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A COISA É FEIA E VEM SE uso da expressão: em espanhol


DEBRUÇANDO platino popular, há a forma “a full”,
Frase com que meu falecido ami- que pelo jeito mistura uma palavra
go Sérgio Jacaré descrevia uma inglesa, full, que significa cheio,
situação ruim tendendo a pior. Ver inteiro, pleno, numa sintaxe es-
“Tá feia a mão”. panhola, significando “com muita
gente”, “com tudo”, “com toda a
A DAR COM PAU
intensidade”, “com toda a força”,
Em grande quantidade, muito,
que é bem parecido com o que a
fartamente. O mesmo que “a três
expressão “a fu” indica.
por dois” (v.). “Tinha gente a dar
com pau”, por exemplo. A FUDER
Pela ortografia brasileira deveria
A FACÃO
grafar-se “a foder”, mas é “a fuder”
Diz-se de algo que foi mal feito,
a expressão, que tem uma forma
ou feito às pressas, que foi feito
contrata, “a fu”, que também se diz,
a facão, isto é, sem o instrumento
malandramente segundo o critério
adequado, sem o refinamento
popular, “a fuzel”; designa aquilo
exigido. Parecido com “à moda
que é muito bom, de alta qualida-
miguelão”.
de, tanto uma situação (“Tava uma
A FAZER festa a fuder”) quanto um sujeito
O que é “a fazer” é algo que sem (“Bá, esse cara é a fuder”); tam-
dúvida está sendo levado a sério; bém quer dizer “a fazer” (v.) Bem
no futebol, por exemplo, se o beque diferente de “De fuder” (v.).
entra a fazer entra para o que der
A FUZEL
e vier, para quebrar, para, exage-
Ver “a fuder”. Numa certa época
rando um pouco, matar ou morrer;
havia uma borracharia na Ben-
também se diz “a morrer”, no mes-
to Gonçalves com este singelo
mo sentido; sinônimo: “às ganhas”;
nome.
ver o oposto, “a não fazer”.
A GRITO
A FU
Tem gente que é criada “a grito”,
Forma contraída da expressão
isto é, abaixo de grito. Refere-se a
“a fuder” (v.). Mas tem também
ambientes em que costuma haver
outra forma que talvez tenha tido
muito grito, propriamente dito.
algum papel, se não na origem,
pelo menos na consolidação do
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A LA LOUCA agora. “À moda miguelão” qualifica


Expressão adverbial que descreve procedimento estabanado, impre-
o modo alucinado com que alguém ciso, apressado, de que resulta um
faz alguma coisa. “O cara veio a serviço mal feito.
toda e entrou a la louca aqui na
esquina”, por exemplo. Aquele “la” A NÃO FAZER
deve ser platinismo, e se usa em No mundo da sinuca, do também
outras expressões, como “a la mer- chamado isnuque, uma jogada
da”, “a la putcha”, “a la fresca”. possível é esconder a bola, isto é,
fazer uma jogada defensiva que
A LA MERDA!
tem como objetivo não meter algu-
Não sei se a grafia é a melhor. O
ma bola na caçapa. É a jogada “a
“a” inicial é continuado, dito com
ênfase, e o “la” terá nascido do não fazer”. Daí terá passado para
espanhol. O conjunto da expressão o mundo, com o mesmo sentido
é uma interjeição de desagrado, e eventualmente com uma insi-
de desabafo, de alívio. Comporta nuação de cagaço, medo, ou má
variações, como “O la merda”, “U intenção: a gente vê o cara não
la merda” e outras. Igual, em sig- conseguir o objetivo a que aparen-
nificado, à exclamação “Puta que temente se propunha e descobre
o pariu”, também dito apocopa- que ele tinha na verdade a intenção
damente como “Uta”, seguida de de apenas ludibriar a patuléia,
“merda” ou não? Também ocorre porque era “a não fazer”.
“A la putcha”, “A la fresca”, que
são mais sociais. A PAU E CORDA
Com muita dificuldade: “A pau e
A LA PUCHA corda conseguimos essa grana”;
Interjeição de espanto, que alterna “O carro saiu do lamaçal a pau e
na fala como uma pronúncia espa- corda”. Uma versão para a origem
nholada, “a la putcha”. da expressão: que no século 19 se
faziam carregamentos de grandes
A MIL
Expressão de valor adverbial, de volumes, como os antigos baús
uso brasileiro geral, parece. Aqui de viagem, com auxílio de paus
também se usa, para exagero, o e cordas, porque de outro jeito
milhão. Em Porto Alegre há uma (só com as mãos) não dava. Há
avenida importante na Zona Norte a versão campeira: “A porrete e
que é a Assis Brasil, por onde se a rebenque” (no lombo do animal
pode correr com o auto, de forma de carga).
que acontece a frase rimada “A mil
A PÉ
pela Assis Brasil”.
Ficar a pé pode significar sim-
À MODA MIGUELÃO plesmente ficar sem o auto, sem
Sei lá eu por que raios, mas o certo condução, mas também quer dizer
é que algum miguel (terá sido o ficar sem algo imprescindível: “Fi-
anjo?) deu origem a dois termos do quei a pé de grana”, por exemplo.
porto-alegrês, o “migué” (v.) e este Ver “de a pé”.
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A PERIGO A RODO
Estar a perigo é o mesmo que estar O mesmo que “a varrer” (v.): em
“na unha” (v.): em situação-limite, grande quantidade. Rodo é aquele
nas últimas, matando cachorro instrumento que movimenta grande
a grito. Usado especificamente quantidade de água? Rodo tam-
com relação à mulher, do ponto bém era o nome de uma enxada
de vista do homem: cara que para ajuntar grãos na eira, o terreno
está a perigo é principalmente o onde se depositavam os grãos que
cara que não transa “há horas” iam ser descascados e secados.
(v.). Pode também acontecer em
relação a grana. A TODA
Rapidamente, velozmente, no
A PIOR VIAGEM maior “pique” (v.) possível. Tem
Expressão que se usa para dizer tudo pra ser uma redução da ex-
que certa coisa é a pior que po- pressão “a toda velocidade”.
deria acontecer nas circunstân-
cias. Não precisa se referir a uma A TODAS ESSAS
viagem em si. Por exemplo: pegar Versão para a expressão narrativa
ônibus em dia de chuva na “hora “Enquanto isso”. “A todas essas eu
do pique” (v.) é “a pior viagem”, nem sabia o que se passava com
real e metaforicamente, mas tam- ele”. Uma bela expressão para
bém deixar o carro num mecânico uso em narrativas, quando se vai
“garganta” (v.) e incompetente é introduzir uma cena paralela.
“a pior viagem”. Nada a ver com
a voz moderna que diz “viagem” A TODO O PANO
querendo dizer delírio, demasia, Segundo o Aurélio, a expressão
fantasia ou “chapação” (v.). significa “com toda a velocida-
de”, tendo origem nos panos que
A PONTA DE FACA servem de vela para os barcos.
Expressão que designa a atitude Por aqui na cidade significa outra
espiritual de alguém que leva as coisa: se alguém quer “a todo o
coisas duramente, sem conces- pano” alguma coisa, ele a quer
sões, sem meios-tons, sempre com toda a ênfase, com toda a
buscando o confronto; esta criatura
vontade possível, não importando
leva tudo a ponta de faca, sem
os obstáculos, sem nada a ver
qualquer tolerância.
diretamente com velocidade.
À REVIRIA
Em grande quantidade, a rodo,
A TOQUE DE CAIXA
“a dar com pau” (v.). De onde Rapidamente, velozmente. Deve
terá vindo isso? Talvez da mesma ter vindo de um âmbito semân-
fonte que deu em “rêverie”, fran- tico militar antigo, do tempo das
cês para sonho, devaneio? Pode batalhas de infantaria em campo
até ser. Ou uma corruptela de “à aberto: tocar a caixa de guerra
revelia”, expressão com a qual devia significar alerta, motivar para
aliás a nossa não tem nada a ver, o combate, dar ritmo ao ataque. O
semanticamente? “Tinha gente à Moreno agrega outra informação:
reviria”, por exemplo. parece que, em algum momento,
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em Portugal, “o toque de caixa” era quem foi desprezado, quem está


uma pena infamante contra ladrão deprimido se sente assim, nesse
ou algo que o valha: o sujeito era lugar metafórico.
corrido da cidade com um taroleiro
atrás dele, rufando. ABANAR
Tem um certo uso particular do
A TRÊS POR DOIS verbo aqui entre nós: “abanar” já
Também dito “a três por quatro”, no significa despedir-se de alguém,
mesmo sentido: abundantemente, dar adeus. Este significado existe
fortemente, continuadamente, em nos dicionários, mas parece que
grandes proporções, etc. O mes- em Porto Alegre o uso é mais
mo que “a dar com pau” (v.). No regular. Quem me contou foi o
espanhol platino, se diz ao contrá- Marcelo Carneiro da Cunha, que
rio a ordem dos números, mas no teve um texto seu revisado, em
mesmo sentido: a dois por três. editora no Rio, exatamente nisso:
ele escreveu “abanou” e a revisora
A TROCO? trocou para “acenou”.
O mesmo sentido de “por quê?”,
“para quê?”, “por causa de quê?”. ABANAR AS TRANÇAS
Derivou, por encolhimento, da Costuma-se usar a expressão em
expressão “a troco de que santo”. referência a gente jovem, em espe-
É usada assim mesmo, a seco: “Tu cial moças, que saem por aí, “aba-
quer que eu vá lá? Mas a troco?”. nando as tranças”, isto é, correndo
à toa, fazendo coisas livremente,
A VARRER irresponsavelmente. Claro que não
Em grande quantidade, em abun- precisa ter trança mesmo para dar
dância, “a dar com pau” (v.). O ver- origem ao uso.
bo varrer dá uma idéia de grande
volume, de grande alcance. ABATUMADO
Diz-se do pão ou da massa que
ABAIXO DE PORRADA ficou pesada, parece que por
Expressão de largo uso, refere a falta de fermento em quantidade
circunstância de alguém ter apa- adequada. Eventualmente se usa
nhado (real ou metaforicamente) para situações que resultaram
muito. Outras expressões come- igualmente pesadas, confusas,
çam do mesmo jeito: “abaixo de malparadas. Se usa o verbo “aba-
grito”; “abaixo de pau” (surra); tumar” também.
“abaixo de chuva”.
ABICHAR
ABAIXO DO CU Levar medo, acovardar-se diante
DO CACHORRO de alguma dificuldade, desistir.
Também “abaixo do cu da cobra”, Deve ser algo como ficar medroso
que é menos comum mas também como um bicho, e portanto não
existe. A expressão designa a reagir como homem. Ou então ficar
posição mais que humilhada, ab- medroso como uma bicha, segun-
solutamente subordinada de algo do o conceito machista corrente.
ou alguém. Quem foi insultado, Outra hipótese: que o termo tenha
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derivado de “bichar”, que se usa alguém de abostado, que equivale


para animais na campanha, quan- a burro, matusco, bocó, mocoron-
do estão com alguma doença (car- go (v.); já a palavra abostamento
rapato, por exemplo), e também (estado de quem fica abostado)
se usa para frutas, quando estão me parece ser usada com sentido
apodrecendo e “criam” bicho. positivo, de relaxamento. Terá sur-
gido por analogia com a situação
ABICHORNADO da bosta, que quando expelida do
Nada a ver com “abichar”: “abi- corpo de um animal vacum fica ali,
chornado” é o cara que está sem daquele jeito?
graça, ou que perdeu a graça.
Gente doente fica “abichornada”, ABRAÇAR
por exemplo. Terá algo a ver, com o Encarar a tarefa, assumir a bronca,
espanhol abochornado, que signi- tudo isso é “abraçar” (às vezes
fica algo parecido? (“Bochornoso” “abraçar o lado”, lado como ques-
ou “abochornado” é o sujeito que tão, tarefa).
está meio mole, meio caído, pelo
calor ou por algum outro motivo.) ABRAÇO
Além de significara o abraço
ABOBADO propriamente dito, significa outra
Trata-se de um insulto muito usado coisa: costuma dizer-se que, se a
contra os “xaropes” (v.) em geral; tarefa estiver parecendo de fácil
comporta variações: “abobado da execução, “vai ser um abraço”.
enchente”, alguns dizem que de-
vido à famosa enchente de 1941, ABRÃO
quando Porto Alegre submergiu, O Geraldo Flach disse que se usa
numa inundação famosa que a palavra para designar o sortudo,
deu origem a várias providências o rabudo, que tem o orifício anal
contra futuras enchentes, entre as (metaforicamente, por certo) muito
quais figurou o esquisito Muro da aberto, por isso abrão. Deve ter
Mauá, aquele que separou visual- surgido como derivação do uso de
mente o Centro e o rio, ali naquela cu como sinônimo de rabo, quer
altura; “abobado da tiriça” (v. “na dizer, sorte.
tiriça”), expressão que tem cara
de ser derivada de “icterícia”. Tem ABRIGO
também “abobado da punheta”, No universo do futebol e dos
insinuação de que, conforme a esportes, “abrigo” é aquele aga-
velha idéia, o exercício reiterado salho, composto de calça e blusa
da masturbação deixa o cara meio (não é bem blusa, é um casaco,
louco da cabeça. mas dá pra entender, né?), que
se usa para o frio ou para bonito,
ABOSTAR como hoje em dia. É a vestimenta
Verbo de largo uso que significa de esporte para além dos calções
aplastar-se, deixar-se ficar, afrou- e da camiseta. Também se usa
xar, relaxar, descansar, e não tem generalizadamente para qualquer
necessariamente sentido de repro- agasalho, especificamente para a
vação; é, porém, insultuoso chamar blusa (geralmente de tecido mais
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grosso), para o frio. No Brasil cen- ACABAR COM A RAÇA


tral, isso se chama de “agasalho”, Diz-se, em tom de ameaça a sério
não de abrigo. Acho que quanto (raras vezes em tom de blague),
os paulistas e cariocas nos ou- “Vou acabar com a tua raça”, sig-
vem falando de “abrigo” pensam nificando que vai “estrachinar” (v.)
em construções de guerra, coisa o cara, que enfim se fosse possível
assim. Não é tanto. o sujeito mataria fisicamente o cara
e sua família.
ABRIR
Sair fora, cair fora; comum no ACENDER
convite que se faz, quando pare- Como notou o Flávio Aguiar, pa-
ce estar na hora de sair do lugar, rece que aqui sobreviveu um uso
“Vamo abrir?”. Mais raramente, fu- para o verbo (e para seu correlato
gir. “Abrir o tarro” significa chorar, “apagar”) em referência a apare-
berrar, reclamar. “Abrir a goela” lhos eletrodomésticos, coisa que
ou “os peitos” quer dizer cantar. vem do tempo do rádio a válvula.
“Abrir o jogo” é sinônimo de falar Aqui ainda se diz “Acende a tevê”,
às claras, desvendar implícitos; “Apaga o rádio”.
neste caso também se diz sim- AÇO
plesmente “abrir”. Diferente de “se Se algo “está que é um aço”, é por-
abrir” (v.). que está na melhor de sua forma,
ABRIR A GRAXEIRA está “na ponta dos cascos” (v.). Por
Voz popular para descrever a re- outro lado, -aço é um sufixo muito
solução de começar a falar tudo o produtivo na língua do local, signifi-
que se sabe, ou para gritar. É voz cando a designação do ato ou efeito
popular. “Graxeira” é aquela caixa daquilo que a palavra-matriz indica,
de gordura que fica debaixo da pia como “cagaço” (v.), guampaço,
da cozinha, e abri-la para limpar “braguetaço” (v.), relhaço, fundaço,
sempre foi uma coisa por demais ou um simples aumentativo, como
de medonha, tal a sujeira que ali em mulheraço, tranqüilaço, inteira-
se acumula. ço, bonitaço, etc.

ABRIR O AÇOUGUE ACOAR


Na gíria futebolística, quando Ladrar, latir (o cão). E o resultado
acontece o primeiro lance meio é o “acôo”, mais uma palavra
criminoso (contra o nosso time, da língua que tem esse acento
em especial), com dano ou expec- bacana.
tativa de dano físico, se diz que ACOCAR
“abriram o açougue”. Levar medo, se cagar, mijar pra
ABRIR O TARRO trás, fazer papel de mulherzinha
Desandar a chorar desbragada- – tudo isso considerado desde o
mente. ponto de vista do universo mas-
culino e talvez machista. “Acocar”
ACABAR alude ao modo feminino de lazer
Atingir o orgasmo. Acho que é xixi, que implica justamente acocar,
mais usado pronominalmente, “se fisicamente. Também, no mesmo
acabar”. sentido, “acocorar”.
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AÇUCRINHA causa: “As guria tão tri a-fim”, como
Pequena quantidade de açúcar, diz a famosa canção Deu pra ti, do
bastante para adoçar o café: Kleiton e do Kledir.
“Bota um açucrinha no meu”. É voz
popular, mas de brincadeira todo AFOFAR
mundo diz. Fazer carinhos. Muito usada a res-
peito de crianças pequenas ou de
ADEUS, TIA CHICA namorados e namoradas.
Forma de declarar que “deu pra bo-
linha” (v.) do que quer que seja, defi- AFROUXAR O GARRÃO
nitivamente, para nunca mais. “Se a Levar medo, desistir da empreita-
gente conseguir a grana, aí ‘adeus, da, “tremer na base” (v.) ou “a per-
tia chica’ ”, por exemplo. Pode ser na” (v.); origem óbvia no campo, do
usada como comentário tanto de animal que, ao “afrouxar o garrão”,
horrores como de maravilhas. perde o impulso, a base, a força ou
a posição; aliás, “garrão” designa
ADEVA pejorativamente o pé humano,
Advogado, em forma apocopada. especialmente de homens.
Coisa aliás típica do porto-alegrês:
ver “refri”, por exemplo. AGÁ
Ver H.
ADIANTO
Uma coisa ou um gesto é um AGARRAR
“adianto” se serve para abreviar o Há pouco tempo, o humorista
caminho que se precisa percorrer André Damasceno fez um bordão
até o objetivo final; se o cara pre- familiar aos nossos ouvidos ficar
cisa de cinco mil e ganha mil, já é conhecido no país: “Não me faz te
um “adianto”; tem a ver com “se agarrar nojo”, significando “Não
adiantar” (v.). me dê motivos para eu ter nojo de
ti”. Esse uso do verbo é bastante
AÊ largo aqui: “agarrar” substitui
Forma que começou a ser usada muitas vezes o “pegar” brasileiro.
por escrito no mundo da internet, Assim como alguém “pega e vai
nos blogs e tal. É o velho “Aí” (v.), lá”, isto é, delibera e vai lá, aqui a
só que usado imitando a pronúncia gente “agarra e vai lá”. Também se
porto-alegrense, em que de fato a diz, mais popularmente, “garrar”,
gente aumenta o “i” para “e”, por no mesmo sentido. Frase familiar,
exemplo nas saudações, “E aí?”, de mãe braba para filho reinoso,
querendo significar “Como anda num prenúncio de sova, de “su-
tudo contigo?”. Ver “Foi mal aê”. manta de laço” (v.): “Tanto tu me
incomoda que eu cobiço agarrar
A-FIM
e te dar em ti”.
Não confundir com afim, que sig-
nifica ter afinidade com. “Estar ÁGUA
a-fim”, que estou grafando com Bebedeira, porre. Diz-se que o su-
hífen, quer dizer estar disposto jeito que bebeu muito “está numa
a, seja lá o que for que esteja em água” medonha.
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AGUAÇAL AÍ
Uma chuvarada terrível, como Saudação corrente: o cara enxerga
acontece de vez em quando. O o conhecido e simplesmente diz
sufixo -al (v.) tem bastante força “Aí”, com o “i” bem espichado e
entre nós. ligeiramente anasalado, eventual-
mente com leve entonação interro-
AGUACEIRO gativa, algo como “Aíiiããn”. Pode
Grande quantidade de água, es- acontecer também a saudação
pecialmente em chuvas fortes e muito mais formal, “E aí?”, signifi-
parelhas. Também dito “aguaçal”, cando “Como é que vão as coisas
no mesmo sentido. contigo, tudo bem?”. Pode ser
AGÜENTAR também usado em composição, “E
Esperar. Diz-se “Agüenta um pou- aí? Valeu?” (v.). Tem sentido tanto
co aí que eu já volto”. Mais po- de saudação como de agradeci-
pularmente, “Güenta aí”. Tinha mento. Ver “Firme?” e “No mais,
a expressão de mesmo sentido, tudo bem”. Ver “Aê”.
pouco usada, “agüentar a mão”, AÍ A JURUPOCA VAI PIAR
que também significava sustentar Expressão que vaticina que, di-
uma posição, uma situação. gamos, “a cobra vai fumar”, como
AGÜENTAR O TIRÃO se diz noutras partes do país. Ou
Do vocabulário gauchesco, signi- seja: a coisa vai mudar de rumo,
fica “agüentar o tranco”, se é que alguma providência vai ser toma-
dá pra entender. O “tirão” aí tanto da, alguém que esteja envolvido
pode ser a tarefa quanto a respon- vai partir pra ignorância. De onde
sabilidade, qualquer que seja, que saiu, não faço idéia. Jurupoca é,
esteja em causa. Originalmente, conforme o Aurélio, um peixe te-
“tirão” pode ser um golpe, feito leósteo, siluriforme, da família dos
aqueles que o laço dá no animal, pimelodídeos, seja lá o que isto
quando o alcança. O mesmo que tudo signifique (e, sendo peixe,
“agüentar o golpe”. como é que piaria?). Também já
ouvi “a jiripoca vai piar”.
AGÜENTAR O TRANCO
O mesmo que “agüentar o tirão”. AÍ É BRABO
Frase que resume um juízo sobre a
AH, PÁRA impossibilidade ou a inviabilidade
Expressão muito usada em diálo- ou ainda a indisposição a respeito
gos, para manifestar certa estupe- de certa pretensão. Te pedem para
fação com a informação dada pelo tu ires de carro até não sei onde,
interlocutor. “E tem mais: o cara é buscar não sei o que e ainda pagar
ladrão”, ao que se pode responder, as despesas, e tu respondes: “Mas
incrédulo, “Ah, pára!”, frase dita, aí é brabo”.
aliás, com uma mistura de interro-
gação com exclamação. É de uso AIPIM
bem parecido com “Capaz” (v.), Aquilo que no Brasil se chama
e diferente de “Te pára” (v.). Ver mandioca ou macaxeira.
também “se parar”.

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