Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Belo Horizonte
2010
2
Belo Horizonte
2010
3
SUMÁRIO
O século XXI tem sido marcado em todos os ambientes – tecnológico, social, cultural e
econômico por mudanças, em decorrência da globalização, tendência que impõe às
organizações a necessidade cada vez maior de desenvolver produtos e/ou serviços de alta
qualidade, num contexto de mudanças aceleradas, e que exige grande capacidade de
adaptação (BASTOS, 2006).
Nesse sentido, as pessoas, ou o capital intelectual passam a ser o maior patrimônio de uma
empresa e dessa forma é preciso que ações eficazes sejam realizadas com o objetivo de
motivar as pessoas participantes da organização, unindo-as em torno de um objetivo comum
que é o desenvolvimento e o aprendizado contínuo.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento das teorias das relações humanas, descobriu-se
que o elemento principal de uma organização é o individuo e dessa forma, as teorias mais
atuais procuram demonstrar a relação que este individuo tem com o ambiente de trabalho e
quais as melhores formas de motivá-lo e comprometê-lo em torno dos objetivos e metas da
organização.
O estudo dessas teorias, segundo os autores, tem o propósito de aplicar este conhecimento em
prol do aprimoramento da eficácia das organizações. O comportamento organizacional está
interessado no estudo do que as pessoas fazem e como este comportamento afeta o
desempenho da organização.
Outra importante definição para o que vem a ser o “comportamento organizacional” é dada
por Robbins (2002, p. 06). Segundo o autor:
Além disso, encontram-se estudos voltados para a motivação e estudos que demonstram a
influência do estilo de liderança no comportamento, na cultura e no comprometimento dos
funcionários para com os objetivos de uma organização.
Desse modo, esse estudo vai apresentar considerações sobre a motivação, identificando seus
conceitos e a importância de se estudar suas teorias para melhorar a comunicação e o
comprometimento dos funcionários.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para Gil (2001, p. 21) “a motivação pode ser considerada como uma espécie de força que
funciona como estimulante dos seres humanos”.
O autor destaca que como cada indivíduo possui necessidades diferentes e que se originam de
forma diferente, as motivações também são individuais, geradas através das necessidades
próprias de cada um.
Para Maximiano (2006, p. 89) a palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que
significa mover. Em seu sentido original, indica o processo pelo qual o comportamento
humano é incentivado, estimulado ou energizado por algum tipo de motivo ou razão.
Para Vergara (2006, p. 36), “motivação é uma força, uma energia que nos impulsiona na
direção de alguma coisa, é intrínseca, isto é está dentro de cada um de nós, e nasce através das
nossas necessidades interiores”.
Em uma abordagem individual Centurião (2001) enumera a existência de três fatores pessoais
de motivação. O indivíduo deve gostar do que faz, deve comprometer-se com o que faz
6
Considera-se então após o exposto que a motivação é individual, e se origina a partir das
necessidades e desejos de cada pessoa. Essas necessidades e desejos por sua vez vão se
originar de acordo com o ambiente que cada pessoa vive.
Em um conceito mais recente sobre motivação, temos que segundo Godri Júnior (2006):
Motivação significa motivar para a ação, ou seja, dar motivos suficientemente fortes
que façam pessoas e organizações atingirem seus objetivos. Assim a motivação de um
maratonista que se prepara com treinos, preparação física e alimentação adequada
pode ser muitas vezes querer subir ao podium. Estes motivos para a ação podem ser
estímulos internos e externos. Acredito que, geralmente, os motivos internos têm mais
força que os motivos externos porque estes são mais vulneráveis a desaparecerem ou
deixarem de exercer influência sobre o indivíduo.
Deste modo, o estudo da motivação é relevante para acompanhar mudanças internas de cada
individuo, sendo que estas são impulsionadas pelos seus desejos e pelo ambiente social,
profissional e pessoal em que ele convive (BERGAMINI, 1997)
Montana (1999) destaca que as organizações estão cada vez mais valorizando a motivação de
seus funcionários, pois inúmeras pesquisas constatam que um individuo motivado possui
muito mais capacidade para realizar e até mesmo superar uma meta desejada.
Diante destas afirmativas observa-se que a motivação é o motivo para a ação e a partir daí o
ser humano busca satisfazer suas necessidades.
Muito se fala sobre planejamento estratégico, missão, valores, objetivos e cultura de uma
empresa. Entretanto, o estilo de gestão do líder ou “chefe”, ainda, na maioria dos casos, é o
que vai determinar e influenciar toda a estrutura da organização.
8
Desta maneira, o líder se torna a peça-chave para uma boa ou má gerência. Toda a equipe,
obviamente, além da estrutura da instituição, é fundamental para os resultados produzidos,
entretanto, o estilo de gestão do líder é determinante para o clima e funcionamento de
determinada empresa ou setor.
Diante disso, é essencial que o gestor esteja em constante desenvolvimento e busca de auto-
conhecimento, de modo a ter clareza sobre suas potencialidades e falhas, as quais irão afetar
diretamente sua equipe.
Jacobs e Jaques, apud ULRICH (2000, p. 21) afirmam que “Liderança é o processo de dar
propósito (direção significativa) ao esforço coletivo e provocar o desejo de despender este
esforço para se atingir o objetivo”.
Já Tannenbaum, Wescheler e Massarik, apud ULRICH (2000, p. 23), expõem que “Liderança
é influência pessoal, exercida em uma situação e dirigida através do processo de comunicação,
no sentido do atingimento de um objetivo específico”.
Por estas duas citações, percebe-se que o processo de liderança parte de uma pessoa para
outra ou para um grupo, de modo que quem a promove, deve ter consciência sobre seu poder
de influência e direcionamento.
Bergamini (1007) faz um interessante paralelo entre gerente e líder, conforme apresentado no
Quadro 1 abaixo:
GERENTE LÍDER
Administra Inova
Prioriza sistemas e estruturas Prioriza as pessoas
Tem uma visão de curto prazo Tem perspectiva de futuro
Pergunta como e quando Pergunta o quê e por quê
Exerce o controle Inspira confiança
Aceita e mantém o status quo Desafia o status quo
É o clássico bom soldado É a sua própria pessoa
Faz certo as coisas (é eficiente) Faz a coisa certa (é eficaz)
Quadro 1: Diferenças entre um Líder e um Gerente
Fonte: Bergamini (1997)
Existem vários esquemas de classificação dos estilos de gestão e de acordo com Robbins
(2002) os estilos de liderança adotados, assim como as características individuais de cada
individuo possuem relação direta com o poder que esse líder exerce sobre os participantes de
uma organização. Dentre eles, no presente trabalho apresenta-se um dos primeiros estudos
sobre comportamento de liderança, coordenado por Lewin apud Robbins (2002) que
identificou três estilos básicos: o autocrático, o laissez-faire e o democrático.
O estilo autocrático está ligado ao líder centralizador, que toma decisões unilaterais
e que determina as tarefas e os métodos de trabalho, não deixando muita
participação para os liderados. O líder de estilo laissez-faire procura deixar o grupo
completamente à vontade para deliberar sobre os trabalhos a serem realizados e a
forma de executá-los. Já no estilo democrático, o líder envolve seus subordinados
nos processos decisórios, incentiva a participação de todos, procura delegar
autoridade e usa o feedback como uma forma de treinamento de seus subordinados.
Vários estudos foram feitos com o objetivo de se comparar estes tipos de liderança.
Inicialmente, ao se ter como parâmetro a eficácia, não foram reveladas diferenças muito
significativas, principalmente entre os estilos democrático e autocrático. Entretanto, ao se
avaliar o nível de satisfação dos colaboradores, verificou-se que o estilo democrático é o mais
eficiente em relação aos fatores determinantes à manutenção de um clima favorável à
organização.
10
A questão é que a discussão não se encerra por aí, visto que a definição pelo melhor estilo de
gestão não é tarefa simples. Observa-se que, supostamente, o estilo democrático seria o mais
indicado. Entretanto, a gestão deve ser definida não somente pelo líder, mas também pela
equipe. Desta forma, o melhor estilo de liderança não é estático, dependendo,
fundamentalmente, do nível de maturidade dos colaboradores.
Wagner e Hollembeck (2000) destacam que cada gestor possui seu estilo próprio, mas um
líder bem desenvolvido sabe que precisa adequar certas formas de coordenação de acordo
com sua equipe. Em um grupo de subordinados menos amadurecidos, às vezes, o estilo
autocrático é importante e necessário. Por outro lado, em equipes de alto-desempenho, os
estilos democráticos e laissez-faire já se tornam mais indicados.
Existem inúmeras discussões sobre se a liderança é promovida por traços inatos do indivíduo
ou se pode ser construída e desenvolvida. Cada pessoa tem sua história de vida particular,
com seus desejos, motivações, inseguranças, medos, potencialidades e fraquezas. Ter auto-
conhecimento sobre estes fatores, como já citado, é imprescindível para se liderar de maneira
eficiente e saudável. Entretanto, é indiscutível que habilidades diversas podem ser aprendidas
e desenvolvidas e cabe ao gestor, sem obviamente excluir as contingências diversas, buscar
seu aprimoramento e desenvolvimento como líder.
A liderança estratégica busca a visão global dos fatos, objetivando, sempre, contextualizar e
unificar diversos setores de uma organização, de modo a promover a interlocução e a
comunicação clara entre os colaboradores. Baseando-se no modelo dos oito papéis
desenvolvido por Quinn et al. (2003), destaca-se algumas qualidades a serem desenvolvidas
pelo líder, para que o mesmo exerça suas funções com destreza. São elas:
Pode-se concluir, portanto, que há inúmeros estilos de gestão, sendo que a alta performance
de uma equipe se baseia no auto-conhecimento de seus gestores e na busca constante destes
pelo desenvolvimento de suas habilidades de liderança.
De acordo com Robbins (2002) um grupo é definido como dois ou mais indivíduos,
interagindo e interdependentes, que se juntaram para atingir objetivos particulares. Os grupos
podem ser tanto formais quanto informais. Por grupos formais, são aqueles definidos pela
12
Nas questões comportamentais de um grupo, qual (is) o(s) motivo(s) que levam um
determinado grupo ter mais sucesso do que outros? Apesar da pergunta acima ser bastante
complexa, inclui variáveis que implicam: a capacidade dos membros do grupo, o tamanho do
grupo, o nível de conflito e as pressões internas aos membros para se conformarem às normas
do grupo.
Grupos de trabalho não existem em isolamento. Eles são parte de uma organização
maior. (...) Todo grupo de trabalho é influenciado por condições externas impostas
fora dele. O próprio grupo de trabalho tem um conjunto distinto de recursos
determinado por sua associação. Isto inclui coisas como inteligência e motivação
dos membros. (...) Finalmente, a relação processo-desempenho/satisfação do grupo
é moderada pelo tipo de tarefa em que o grupo está trabalhando. (ROBBINS, 2002,
p.157)
Quaisquer previsões sobre o desempenho de um grupo devem começar por reconhecer que
grupos de trabalho são parte de uma organização maior e que fatores como estratégia da
organização, estrutura de autoridade, procedimentos de seleção e sistema de recompensas
podem proporcionar um clima favorável ou desfavorável para o grupo funcionar. Ou seja:
produtivo quando seus membros têm as habilidades exigidas para fazer as tarefas
do grupo e as características de personalidade que facilitem trabalhar bem juntos.
(ROBBINS, 2002, p.171)
Para Gomes (2004), todas as organizações possuem uma cultura e que dependendo da sua
força e conseqüente penetração, podem ter uma profunda influência sobre as atitudes e
comportamento dos seus membros.
Acrescenta o referido autor que nos anos recentes houve, por parte dos teóricos
organizacionais, um reconhecimento maciço da importância do papel da cultura no
comportamento dos membros da organização. A detecção da cultura como variável
independente sobre o comportamento e atitude dos seus membros emerge com a noção de
institucionalização. “Uma organização torna-se institucionalizada quando adquire vida própria,
independentemente do seu fundador ou quaisquer dos seus membros”. (ROBBINS, 2002, p.
680)
A Change Integration da Price Waterhouse (1999) apud Gomes (2004, p.04), define a cultura
organizacional através das seguintes características:
Segundo Schein (1992), a cultura organizacional pode ser vista como os modelos mentais
coletivos dos membros da organização. Desse modo, uma mudança organizacional só será
bem-sucedida se houver uma investigação prévia das premissas culturais. Conforme o autor,
destacam-se abaixo as principais características associadas a cultura organizacional:
• Clima: o sentimento que é gerado num grupo pelo layout físico e o modo que os
membros da organização interagem uns com os outros, com clientes ou estranhos.
• Habilidades incorporadas: as competências especiais que os membros do grupo
demonstram ao realizar determinadas tarefas e a habilidade de fazer coisas, que são
passadas de geração para geração sem necessariamente estarem articuladas por escrito.
• Hábitos de pensamento, modelos mentais e/ou paradigmas lingüísticos: as estruturas
cognitivas compartilhadas que guiam as percepções, pensamentos e linguagem usadas
pelos membros de um grupo e são aprendidas pelos novos membros no processo de
socialização inicial.
• Significados compartilhados: o entendimento tácito que emerge quando os membros
do grupo interagem.
• Metáforas ou símbolos integrativos: as idéias, sentimentos e as imagens que os grupos
desenvolvem para se caracterizar, que pode ser ou não apreciado conscientemente,
mas estão incorporados em edifícios, layout dos escritórios e outros artefatos materiais
do grupo.
No que diz respeito às dificuldades de mudanças em uma organização, comenta Gomes (2004,
p.14) a necessidade de uma avaliação cultural individual e grupal dos funcionários, pois:
Ou seja, mediante ao exposto acima, percebe-se que a melhor forma de pensar sobre cultura
organizacional é reconhecê-la como o conhecimento compartilhado acumulado de um grupo,
abrangendo elementos cognitivos, emocionais e comportamentais da estrutura psicológica do
mesmo (GOMES, 2004).
16
Ribeiro (2001), diz que para a determinação desse padrão ideal são considerados aspectos
variados como: aspirações pessoais, motivação, ambições funcionais, adequação da
remuneração, horário de trabalho, relacionamento hierárquico, relacionamento profissional,
interação social, dentre outros possíveis fatores que podem ser acrescidos à pesquisa do
"Clima Organizacional".
Atualmente muito se tem falado sobre a necessidade que organizações vêm tendo de
apresentar ao mercado diferenciais competitivos, que permitam que a mesma se destaque
perante o mercado altamente competitivo e atenda às necessidades e exigências do cliente.
Dessa forma, Ely (2003) aponta que a manutenção de um clima organizacional favorável e
satisfatório tanto para empresa quanto para os funcionários, é, sem dúvida um importante
diferencial competitivo.
17
Dessa forma, Ely (2003) elenca alguns fatores que necessitam ser incorporados à gestão
organizacional para que o clima organizacional seja valorizado devidamente, são eles:
O desafio, segundo Ely (2003), colocado às empresas em geral, é investir num clima
organizacional positivo e sadio para que os resultados qualitativos e quantitativos aconteçam.
“As empresas precisam compreender que tratar a questão do clima interno como estratégia de
gestão, é fundamental para o aumento da melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a
saúde do negócio”. (ELY, 2003)
18
Ely (2003) aborda também que em ambiente estabilizado e competitivo, todos os aspectos que
envolvem a gestão, passam a ser importantes no intuito de gerar resultados concretos com o
crescimento do negócio, inclusive um ótimo ambiente de trabalho.
E quanto aos meios foi uma pesquisa do tipo bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é o ponto
de partida para a maioria das pesquisas científicas, segundo Gil (2002) e é realizada através da
utilização de fontes retiradas de livros, artigos, revistas, periódicos, ou seja, materiais já
publicados de acesso ao público em geral.
A busca por fontes de materiais se deu entre os meses de novembro e dezembro de 2010 e
foram utilizados livros, revistas e periódicos publicados na internet contendo assuntos
relacionados à motivação, comportamento organizacional, cultura e clima organizacional e
liderança.
Após a coleta de fontes foi realizada a seleção do material, observando o ano de publicação e
a qualidade das informações e o desenvolvimento do trabalho constou de XXXX fontes
listadas no final do trabalho.
20
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se dizer que atualmente o administrador ou líder possui muitas funções na gestão de
uma empresa, deve desempenhar com atenção e comprometimento seu papel, servindo de
exemplo para funcionários e indicando os rumos que a instituição deve seguir, bem como,
tomar decisões para atingir os objetivos e otimizar recursos na busca de eficiência e eficácia.
Cabe ao líder administrar conflitos para que o clima organizacional mantenha-se saudável
contribuindo para a motivação e o comprometimento dos funcionários. Tudo isso reverte-se
em produtividade e benefícios tanto para as pessoas como para as organizações.
Além disso, o líder que demonstra conhecimento e experiência transmite confiança para os
seus funcionários, mas para isto, é necessário atualização constante para manter
conhecimentos e se atentar às mudanças impostas pelo ambiente preparando funcionários para
adaptações.
Finalmente destaca-se que o líder tem que adaptar seu estilo de gestão em função de inúmeras
variáveis, não se pode dizer que exista um único estilo ideal, é necessário avaliar o ambiente
em que se encontra para decidir a forma mais adequada,
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. 6ª. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
ELY, Eduardo. O clima organizacional como diferencial competitivo nas empresas. 2003.
GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. 4ª tiragem. São
Paulo: Atlas, 2001.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GOMES, Eduardo Braz Pereira. Cultura organizacional: um estudo de caso. Revista Alfa, vol.
1, nº 1, mai/out. 2004.
22
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. 6ª. ed. rev. e ampl. 4.
reimpr. São Paulo: Atlas, 2006.
SHEIN, E. H. Cultura organizacional: uma visão dinâmica. São Paulo: LTC, 1992.
VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. 5ª. ed. Editora Atlas, 2006.