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MARIA ALICE PIECHNICKI ROGEL

O PROFESSOR PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO


DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA
PÚBLICA

ORIENTADORA: Drª Eliane Cleide da Silva Czernisz


Londrina
2010
PROGRAMA- PDE

O PROFESSOR PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO


DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA
PÚBLICA

Projeto apresentado à Secretaria de


Estado da Educação do Paraná – SEED,
como requisito parcial de participação no
Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, área de Pedagogia
na Universidade Estadual de Londrina.
Orientadora: Profª. Drª Eliane Cleide da
Silva Czernisz - Universidade Estadual de
Londrina – UEL.

Londrina
2010
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

1) Dados de identificação
Professor PDE: Maria Alice Piechnicki Rogel
Área: Pedagogia
NRE: Londrina
Professor Orientador IES: Profª Drª Eliane Cleide da Silva Czernisz
IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina
Escola de implementação: Instituto de Educação Estadual de Londrina –
Ensino Fundamental, Médio e Normal
Público objeto da intervenção: professores pedagogos e professores do
Curso de Formação de Docentes

2) Tema de estudo
Organização do Trabalho Pedagógico na Escola Pública

3) Título
O professor pedagogo e a organização do trabalho pedagógico na
escola pública
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4) Justificativa do tema de estudo

O presente projeto busca com a discussão a respeito da organização do


trabalho pedagógico pelo professor-pedagogo na escola pública, mostrar a
imprescindibilidade desta tarefa que é aqui considerada difícil pelos riscos de
equívocos em sua realização seja pelo desconhecimento da especificidade da
função, seja pelas alterações decorrentes das políticas educacionais que promovem
mudanças de encaminhamentos pedagógicos na escola.
Acreditamos que a organização do trabalho pedagógico é realizada num
coletivo de ações cujo objetivo comum é a realização da função da escola que
entendemos ser promover o ensino e a aprendizagem. Para tanto consideramos ser
necessário pensar o trabalho pedagógico em sua totalidade resgatando o objetivo
comum da escola, compreendendo a abrangência da organização do trabalho
escolar, amenizando os conflitos oriundos da divisão do trabalho que num outro
momento histórico trazia a delimitação das tarefas conforme a especialidade da
ação pedagógica.
Entendemos que a reflexão e o estudo sobre as ações da escola como um
todo, o conhecimento sobre sua organização e as implicações da importância da
escola em nossa sociedade hoje poderá levar os pedagogos ao redimensionamento
de suas ações bem como poderá levar todos aqueles que trabalham na escola a
repensar seu papel diante do papel da escola.

5) Problematização

Percebe-se que a função do pedagogo nas escolas públicas está um


tanto quanto descaracterizada: de especialista em educação ele passa a fazer às
vezes de menino de recados; fiscalizador das entradas e saídas dos alunos na
escola; substituto de professores que, pelos mais variados motivos, necessitam se
ausentar das escolas em que trabalham; responsável pelo processo de
conscientização do grupo de profissionais da escola quanto a elaboração do projeto
político pedagógico e pela organização, elaboração e implementação deste;
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organizador de festas e eventos (quando as escolas os promovem), causando assim


uma série de atividades paralelas que impossibilitam realizar o trabalho pedagógico.
Tal situação acaba deixando em segundo plano o objeto maior, o
qual é a preocupação com a efetivação do ensino - aprendizagem. Como explicita
Saviani:
Daí a tendência a secundarizar a escola, esvaziando-a de sua função
específica, que se liga à socialização do saber elaborado, convertendo-a
numa agência de assistência social, destinada a atenuar as contradições da
sociedade capitalista. (SAVIANI, 2005, p. 99).

O pedagogo, tendo como possibilidades desenvolver afazeres


distintos, acaba muitas vezes, por ser um “tarefeiro” ou um “faz tudo”. Desta maneira
no decorrer de seu trabalho acaba executando muitas funções, dentre elas a
organização do trabalho pedagógico. No entanto, pela dimensão de atribuições,
percebe-se que esta acaba por não ser concretizada.
O espaço de atuação do Pedagogo mostra-se como uma herança,
esta efetivada através da LDB 5692/71 que determinava a sua função através de
especialidades: poderia atuar como Administrador Escolar, Supervisor Escolar ou
Orientador Educacional. Eram os “especialistas” que controlavam o processo
ensino-aprendizagem tal como os supervisores controlavam o processo industrial
nas fábricas.
Tais funções, analisadas e amplamente debatidas por autores
distintos, como Saviani (2007), Kuenzer (2002), e outros, são apontadas como
próprias de concepções tecnicistas que se traduzem em práticas reprodutivistas. De
acordo com Kuenzer, “a divisão do trabalho escolar tem origem na separação entre
a propriedade dos meios de produção e força de trabalho, e não na divisão técnica
do trabalho” (2002, p. 48).
Para essa autora, a fragmentação do trabalho pedagógico,
particularmente no âmbito do taylorismo/fordismo, ou seja, a divisão técnica do
trabalho; no capitalismo, não é causa, mas sim conseqüência da contradição
fundamental entre capital e trabalho. Então, “a origem da fragmentação do trabalho
não é a divisão técnica, mas sim a necessidade de valorização do capital, a partir da
propriedade privada dos meios de produção” (KUENZER, 2002, p. 49).
A superação da fragmentação do trabalho pedagógico não é uma
questão meramente técnica que pode ser resolvida com outras formas de
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organização do trabalho, como as do toyotismo, que substituem as linhas de


produção por células de produção, onde a especialização é substituída pela
multitarefa. Na escola, os especialistas – administrador, orientador e supervisor –
seriam substituídos pelos profissionais multitarefa.
Segundo Kuenzer (2002), isto não seria suficiente para a escola
deixar de ser capitalista, “a superação, portanto, da fragmentação do trabalho
pedagógico só será possível se superada for a contradição entre propriedade dos
meios de produção e força de trabalho” (KUENZER, 2002, p. 54). Isso não significa
que devemos aceitar as formas de fragmentação. É muito importante que sejam
desveladas essas formas de divisão de trabalho.
Para tanto, o trabalho pedagógico deve ser ampliado por meio de
decisões e estratégias internas à escola, com clareza sobre seus limites, buscando
compreender como a fragmentação se faz presente no modo de organização do
trabalho, mesmo que não existam mais especialistas, substituídos pelo pedagogo
unitário.
Observamos então, que ocorre o aglutinamento de funções o que
acarreta atualmente em tarefas rotineiras, conflitantes, imprevisíveis e de difícil
solução, sendo que estas acabam muitas vezes, tomando conta da carga horária do
pedagogo, pois ora é chamado para resolver problemas envolvendo professores e
alunos, como por exemplo, verificação de uniforme, atrasos e saídas antecipadas,
situações de indisciplina na sala de aula, encaminhamento a entidades
assistencialistas, situações de conflito entre professores e alunos, agressão verbal
ou até mesmo, física, ora é chamado a resolver questões burocráticas, demandadas
por instâncias superiores, como NRE, SEED, MEC etc.
O que percebemos com a fragmentação do trabalho realizado pelo
Pedagogo é que acaba por efetivar-se desarticuladamente com o projeto maior da
escola, ou seja, acaba por desvincular-se do contexto escolar, de uma prática
coletiva, deixando de envolver os sujeitos da comunidade escolar.
Nesse contexto, consideramos ser necessário o pedagogo conhecer
de fato quais as funções lhe cabem na intenção de compreender as ações
necessárias para desenvolver e cumprir o seu papel. Este conhecimento perpassa
pela compreensão de suas antigas funções e a identidade pela qual este grupo vem
buscando firmar, ao longo do tempo, seja através do entendimento das atuais
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propostas nacionais para a formação do pedagogo, assim como as propostas de


efetivação de seu trabalho.
Diante disso questionamos: Que ações o pedagogo deverá realizar
na organização do trabalho pedagógico da escola? Qual o papel do pedagogo? De
que forma o pedagogo poderia contribuir para cumprir com a função da escola
pública?

6) Objetivo geral

- Discutir o trabalho do professor pedagogo tendo como base as recentes mudanças


das políticas educacionais para a formação e atuação do pedagogo na escola
pública paranaense.

7) Objetivos específicos

- Definir o papel que o pedagogo desempenhou durante a história de sua função,


tendo como princípio norteador a história da educação brasileira: a legislação
educacional e as tendências pedagógicas da educação.
- Identificar, através das políticas públicas de educação no estado do Paraná, a
instituição da função de professor pedagogo.
- Discutir o papel do pedagogo como mediador e articulador da organização do
trabalho pedagógico na escola pública.

8) Fundamentação teórica

1. Pedagogo: contribuição das faculdades, formação, necessidades do


contexto

“A formação de professores desvinculada de um projeto político só pode


caracterizar uma concepção extremamente pragmatista, reprodutivista,
tecnicista da ação docente.”
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Em primeiro lugar consideramos necessário considerar em que


contexto se forma o professor no Brasil e mais especificadamente, a formação do
pedagogo.
Num país capitalista como o nosso, a educação tem dupla
participação: atua como um dos determinantes da desigualdade social e como uma
das formas de enfrentamento e de possível superação dessa desigualdade.
De acordo com autores como Pinzan, Maccarini e Martelli (2003),
este quadro se configura devido ao desenvolvimento da sociedade dentro do
princípio tecnicista, o qual acarreta divisões sociais de classes, assim como divisões
e campos de trabalho distintos, de acordo com a especificidade e a detenção de
conhecimento e particularidade de cada indivíduo.
Percebemos ao longo dos estudos relacionados à formação em
Pedagogia, realizados por distintos autores, entre eles os mais conhecidos, Saviani
(2000), Kuenzer (1998), Garcia (1995), entre outros, que o sistema escolar brasileiro
desenvolve-se dentro desta reestruturação social, não só pelas mudanças ocorridas
dentro dos cursos, devido a pareceres, ementas, diretrizes, mas também a
reestruturação governamental realizada dentro dos espaços escolares.
Em relação ao papel do educador Kuenzer (1998, p. 2) esclarece
que a sociedade atual exige e vem buscando o que ela chama de novo educador,
sendo necessário que este busque:

transformar o conhecimento social e historicamente produzido em saber


escolar, selecionando e organizando conteúdos a serem trabalhados
através de formas metodológicas adequadas; construir formas de
organização e gestão dos sistemas de ensino nos vários níveis e
modalidades; e, finalmente, no fazer deste processo de produção de
conhecimento, sempre coletivo, participar como um dos atores da
organização de projetos educativos, escolares e não-escolares, que
expressem o desejo coletivo da sociedade.

De acordo com a autora, Kuenzer (1998), devido às novas formas de


organização do sistema produtivo, um novo princípio educativo passa a ser gestado,
não mais aquele com ênfase na memória e na fragmentação da ciência; mas àquele
que visa à incorporação de ciência e tecnologia, exigindo do homem novos
conhecimentos e novas atitudes no exercício de suas múltiplas funções, como ser
social, político e produtivo.
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Ainda em relação ao educador de novo tipo, Kuenzer (1998) aponta


que este deve ser capaz de compreender a realidade atual, apoiado nas diferentes
áreas do conhecimento, no intuito de produzir ciência pedagógica, e assim orientar
novas práticas.
Precisa ainda que esse educador esteja capacitado para identificar
os processos pedagógicos decorrentes das relações sociais amplas, apto a exercer
diálogo com o governo em suas diferentes instâncias, assim como com a sociedade
civil, além de realizar a transformação da nova teoria pedagógica em prática
pedagógica.
Afirma ainda que este educador deva realizar a articulação entre a
escola e o mundo das relações sociais e produtivas através de procedimentos
metodológicos apoiando-se em bases epistemológicas adequadas, organizando e
gerindo o espaço escolar de maneira democrática.
Todas estas características apontadas acima, são amplamente
discutidas também pelas autoras Pinzan, Maccarini e Martelli (2003), sendo que
estas apresentam em sua pesquisa, que todas estas mudanças na caracterização
das funções, e “obrigações” do pedagogo, podem ser compreendidas na
caracterização de suas especialidades.
A partir da década de 1990, com o novo panorama de crise mundial,
tivemos o sugestionamento de políticas do Banco Mundial em projetos e programas
financiados pelo Banco, num contexto neoliberal de diminuição do custo do Estado.
Kuenzer (1998, p.7) a respeito dessas novas políticas, faz as
seguintes considerações:

• substituição do conceito de universalidade pelo de equidade, ou seja, a


cada um educação segundo sua "competência", seja para seguir o ensino
acadêmico, seja para aprender um trabalho;
• diferenciação do modelo tradicional de universidade, criando os
institutos profissionais, politécnicos, para ofertar cursos pós-médios ou de
capacitação, desde que mais curtos e com custo mais baixo;
• fomento à oferta privada de ensino, particularmente para oferta de
cursos pós-médios e de cursos profissionais de curta duração;
• redefinição da função do Estado relativa ao financiamento da
educação, diminuindo sua presença nos níveis superior e médio, e
priorizando o ensino fundamental; estimulando as iniciativas públicas e
privadas a oferecer cursos mais "adequados e eficientes" para atender às
demandas do mercado de trabalho, o que significa dizer de duração mais
curta e mais baratos.
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Kuenzer (1998) retoma a afirmativa que estas políticas tiveram


sérias implicações para as faculdades de educação, além de refletirem nas
definições das modalidades de formação de educadores.
Estas definições se fizeram relevantes, pois propiciou campo de
discussões das mudanças já decorrentes, assim como espaço para sugestão por
parte dos educadores das mudanças entendidas por eles como necessária para
uma real unificação da formação dos educadores do Brasil, além claro de espaço
constante de discussão e proposta de mudanças naquilo que destoava da realidade
brasileira proposta por leis relacionadas à educação.
Kuenzer (1998), com base nos seus estudos, diz que a formação
dos indivíduos está diretamente ligada às necessidades socioeconômicas de uma
sociedade, ou seja, de acordo com o desenvolvimento das forças produtivas é que
será realizado o projeto pedagógico correspondente à necessidade de formação dos
profissionais.
O que identificamos, mas principalmente em relação às discussões
apontadas por Kuenzer (1998) é que a mudança do processo produtivo exige um
educador que esteja capacitado para compreender a nova realidade, apoiando-se
nas distintas áreas do conhecimento, para produzir ciência pedagógica; que tenha
competência para identificar os processos pedagógicos que ocorrem no nível das
relações sociais mais amplas e não apenas nos espaços escolares; que tenha
competência para dialogar com o governo; que seja capaz de transformar a nova
teoria pedagógica em prática pedagógica escolar e que tomem a
transdisciplinaridade como princípio.
No que se refere à discussão entre teoria e prática, Kuenzer (1998)
esclarece que para que o educador possa intervir e desempenhar os papeis acima
expostos, é preciso que este tenha sim o conhecimento e a compreensão histórica
dos processos pedagógicos, assim como da produção e organização teóricas e das
praticas pedagógicas
Podemos enquanto educadores observar que muitos são os campos
em que esta discussão ocorre, sempre buscando a melhor forma de compreender o
processo de formação e a importância que o espaço universitário dará: hora para a
teoria, hora para a prática educativa.
Saviani (2007, p. 108) esclarece em torno desta discussão que teoria
e prática:
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são aspectos distintos e fundamentais da experiência humana. Nessa


condição podem, e devem, ser consideradas na especificidade que as
diferencia, uma da outra. Mas, ainda que distintos, esses aspectos são
inseparáveis, definindo-se e caracterizando-se sempre em relação ao outro.
(SAVIANI, 2007, p.108).

E o autor ressalta ainda que

a prática é a razão de ser da teoria, o que significa que a teoria só se


constituiu e se desenvolveu em função da prática que opera, ao mesmo
tempo, como seu fundamento, finalidade e critério de verdade. (SAVIANI,
2007, p.108).

Ainda em relação à dicotomia entre teoria e prática, advinda da


organização dos cursos de formação, Kuenzer (1998) reflete que estas propostas de
formação se justificam no princípio da equidade, e questiona: uma vez que a
educação superior não é para todos, seria então um desperdício investir na
educação superior para os professores que irão trabalhar com a classe mais baixa
da população, que certamente serão formados nos cursos profissionalizantes, com
formação aligeirada e de baixo custo.

Para a autora esta é mais uma faceta da injustiça do capitalismo,


privilegiando as classes mais favorecidas, proporcionando a formação de docentes
através de graduação, em centros superiores de educação, em detrimento da
educação oferecida às classes menos favorecidas, aumentando a situação de
desigualdade e pobreza. Afirma ainda que “O sistema de educação profissional
destina-se aos excluídos do sistema acadêmico, constituindo-se em alternativa
compensatória e contencionista.” (Kuenzer, 1998, p. 9).

Ao formar esse novo educador com visão de totalidade é necessário


que as faculdades de educação façam a autocrítica, verificando a importância de
sua contribuição para o desenvolvimento da sociedade através de sua trajetória
histórica e busquem novas formas de organização, para que possam cumprir as
exigências desta nova etapa do desenvolvimento capitalista, marcada pela exclusão
crescente e pela aceitação quase tácita que a educação não é para todos. Em
relação às necessidades de mudança, Kuenzer (1998), pontua ser necessária uma
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reestruturação das faculdades, deixando estas de serem tão burocráticas para


serem mais abertas a multidisciplinaridade. Ademais afirma a necessidade de se
confrontar os modelos que estão postos, reafirmando a importância de uma
universalização do processo de formação dos docentes.

O que se observa de acordo com estudos, é que muitas destas


indefinições, e dificuldades em estabelecer um parâmetro comum, decorrem da falta
de um direcionamento único para o Curso de Pedagogia, diretriz essa, que de
acordo com Saviani (2007) institui-se apenas em abril de 2006. O que se espera dos
cursos de Pedagogia, é que estes formem pedagogos detentores do entendimento
da realidade em que irão atuar, possuindo uma bagagem teórica bem
fundamentada, de forma a deterem ações coerentes, instrumentadas teoricamente
para que exerçam ações eficazes (Saviani, 2007).

Estas características são também consideradas por Kuenzer (1998),


pois a autora apresenta como competência dos educadores uma observação da
realidade, assim como uma análise deste projeto de sociedade, em que se gera um
projeto pedagógico de curso. Isto torna possível apresentar e ter como base as
conjecturas reais, possibilitando a articulação entre educação e demais processos
de ampliação das relações sociais, as quais atualmente não apresentam
características democráticas.

2. Especialistas X Professor Pedagogo: necessidades do contexto

Atualmente um amplo debate sobre a ação dos pedagogos e de


como estão trabalhando vem ocorrendo em âmbito nacional: acabar com estes
profissionais (enquanto especificidade) ou então transformá-los em um só,
reforçando a tese do “generalista”, passando a chamá-los de “coordenador
pedagógico” por opção apenas política e não teórico-prática. A função do
coordenador pedagógico foi instituída pela Secretaria de Estado da Educação de
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São Paulo, na gestão da Professora Guiomar Namo de Mello, baseada em


pesquisas realizadas pela universidade, que alegavam que os supervisores e os
orientadores não sabiam o que fazer na escola; como não podiam mandar todos
embora, transformaram os dois profissionais em um só, sem um estudo teórico-
prático; aumentando as dificuldades na condução do trabalho pedagógico.
Segundo Garcia (1995), há uma especificidade na ação do
orientador educacional, do supervisor escolar e do administrador escolar; todos têm
uma função pedagógica e trabalham numa escola.
Garcia (1995) defende a especialização desses três profissionais da
educação, para construir uma sociedade mais justa, igualitária, mais democrática, ao
repensar essas habilitações a partir da análise da conjuntura nacional e
internacional. Diz Garcia (1995, p. 1):

“Todos os profissionais da escola tem uma função pedagógica, já que


atuam numa agência pedagógica. A empresa não brinca porque visa o lucro
- o material e o dinheiro -, a escola também visa o lucro, mas um outro tipo
de lucro - o lucro humano”.

Ainda diz, Garcia (1995) sobre a formação desses profissionais “é


preciso ter competência, desde a competência organizativa, até a competência
argumentativa, de luta, para poder de fato se contrapor a esse rolo compressor que
é o neoliberalismo.”
Segundo a autora o administrador escolar tem o conhecimento mais
específico para organizar toda a escola, garantindo infra-estrutura para que a escola
garanta a aprendizagem do aluno. O orientador educacional é responsável por
investigar o que a criança aprende e o que ela já sabe para aprender novos
conteúdos, em relação à prontidão e limites para aprendizagem e o papel do
supervisor escolar é problematizar os conteúdos pedagógicos, analisar se uma
criança pode ou não aprender tal conteúdo.
Todos os profissionais da escola têm que trabalhar através do
currículo, que são todas as atividades, ações, conteúdos, planejados pelo coletivo
da escola bem como pela comunidade circundante, pois o mesmo deve estar
adequado à comunidade, sintetizados através do Projeto Pedagógico da escola.
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Cada profissional vai interferir no currículo de um ponto de vista do


seu trabalho específico, entendendo que o currículo é comum a toda comunidade
escolar. A esse respeito, Garcia (1995, p.15 e 16), explica:

O AE vai interferir no currículo no sentido de organizar o espaço, o


tempo e os recursos da escola, de modo a favorecer o processo
pedagógico. Ele tem a formação específica, os conhecimentos para melhor
organizar espaço, tempo e os recursos humanos, materiais em função do
processo ensino e aprendizagem, ou seja, do professor e dos alunos, para
isso que existe o AE.
O SE, que deve se o especialista em currículo, é que deve coordenar
o processo de planejamento, elaboração do currículo, de avaliação
permanente do currículo e tudo que está implicado nele, seleção de
conteúdos, metodologias, materiais didático, técnicas, recursos, formas de
avaliação. Tudo isso é coordenado pelo Supervisor, mas nada disso
aconteceria se o OE não fizesse o trabalho de conhecer o aluno.
O OE tem que saber quem é o aluno, que tem uma família, que mora
numa comunidade, que vive numa sociedade, que é parte de uma cultura,
que pertence a um determinado grupo étnico, que tem um gênero, tudo isso
tem que parecer na escola e no currículo. Quem faz isso é o OE, por isso
não pode deixar de trabalhar com a família, tem que abrir os muros da
escola, para que as características da comunidade entrem na escola. Não
há currículo adequado à comunidade se a gente não sabe que comunidade
é essa.

Ao trabalhar currículo desta maneira, os três especialistas estão


contribuindo para a construção de uma escola de qualidade para a classe
trabalhadora, através da competência coletiva, além de construir para uma
sociedade justa, igualitária e democrática.
Kuenzer (1985, p. 17) reitera a especificidade da escola ao afirmar
que cabe às escolas:

desempenharem com qualidade seu papel na criação de situações de


aprendizagem que permitam ao aluno desenvolver as capacidades
cognitivas, afetivas e psicomotoras relativas ao trabalho intelectual, sempre
articulado, mas não reduzido, ao mundo do trabalho e das relações sociais,
com o que certamente estarão dando a sua melhor contribuição para o
desenvolvimento de competências na prática social e produtiva.
(KUENZER, 1985, p.17)

E a autora ainda ressalta que:

Atribuir à escola a função de desenvolver competências é desconhecer sua


natureza e especificidade enquanto espaço de apropriação do
conhecimento socialmente produzido, e portanto, de trabalho intelectual
com referência à prática social, com o que, mais uma vez, se busca
esvaziar sua finalidade, com particular prejuízo para os que vivem do
trabalho. (KUENZER, 1985, p.17)
15

A escola não é um espaço neutro, é um espaço de interesses


antagônicos, espaço de contradição, onde os interesses hegemônicos e contra-
hegemônicos estão o tempo todo em conflito, por isso os especialistas têm a função
de provocar a criticidade entre alunos e professores, a respeito do seu trabalho,
lembrando que as situações pedagógicas têm que ser práticas para a vida.
Por considerar que o trabalho do pedagogo consiste em atuar
efetivamente em todas as questões que estão relacionadas com o pedagógico, com
o exercício cotidiano de busca de coerência entre a teoria e a prática, faz-se
necessário que as diferentes práticas educativas sejam decorrentes da proposta
curricular da escola.
José Carlos Libâneo nos elucida sobre este papel, dentro de suas
amplas discussões com referência à educação, enfocando em seu artigo “Diretrizes
curriculares da pedagogia: imprecisões teóricas e concepção estreita da formação
profissional de educadores” do ano de 2006, como o próprio título sugere a
existência de imprecisões na definição da atividade profissional do pedagogo.
Qual Pedagogo, ou estudante da área que nunca se questionou em
relação a sua competência, e seus possíveis nichos de trabalhos, ou ainda, suas
funções especificas dentro da escola, para além das salas de aula. Ou ainda,
conhecendo os espaços escolares de inserção, não se enxergou em momento de
dúvida, quanto as competências exigidas para cargos como de Diretores,
Orientadores, Supervisores, visto que atualmente as duas últimas funções são
nomeadas como Pedagogos.
Enfim, todas estas mudanças decorrentes de amplas discussões
teórico-metodológicas em torno dos processos educacionais ao longo de muitos
anos, fazem com que muitos tenham dúvidas em relação ao papel que irão
desempenhar ao assumirem estas funções.
Assim é que Libâneo (2006) confirma as imprecisões de definição da
atividade do profissional pedagogo, ao reproduzir sua análise da Resolução
CNE/CPn.1, de 15/05/06, a qual em seu primeiro parágrafo, art. 2º, conceitua a
função no caráter de docência, pontuando que esta é entendida como uma ação
educativa e um processo pedagógico que possui métodos e intenções, elaborada no
decorrer da formação, assim como através das relações sociais, étnico-sociais e
produtivas.
Libâneo (1996, p. 127) afirma ainda que
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Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática


educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de
transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em
vista objetivos de formação histórica. Em outras palavras, pedagogo é um
profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à
prática educativa em suas várias modalidades e manifestações.

O autor pontua em seqüência que

A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores


no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos,
métodos, técnicas, formas de organização da classe),na análise e
compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos
teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico
e o trabalho de sala de aula. (Libâneo, 1996, p. 127)

Outro elemento abordado por Libâneo (2006) condiz com o


reducionismo da função do Pedagogo à função de docência, reafirmando que a
função do pedagogo, segundo a Resolução supracitada, pode vir a compreender
também o envolvimento na organização e gestão, tanto de instituições, como de
sistemas de ensino.
Relaciona ainda a função com atividades como: gestão, organização
da escola, planejamento, coordenação, avaliação, produção, difusão do
conhecimento educacional, tanto nos espaços de educação formal, quanto não-
formal.
De acordo com o Caderno de Apoio publicado pela Secretaria de
Educação do Paraná, a organização do trabalho pedagógico ocorre no âmbito
escolar, de forma democrática, sendo esta constituída por: Conselho Escolar (Pais,
Alunos matriculados, Professores, Pedagogos e Diretores), Equipe Pedagógica
(Diretores, Professores), Equipe Técnico Administrativa, Assistente de Execução,
assim como equipe auxiliar operacional.
Observa-se então, que o professor Pedagogo, enquanto elemento
mediador e articulador da organização do trabalho pedagógico irá se instaurar nos
grupos acima expostos, denominados: Conselho Escolar e Equipe Pedagógica.
Enquanto membro do Conselho Escolar, o professor Pedagogo
poderá desempenhar o papel de membro esclarecedor quanto os princípios
abordados no Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de ensino, a fim de
contribuir para as discussões das problemáticas neste meio apresentado.
E em relação à equipe Pedagógica, poderá vir a contribuir como
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Diretor escolar, ou ainda, diretor auxiliar, exercendo funções como: cumprimento das
legislações vigentes; coordenação e incentivo de qualificação permanente por parte
dos profissionais da educação; coordenar a elaboração do Plano de Ação assim
como do Regimento escolar; elaborar juntamente com a equipe pedagógica o
calendário escolar de acordo com orientações da Secretaria de Estado de
Educação; acompanhar juntamente com a equipe pedagógica o trabalho docente;
participar e analisar Regulamentos Internos; reelaboração e análise de projetos
juntamente com a equipe pedagógica que possam a vir a serem inseridos dentro do
projeto político pedagógico da escola; entre outras inúmeras funções.
Sabemos que são inúmeros os papeis que o professor pedagogo
pode representar, e compreendermos ainda que não cabe aqui explicitar todos, no
entanto, consideramos relevante esclarecer que este profissional é ponto chave para
que ocorra a articulação de todos os espaços escolares, assim como do trabalho de
todos.
Assim é que trazemos uma análise de Libâneo (2006), o qual aponta
que existe a possibilidade de se pensar cada modalidade como uma “área de
atuação profissional” (destaque do autor). Esta afirmativa remete a dificuldade,
apresentada pelo autor, de esclarecimento da função do Pedagogo, em decorrência
das incertezas em relação aos termos centrais, que seriam: educação, pedagogia e
docência. (LIBÂNEO, 2006)
Sabemos que ao professor pedagogo caberá funções diferentes, de
acordo com o local de sua prática, ou melhor, do espaço dentro da realidade escolar
em que estiver atuando. Assim, se o professor pedagogo estiver ocupando o espaço
de Diretor, ou Diretor auxiliar, caberá exercer a mediação em torno das
características já citadas anteriormente. No entanto, se o professor pedagogo estiver
ocupando o cargo de Pedagogo Escolar, caberá entra tantas outras funções, mediar
as relações entre professores e alunos, seja através de conversas formais ou
informais, seja na garantia da efetivação do projeto político pedagógico da escola,
seja na reformulação deste junto com a equipe pedagógica e dá comunidade escolar
(alunos, pais, funcionários administrativos, etc.) para atender novas exigências que
possam vir a surgir, entre outros.
Podemos dizer ainda, que este professor pedagogo enquanto
docente de sala de aula poderá desempenhar a mediação e a articulação através do
seu comprometimento com a sua função, desde o seu planejamento semanal, até
18

sua participação real nos processos de formação e de discussões acerca das


necessidades de sua realidade, além claro da observação do contexto e a
aproximação com os educandos envolvidos no processo, de forma a elucidá-los não
só sobre o conhecimento que lhe cabe a sua matéria mais sim sobre parte do
processo e trabalho pedagógico escolar.
Por fim, apresentamos as palavras de Libâneo (2006) sobre o
Pedagogo, sendo afirmado que este deve ser compreendido como uma pessoa que
lida com algum tipo de prática educativa. O que nos leva a considerar que o princípio
básico, que regera a mediação e articulação da organização do trabalho pedagógico
na escola é a consciência individual do papel que se está exercendo dentro da
realidade escolar, deixando-se, no entanto, envolver pelas necessidades escolares
como um todo, pensando de forma democrática e coletiva.

3. Professor Pedagogo: contexto paranaense

“Educação é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada


individuo singular, a humanidade que é produzida historicamente e
coletivamente pelo conjunto dos homens”. (SAVIANI, 2005, p. 13).

Muitas são as discussões decorrentes das inquietações sobre qual é


o papel do professor pedagogo dentro da escola, assim como, quais são suas
possíveis funções no espaço escolar, e dentro destas as exigências do modo de
trabalho.
No Estado do Paraná, através da promulgação da Lei Complementar
103/2004 da Secretaria de Estado da Educação, transforma os especialistas da
educação em professores pedagogos, abrangendo numa visão unitária, as funções
de supervisão, orientação e coordenação pedagógica. Dessa forma, de acordo com
o Plano de Carreira do Professor da Educação Básica do Paraná, as atribuições do
professor pedagogo constam de atividade de suporte pedagógico dado diretamente
à docência e voltado para o planejamento, administração, supervisão e orientação
educacional.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, no primeiro governo
de Roberto Requião (2003-2006), em 2004, realiza o concurso público para
19

Professor Pedagogo, visto que, há 14 anos não havia concursos efetivos para a
contratação de profissionais que ocupassem as funções de orientação e supervisão
escolar no Estado do Paraná, estando estes a cargo de professores nomeados
pelos núcleos regionais de educação ou indicados pelas próprias escolas
(professores de outras licenciaturas), ou ainda contratados pelo programa Paraná
Educação, instituído no governo de Jaime Lerner (1994-2002).
De acordo com o edital do concurso nº 37/2004 (PARANÁ, 2004)
para professor pedagogo, são descritas as atividades genéricas que deverão ser
desenvolvidas por este profissional nos estabelecimentos de ensino da rede
estadual do Paraná, integrando a educação infantil, a educação profissional, o
ensino fundamental e o ensino médio.
Destacam-se, pois algumas das ações que são da competência de
realização do pedagogo, conforme o próprio edital do concurso (PARANA, 2004).
Explicita-se as atribuições do professor pedagogo iniciando com a coordenação para
a elaboração coletiva do Projeto Político-Pedagógico e do plano de ação da escola.
Inclui-se aqui também, o acompanhamento à efetivação das ações propostas nos
planos.
Dando seguimento, são enumeradas diversas atribuições
relacionadas ao parágrafo anterior, deixando claro que o papel do pedagogo é
coordenar, promover, organizar, participar, avaliar e intervir no processo de
formação cultural e social que acontece no interior da escola, propiciando o
encaminhamento das ações a partir de estudos e reflexões coletivas e também
responsabilizando-se “pelo trabalho pedagógico didático desenvolvido na escola
pelo coletivo dos profissionais que nela atuam, organizar grupos de estudos e,
atividades extracurriculares, o currículo, questões disciplinares, planejamento
escolar, avaliação, relação com a comunidade” (PARANÁ, 2004).
Segundo documento organizado pela CADEP (Coordenadoria de
Apoio ao Diretor e ao Pedagogo - SEED) a Organização do Trabalho Pedagógico,
envolve cinco eixos de atuação do pedagogo face à organização do trabalho
pedagógico na escola; a saber:

1. Construção do projeto político-pedagógico:


2. Implementação do trabalho pedagógico no coletivo da escola:
2.1. Organização do espaço e tempo escolar
20

2.2. Organização da prática pedagógica


3. Formação continuada do coletivo de profissionais da escola
4. Relações entre a escola e a comunidade
5. Avaliação do trabalho pedagógico
A partir desses eixos, a SEED relaciona atribuições que vão desde
as mais simples e técnicas, como “coordenar empréstimo e aquisição de materiais e
equipamentos de uso didático-pedagógicos”, passando pelas essencialmente de
coordenação pedagógica, como “assessorar o professor no planejamento, quanto a
seleção de conteúdos e transposição didática em consonância com os objetivos
expressos no PPP” e atingindo outras que extrapolam o limite possível da própria
função, como “elaborar estratégias para a superação de todas as formas de
discriminação, preconceito e exclusão social e de compromisso ético e político com
todas as categorias e classes sociais” (PARANÁ, 2007).
Faz também parte da OTP e situam-se dentro dos elementos acima
o currículo, o planejamento e a avaliação escolar.
Estas são algumas das dimensões que figuram o papel do pedagogo
diante da construção e implementação do Projeto Político Pedagógico, diante da
organização da prática pedagógica, diante da formação continuada, da relação
escola – comunidade e da avaliação do processo.
É um trabalho incansável, permanente, que exige participação,
construção, superação, diálogo. Cabe ao pedagogo e a pedagoga fomentar a
organização de espaços coletivos na escola e do trabalho pedagógico, organizar
grupos de estudos e debates, definir em conjunto horários, rituais, metodologias,
reuniões por áreas, atividades extracurriculares, o currículo, questões disciplinares,
avaliação, relação com a comunidade, enfim todo o trabalho que permeia o fazer
educativo.
Os pedagogos se vêem, assim, sobrecarregados com uma série de
atribuições que, devido à estrutura hierarquizada e ainda centralizada da escola, os
colocam como os maiores responsáveis em relação às mesmas, como os
profissionais que devem garantir que todos os demais profissionais da escola se
aglutinem em torno de tarefas para as quais até mesmo as pesquisas educacionais
ainda não apontam propostas suficientes, como o multiculturalismo, a inclusão e a
efetiva sociabilização de todos os alunos, por exemplo.
21

Por outro lado, delimitar o espaço de atuação deste profissional


talvez incorresse no erro de impossibilitar ao mesmo a articulação necessária entre
os vários setores da escola (professores, funcionários, pais, equipe administrativa e,
principalmente, alunos), justificando ainda mais o momento de crise que a profissão,
a exemplo da própria sociedade, se encontra.
Esperamos com esse trabalho possibilitar uma melhor articulação do
trabalho da equipe pedagógica da escola visando organizá-lo em sua totalidade,
superando divisões desnecessárias e hierarquias que impedem efetivar a função
precípua da escola que entendemos ser o ensino e a aprendizagem com qualidade.

9) Metodologia

Para dar conta do proposto faremos pesquisa bibliográfica;


levantamento, análise e discussão de documentos normatizadores da formação e
atuação do pedagogo. A compreensão que temos é que com esse processo de
estudo e reflexão possamos ampliar o entendimento sobre o papel do pedagogo.
A intervenção se dará através de grupos de estudo entre os
pedagogos e os professores, a ser realizado semanalmente, onde serão discutidos
textos propostos no Caderno Temático, relacionados à organização da prática
pedagógica, buscando a partir daí, intervir no cotidiano escolar de forma organizada
e coletiva. Este Caderno Temático será construído a partir de um referencial teórico
e servirá de base para a implementação do projeto na escola.
Tomando como referência a tendência histórico – crítica, para a
organização do trabalho propõe-se como eixos sustentadores os cinco passos
propostos por SAVIANI (2005), confirmados e exemplificados por GASPARIN
(2003):

1º - Prática inicial do conteúdo;


2º - Problematização;
3º - Instrumentalização;
4º - Catarse;
5º - Prática social final do conteúdo.
22

Apoiando-se no processo teórico – metodológico que tem como


suporte o materialismo histórico, com a finalidade de transformação social na
“Prática inicial do conteúdo”, há o questionamento quanto a prática da situação
atual.
Tomando o diálogo como integração dos conteúdos, a
problematização é a explicitação dos principais problemas levantados na prática.
Cabe aqui a sistematização das questões levantadas na “Prática social inicial”.
Contrapondo-se em seguida com o conhecimento teórico, na
“Instrumentalização” estabelece-se uma comparação entre os conhecimentos
cotidianos e os conhecimentos científicos, socialmente produzidos e sistematizados,
para enfrentar e responder os problemas levantados.

Como sugestão, serão utilizados os seguintes textos:

- Texto sobre a formação de professores:


PEREIRA, Maria de Fátima R. Política de formação de professores: desafios no
contexto da crise atual. In Revista HISTEDBR On-line, n. Especial, mai.2009, p.216-224,
Campinas, São Paulo.

- Texto sobre a formação do pedagogo:


MARTELLI, Andréa Cristina. Aspectos históricos sobre a formação do
pedagogo. In: Revista Educere et Educare v.1 n. 1. jan/jun 2006 p. 251-256.
Unioeste, Cascavel.

- Textos sobre a atuação do pedagogo na escola pública:


PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Coordenação de Apoio a Direção e
Equipe Pedagógica. Disponível em:
http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/arquivos/File/textonrectbpedagogo.doc>. Acesso
em 7 abr. 2010.

- Texto sobre a organização do trabalho pedagógico na escola:


_______________. Coordenação de Apoio a Direção e Equipe Pedagógica.
Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep/
legislacao.php >. Acesso em: 7 abr. 2010.
23

A “Catarse” contribuirá para a “Prática social final do conteúdo”, que


representa a transposição do teórico para o prático dos objetivos de estudo e dos
conceitos adquiridos, evidenciando o propósito da ação. É o retorno à prática social,
com propósitos de transformação da realidade, a partir de um novo conhecimento
elaborado. Neste momento, estabelece-se a proposta de intervenção, tendo maior
clareza e compreensão da situação levantada na “prática inicial”.
O trabalho final do PDE consiste na elaboração de artigo científico,
em que serão apresentados os resultados da implementação do projeto de
intervenção pedagógica, evidenciando avanços e dificuldades no que se refere à
organização do trabalho pedagógico na escola pública.

10) Cronograma de ações

Ações 2009
Atividades mai jun jul ago set out nov dez
Revisão bibliográfica X X X X X X X X
Encontros de orientação X X X X X X X X
Elaboração do projeto
de intervenção X X X
pedagógica

Ações 2010
Atividades fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Revisão bibliográfica X X X X X X X X X X X
Encontros de X X X X X X X X X X X
orientação – UEL
Elaboração do projeto
de intervenção X X X
pedagógica
Entrega do projeto de
intervenção X
pedagógica no NRE
Grupo de trabalho em
rede – GTR X X X X X X
Elaboração do material
didático pedagógico X X
Entrega do material
didático pedagógico no X
NRE
Apresentação do
24

projeto de intervenção X
pedagógica à escola
Implementação do
projeto na escola X X X X X X
Leituras relacionadas
ao material didático X X X X X X
pedagógico – grupo de
estudos na escola
Avaliação geral do
projeto X

Ações 2011
Atividades fev mar abr mai
Revisão bibliográfica X X X X
Encontros de orientação X X X X
Elaboração do trabalho
final: Produção do artigo X X X X

11) Referências

BRASIL. TÍTULO II. ORGANIZAÇÃO ESCOLAR. Disponível em: <


http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo >, acesso em: 03. Mar. 2010

BRZEZINSKI, I. Pedagogia, pedagogos e formação de professores. 4. ed.


Campinas: Papirus, 2002.

GARCIA, Regina Leite. Síntese das anotações dos especialistas no encontro com a
professora Regina L. Garcia. Palestra: O papel do especialista na escola atual. In:
Evento: O papel do especialista na escola atual. Secretaria Municipal de
Educação de Itajaí, 1995.

GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico - Crítica. 2.ed.
rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

KUENZER, Acácia Zeneida. A pedagogia da fábrica. São Paulo, Cortez, 1985.


p.17.
25

_______________________. A formação de educadores no contexto das


mudanças no mundo do trabalho: novos desafios para as faculdades de
educação. In: Educação& Sociedade. v. 19 n. 63. Campinas, Ago. 1998.

________________________. Trabalho pedagógico: da fragmentação à


unitariedade possível. In: AGUIAR, Márcia Ângela da Silva; FERREIRA, Naura Syria
Carapeto (Orgs.). Para onde vão a orientação e a supervisão educacional?
Campinas: Papirus, 2002.

LIBANEO, José Carlos. Pedagogia, Ciência da Educação? Selma G. Pimenta


(org.). São Paulo; Cortez, 1996, p. 127.

____________________. Diretrizes curriculares da pedagogia: imprecisões


teóricas e concepção estreita da formação profissional de educadores. In:
Educ. & Soc., Campinas, v. 27, n. 96, out. 2006. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo >, acesso em 26 fev. 2010.

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de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 130, p. 99-134, jan./abr. 2007. Disponível em:
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