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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo discutir acerca de duas modalidades de obrigações,
polêmicas com relações a algumas profissões, e atos decorrentes de seu exercício. Tais
modalidades, presentes no Direito das Obrigações, são as Obrigações de Meio e de Resultado.
Serão apresentados alguns exemplos práticos com relação a áreas conhecidas, como a
Medicina e o Direito. EXISTE DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO? A
resposta é clara e objetiva: Sim. A diferença entre estas duas modalidades faz toda a diferença
no momento em que se julga alguma ação de reparação de danos e processos do gênero. Para
uma melhor análise, é necessário distinguir exatamente o que significa cada uma delas.
Obrigação de Meio
Obrigação de Resultado
Cirurgia plástica puramente estética: tem seu objetivo limitado ao resultado puramente
estético, visando unicamente aperfeiçoar o aspecto externo de uma parte do corpo.
Neste tipo de cirurgia o paciente busca o cirurgião sem apresenta qualquer patologia,
visa, apenas, o puro embelezamento.
As maiores divergências vêm do fato de existirem duas correntes que defendem cada umas
das modalidades de Obrigações, presentes na Cirurgia puramente estética. A corrente que
defende a obrigação de meio para este tipo de procedimento, tem como defensores os
Ministros Rui Rosado Aguiar e Carlos Alberto Menezes Direito. Eles defendem que a cirurgia
plástica é um ramo da cirurgia geral, estando sujeita aos mesmos imprevistos e insucessos
daquela, de modo não ser possível punir mais severamente o cirurgião plástico do que o
cirurgião geral, haja vista pertencerem à mesma área. Afirmam que o corpo humano possui
características diferenciadas para cada tipo de pessoa, não sendo possível ao médico
comprometer-se a resultados diante da diversidade de organismos, reações e complexidade da
fisiologia humana. Condenam até mesmo os médicos que prometem resultados aos pacientes,
uma vez que não poderiam ser responsabilizados por estes, porque não podem garantir
elasticidade da pele, cicatrização, fatores hereditários, repouso, alimentação, pós-operatório,
etc. Aduzem ainda que o que é diferente na cirurgia estética strictu sensu é o dever de
informação que deve ser exaustivo e o consentimento informado do paciente que deve ser
claramente manifestado. Para o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Alberto
Direito: “Não se pode generalizar, pois cada caso tem a sua especificidade. Em nenhum
momento, o juiz pode trabalhar fora do problema em si mesmo, fora daquela situação em que
ocorreu a lesão. Por isso, é que se pede ter sempre a consideração de que o médico não pode
assumir, em nenhuma circunstância, a responsabilidade objetiva. Daí, ao meu ver, por exemplo,
a impertinência de se identificar a cirurgia plástica embelezadora como de resultado, pois ela
não é diferente de qualquer outro tipo de cirurgia, estando subordinada aos mesmos riscos e às
mesmas patologias.” [1] Porém, também temos os juristas, e por sinal ainda são maiorias; que
defendem arduamente a responsabilidade do médico na cirurgia estética não reparadora. Entre
eles, o Ministro Humberto Gomes de Barros, do STJ. A seguir, reproduzidos alguns grifos, de
diversos ministros, retirados do acórdão por ele proferido no Recurso Especial n° 618.630, STJ,
publicado no DJU em 07.04.2005:
Medicina – Odontologia
A área odontológica, também apresenta o drama vivido pela estética, e da mesma maneira,
apresenta duas correntes. E o funcionamento é semelhante, podendo-se tratar de forma
análoga ambas as profissões. Abaixo, segue a opinião do advogado José França Conti,
Advogado especialista em Responsabilidade Civil, Livre Docente – UFF e Membro Titular do
Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial: “Mesmo com o novo Código
Civil, a responsabilidade do dentista e do médico continua sob a égide de responsabilidade
subjetiva, em que não basta existir o dano, é preciso provar a culpa pelo dano”.O tratamento
odontológico no âmbito das obrigações é uma obrigação de meio, e a responsabilidade pessoal
dos profissionais liberais é subjetiva, necessitando ser apurada mediante a verificação da culpa,
conforme dispõe o art. 159 do Código Civil de 1916, que tem seu correspondente no art. 186 do
Código Civil de 2002”.Por conseguinte, há de se apurar se o profissional liberal agiu com
negligência, imprudência ou imperícia. Tratando-se de negligência ou imprudência, convém
termos presente o que bem disse o filósofo espanhol Ortega Y Gasset: Eu sou eu e minhas
circunstâncias. Aqui é oportuno registrar que os profissionais de saúde vêm sendo submetidos
a um altíssimo nível de estresse, causado pelas péssimas condições de trabalho, baixíssima
remuneração, gigantesca duração de jornada de trabalho diária e semanal, não-valorização da
qualidade da assistência, mas sim da quantidade, e o pior, por terem se tornado os bodes
expiatórios de todas as mazelas do sistema, é evidente que isto não os exime da culpa, mas
deve mitigá-la” Sylvio Capanema leciona: A recolocação dos dentes não se trata de mera
vaidade, mas de uma contribuição para a saúde psicológica do paciente. Este raciocínio aplica-
se em relação ao dentista que coloca aparelhos. [2] Corroborando com Sylvio Capanema, o
dentista, no caso da Odontologia Estética, como na Ortodontia, não está obrigado a obter um
resultado, mas sim a empregar todas as técnicas e meios adequados, conforme o estado atual
da ciência, para obter o melhor possível, sem prejuízo do equilíbrio funcional e estético.
CONCLUSÕES
Com tudo exposto, é possível enxergar que a área médica apresenta resultados diversos, e
depende de cada paciente uma série de fatores pessoais, e até inerentes à própria saúde que
interferem nos resultados. Assim, é possível entender a existência sempre fiel de duas
correntes para defender cada um dos pontos de vista sob ótica favorável, claro. Porém, é
necessário dar um voto a mais de credibilidade para que as questões estéticas, propriamente
ditas, sejam julgadas com os princípios da Obrigação de Resultado, tendo em vista que a
medicina no nosso país não tem seus profissionais submetidos à exames para avaliar a
competência. Ressaltando que a estética é um mercado que está deixando de ser necessário, e
está se tornando fútil. É bom também, mostrar que existem profissões que não tem como
serem tratadas como Obrigações de Resultado, como por exemplo, a advocacia. O seu
profissional assume que irá se utilizar todos os meios possíveis para defender a causa, mas
infelizmente não pode garantir ao cliente o sucesso. “É bom ressaltar que nos julgamentos,
tudo depende da corrente que o juiz adota, de acordo com sua conduta pessoal”.
BIBLIOGRAFIA
[1] DIREITO, Carlos Alberto. Fórum de responsabilidade civil e penal do médico. Jornal da
CREMERJ, ano XV, n. 44, p. 33, set. 2002. [2] Anotações de palestra proferida na EMERJ no
segundo semestre de 1999. PEREIRA, Caio Mário da. Responsabilidade Civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995, p. 169. KFOURI NETO, Miguel. Responsabilidade civil dos médicos. 4.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 175. STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua
interpretação judicial. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 298.
http://jus.uol.com.br/revista/texto/8493
Publicado em 06/2006
A cirurgia plástica é tida como gênero a encapar duas espécies diferenciadas pela sua
finalidade: a reparadora e a estética ou embelezadora. A primeira tenciona a correção de
defeitos, congênitos ou adquiridos; a embelezadora, melhorar aquilo que "[...] é motivo de
insatisfação para o paciente (o chamado hipocondríaco estético) [...]". [01]
Em acertada lembrança, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, quando proferia
palestra no VII Radesp – Reunião Anual dos Dermatologistas do Estado de São Paulo, no dia 30
de novembro de 2002, consignou que o conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de
Saúde, encampa não só o aspecto físico, mas o psíquico, o material e o moral. [03]
Se não justificável quanto ao estado físico, como se pretendia nos primórdios de seu
desenvolvimento, a cirurgia embelezadora encontra respaldo seguro nos outros três,
remediando, no mínimo, um estado de descontentamento.
A plástica embelezadora está afeita aos riscos inerentes a qualquer outra forma de
intervenção cirúrgica. Também nela, previamente, não se pode determinar todas as possíveis
reações fisiológicas do paciente ao ato a ser realizado. O médico, como pondera o mesmo
autor, não pode se ver impingido ao alcance do resultado para ver cumprida a obrigação
assumida perante o paciente.
Anote-se, nesse passo, que a literatura médica, no âmbito da cirurgia plástica, indica,
com claridade, que não é possível alcançar 100% de êxito. [06]
A observação não passou desapercebida por Hildegard Taggesel Giostri, sendo de
importância consignar suas palavras, in verbis:
[...] o trabalho daquele profissional se realiza sem seara onde o resultado final (buscado
e avençado) pode ser alterado pelo fisiologismo orgânico, pelo psiquismo do próprio paciente
e pela resposta individualista de cada ser, frente a um mesmo tratamento, seja clínico, seja
cirúrgico, já que, tanto um quanto outro, se desenvolvem em seara povoada pelo fator álea. [08]
BIBLIOGRAFIA
DIREITO, Carlos Alberto Meneses. A responsabilidade civil em cirurgia plástica. Revista
de Direito Renovar, Rio de Janeiro, v. 7, p.11-19, jan./abr. 1997.
Quanto ao objeto, seus elementos, de meio e de resultado, civis e naturais, puras e simples,
condicionais, a termo e modais, de execução instantânea, diferida, periódica, líquidas e
ilíquidas, principais e acessórias, com cláusula penal e "propter rem".
06/set/2007
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, obrigação é "o vínculo jurídico que confere ao credor
(sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada
prestação".
É a relação de crédito e débito que se extingue com o cumprimento da mesma e que tem por
objeto qualquer prestação economicamente aferível. As obrigações são classificadas de acordo
com os seguintes critérios:
Obrigação de fazer;
Ex:. Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos.
o Indivisíveis: são as obrigações em que o objeto não pode ser dividido entre os
sujeitos.
Ex:. Um animal, um veículo, etc.
- Obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação utiliza
os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem,
entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos
com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença
desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este
objetivo.
- Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus
meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se
responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só
ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este
caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material
para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não
efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
- Obrigação civil é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor,
mediante ação judicial.
Ex:. a obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao
veículo.
- Obrigação natural permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de
exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o
direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição.
Ex:. Arts. 814, 882 e 564, III do Código Civil.
"Artigo 814 CC - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito".
As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam
muitas vezes por caracterizá-las. Estes elementos são: a alteração da condição da obrigação,
do termo e do encargo ou do modo.
- Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou
encargo.
Ex: Obrigação de dar uma maçã sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo.
- Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré
estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Ex:. Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade.
- Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito,
salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição
suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.
Ex:. Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações.
Esta classificação é dada de acordo com o momento em que a obrigação deve ser cumprida.
Sendo classificadas, portanto, em:
- Obrigação líquida é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência.
Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
Ex:. "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz.
Diversos artigos do Código Civil estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes:
arts. 397, 407, 369, 352, entre outros.
- Obrigações principais são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma
obrigação para ter sua real eficácia.
Ex:. Entregar a coisa no contrato de compra e venda.
- Obrigações acessórias subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim,
dependem da obrigação principal.
Ex:. Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno.
É importante, portanto, ressaltar que caso a obrigação principal seja considerada nula, assim
também será a acessória, que a segue.
Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também
classificadas como obrigações híbridas. Obrigação propter rem é aquela que recai sobre
determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da
situação jurídica entre a pessoa e a coisa.
Por exemplo, as obrigações impostas aos vizinhos, no direito de vizinhança, por estarem
figurando como possuidores do imóvel.
Referências bibliográficas
GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas - Direito das Obrigações (Parte Geral). Volume
5. Editora Saraiva. 8ª Edição - 2007.
Ensina Caio Mário da Silva Pereira: “Nas obrigações de resultado a execução considera-se
atingida quando o devedor cumpre objetivo final; nas de meio, a inexecução caracteriza-se
pelo desvio de certa conduta ou omissão de certas precauções a que alguém se comprometeu,
sem se cogitar do resultado final”. (Pereira, 1993, p. 214).