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AVALIAÇÃO DE UM PROJECTO
Agnelo Figueiredo
Novembro de 2004
ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO .........................................................................................................1
2 – A NOSSA CONCEPÇÃO PRIMORDIAL ..................................................................2
3 – UM “PROJECTO” EDUCATIVO ...............................................................................3
4 – CLARIFICAÇÃO DO CONCEITO DE PROJECTO ..................................................6
5 – TIPOS DE PROJECTO ............................................................................................8
Projectos relativos à vida diária ..................................................................................9
Projectos-realizações: ................................................................................................9
Projectos de aprendizagem: .......................................................................................9
Projecto transeducativo ............................................................................................10
Projecto de produção................................................................................................10
Projecto de si ............................................................................................................10
6 – AVALIAÇÃO DE PROJECTOS ..............................................................................10
6.1 - Modelo Objectivista ..........................................................................................11
6.1.1 - Avaliação Baseada em Objectivos (Tyler) ............................................................................ 11
6.1.2 – Planificação Avaliativa (Cronbach)....................................................................................... 11
6.1.3 – C.I.P.P. (Stufflebeam)........................................................................................................... 12
6.1.4 – Avaliação sem referência a objectivos (Scriven).................................................................. 12
6.2 - Modelo Subjectivista.........................................................................................13
6.2.1 – Avaliação Respondente (Stake) ........................................................................................... 13
6.2.2 – Avaliação Iluminativa (Parlett & Hamilton) ........................................................................... 13
6.2.3 – Avaliação Democrática (McDonald) ..................................................................................... 14
6.3 - Modelo Crítico ..................................................................................................14
7 – AVALIAÇÃO DE “UM” PROJECTO........................................................................15
7.1 – ESCOLHA DO MODELO DE AVALIAÇÃO......................................................15
7.2 – O INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO................................................................20
7.2.1 – Avaliação do CONTEXTO .................................................................................................... 20
7.2.2 – Avaliação de ENTRADA....................................................................................................... 21
7.2.3 – Avaliação do PROCESSO.................................................................................................... 22
7.2.4 – Avaliação do PRODUTO ...................................................................................................... 23
7.2.5 – Instrumento (Síntese) ........................................................................................................... 24
8 – CONCLUSÃO.........................................................................................................24
9 - BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................26
10 – ANEXOS ..............................................................................................................27
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 ..........................................................................................................................3
Figura 2 ..........................................................................................................................5
1 – INTRODUÇÃO
dois exemplos reais. Em seguida, procederemos a uma breve incursão pela literatura, no
projecto específico.
Construção de Projectos Educativos Pag. 2
O “projecto” é algo que, pode dizer-se, faz parte da vida do engenheiro. Seja numa
qual, para além de especificar os resultados a alcançar, evidencia os recursos com os quais se
pode contar. Por outro lado, a elaboração do projecto desenvolve-se em permanente diálogo
quer com aquele(s) que o idealizaram, quer com outros especialistas nas diversas áreas
lhe introduzir alterações, quer para dar resposta a alterações introduzidas ao nível das
alterações. Estamos, com isto, a referir que um projecto, mesmo durante a fase de elaboração,
executado. Esta fase da execução não é, habitualmente, realizada pelo(s) projectista(s), mas
sim por outros especialistas que podem coordenar o trabalho de outras pessoas.
Construção de Projectos Educativos Pag. 3
Figura 1
3 – UM “PROJECTO” EDUCATIVO
“projectos” e surgiu a ideia de construir um “projecto” para estes alunos. E assim foi.
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entendemo-nos e começámos a trabalhar. Definimos aquilo que era desejável que os alunos
acertámos um conjunto de regras para serem cumpridas por professores, alunos e pais. Depois
projecto foi aprovado pelo Senhor Secretário de Estado Pedro d’Orey Cunha. Assim,
atentos àquilo que, uns e outros, dizíamos das nossas experiências na sala de aula com aqueles
alunos. Aprendíamos uns com os outros. Os alunos, com algumas, poucas, excepções,
também. No final dos três anos apenas um aluno não logrou concluir o 9º ano. Foi muito
Importa, agora, precisar que não estivemos a contar esta história no intuito de comover
alguém, nem sequer com o objectivo mais pragmático de “encher” o trabalho. O nosso
objectivo é fazer um paralelo entre a metodologia seguida neste “projecto” e aquela de que
eventualmente, na existência de uma única equipa que esteve presente em todas as fases,
Construção de Projectos Educativos Pag. 5
desde a idealização à execução, passando pela elaboração, o que, normalmente, não se passa
no projecto de engenharia.
Figura 2
Tendo elencado duas concepções de “projecto” que, embora tendo pontos comuns,
como aliás frisámos, têm diferentes dimensões e aplicam-se em contextos tão diversificados,
Brasileira de Cultura, na sua Edição Século XXI. Desta breve investigação, recolhemos duas
que referimos.
assim:
Filosofia:
[Projecto] É o que alguém decide ou se propõe fazer. Como o sugere o étimo da palavra (pro +
jacere = lançar, atirar para diante), todo o “projecto”, enquanto antecipação intencional do
futuro, supõe uma certa independência a respeito dos dados actualmente presentes. […] O
“projecto” afirma-se, deste modo, como a forma mais originária e elementar de toda a
expectativa humana. A este nível de instintiva confiança na realidade, todo o acto
especificamente humano redunda num êxito ou sucesso na medida em que traz ao presente a
realização ou malogro de um “projecto”. […]
1
Sublinhados nossos.
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pontos deste trabalho. De qualquer forma, o “projecto” que aqui está em discussão é aquele
que hoje se tornou tema “obrigatório” na escola portuguesa (e também lá fora, por aquilo que
vamos apreendendo). Assim, entendemos por conveniente uma incursão pela bibliografia, no
Conjunto de decisões, partilhadas peia equipa docente de uma escola, tendentes a dotar de
maior coerência a sua actuação, concretizando as orientações curriculares de âmbito nacional
em propostas globais de intervenção pedagógico-didácticas adequadas a um contexto
específico.
Entendemos Projecto Educativo de Escola como a referência que traduz os valores, intenções,
necessidades e as aspirações da comunidade educativa. O P.E.E. é a carta de definição da
política educativa da escola e corresponde à opção por um modelo educativo, à opção por uma
lógica que dê coerência ao funcionamento da escola.
O termo cobre hoje realidades distintas, com uma raiz comum: um projecto escolar é sempre
uma actividade (uma tarefa ou conjunto de tarefas), seja ela realizada por alunos, por
professores ou por alunos e professores em conjunto. Genericamente, um projecto procura
responder a uma interrogação, simples curiosidade ou expressão de um problema; e porque
implica quase sempre um trabalho de certa dimensão, é normal que para o desenvolver se
forme um grupo.
Forma particular como, em cada contexto, se reconstrói e apropria o currículo face a uma
situação real, definindo opções e intencionalidades próprias, e construindo modos específicos
Construção de Projectos Educativos Pag. 8
Uma proposta de trabalho orientada por algum tipo de reflexão prévia sobre os valores que
defende, os fins que persegue, o conhecimento em que se apoia, os problemas que prevê e os
procedimentos que desenvolve. Sendo proposta de trabalho, tal reflexão tem uma clara
orientação para a actividade teórico-prática em condições concretas de realização. Sendo uma
hipótese reflexiva sobre procedimentos práticos, tal orientação é motivo e objecto de
investigação, avaliação e modificação. É portanto, como toda a práxis docente, inacabada,
aberta e sujeita a critica.
ilustrativa, quer da polissemia do termo, quer da evolução que o mesmo tem tido ao longo do
tempo.
5 – TIPOS DE PROJECTO
experimentaram uma sensível evolução durante a última década do século passado. O efeito
anos da década de 90 utilizam abundantemente o termo “projecto” – com especial ênfase para
Quer isto dizer que, em termos educacionais, o termo “projecto” não significa sempre
a mesma coisa. Assim, no intuito de proceder a uma clarificação, vamos aqui deixar a
organização do espaço, do tempo, das actividades, das responsabilidades, das regras de vida,
etc.
PROJECTOS-REALIZAÇÕES:
São projectos de actividades complexas com uma finalidade precisa e com uma certa
PROJECTOS DE APRENDIZAGEM:
Nasceram do desejo de partilhar com as crianças a abordagem dos conteúdos de
formação que, geralmente, são reservados aos professores. Trata-se muito simplesmente (?)
de colocar as instruções oficiais ao alcance das crianças: o que é necessário que cada um
faça e as competências que cada um tem de construir até ao fim do ano para passar de
Mas, mais que enumerar esta “taxionomia” de projecto, o autor, Jolibert, deixa um
No entanto, todos estes projectos só podem nascer, ser organizados, articulados, realizados e
avaliados, se cada grupo escolar e cada classe criar formas de vida institucional — conselhos,
comissões, assembleias gerais, etc. — nas quais sejam (re)definidas as tarefas. os poderes, os
estatutos, as funções, as responsabilidades de uns e de outros: crianças e adultos e, entre estes,
professores, pessoal de apoio e pais.2
Das notas das aulas (CORREIA, 2004)3, recolhemos uma outra abordagem da
tipologia de projectos:
PROJECTO TRANSEDUCATIVO
Está presente nas diferentes formas de acção educativa que, no decorrer dos tempos,
PROJECTO DE PRODUÇÃO
Implica o aluno numa actividade de produção, servindo-se do interesse do aluno
como regulador das aprendizagens. Encontramo-lo e DEWEY, assim como no Plano Dalton,
PROJECTO DE SI
Not (1987) alerta-nos que "...todo o aluno traz consigo um projecto relativo à
realização de si ...", esclarecendo que "o projecto de si é aquilo que cada um quer mais ser
por aquilo que faz ou é capaz de fazer". Este autor chama também a atenção que "no
6 – AVALIAÇÃO DE PROJECTOS
2
Note-se que, embora sem conhecer esta recomendação, no “nosso” projecto de 1992 seguimos
todas as prescrições enunciadas.
3
Jorge Correia inspira-se, especialmente, na obra “Où va la pédagogie du Project?” de Marc Bru e
Louis Not.
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recolha de dados (testes, questionários, etc.). Os dados recolhidos são reprodutíveis por outros
profissionais e o seu tratamento utiliza técnicas estatísticas que asseguram o rigor científico
das conclusões.
(anos 40). É um método orientado para a tomada de decisões. Estas devem basear-se na
processo de decisão funcionam em separado, ainda que o primeiro não deva esquecer que
está ao serviço do segundo (idem p. 37). A avaliação é entendida como um processo terminal,
o que, de acordo com REBOLLO CATALÁN (ibidem) representa um ponto fraco, já que não
Tyler. Considera que as chaves para uma boa avaliação são a consciência política, uma
mentalidade aberta e uma boa comunicação estabelecida pelo avaliador. Coloca uma grande
ênfase no trabalho de equipa, alegando que ninguém está totalmente qualificado para se
desenvolvimento, os quais são igualmente avaliados, não se confinando aos resultados. Por
Construção de Projectos Educativos Pag. 12
outro lado, e ainda relativamente a Tyler, Cronbach mantém a opção pela acção estruturada
dos avaliadores.
conhecimento destes poderá desviar a atenção apenas para os indicadores que se relacionem
com os ditos objectivos, o que poderá impedir a apreciação de outros factores que não serão
evidenciados. Ora, de acordo com o autor, poderá haver projectos em que os resultados não
previstos sejam mais importantes que os pretendidos. Assim, a ênfase é colocada sobre os
aspirações.
Importa referir que, embora não haja consenso e alguns autores não considerem este
meto como “objectivista”, Rebollo Catalán entende-o testa forma, já que, os interesses,
necessidades, etc. dos “clientes” são definidos de forma externa e objectiva pelo avaliador.
4
Também conhecido por “Atenção ao Cliente”
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que permita vir a melhorar a prática educativa. Uma outra diferença, fundamental,
informação ao próprio cliente do programa, para que este possa tomar consciência do
processo vivido e ampliar o seu conhecimento sobre o mesmo (REBOLLO CATALÁN, idem:
42).
propósito a promoção do diálogo e do debate acerca das intenções iniciais da avaliação. Este
suas atitudes, opiniões e crenças, razão pela qual Stake preconiza a criação de condições para
método, a tarefa do avaliador deve centrar-se em facilitar uma compreensão global, holística,
nível das relações de poder. McDonald identifica três tipos de avaliação: burocrática,
autocrática e democrática.
para os objectivos da política. Os conceitos chave desta avaliação são “serviço”, utilidade e
eficácia.
mas sem o carácter incondicional da burocrática. O avaliador oferece uma validação externa
diferentes opiniões sobre os temas. As técnicas de recolha e análise de dados devem ser
acessíveis mesmo a pessoas não especialistas. Os conceitos chave desta avaliação são a
5
Citado por REBOLLO CATALÁN (Op.Cit. p. 45)
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de recolha de informações que fomenta a reflexão crítica dos processos e conduz à tomada de
centrar-se na análise crítica das circunstâncias pessoais, sociais, políticas e económicas que
rodeiam a própria acção. A mudança institucional, global, advirá das mudanças individuais
dos intervenientes.
prévias devem ser resolvidas. A primeira tem a ver com “qual” o projecto a avaliar. Daqueles
da área de Projecto de uma das turmas da nossa escola, por um Projecto Curricular de uma
daquelas turmas, pelo Projecto Curricular da própria escola e pelo Projecto Educativo da
nossa escola. A nossa escolha acabou por recair neste último, pela simples razão de ser aquele
em mais nos envolvemos nas suas diversas fases. O projecto encontra-se na parte final deste
trabalho, em anexo.
modelo que, embora “nascido” na década de 70, nunca deixou de ser aperfeiçoado pelo
demonstrar, mas aperfeiçoar. Não podemos garantir que as nossas metas e objectivos são
Por outro lado, este modelo não se resume à componente formativa da avaliação,
embora lhe dê grande ênfase. A componente sumativa não é descurada, como se pode
AVALIAÇÃO UTILIDADE
FORMATIVA SUMATIVA
Fornece informações para ajudar Comparação dos objectivos
CONTEXT a (re)definir objectivos e definidos com as necessidades
prioridades detectadas
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Este modelo de avaliação, CIPP – também conhecido por modelo das quatro fases –
Estados Únicos da América, quer ao nível da avaliação de escolas, quer de entidades que
agregam muitas escolas – os school districts. Por outro lado, estão disponíveis conjuntos
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design dos instrumentos de avaliação. Uma outra vantagem reside no facto deste modelo
poder fornecer, quer informação proactiva, isto é, informação que pode ser usada para
quer informação rectroactiva, isto é, dados que, uma vez terminada a avaliação, são utilizados
Uma visão global do modelo CIPP pode ser conseguida observando o quadro seguinte.
facto, o modelo CIPP já não avalia apenas quatro fases, mas sim sete.
6
Veja-se, por exemplo, http://evaluation.wmich.edu/resources/schooleval/ (recomendado). De resto,
o site da Western Michigan University em http://www.wmich.edu/evalctr/ oferece um manancial de
informação sobre avaliação de escolas.
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do “contexto”. Inclui, mesmo, dois capítulos completos onde se analisa o mesmo. Lendo-os,
fica-se a saber que se analisaram documentos e que se inquiriu por questionário. Assim, é
PONTOS FORTES:
identidade” da escola).
PONTOS FRACOS:
Não foram inquiridos os alunos dos cursos nocturnos, nada se sabendo sobre os seus
problemas e necessidades.
PONTOS FORTES:
PONTOS FRACOS:
Não se vislumbra algo que se pareça com um plano. Este projecto é um documento
eminentemente filosófico;
Novembro de 2003. Por outro lado, não encontrámos na escola um registo estruturado das
actividades desenvolvidas e respectiva avaliação. Este facto não é de estranhar, uma vez que,
Nesta escola, o plano que existe é aquele que é elaborado anualmente e que se denomina de
“Plano Anual de Actividades”. É através deste plano que a escola pretende implementar os
Projecto. O Plano de Actividades é sujeito a uma avaliação anual, é verdade. Contudo, essa
avaliação não desce ao pormenor de cada uma das actividades, ficando-se por generalidades.
Daí não podermos, enquanto avaliadores externos, pronunciar-nos sobre estes processos. Para
alunos – já foi satisfeita através de obras de requalificação global e que foi oferecida aos
Conviria, nesta altura, repetir o inquérito inicial, com o mesmo questionário, pelo
mudanças.
Questões Métodos
“Retrato” da escola Observação
Análise de documentos
Recursos disponíveis Análise de documentos
Alternativas
Como se realizaram as acções Inquérito
8 – CONCLUSÃO
projectos educativos. Pensávamos que, pelo facto de já termos participado em equipas que
elaboraram projectos e, porque não dizê-lo, por já termos construído vários projectos, por já
termos estudado estas matérias, enfim, tínhamos a veleidade de pensar que pouco haveria, de
Estudámos e aprendemos algo. Pode não ter sido muito, mas chega para afirmar, com
segurança, o seguinte:
processos que se desenvolvem nas nossas escolas. Isto não é uma descoberta.
avaliar.
9 - BIBLIOGRAFIA
FREITAS, C.V. (1997). Gestão e avaliação de projectos nas escolas. Lisboa: Ministério da
Educação – Instituto de Inovação Educacional.
LEITE, C. et al. (2001). Projectos curriculares de escola e turma: conceber, gerir e avaliar.
Porto: Edições ASA.
10 – ANEXOS