Vous êtes sur la page 1sur 13

Obrigações de Meio e Resultado

Escrito por Yuri Alexieivig Mendes de Almeida   

INTRODUÇÃO

 O presente trabalho tem por objetivo discutir acerca de duas modalidades de obrigações,
polêmicas com relações a algumas profissões, e atos decorrentes de seu exercício. Tais
modalidades, presentes no Direito das Obrigações, são as Obrigações de Meio e de Resultado.
Serão apresentados alguns exemplos práticos com relação a áreas conhecidas, como a
Medicina e o Direito. EXISTE DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO? A
resposta é clara e objetiva: Sim. A diferença entre estas duas modalidades faz toda a diferença
no momento em que se julga alguma ação de reparação de danos e processos do gênero. Para
uma melhor análise, é necessário distinguir exatamente o que significa cada uma delas. 

Obrigação de Meio

 A obrigação de meio é aquela em que o profissional não se obriga a um objetivo específico e


determinado. O que o contrato impõe ao devedor é apenas a realização de certa atividade,
rumo a um fim, mas sem o compromisso de atingi-lo. O contratado se obriga a emprestar
atenção, cuidado, diligência, lisura, dedicação e toda a técnica disponível sem garantir êxito.
Nesta modalidade o objeto do contrato é a própria atividade do devedor, cabendo a este
enveredar todos os esforços possíveis, bem como o uso diligente de todo seu conhecimento
técnico para realizar o objeto do contrato, mas não estaria inserido aí assegurar um resultado
que pode estar alheio ou além do alcance de seus esforços. Em se tratando de obrigação de
meio, independente de ser a responsabilidade de origem delitual ou contratual, incumbe ao
credor provar a culpa do devedor. 

Obrigação de Resultado

 Na obrigação de resultado há o compromisso do contratado com um resultado específico, que


é o ápice da própria obrigação, sem o qual não haverá o cumprimento desta. O contratado
compromete-se a atingir objetivo determinado, de forma que quando o fim almejado não é
alcançado ou é alcançado de forma parcial, tem-se a inexecução da obrigação. Nas obrigações
de resultado há a presunção de culpa, com inversão do ônus da prova, cabendo ao acusado
provar a inverdade do que lhe é imputado (Inversão do ônus da Prova). Segundo o Ministro Ruy
Rosado de Aguiar Junior: "Sendo a obrigação de resultado, basta ao lesado demonstrar, além
da existência do contrato, a não obtenção do objetivo prometido, pois isso basta para
caracterizar o descumprimento do contrato, independente das suas razões, cabendo ao
devedor provar o caso fortuito ou força maior, quando se exonerará da responsabilidade". 

AS OBRIGAÇÕES DE MEIO E RESULTADO NO ÂMBITO PROFISSIONAL

Medicina – Cirurgia Plástica

 Em geral, na área médica, é adotada a responsabilidade decorrente da Obrigação de Meio, ou


seja, o médico não promete curar doenças, mas ele se compromete a utilizar todos os meios
possíveis e lícitos para que isto aconteça. Não sendo alcançado a finalidade proposta na
Obrigação, o médico só responde pela responsabilidade se o paciente provar que não houve a
utilização de todos os meios para se chegar ao resultado. A cirurgia estética é uma das
ramificações da Medicina que segue uma orientação diversa. Para entender a razão desta
diferença, é necessário tomar conhecimento de que a cirurgia plástica pode ser divida em dois
tipos, tendo em vista a finalidade a ser alcançada: 

 Cirurgia plástica reparadora: intervenção cirúrgica, ainda que promova melhoria


estética, não tem neste seu objetivo principal, mas sim a resolução de problemas de
natureza médica, como a correção de defeitos congênitos e outros traumas
decorrentes de acidentes de qualquer natureza.

 Cirurgia plástica puramente estética: tem seu objetivo limitado ao resultado puramente
estético, visando unicamente aperfeiçoar o aspecto externo de uma parte do corpo.
Neste tipo de cirurgia o paciente busca o cirurgião sem apresenta qualquer patologia,
visa, apenas, o puro embelezamento.

 As maiores divergências vêm do fato de existirem duas correntes que defendem cada umas
das modalidades de Obrigações, presentes na Cirurgia puramente estética. A corrente que
defende a obrigação de meio para este tipo de procedimento, tem como defensores os
Ministros Rui Rosado Aguiar e Carlos Alberto Menezes Direito. Eles defendem que a cirurgia
plástica é um ramo da cirurgia geral, estando sujeita aos mesmos imprevistos e insucessos
daquela, de modo não ser possível punir mais severamente o cirurgião plástico do que o
cirurgião geral, haja vista pertencerem à mesma área. Afirmam que o corpo humano possui
características diferenciadas para cada tipo de pessoa, não sendo possível ao médico
comprometer-se a resultados diante da diversidade de organismos, reações e complexidade da
fisiologia humana. Condenam até mesmo os médicos que prometem resultados aos pacientes,
uma vez que não poderiam ser responsabilizados por estes, porque não podem garantir
elasticidade da pele, cicatrização, fatores hereditários, repouso, alimentação, pós-operatório,
etc. Aduzem ainda que o que é diferente na cirurgia estética strictu sensu é o dever de
informação que deve ser exaustivo e o consentimento informado do paciente que deve ser
claramente manifestado. Para o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Alberto
Direito: “Não se pode generalizar, pois cada caso tem a sua especificidade. Em nenhum
momento, o juiz pode trabalhar fora do problema em si mesmo, fora daquela situação em que
ocorreu a lesão. Por isso, é que se pede ter sempre a consideração de que o médico não pode
assumir, em nenhuma circunstância, a responsabilidade objetiva. Daí, ao meu ver, por exemplo,
a impertinência de se identificar a cirurgia plástica embelezadora como de resultado, pois ela
não é diferente de qualquer outro tipo de cirurgia, estando subordinada aos mesmos riscos e às
mesmas patologias.” [1]  Porém, também temos os juristas, e por sinal ainda são maiorias; que
defendem arduamente a responsabilidade do médico na cirurgia estética não reparadora. Entre
eles, o Ministro Humberto Gomes de Barros, do STJ. A seguir, reproduzidos alguns grifos, de
diversos ministros, retirados do acórdão por ele proferido no Recurso Especial n° 618.630, STJ,
publicado no DJU em 07.04.2005: 

"Contratada a realização da cirurgia estética embelezadora, o


cirurgião assume obrigação de resultado (Responsabilidade contratual

ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimento da mesma,

decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade.

Cabível a inversão do ônus da prova" (REsp 81.101/Zveiter, grifei).

"O profissional que se propõe a realizar cirurgia, visando melhorar

a aparência física do paciente, assume o compromisso de que, no

mínimo, não lhe resultarão danos estéticos, cabendo ao cirurgião a

avaliação dos riscos. Responderá por tais danos, salvo culpa do

paciente ou a intervenção de fator imprevisível, o que lhe cabe

provar (AgRg no AG 37.060/Eduardo Ribeiro, grifei).

 Atualmente há um verdadeiro "comércio" no ramo da cirurgia plástica, com o aumento


desordenado da procura por corpos perfeitos e oferta de cirurgias por profissionais nem
sempre habilitados. Isso é um dos fatores que levam a segunda corrente a apresentar um
número maior de adeptos. 

Medicina – Odontologia

 A área odontológica, também apresenta o drama vivido pela estética, e da mesma maneira,
apresenta duas correntes. E o funcionamento é semelhante, podendo-se tratar de forma
análoga ambas as profissões. Abaixo, segue a opinião do advogado José França Conti,
Advogado especialista em Responsabilidade Civil, Livre Docente – UFF e Membro Titular do
Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial: “Mesmo com o novo Código
Civil, a responsabilidade do dentista e do médico continua sob a égide de responsabilidade
subjetiva, em que não basta existir o dano, é preciso provar a culpa pelo dano”.O tratamento
odontológico no âmbito das obrigações é uma obrigação de meio, e a responsabilidade pessoal
dos profissionais liberais é subjetiva, necessitando ser apurada mediante a verificação da culpa,
conforme dispõe o art. 159 do Código Civil de 1916, que tem seu correspondente no art. 186 do
Código Civil de 2002”.Por conseguinte, há de se apurar se o profissional liberal agiu com
negligência, imprudência ou imperícia. Tratando-se de negligência ou imprudência, convém
termos presente o que bem disse o filósofo espanhol Ortega Y Gasset: Eu sou eu e minhas
circunstâncias. Aqui é oportuno registrar que os profissionais de saúde vêm sendo submetidos
a um altíssimo nível de estresse, causado pelas péssimas condições de trabalho, baixíssima
remuneração, gigantesca duração de jornada de trabalho diária e semanal, não-valorização da
qualidade da assistência, mas sim da quantidade, e o pior, por terem se tornado os bodes
expiatórios de todas as mazelas do sistema, é evidente que isto não os exime da culpa, mas
deve mitigá-la” Sylvio Capanema leciona:  A recolocação dos dentes não se trata de mera
vaidade, mas de uma contribuição para a saúde psicológica do paciente. Este raciocínio aplica-
se em relação ao dentista que coloca aparelhos. [2]  Corroborando com Sylvio Capanema, o
dentista, no caso da Odontologia Estética, como na Ortodontia, não está obrigado a obter um
resultado, mas sim a empregar todas as técnicas e meios adequados, conforme o estado atual
da ciência, para obter o melhor possível, sem prejuízo do equilíbrio funcional e estético. 

CONCLUSÕES

 Com tudo exposto, é possível enxergar que a área médica apresenta resultados diversos, e
depende de cada paciente uma série de fatores pessoais, e até inerentes à própria saúde que
interferem nos resultados. Assim, é possível entender a existência sempre fiel de duas
correntes para defender cada um dos pontos de vista sob ótica favorável, claro. Porém, é
necessário dar um voto a mais de credibilidade para que as questões estéticas, propriamente
ditas, sejam julgadas com os princípios da Obrigação de Resultado, tendo em vista que a
medicina no nosso país não tem seus profissionais submetidos à exames para avaliar a
competência. Ressaltando que a estética é um mercado que está deixando de ser necessário, e
está se tornando fútil. É bom também, mostrar que existem profissões que não tem como
serem tratadas como Obrigações de Resultado, como por exemplo, a advocacia. O seu
profissional assume que irá se utilizar todos os meios possíveis para defender a causa, mas
infelizmente não pode garantir ao cliente o sucesso. “É bom ressaltar que nos julgamentos,
tudo depende da corrente que o juiz adota, de acordo com sua conduta pessoal”.  

BIBLIOGRAFIA

 [1] DIREITO, Carlos Alberto. Fórum de responsabilidade civil e penal do médico. Jornal da
CREMERJ, ano XV, n. 44, p. 33, set. 2002. [2]   Anotações de palestra proferida na EMERJ no
segundo semestre de 1999. PEREIRA, Caio Mário da. Responsabilidade Civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995, p. 169. KFOURI NETO, Miguel. Responsabilidade civil dos médicos. 4.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 175. STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua
interpretação judicial. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 298.

Responsabilidade civil do médico-cirurgião plástico de cirurgia embelezadora:

obrigação de meio ou obrigação de resultado?

http://jus.uol.com.br/revista/texto/8493
Publicado em 06/2006

Elvis Donizeti Voltolin

            A cirurgia plástica é tida como gênero a encapar duas espécies diferenciadas pela sua
finalidade: a reparadora e a estética ou embelezadora. A primeira tenciona a correção de
defeitos, congênitos ou adquiridos; a embelezadora, melhorar aquilo que "[...] é motivo de
insatisfação para o paciente (o chamado hipocondríaco estético) [...]". [01]

            Numa análise do tratamento jurídico dispensado à cirurgia plástica embelezadora,


reportando-se a Caio Mário da Silva Pereira, Ricardo Pereira Lira [02] expõe três estágios
evolutivos. Num primeiro momento, vê-se a sua completa rejeição, pois nada justificava o risco
de uma cirurgia não direcionada à cura de qualquer mal. Mais tarde, com a análise
parcimoniosa do caso, passou-se a admiti-la. Atualmente, o procedimento conta com ampla
aceitação e esta terceira etapa parece ser a mais condizente com a definição de saúde
colocada, inclusive, no âmbito internacional.

            Em acertada lembrança, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, quando proferia
palestra no VII Radesp – Reunião Anual dos Dermatologistas do Estado de São Paulo, no dia 30
de novembro de 2002, consignou que o conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de
Saúde, encampa não só o aspecto físico, mas o psíquico, o material e o moral. [03]

            Se não justificável quanto ao estado físico, como se pretendia nos primórdios de seu
desenvolvimento, a cirurgia embelezadora encontra respaldo seguro nos outros três,
remediando, no mínimo, um estado de descontentamento.

            O grande problema colocado na doutrina e na jurisprudência é, justamente, o referente


ao conteúdo da obrigação do médico responsável pelo ato cirúrgico, isto é, utilizando-se da
classificação proposta pelo francês René Demogue, se se trata de obrigação de meio ou de
resultado. [04] O profissional se obriga, simplesmente a prestar um serviço ou, através da
prestação de um serviço, atingir um resultado previamente determinado?

            A doutrina e a jurisprudência majoritárias do Brasil, ortodoxamente, sempre se


pautaram interpretando a obrigação do cirurgião plástico embelezador como sendo de
resultado, pois o paciente só se submeteria à intervenção se fosse para alcançar o resultado
pretendido e, muitas vezes, prometido.

            Todavia, o posicionamento, aparentemente assentado, vem sofrendo críticas severas,


de maneira especial, no campo da doutrina.

            Hildegard Taggesel Giostri, ao definir a obrigação de resultado, coloca-a como aquela


que se desenvolve em áreas onde não exista o fator álea. [05] Com efeito, diante do risco de não
ser possível atingir o resultado pretendido, mesmo diante dos melhores esforços do
profissional, a obrigação será de meio e nunca de resultado, ainda que este seja prometido.

            A plástica embelezadora está afeita aos riscos inerentes a qualquer outra forma de
intervenção cirúrgica. Também nela, previamente, não se pode determinar todas as possíveis
reações fisiológicas do paciente ao ato a ser realizado. O médico, como pondera o mesmo
autor, não pode se ver impingido ao alcance do resultado para ver cumprida a obrigação
assumida perante o paciente.

            Do mesmo posicionamento compartilha o Ministro do Superior Tribunal de Justiça


Carlos Alberto Menezes Direito cujos argumentos são dignos de nota:

            Pela própria natureza de ato cirúrgico, cientificamente igual, pouco importando a


subespecialidade, a relação entre cirurgião e o paciente está subordinada a uma expectativa
do melhor resultado possível, tal como em qualquer atuação terapêutica, muito embora haja
possibilidade de bons ou não muito bons resultados; mesmo na ausência de imperícia,
imprudência ou negligência, dependente de fatores alheios, assim, por exemplo, o próprio
comportamento do paciente, a reação metabólica, ainda que cercado o ato cirúrgico de todas
as cautelas possíveis, a saúde prévia do paciente, a sua vida pregressa, a sua atitude
somatopsíquica em relação ao ato cirúrgico. Toda intervenção cirúrgica, qualquer que ela seja,
pode apresentar resultados não esperados, mesmo na ausência de erro médico. E, ainda, há
em certas técnicas conseqüências que podem ocorrer, independentemente da qualificação do
profissional e da diligência, perícia e prudência com que realize o ato cirúrgico.

            Anote-se, nesse passo, que a literatura médica, no âmbito da cirurgia plástica, indica,
com claridade, que não é possível alcançar 100% de êxito. [06]

            Como se não bastasse o comportamento fisiológico, também o psíquico pode vir a


influenciar o paciente a dar por não cumprida a obrigação assumida. Como ressaltam Giselda
Maria Fernandes Novaes Hironaka e Gustavo F. de Campos Mônaco [07], o ser humano é um
grande descontente com seu perfil estético querendo, quando não mais, mudar a cor dos
cabelos ou dos olhos, por exemplo.

            A observação não passou desapercebida por Hildegard Taggesel Giostri, sendo de
importância consignar suas palavras, in verbis:

            [...] o trabalho daquele profissional se realiza sem seara onde o resultado final (buscado
e avençado) pode ser alterado pelo fisiologismo orgânico, pelo psiquismo do próprio paciente
e pela resposta individualista de cada ser, frente a um mesmo tratamento, seja clínico, seja
cirúrgico, já que, tanto um quanto outro, se desenvolvem em seara povoada pelo fator álea. [08]

            Ademais, conjecturar pela imposição de uma obrigação de resultado àqueles que


realizam a cirurgia embelezadora seria violar o próprio fim social da aplicação da norma
previsto no artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, pois o adimplemento da obrigação
ficaria condicionado ao subjetivismo do paciente em aceitar como melhorada a sua aparência.

            Por todos os argumentos expendidos e discordando do posicionamento defendido por


Ricardo Pereira Lira, que tem na cirurgia estética um exemplo de obrigação de resultado,
comungamos da orientação daqueles que a consideram um exemplo de obrigação de meio,
haja vista a álea na qual se insere.

BIBLIOGRAFIA
            DIREITO, Carlos Alberto Meneses. A responsabilidade civil em cirurgia plástica. Revista
de Direito Renovar, Rio de Janeiro, v. 7, p.11-19, jan./abr. 1997.

            GIOSTRI, Hildegard Taggesel. Algumas reflexões sobre as obrigações de meio e de


resultado na avaliação da responsabilidade médica. Revista Trimestral de Direito Civil, Rio de
Janeiro: Padma, v. 5, p. 101-116, jan./mar. 2000.

            LIRA, Ricardo Pereira. Obrigação de meios e obrigação de resultado a pretexto da


responsabilidade médica. Análise dogmática. Revista de Direito Renovar, Rio de Janeiro, v. 6, p.
75-82, set./dez. 1996.

            HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Cirurgia plástica e responsabilidade civil


do médico: para uma análise jurídica da culpa do cirurgião plástico. Revista do Instituto de
Pesquisas e Estudos: Divisão Jurídica – Instituição Toledo de Ensino de Bauru, São Paulo, n. 39,
p. 506, jan./abr. 2004. Disponível em: . Acesso em: 20 novembro 2004.

            ______. MÔNACO, Gustavo F. de Campos. Cadernos de Direito Civil – Direito das


Obrigações, São Paulo: Revista dos Tribunais, no prelo.

Classificação das Obrigações

Quanto ao objeto, seus elementos, de meio e de resultado, civis e naturais, puras e simples,
condicionais, a termo e modais, de execução instantânea, diferida, periódica, líquidas e
ilíquidas, principais e acessórias, com cláusula penal e "propter rem".

06/set/2007
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, obrigação é "o vínculo jurídico que confere ao credor
(sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada
prestação".

É a relação de crédito e débito que se extingue com o cumprimento da mesma e que tem por
objeto qualquer prestação economicamente aferível. As obrigações são classificadas de acordo
com os seguintes critérios:

1. Classificadas quanto ao objeto

O objeto da obrigação pode ser mediato ou imediato.

- Imediato: a conduta humana de dar, fazer ou não fazer.


Ex:. Dar a chave do imóvel ao novo proprietário.
- Mediato: é a prestação em si.
Ex:. O que é dado? A chave.

De acordo com essa classificação, podemos destacar:

 Obrigações de dar, que se subdivide em dar coisa certa ou incerta;


Ex:. Dar um documento a alguém.

 Obrigação de fazer;
Ex:. Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos.

 Obrigação de não fazer;


Ex:. Não fazer um muro elevado a certa altura.

2. Classificadas quanto aos seus elementos

A obrigação é composta por três elementos, que são:

- Elemento subjetivo, ou seja, os sujeitos da relação (ativo e passivo),


- Elemento objetivo, que diz respeito ao objeto da relação jurídica, e
- Vínculo Jurídico existente entre os sujeitos da relação.

Dividem-se, portanto, as obrigações em:

 Simples: que apresenta todos os elementos no singular, ou seja, um sujeito ativo, um


sujeito passivo e um objeto.

 Composta ou Complexa: contrária a primeira, apresenta qualquer um dos elementos,


ou todos, no plural. Por exemplo: 1 sujeito ativo, 1 sujeito passivo e 2 objetos. Esta,
por sua vez, dividem-se em:

o Cumulativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "e".


Somando-se então, os dois objetos.
Ex:. "A" deve dar a "B" um livro e um caderno.
o Alternativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "ou".
Alternando então, a opção por um ou outro objeto.
Ex:. "A" deve dar a "B" R$ 10.000,00 ou um carro.

As obrigações que possuem multiplicidade de sujeitos são classificadas como:

o Divisíveis: são as obrigações em que o objeto pode ser dividido entre os


sujeitos.
Ex:. Determinada quantia em dinheiro - R$ 1.000,00.

o Indivisíveis: são as obrigações em que o objeto não pode ser dividido entre os
sujeitos.
Ex:. Um animal, um veículo, etc.

o Solidárias: não depende da divisibilidade do objeto, pois decorre da lei ou até


mesmo da vontade das partes. Pode ser solidariedade ativa ou passiva, de
acordo com os sujeitos que se encontram em número plural dentro da relação.

Quando qualquer um deve responder pela dívida inteira, assim que


demandado, tendo direito de regresso contra o sujeito que não realizou a
prestação.     EX:. "A" e "B" são sujeitos passivos de uma obrigação. "C", sujeito
ativo, demanda o pagamento da dívida a "A" que cumpre a prestação sozinho
e pode, posteriormente, cobrar de "B" a parte que pagou a mais.

3. Obrigações de Meio e de Resultado

- Obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação utiliza
os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem,
entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos
com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença
desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este
objetivo.

- Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus
meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se
responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só
ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este
caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material
para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não
efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.

4. Obrigações Civis e Naturais

- Obrigação civil é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor,
mediante ação judicial.
Ex:. a obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao
veículo.

- Obrigação natural permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de
exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o
direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição.
Ex:. Arts. 814, 882 e 564, III do Código Civil.
"Artigo 814 CC - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito".

5. Obrigações Puras e Simples; Condicionais; a Termo e Modais

As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam
muitas vezes por caracterizá-las.  Estes elementos são: a alteração da condição da obrigação,
do termo e do encargo ou do modo.

- Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou
encargo.
Ex: Obrigação de dar uma maçã sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo.

- Obrigações condicionais são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e


incerto para atingir seus efeitos.
Ex:. Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular
(condição).

- Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré
estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Ex:. Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade.

- Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito,
salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição
suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.
Ex:. Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações.

6. Obrigações de Execução Instantânea; Diferida e Periódica

Esta classificação é dada de acordo com o momento em que a obrigação deve ser cumprida.
Sendo classificadas, portanto, em:

- Obrigações momentâneas ou de execução instantânea que são concluídas em um só ato, ou


seja, são sempre cumpridas imediatamente após sua constituição.
Ex:. Compra e venda à vista, pela qual o devedor paga ao credor, que o entrega o objeto. "A"
dá o dinheiro a "B" que o entrega a coisa.

- Obrigações de execução diferida também exigem o seu cumprimento em um só ato, mas


diferentemente da anterior, sua execução deverá ser realizada em momento futuro.
Ex:. Partes combinam de entregar o objeto em determinada data, assim como realizar o
pagamento pelo mesmo.

- Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo (periódica) que se satisfazem por


meio de atos continuados.
Ex:. As prestações de serviço ou a compra e venda a prazo.

7. Obrigações Líquidas e Ilíquidas

- Obrigação líquida é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência.
Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
Ex:. "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz.

- Obrigação ilíquida depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-


se incerto.
Ex:. "A" deve dar vegetais a "B", não se sabe quanto e nem qual vegetal.

Diversos artigos do Código Civil estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes:
arts. 397, 407, 369, 352, entre outros.

8. Obrigações Principais e Acessórias

- Obrigações principais são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma
obrigação para ter sua real eficácia.
Ex:. Entregar a coisa no contrato de compra e venda.

- Obrigações acessórias subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim,
dependem da obrigação principal.
Ex:. Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno.

É importante, portanto, ressaltar que caso a obrigação principal seja considerada nula, assim
também será a acessória, que a segue.

9. Obrigações com Cláusula Penal

Acarretam multa ou pena, caso haja o inadimplemento ou o retardamento do acordo. A


cláusula penal tem caráter acessório e, assim sendo, se considerada nula a obrigação principal,
não haverá nenhuma multa ou pena à parte inadimplente. São divididas em:

 Compensatórias: quando determinadas para o caso de total descumprimento da


obrigação.
Ex:. Se "A" não pagar R$ 500,00 à B, deverá reembolsá-lo no montante de R$ 800,00.

 Moratórias: com a finalidade de garantir o cumprimento de alguma cláusula especial


ou simplesmente poupar a mora.
Ex:. Se "A" não pagar em determinada data, incorrerá em multa de R$ 1.000,00.
10. Obrigações Propter Rem

Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também
classificadas como obrigações híbridas. Obrigação propter rem é aquela que recai sobre
determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da
situação jurídica entre a pessoa e a coisa.

Por exemplo, as obrigações impostas aos vizinhos, no direito de vizinhança, por estarem
figurando como possuidores do imóvel.

Referências bibliográficas

GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas - Direito das Obrigações (Parte Geral). Volume
5. Editora Saraiva. 8ª Edição - 2007.

Obrigações de meio e obrigações de resultado


À responsabilidade civil sempre foi adotada a teoria de responsabilidade subjetiva. Acontece
que, com a revolução industrial, as relações de consumo se acentuaram e o homem passou a
não mais aceitar os prejuízos causados a si como anteriormente. As mudanças nas relações
sociais foram tantas, que foi necessário uma alteração no âmbito da reparação de danos com o
fim de atender aos anseios da população consumidora. Criou-se, assim, a responsabilidade
objetiva.

Com tamanha mudança, as relações obrigacionais também careciam de modificação. Foi


quando a doutrina, com o objetivo de melhor compreender as relações obrigacionais, previu
uma nova instituição para as obrigações.

Portanto, segundo o conteúdo, as obrigações foram divididas em obrigações de meio e


obrigações de resultado. Acentuando-se que a obrigação do devedor nem sempre é a mesma.
A doutrina atribuiu a Demogue a responsabilidade de distinguir as duas novas formas de
obrigação. Este, com muita sutileza, as distinguiu com base no ônus probandi em matérias de
obrigações contratuais e delituais. As obrigações de meio, segundo ele, não se encontram
vinculadas a um resultado certo e determinado a ser produzido pelo devedor. É exigida, neste
caso, somente uma atividade diligente. As obrigações de resultado seriam aquelas que só eram
exigidas com a efetiva produção do resultado, que seria sempre certo e determinado.

Ensina Caio Mário da Silva Pereira: “Nas obrigações de resultado a execução considera-se
atingida quando o devedor cumpre objetivo final; nas de meio, a inexecução caracteriza-se
pelo desvio de certa conduta ou omissão de certas precauções a que alguém se comprometeu,
sem se cogitar do resultado final”. (Pereira, 1993, p. 214).

 Partindo desta conceituação, constata-se que, na prática, o regime de responsabilidade é


definido pelo tipo de obrigação assumida. Vejamos o exemplo do profissional liberal, caso o
cliente se veja diante de uma obrigação de meio, deverá ser aplicado ao profissional liberal a
responsabilidade subjetiva. Consequentemente, a necessidade de se provar previamente a
culpa do profissional liberal para que haja ressarcimento é gerada pela impossibilidade de
exigir do profissional contratado o resultado desejado.

De forma oposta, a responsabilidade objetiva é aplicada quando a obrigação assumida é de


resultado.

Vous aimerez peut-être aussi