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A SOCIEDADE PÓS-MODERNA E O
FENÔMENO DAS TRIBOS URBANAS
Isabela Fonseca Cardoza1
RESUMO.
O trabalho exposto abordará o fenômeno das Tribos Urbanas, realizando uma análise comparativa
das conseqüências comportamentais dos atores sociais, pertencentes a estas tribos, com a Teoria
do Inconsciente apresentada por Sigmund Freud, no final do século XIX. Essa comparação é
necessária porque se percebe que os sujeitos contemporâneos fazem parte de uma sociedade
definida por um inconsciente coletivo governante, encarnado através da sociedade de consumo, da
ética da estética corporal e da autonomia da identificação com o outro apenas através de atitudes.
Constatando-se, que o sujeito contemporâneo é movido pela condição de desamparo e, para garantir
uma aceitação social, busca muitas vezes a participação em uma “tribo”, descolando-se de seu
próprio ego em prol do ego do grupo, caracterizando o fenômeno do tribalismo pós-moderno.
1
Graduanda de Psicologia da Universidade da Amazônia, bolsista de Iniciação Científica do CNPq, do Projeto Encontros
Transculturais: sua importância para o pensar e o agir democrático na formação de educadores.
Desta forma, a pós- em produtos próprios do merca- tórica familiar, mas sim “agir jun-
modernidade, caracteriza-se por do de consumo. Ou seja, to”, e esta ação representaria ati-
trazer consigo todas as mudan- tude, onde se você faz isso e eu
a transitoriedade e o
ças culturais e sociais, resultan- também faço, então participo de
imediatismo se congre-
tes do triunfo do capitalismo so- gam numa certa apologia sua tribo e tenho uma identifica-
bre o socialismo real, e do declínio do presente vivida na tri- ção com ela, ou seja, me relacio-
de um individualismo bo, não havendo projetos no com você.
hegemônico, da modernidade fun- futuros ou preocupações
dada na máxima da razão, e nos com o destino da tribo. É Em algumas tribos tem se
apenas olhares rápidos,
princípios iluministas. O que vem o próprio movimento do
consumo que determina o que não se fixam, entre os
alterar a percepção da realidade
futuro destas tribos. próprios membros ou
do indivíduo, que é obrigado a mesmo em relação ao res-
redefinir suas práticas cotidianas (COUTINHO, 2003)
to do mundo. A circula-
e estar exposto às diferenciações ção parece emergir como
de experiências a serem um valor em si mesma o
vivenciadas. Maffesoli (2000) afirma que nos remete a própria
que esta atomização social pre- circulação incessante de
Acarretando o declínio domina-se como “a massa inde- objetos e mercadorias em
das tradições e a acelerada finida, o povo sem identidade ou uma sociedade de con-
pluralização de grupos primários, o tribalismo enquanto nebulosa de sumo. (CAIAFA,
a chamada dessocialização 2 pequenas entidades locais. Tra- 1985).
causada pela cultura de massa, tando-se de metáforas que pre-
que resulta na constituição de um tendem acentuar, sobretudo, o Constituindo-se, que es-
novo enfoque às subjetividades, aspecto confusional da sociabili- tas coletividades afetivas transi-
designando novas noções de há- dade”. Deste modo, a comunida- tórias, caminham sob uma nova
bitos e valores nos quais as tribos de emocional3 é vista como algo ética, a “ética da estética”, em
urbanas encenam um novo cená- que nunca existiu, e que hoje ser- que palavras como intensidade,
rio. ve-se como reveladora da situa- afeto e imagem, se interagem e
ção presente em que se instaura determinam a maneira com que
O fenômeno das tribos, o indivíduo se situa no mundo. E
pode não apenas ser de um todo a palavra “tribo”, apenas como
referência para se afirmar uma para Featherstone (1997) “a éti-
observado no universo jovem, ca da estética é o modo contem-
porém é neste universo que ele metáfora de uma articulação do
mundo pós-moderno, pois as porâneo de ordenar-se no mun-
mais se perpetua, constituindo a do, e ela própria constitui-se num
realização da idéia do “ser jovem” características atribuídas a estas
“comunidades emocionais” 3, fator de favorecimento ao apa-
como sendo sinônimo da adequa- recimento das tribos”. Onde a
ção em um universo, ou em uma seriam: o aspecto efêmero, a ins-
crição local, a valoração da esté- beleza e o culto à imagem impe-
tribo que tenha o reflexo do mo- ram, redefinindo o próprio senso
derno e do arrojado, e é esta idéia tica da imagem e a ausência de
uma organização e estrutura co- de identidade que este Individuo
ou ideal que é vendido maciça- possa cultivar de si.
mente na sociedade de consumo, tidiana.
vivendo-se o “mito da novidade”, Dessa forma, conhecer Desta forma, expõe Cas-
o qual transforma o jovem, e sua alguém não mais seria adentrar tro (1998), os sentimentos de iden-
idéia acerca de sua auto-imagem, na sua biografia e estrutura his- tidade e de pertencimento social
1
Termo utilizado por Alain Touraine no livro intitulado: Poderemos viver juntos? Iguais e Diferentes (TOURAINE, 1999).
2
Termo utilizado por Michel Maffesoli, no livro intitulado: O Tempo das tribos - Declínio do individualismo nas sociedades de
massa.