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Partido Operário de Unidade Socialista

Secção portuguesa da IVª INTERNACIONAL

O que levou à demissão de Sócrates?


A resistência e as mobilizações constantes contra as consequências dos “planos de austeridade”,
acordados com a União Europeia e levados fielmente à prática pelo governo de Sócrates, conheceram
um salto qualitativo nas duas últimas semanas:
 A mobilização de centenas de milhar de jovens e de trabalhadores de várias gerações, em
Lisboa, no Porto e em diferentes capitais de distrito, exigindo trabalho com direitos para uma realização
individual e colectiva, declarando que não estão mais dispostos a aceitar o futuro que o poder
dominante lhes prepara, bem como o retorno a manifestações de rua de milhares de professores, em
unidade com os seus sindicatos (12 de Março).
 O reacender das greves e manifestações de trabalhadores do público e do privado;
 A recusa da CGTP em assinar um “pacto para a competitividade”, suspendendo
temporariamente, a partir de 14 de Março, a sua participação no Conselho Económico e Social;
 A realização, a 19 de Março, de uma manifestação com duas centenas de milhar de
trabalhadores, convocada pela CGTP, onde Carvalho da Silva denunciou a subordinação às políticas da
União Europeia, como a causa central do definhamento da economia nacional, do desemprego e da
destruição dos direitos dos trabalhadores e das populações.
Foi o temor de que este movimento se tornasse incontrolável – acabando por paralisar o Governo
e neutralizar a possibilidade de governação do partido da oposição que é suposto suceder-lhe e
seguindo o aviso de vozes experientes a dizer-lhe: “Atenção ao perigo da explosão social!” – que fez o
PSD aprovar, ao lado da restante oposição parlamentar, a rejeição do novo PEC (o qual tinha sido
apoiado, de forma unânime, pelo Conselho Europeu, pelo BCE e saudado por toda a imprensa
internacional).
E assim, no dia em que os trabalhadores do transporte ferroviário e do fluvial faziam uma greve, a
100%, contra as consequências da aplicação dos PECs – corte nos salários, nos serviços prestados às
populações e contra a privatização do sector, também anunciada – e os utentes entrevistados diziam:
“Se fazem greve é porque têm motivo para isso; é pena é não ser geral, pois o país tem que mudar”, a
maioria da Assembleia da República aprovava a rejeição do PEC da União Europeia e o Governo
anunciava a sua demissão.
Trata-se de uma derrota das instituições da União Europeia.
Pela primeira vez, um parlamento nacional ousa contrariar aquilo que o rolo compressor do
grande capital internacional ditou a Portugal.

E agora, que Governo?


O presidente do Conselho Europeu, já afirmou que os todos os planos de austeridade, inclusive o
último rejeitado na Assembleia da República, em Portugal, são para cumprir na totalidade. Quer dizer
que os trabalhadores dos serviços públicos e do sector privado devem ser despedidos aos milhares, a
precariedade tem que continuar a crescer, os salários e as pensões de aposentação continuarem a ser
cortados e os impostos a subir.
Todas as forças políticas que se posicionam em defesa da União Europeia e das suas instituições
pretendem que haja eleições para que seja formado, rapidamente, um Governo capaz de afrontar a
mobilização da classe trabalhadora e das populações, um Governo capaz de continuar a executar em
Portugal os seus planos.
É inquestionável que o nosso país precisa de uma Assembleia da República livre e soberana.
Uma Assembleia de deputados para servir o povo português e não os interesses dos banqueiros e
especuladores, para quem o país é o lugar onde melhor conseguir aumentar a sua riqueza.
Esta Assembleia de homens e mulheres livres, só poderá emergir da mobilização da classe
trabalhadora, dos estudantes, dos desempregados, enquadrados e utilizando as suas organizações, e
não de partidos políticos subordinados às instituições da União Europeia.
Uma Assembleia livre e soberana, imposta pela mobilização unida de todos os sectores da
população, com os seus Sindicatos e Comissões de Trabalhadores, coordenando-se por sector,
regional e nacionalmente, como foi feito a seguir ao 25 de Abril, poderá ser o sustentáculo de um
Governo que adopte um programa político de emergência, para reconstruir a economia do país.
Um governo para:
 Proibir os despedimentos e decidir do vínculo para todos quantos se encontram em
situação de precariedade;
 Repor os salários e aumentar as pensões de reforma de quem se encontra abaixo do
limiar da pobreza;
 Renacionalizar os sectores estratégicos da economia, sem indemnização nem resgate,
para os colocar ao serviço do aparelho produtivo, sob o controlo de comissões de trabalhadores
democraticamente eleitas;
 Procurar a cooperação solidária com outros governos determinados a ajudar a civilização
actual a operar uma viragem no sentido da paz, do respeito pela soberania de cada povo, do
desenvolvimento e do progresso da ciência, da cultura e da arte;
 Procurar uma ligação aos movimentos dos trabalhadores que, nos diferentes países da
Europa, resistem aos mesmos ditames impostos pela União Europeia;
 Romper com as instituições da União Europeia, assentes em tratados destruidores da
vida dos povos, do de Maastricht ao de Lisboa;
 Contribuir para a construção de uma União Livre de Nações soberanas e solidárias.
Os militantes do POUS procuram defender propostas de acção estratégica que – como a
experiência já mostrou – são as que poderão ajudar a classe trabalhadora a impor, na prática, este
programa de Governo.
Assim, têm ajudado a organizar comissões entre os trabalhadores de diferentes correntes do
movimento operário, defendendo a proibição dos despedimentos, exprimindo a ruptura com a
“concertação social” e a recusa em assinar acordos tripartidos por parte dos dirigentes das Centrais
sindicais.
Com a convicção de que será possível aos trabalhadores e aos jovens, bem como aos militantes
de diferentes quadrantes do movimento operário fazerem ouvir e valer as suas legítimas exigências – no
quadro da democracia e do diálogo fraterno –, os militantes do POUS actuarão, lado a lado com eles,
ajudando a construir Comissões para a Unidade que exprimam esta orientação, reforçando,
nomeadamente, a Comissão pela Proibição dos Despedimentos.

Eleições enfeudadas às instituições da União Europeia não responderão aos


problemas do nosso país!
Só a mobilização dos trabalhadores, em unidade com as suas organizações, poderá
abrir uma saída positiva a Portugal!
Lisboa, 26 de Março de 2011

O Secretariado do POUS

POUS Sede: Rua de Santo António da Glória, nº 52 B, cave C, 1250 – 217 Lisboa
Página na Internet: http://pous4.no.sapo.pt email: pous4@sapo.pt

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