MAIO / JUNHO 99
EYMBA ACUAY
O serviço das abelhas sem ferrão
Editorial
Rogério Marcos
Quando iniciamos uma conversa sobre abelhas sem
ferrão a primeira pergunta que se faz é: “como vocês
conseguiram retirar o ferrão dessas abelhas?”. Isso
demonstra o pouco conhecimento que se tem das
espécies nativas.
O objetivo deste informe é tornar acessível ao
público essas informações, enfatizando não só a
criação, mas principalmente a preservação das
espécies encontradas em nosso estado.
Literatura
BIOLOGIA DAS ABELHAS SEM FERRÃO,
organizado por Hayo H. W. Velthuis. Utrecht,
Holanda.
À venda no Instituto de Biociências da Universidade
de São Paulo, Rua do Matão, Travessa 14 - 321,
Caixa Postal 11.461, Butantã, CEP 05.422-970.
S.Paulo - SP.
Eventos
 42º Congresso Internacional de Apicultura -
Apimondia - 2011 Argentina
Data do Evento: 1 Setembro 2011
Entidade Promotora: APIMONDIA
Local:Buenos Aires / Argentina
ARGENTINA SADA - Sociedad Argentina de
Apicultores
Rivadavia, 717 - 8° piso,1392 Buenos Aires
Tel.: +54-11-43438171
Fax: +54-11-43438171
Email: secretario@sada.org.ar
Nº 01
Endereços úteis
Grupo de Pesquisa Insecta
Campus Universitário,
Cruz das Almas, Bahia, Brasil.
CEP.: 44380-000
Telefax: (75) 36212002
E-mail: insecta@ufrb.edu.br
www.insecta.ufrb.edu.br
Planta Meliponícola
Mimosa caesalpinaefolia Benth.
Sabiá, Sansão do Campo. Família Leguminosae-
Caesalpinaceae. Árvore nativa do Nordeste. Floresce
nos meses de maio a julho no Litoral Norte da Bahia.
Possui flores brancas aromáticas, que fornecem
néctar e pólen às abelhas. Seu plantio em áreas
brejosas contribui para a manutenção de nascentes,
além de fornecer estacas para cerca após a floração.
Atualmente está bastante difundida para confecção
de cercas vivas, forragem para o gado, recomposição
de áreas degradadas. Sua reprodução pode ser por
sementes ou estaquia. Produz mel de coloração
âmbar claro. A produção de mel de sabiá é
prejudicada, devido à floração corresponder ao
período de chuvas o que inibe a colheita de néctar, e,
portanto diminuindo também o conteúdo de açúcares
no néctar em conseqüência do alto teor de umidade
do solo e do ar.
Cursos
Curso da capacitação em Meliponicultura
Data prevista 02, 03, 04 de dezembro 2011
Grupo de Pesquisa Insecta
Núcleo de Estudos dos Insetos
1
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Programa
Módulo I: espécies de meliponíneos da região semi-
árida da Bahia de interesse para a produção do mel;
caixas racionais e materiais Meliponícola; produtos
meliponícolas; meliponários; aspectos biológicos de
interesse para o manejo; pastagem apícola.
Módulo II: qualidade do mel de meliponíneos; boas
práticas de fabricação; análise físico-química e
microbiológica do mel.
Módulo III: translado de colônias para caixas
Racionais; divisão de colônias em caixas racionais;
Alimentação artificial; inimigos naturais.
Módulo IV: produção de geoprópolis;
beneficiamento do samburá; processo de
desumidificação do mel; melissopalinologia.
Vocabulário
. Meliponário - local onde ficam as caixas de abelhas
sem ferrão.
. Meliponicultor - a pessoa que cria abelhas sem
ferrão.
. Meliponicultura - criação de abelhas sem ferrão.
Este nome é derivado do nome da subfamilia das
abelhas (Meliponinae).
. Eira Si - eira = abelha ou mel; si = mãe.
. Ebora - pólen
. Uruçu - uru ou eira = abelha; uçu = grande
Conheça as ASF
As abelhas sem ferrão fazem seus ninhos em troncos
de árvores, e para isso utilizam o Batume - que é o
nome dado a uma mistura de barro e própolis,
também denominada de geoprópolis. Constitui uma
característica do gênero Melipona. A utilidade do
batume é de tapar frestas e / ou delimitar cavidades
em ocos.
Algumas espécies agregam outras substâncias e
materiais à mistura, o que traduz a idéia de material
sujo. Na tribo trigonini (jatais, mosquitinho...) o
batume é constituído de cera e resina. O batume das
Uruçus (Melipona scutelaris e M. rufiventris) são
misturados de tal forma que torna difícil a separação
entre o barro e a própolis. Em Mandaçaia (Melipona
quadrifasciata) e Jandaira (Melipona subnitida) essa
mistura tem textura grosseira, facilitando a
separação. A utilização desses produtos para a
produção de extrato requer cuidados, pois são
escassos os estudos sobre sua composição e potencial
de uso. Em nossa região os meliponicultores
fornecem barro proveniente de local livre de
contaminação (lixos, esgotos, curral) o que pode
ajudar na exploração desse produto.
Lançamento
Em breve a meliponicultura nacional estará
comemorando o lançamento de um periódico (título
Sem Ferrão) destinado a informar sobre temas
exclusivamente ligados aos meliponineos. A edição
estará a cargo da equipe do Departamento de
Genética da Universidade Federal de Uberlândia.
Aguardamos ansiosos mais uma contribuição a essa
atividade.
Projeto Abelhas no Zôo
A conscientização do público acerca da vida das
abelhas é o tema do Projeto Abelhas no Zôo,
desenvolvido em parceria entre a Escola Agrotécnica
Fed. de Catu e Zoológico de Salvador. A criação do
espaço (meliponário) é dirigido ao público de todas
as idades, por meio da utilização de espécies de
abelhas nativas (meliponineos) conhecidas
principalmente na zona rural. A proposta é informar
quanto aos aspectos de comportamento, biologia,
manejo e preservação das abelhas e sua importância
para o homem e o meio ambiente.
Classificados
Meliponário Rei da Mandaçaia
Nosso Meliponário é um empreendimento familiar
especializado na criação, manejo e comercialização
de produtos e subprodutos de Abelhas Indignas sem
Ferrão com alta qualidade, cadastrado no IBAMA
CTF: 1681253. O nosso Meliponário principal está
situado no Distrito de Hidrolândia, Uibaí estado da
Bahia, e em outros dois municípios, Canarana e Feira
de Santana também na região Semiárida do estado.
Contato: Km 4 da estrada para o Arrecifinho S/N,
CEP: 44955-000, Hidrolândia, Uibaí, Bahia.
Telefones: (74)3695-5045/9995-2610/8803-1683,
(75)9110-2356.
Email: meliponarioreidamandacaia@hotmail.com
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Os Índios e as Abelhas Sem Ferrão
Quando aqui aportaram os portugueses, os índios já
conheciam as abelhas sem ferrão. O mel e a cera que
utilizaram até o século XIX eram provenientes, em
parte, dessas abelhas. Aspectos biológicos,
comportamentais e terapêuticos dos seus produtos
foram descritos pelos índios no seu idioma cujos
temas perduram até os dias atuais. (Como exemplo
temos os nomes vulgares das abelhas nativas: Jatai,
Mandaçaia, Irai...). Em homenagem a eles, adotamos
um termo Tupi para nomear nosso periódico. Eymba
Acuay (eymba = prefixo sem e acuay = ferrão).
Pretendemos inserir a cada edição na coluna
vocabulário alguns termos indígenas relacionados às
abelhas.
Cadastro de Meliponicultores
Com essa edição iniciaremos o cadastramento dos
criadores de Abelhas Sem Ferrão, para isso pedimos
que nos enviassem informações como sugere a ficha
abaixo para:
meliponarioreidamandacaia@hotmail.com
Nome:
________________________________________
Telefone/Fax:_______________________________
Nome da abelha que cria ou estuda:
___________________________________________
Endereço:___________________________________
Municipio_____________________CEP__________
O que produz (mel, pólen, própolis,
enxames):__________________________________
Dúvidas na criação de Abelhas
Sem Ferrão
Rogério Marcos de O. Alves
Os neófitos e mesmo os meliponicultores mais
antigos encontram dificuldades quando resolvem
manejar seus enxames, pois a escassez de estudos
que venham a elucidar os problemas da criação torna
difícil desenvolver essa atividade. Selecionamos,
portanto algumas das principais questões que
atormentam os aficionados dessa atividade
genuinamente nacional.
01. Que espécie criar
São aproximadamente 400 as espécies existentes de
meliponineos (abelhas sem ferrão) e mais de 80 %
são encontradas no brasil..
A regra básica sobre qual a espécie a criar é a
seguinte:
Devemos inicialmente determinar qual a finalidade
da criação e as condições climáticas do local, para
podermos escolher dentre as espécies existentes na
região, evitando introduzir espécies exóticas, que
poderão causar danos irreparáveis ao meio ambiente,
além de tornar o produtor dependente da aquisição
periódica de material genético proveniente da região
de origem. A finalidade desse procedimento é evitar a
consangüinidade, que provoca a perda de muitas
colônias. A introdução de uma espécie exótica
necessita de um estudo criterioso do impacto
ambiental que a mesma causará. O estado da Bahia
tem uma diversidade de ambientes onde o
meliponicultor encontra uma ampla variedade de
espécies:
Regiões da caatinga: mandaçaia, munduri, jataí,
tubi, moça branca;
Matas: uruçú, jataí, moça branca;
Serras: uruçú, mandaçaia;
Cerrado: mandaçaia, jataí.
Muitas são as espécies existentes e escassos são os
estudos realizados quanto ao comportamento,
biologia e potencial produtivo.
02. Qual o tipo de caixa adequado?
A quantidade de espécies e os diferentes aspectos
comportamentais propiciam o surgimento de tipos
distintos de caixas, o que provoca uma confusão ao
iniciante. Estudos realizados (alves e sousa 1991)
demonstraram quais as caixas mais recomendadas
para produção de mel, própolis e pólen. A nível de
produtor de mel, recomendamos a caixa Maria,
porque permite maior facilidade no manejo.
03. Qual a produtividade de mel esperada?
Quando falamos sobre abelhas sempre nos referimos
a mel, porém as abelhas constituem um dos animais
de maior diversificação de produtos oferecidos:
(polinização, mel, pólen, geoprópolis, cera). Quanto
à produção de mel, avaliações em meliponários e no
campo confirmam:
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URUÇÚ - 5,0 a 8,0 litros
JATAÍ - 1,0 litro
MANDAGUARI - 2,5 litros
MANDAÇAIA -2,0 a 3,0 litros
A produção por caixa é menor que a africanizada,
porém o mel é bastante apreciado, de maior valor por
litro e a densidade de caixas aumenta a
produtividade, além de não oferecer perigo ao
criador.
04. Plantas indicadas como pastagem
As espécies de abelhas sem ferrão do nosso país são
adaptadas à polinização de espécies da nossa flora, o
que as torna muito importantes na perpetuação de
diversas espécies vegetais. Exemplos de plantas
utilizadas são: aroeira, urucum, ingá, buracica,
quixabeira, angico, juazeiro, munzê, goiabeira.
05. Como dividir os enxames
São duas as tribos:
Meliponineos - suas rainhas são encontradas nos
favos em proporção de até 25 % geneticamente
predeterminadas, o que torna a multiplicação fácil.
Para a divisão devemos utilizar duas caixas com
famílias fortes: uma doará os favos e a outra a rainha
mãe e o local onde ficará a caixa nova.
Trigonineos - necessitam de uma rainha virgem ou
da existência de realeiras para a formação de novos
enxames, mas utiliza-se o método anteriormente
citado e transfere-se a rainha virgem ou o favo com
realeira para a colméia filha.
06. O mel de abelhas sem ferrão é diferente do
mel das abelhas africanizadas?
Sim. Os méis dos meliponineos possuem maior
quantidade de água (acima de 20 %), enquanto que o
mel da abelha africanizada tem 17 % a 20 % de água.
A concentração de açúcares é menor (70 %) nas
abelhas sem ferrão, o efeito terapêutico ainda não foi
comprovado cientificamente.
07. O samburá vira mel
O samburá é a denominação cabocla para o pólen que
é recolhido das flores e armazenado em potes, com
finalidade de misturar ao mel para servir de alimento
às abelhas. O alto teor de proteína (30 %) torna este
produto muito valioso para o consumo, porém
devemos adquirir em meliponário credenciados.
08. Pode-se criar africanizadas e sem ferrão na
mesma área
Devemos observar na localização do meliponário ou
apiário, a oferta de alimento para as abelhas (pólen,
néctar). Desde que exista abundância de plantas
necto poliniferas, não haverá concorrência entre as
abelhas. Quando da época de escassez de alimento o
meliponicultor deve alimentar suas abelhas.
A pilhagem que ocorre entre elas, é originada
geralmente pelo fato de um dos enxames armazenar
alimento em quantidade ou então a família está fraca
no seu desenvolvimento.
São muitas as dúvidas, pois o conhecimento dos
meliponineos é ainda incipiente, porém pretendemos
sempre que possível esclarecer aos interessados.
Envie-nos suas dúvidas.
Calendário de floração
Sabiá - Mimosa Caesalpinaefolia - maio/junho.
Urucum - Bixa orellana - março/junho
Mimo do céu - Antigonus Leptopus - ano todo.
Abóbora do mato - Cucurbita sp. - maio/ junho.
Margaridão - abril/ maio.
Redação Original
Editor Responsável: Engº Agrônomo - Rogério
Marcos de O. Alves
Colaboradores:
Gislene Almeida Carvalho_ MSc. Bióloga/UFU
Maria Amélia S. Martins_ Med. Veterinária
Sheila Coringa L.Garcia_Acad. Biologia/UNEB
Reedição
Engenheiro Agrônomo: Márcio Pires de Oliveira
Email: meliponerioreidamandacaia@hotmail.com
Home Page: www.meliponarioreidamandacaia.com
Contatos: (74) 3695-5045/9995-2610/8803-1683
(75)9110-2356.
Obs: Como a publicação e antiga tive que retirar
algumas notas, porém estarei atualizando na medida
do possível; cotações, eventos, endereços etc.
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