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Abordagem fisioterapêutica na

doença de Parkinson
Cíntia Ribeiro de Sant*
Sheila Gemelli de Oliveira**
Emerson Luis da Rosa**
Joice Sandri, Mirian Durante**
Simone Regina Posser**

Resumo Introdução
A doença de Parkinson é uma A doença de Parkinson é um distúr-
doença crônico-degenerativa do siste- bio crônico e degenerativo dos gânglios
ma nervoso central que afeta uma em da base. Consiste numa diminuição nas
cada mil pessoas acima de 65 anos e
uma em cada cem acima de 75 anos.
reservas de dopamina na substância negra,
Indivíduos com esta doença apresentam com uma conseqüente despigmentação
bradicinesia, tremor, rigidez, diminui- desta estrutura, e tem sido proposto que
ção da força muscular e da aptidão fí- a doença é uma aceleração anormal do
sica, alterações cognitivas, tendência ao processo de envelhecimento (UMPHRED,
isolamento e depressão. Tais alterações 2004).
favorecem o sedentarismo, a dependên- Acometendo indivíduos a partir dos
cia e a piora na qualidade de vida. Em
quarenta anos, a doença de Parkinson
razão de sua alta ocorrência, este artigo
de revisão bibliográfica aborda tópicos caracteriza-se, clinicamente, por tremor,
referentes à doença de Parkinson para rigidez, lentidão de movimentos, perda
um maior conhecimento sobre o tema, da expressão facial, postura encurvada,
levando em conta a importância do distúrbios psíquicos e comprometimento
tratamento fisioterapêutico no tocante
à minimização dos déficits funcionais
nestes pacientes. *
Professora do curso de Fisioterapia da Univer-
sidade de Passo Fundo. Mestra em Gerontologia
Palavras-chave: Fisioterapia. Doença de Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul.
Parkinson. **
Acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universi-
dade de Passo Fundo.

Recebido em set. 2006 e avaliado em nov. 2007

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das atividades diárias. É uma das patolo- Epidemiologia
gias mais comuns do idoso, acometendo
É uma doença lentamente progressi-
cerca de 1% da população (PEREIRA et
va, pois afeta um em cada mil indivíduos
al., 2000).
acima de 65 anos e um em cada cem após
Tendo como base esses fatores, o pre-
os 75 anos (GOULART, 2005).
sente estudo de revisão bibliográfica tem
Embora a probabilidade de desen-
como objetivo o conhecimento sobre a
volver a doença de Parkinson aumente
patologia e intervenção fisioterapêutica,
conforme a idade, a maior incidência
visto que a fisioterapia tem como objetivo
dos casos se manifestará entre 50-70
minimizar os problemas motores causados
anos (TREVISOL-BITTENCOURT et
tanto pelos sintomas primários da doença
al., 2005). Entretanto, indivíduos com
quanto pelos secundários, ajudando o pa-
idade inferior a quarenta anos podem ser
ciente a manter a independência para rea-
acometidos pela síndrome (MENESES;
lizar as atividades do dia-a-dia, melhoran-
TIEVE, 2003).
do sua qualidade de vida (GREENBERG
et al., 2005; PIEMONTE, 2003). Etiopatogenia
A doença de Parkinson é uma doen-
Considerações sobre a doença ça neurodegenerativa, ou seja, acomete
de Parkinson células nervosas e provoca sua morte.
A doença de Parkinson é uma doença Mais especificamente, acomete células
crônica e degenerativa do sistema nervoso da substância negra, que fazem parte do
central que acomete os gânglios da base. É sistema dopaminérgico dos núcleos da
caracterizada pela redução de dopamina base, sistema que transmite sinais que
na via negroestriatal, resultante da morte controlam os movimentos do corpo (PE-
de neurônios da substância negra cerebral REIRA et al., 2000).
(GOULART et al., 2005). É caracterizada pela destruição dos
É um distúrbio neurológico, progres- neurônios da substância negra, o que
sivo e crônico, que afeta os movimentos ocasiona a diminuição da produção de
causando tremores, lentidão, rigidez mus- dopamina, com destruição da via nigroes-
cular, alterações na postura e na marcha triatal e subseqüente perda da dopamina
e dificuldades na fala e na escrita, redu- estriatal (MENESES; TIEVE, 2003). Essa
zindo a capacidade física e a qualidade degeneração do sistema nervoso central
de vida do indivíduo (CARDOSO et al., leva à falência dos dispositivos neuro-
2001). nais, que, além de serem incapazes de se
Foi definida pela primeira vez em renovar, são particularmente sensíveis
1817, pelo médico inglês James Parkinson, ao envelhecimento. Com a senescência,
o qual descreveu seis casos de pacientes reduz-se, fisiologicamente, o número de
com “paralisia agitante” que não apresen- neurônios (PEREIRA et al., 2000).
tavam “nenhum prejuízo dos sentidos e do Inúmeros fatores têm sido relacio-
intelecto” (BOTTINO, 2006). nados ao processo etiopatogênico da
doença de Parkinson, como a ação das

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neurotoxinas ambientais, com base no rkinsoniano tende a reduzir a quantidade
surgimento de casos de parkinsonismo em e a variedade de suas atividades, tendo,
usuários de heroína, a exposição de toxi- dessa forma, redução de sua aptidão física
nas agroindustriais e o consumo de água (RODRIGUES et al., 2005).
de poço, também considerados fatores de A rigidez caracteriza-se por uma resis-
risco (PEREIRA et al., 2000). Tem sido tência aumentada ao movimento passivo
apontado ainda o estresse oxidativo, cau- por toda a amplitude de movimento. Pode
sado pelo desequilíbrio entre fatores que apresentar-se de dois tipos: em “cano de
promovem a formação de radicais livres chumbo”, na qual a resistência é suave ou
e os mecanismos de defesa antioxidativos plástica, e em “roda denteada”, em que
(TIEVE, 2003). Por último, a participa- a resistência é intermitente (STOKES,
ção de fatores genéticos pode predispor à 2000). Da mesma forma que a rigidez se
degeneração celular pela suscetibilidade apresenta nos músculos, apresenta-se nos
genética a toxinas ambientais e defeito órgãos internos, como fígado, estômago e
genético capaz de gerar toxinas endógenas intestino, tornando-os mais lentos (BRA-
e/ou dificultar sua remoção (PEREIRA et GA et al., 2002).
al., 2000). A manifestação inicial da doença de
A hipótese da contribuição do enve- Parkinson mais freqüentemente referida
lhecimento cerebral na etiopatogenia da é o tremor (LEVY; OLIVEIRA, 2003). É
doença de Parkinson baseia-se na preva- descrito como sendo de repouso, que se
lência aumentada da doença com o passar exacerba durante a marcha, no esforço
da idade, associado à exposição a um mental e em situações de tensão emocio-
agente tóxico, desencadeando, por conse- nal; diminui com a movimentação volun-
guinte, esta patologia (TIEVE, 2003). tária do segmento afetado e desaparece
Na atualidade, consideram-se como com o sono (NITRINI; BACHESCHI,
fatores etiológicos mais importantes a 2003). Está presente preferencialmente
combinação de predisposição genética nas extremidades, quase sempre distal-
com fatores tóxicos ambientais, ou seja, mente, e sua freqüência varia de 4 a 6 Hz
a chamada “causa multifatorial” (CAR- (GREENBERG et al., 2005).
DOSO et al., 2001). A bradicinesia (uma diminuição nos
movimentos) e acinesia (uma falta de
Características clínicas movimento) são caracterizadas por uma
inabilidade para iniciar e realizar movi-
Os sinais clássicos da doença de Par- mentos (UMPHERED, 2004).
kinson compreendem rigidez, tremor, Outra anormalidade que acomete o
bradicinesia, fácies amímica e, em alguns paciente parkinsoniano é a postura em
casos, disfunção cognitiva e evolução para flexão, que se inicia comumente nos bra-
quadros demenciais. A esse conjunto de ços e se dissemina até comprometer todo
sinais e sintomas denomina-se “síndro- o corpo (ROWLAND, 2002). Na posição
me parkinsoniana” ou “parkinsonismo” ortostática, há uma ligeira flexão em todas
(STEFANI et al., 2002). Conseqüente- as articulações, levando a uma “postura si-
mente ao quadro clínico, o paciente pa- miesca”, com joelhos e quadris um pouco

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flexionados, ombros arqueados e a cabeça causa alterações da função respiratória. A
para frente. Na posição sentada, o pacien- postura em flexão e a rigidez da muscula-
te tende a afundar na cadeira, deslizando tura intercostal comprometem a mobili-
para os lados e com a cabeça pendendo dade da caixa torácica, com conseqüente
para frente (STOKES, 2000). diminuição da expansibilidade pulmonar
A marcha é caracterizada por passos na inspiração e da depressão torácica na
curtos, arrastados e com ausência do expiração, levando a uma limitação pro-
balançar dos braços (GREENBERG et gressiva da ventilação (STOKES, 2000).
al., 2005). Em casos avançados, durante a Quanto aos distúrbios autonômicos
marcha ocorre uma aceleração involuntá- na doença de Parkinson, observa-se uma
ria, conhecida como “marcha festinada” hipotensão ortostática, que é assintomá-
(NITRINI; BACHESCHI, 2003). A ins- tica na maioria dos casos; alteração da
tabilidade postural é decorrente da perda termorregulação e temperatura cutânea,
de reflexos de readaptação postural, dis- caracterizada por ausência de sudorese
túrbio que não é comum em fases iniciais no tronco e membros, hiper-hidrose
de evolução da doença; eventualmente, compensatória na face e baixa eliminação
evidencia-se em mudanças bruscas de de calor; alterações pupilares, como o
direção durante a marcha; posteriormen- tempo de contração pupilar prolongado;
te, pode agravar-se e determinar quedas alterações do apetite; alterações do trato
freqüentes (PIEMONTE, 2003). gastrointestinal, como a sialorréia, disfa-
Como os tratos córtico-espinais estão gia e constipação intestinal; alterações do
normais, os reflexos abdominais superfi- trato geniturinário e alterações no humor
ciais e os reflexos tendinosos profundos (NICARETTA, 1998).
são normais (SNELL, 2003); a força mus- Há, na maior parte dos casos de
cular é reduzida na doença de Parkinson Parkinson, uma blefaroclonia (tremor
(RODRIGUES et al., 2005). das pálpebras fechadas) leve e, algumas
A fácies do paciente parkinsoniano vezes, blefaroespasmo (fechamento invo-
caracteriza-se pela inexpressividade, com luntário das pálpebras) (GREENBERG
olhar fixo, diminuição ou abolição da et al., 2005). As alucinações visuais e li-
mímica, aspecto gorduroso da tez e boca mitação da convergência ocular são outra
entreaberta com salivação abundante anormalidade freqüentemente observada
(SANVITO, 2002). Esses indivíduos apre- (NITRINI; BACHESCHI, 2003).
sentam incidência significativa de altera- Aos sintomas comumente se associam
ções de voz e fala (AZEVEDO et al. 2003). alterações cognitivas e de comportamento,
As alterações vocais mais freqüentes são como tendência ao isolamento, ansiedade,
rouquidão e soprosidade, com evidente distúrbios do sono, fadiga, problemas de
redução de intensidade, além de impre- memória e depressão, favorecendo o se-
cisão articulatória e gama tonal reduzida dentarismo e a dependência e interferindo
(SILVEIRA; BRASOLOTTO, 2005). na percepção de sua qualidade de vida
Cardoso e Pereira (2001) concluíram (RODRIGUES et al., 2005).
em seu estudo que a doença de Parkinson

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Classificação drogas que bloqueiam os receptores do-
paminérgicos, como os neurolépticos,
Define-se parkinsonismo como uma e os antivertiginosos (bloqueadores de
ampla categoria de doenças que apresen- canais de cálcio), como a funarizina e a
tam uma síndrome clínica semelhante cinarizina, são as que mais se destacam
à doença de Parkinson, com a presença (NITRINI; BACHESCHI, 2003).
de tremor em repouso, rigidez muscular Altas doses desses medicamentos são
plástica, bradicinesia e instabilidade problemáticas nos idosos e a gravidade dos
postural. Associados a esses podem ser efeitos observados pode estar relacionada
encontrados sinais piramidais, alterações com doença de Parkinson subclínica. A
da motilidade ocular extrínseca, sinais retirada desses agentes geralmente reverte
cerebelares, disfunção autonômica, neu- os sintomas após poucas semanas, embora
ropatia periférica e disfunção cognitiva. em alguns casos os efeitos possam perdu-
(MENESES; TIEVE, 2003). rar (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
a) Parkinsonismo primário ou c) Parkinsonismo plus ou
idiopático ou doença de Parkinson sintomático ou degeneração de
Representa 80% dos casos de parkin- múltiplos sistemas
sonismo (MENESES; TIEVE, 2003). A
É a denominação empregada para
etiologia é idiopática (O’SULLIVAN;
caracterizar quadros neurológicos em
SCHMITZ, 2004). Evidenciam-se com
que uma síndrome parkinsoniana está
freqüência sintomas em apenas um lado
associada a distúrbios autonômicos, ce-
do corpo (ROWLAND, 2003).
rebelares, piramidais, de neurônio motor
Têm sido identificados dois sub-
inferior, ou, ainda, de motricidade ocular
grupos clínicos distintos: um inclui
extrínseca (NITRINI; BACHESCHI,
indivíduos cujos sintomas dominantes
2003). Ocorre em associação com sinais e
são instabilidade postural e distúrbios
sintomas de outros distúrbios neurológi-
da marcha; outro, indivíduos nos quais
cos (GREENBERG; AMINOFF; SIMON,
o tremor é a principal característica
2003).
(tremor predominante) (O’SULLIVAN;
Causado por atrofia de múltiplos
SCHMITZ, 2004).
sistemas (degeneração estriatonigral,
b) Parkinsonismo secundário ou pós- atrofia olivopontocerebelar e síndrome
de Shy-Drager), paralisia supranuclear
encefálico
progressiva, degeneração córtico-basal,
É causado por drogas, intoxicações demência dos corpos de Lewy (NITRINI;
exógenas, infecções, doença vascular BACHESCHI, 2003; ROWLAND, 2003),
cerebral, traumatismo cranioencefálico, Lytico-Bodig, doença do neurônio motor,
processos expansivos do SNC, hidroce- atrofia palidal progressiva, demência
falia e distúrbios metabólicos (NITRINI; frontotemporal e doença de Alzheimer.
BACHESCHI, 2003), hipóxia, tumores Normalmente não apresenta melhora
e hemiatrofia (ROWLAND, 2003). As mensurável com a administração de medi-

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camentos anti-Parkinson, como a levodo- Faculdade de Medicina da USP e consiste
pa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). em uma bateria de testes neuropsicológi-
cos a que são submetidos os pacientes. Os
d) Parkinsonismo eredodegenerativo testes consistem em avaliar as funções de
ou familiar linguagem, raciocínio, atenção, percep-
ção visual, memória, funções executivas,
Causado por doença de Hallervorden-
copiar desenhos e palavras, ouvir e con-
Spatz, doença de Huntington, Lubag
tar estórias, nomear figuras e jogos que
(distonia-parkinsonismo ligada ao X),
exijam raciocínio lógico e planejamento
citopatias mitocôndrias com necrose
(PINTO, 2006).
estriada, neuroacantocitose e doença de
Outros modos de identificar a DP
Wilson (ROWLAND, 2003).
seriam o estudo dos distúrbios da fala,
Raramente o parkinsonismo ocorre
realizado por meio de um laboratório de
em base familiar. As mutações no gene
voz, e exame para visualizar as cordas
parkina (6q25.2-q27) são a principal causa
vocais, chamado “teleringoestroboscopia”,
de parkinsonismo familiar autossômico
aplicados em conjunto com o exame
recessivo de início precoce e de doença de
clínico neurológico. De acordo com o
Parkinson juvenil esporádica (GREEN-
autor, 89% dos pacientes parksonianos
BERG; AMINOFF; SIMON, 2003).
apresentarão distúrbios da fala, da voz e
da deglutição em alguma fase da doença
Diagnóstico diferencial (CERVANTES, 2006).
O diagnóstico da DP baseia-se prin-
cipalmente nas características clínicas de Tratamento clínico
parkinsonismos, como tremor, rigidez, O tratamento clínico-farmacológico
hipocinesia, marcha e postura anormais e da doença visa, principalmente, à reposi-
face sem expressão. Entretanto, o auxiliar ção da dopamina estriatal e à neuroprote-
diagnóstico mais importante talvez seja a ção, sendo utilizados para este fim drogas
resposta à levodopa. Os pacientes com DP anticolinérgicas, antidepressivas, amanta-
quase sempre apresentam uma resposta dina, piribedil, agonistas dopaminérgicos
satisfatória a essa droga. Se um paciente e a levodopa (MATOS et al., 1998).
não responder nunca à levodopa, o diag- A doença de Parkinson pode ser trata-
nóstico de alguma outra forma de Parkin- da com a administração do composto dopa
son é provável. Uma resposta à levodopa, (L-di-hidroxifenil-alanina), um precursor
porém, não confirma o diagnóstico de DP, da dopamina. O tratamento com dopa, en-
porque muitos casos de parkinsonismo
tretanto, não altera o curso da doença ou o
sintomático (por ex. MPTP pós-encefá-
ritmo no qual os neurônios da substância
lico, induzido por reserpina) e muitas
nigra degeneram (BEAR, 2002).
formas de síndrome de Parkinson-plus em
Apesar de ser a droga mais eficaz
seus estágios iniciais também respondem
na terapêutica sintomática da doença
à levodopa (ROWLAND, 2002).
de Parkinson, recomenda-se adiar o uso
Um novo método de diagnóstico
da levodopa nas fases iniciais da doen-
diferencial acaba de ser oferecido pela

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ça. Isso porque seu uso a longo prazo O tratamento cirúrgico do parkinso-
correlaciona-se com o desenvolvimento nismo pela talamotomia ou palidotomia
de complicações motoras significativas, com freqüência é útil quando os pacientes
como flutuações e discinesias (TEIXEI- não são responsivos às medidas farmaco-
RA JR.; CARDOSO, 2004). Atualmente, lógicas ou desenvolvem reações adversas
recomenda-se iniciar o tratamento sempre intoleráveis a medicações antiparkinso-
com agonistas dopaminérgicos; após atin- nismo (GREENBERG et al., 2005).
gir doses adequadas, se não houver boa A cirurgia algumas vezes é útil em
resposta, associa-se L-Dopa (STEFANI; pacientes relativamente jovens, com
BARROS, 2002). tremor e rigidez predominantemente
Quanto ao tratamento das síndromes unilateral e que não respondem à me-
parkinsônicas atípicas, não se conhecem dicação. A talatomia (o alvo é o núcleo
até agora tratamentos cuja eficácia seja ventral intermediário) é mais útil para o
comparável à da levodopa na doença de tremor, e a palidotomia (o alvo é a parte
Parkinson. Na falta de terapêuticas es- póstero-lateral do globo pálido interno),
pecíficas testa-se a eficácia da levodopa, mais eficaz no tratamento da distonia e
que, em alguns casos, beneficia transi- coréia (ROWLAND, 2002; GREENBERG
toriamente os doentes (GUIMARÃES; et al., 2005).
ALEGRIA, 2005). De resto, tomam-se medidas de su-
A determinação do estágio e grau de porte, sintomáticas, além de cuidados de
limitação funcional pela doença de Pa- fisioterapia (GUIMARÃES; ALEGRIA,
rkinson é útil no planejamento na terapia 2005).
antiparkinsoniana, no acompanhamento
da evolução da doença e na avaliação da Fisioterapia
qualidade da resposta à terapia instituída.
As medidas não farmacológicas com- A fisioterapia voltada para pacientes
preendem uma série de hábitos e medidas parkinsonianos tem como objetivo mi-
de valor especial na doença, por minimi- nimizar os problemas motores causados
zarem algumas de suas complicações. Tais tanto pelos sintomas primários da doen-
medidas são a educação, o tratamento de ça quanto pelos secundários, ajudando
suporte, o exercício e nutrição (BITTEN- o paciente a manter a independência
COURT, 2003). para realizar as atividades do dia-a-dia e
melhorando sua qualidade de vida, que
pode ser por uso de aparelhos auxiliares.
Tratamento cirúrgico Tais aparelhos podem incluir corrimões
A abordagem cirúrgica da doença de adicionais colocados de forma estratégica
Parkinson tem quase um século. Portanto, pela casa para suporte adicional, talheres
muito antes da introdução de medicação com cabos largos e toalhas de mesa anti-
dopaminérgica, cirurgias já eram executa- derrapantes (GREENBERG et al., 2005;
das para tratar tremor, rigidez e bradi- PIEMONTE, 2003).
cinesia, com graus variáveis de sucesso
(BITTENCOURT, 2003).

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Para Cram (2002), um programa de Conclusão
fisioterapia personalizada para o paciente
pode ajudar no controle dos problemas A doença de Parkinson é uma patolo-
posturais, nas deformidades e distúrbios gia única, de caráter crônico-degenerativa,
de marcha. Incluem-se no programa acarretando aos seus portadores transtor-
exercícios ativos e passivos, treinamento nos de movimento, coordenação, força
da caminhada, desenvolvimento de ati- muscular, além de diminuir a qualidade
vidades diárias, calor, gelo, estimulação de vida e levar ao isolamento e depressão.
elétrica e hidroterapia. Assim, medidas terapêuticas que possi-
Em estudo realizado, Cardoso e Perei- bilitem a esses pacientes manter a inde-
ra (2001) concluíram que a diminuição da pendência para realização das atividades
amplitude torácica foi o fator determinan- do dia-a-dia, melhorando a qualidade de
te das alterações respiratórias restritivas vida, são essenciais para minimizar algu-
dos parkinsonianos, limitando a elevação mas de suas complicações.
das estruturas do tórax e a expansibilidade Dentre essas medidas auxiliares, estão
pulmonar. Dessa forma, um programa de a educação do paciente e dos familiares,
fisioterapia respiratória direcionado para a terapia farmacológica, a de nutrição e
o aumento da amplitude torácica promove a fisioterapia, que tem papel primordial
a melhora da função respiratória e da ca- no tratamento desta patologia, reabili-
pacidade funcional desses pacientes. tando o paciente no aspecto funcional e
Com a progressão da doença, a coor- introduzindo-o novamente na sociedade.
denação motora fica comprometida e o
doente diminui suas atividades diárias, Physioterapic approach on
desencadeando uma atrofia muscular. Parkinson disease
Com o exercício, o aumento da mobili-
dade pode de fato modificar a progressão
da doença e impedir contraturas, além de Abstract
ajudar a retardar a demência (BRAGA et The Parkinson’s disease is a chro-
al., 2002). nic degenerate disease of the nervous
Por outro lado, exercícios não im- system that affects 1 in each 1000 pe-
pedem a progressão da doença, mas ople over 65 years old and 1 in each
mantêm um estado de funcionamento 100 people over 75 years old. People
with this disease show bradykinesia,
muscular e osteoarticular conveniente.
tremor, rigidity, decrease in muscular
Anos de evolução de rigidez e bradicinesia force and physical aptitude, alterations
produzem alterações patológicas ósseas in cognition, tendency to the isolation
(osteoporose e artrose) responsáveis por and depression. These alterations are
uma incapacidade funcional ainda mais favorable to a sedentary life, the depen-
limitante. Além disso, o bom impacto dos dence and a bad life quality. Because of
exercícios sobre a disposição e o humor its high occurrence, this article of bi-
são pontos favoráveis a esta terapia (BIT- bliography revision will accocst topics
about Parkinson’s disease, putting up
TENCOURT, 2003).

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