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Letra de Câmbio

62
LETRA DE CÂMBIO

62.1 ORIGEM
A letra de câmbio, praticamente, começou a se formar na Itália, no
século XIV. Para não transportar dinheiro de uma cidade para outra,
estando uma pessoa sujeita à emboscada e à perda, procurava um banqueiro
de sua própria cidade, que tinha relação comercial com outro banqueiro da
cidade onde pretendia se dirigir, e entregava-lhe o dinheiro. Em troca,
recebia uma carta, uma ordem de pagamento, que dava tal incumbência ao
banqueiro de outra cidade, onde faria o pagamento. Assim, em vez de as
pessoas transportarem dinheiro, transportavam a carta, documento
representativo da soma a ser paga. Essa prática deu origem ao atual título de
crédito, hoje de uso universal. Portanto, enviava-se dinheiro de um local
para outro através do instrumento do contrato de câmbio: uma ordem de
pagamento.
Facilmente podemos imaginar a intervenção de, pelo menos, três
pessoas nessa operação: o banqueiro que recebia o dinheiro e expedia a carta
- o sacador; aquele que recebia a carta - o tomador ou beneficiário; e o
encarregado do pagamento - o sacado.
Atualmente, o mecanismo é o mesmo: há o sacador que emite a letra
de câmbio, entregando-a ao tomador (credor), para que este receba do
sacado (devedor).

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Instituições de Direito Público e Privado

62.2 SAQUE
“Não se pode transformar obrigação civil em dívida
cambiária líquida e certa emitindo letra de câmbio sem expressa
previsão legal ou contratual, pois sem esta o saque é ilegal,
configurando abuso de direito, inclusive por coagir o apontado
devedor ao pagamento através de seu protesto sem que tenha
reconhecido a dívida” (in RT 625/188).

A ementa do acórdão destacado retrata a hipótese do saque de uma


letra de câmbio para o recebimento de certa quantia a título de despesas
financeiras; não em decorrência de um contrato.
O Tribunal considerou tal saque como abuso de direito, pois a
emissão de letra de câmbio só é possível com expressa previsão legal ou
contratual. De fato, caracteriza abuso de direito, saque de letra de câmbio
sem lei ou contrato que o autorize. Vale dizer, só será legítima a emissão de
letra de câmbio quando existir previsão legal ou contratual expressa que
autorize o saque.
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Uma pessoa dá a
ordem de pagamento, determinando que certa quantia seja paga para uma
outra pessoa. É o sacador quem dá a ordem ao sacado, para realizar o
pagamento. Há, ainda, o beneficiário da ordem, que é o credor, conhecido
como tomador. Quem cria a letra de câmbio é o sacador. O saque é o ato de
criação, de emissão do título.
Após a entrega da letra de câmbio ao tomador, este procura o
sacado para obter o aceite ou o pagamento, conforme o caso. Contudo, o
saque produz outro efeito: o de vincular o sacador ao pagamento da letra de
câmbio. Caso o sacado se negue em aceitar ou a pagar o título, o tomador
poderá cobrar do próprio sacador (LU232, art. 9.º). “É ensinança tradicional
da melhor doutrina que o sacado, enquanto não aceitar, não é um obrigado
cambial”233.
Para melhor entendimento, apresentamos a seguir o modelo do
anverso de uma letra de câmbio:

232
LU = Lei Uniforme de Genebra (O Brasil é signatário de uma convenção internacional
adotando uma lei uniforme sobre a letra de câmbio e nota promissória, firmada em 1.930,
embora existisse, desde 1.908, o Decreto n.º 2.044, disciplinando a matéria. Assim, a Lei
Uniforme de Genebra é a aplicada, mas havendo omissão, utiliza-se a Lei 2.044).
233
Paulo de Lacerda, A Cambial, p. 22.

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Letra de Câmbio

Valor
N.º de de 19 R$

No vencimento pagará(ão) V. Sa(s) por esta única via de Letra de Câmbio, à

LETRA DE CÂMBIO
ou à sua ordem a
importância de

1.041 - 105x235
Aceito(amos)
Na praça de

Endereço:
Cidade: Estado:
Local e data do saque
Documentos:
CPF/CGC:
Outros doc.

62.3 CONCEITO DE LETRA DE CÂMBIO


A letra de câmbio é o saque de uma pessoa contra outra, em favor
de terceiro. É uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado, seu
devedor, para que, em certa época, este pague certa quantia em dinheiro,
devida a uma terceira, que se denomina tomador. É, enfim, uma ordem de
pagamento à vista ou a prazo. Quando for a prazo, o sacado deve aceitá-la,
firmando nela sua assinatura de reconhecimento: é o aceite. Nesse momento,
o sacado se vincula na relação jurídico-material, obrigando-se ao
pagamento.
Portanto, a relação se estabelece entre três pessoas: o sacador, o
sacado e o tomador. Entretanto, a lei faculta que uma mesma pessoa ocupe
mais de uma dessas posições. Nada impede que a letra de câmbio possa ser
sacada em benefício do próprio sacador ou o sacador seja a mesma pessoa
do sacado (LU, art. 3.º).

62.4 REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO


O formalismo é da essência da letra de câmbio, devendo, portanto,
conter determinados requisitos preestabelecidos por lei. Assim, ela deve
trazer:
1. denominação “letra de câmbio” no seu contexto;
2. a quantia que deve ser paga, por extenso;
3. o nome da pessoa que deve pagá-la (sacado);
4. o nome da pessoa que deve ser paga (tomador);
5. assinatura do emitente ou do mandatário especial (sacador).

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Se surgir uma disparidade entre a importância declarada por cifra e


a declarada por extenso, valerá esta última.
A letra de câmbio, quando emitida, poderá ser sacada incompleta.
Porém, se ela for assim emitida, por exemplo, sem o nome do tomador,
poderá circular. Mas seus requisitos devem estar totalmente cumpridos,
antes da cobrança judicial ou do protesto do título. É que o portador de boa-
fé, é considerado procurador bastante do sacador para completá-la. “É claro
– observa o Prof. Fábio U. Coelho – se preencher o título em desacordo com
o avençado, ou com a realidade dos fatos, terá o portador agido de má-fé, e
deixará, por isso, de ser considerado procurador do emitente do título”234.
Analise o art. 691 do CC: “O título de crédito, incompleto ao tempo da
emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes
realizados”.
Registre-se que é somente o sacador quem a assina. A sua
assinatura é requisito essencial de validade (cc, ART. 889).

62.5 OUTROS REQUISITOS DA LETRA DE


CÂMBIO
São os seguintes:
1. o lugar do pagamento;
2. a importância declarada por cifra;
3. a data do vencimento do título;
4. a data da emissão.

“Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não


indicado no título, o domicílio do emitente” (§ 2º do art. 889, CC).
A falta da época do vencimento não afeta a validade do documento.
“É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento”
(§ 1º do art. 889, do CC).
“Deve o título de crédito conter a data da emissão,...” (CC, art.
889). A data da emissão, a partir da vigência do novo Código Civil, passou
a ser requisito legal. Contudo, dispõe o art. 888 do CC que a “omissão de
qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de
crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu
origem”.

234
Manual de Direito Comercial, Ed. Saraiva, S. Paulo, 2003, p. 242.

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62.6 VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO


O pagamento do título deve ser efetuado pelo devedor no dia do
vencimento. Pode ser:
a) à vista.
O sacado deve pagá-lo no ato de sua apresentação.
b) em dia certo.
O sacado deve pagá-lo:
1. no dia do vencimento indicado no título;
2. a tempo certo da vista, significando a tantos dias a partir da
data do aceite, ou seja, da data em que o título é exibido ao
sacado;
3. a tempo certo da data, isto é, tantos dias contados da data da
emissão do título.

62.7 ACEITE

“Letra de câmbio” sem aceite não enseja execução forçada contra o


sacado. “O saque da letra é ato unilateral do sacador. O aceite é que a
transforma num contrato perfeito e acabado, completando-lhe a
cambiariedade” (in RT 495/225). “Sem o aceite o sacado não se vincula,
não se torna devedor, não se gerando para ele qualquer obrigação decorrente
do título” (in RT 625/188).
O aceite é o ato praticado pelo sacado que se compromete a pagar a
letra de câmbio no vencimento, assinando no anverso do título. Basta a sua
assinatura, ou a de seu mandatário especial, podendo ser acompanhado da
expressão esclarecedora tal como: “aceite” ou “pagarei”, ou ainda,
“honrarei”.
A falta de aceite não extingue a letra de câmbio. O sacador continua
o responsável e o sacado nenhuma obrigação assumiu em relação ao título,
embora haja a menção do seu nome na letra.
Se o sacado ao receber a letra de câmbio para o aceite não a
devolve, retendo-a indevidamente, está sujeito à prisão administrativa. Basta
requerer ao juiz. O art. 885 do CPC indica essa situação: “O juiz poderá
ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado pelo emitente,

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sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu para


firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com
justificação ou por documento, a entrega do título e a recusa da
devolução.
Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido,
ouvirá depoimento se for necessário e, estando provada a alegação,
ordenará a prisão”.

62.8 ENDOSSO DA LETRA DE CÂMBIO


Sendo a letra de câmbio um título de crédito, o endosso é
perfeitamente admissível e, havendo uma cadeia de endossos em preto, o
último endossatário é considerado o legítimo proprietário da letra.
Se o sacador inserir a expressão “não à ordem”, a letra não poderá
circular por meio de endosso (LU, art. 11). Entretanto, normalmente a letra
de câmbio contém a cláusula “à ordem” e, assim, o credor poderá negociar o
crédito mediante um ato jurídico denominado endosso, consistente da sua
assinatura no verso ou anverso do título. O primeiro endossante será sempre
o tomador; o segundo endossante é o endossatário do tomador e assim
sucessivamente. Não há qualquer limite para o número de endossos.
Quando o proprietário do título o endossa, torna-se coobrigado
solidário no pagamento (LU, art. 15).

62.9 O AVAL DA LETRA DE CÂMBIO


A letra de câmbio, como título de crédito que é, pode receber aval.
O avalista é responsável da mesma forma que o seu avalizado (LU, art. 32),
ou seja, o avalista responde pelo pagamento do título perante o credor do
avalizado e, realizado o pagamento, poderá voltar-se contra o devedor.

62.10 PRESCRIÇÃO DA LETRA DE CÂMBIO


A prescrição é a perda do direito de propor ação judicial em
conseqüência do não uso dela, durante um determinado espaço de tempo
previsto em lei. A prescrição da letra de câmbio é a perda da execução
judicial pelo seu não-exercício dentro do prazo de três anos.

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Vencida a letra e não paga, o credor tem o direito de propor ação


executiva e, para tanto, terá o prazo de três anos a contar da data do
vencimento da cambial. Se deixar passar esse prazo prescritivo, essa ação
não será cabível. No entanto, se deixar passar o prazo de 3 anos para o
exercício da referida ação contra o devedor principal e seu avalista, ocasião
em que a letra perde a natureza de título executivo extrajudicial, terá, ainda,
o direito de propor ação monitória, que é ação de conhecimento, a partir de
prova escrita sem eficácia de título executivo, para constituição de título
judicial. É o que se extrai da dicção textual do art. 1.102-A do CPC: “A
ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega
de coisa fungível ou determinado bem móvel”. Para melhor conhecimento,
veja nosso “Curso Básico de Direito Processual Civil, vol. 4, cap. 132.
O prejuízo assim será enorme: a correção monetária começa a
incidir a partir da propositura da ação, enquanto que, propondo ação
executiva em tempo, a correção monetária incidirá a partir da data do
vencimento do título. O pior é o credor ter que provar a origem do título,
pois, com a prescrição, o documento “letra de câmbio” deixou de ser um
título de crédito. Também traz prejuízo a demora da penhora, pois antes
poderá vir a contestação, a instrução, a sentença e o recurso.

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