intensiva, orientado pela Mestra Amariles Maria
Das Graças Ferreira Pacheco

Banca Examinadora

______________________________________
OrientadoraMsc. Amariles Maria Ferreira
Pacheco

______________________________________
1º membro Msc Roseneide dos Santos Tavares

______________________________________
2º membro Msc. Maria Amélia Fadul Bitar

Aprovado em:___/___/___

Conceito:______________
Aos meus familiares e amigos, em especial pela
minha mãe Audaci que sempre incansavelmente
está ao meu lado, ao meu pai Antonio ( in
memoriam) que durante foi descansar ao lado do Pai celestial,
mas sempre torceu pelas minhas conquistas, embora distante.

Ao meu amado filho Gustavo por sempre compreender


minhas ausências e que sempre contribui para o
meu aprimoramento e realizações de trabalhos,
com seus conhecimentos.

A todos os meus irmãos, sobrinhos e cunhadas e cunhado.

Edileuza Lima
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria
possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos,
destes momentos que nos são tão importantes.

Ao meu esposo Hamilton e a minha mãe Noriko; pelo esforço,


dedicação e compreensão, em todos os momentos
desta e de outras caminhadas.

Clara Ota
AGRADECIMENTOS

A DEUS por ter nos contemplado com as oportunidades, sabedoria, nos proporcionado
condições para alcance e realizações de nossos objetivos.

À NOSSA ORIENTADORA Amariles Pacheco por ter nos oportunizado este momento com
seus conhecimentos e incentivos.

À MSC Maria Amélia por ter estado ao nosso lado nos envolvendo com seus conhecimentos,
contribuições e sugestões.

Aos profissionais e depoentes que contribuirão para realização da temática, incluindo minha
amiga Clara Ota e ao seu esposo Hamilton, que além de colega de trabalho criou
oportunidades e meu o interesse pelo tema, e nos ajudou na realização deste trabalho.

A minha amiga Edileuza que foi uma grande companheira na realização desse trabalho, dentro
e fora de sala e que continuara fazendo parte da minha história.

Por último, agradecemos ao apoio dado pela Universidade que através do Departamento de
Pós-Graduação, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará - UFPA),
incentivou o desenvolvimento da nossa pesquisa.
Humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos
materiais e tecnológicos não são mais significativos do que a essência humana. Esta sim irá
conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro,
tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana.

VILA & ROSSI (2002, p.17)


RESUMO

O presente estudo analisa a importância da humanização, utilização dos conceitos de UTI e


seu histórico, incorporando o conceito de sentimentos e percepções, da comunicação e
humanização, vistas como pontos fundamentais do processo de cuidar em UTI, através do
relato de experiência do enfermeiro-paciente. Temos como objetivos buscar conhecer os
sentimentos do profissional enfermeiro submetido à internação hospitalar em UTI e colaborar
na construção e reflexão do profissional enfermeiro quanto à sua assistência dispensada ao
paciente crítico em UTI. Trata-se de um estudo exploratório com uma abordagem qualitativa,
através de categorias temáticas definidas a partir do tema proposto, através da utilização
questionário semi-estruturado. Buscou-se entrevistar 10 enfermeiros, porém a grande
dificuldade de acesso a esses profissionais optamos em entrevistar 4 profissionais. Após as
entrevistas, os dados foram analisados e fundamentados baseados na literatura, surgindo 6
categorias temáticas, definidas “sentimento em relação a UTI enquanto profissional e
enquanto doente”, “ motivo da internação em UTI”, “diferença no cuidado”, “experiência em
ser enfermeiro-paciente”, “avaliação das praticas após ser paciente em UTI” e “ reflexões
sobre UTI após alta”. Preservamos a integridade dos participantes da pesquisa, optamos em
caracterizarmos por pedras preciosas.

PALAVRAS CHAVES: Humanização, Percepções, sentimentos, Enfermeiros, UTI


ABSTRACT

This study examines the importance of humanization, use of the terms of ICU and its history,
incorporating the concept of feelings and perceptions, communication and humanity, seen as
key points of the care process in the ICU through the report of the experience of nurse -
patient. We aim to become acquainted with the feelings of the professional nurse referred to
the hospital in ICU and assist in the construction and reflection of the professional nurse as to
the care given to critically ill patient in ICU. This is an exploratory study with a qualitative
approach, through the themes set from the theme, using semi-structured questionnaire. We
attempted to interview 10 nurses, but the great difficulty of access to these professionals chose
to interview 4 professionals. After the interviews, data were analyzed and justified based on
literature, arising 6 themes, defined "feelings about the ICU as a professional and patients",
"reason for admission to the ICU," unequal treatment "," experience be a nurse-patient ","
assessment practices after being patient in the ICU "and" Reflections on the ICU after
discharge. We preserve the integrity of research participants, we chose to characterize the
precious stones.

KEY WORDS: Humanization, perceptions, Feelings, Nurses, ICU.


SUMÁRIO

1 - TEMA EM ESTUDO:........................................................................10
10

I - INTRODUÇÃO

1 - TEMA EM ESTUDO:

A unidade de terapia intensiva ( UTI) teve sua origem a partir da idéia de Florence
Nightingale em reunir os feridos da guerra da Criméia em um lugar em que pudesse prestar
cuidado de maneira igualitária. Diante das dificuldades da época, e que permanecem até hoje,
a deficiência de recursos humanos, e a gravidade dos feridos fez com que Florence diminuísse
o tempo com deslocamentos, a procura dos feridos, idealizou colocá-los em um ambiente em
que estivesse nas proximidades das enfermeiras cuidadoras, cujo método adotado era o da
observação continua, baseado no grau de dependência.

Humanização é um ato ou efeito de humanizar, não é uma técnica, uma arte e muito
menos um artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade do local e das
pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana,
dentro das circunstâncias peculiares que cada um se encontra no momento de sua internação,
bem como ao seu meio social, como a família e a sociedade (MALIK, 2000).

Dentro do processo de humanização torna-se imprescindível que exista uma boa


comunicação, visto que é um dos princípios do cuidar humano. É responsabilidade do
enfermeiro intensivista utilizar este recurso como meio de amenizar os medos que prevalecem
dentro da UTI. A comunicação não se estabelece quando alguém pronuncia uma palavra, mas
sim quando existe um gesto em busca de uma informação, de uma resposta. Neste sentido, o
enfermeiro utiliza a comunicação como facilitador do processo de hospitalização,
promovendo e buscando manter um elo forte anteriormente rompido pela internação
hospitalar.

Entende-se, portanto, comunicação o processo de transmitir a informação e


compreensão de uma pessoa para outra. Se não houver esta compreensão, não ocorre a
comunicação. Se uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for compreendido pela
outra pessoa, a comunicação não se efetivou.
11

Segundo Chiavenato (2000, p. 142) a comunicação é a troca de informações entre


indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação.

Ao conceito de Scanlan (1979, p. 372), a comunicação pode ser definida simplesmente


como o processo de se passar informações e entendimentos de uma pessoa para outra.

Nasce então a necessidade de criar empatia para com o paciente, pois assim
poderemos melhor entende-lo e presta-lhe uma melhor assistência. A empatia então decorre
dos sentimentos que os seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam.

A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta
necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência
em lidar com a situação.

2 - JUSTIFICATIVA:

Durante nossa vida profissional nos deparamos com diversos tipos de clientes, seja ele
de qualquer profissão, apenas é considerado cliente, às vezes não respeitamos seus limites,
suas dores, e ate mesmo sua cultura, não aprendemos a ouvi-lo, ou reconhecer sua capacidade
de entendimento e conhecimento sobre a sua clinica, ou a sua doença.

O estudo torna-se relevante por pretender conhecer os sentimentos experienciados pelo


profissional de saúde , em especial o enfermeiro, submetido à internação hospitalar em UTI, e
a partir do presente estudo, reavaliar a pratica profissional, dos profissionais enfermeiros que
atuam em UTI, conhecendo as sensações que os enfermeiros (pacientes de UTI) tiveram
quando internado na UTI e assim oportunizar reflexões acerca dos cuidados recebidos e
prestados ao paciente crítico.
12

3 - SITUAÇÃO PROBLEMA E QUESTAO NORTEADORA:

A UTI por ser um ambiente totalmente diferente de outras unidades de internação,


sobretudo do ambiente familiar do sujeito doente. Utilizando de várias técnicas a fim de
garantir a vida do doente e propiciar-lhe a recuperação de sua saúde. Essas técnicas produzem
desconforto e até mesmo sofrimento ao paciente, quando submetido a tubos, drenos, equipos,
cateteres, fios, luzes, aparelhos, alarmes, dentre outros.

Todos esses fatores, entre outros, afetam o doente em graus distintos, dependendo da sua
personalidade, da gravidade física, do tempo de internação, as experiências obtidas com
internações anteriores nos hospitais ou em UTI e da sua espiritualidade. Ele necessita, a todo
o momento, ajustar-se emocionalmente e fisicamente a esse local. Situação essa que pode
contribuir para afetar ainda mais a problemática da doença e da hospitalização.

É o isolamento do homem do seu meio social e familiar, exatamente no momento em


que mais precisa de atenção e de um relacionamento de maior nível de afetividade
(TAKAHASHI, 1986: p.113).

Contudo esse paciente, muitas das vezes leigo, desconhece que além do conhecimento
técnico-científico daquele que lhe presta cuidados, sejam também capaz de identificar suas
manifestações psicológicas, tais como: depressão, recusa ao tratamento, agitação,
agressividade, medo, apatia e negação. Dando assim condições de oferecer-lhe uma atuação
eficiente e, sobretudo, poder preveni-las dos agravos decorrentes dessas manifestações.

A experiência do paciente-enfermeiro de UTI, inclusive de uma das autoras, terá como


proposta revelar as angústias desses profissionais quanto à impossibilidade reagir a falhas
percebidas e em alguns casos da ausência da sensibilidade para com eles.

Durante nossa pratica diária, no trabalho, tivemos a oportunidade de ouvir relatos e


comentários de outros profissionais da saúde, que haviam sido submetidos à internação em
UTI, e seus sentimentos diante desse cenário. A partir do momento que ouvimos essas
13

informações e comentários, surge então a necessidade em conhecer quais os sentimentos do


profissional enfermeiro submetido à internação hospitalar em UTI?

4 - OBJETIVOS:

• Conhecer os sentimentos do profissional enfermeiro submetido à internação


hospitalar em UTI;

• Colaborar na construção e reflexão do profissional enfermeiro quanto à sua


assistência dispensada ao paciente crítico em UTI;
14

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

2.1- CONCEITO E HISTÓRICO DA UTI ou CTI:

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI ) “ é uma unidade destinada ao cuidado do


paciente critico, para sua sobrevida e reintegração social com o mínimo desconforto, visando
atender as necessidades...”. “ Observação efetiva e dirigida à pacientes graves...” ( GOMES,
1988). Essa idéia de observação e atendimento continuo foi iniciada por Florence Nightingale,
na guerra da Criméia, através da observação dos pacientes mais graves junto ao trabalho das
enfermeiras, promovia assim, uma melhor vigilância aos feridos na guerra, cujos critérios de
cuidados eram baseados no grau de dependência. Entre os anos de 1946 e 1948 os Centros de
Terapia Intensiva- CTI, tornam-se realidade a partir das sala de recuperação pós-anestésica ou
pós-operatória, onde centralizavam um grande número de pacientes traumatizados
provenientes da II Guerra Mundial e da Coréia, executando cuidados para aumento da
sobrevida ( NUNES et al 2004 ).

Os conceitos de UTI tornam-se cada vez mais específicos, principalmente a partir dos
conceitos de humanização em UTI, portanto antes UTI era “ unidade de cuidado a ser
dispensado ao paciente critico, para sua sobrevida e reintegração social, com o mínimo
desconforto, visando atender as necessidades” ( GOMES, 1988). Mas, hoje, segundo a
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB, 2004) UTI “ tratamento de problemas
menores até problemas maiores, prestando atendimento personalizado, garantindo conforto e
humanidade na internação com o paciente e familiar”.” Os serviços de Tratamento Intensivo
tem por objetivo prestar atendimento a pacientes graves e de risco que exija assistencia
médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamentos e recursos humanos
especializados ( Portaria nº 466, 1998)

A Unidade de Terapia Intensiva ou simplesmente UTI cujos profissionais são designados


intensivistas, trabalham em equipe constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais, entre outros. É nesse ambiente de alta
complexidade, restrito e singular que propõe à internação de pacientes com instabilidades
clínicas e com potencial de gravidade.
15

A UTI dispõe de um complexo e permanente sistema de monitoramento ao paciente,


garantindo tratamento e assistência intensivos na expectativa de sua recuperação. Ainda, é
função da UTI amenizar sofrimento tais como dor e falta de ar, independente do prognóstico.

Segundo SEBASTIANI (1984), as características intrínsecas da UTI, como a rotina de


atendimento mais acelerada, o clima constante de apreensão e as situações de morte iminente,
acabam por exacerbar o estado de estresse e tensão, que tanto o paciente, quanto a equipe
vivem nas vinte e quatro horas do dia. Esses aspectos adicionados à singularidade do
sofrimento da pessoa internada - dor, medo, ansiedade e isolamento do mundo - trazem
fatores psicológicos que interagem, muitas vezes de maneira grave na manifestação orgânica
de sua doença.

Outros estudos mostram que o paciente em UTI possui pouco controle e influência no
ambiente, em virtude da falta de privacidade, dependência, monotonia, dificuldade em se
orientar, estímulo permanente por monitores, tratamento e interrupções freqüentes de seu sono
(WILSON, 1972; GOWAN, 1979; NOVAES et al, 1997).

A história da UTI teve inicio nas salas de recuperação pós-anestésica (RPA), onde os
pacientes submetidos a procedimentos anestésico-cirúrgicos tinham monitorizadas suas
funções vitais (respiratória, circulatória e neurológica) sendo instituídas medidas de suporte
quando necessário até o término dos efeitos residuais dos agentes anestésicos. Destacam-se
com pioneiros dessa história a enfermeira Florence Nighingale quando no século XVII
idealizou a Unidade de Monitoração de pacientes e o médico Peter Safar que no século
seguinte consagrou-se como o primeiro médico intesivista da história, contribuído na criação
do ABC primário em que criou a técnica de ventilação artificial boca a boca e massagem
cardíaca externa. Para estes experimentos contava com voluntários da sua equipe o qual eram
submetidos à sedação mínima.

Ainda, através de experimentos, concretizou para o paciente crítico as técnicas de


manutenção de métodos extraordinários de vida. Na cidade de Baltimore estabeleceu a
primeira UTI cirúrgica e em 1962, na Universidade de Pittsburgh, criou a primeira disciplina
de "medicina de apoio crítico" nos Estados Unidos. Iniciou os primeiros estudos com indução
da hipotermia em pacientes críticos. Como última contribuição elaborou projetos das
16

ambulâncias-UTI de transporte, fundou a Associação Mundial de Medicina de Emergência e


foi co-fundador da SCCM (Society of Critical Care Medicine), o qual foi presidente em 1972.

De acordo com Vila e Rossi (2002), as UTI’s surgiram a partir da necessidade de


aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o atendimento a
pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de
observação constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os
pacientes em um núcleo especializado.

Sem dúvida a UTI, com todo esse aparelhamento tecnológico e aprimoramento técnico –
cientifico profissional, contribui muito para o avanço terapêutico, porém impõe nova rotina ao
paciente onde há separação do convívio familiar e dos amigos, que pode ser amenizada
através das visitas diárias. Outro aspecto importante é a interação família-paciente com a
equipe, apoiando e participando das decisões médicas. Vale destacar que a tecnologia dos
equipamentos jamais substituirá a tecnologia humana, ou seja, a humanização.

A UTI é considerada como o “ hospital do hospital”, pois é este local dispõe de recursos
tecnológicos, infra-estrutura de um hospital e principalmente recursos humanos. É um setor
que funciona 24h por dia durante todo o ano, cuja equipe é composta por enfermeiros,
médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de apoio técnico, destinada ao
atendimento contínuo de doentes críticos, do ponto de vista clinico, respeitando critérios de
admissão, permanência e alta.

As UTI’s surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de


recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas
vistos como recuperáveis e da necessidade de observação constante, assistência medica e de
enfermagem continua, centralizando os pacientes em núcleo especializado.

Diferença entre Unidade de Terapia Intensiva- UTI e Centro de Terapia Intensiva- CTI.
As UTI’s são destinadas ao tratamento de pacientes de forma específica a uma determinada
patologia, enquanto que os CTI’s são destinadas a assistirem pacientes de diversas patologias
de forma generalistas.
17

No Brasil, as UTI’s surgem pela década de 1970, dentro de seus conceitos mais
modernos “ é uma unidade hospitalar para atender doentes graves e recuperáveis, com
assistência médica e de enfermagem integrais, continuas, especializados e empregando
equipamentos diferenciados. Dotado de pessoal treinado, recursos técnicos, área física e
aparelhagens específicas, capazes de manter a fisiologia, a sobrevida do paciente.

2.2- HUMANIZAÇÃO NA UTI:

Humanização ou ato de humanizar não é uma técnica ou arte é um processo vivencial


que permeia toda atividade do local e das pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o
tratamento que merece como pessoa humana, dentro das circunstancias peculiares que cada
um se encontra no momento de sua internação ( NUNES et al 2004 ).

É segundo AMIB ( 2004) e NUNES et al 2004 ...cuidar do paciente como um todo,


englobando o contexto familiar e social. “ É um conjunto de medidas que engloba o ambiente
físico, o cuidado dos pacientes e seus familiares e as relações entre a equipe de saúde, cujas
intervenções visam tornar efetiva a assistência ao individuo criticamente doente
considerando-o como um ser bio-psico-sócio-espiritual.

A humanização não é apenas uma questão de mudanças nas instalações físicas, é de fato
uma mudança de comportamento e atitudes frente ao paciente e seus familiares.
O mundo que o doente critico vivencia na hospitalização, promove uma quebra no seu
mundo habitual, denotando a idéia de que a doença promove uma parada no seu percurso, nos
seus projetos e expectativa de vida.

Para BAKES et al, 2006 a humanização tem um significado que passa por valores,
sentimentos e atitudes que guiam o modo de agir e de ser dos profissionais que atuam na UTI,
principalmente no sentido de prestar atendimento humanizado e diferenciado com o doente
crítico. Mas, o fazer diferente não está relacionado a um programa de qualidade e sim no
sentido de atender um ser fragilizado com particularidades e peculiaridades especificas que
são inerentes à condição humana.
18

Os principais responsáveis pela humanização são todos os profissionais que assistem


direta e indiretamente os pacientes. Partindo desse ponto de vista, é necessário que cada
profissional que atua em UTI, onde a carência dos pacientes é muito maior pela gravidade do
seu problema de saúde, tenha uma preparação e um atendimento quanto à humanização neste
setor. (NUNES et al 2004 ).

É necessário que exista uma equipe integrada, sendo composta por diversos
profissionais mais com o mesmo objetivo, promover a recuperação do paciente em todas as
suas relações de vida. Neste sentido é imprescindível a participação de uma equipe que se
baseia nas relações humanas e sociais no cuidado com o paciente critico. A responsabilidade é
de cada profissional pelo cuidado e a recuperação de uma parte e cada parte compõe um todo,
o ser humano. ( BAKES et al, 2006).

O ato de humanizar é sempre discutido no contexto da assistência à saúde. É a base de


um conjunto de iniciativas, mas não existe uma definição mais clara, geralmente designando a
forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada
ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do
reconhecimento do profissional.

Conforme Orlando (2004), a humanização é um processo que envolve todos os


membros da equipe na UTI. A responsabilidade da equipe se estende para além das
intervenções tecnológicas e farmacológicas focalizadas no paciente. Inclui a avaliação das
necessidades dos familiares, grau de satisfação destes sobre os cuidados realizados e a
preservação da integridade do paciente como ser humano. Com a internação do ente querido
em uma Unidade de Terapia Intensiva, os familiares ficam desesperançados, deprimidos, o
que colabora para a desestruturação sob o ponto de vista emocional. Cada indivíduo deve ser
considerado único, tendo necessidades, valores e crenças específicas. Manter e preservar a sua
dignidade significa respeitar os princípios da moral e do código de ética médica.

No processo da Humanização a equipe, confrontada com o sofrimento diário, passa a


manifestar mecanismos de defesa para diminuição de sua sensibilidade, favorecendo o
aparecimento da calosidade profissional. Para que haja a humanização total em uma UTI, três
19

diferentes aspectos devem ser considerados: o modo de ser cuidado o paciente e seus
familiares; a atenção ao profissional da equipe e o ambiente físico (AMIB, 2004).

Sendo a humanização um instrumento indispensável à consecução do ambiente que


favoreça um melhor acolhimento do indivíduo no seu contexto global, vemos indispensável à
realização de uma comunicação mais ampla e atenta aos pacientes em suas particularidades.

Entende-se, portanto, comunicação: Processo de transmitir a informação e compreensão


de uma pessoa para outra. Se não houver esta compreensão, não ocorre a comunicação. Se
uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for compreendido pela outra pessoa, a
comunicação não se efetivou.

Segundo Chiavenato (2000, p. 142),a comunicação é a troca de informações entre


indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação.

Ao conceito de Scanlan (1979, p. 372), a comunicação pode ser definida simplesmente


como o processo de se passar informações e entendimentos de uma pessoa para outra. Nasce
então a necessidade de criar empatia para com o paciente, pois assim poderemos melhor
entende-lo e presta-lhe uma melhor assistência. A empatia então decorre dos sentimentos que
os seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam.

A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta
necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência
em lidar com a situação.

2.3 - HUMANIZAÇÃO NO CUIDADO

Humanizar é um processo vivencial que permeia toda a atividade local e das pessoas que
ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana, dentro das
características peculiares em que cada um se encontra no momento de sua internação.
20

Os objetivos do cuidar vão desde o alívio da dor, proporcionar conforto, ajudar,


favorecer, promover, restabelecer, restaurar, enfim um conjunto de atitudes que possam
amenizar os reflexos negativos de uma internação em UTI. Portanto, é importante que o
profissional faça uma doação, uma manifestação de sentimentos que busquem uma relação
positiva com o doente crítico, e este possa sentir-se amparado, bem como seus familiares.

O cuidado de enfermagem, por si só, quando atende as necessidades humanas, já pode


ser dito um cuidado humanizado. Mas, porque então se falar em humanização do cuidado?

Primeiramente, para que haja um melhor entendimento sobre a humanização do cuidado


deve-se compreender que não apenas a satisfação das necessidades, mas também os aspectos
culturais, religiosos, políticos, históricos, ambientais e pessoais.

Segundo, ter uma conduta holística nos cuidados intensivos, neste sentido incluir a
família do individuo enquanto ser social. A família, às vezes, demonstra mais necessidades de
cuidados que o próprio doente, demonstrando muitas vezes maior gravidade do que o paciente
que se encontra na UTI, pois suas angústias, insegurança, medo por não saber o que irá
acontecer com o seu familiar. A família também é alvo de cuidados tanto quanto o paciente,
visto que ela adoece juntamente e com esse adoecer causa um desequilíbrio bio-psico-social-
espiritual, normalmente pelo medo e angústias e riscos de perda do membro familiar. Neste
sentido, é fundamental que a humanização do cuidado englobe a família, denotando um
comportamento de interesse e respeito pela família e do doente crítico na UTI.

Mas qual o tempo necessário para o cuidado? É verdade que o doente crítico na UTI
requer um tempo prolongado para o cuidado dispensado a ele, é banhos no leito, higiene oral,
aspirações de secreções, mudanças de decúbito, entre outros, mas será que paramos para
refletir se realmente é este cuidado que o paciente deseja receber? Será que humanizar o
cuidado é realizar atividades que partem das necessidades prioritárias de saúde, higiene,
eliminações, como as propostas por MASLOW?.

Para LEAL et al 2006 o atendimento ou satisfação das necessidades básicas é visto


como uma forma de cuidado repleto de momentos, principalmente no momento em que há o
21

conhecimento da equipe de enfermagem em relação ao paciente. O cuidado por mais simples


que pareça denota idéia de possibilidade de humanização.

2.4- CUIDADO NO CONTEXTO HUMANIZADO

Num ambiente em que não exista sociabilidade, organização e humanização não está
adequado ao cuidado humano, portanto, no processo de humanização torna-se imprescindível
que haja relações humanas e sociais entre as equipes.

O cuidado humanizado é dever de todo grupo e não individualizado ou exclusivo de


uma categoria profissional.

O cuidado está presente em todas as situações, nos eventos e principalmente na natureza


humana.

O individuo quando procura o hospital é factível compreender que algo não está bem,
seja de ordem física, psíquica, moral ou espiritual. Neste momento cabe a responsabilidade
dos profissionais que ali atuam no cuidado intervir de maneira integral e não numa parte do
corpo, reconhecendo as particularidades de cada paciente, bem como as de sua família, dos
amigos, do trabalho, lazer, alimentação, por exemplo, promovendo um ambiente de cuidado
humano o mais aconchegante possível.

A importância do papel da família neste contexto é fundamental, visto que as culturas,


crenças, valores do sistema familiar podem influenciar nas questões do processo de saúde-
doença. Neste momento, surge então o profissional de saúde, como identificador e
compreendedor cultura do outro como forma de interagir e assim desenvolver ações que
estimulem a participação da família na recuperação e no processo de cuidar do seu
familiar( Mendonça e Oliveira, 2008).

Para BAKES et al 2006 o mundo do doente é caracterizado pela ruptura do mundo


habitual, estabelecendo a idéia de que há uma perda ou cessação dos seus projetos e
expectativas de vida.
22

2.5- COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO HUMANIZADO EM UTI:

A comunicação é um processo que envolve a troca de informações e utiliza os sistemas


simbólicos como suporte para este fim. Está envolvida neste processo uma infinidade de
maneiras de se comunicar: duas pessoas tendo uma conversa face-a-face, ou através de gestos
com as mãos, mensagens enviadas utilizando a rede global de telecomunicações, a fala, à
escrita que permitem interagir com as outras pessoas e efetuar algum tipo de troca
informacional.

No processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico que
intermédia os locutores, diz-se que há uma comunicação mediada.

Considerando que a enfermagem é a arte e a ciência do cuidar, cuidar de pessoas! E para


que isso seja viável é necessário um processo de interação entre quem cuida e quem é
cuidado, é necessária troca de informações e de sentimentos entre essas pessoas.

Sendo assim, sabemos que a comunicação destaca-se como o principal instrumento para
que a interação e a troca aconteçam e, conseqüentemente, o processo de cuidar, no seu sentido
mais amplo, tenha espaço para acontecer.

Mas o que é comunicação? Etimologicamente, a palavra comunicar origina-se do latim


communicare que significa "pôr em comum". A comunicação interpessoal pode ser definida
como um conjunto de movimentos integrados, que calibra, regula, mantém e, por isso, torna
possível a relação entre os homens. Essa comunicação pode ser dividida em verbal (associada
às palavras expressas por meio da fala ou da escrita) e em não-verbal (desenvolvida através de
gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal, entre outros).

Destacamos que as pesquisas acerca da interação com paciente na UTI abordam,


majoritariamente, a comunicação com pacientes que estão conscientes. Nesse sentido,
encontram-se, por exemplo, estudos sobre formas de transmissão de mensagens através da
comunicação não-verbal, uma vez que nesse ambiente há prevalência de pacientes com sua
capacidade de expressão verbal afetada (ex.: entubação orotraqueal, traqueostomia).
23

No entanto, este trabalho pretende abordar a comunicação com pacientes-enfermeiros,


conscientes, na tentativa de melhor entender a sua experiência com paciente crítico.
Ressaltamos que consciência pode ser definida como "atributo pelo qual o homem pode
conhecer e julgar sua própria realidade" , é o "conhecimento imediato da sua própria atividade
psíquica".

Dentro de um contexto reflexivo, a compreensão mais profunda sobre a consciência


humana e o papel da mente no processo de re-equilíbrio vital pode minimizar a ansiedade dos
profissionais e estender as intervenções para além do cuidado físico e do controle técnico dos
monitores, almejando atingir as demais dimensões humanas, potencializando-as. Como vem
sendo preconizado nos últimos anos, devemos compreender/cuidar do ser humano
holisticamente, buscando atender todas as suas necessidades as quais formam uma unidade,
um ser biológico, social, psicológico e espiritual.

Relacionando a reflexão anterior com a comunicação não-verbal, no caso, o toque, estudos


com pacientes internados em unidades de terapia intensiva mostram que o toque de familiares,
enfermeiros e médicos pode alterar o ritmo cardíaco do paciente, o qual chega a diminuir,
quando os enfermeiros seguram suas mãos.

Uma reflexão histórica sobre como o corpo e o toque são percebidos ressalta a
possibilidade do mundo da tecnologia avançada substituir esse instrumento próprio do ser
humano. "O afago, o aperto de mão, oferecendo apoio e suporte, ou mesmo o olhar carinhoso
e amigo parece não ser mais necessário. A máquina passa a realizar o cuidado e a cuidadora a
ocupar-se, absorvendo-se e concentrando-se no manuseio da mesma, por vezes esquecendo o
ser humano a ela conectado".

Na comunicação há o envolvimento do comportamento recíproco entre as pessoas que


estão se relacionando, o que significa que não existe um fluxo de comportamento numa só
direção. Destaca-se a afirmação que não há como não nos comunicarmos, com ou sem
intenção, sempre há a transmissão de mensagens uma vez estabelecida a interação.
24

A comunicação é parte do tratamento do paciente e ficar conversando com ele, muitas


vezes, é o próprio remédio. (Rebecca Bebb)

Silva (2008: p.13 e 14), ao tratar do tema comunicação, explica que

A tarefa do profissional de saúde é decodificar, decifrar e perceber o significado


da mensagem que o paciente envia, para só então estabelecer um plano de
cuidado adequado e coerente com as suas necessidades. Para tanto, é preciso
estar atento aos sinais de comunicação verbal e não verbal emitidos por ele e por
você durante a interação.

Somente pela comunicação efetiva é que o profissional poderá ajudar o paciente


a conceituar seus problemas, enfrentá-los, visualizar sua participação na
experiência e alternativas de solução dos mesmos, além de auxiliá-los a encontrar
novos padrões de comportamento.

2.6- PERCEPÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) conceitua saúde como sendo “o completo


bem-estar físico, psíquico e social, ocorrendo conjuntamente e não apenas na ausência de
doença e enfermidade”.

Observa-se que muitas vezes existe uma super valorização dos aspectos orgânicos do
paciente, deixando-se de lado aspectos psicológicos e sociais dos mesmos, os quais podem
interatuar no processo saúde-doença.

Orgânica ou psíquica, seja qual a definição da doença, tem como reflexo a


desarmonização da pessoa.

O medo frente à doença, a hospitalização, a morte, poderão desencadear no paciente


fantasia racional e irracional que poderão determinar o comportamento do paciente podendo,
interferir em seu quadro clínico.

A hospitalização é um momento crítico na vida dos pacientes e de seus familiares.


25

Segundo Chiattone (1998, p.180)

[...] o hospital é a instituição marcada pela luta constante entre a vida e a


morte. Nele se encarceram as esperanças de melhora, de cura, de
minimização ou suspensão do sofrimento. No entanto, também o hospital
é a instituição marcada pela morte, sempre alerta, sempre presente,
curiosamente exercendo uma batalha constante diante das condutas
terapêuticas, tensioando o profissional de saúde que está sempre
preparado e treinado para a melhora, para a cura, mas sempre muito
angustiado frente a perspectiva de morte, da derrota pois a instituição
hospitalar existe para a cura, não admitindo nada que transcenda esse
princípio.

Quando se fala em hospitalização em U.T.I. deve-se levar em conta o estigma de


terminalidade, que intensifica as reações emocionais do processo de adoecer.

Solomon (1975, p.261), afirma que:

U.T.I. é uma espécie de hospital dentro do hospital. Reúne em um local pacientes


que apresentam lesões agudas e críticas por causa da doença (por ex., doença
obstrutiva crônica do pulmão), cirurgias extensas (por ex., transplante de órgãos)
ou traumatismos. Estes pacientes requerem atenção constante e monitoragem por
instrumentos complicados os quais também requerem cuidado contínuo.

Quando os pacientes são levados a essa unidade, em geral são demasiadamente enfermos
para serem afetados psicologicamente pelo significado do lugar. Mais tarde eles se sentem
molestado pelas atenções freqüentes que eles e os outros recebem (intubação, mudança de
posição, terapia endovenosa), pelo ruído das máquinas e pela ausência de um lugar privado.

May (1974) aponta características essenciais que constituem uma pessoa. Tais
características ajudarão a entender o processo de angústia com que o ser humano se depara.
May descreve que toda pessoa é centrada em si mesma; tem o caráter de auto-afirmação, a
necessidade de preservar sua centralidade. A esta auto-afirmação é dado o nome de
26

“coragem”; todas as pessoas existentes têm a necessidade e a possibilidade de sair de sua


centralidade para participar de outros seres. O lado subjetivo da centralidade é a percepção..

O autor descreve que consciência é:

[...] a minha capacidade de conhecer-me como uma pessoa que está sendo
ameaçada, a minha experiência própria como a pessoa que possui um mundo. A
consciência, para usar os termos de Kurt Goldstein, é a capacidade do homem de
transcender a situação concreta e imediata, de viver em termos do possível. Ela
forma a base da larga faixa de possibilidades que o homem tem com relação ao
seu mundo, e constitui o embasamento da liberdade psicológica (MAY, 1974,
p.89).

A percepção é o conhecimento que algo exterior ameaça seu mundo, e a autoconsciência:

[...] é a visão do paciente de que é ele que está sendo ameaçado, que é ele o ser
que está neste mundo que ameaça, que é ele o sujeito que possui o mundo. E isto
lhe proporciona a possibilidade de insight, de 'visão internalizada' de ver o
mundo e seus problemas com relação a si próprio. E assim dá-lhe a possibilidade
de fazer algo sobre seus problemas (MAY, 1974, p.92).

Resumidamente, o ser humano, num primeiro momento, pode perceber algo “estranho”,
um incômodo, e toma, ou não, consciência disto. Conforme a informação que ele recebe,
poderá haver o desencadeamento da ansiedade e da angústia. Todo este processo ocorre as
lidar com um problema subjetivo, isto é, perceber algo pessoal que o incomoda, como ao lidar
com algo externo, como por exemplo, a descoberta de um sério problema de saúde em si ou
num membro de sua família.

No caso é possível pensar no âmbito da UTI onde uma doença pode vir a desestruturar
uma pessoa tanto física quanto psicologicamente; em especial o profissional enfermeiro como
paciente da UTI, objeto desse estudo.
27

3- METODOLOGIA:

3.1- TIPO DE PESQUISA:

Trata-se de um estudo exploratório com uma abordagem qualitativa, em virtude do


anseio em conhecer os sentimentos do profissional enfermeiro submetido à internação
hospitalar em UTI, quanto aos aspectos relacionados aos cuidados de enfermagem prestados
de forma humanizada e a comunicação, enquanto principio cientifico no cuidar humano.

3.2- LOCAL:

O estudo será realizado com profissionais enfermeiros que estiveram hospitalizados em


UTI, fora do seu ambiente de trabalho que será definido a partir de sua disponibilidade local
e para deslocamentos, dentro da Região Metropolitana de Belém- RMB.

3.3- SUJEITOS DO ESTUDO:

Os sujeitos do estudo serão constituídos por 10 profissionais enfermeiros que foram


submetidos à internação hospitalar em UTI.

A amostragem utilizada será em forma de rede ( bola de neve), cujos critérios de inclusão são:

• Ter sido submetido à internação hospitalar em UTI;

• Residir na Região Metropolitana de Belém;

• Desejar participar da pesquisa;

Os critérios de exclusão são:

• Ter ficado sedado ou inconsciente durante sua permanência na UTI;

• Recusar-se assinar o termo de consentimento.

• Não desejar participar da pesquisa.


28

3.4 - COLETA DE DADOS:

Os dados foram coletados através de entrevista estruturada, no período de Janeiro à Março


de 2009.

3.5 - RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS:

Os dados serão analisados em etapas: a primeira delas, reunião de material bibliográfico


com pesquisa sites com artigos cientificos, Scielo, BVS, e literaturas referentes aos assuntos
sobre UTI, humanização, sentimentos e percepções e a comunicação como recurso primordial
no processo de cuidar. A segunda etapa será realizada através de categorias temáticas
definidas a partir dos depoimentos, relatos, expressão de sentimento, dos pesquisados.
E finalmente, serão colocados em forma de textos de acordo com o referencial teórico.
De acordo com os resultados obtidos, podemos avaliar as seguintes categorias temáticas:

CATEGORIA TEMATICA 1:
Sentimento em relação a UTI, enquanto profissional e enquanto doente

[...] é um sentimento diferente de pessoa leiga,...sentimento de vergonha [...] porque eu sabia


que iria ficar despida, a nudez foi meu primeiro impacto, um outro sentimento muito forte é o
de morte [...] porque eu sei que UTI é para paciente critico e que passa por um período critico
[...], perda da privacidade [...], agora como doente eu tive um sentimento de impotência[...] e
olhe que eu nem consegui fazer muita diferença [...] RUBI

[...] é uma sensação de medo [...] ,de dependência, de você conhecer e não poder fazer nada,
mesmo sabendo como fazer [...]- SAFIRA.

[...] primeiro foi de abandono, me senti abandonada, [...], daí eu não sabia que ia ficar
entubada, que eu ia pra UTI eu sabia, [...], então eu arrumei um jeito de chamar atenção, por
medo, eu comecei a babar, fazendo bolinha, minha boca enchia e eu fazia bolinha, daí eles
vinham me aspirar, [...], daí eu sentia sempre alguém perto de mim. ESMERALDA
29

[...] eu senti um desespero, [...] eu fiquei um tempo sedada [...], ficando como paciente na
UTI, mas ai a própria equipe de enfermagem foi me acalmando, então fui me sentindo segura
pela equipe [...] PÈROLA.

[...] eu me senti um pouco ociosa, porque eu sabia que tinha outros pacientes necessitando de
atenção, [...] PÈROLA

Baseado nos depoimentos percebeu-se que enquanto profissionais atuantes dentro da


UTI, não existe uma preocupação freqüente relacionada ao que realmente o paciente esta
sentindo. Não valorizamos em algumas vezes o que ele realmente deseja dentro da UTI, as
suas dores, suas angustias, às vezes demonstram-se agitados, mas não nos importamos com
isso, e certamente cada um adota os seus mecanismos de autoconfiança, para buscar superar
estes momentos angustiantes e traumáticos dentro da Unidade de Terapia Intensiva.

Tendo em vista nossa atuação diária na UTI, percebemos que em 100% dos pesquisados
apresentam um sentimento negativo em relação a UTI, sendo os principais sentimentos
enquanto profissionais é o medo da MORTE, desespero, vergonha, abandono principalmente
pela família, conhecimento do iria acontecer. Enquanto que, para paciente os sentimentos
diferiram, 25% não conseguiu fazer diferença por lembrar que estava na UTI,mas era
enfermeira, outros 25%se sentiu bem cuidada e amparada pela equipe de enfermagem, outros
25% se sentiu ociosa, sabendo que estava bem e que existiam outro pacientes necessitando de
cuidados e 25% sentiu medo e dependência, afetando em sua necessidades básicas.

A UTI embora seja para pacientes recuperáveis, passa a ser avaliada como fase critica e
com possibilidades mínimas de cura, fazendo que o individuo passe a analisar como se
estivesse para morrer.

Neste momento é indispensável que os profissionais que atuam na UTI, busquem meios
de amenizar esse contexto avaliado com ambiente de sofrimento, desmitificando os temores
experenciados pelos indivíduos.
30

CATEGORIA TEMATICA 2:

Motivo da internação hospitalar em UTI:

[...] foi pós- operatório imediato, [...] eu tinha feito a redução do estomago, daí eu tive um
pico hipertensivo, então o medico achou melhor eu ir pro CTI. PÈROLA

[...] foi uma cirurgia de grande porte, [...]. ESMERALDA

[...] por causa de uma cirurgia bariátrica e [...] era uma cirurgia grande, que tem como
protocolo ficar na UTI por 12 ou 24horas. RUBI

[...] foi recuperação pós- anestésica e[...] foi uma complicação de anestesia que se prolongou e
eu acabei tendo que ficar na UTI. SAFIRA.

As cirurgias de grande porte sempre apresentam fortes indicações para controle em pós
operatório em UTI, como podemos perceber, em 100% dos pesquisados a indicação de UTI
foi por recuperação em pós- operatório imediato, aquele que compreende as primeiras 24horas
após a cirurgia.

Os cuidados de enfermagem prestados ao paciente visam minimizar os possíveis riscos


advindos da cirurgia, ainda oferecem apoio emocional, segurança em todo o contexto
perioperatorio ( SOUZA et al, 2008).

O cuidado em pós-operatório em UTI garante ao paciente a manutenção das funções


vitais e maior equilíbrio hidro-eletrolitico, visto que a equipe multiprofissional atua
diretamente para manutenção dessas funções, e permite a visualização da estabilidade
hemodinâmica, através da monitorização em multiparâmetros, enfim os aparatos tecnológicos
necessários de avaliação imediata de cuidados específicos dentro da UTI. Ainda , estão sob
constantes avaliações imediatas e necessárias, como a realização de exames laboratoriais, RX,
entre outras rotinas preconizadas pelas UTI’S. Mas, que indiquem pré-requisitos mínimos
para necessidades de internação em UTI, como por exemplo o manejo da dor, da
permeabilidade de ventilação,e a estabilidade hemodinâmica.
31

CATEGORIA TEMATICA 3:

Diferença no cuidado:

[...] eu percebi que tinha uma diferença porque eles sabiam que eu era enfermeira,... porque a
colega falou pra olharem pra mim,eles chegavam enfermeira ta tudo bem.. então, eu percebi
que tive um atendimento diferente dos outros pacientes... isso porque eu também conhecia os
médicos[...].RUBI.

[...] olha não, mas quando os técnicos iam realizar algum procedimento tinham a
preocupação, eles me falavam. Ah! Você é enfermeira né. Então, acho que isso me dava maior
segurança, sei lá [...] SAFIRA.

[...] em momento nenhum, a mesma atenção que foi dada pra mim que estava consciente foi
dada ao paciente que estava entubado, eles sabiam que eu era enfermeira, que era filha de
médico, que eu era esposa de médico, eu não sei [...] isso iria interferir em alguma coisa, inclusive
eu conhecia algumas pessoas que estavam de plantão. PÈROLA

[...] olha em um determinado momento sim e em outro não, pelos técnicos não, pela
enfermeira sim, porque ela era minha amiga de trabalho, ela trabalha comigo, então ela ficou
muito tempo comigo, até porque minha ida pra UTI tava programada, só não estava
programada eu chegar entubada [...], ela me deu atenção especial, dos técnicos foi normal, e
da equipe no geral não [...] ESMERALDA

De acordo com Vargas & Braga ( 2008) Unidade de Terapia Intensiva –UTI, surge para
necessidade de aperfeiçoar recursos humanos e materiais para o atendimento aos pacientes
graves, em estado critico, vistos como recuperáveis, e principalmente pela necessidade de
observação constantes, que necessitam de cuidados médicos e de enfermagem, em um meio
de tecnologias, permitindo que a enfermagem suplante os desafios em integrar conhecimento
ao cuidado.

Neste sentido, necessita envolver aspectos humanos, e tecnologias, embora seja


desafiador, o cuidado dispensado pela enfermagem na UTI é diferenciado dos demais
32

profissionais, pois atuam diretamente e por 24 horas, assistindo em todos os momentos o


paciente.

O enfermeiro em UTI assume o papel fundamental de prestar assistência de qualidade e


ainda manter elo entre os demais profissionais, utilizando como recursos, a comunicação, o
espírito de liderança, dotado certamente de conhecimento cientifico indispensáveis para
execução de praticas seguras e humanizadas, visto que assume a responsabilidade de cuidar
do paciente independente do diagnostico ou do contexto (Cintra et al, 2005).

Percebemos pelos depoimentos, que os enfermeiros na UTI assumem o papel de


coordenar a dinâmica da equipe de enfermagem. Em 50% dos depoimentos existe uma
relação de amizade extra profissional entre enfermeiro- enfermeiro paciente, sendo
indispensável que as influencias no cuidado e diferenciações na prestação dos mesmos sejam
percebidas, já nos outro 50% a equipe técnica não estabeleceu diferenças no cuidado. Neste
sentido, a atenção dispensada a todos os pacientes deve ser de maneira igualitária,
independente da patologia ou causa que o levou até a UTI, provando uma atitude ética entre
os demais pacientes hospitalizados na UTI.

CATEGORIA TEMATICA 4:
Experiência em ser paciente em UTI:

[...] é uma experiência negativa, muito ruim [...], uma sensação de incapacidade, estranho,
você saber como fazer o procedimento e não poder fazer. SAFIRA.

[...] passei a ser mais criteriosa, [...] porque você tem que ver o paciente como um todo, isso
fez com que eu prestasse mais atenção nos pacientes,[...] é horrível você acordar , o meu
calcâneo direto no colchão é uma dor inexplicável[...] ESMERALDA

[...] tipo assim, não pelo lado do tratamento, nem pelo lado da assistência, mas... pelo lado
emocional, porque na enfermaria você tem a visita do acompanhante, você tem a visita das
outras pessoas e na UTI você tem uma equipe trabalhando[...] é uma ociosidade, eu não
gostaria de passar por isso de novo. PÉROLA
33

[...] olha não é uma experiência muito boa, porque a gente tem cuidados restritos de outras
pessoas, não é como na enfermaria comum [...] que você tem cuidados parciais [...] isso
independe de você ser profissional ou não, tu ta la como paciente[...]. RUBI.

[...] naquele momento você não é, você está [...] RUBI

Percebemos pelos depoimentos que a grande dificuldade da permanência em UTI


acontece justamente provocada pelo isolamento social, dependência de alguém para cuidar
que não seja membro da família, perda da privacidade, da individualidade, a auto-estima fica
prejudicada.

O paciente necessita ter informações que amenizem seu estado de ansiedade, seja pela
equipe médica ou de enfermagem, todos devem agir de maneira humanizada.

A família necessita de informações e estabelecer uma comunicação efetiva entre os


profissionais e os familiares, é função fundamental da enfermagem, isso gera uma maior
confiança entre familiar e os demais membros da equipe multiprofissional, visto que a UTI
gera um estigma que prevalece no imaginário por longo período, principalmente a idéia de
apropriação do seu ente.

CATEGORIA TEMATICA 5:

Avaliação da prática após ser paciente em UTI

[...] a minha visão enquanto profissional e enquanto pratica não mudou, eu tinha um senso
critico muito grande, eu não vi nada de errado, mas por a gente ter o senso critico, seu tivesse
visto eu teria falado, eu continuo assim, não mudou nada[...] RUBI

[...] olhar sempre o cuidado do outro, a gente se vendo naquela condição, dependente do
outro, então é o cuidado do outro que deve prevalecer, dar uma atenção melhor, atender o
chamado, em ouvir o que ele quer [...] SAFIRA
34

[...] houve um caso que eu lembrei que o paciente chamava, chamava e a equipe demorava pra
atende [...] eu não sei se fosse comigo de como enfermeira eu teria deixado isso acontecer,
mas eu procuro logo dar atenção, eu procuro atender logo, eu tento me colocar no lugar
daquela pessoa [...] PÉROLA

[...] eu... fui comovida [...] eu comecei avaliar melhor meu paciente, principalmente a questão
da entubação, no decúbito, das áreas de ulcera de pressão, as outras coisas eu não modifiquei
porque eu já fazia o que eu achava correto [...] eu do importância pra dobrinha do lençol,
aquela prega que fica no calcâneo, se o ossinho num ta sendo pressionado[...] ESMERALDA

Os enfermeiros dentro da UTI devem ter o discernimento, iniciativa, habilidade e


estabilidade emocional para atuar em diversas situações inusitadas, devem trabalhar a idéia de
diminuir os riscos gerados pela internação do paciente na UTI, como por exemplo, a
prevenção de ulceras por pressão, relacionado ao posicionamento incorreto e prolongado na
mesma posição

Devem estabelecer rotinas que visem reduzir danos ao paciente, na tentativa de


preservar o bem-estar e conforto do paciente, neste sentido as praticas de humanização devem
ser implementadas, pois assim podemos assegurar estima e integridade, visto que, o
enfermeiro ocupa um papel importante nos momentos de fragilidade, dependência física e
emocional do paciente. (Vargas & Braga, 2008).

Pelos depoimentos percebemos que houve reflexões pelo enfermeiro-paciente


relacionadas a sua pratica profissional, o valor pelo outro, e a preservação de praticas ética e
humanizadas, que o fizeram avaliar que a capacidade de execução de trabalho digno
dispensado pela enfermagem na UTI.

CATEGORIA TEMATICA 6:

Reflexões sobre UTI, após alta

[...] eu fico imaginado, a gente já conhecendo já sentiu tudo isso: a perda da privacidade, o
medo da morte..., imagina uma pessoa leiga [...] ai é que entra o profissional com uma atenção
35

assim imensa com esse paciente [...],porque a gente fica ali muito só, longe da família, só tem
aquele horário [...] eu ficava preocupada se eu ia morrer e meus filhos iam ficar com quem¿ a
gente pensa no marido, no irmão,mas... os teus filhos é primordial[...], eu ficava pensando ai
meu Deus tomara que de tudo certo[...] ai tu acorda ai obrigada eu to viva, agora vou cuidar
dos meus filhos[...], o que chama atenção é o barulho, até fala alta dos profissionais e olha que
eu fiquei num lugar reservado,então, umas das coisas que mudou na minha vida foi isso, eu
procuro entrar na UTI-neo do outro hospital bem devagar, não falo alto[...] porque ficou
condicionado que os pacientes que estão lá não querem ouvir barulho[...] RUBI

[...] nossa é uma sensação muito ruim, um lugar que te deixa incapaz, mas eu sei que fui bem
cuidada pela equipe, que tem quem goste de estar ali, se preocupando com o outro [...]
SAFIRA

[...] eu acho que a gente enquanto profissional deveria dar mais atenção ao paciente...
porque... eu não fui bem atendida pelo médico plantonista da noite,... o medico da manha não
sabia que eu era profissional da área da saúde [...] eu acho que você tem que cuidar igual, não
que ser diferente.[...], ESMERALDA.

Embora as UTI's tenham sido idealizadas a partir da necessidade de cuidar de pacientes


críticos, com possibilidades de recuperação, uns pacientes estão conscientes e orientados,
sabendo detalhes o que se passa, por tanto a equipe deve ter cuidado ao manusear o paciente,
evitando traçar comentários de suas particularidades, da sua intimidade, devemos ser éticos,
durante a prestação de cuidados.

Sabemos que a audição é um sentido mais aguçado, frente ao paciente em UTI, todo
comentário pode interferir no cuidado, bem como em sua recuperação.

A UTI, não é vista como ambiente acolhedor, tanto pacientes e familiares, criam
estigmas, que podem ser duradouros e traumáticos, influenciando em seu comportamento e
atitudes.
36

Portanto, nas reflexões promovidas pelos depoimentos percebemos que embora o


profissional conheça todos os passos e momentos do que é trabalhar numa UTI e estar ali na
condição de pacientes divergem em alguns momentos, podemos concluir que é uma condição
temporária, porém angustiante, as praticas de cuidado devem ser avaliadas diariamente, visto
que o cuidado é diferente não pelas ações, mas pelas necessidades individuais que diferem a
cada momento. Que devemos ter uma preocupação e uma atenção especial com cada
indivíduo que esteja sobre nossos cuidados na UTI.

3.6- ASPECTOS ÉTICOS e LEGAIS:

Reitero aos participantes dessa pesquisa, que será utilizada linguagem clara, o objeto de
estudo, os objetivos e o modo de inserção deles na pesquisa. Embora trate- se de uma
pesquisa que não envolve riscos à integridade física dos informantes, asseguro o anonimato e
o direito do informante de deixar de compor o grupo a qualquer momento, respeitando neste
sentido a resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96, por tratar-se de uma pesquisa que
envolve seres humanos.

Para tanto utilizaremos nomes de pedras preciosas para preservar a integridade dos
participantes.
37

4 – CONCLUSÃO

Quanto ao significado e importância da Unidade de Terapia Intensiva prevalece ainda


atrelada ao seu contexto histórico. A idéia de separar os feridos pela guerra da Criméia de
acordo suas necessidades e gravidade instituído por Florence Nightingale prevalece até hoje,
certamente com grandes adaptações, principalmente as relacionadas ao ambiente, a
monitorização, a qualidade da assistência prestada ao doente critico.

No que se refere ao cuidado humanizado verificou-se a existência de fatores que


envolvem este diferencial, por exemplo, a disponibilidade de recursos humanos e matérias,
uma comunicação efetiva entre equipe multiprofissional, entre equipe e familiar e entre
equipe e paciente.

A família estigmatiza que a equipe se apropria do seu familiar, adoece junto dele.
Enquanto que o paciente reflete o contrario, imaginado que a família o abandonou. Este
isolamento social pode provocar danos irreversíveis aos indivíduos submetidos à internação
hospitalar em UTI. Portanto, é fundamental que esse duvida seja sanadas para que possamos
atingir nossos objetivos, que é devolver o individuo com menos seqüela possíveis ao seu meio
social.

Nesta pesquisa constataram-se os principais sentimentos e experiências dos paciente


enfermeiro, submetido à internação hospitalar em UTI envolvem o medo da morte, o
abandono pela família, a dependência de alguém, incapacidade, ociosidade, necessidades
humanas afetadas, vergonha, perda da privacidade.

Quanto às reflexões promovidas pelo profissional submetido à internação hospitalar em


UTI, podemos perceber que as praticas passaram a ser mais detalhada em relação ao doente
critico que outros profissionais não perceberam mudanças quanto ao contexto da UTI, outro,
passou a avaliar e dar mais atenção aos pacientes, principalmente diante do manejo da dor,
nos chamados dando atenção imediata, do cuidado humanizado, da preocupação com a
família, em minimizar ruídos desnecessários e na prevenção de ocorrências comentários que
possam agravar ainda mais o estado emocional do paciente.
38

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APÊNDICES
APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: O Sentimento dos Profissionaia Enfermeiros Submetidos à Internação


Hospitalar em UTI

Este projeto tem como objetivos conhecer os sentimentos do profissional enfermeiro


submetido à internação hospitalar em UTI e colaborar na construção e reflexão do profissional
enfermeiro quanto à sua assistência dispensada ao paciente crítico em UTI;

Como instrumento de coleta de dados será aplicado um roteiro de entrevista pertinente à


abordagem. Trata-se de um estudo exploratório com uma abordagem qualitativa. As respostas
serão confidenciais e exclusivamente para fins do objeto da pesquisa.

Tratando-se de uma pesquisa que não envolve riscos à integridade dos participantes,
porém fica livre o direito do pesquisado em deixar de compor tal pesquisa a qualquer
momento ou de participar da pesquisa, com direito a resposta, pertinentes aos objetivos
propostos. Em casos de dúvidas com as perguntas pertinentes ao objeto do estudo o
pesquisado poderá consultar as entrevistadoras.

Pesquisadoras Responsáveis:

Declaro estar ciente do exposto e desejo participar da pesquisa.


Nome do sujeito:_______________________

Assinatura:___________________________

Belém, _____de_______ de 2009 .

Eu, , declaro que forneci todas as informações referentes ao projeto


ao participante .

Data:___/____/____.

Pesquisadoras Responsáveis:
 Clara Manami Ota Fernandes. Fone: (91) 32431923. E-mail claraota@globo.com

 Edileuza Nunes Lima. Fone: (91) 32571981/81171733/88577537. E-mail


edileuzahujbb@hotmail.com

APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO

1- Qual o seu sentimento em relação a UTI, enquanto profissional?

2- Qual o motivo que levou você ser hospitalizado em UTI?

3- Qual o seu sentimento em relação a UTI, enquanto doente?

4- Percebeu diferenças entre o seu cuidado e o de outros pacientes?

5- Qual a sensação de estar nesse ambiente sem sua família?

6- Como você descreve suas práticas após o cuidado empregado pela enfermagem a você
durante sua hospitalização?

7- Quais suas reflexões sobre a UTI, após sua alta?

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