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Ponte de Sor, 29 de Janeiro de 2006

Alterações climáticas:
impacto na Agricultura

Pedro Aguiar Pinto


(ISA/UTL)
GreenISA’11 Dia das Energias Renováveis
25 de Março de 2011
Inteligibilidade é uma precondição da verdade.
Se não se pode dizer se um conjunto de palavras diz
alguma coisa, também não se pode dizer se diz alguma
coisa verdadeira
Simon Blackburn

Se só se tem 30 minutos para falar, praticamente tudo


o resto tem que ser sacrificado à brevidade
C. S. Lewis
Ponte de Sor, 29 de Janeiro de 2006
(Alto Alentejo)
Mora, 17 de Janeiro de 2006
(Alto Alentejo) ~~ 30 km
Alterações climáticas
• Alteração vs. mudança
– Climate change;
– changement climatique;
– cambio climático
– Alteração – do latim alter – um outro
• Temos ou vamos ter “um outro”
clima?
– Não sabemos
• O clima muda?
– Sim
Clima e tempo

• O clima é como o tempo

Se não me perguntam sei o que é.


Se me perguntam, já não sei.
Santo Agostinho (séc. V)

• O clima é o tempo que faz no tempo que


corre
Clima e tempo
• Tempo
– O tempo é o estado momentâneo da
atmosfera sobre um determinado lugar,
caracterizado pela combinação de
grandezas como temperatura, pressão, teor
de humidade e movimento
• Clima
– Descreve padrões de tempo (meteorológicos)
no tempo e no espaço
Variação climática

• O tempo é variável e de previsão


difícil e imprecisa

• Como avaliar a variação [do padrão de


(variação do tempo) - o clima?]
– Tentando conhecer o clima num longo período de
tempo
England and Portugal
London: 51 32 N

Lisbon 38 44 N
Main climate differences
25

London
Lisbon

20

15
Average monthly air temperature

10

longer growing season

0
January February March April May June July August September October November December
Rainfall (mm)

0
20
40
60
80
100
Ja
120
nu
a ry
Fe
br
ua
ry

M
ar
ch

Ap
Lisbon
London

ril
• Annual rainfall

– London 754 mm
– Lisbon 752 mm

M
ay

Ju
ne

Ju
ly

Au
Rainfall

gu
s t
Se
pt
em
be
r
O
ct
ob
er
No
ve
m
be
r
De
ce
m
be
r
Seasonal rainfall pattern
Mora (617 mm)

20%

39%

6%
Spring

Summer

Fall

Winter

35%
Water deficit during the
growing season
Rainfall ETo Soil water
mm
180

155
Soil moisture utilization
130

105 Rainfall surplus


Rainfall deficit
80

55

30

-20 J F M A M J J A S O N D

-45

-70

-95

-120 Mean soil water balance (ETo Penman)


Mora, Portugal
925
Annual rainfall variability Annual rainfall variability
850

775 30 anos é bastante


tempo, mas não
700
encontramos padrão…

625 30 year average =


617 mm

550

475

400

325

1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985


Clima e Agricultura

- De que te queixas Mas ele,


ele, de traiçoeiro,
traiçoeiro,
vilão?
vilão? Sem ganhar nisso ceitil
- De Deus, que é coisa Vai dar chuvas em
provada Janeiro
Que me tem grande E geadas em Abril
tenção.
tenção. E calmas em Fevereiro
Vêde vós?
vós? Eu,
Eu, padre, E névoas no mês de
digo Maio
Que tempere a E meado de Julho,
Julho,
invernada pedra
E deixe criar o trigo.
trigo.
Romagem dos Agravos
Romagem de Agravados Gil Vicente (1553)
Influências do clima na Agricultura
• O clima condiciona a resposta às perguntas
O que semear/plantar?
– Onde?
– Quando?
A tarefa da agricultura é preencher adequadamente os nichos ecológicos
disponíveis..
disponíveis

• Por outro lado, lado, condiciona o comportamento


fisiologia)) da cultura e por isso,
(fisiologia isso, a sua performance e rendimento.
rendimento.

Finalmente,, condiciona a sua gestão


• Finalmente gestão::
– sequência,
– oportunidade
– qualidade das operações
e, por isso, também, a eficiência do uso dos factores de produção (água, por
exemplo)
Perda de água

Temperatura do ar
Trocas de
CO2 e H2O
Balanço da radiação
.

líquida e visível

Superfície
do solo

Temperatura do solo
N, P, K, etc. H2O

Produção - um processo dinâmico

A compreensão da formação da produção agrícola implica, portanto, a exploração, em cada


momento, das características das principais trocas entre a planta e o seu ambiente, que quando
sobrepostas à evolução da cultura no tempo são grosseiramente evidenciadas na figura.
A resposta dos seres vivos é uma “medida” integradora inequívoca de alterações nas
condições do meio.

Duração média do
1
período de crescimento
das plantas de 1961-
1998

Dados de detecção
remota por satélite
mostraram um avanço
de 8 dias na data de
abrolhamento nas
florestas de altitude na
Europa entre 1982 e
1990 (Myneni et al.
1997).
No futuro a estação seca poderá ser de maior duração
A B
Number of dry months, i.e.
P/PET <0.5, in the present
(A) and in the future
climate scenario (B) for
Contientel Portugal under
a [CO2] in the atmosphere
twice the present. The
future scenario suggests a
longer dry season (Hadley
Centre Regional Climate
Model - HadRM).
Como “avaliar” o efeito sobre as
culturas?

• O que se altera quando dizemos que


o clima muda?
– Temperatura
– Precipitação
– Evapotranspiração real? Potencial?
– Humidade relativa
– [CO2]
Resposta de dois sistemas fotossintéticos diferentes ao aumento da
Fotossíntese [CO2]
(mg CO2.dm-2.h-1)
100

Milho [C4]
50

Trigo [C3]

0
0 200 400 600 800
Fonte: Parry, 1990.
CO2 (ppmv)
Projecto SIAM (Alterações Climáticas em Portugal:
Cenários, Impactes e Medidas de adaptação)
• primeiro projecto de estudo de vulnerabilidade às alterações climáticas em
Portugal, coordenado pelo Prof. Filipe Duarte Santos (FC/UL)
• abordagem interdisciplinar
http://www.siam.fc.ul.pt/

CLIMA
Uso de modelos climáticos (GCM e RCM)
para gerar cenários climáticos
(a) GCM

Cenário Baseline
Série de x anos simulados com as
características do clima presente

(b) RCM

Cenário Futuro
Série de x anos simulados com as
características do clima futuro
(2080)
(c) Observações

fonte: Noguer, 1998


• Modelos de simulação

yield (kg/ha) LAI


5000 5

4500

4000 4

3500

3000 3

2500

2000 2

1500

1000 1

500

0 0
50 100 150 200 250 300
Days after Planting

GRAIN WT kg/ha (PLANT GRO) Run 1 GRAIN WT kg/ha (KSAS8101 WHT ) T RT 6/1
LAI (PLANT GRO) Run 1 LAI (KSAS8101 WHT ) T RT 6/1
Dados - “input” do modelo
Local Cultura Solos Dados climáticos
diários

Sigla Bp Bp Bp
Horizonte Ap B BC
Prof_topo 0 30 45
Prof_base 30 45 65
Areia_grossa 7.8 6.9 11.1
Areia_fina
Limo
25.0
21.6
24.6 19.7
18.5 21.5
Provenientes
Argila
C_org
45.6
0.37
50 47.7 de cenários
pH_agua 6.7 7.0 7.1 climáticos
DAP 1.26 1.2 1.22

Dados analíticos de um CM 46.5 47.3 42.8 HADRM


CC 44.5 35.7 36.8
barro preto – Bp CE 18 18.8 18.6
Perm_const 0.6 0.74 0.76
“Output” do modelo

yield (kg/ha) LAI


5000 5

4500

4000 4

3500

3000 3
2500

2000 2

1500

1000 1

500

0 0
50 100 150 200 250 300
Days after Planting

GRAIN WT kg/ha (PLANT GRO) Run 1 GRAIN WT kg/ha (KSAS8101 WHT ) T RT 6/1
LAI (PLANT GRO) Run 1 LAI (KSAS8101 WHT ) T RT 6/1
Cenários de produtividade do
trigo
a b c d
10 Norte Trigo
8 RM3A
6
4
2
0

Área (10 ha)


Centro
10

9
5

12 0
10 LVT
8
6
4
2
0
Alentejo 25
20
15
10
5
4 0
3 Algarve
2
1
0

-50 - -25%

-25 - 0%

25 - 50%
< -50%

0 - 25%

50 - 75%

> 75%
0

00
00

00
00

00
00

00

kg/ha
20
30

60
10

40
50

70

Variação de produtividade

Produtividade de trigo simulada com dados do modelo HadRM3: (a) controlo, (b)
cenário A2, (c) variações de produtividade, (d) histogramas da distribuição da área
por classes de diferença de produtividade.
Cenários de produtividade do milho

a b c d 12 Norte Milho
RM3A
10
8
6
4
2
0
16

Área (10 ha)


Centro 14
12

9
10
8
6
4
2
10 0
8 LVT
6
4
2
0 20
Alentejo 15
10
5
3 0
Algarve
2

50 - 75%

> 75%
< -50%

-50 - -25%

-25 - 0%

0 - 25%

25 - 50%
0
00

0
0

00
00

00

kg/ha
50

20
10

15

Variação de produtividade

Produtividade de milho simulada com dados do modelo HadRM3: (a) controlo, (b)
cenário A2, (c) variações de produtividade, (d) histogramas da distribuição da área
por classes de diferença de produtividade.
Variação do consumo de água em vários cenários
de produção de milho (Vale do Sado)

HadRM2

a b c

Baseline Futuro %diferença

HadRM3

d e f

Volume de rega estimado para a cultura de milho: para a situação actual com os dados climáticos dos modelos HadRM2 (a) e
HadRM3 (d); para a situação futura com os dados climáticos dos modelos HadRM2 (b) e HadRM3 - cenários A2 (e); e diferenças
entre futuro e actual com os dados climáticos dos modelos HadRM2 (c) e HadRM3 - cenários A2 (f).
8.000 Milho HadRM3 A2c

Área (10 m )
Continente
6.000

7
4.000

2
Necessidades de rega (mm) 2.000

0
8.000
Braga

Área (10 m )
6.000

2
6
4.000

2.000

0
8.000 Santarém

6.000

Área (10 m )
Variação das 4.000
necessidades de rega (%)

6
2.000

2
0

=< 0

0 - 25

25 -50

50 -75

> 75
Variação das necessidades de rega (%)
Simulação A2c Simulação B2a

Cultura Célula Controlo 2071 Controlo 2071


Milho 12 Duração
(dias) 186 115 186 123
(Braga)
8649 - 11233 Nec.
rega 262 415 264 379
(mm)
ET (mm)
681 660 682 636

WUE
(kg m-3) 1,65 1,31 1,63 1,54

46 Duração 186 113 186 120


(Santarém) (dias)

8740 - 9899 Nec.


rega 426 445 427 448
(mm)
ET (mm)
729 609 728 620

WUE
(kg m-3) 1,31 1,44 1,36 1,47
Medidas de adaptação

• Ajustar a duração da cultura à estação de


crescimento mais favorável
– Antecipação da data de sementeira
– Adaptação do ciclo das cultivares às “novas”
condições ambientais
– Novas culturas; variedades de ciclo mais longo
Estação de crescimento mais longa

Temperaturas menos limitantes de Inverno

Possibilidade de culturas hortícolas de climas mais


quentes (melão, meloa, tomate,…)

Eventuais dificuldades em culturas que precisem de frio


(Brassicas)

Maiores consumos de água no Verão

Antecipação das culturas pode, no entanto, anular este


efeito sobrepondo a estação de crescimento à estação
húmida

Menor necessidade de recurso a estufas/invernadero


Maior crescimento de erva de Inverno
Maiores necessidades de água de Verão
Recurso a novas espécies:
Gramíneas tropicais

Lollium (C3) vs. Pennisetum purpureum (C4)


Último Inverno registou fenómenos extremos
DN 2011-03-22 Lusa

O Instituto de Meteorologia (IM) informou hoje, em comunicado, que este Inverno foi
caracterizado pela ocorrência de "fenómenos extremos", sendo "mais frio que o normal"
pelo terceiro ano consecutivo.
Os "fenómenos extremos" a que o IM se refere são o tornado que afectou a zona oeste em
Dezembro, os episódios de neve no Norte e no Centro, as duas ondas de frio em Janeiro e
em Fevereiro, a chuva com queda de granizo em Dezembro e Janeiro e os ventos fortes de
Fevereiro.
O valor total da precipitação foi de 394,0 mm, superior ao valor normal [período de 1971-
2000] de 352,5 mm, informa o IM, acrescentando que o inverno se classificou como
"normal a chuvoso em quase todo o território do Continente, sendo muito chuvoso na
região de Lisboa e no barlavento algarvio".
Quanto ao valor médio da temperatura máxima, média e mínima, este foi "ligeiramente
inferior aos respectivos valores normais, com anomalias de -0,3ºC". "Nos últimos dias do
mês de Janeiro e início de Fevereiro, ocorreram valores da temperatura mínima do ar muito
baixos, nomeadamente nas regiões do interior Norte e Centro do Continente, verificando-se
pelo terceiro ano consecutivo um inverno mais frio que o normal", adianta ainda o IM.

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