DIREITO AGRÁRIO

PROFª DAIZE FERNANDA WAGNER

História da propriedade rural no Brasil

Antecedentes históricos

Š Tratado de Tordesilhas (1479)

Š Primórdios da Colonização: a relação do colonizador com os indígenas teve
dois momentos distintos:
• 1º - amistoso – práticas de escambo (pau-brasil em troca de
quinquilharias)
• 2º - conflituoso – escravidão dos indígenas (necessidade de mão-de-obra
para monocultura) – guerras justas – genocídio indígena
Š Monoculturas de produtos para abastecer a Europa

Capitanias Hereditárias

Š Donatários – recebiam enormes extensões de terra. Primeiro donatário: Martim

Affonso de Sousa (recebeu 100 léguas de terras por Carta de Doação de 1535)
• Obrigações
• Explorar e auferir lucro dessa exploração;
• Proteger as terras contra possíveis invasões
• Direitos
• Legar as terras aos seus herdeiros;
• Repartir e distribuir parcelas de terras de sua capitania (sesmarias)
• Características: eram latifúndios monocultores trabalhados por mão de
obra escrava, negra e indígena
• Cem léguas equivaliam a 660 km

Regime de Sesmarias em Portugal

– Obteve sucesso como forma de evitar terras ociosas e combate a escassez

de alimentos;
– Lei Régia de 1375 – dono da terra devia produzir, entregando 1/6 da
produção à Coroa, sob pena de perder o domínio das terras (***início da
função social da propriedade e de reforma agrária?)
– Definição legal de sesmarias: “São propriamente as dadas de terras casais
ou pardieiros que foram ou são de alguns senhorios e que j[a em outro
tempo foram lavradas e aproveitadas e agora o não são.

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 Regime Sesmarial no Brasil

Š É instituído no Brasil através da Carta Foral de 1531

Š Carta de Sesmaria – possuía cláusula resolutiva, segundo a qual as terras
concedidas poderiam ser retomadas caso não fossem aproveitadas em 2 ou 6
anos, e dadas a outras pessoas;
Š Obrigações do sesmeiro: colonizar a terra, ter nela sua morada habitual, manter
culturas permanentes; pagar os tributos exigidos; demarcar os respectivos
limites da terra;
Š Não cumprimento das obrigações: comisso – o imóvel retornava ao patrimônio
da Coroa

Problemas envolvidos

Š Pessoas que recebiam Sesmarias não reuniam as condições de cumprir as

obrigações estabelecidas;
Š A cláusula resolutiva em virtude da não utilização da terra só era aplicada em
havendo provocação da Coroa por terceiros interessados;
Š Registro das Cartas até um ano após a concessão sob pena de caducidade – o
que não ocorria;
Š Demarcação das terras era feita de modo aleatório;
Š Havia limitação à extensão das terras dadas em Sesmarias – que nunca foi
observada;

Regime de Posses

Š Fim do regime sesmarial em 17/07/1822 – Resolução 76, confirmada pela

Provisão imperial de 22/10/1823
Š Inicia Regime de Posses dos Terrenos Devolutos (que vai até 1850)
• Durante esse período, inexiste lei que regulamentasse o uso e a
propriedade das terras no Brasil
• De 1823 a 1850 predomina a posse em detrimento do título – leva a
ocupação desordenada do território

Conseqüências do Regime de Posses

Š Proprietários legítimos, por títulos de sesmarias concedidas e confirmadas,

com todas as obrigações adimplidas pelos sesmeiros;
Š Possuidores de terras originárias de sesmarias, mas sem confirmação, por
inadimplência das obrigações assumidas pelos sesmeiros;
Š Possuidores sem nenhum título hábil subjacente;

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Š Terras devolutas, aquelas dadas em sesmarias, foram devolvidas, porque os
sesmeiros caíram em comisso.

Lei de Terras de 1850 – Lei 601

Š A Lei 601 visa disciplinar o caos instalado a partir do sistema de posses;

Š Determinava que as terras que não estavam cercadas, deveriam ser devolvidas
ao governo (daí a expressão terras devolutas);
Š A propriedade da terra só era efetivada mediante compra em dinheiro –
conseqüência direta – elevação do preço da terra;
Š Todavia, beneficia mais o latifundiário, estimula a grilagem e a expropriação do
posseiro;

Referências

ATAÍDE JÚNIOR, Wilson Rodrigues. Os direitos humanos e a questão agrária no

Brasil – a situação do sudeste do Pará. Brasília: UnB, 2006.
CARVALHO, Júlio Marino de. Os direitos humanos no tempo e no espaço.
Brasília: Brasília Jurídica, 1998.
MARQUES, Benedito Ferreira. Direito Agrário Brasileiro. Goiânia: AB, 2001.