A organização de uma sociedade constituída comporta três âmbitos ou setores, a
saber: 1º) O Primeiro Setor corresponde à emanação da vontade popular, pelo voto, que confere o poder ao governo; 2º) O Segundo Setor corresponde à livre iniciativa, que opera o mercado, define a agenda econômica usando o lucro como instrumento; 3º) O Terceiro Setor corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, tais como: ONGs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado etc. Seria enganoso achar que somente o primeiro e o segundo setores operam com dinheiro, como se o terceiro setor pudesse renunciar a este instrumento. O que caracteriza cada setor em face dos recursos financeiros é o seguinte: Primeiro Setor: dinheiro público para fins públicos; Segundo Setor: dinheiro privado para fins privados; Terceiro Setor: dinheiro privado para fins públicos (nada impede, todavia, que o poder público destine verbas para o Terceiro Setor, pois é seu dever promover a solidariedade social). Este setor movimenta mais de um trilhão de dólares por ano, o que o coloca na posição de oitava economia mundial, se comparado ao PIB das nações mais ricas. Mas o Terceiro Setor não trabalha unicamente com recursos pecuniários. Faz parte integrante da sua concepção a prática de valores, que motivam os indivíduos a buscarem melhoria na própria vida e na do próximo, o esmero das qualidades ou virtudes sociais, o aprimoramento das aptidões e habilidades profissionais, o amadurecimento da cidadania. Voluntariado, iniciativas beneficentes, cooperativismo, independência, oblatividade, humanismo, subsidiariedade, partilha etc. são diversos nomes com os quais muitas vezes designamos as práticas do Terceiro Setor. O poder de influência do Terceiro Setor é, como se vê, importante, inclusive porque parte das mudanças e inovações sociais mais significativas dos últimos tempos foram obtidas graças à criação e militância de suas organizações.
A REBRAF
A indignação causada pela lei nº 9.732/98 foi a energia provocadora da organização
da Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas (REBRAF). Desde 1998 dezenas de entidades assistenciais vêm se reunindo para estudos e planejamento, e optaram por constituir-se numa rede de entre-ajuda, ampliando a sua dedicação na razão inversa das limitações ou omissão do Estado no campo social. Essas entidades descobriram uma identidade comum, que as iguala, não pelo tamanho, mas pela função e pela soma de seus valores comuns, assim sintetizados: - Inclusão: luta contra a exclusão - Bem comum - Respeito às diferenças - Isenção político-partidária - Organização da sociedade civil - Empenho total no cumprimento dos deveres como contrapartida essencial da exigência de direitos.
O processo de institucionalização da REBRAF deu-se em 15 de julho de 1999, com
a eleição de um Conselho Gestor, composto por 40 titulares e 10 suplentes. Por delegação do Conselho Gestor um Grupo de Trabalho ficou encarregado de providenciar a convocação de uma Assembléia Geral Extraordinária para a aprovação do Estatuto Social da entidade e a eleição da primeira Diretoria, o que se realizou em 27 de janeiro de 2000, quando também foi constituído um Conselho Fiscal e definidos a missão, os clientes, os valores e os deveres da REBRAF.