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Estudos Europeus I 1

A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Europa e a Antiguidade:

− A origem da palavra Europa, enquanto nome de Continente, está envolta


em grande mistério;

− Já Heródoto – Historiador Grego – afirmava desconhecer a razão de o


Mundo dividido em três partes – Europa, Ásia e África – e porque é que
tinham nome de mulher;

− Assim a divisão do mundo em continentes bem como o nome é muito


antiga;

Mitologia e Etimologia

− Na mitologia grega Europa é filha de um Rei Fenício;

− Pode a palavra Europa derivar da língua fenícia na qual significa – Terra do


Entardecer;

− Pode derivar do Grego e nesse sentido Europa significar – A de Aspecto


Escuro;

As Fronteiras

− O conhecimento geográfico era vago e rudimentar, assim as fronteiras da


Europa também eram vagas e sujeitas a variações;

− Segundo Heródoto desconhecia-se se havia um mar a norte e a leste do


continente;

Gregos e Persas

− Europa um nome geograficamente vago ganhou na conotação especial


resultante dos confrontos entre Gregos e Persas;

− Colonos Gregos instalaram-se na costa ocidental da Ásia menor – A costa


Jónia;

− A colonização permitiu um maior reconhecimento entre Gregos e não


Gregos;

A Europa e a
Antiguidade
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− A língua falada pelos não Gregos soava estranha aos Gregos que lhes
chamaram de bárbaros – porque só conseguiam proferir um barulho "bar
bar" incompreensível;

− A expansão do império Persa esteve na origem da revolta das colónias que


pediram ajuda à Grécia – mão Pátria;

− Assim começaram as guerras entre gregos e persas;

− Foi neste contexto histórico que os autores gregos do sec. V começaram a


relacionar os conceitos geográficos da Europa e da Ásia não apenas como
espaços com diferentes línguas, culturas e usos mas também com sistemas
de governo distintos;

− A Cidade Estado de Atenas tornou-se no símbolo da liberdade grega


enquanto que a Pérsia era vista como um imenso Império governado por
um rei absoluto que não respeitava nem Deus nem a Lei;

− A oposição entre gregos e persas era vista pelos gregos como


representando a oposição entre a Europa e a Ásia, entre a liberdade e o
despotismo;

− Por volta de 400 AC Hipócrates – conhecido médico da antiguidade –


anunciou uma relação entre o clima e o comportamento:

o Devido à pouca variação climática os habitantes da Ásia são


menos bélicos e mais submissos que os Europeus;

o São menos inteligentes e corajosos;

o Um tal clima estável não produz choques mentais e as violentas


perturbações físicas que tornariam o temperamento feroz;

o São essas mudanças climatéricas que estimulam o espírito


humano e impedem de se tornar passivo;

− A partir desta explicação climatérica Hipócrates desenvolveu uma teoria


politica:

o A maior parte da Ásia está sujeita a uma forma absoluta de


governo, logo não é livre;

A Europa e a
Antiguidade
Estudos Europeus I 3
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

o Quando os habitantes da Ásia lutam fazem-no pelo seu líder e


não por eles;

o Por isso o soberano tem o cuidado de não os considerar bons


soldados, o que tem efeitos pacíficos;

o No caso dos não Gregos que viviam na Ásia e que não viviam
oprimidos serem tão bélicos como os Gregos;

− A comparação entre climas e os sistemas políticos da Europa e da Ásia


continuou a influenciar;

− Assim no sec IV Aristóteles afirmou:

o Os povos da Europa em consequência do clima frio apesar de


serem corajosos não são especialmente inteligentes ou hábeis;

o Por isso são independentes, com pouca coesão entre eles e são
incapazes de governar entre povos;

o Os habitantes da Ásia são inteligentes e habilidosos mas carecem


de coragem e força de vontade;

o É por isso que permanecem submissos e servis a outros povos;

− Até aqui Aristóteles segue a linha de pensamento de Hipócrates mas


surge depois uma diferença importante:

o Os gregos encontram-se numa posição geograficamente


intermédia;

o Por essa razão reúnem as características positivas dos dois


lados;

o São livres, possuem as melhores instituições políticas e são


capazes de governar outros povos;

− Nestas circunstâncias é natural que tenham desenvolvido um sentimento de


superioridade que não está relacionada com a Europa;

A Europa e a
Antiguidade
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

O Contraste começa a Esbater-se

− Mesmo após a morte se Alexandre o Grande verificou-se uma grande


helenização do oriente e simultaneamente as influencias orientais
começaram a sentir-se no ocidente;

− A ideia que os dois continentes são habitados por povos de características


diferentes perde ênfase mas as denotações geográficas continuam a ser
usadas;

A Expansão do Conhecimento Geográfico

− No Sec VII os Gregos tinham colónias um pouco por toda a costa


mediterrânea;

− Pensa-se que tenham viajado até às Ilhas Britânicas e até à Noruega e


Islândia;

− Estrabão reuniu uma grade quantidade de informação em Roma;

− Elogiou os Romanos pela sua coragem militar e clarividência politica.


Tinham conquistado quase toda a Europa;

− Foram graças a essa conquistas que grande parte da Europa foi explorada;

− Para ele a Europa era um continente que apresentava um maior grau de


variedade e o mais beneficiado pela natureza, apenas o norte é inabitável
por causa do frio;

− A Europa tem a combinação ideal entre países férteis e pacíficos, por uma
lado, e regiões inóspitas habitadas por povos bélicos e corajosos;

o O elemento pacífico prevalece;

o A hegemonia fora 1º pelos Gregos, depois pelos Macedónios e


por ultimo pelos Romanos;

o A Europa é o continente mais livre do domínio estrangeiro;

o É quem produz mais e melhores frutos, cereais e vinhos;

o Importa especiarias e pedras preciosas;

A Europa e a
Antiguidade
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

o Tem muito gado mas poucos animais selvagens;

− Para Plínio no Sec I:

o A Europa é o continente mais encantador;

o Ocupa metade do Mundo;

o O seu trabalho é um passo atrás em relação ao trabalho


geográfico dos Gregos;

o Elogia a Europa por ter alimentado o povo que conquistou todos


os outros – os Romanos;

o Enaltece e sobrestima a Europa mas não faz comparações com


a Ásia;

o A expansão da cidade de Roma e do império Romano nunca fora


visto como uma expansão Europeia;

o No Império Romano não havia quaisquer sentimentos de


identidade Europeia.

A Europa e a
Antiguidade
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Europa no Comentário Bíblico:

− A palavra Europa não se encontra na Bíblia e para Patriarcas, Profetas e


Apóstolos não existe um conceito de Europa;

− Foram os descendentes de Noé que povoaram o Mundo, logo a Europa;

A interpretação de Flávio Josefo:

− Foi encarregue de escrever a primeira história do povo judeu – Antiguidades


Judaicas;

− Uma tentativa de provar na antiguidade a grandeza do povo Judeu, num


mundo dominado militarmente dominado pelos Romanos e intelectualmente
pelos Gregos;

− Segue a narrativa bíblica mas ao referir-se a autores Gregos e não Gregos


está a tornar a narrativa plausível integrando-a na visão grego romana do
mundo e da história;

− Ele descreve como a progenitura de Noé se separou e povoou a Terra e


como os Gregos, quando se tornaram poderosos, alteraram os nomes;

− A Europa foi colonizada exclusivamente pelos descendentes de Jafé;

− Limita-se a combinar a história genealógica Judaica com a geografia grega;

A Europa e os Padres de Igreja

− Para São Jerónimo foi Jafé – filho de Noé – que povoou a Europa;

− Foi o filho mais novo e o seu no me significava – alargamento ou expansão;

− Os cristãos são descendentes de Jafé;

− Para Santo Agostinho:

o Os cristãos são identificados com a progenitura de Jafé que


povoou a Europa;

o Faz uma alusão à divisão tripartida do mundo – Europa, Ásia e


África – separadas pelo grande mar – Mediterrâneo;

A Europa no Comentário
Bíblico
Estudos Europeus I 7
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Para Osório – jovem eclesiástico Burgo:

o Trabalho dedicado a santo Agostinho;

o Ao descrever a história do mundo vai desde a criação da espécie


humana até à fundação de Roma e desde Júlio César até aos
seus dias;

o Não estabelece qualquer relação entre a expansão da


cristandade e a progenitura de Noé;

o A sua descrição baseia-se em outros geógrafos pagãos;

o Faz referência ao mar Mediterrâneo como "Mar Nosso";

o Apesar de ser refugiado na Europa e nela ter a maior parte da


sua obra não faz qualquer referência à Europa mas sim ao
"Nosso Mar";

o Iniciou uma exaustiva descrição dos continentes;

o A descrição de Osório não é mais do que a compilação de uma


vasto leque de outros autores;

o Tinha um conhecimento mais específico da Europa do Norte;

o Considera a africa como o continente menos beneficiando pela


natureza mas não faz qualquer comparação com a Europa;

A Europa e os Filhos de Noé nos Mapas:

− Os mais antigos mapas encontram-se em manuscritos medievais não


sobreviveram qualquer da antiguidade;

− O mais antigo e completo mapa medieval encontra-se na obra de Isidoro –


Bispo de Sevilha;

o A descrição é idêntica à de Santo Agostinho o Mundo encontra-se


dividido em três partes;

− Fornece, também como Josefo, uma origem com base na progenitura de


Noé;

A Europa no Comentário
Bíblico
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Para ele cada filho de Noé recebeu um continente;

− A fronteira da Europa com a africa seria pelo mar mediterrâneo, a africa da


Ásia pelo rio Nilo e da Europa para a Ásia pelo rio Don e o mar de Azou;

− Na sua forma mais simples o mundo é um círculo em que o topo é a Ásia e


a metade inferior esquerda a Europa e a direita africa;

A Europa no Comentário
Bíblico
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Europa e a Idade Média:

Carlos Magno Rei ou Pai da Europa:

− No sec. VII a unidade mediterrânea foi quebrada devido à expansão Árabe;

− Ou Mouros após a conquista da Península Ibérica, tentaram passar além


dos Pirinéus onde foram derrotados por Carlos magno;

− Um cronista da época referiu-se a Carlos Magno e aos seus homens como


Europeus;

− Carlos Magno no Natal do ano de 800 foi coroado pelo Papa "Sagrado
Imperador Romano". Era visto como o sucessor dos Imperadores Romanos;

− Existem poemas que se referem a Carlos Magno como o "Rei pai da


Europa" ou como "A Venerada Coroa da Europa";

− Estas expressões eram utilizadas com a Gália em vez da Europa;

− Mas no entanto a palavra Europa não é mais do que uma palavra que
serve para delimitar uma extensão de terreno e não tem conotação emotiva;

− Com a desintegração do Império a palavra Europa deixa de ser ouvida;

A expansão da Cristandade Latina:

− Na nossa investigação sobre a ideia Europa vale a pena olhar para as


questões das cruzadas;

− Os mouros dominavam a maior parte do Mediterrâneo Ocidental;

− O pedido de ajuda do Imperador de Bizâncio ao Papa levou a que este


fizesse um apelo para que se organizasse uma cruzada para libertar
Jerusalém;

− A situação perigosa da cristandade é relacionada com a divisão do mundo


em três;

− O Papa – chefe da cristandade latina – fala que a localização geográfica


para a forma de identidade entre a Igreja do oriente e do ocidente deve ser
encontrada na Europa;

A Europa e a Idade
Média
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Mas neste momento histórico apesar de existirem certas associações entre


a Europa e o Cristianismo não é feita qualquer identificação rigorosa entre
a Europa e a Cristandade;

− Surge com as vitórias do ocidente uma ideia de supremacia sobre o oriente;

− Sugere no auto consciência do ocidente embora a relação com o conceito


geográfico de Europa seja ainda pouco frequente, contudo já há alguns
indícios no Assembleia da República;

O Mapa mais Antigo da Europa:

− Surge num manuscrito do sec. XII o mapa mais antigo da Europa da


desenhado por Lambert;

− A Europa é descrita no texto como ocupando ¼ do mundo;

− A divisão do mundo pelos três filhos de Noé não aparece referida;

− É feita uma destinação entre o continente Europa e o Império Franco-


romano;

− Algumas zonas não estão representadas;

− Apesar da imperfeição do conhecimento geográfico esta continua a ser a


primeira ilustração que reflecte o conceito de Europa enquanto entidade
geográfica independente do resto do mundo e apresentando divisões
politicas internas;

− O mapa representa a situação histórica que pertencia a um passado


distante e não a situação que se vivia no sec. XII;

− Lambert não estabelece qualquer relação entre a Europa e a Cristandade;

− Ainda se vê a Europa com o conjunto de povos pagãos, a ideia deixada


pelo mapa á a de que é importante a cristandade da Europa mas a
prioridade é a conquista de Jerusalém pelas cruzadas.

A Europa e a Idade
Média
Estudos Europeus I 11
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Europa e a Cristandade:

A Cristandade e o Mapa do Mundo:

− No sec. XVI foram recuperados os escritos sobre geografia de Ptolomeu


datados de sec II e como consequência foi a redução do tamanho da
Europa no mapa-mundo;

− Os mapas da Europa começaram a ser desenhados segundo as indicações


de Ptolomeu;

− Em 1448 Walsperger realizou um mapa-mundo com conhecimento


tradicional e usou Ptolomeu como fonte;

− Neste mapa a Europa é muito mais pequena, não representa um ¼ do


mundo e no mesmo é representada a Cristandade;

− Toda a Europa é Cristã;

− Estes mapas não tinham qualquer aspecto prático sendo apenas o seu
objectivo de estudo e observação em bibliotecas;

− Outro meio de, também, identificar a cristandade com a Europa foi as


cartas de navegação utilizadas pelos marinheiros;

A Identificação da Europa com a Cristandade:

− Foi apenas no sec XV que a palavra "Europa" começou a ser utilizada por
um grande número de autores;

− A partir dai a identificação da Europa com a Cristandade tornou-se também


habitual;

− Mas tudo isto foi precedido de vários factores de destabilização como a


fome, a peste negra, pelas crises politicas e religiosas e pela depressão
económica;

− A mais importante crise foi a do grande Cisma do ocidente;

− Esta polémica deixa clara a ideia de que a Europa era considerada o


continente cristão e que a fronteira oriental desta Europa tinha recuado,
consideravelmente para ocidente;

A Europa e a
Cristandade
Estudos Europeus I 12
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− O mundo cristão tinha um hemisférico Grego e outro Latino;

− Com a queda de Constantinopla poder do Papa, único defensor da


Cristandade foi reforçado;

− O Papa Pio II tinha apelado à defesa do Mundo Cristão para assim defender
a Europa dos Mouros;

− Utilizou a palavra Europeu, foi a primeira vez que foi utilizada para definir
um habitante da Europa.

A Europa e a
Cristandade
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Influência do Humanismo no Conceito de Europa:

− Contribuiu para o desenvolvimento de uma concepção e solidariedade na


Europa;

− Teve uma influência profunda e duradoura na investigação e na educação


em todos os países da Europa;

− Assim o Humanismo a par do Cristianismo tornou-se num factor de união


das elites dos diferentes povos da Europa;

− A palavra clássica Europa tornou-se cada vez mais constante;

− Para Erasmo de Roterdão, ao contrário dos humanistas italianos, a


palavra Europa não tem qualquer conotação especial, usa-a com pouca
frequência;

− Para Erasmo o humanismo é primeiro um fenómeno Cristão e não


Europeu;

− No seu pensamento a Europa é o continente Cristão ele apela à união de


todos os povos cristãos da Europa independentemente das suas fronteiras
físicas;

− Para ele primeiro esta a unidade cristã e nunca se refere à unidade


Europeia;

− É sobretudo dentro do contexto da ameaça Turca a Oriente que a Europa


se torna sinónimo do mundo cristão;

− Outro importante humanista Juan Luís Vives fez um paralelo entre o


avanço turco e a distinção que os Gregos faziam entre Europa e Ásia;

− Referiu que todas as invasões asiáticas à Europa acabaram em derrotas


para os asiáticos;

− Apesar de ser cristão interpretava a luta com os Turcos no contexto da


distinção entre Europa e Ásia que não tinha naturalmente nada a ver com a
cristandade;

A Importância do Humanismo no Conceito


de Europa
Estudos Europeus I 14
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− A citação dos clássicos feitos em escritores posteriores deixa a implícita


ideia que a Europa está a ganhar uma independência própria e que
eventualmente enfraquecerá a identificação da Europa com a Cristandade;

Reforma e Contra Reforma:

− No sec XVII marcou o momento do desaparecimento da ilusão da unidade;

− Isso foi consequência da reforma protestante;

− A reforma Protestante e a contra-reforma Cristã podem ser entendidos


como processos que conduziram à identificação efectiva da prática da fé;

− Foi essa divisão que tornou cada vez mais difícil que se mantivesse a ideia
de identificação da Europa com a Cristandade.

A Importância do Humanismo no Conceito


de Europa
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

Os Governantes Europeus e o Equilíbrio de Poder:

Maquiavel:

− Desenvolve a ideia de que na Europa se desenvolve um regime político


diferente do da Ásia tal como fora desenvolvido antigamente;

− Para ele os Reis não recebiam os poderes da divina providência, mas no


entanto na altura os fins justificavam os meios e os soberanos deviam
utilizar todos os meios;

− Para Maquiavel o Príncipe exerce o Poder através de dois sistemas:

o Absoluto como na Ásia – Turquia;

o Rodeado de senhores com os seus próprios domínios como na


Europa – França

− Embora na sua obra "o Príncipe" utilize a palavra Ásia nunca utiliza a
palavra Europa;

− Contudo a sua argumentação esta dirigida à situação que se vive na


Europa;

− Por essa razão tem sido apresentado como o único pensador a apresentar
uma descrição permonorizada puramente politica e religiosa do que é a
Europa;

− Para ele a Europa era constituída por vario Estados soberanos sendo as
sua relações comparadas a uma balança, sendo que o equilíbrio sendo que
o equilíbrio significava que havia paz;

− A teoria do equilíbrio de poder viria a desempenhar um papel extremamente


importante na criação do conceito político não religioso da Europa;

− O Equilíbrio do Poder no sec XVI:

− Esse equilíbrio acontece entre as duas casa dinásticas dominantes:

o A Espanhola – Habsburgos – Carlos V, (Imperador Alemão e


o filho Filipe I);

Os Governos Europeus e o Equilíbrio


de Poder
Estudos Europeus I 16
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

o E a francesa – Francisco I;

− Para se conseguir esse equilíbrio na Europa Francisco I fez alianças com


os Turcos;

− Para Carlos V, e segundo as instruções que deu ao seu filho Filipe I, (de
Espanha), a palavra Europa não surge mas sim a sua vontade de restaurar
a fé cristã;

− Existe assim apenas referencia à fé cristã, ao Império e à Dinastia;

− Filipe I tentou restaurar e criar um Império Católico Universal sendo


derrotado pelos Ingleses – Invencível Armada;

− A Europa estava dividida;

O equilíbrio do Poder no sec XVII:

− A destruição da invencível armada foi um sério contratempo para a casa de


Habsburgos no início do sec XVII. Mas o seu poder era ainda considerado
como sendo o maior obstáculo à paz na Europa;

− Fernando II tornou-se Imperador do Império Alemão;

− Cardeal Richelieu era o governante de facto de França;

− O cardeal firmou alianças coma Suécia e Dinamarca contra Fernando II;

− O equilíbrio do poder continuava entre a Espanha e a França e devia servir


de exemplo para os outros Estados;

− Na 2ª metade do sec XVII a situação politica internacional foi condicionada


pelos objectivos expansionistas de Luís XIV;

− O poder da casa de Habsburgos passou a ser menos dominante e a


ameaça à paz na Europa passou para o lado da França;

− O monarca francês pretendia estabelecer uma monarquia universal pelo


que se tornou uma ameaça para a paz e liberdade, a religião e o comércio
na Europa;

Os Governos Europeus e o Equilíbrio


de Poder
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A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Assim os opositores de Luís XIV usavam a palavra Europa enquanto os


apoiantes República Cristã;

− Guilherme de Orange – Monarca Holandês – consegue defender-se do


ataque Francês;

− Guilherme de Orange ao desembarcar em Inglaterra – Gloriosa Revolução


– tinha com o slogan " a liberdade da Europa e da religião protestante";

− A grande aliança contra Luís XIV reuniu-se sob a bandeira da "Liberdade


da Europa";

− Assim durante os encontros diplomáticos os Franceses utilizavam a palavra


"Cristandade" e os Ingleses "Europa";

− Assim por volta de 1700 a Europa tinha-se transformado no espaço modelo


para o pensamento político;

− Assim a Europa passa a ser a palavra preferida em vez da palavra


Cristandade;

O equilíbrio do Poder no sec XVIII;

− Ao longo do sec XVIII a ligação conceptual entre a Europa e a ideia do


equilíbrio de poderes foi desenvolvida mais profundamente;

− A esfera politica, o antigo sistema de equilíbrio de poderes entre os


Bourbons e os Habsburgos em que a Inglaterra mantinha o equilíbrio foi
quebrado pela ascensão da Prússia e da Rússia;

− Assim aos arqui-inimigos estabeleceram uma aliança com o apoio da


Inglaterra contra a Prússia;

− Surge assim um novo e complexo governo e sistema, (pentarquia), de


alianças – Inglaterra, França, Áustria, Prússia e a Rússia

− Nos primeiros anos o Abade de Saint Pierre, cuja inspiração não tinha
qualquer aspecto religioso, elaborou um plano de paz duradouro para a
Europa;

− Não foram apenas ideias pacificam a tentarem submeter as relações entre


os Estados a um conjunto de regras;

Os Governos Europeus e o Equilíbrio


de Poder
Estudos Europeus I 18
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Alguns juristas também tentaram:

− O Abade de Mably elaborou uma descrição da legislação pública


Europeia, que devia ter como ponto de partida os Tratados Internacionais
existentes e que eram resultado do equilíbrio de poderes;

− A sua intenção era a de produzir uma investigação actualizada da forma


como os Estado da Europa tinham posto fim às querelas e formado
alianças;

− Um equilíbrio de poderes que se revelasse como uma realidade duradoura


é algo que a Europa nunca conheceu;

− De qualquer modo a palavra Europa passou a ser usada de forma


generalizada nos círculos políticos;

− Funcionava não só como enquadramento natural para o pensamento


político mas também assumia um equilíbrio de poderes. Estes conceitos
políticos eram não religiosos;

− O ponto central deste conceito político era a liberdade na Europa.

− O equilíbrio era a garantia para a liberdade dos soberanos e das nações.

Os Governos Europeus e o Equilíbrio


de Poder
Estudos Europeus I 19
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

Representação da Europa:

A expansão da Europa:

− Paralelamente à formação de conceitos políticos, determinado em grande


mediada pelos problemas da Europa, desenvolveu-se por volta de 1500
uma certa imagem de Europa que era o resultado das descobertas de
outros continentes e das conquistas de domínios fora das fronteiras
continentais;

− A Europa deslocou a sua atenção do mediterrâneo para o atlântico bem


como o seu centro de gravidade económica;

− O comércio com as regiões longínquas teve como consequência um


impulso económico;

− Foi o elemento catalizador para um sistema monetário global onde a troca


de generes, de dinheiro e principalmente de crédito se interligavam;

− Como resultado surgiram grandes concentrações financeiras das quais os


governantes se tornaram dependentes e que determinaram a expansão
Europa.

A Europa tal como era representada na cartografia moderna:

− A expansão marítima encorajou fortemente a que se desse um novo fôlego


à cartografia;

− Transformaram drasticamente o conhecimento geográfico;

− Para além disso a invenção da impressão possibilitou o desenvolvimento da


distribuição da mapas;

− Os países baixos assumiram um papel de destaque na cartografia moderna;

− Gerradus Mercator produziu belíssimos globos. O mapa mundi para os


marinheiros foi o mais famoso;

− Lentamente a imagem cartográfica moderna do mundo tornou-se usual com


a Europa ocupando apenas uma pequena parcela;

Representação da
Europa
Estudos Europeus I 20
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Tornou-se claro que a Europa era o continente mais pequeno mas descrito
como sendo o melhor;

− Os textos do Atlas consideram a Europa e a cristandade como sinónimos;

− A expansão da Europa é deste modo entendida como a expansão da


cristandade;

− Este atlas contém um mapa no qual se indica a expansão da cristandade


através de símbolos;

− Este é o 1º mapa que tenta visualizar a distribuição das religiões no mundo


através de símbolos;

− Apesar da dimensão da igreja e da Europa nos mapas do mundo serem


apresentados em tamanhos mais modestos os textos que os
acompanhavam reflectiam o orgulho e a arrogância crescentes que tem a
sua origem na expansão europeia;

− A Europa apesar de ser o continente mais pequeno é o melhor em


qualidade;

− O mundo inteiro esta submetido à Europa;

− A cristandade, o comercio e a colonização são os elementos da expansão


Europa que esta na base dos inequívocos sentimentos de superioridade;

− A Europa Coroada:

− A tradição iconológica, tal como a cartografia pode-nos fornecer algumas


pistas sobre a forma como a Europa tem sido representada;

− Existem poucos documentos desse género anteriores ao sec XVI que


retratem a Europa como continente na época clássica;

− Sendo que a única representação de uma é de uma pedra das guerras


entre os romanos e os partianos;

− A Ásia e África eram, geralmente, representadas como províncias do


império romano;

Representação da
Europa
Estudos Europeus I 21
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Da IDADE MÉDIA existe apenas um único objecto representando os 3


continentes como pessoas;

− Aqui a Europa surge associada de forma directa à guerra;

− É apenas na 2ª metade do século. XVI que se tornam populares as


representações alegóricas dos continentes;

− A Europa é representada como uma mulher com uma coroa na cabeça,


apenas ela esta coroada;

− Nesta altura “Europa Coroada” era um motivo frequente nos textos


impressos;

− Esta combinação de mapa com rainha pode ser encontrada em inúmeras


obras da época;

− Quanto aos restantes continentes a forma como são representados


demonstram uma total subordinação à Europa.

Representação da
Europa
Estudos Europeus I 22
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Civilização da Europa:

− O cristianismo continuou a desempenhar um papel importante na imagem


que ou Europeus faziam de si mesmos durante o século XVIII, mas já não
com a mesma força dos século anteriores;

− No final do século XVIII a Europa e a Cristandade já não eram sinónimos;

− Os sentimentos de superioridade baseavam-se num aglomerado de ideias


desenvolvidas pelo humanismo que ficou associado à noção de ideias
civilização;

− Vejamos alguns filósofos e teóricos dessa política:

Montesquieu:

− Na obra “O Espírito da Lei” apresenta um comentaria sobre a importância


politica da Europa;

− Segue o pensamento daqueles que desde Maquiavel em diante


consideraram a Europa como um conceito desligado da noção de
cristandade e que identificam a Europa com a ideia de liberdade;

− Ele deduz que a submissão politica da Ásia resulta das condições


climatéricas;

− Estas são as principais razoes para a liberdade da Europa e a escravatura


da Ásia;

− No que respeita a politica interna ele enumera também a separação de


poderes como pré-condição para a liberdade na política interna;

− No campo social, numa outra obra, apresenta as diferenças entre Europeus


e asiáticos principalmente a vontade de trabalhar e a paixão pelo
enriquecimento individual;

− São o 1º impulso para as teorias que defendem a existência de uma


oposição entre o dinamismo da Europa e a inércia da Ásia;

Voltaire:

A Civilização da
Europa
Estudos Europeus I 23
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− A ideia de quer os Europeus partilham dos mesmos hábitos e costumes


também pode ser encontrada nesta obra;

− Ele escreve que a Europa cristã pode ser vista como uma enorme
comunidade de diferentes Estados que estão todos interligados;

− Todos assentam nos mesmos princípios religiosos, do Direito Civil e da


filosofia política, que são desconhecidas noutras regiões do mundo;

− As artes e as ciências apoiam-se mutuamente e reforçam-se uma há outras;

− A par do cristianismo o iluminismo foi um dos factos da união das elites dos
vários países Europeus.

− As ideias dele surgem dessa composição humanista numa outra dimensão


com as ciências naturais;

− A Europa tornou-se o continente do iluminismo e o mais civilizado;

− Por natureza todos os Homens são iguais as diferenças entre eles resultam
do grau de desenvolvimento;

− O conceito de Europa é anticlerical para ele a posição dominante que a


Europa conseguiu alcançar no mundo baseia-se no desenvolvimento das
artes e das ciências;

Adam Smith:

− O conhecimento crescente da civilização Europeia baseava-se no aumento


da riqueza da nação que tinha os meios necessários para financiar a
existência de exércitos;

− Foi o teórico e propagandista de uma nova ordem económica liberal na qual


o interesse material individual era transformado em principio base da
economia;

− Ele considerava que a indústria de armamento é um estímulo para a


economia e por isso para o desenvolvimento da civilização;

− Civilização é um conceito para Europa.

A Civilização da
Europa
Estudos Europeus I 24
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

Conceito de Cultura:

− A palavra é utilizada na esfera individual e privada;

− As raízes deste conceito no que respeita ao individual vêm desde os


tempos clássicos;

− Para os gregos era algo que só uma pequena parte privilegiada da


população tinha. Era elitista, idealista e não utilitária;

− Cultura como uso e costume que classifica a superioridade dos Europeus


em relação aos restantes povos durante os descobrimentos;

− Só a partir do século XVIII é que o conceito cultura ganhou dimensão


colectiva.

Conceito de Civilização:

− A dimensão social que o conceito de cultura ganhou durante o século XVIII


é resultado do iluminismo e é a palavra civilização que vai ser utilizada para
descrever essa dimensão social;

− Pode corresponder à cristandade mas também ao progresso;

− Para alguns filósofos civilização e cultura eram o mesmo.

Conceito de cultura e
Civilização
Estudos Europeus I 25
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A civilização Europa:

− Durante o século XVIII tornou-se frequente a identificação da Europa com a


civilização;

− O Abade Boudean afirmou que a civilização e a cristandade são


sinónimos;

− Para ele a civilização e a França também eram sinónimos;

− Nesta altura a Europa tornou-se sinonimo de civilização e o cristianismo


como elemento desse conceito;

− Para os franceses era sinónimo de França;

− O conceito civilização tinha uma conotação clara e positiva coincidindo com


o sentimento criado de superioridade Europeia;

− Foi a crescente popularidade do conceito progresso que esteve na base do


conceito de civilização com vários níveis onde a Europa estava no nível
mais elevado da civilização;

− Durante o século XIX é o período onde se verifica uma total identificação


entre a civilização e a Europa.

A Civilização
Europa
Estudos Europeus I 26
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

As Diferentes Ideia de Europa entre os Anos 1789/1848:

As ideias revolucionarias e as considerações sobre a velha Europa:

− A revolução francesa constituiu uma linha de separação no pensamento


social e politico e o seu impacto fez-se sentir em toda a Europa;

− Ate à revolução francesa os camponeses, a maior categoria social da


população Europeia, continuavam a viver na sombra do feudalismo;

− As revoltas dos camponeses tinham se tornado uma situação constante na


velha Europa;

− A declaração francesa dos direitos do Homem consagra várias ideias de


liberdade, igualdade e foram uma grande influência para a Europa pois a
França era o país mais poderoso da Europa;

− A soberania devia residir na nação – soberania natural;

− Revolução francesa foi acolhida de duas formas com entusiasmo e com


violenta contestação. Tiveram ambos os casos um impacto muito grande;

− Para Burke a antiga Europa, sistema de estados todos unidos por


semelhantes usos, costumes com origem comum foi abalado pela revolução
francesa;

− Para ele a Europa encontra-se em guerra civil entre aqueles que apoiam a
antiga ordem civil e moral e politica e os que apoiam a revolução francesa;

− Napoleão e A Nova Europa:

− A expansão da França liderada por Napoleão significava que as ideias e as


instituições da revolução francesa se tinham espalhado pela Europa dando
origem a uma certa uniformidade e coerência na Europa;

− A expansão Napoleónica assentava no fervor nacionalista francês este


expansionismo acabou por despoletar movimentos nacionalistas um pouco
por todo o lado;

As Diferentes Ideias de Europa entre


1789/1848
Estudos Europeus I 27
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Nunca antes na Europa tinha ocorrido uma tão grande concentração de


poderes – A Europa fortaleza – o Grande Império abraçava quase toda a
Europa quer por conquista quer por anexação;

− Napoleão após a derrota e exílio ao efectuar um relato retrospectivo


disse:

o Que desejava criar uma associação Europeia que traria a


prosperidade e a felicidade ao continente:

o Teria havido um sistema comum baseado nos mesmos princípios;

o Um tribunal Europeu

o Um código Europeu;

o Uma moeda única;

o Um sistema uniformizado de medidas

o As mesmas leis;

− A Europa seria uma família um único povo;

− Esta visão de Europa futura é oposta à que Burke tinha da Europa


passada

As Diferentes Ideias de Europa entre


1789/1848
Estudos Europeus I 28
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

Os Fundamentos Históricos da Europa:

− A consequência mais importante da revolução no que respeita ao conceito


de Europa é que este recebeu um certificado histórico que antes não tinha;

− Toda uma série de acontecimentos e fenómenos foram entendidos como


resultado da evolução histórica;

− Esta nova forma de pensamento histórico enriqueceu e aprovondou o


conceito Europa;

− O conceito de Europa tornou-se mais significativo que o que não quer dizer
que houvesse uma versão única que revisse o conceito geral;

Europa Cristiana:

− Para Novalis a Europa Medieval tinha sido uma vasta comunidade cristã
com um único chefe espiritual – O Papa;

− A Idade Média devia servir de fonte de inspiração para o reavivar da fé


cristã e da igreja sem se ter de preocupar com as fronteiras nacionais;

− A reavaliação da Idade Média cristã deu ao conceito Europa uma


fundamentação histórica;

− O conceito de cultura Europeia surge no século XVIII mas a história da


cultura Europeia surge no século XIX;

− O conceito de Europa torna-se dinâmica;

− Esta visão histórica da Europa estava relacionada com a política


contemporânea com ideias e noções sociais e religiosas do que deveria ser
a Europa do futuro;

− De um modo geral a divisão estabelecida entre os apoiantes e os opositores


da revolução francesa;

A Europa Segundo a Aliança Sagrada:

− Em 1815 a Rússia, a Áustria e a Prússia celebraram uma aliança que tinha


como objectivo a união entre os povos da Europa numa base cristã e sob a
liderança dos antigos e legítimos governantes;

Os Fundamentos Históricos da
Europa
Estudos Europeus I 29
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Os membros tomariam a seu cargo a intervenção de agitação nacionalista


ou liberal que se afirmasse como ameaça à restauração da nova ordem;

− Neste conceito de Europa é dado à Rússia o estatuto de igualdade como


membro da Europa;

− Segundo este conceito a Rússia é a salvadora da civilização cristã


Europeia que tinha entrado em decadência no ocidente;

− As visões idealizadas da religião e da política da Idade Média eram muito


populares no período pós-revolucionário;

− Esta Europa ideal que se pesava estar situada na Idade Média tinha no
tempo presente entrado em decadência sob a influência do ateísmo e da
revolução e precisava ser restaurada na sua glória;

− Este género de ideias podia assumir uma forma mística;

− Entre os defensores da sagrada aliança existem duas visões distintas da


Europa:

o A da unidade cristã defendida pelos românticos;

o Equilíbrio de poderes defendida pelos realistas conservadores;

A Europa segundo os Liberais:

− Foram muitos os opositores à sagrada aliança e as ideias progressistas e


revolucionarias desses opositores eram baseados em conceitos de Europa
totalmente diversos. No entanto em relação à matéria da evolução histórica
do conceito Europa era coincidente;

− É de notar que os autores liberais já faziam uma distinção entre os poderes


Europeus ocidentais e orientais.

− Uma zona ocidental liberal e constitucional e uma zona oriental absolutista e


conservadora;

− Entre os liberais o autor com maior influência na elaboração dos


fundamentos históricos do conceito Europa foi Guizot:

Os Fundamentos Históricos da
Europa
Estudos Europeus I 30
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

o A civilização Europeia – moderna – começa com a queda do império


romano e o desenvolvimento da cristandade;

o O que torna a civilização Europeia superior às outras é a sua


diversidade;

o A variedade dos elementos que compõem a civilização Europeia é o


fundamento básico da liberdade que ela hoje usufrui;

o Com a queda do império romano e a implementação da igreja cristã


deu origem ao divorcio entre o mundo dos actos e o mundo do
pensamento, que é a fonte essencial de liberdade de consciência em
nome da qual se verifica na Europa tantas lutas;

o Não idealizava a Idade Média;

o Vê a reforma da igreja do século XVI como uma revolta do espírito


humano contra a autoridade absoluta no campo espiritual;

o Interpreta a gloriosa revolução em Inglaterra como um factor


extremamente positivo para o desenvolvimento da Europa liberal;

o As ideias iluministas do século XVIII foram interpretadas como mais


um degrau, um progresso para a libertação do espírito humano;

o Critica a revolução francesa no facto de certas ideologias radicais


terem levado à tirania;

o Todos os poderes humanos incluindo os da democracia devem ser


mantidos dentro de certos limites;

o A liberdade que constitui a essência da civilização Europeia é o


resultado da sua diversidade a qual deve ser garantida;

− A visão de Guizot elabora sobre o desenvolvimento da Europa tornou-se,


nos círculos liberais, na visão padrão em França e em todo o lado em
particular em Inglaterra;

− Era uma análise lúcida da história da Europa e podia ser utilizado para
reforçar as ideias politicas dos liberais;

Os Fundamentos Históricos da
Europa
Estudos Europeus I 31
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− A para da visão liberal do desenvolvimento histórico da Europa deu-se o


aparecimento de uma visão democrática da historia da Europa a qual,
como sucedia com os liberais e os nacionalistas, estava também associada
a um conjunto de ideias politicas e sociais;

A Europa para os Democratas:

− Foi nos anos 40 do século XIX que a cultura popular foi reorganizada;

− Antes assumia-se que o conceito de civilização devia ser identificado com a


elite;

− Para Michelet não só identificava o povo e os oprimidos como o tornou na


força impulsionadora da história e no 1º factor de desenvolvimento
civilizacional;

− O conceito de civilização que até então tinha sido considerado como


sinonimo de Europa como um facto estava agora relacionado com as
fronteiras nacionais;

− A cultura Europeia foi subdividida em culturas nacionais;

− Durante a 1ª metade do século XIX os movimentos nacionais tinham uma


base predominantemente romântica;

o Românticos nacionalistas – Idade Média Cristã;

o Românticos progressistas – Revolução Francesa;

− A libertação do cidadão deve-se dar dentro da nação, o país deve ser capaz
de reconciliar as várias camadas sociais, no entanto essa nação renascida
deve fazer parte da irmandade dos povos Europeus;

− Os democratas vêem a Europa não como um equilíbrio de poderes,


segundo as posições do realismo político, mas como uma federação de
nações;

− Sob a influência dos ideais democráticos deu-se uma importante


transformação na perspectiva histórica do conceito Europa:

Os Fundamentos Históricos da
Europa
Estudos Europeus I 32
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Para Grote já não era o desenvolvimento da cristandade mas a democracia


ateniense que devia ser considerada como o berço da civilização Europeia;

− Como resultado da posição de Grote a história da Grécia passou a ser


estudada por outro ângulo;

Os Fundamentos Históricos da
Europa
Estudos Europeus I 33
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

A Europa nas Garras do Nacionalismo – 1848/1914:

− A revolução de 1848 provocou uma enorme onda em choque que abalou


toda a Europa;

− Este acontecimento ilustra bem a solidariedade e a coesão que tinha


emergido no continente Europeu, embora com fins diferentes;

− A era do idealismo romântico termina, a 2ª metade do século XIX foi


dominada pelo realismo político, os movimentos de libertação nacional
deixaram de sonhar e passaram a ter uma atitude mais pragmática;

− Com mais força do que alguma vez acontecera, a Europa caiu nas garras
do nacionalismo que cria um ambiente onde pertencer à comunidade
Europeia passou para 2º plano;

− As populações que viviam nas cidades e campos foram na 2ª metade do


século XIX foram transformados em cidadãos nacionais;

− O período entre 1871/1914 foi um período de paz armada;

− No início do século XX ocorre uma corrida ao armamento alimentada por


uma politica externa agressiva pelos Alemães;

− Para Bismarck a Europa era apenas um espaço geográfico;

− A criação de uns Estados unidos da Europa foi propaganda em 1848;

− Vítor Hugo defendeu a necessidade de criar uma federação Europeia;

− Os políticos mais iminentes consideravam que se tratava de ideias do


passado, irrealistas que tinham a sua origem no idealismo ingénuo de 1848;

− Durante o apogeu nacionalista não havia espaço para o desenvolvimento


de uma organização supranacional;

− No entanto a autoconfiança dos Europeus continuava em alta, tinham a


ideia que partilhavam um destino comum, o da superioridade perante as
outras nações não Europeias, o que alimentava o ímpeto para a rápida
expansão Europeia;

A Europa nas Garras do


Nacionalismo
Estudos Europeus I 34
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

− Isso leva-nos à conclusão paradoxal: o período dos nacionalismos é


também o período de uma fé inabalável na supremacia Europeia. Foi uma
época sem precedentes na expansão Europeia;

− O progresso passou a ser entendido como sinonimo de civilização


Europeia;

− Era aos Europeus que cabia a condução do mundo rumo ao progresso e à


civilização;

− A partir da 2ª metade do século XIX aos povos não Europeus os seus


costumes passaram a ser chamados de cultura;

− Surge uma civilização – Europa – e uma cultura primitiva;

− Foi com a 1ª guerra mundial que a Europa perdeu a ideia dominante de


civilização.

A Europa nas Garras do


Nacionalismo
Estudos Europeus I 35
A Europa até 1914 – A Construção de uma Ideia

Conclusão:

− Inicialmente era apenas um indicador geográfico;

− Primeiramente identificada com a liberdade no contexto das guerras


pérsicas;

− Identificação da Europa com a cristandade;

− Identificação da Europa com a civilização – século XVIII;

− 1ª Metade do século XIX perspectiva histórica no conceito de Europa;

− Identificação da Europa com a democracia grega;

Conclus
ão
Estudos Europeus I 36
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Introdução:

− Distinção entre:

o Percepções da Europa – A forma como a Europa tem sido vista,


descrita e analisada do ponto de vista exclusivo europeu – como tem
vindo a estudar – poderíamos dizer que a imagem cobre também na
auto – compreensão ou o auto – conceito europeu;

o Projectos para a Europa – Propõem a cobrir manifestações politicas


de sentimentos de unidade e planos para a organização do
continente;

− Para ajudar a clarificar a referida distinção podemos focar a nossa atenção


sobre o contexto intelectual em que surgiram as visões politicas mais
frequentemente discutidas.

Introduç
ão
Estudos Europeus I 37
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

O Fim da Inocência :

− Para muitos observadores pós 1ª Guerra Mundial antes de deflagrar o


conflito emanava uma sensação de inocência;

− Tem se descrito esses anos como uma época de ouro o período mais feliz
no desenvolvimento da sociedade europeia;

− Nota-se um toque de nostalgia quando se fala do antes da Guerra, pois o


contraste com a época pós Guerra devia ser enorme;

− No virar do século parece ter prevalecido na maioria dos países europeus


uma sensação de optimismo e de crença firme no progresso:

o Aumento da riqueza;

o Classe média cada vez mais numerosa e a gozar de vários luxos;

− No entanto a pobreza da classe operária era cada vez maior;

− Muitos países adoptaram politicas sociais e surgiram partidos políticos com


fundamentos democratas;

− Surge um novo tipo de proletariado disciplinado e organizado na 2ª


internacional, não nacionalista e pan-europeia;

− Parecia possível uma nova irmandade do Homem devido ao progresso e


industrialização;

− No entanto o progresso da rápida industrialização que revolucionou o


século XIX contribuiu para criar e destruir um sentimento de europeísmo;

− Alimentava o espírito europeu a escolaridade obrigatória e o progresso nas


comunicações que possibilitava a um crescente número de europeus
conhecimentos rudimentares de geografia e política europeia;

− Por outro lado a industrialização fazia parte do processo de contribuição


nacional e isso só conduziu ao nacionalismo;

− Politicamente e intelectualmente o sentido de Europa foi-se desgastando


como unidade;

O Fim da
Inocência
Estudos Europeus I 38
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Ter em atenção o paradoxo entre o nacionalismo dentro da Europa e a


confiança ilimitada da Europa noutros continentes.

O Fim da
Inocência
Estudos Europeus I 39
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Europa 1914 – 1945 – Alguma História:

− O que começou como uma Guerra europeia tradicional ganhou um grau de


destruição e miséria nunca antes visto;

− Quando terminou em 1918 houve levantamentos, revoltas, confusão e caos;

− A Guerra torna-se mundial e foram de fora da Europa que surgiram os dois


planos de paz mais espectaculares:

o De Lenine e dos Bolcheviques;

o Do Presidente Americano – Woudrow Wilson;

− A intervenção dos Estados Unidos na guerra a favor dos aliados foi decisiva
e demonstrou que a velha era europeia estava a dar lugar a uma nova era
ocidental ou atlântica;

− Wilson introduziu um novo conceito baseado em princípios morais em vez


dos poderes tradicionais;

− O objectivo da guerra para ele mais do derrotar a Alemanha era tornar o


mundo mais seguro para a democracia, com uma ordem mundial nova e
justa;

− Após o fim da Guerra defendeu a criação da sociedade das nações em


Genebra e com um centro de decisão europeu;

− No entanto a Sociedade das Nações teve um êxito relativo, muito porque os


Estados Unidos recusaram a ratificação do tratado;

− O tratado da Sociedade das Nações fazia parte do tratado de Versalhes que


condenava a Alemanha como a única culpada e a obrigava a pagar
pesadas compensações aos poderes vencedores. Coisa que não podia
fazer porque a sua economia estava um colapso;

− A Alemanha perdeu as suas colónias africanas e perdeu parte do seu


território para a Polónia. A Áustria também foi despedaçada, novos Estados
surgiram;

Europa 1914-1945 – Alguma


História
Estudos Europeus I 40
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− As consequências imediatas para a Alemanha e para os novos Estados


recentemente criados foi o caos;

− Surgem então um factor novo a Rússia. Os bolcheviques que consolidam o


seu poder e ameaçam não com uma guerra entre nações mas com uma
guerra entre classes que podia atingir qualquer Estado;

− A Alemanha começou a ser vista não como inimiga passando esse papel
para a Rússia;

− A simples existência de um Estado soviético era uma ameaça para todas as


democracias liberais e nacionalistas;

− O comunismo, bem como o fascismo, apresentavam-se como um fenómeno


moderno, uma ideologia que oferecia uma solução para o futuro;

− Embora antagónicos partilhavam um sentimento em comum o desprezo


total pela democracia liberal que consideravam em decadência, falsa e
ultrapassada;

− Ambos tentavam legitimar a sua posição com o apoio popular das massas;

− Apesar de uma aparente recuperação e estabilidade na Europa pós guerra


a crise Mundial dos finais dos anos vinte destabilizou a maioria das
economias europeias conduzindo à depressão e desemprego;

− Cenário ideal para o surgimento dos nacionalismos fanáticos como na


Alemanha;

− Em suma três ideologias disputavam a hegemonia na Europa:

o Fascismo;

o Comunismo;

o Democracia liberal – na altura a mais fraca;

− Podemos falar em, guerra civil de ideologias na Europa entre guerras;

− Rebentou a 2ª Guerra Mundial e mais uma vez a Europa esteve


dependente de forças exteriores para alcançar a vitórias;

Europa 1914-1945 – Alguma


História
Estudos Europeus I 41
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− A Europa livrou-se dos regimes nacionalistas menos em Portugal, na


Espanha e na Rússia;

− No entanto eram regimes anacrónicos pois após a morte dos seus líderes
desmoronaram-se;

Europa 1914-1945 – Alguma


História
Estudos Europeus I 42
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Projectos para a Europa:

− Passemos a estudar os mais importantes projectos para a Europa que


surgiram durante esse período;

− Em primeiro lugar o estudo de dois planos contraditórios – surgidos ainda


durante a 1ª Guerra Mundial;

− Depois várias propostas para uma Europa unida e democrática – feitos


após o caos do fim da 1ª Guerra Mundial;

− O Fascismo e o Nazismo representavam um tremendo desafio às forças


democratas da Europa;

− Deste modo se discutem as soluções que cada ideologia oferecia como


resposta;

Projectos para a
Europa
Estudos Europeus I 43
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Os Efeitos da Grande Guerra:

− Durante a 1ª Guerra Mundial além da frente de batalha também a


população dos países envolvidos se envolviam em lutas o que trouxe
repercussões ideológicas graves;

− Ao longo da Guerra os ideais do liberalismo do século XIX foram postos de


lado e surgiu o Nacionalismo;

− Também os intelectuais se juntaram ao coro de nacionalistas e lutaram a


favor da sua pátria;

− Também a Internacional Socialista apoiava a Guerra;

− Durante a Guerra surgem duas correntes diferentes:

o Os Ingleses achavam que a culpa era da Alemanha e viam a guerra


como um conflito entre as democracias civilizadas e o bárbaro
militarismo Prussiano;

o Na Alemanha as posições dividiam-se e iam desde as posições


imperialistas e as posições mais moderadas que viam a Guerra como
um modo de defesa da identidade alemã contra o capitalismo
britânico;

o Podemos concluir que aqui não existia nenhum europeísmo.

Os Efeitos da Grande
Guerra
Estudos Europeus I 44
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A MittelEuropa de Friedrich Naumann:

− Friedrich NauMann não foi o primeiro Alemão a pensar no projecto;

− Embora tenha acrescentado muito à popularidade do mesmo;

− O projecto era apenas um entre muitas opções para apolítica externa


alemã;

− Tinha um visão mais poética da Europa do que um projecto político


completamente desenvolvido;

− O êxito do livro de Friedrich NauMann mostrou até que ponto as pessoas


queria encontrar um significado para a guerra que as envolvia;

− Friedrich NauMann consegue encontrar algo de positivo das privações que


a população estava sujeita, a partir dai pintou um quadro feliz;

− Era um teólogo economista, era liberal e defendia a expansão colonial


alemã em favor dos modelos de cooperação supra nacional – como a
MittelEuropa;

− A guerra obrigou-o a olhar noutra direcção;

− Quando Friedrich NauMann no seu livro fala em “ Prisão economista”


refere-se ao bloqueio económico que o Reino Unido levantaram contra a
Europa central;

− Ele afirma que o bloqueio económico obrigou os países da Europa central a


terem as mesmas provações;

− Acrescentou um novo factor à Guerra: a Guerra económica e contribuiu


para as provações da Alemanha e Áustria e para por fim aos sonhos
coloniais alemães;

− Friedrich NauMann avançou com as propostas:

o Que a união militar que se deu entre a Alemanha e o Império Austro


– Húngaro devia ser desenvolvida numa verdadeira associação de
solidariedade nos mais diversos campos e que no final e pós-guerra
iria dar origem a uma MittelEuropa e ordem social melhor;

A MittelEuropa de Friedrich
Naumann
Estudos Europeus I 45
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o A MittelEuropa tornar-se-ia uma necessidade política;

o Que na Europa pós-guerra iriam surgir duas muralhas da china uma


a ocidente – França e Reino Unido – e outra a oriente – Rússia;

o A sua principal preocupação era evitar uma terceira muralha com a


Áustria;

o Convidava as outras pequenas nações a se juntarem à


MittelEuropa sob orientação alemã;

o Idealizava – deixando para trás aspectos importantes como a


nacionalidade – um supra-Estado que não era mais do que uma
Federação pouco apertada que iria defender em primeiro lugar
aspectos económicos – criaria um enorme mercado comum à
Europa Central;

o Previa que o imperialismo militarista podia dar em guerra ou em paz


mas teria de existir sempre uma economia controlada e íntegra;

o A MittelEuropa seria o meio para atingir os meios económicos que


seriam necessários;

o Descobriu as justificações históricas na Idade Média e no Sacro


Império Romano da nação alemã;

o E via uma comunidade cultural e política da Europa Central


reemergir numa forma moderna, liberal e democrática sob a
supremacia alemã;

o A economia seria a força do projecto;

o Acreditava que o rigor, a organização e eficácia do trabalho alemão


teria de ser adoptado como padrão na zona;

o Desvalorizava o que podia ser a perda da liberdade individual, devido


a um regime firme, em prol de um futuro onde todos os Estados do
Mundo seriam Federados;

o O exemplo austro-húngaro era exemplo disso;

A MittelEuropa de Friedrich
Naumann
Estudos Europeus I 46
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o É contra a germanização forçada de outros Estados vizinhos que


aderissem;

o Era a favor da criação de uma comunidade supra-nacional


MittelEuropa, os mesmos seriam leais à sua nação específica e à
sua pátria mais lata;

o O plano estava cheio de ambiguidades e o problema principal de


argumentação é de confundirem a proposta com um fim em si
mesmo ou um meio para satisfazer os interesses alemães;

o Iria-se utilizar a língua alemã mas deve-se utilizar tolerância e


flexibilidade com as outras línguas de outros países;

o Foi criticado pelos nacionalistas pois achavam o livro demasiado


contra o imperialismo alemão;

o Os democratas criticavam pois achavam-no demasiado nacionalista;

o Outros ainda diziam que estas medidas iriam deixar a MittelEuropa


como uma região isolada de uma zona de comercio livre
internacional;

o Mesmo após o fim da Guerra e a derrota da Alemanha Friedrich


Mann defendia as suas ideias pois achava que as economias e as
vidas dos povos da Europa Central estavam demasiado interligadas;

o Apresenta a austro-húngaro como dependente da Alemanha.

A MittelEuropa de Friedrich
Naumann
Estudos Europeus I 47
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Nova Europa de TG Masaryk:

− O livro de Friedrich Mann foi traduzido para inglês;

− No reino Unido e noutras paragens MittelEuropa foi apresentada como um


exemplo extremo do imperialismo pan-germanico e uma ameaça aos
interesses nacionais aliados;

− O principal objectivo de guerra dos poderes aliados era impedir a


hegemonia alemã na Europa, mas em relação à austro-húngara as
intenções aliadas eram menos claras;

− A tendência era apoiar qualquer quezília entre os dois poderes centrais mas
mantendo a velha monarquia;

− Ao contrário para os povos mais desfavorecidos e pequenos do império


austro-húngaro o livro foi uma dádiva. Pois quanto mais se apresentasse a
austro-húngaro dependente da Alemanha mais fácil seria desmembra-la:

− Uma das figuras mais predominantes neste combate foi TG Masaryk que
lutava por uma Checoslováquia livre;

− Para TG Masaryk sem uma reorganização da Europa de leste e central o


sonho que tinha era difícil, assim propunha apresentar os seus objectivos
dentro de um enquadramento mais lato;

− A partir de 1916 com a ajuda de apoiantes britânicos fez publicar uma


revista de nome “A Nova Europa”;

− Porém foi difícil encontrar alternativas e apoios para a propaganda anti


Áustria pois o Reino Unido, a França e a Rússia tinham acerca das ideias
contradições;

− A queda do regime na Rússia deu novo fôlego e fez avançar com uma
explicação para a Guerra e com um programa pós-guerra – ambos os
aspectos contemplados num livro titulado “A Nova Europa “;

− TG Masaryk descreveu a Europa que:

o Atravessava uma enorme transformação cultural e política;

A Nova Europa de TG
Masaryk
Estudos Europeus I 48
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Partindo de formas de governo Medievais e autoritárias – Teocracias


– rumava rapidamente à democracia;

o Nos novos regimes a liberdade era individual e colectiva,


concretizando-se no Direito natural de cada povo à auto-
determinação;

o Os alemães tinham o Direito de se unirem mas nesse processo


tinham se isolado do resto da Europa, com uma política externa e
interna anti-democrática que se transformou num imperialismo virado
para leste;

o A austro-húngara vizinha da Alemanha tinha se mostrado incapaz de


se modernizar e de garantir aos seus diversos povos os direitos que
lhes eram devidos e tornaram-se dependentes da Alemanha;

o Em profundo contraste apresentavam como características dos mais


modernos princípio democráticos a todos os níveis a França, os
Estados Unidos da América e o Reino Unido;

o Interpretava a guerra como o culminar lógico de um conflito entre a


teocracia e a democracia;

o Porém a teoria de TG Masaryk tinha um problema que era o regime


da Rússia que não apoiava a Áustria;

o Assim a revolução dos bolcheviques de Novembro de 1917 deu uma


grande ajuda, pois defendeu o princípio do auto determinação
nacional;

o Mas o caos revolucionário da Rússia fez com que para os aliados


fosse necessário terem amigos de confiança entre a Alemanha hostil
e a Rússia vermelha;

o Deste modo TG Masaryk sugeriu um A Nova Europa que consistia


numa zona de pequenas nações Estado apertadas entre a Alemanha
e a Rússia;

o Assim de uma só vez apresentava A Nova Europa como a


concretização das aspirações nacionais inerentes à democracia

A Nova Europa de TG
Masaryk
Estudos Europeus I 49
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

moderna e assegurava as condições de segurança tampão às


aspirações expansionistas da Alemanha e da Rússia;

o Ainda assim a nova ordem europeia tinha de ser democrática – nos


termos que Wilson defendia para a cooperação, a diplomacia aberta
e o desarmamento;

o Em primeiro lugar queria uma Checoslováquia independente, mas


também encarna na tendência para a cooperação entre partes da
Europa e mais tarde entre toda a Europa;

o Argumentava que só as nações livres e independentes podiam aderir


a essas estruturas supra-nacionais como membros iguais e de pleno
Direito;

o Como seria impossível criar essas nações Estado etnicamente puras


iria haver diferenças entre nações – cada uma delas com o seu
Estado Nação e Nacionalidades ou Minorias Nacionais. Que devido a
serem grupos demasiado pequenos para serem independentes, ou
que viviam fora do seu Estado Nação, tinham de aceitar um estatuto
minoritário. Sugerindo que para evitar conflitos bastava respeitar
integralmente os direitos dessa minorias;

− Fez de facto um esforço para unir aqueles que supostamente seriam os


novos Estados da Europa Central;

− Em 1918, juntando representantes de 12 povos Europeus formou-se nos


Estados Unidos da América uma União Democrática da Europa Média
presidida por TG Masaryk, que não tinha bases legais e que se limitava a
apelar a favor da cooperação económica que seria condição principal para
uma futura federação;

− Acabou tão depressa como começou quando houve choques e rivalidades


entre esses povos;

− Embora fizesse planos para a Europa TG Masaryk atribuía um papel de


relevo aos Estados Unidos da América no que ele considerava ser uma
civilização comum, assim a sua perspectiva é mais ocidental do que
europeia;

A Nova Europa de TG
Masaryk
Estudos Europeus I 50
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Mas os seus horizontes nunca foram além das tradições cristãs e


europeias:

o Condenou a Turquia;

o Nada disse sobre o sistema colonial;

o Nem sobre a extensão do princípio de auto determinação às


culturas não europeias;

A Nova Europa de TG
Masaryk
Estudos Europeus I 51
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Conclusões:

− Para ambos saltam à vista o elemento de oportunismo nacionalista, mas


tentaram encarar problemas fulcrais que se começavam a por à Europa;

Para Friedrich Naumann:

− A modernização era o motor da história e para tal contava com a


centralização e a cooperação económica e militar em larga escala que essa
modernização requeria;

− O seu projecto tentava criar as estruturas políticas apropriadas para esse


fim – que eram adequadas em primeiro lugar aos alemães;

− Mas deparou com um problema – o nacionalismo – que ele subestimou;

− Assim os seus compatriotas alemães e austro alemães não estavam


dispostos a partilhar qualquer tipo de poder com povos de leste que eles
consideravam inferiores;

− Esse nacionalismo era demonstrado nas pequenas nações que preferiam a


independência à dependência dos alemães;

Para TG Masaryk:

− Focou também a modernização, nos aspectos não focados por Friedrich


Naumann, para TG Masaryk a modernização era essencial no processo
moral e político com vista a uma auto realização individual e nacional;

− Estava convencido que todas as nações que atingiam a liberdade


contribuíam para a grande irmandade do Homem;

− Era sincero no seu desejo de cooperação internacional;

− Mas subestimou o potencial dos conflitos nacionais num mundo que não é
governado pela boa vontade;

− Aliás o foco de TG Masaryk no conceito da independência nacional


obrigou-o a adiar os planos supra nacionais que tinha chegado a acalentar
para a resolução dos conflitos.

Friedrich Naumann versus TG


Masaryk
Estudos Europeus I 52
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Planos do Pós Guerra para a Unidade da Europa –


1923/1930:

− TG Masaryk conseguiu a suA Nova Europa, ou melhor metade dela, as


novas nações que foram criadas pensavam que levasse ao florescer
completo de uma pluralidade de culturas – característica associada à
Europa;

− A realidade apresentou problemas de minorias, desconfianças mutuas e


colapso económico pós guerra, factos que todos juntos cedo mostraram a
dificuldade em traçar uma linha onde acabava a auto realização nacional e
começava o expansionismo nacionalista;

− Pouco ou nada resultou dos planos de desarmamento e cooperação


económica, o que aconteceu foi o povoamento de exércitos nas fronteiras
dos novos Estados Europeus;

− Na verdade a Europa do pós guerra não parecia nada à beira de se tornar


uma comunidade pluralista e próspera;

− Nos anos de recuperação europeia pós 1923 surgiram, vários programas


para uma Europa unida;

− O mais influente foi o apresentado pelo fundador da União Pan-Europeia.

Planos do Pós Guerra para a Unidade Europeia


– 1923/1930
Estudos Europeus I 53
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Pan-Europa de Coudenhove-Kalergi:

− Coudenhove-Kalergi apresentava credenciais impecáveis para trabalhar


em prol do entendimento global ou internacional;

− Após a 1ª Guerra acreditou que o plano de paz de Wilson e a Sociedade


das Nações conseguissem um mundo melhor e em paz;

− Cedo porém ficou desiludido com a Sociedade das Nações e as roturas


europeias;

− Para Coudenhove-Kalergi só mesmo uma Europa unida politicamente


conseguia vencer os problemas;

− Coudenhove-Kalergi defendia no livro “Pan-Europa” a criação de uma


União Pan-Europeia como grupo de pressão internacional;

− O ponto de vista de Coudenhove-Kalergi era essencialmente político;

− Embora fizesse analogias históricas não as usava como base das suas
ideias;

− Observou que já estava ultrapassada a época histórica da supremacia da


Europa e da raça branca no mundo;

− Mas podia-se ao mesmo tempo parar o declínio da Europa e evitar que


esta fosse um joguete internacional;

− Coudenhove-Kalergi achava que a causa do declínio da Europa é político


e não biológico. A Europa estava0 doente devido aos sistemas políticos
senis;

− A necessária modernização do sistema político europeu teria de consistir


numa cooperação em larga escala em vez da anarquia tradicional;

− O progresso técnico tinha tornado obsoletos os Estados pequenos e


conflituosos;

− As chamadas grandes potências europeias estavam a tornar-se menos


grandes e poderosas, pois o mundo estava prestes a dividir-se em Campos
Globais de Poder;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 54
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− As velhas potências europeias foram substituídas por potências mundiais


organizadas federativamente:

o Estados Unidos da América;

o União Pan-Americana;

o União Soviética – Recém criada;

o Império britânico;

− Só a Europa estava a ficar para trás:

− Coudenhove-Kalergi sabia que era difícil definir a Europa :

o Critérios geográficos eram pouco apropriados, poia a Europa era a


parte ocidental de um enorme continente euro-asiático, sem qualquer
fronteira natural;

o As definições políticas e culturais não eram estáveis sempre sujeitas


a revisões históricas desde a Grécia antiga;

o O êxito cultural da Europa via-se nos novos mundos que descobrira;

o Apesar do êxito cultural a Europa como entidade política não


existia;

− Coudenhove-Kalergi escolheu o nome de Pan-Europa pois aspirava a


uma identidade política. Assim distinguiu-a da Europa geográfica e cultural;

− A Pan-Europa havia de excluir o Reino Unido e a Rússia;

Reino Unido:

− Na perspectiva de Coudenhove-Kalergi o Reino Unido cresceu para fora


da Europa;

− No processo tinha-se tornado por Direito próprio um continente político em


si mesmo;

− Era grande e poderoso demais para que pudesse ser incluído na Pan-
Europa;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 55
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Mas as relações entre os dois deviam ter como base garantias de


cooperação e de defesa mútuos;

− Ambos deviam partilhar a tarefa cultural da Europa, isto é, europeizar as


outras partes do mundo;

− O Reino Unido serviria também de mediador entre a Pan-Europa e a Pan-


América, visto que os três partilham os mesmos valores democráticos e
culturais;

− Se o Reino Unido perdesse o seu império a sua inclusão na Pan-Europa


seria um factor natural e óbvio;

Rússia:

− Coudenhove-Kalergi era muito crítico em relação à Rússia;

− Esta ao escolher o caminho do bolchevique tinha voltado as costas aos


princípios democráticos predominantes agora na Europa;

− Por consequência a fronteira dos recém criados Estados do leste seriam o


limite oriental da Pan-Europa;

− A Rússia via-se a si mesma como uma entidade euro-asiática e uma


potência mundial independente;

− Coudenhove-Kalergi não tinha duvidas que quando a Rússia recuperasse


da guerra civil iria prosseguir com a sua tradicional política de expansão
para ocidente;

− Só através da mútua ajuda os pequenos Estados podem travar a Rússia;

− O mesmo aconteceria à Alemanha se se aliasse à Rússia em vez de a


outros Estados democráticos;

− Coudenhove-Kalergi não eliminava a hipótese de se um dia a Rússia


seguisse o caminho da democracia vir a fazer parte da Pan-Europa;

Segurança:

− O papel principal da Pan-Europa estava fora de questão: era de assegurar


a paz;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 56
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− A paz interna na Europa através da criação de uma estrutura supra


nacional com base na arbitragem e cooperação multilateral, assim se
reduzia a importância das fronteiras e dos conflitos;

− A paz externa seria assegurada através de uma aliança de defesa Pan-


Europeia, a qual protegia pequenas nações europeias contra ameaças
vindas do exterior – principalmente vindas da Rússia;

− A esperança era que com o correr do tempo uma Europa Unida pudesse
assegurar o equilíbrio mundial de poder que permitisse o desenvolvimento
em larga escala;

Economia:

− A seguir à segurança era um elemento fundamental no argumento de


Coudenhove-Kalergi para a Pan-Europa;

− A corrida ao armamento dos pequenos Estados Europeus arriscava-se a


manter o continente em permanente estado de crise e a impedir a
recuperação do desgaste da guerra;

− Pan-Europa tornaria obsoleta muita dessa despesa de defesa militar ao por


em funcionamento um mercado comum sem tarifas alfandegárias
internas;

− Assim unida a Pan-Europa deteria uma posição privilegiada na economia


mundial;

− Ele teria de considerar A Nova Europa do pós guerra com tendência para
pequenas Nação Estado em vês de enormes unidades supra nacionais;

− Para ultrapassar esse obstáculo seguiu a linha de pensamento de TG


Masaryk;

− As nações não eram desvalorizadas como se fossem irrelevantes para a


identidade europeia, muito pelo contrário toda a cultura moderna tinha raiz
na ideia de Nação e o princípio da nacionalidade devia ser respeitado;

− Os princípios da democracia e das Nação Estado tinham conseguido um


reconhecimento generalizado;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 57
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Neste momento nenhuma Nação Cultura europeia estava privada da sua


Soberania nacional;

− Era muito grande o potencial de conflito especialmente na Europa de Leste


devido às inúmeras minorias nacionais;

− Coudenhove-Kalergi via:

o Por um lado as injustiças do sistema de fronteiras imposto por


Versalhes;

o Por outro lado os problemas que iriam surgir se as mesmas fossem


reajustadas;

− Para resolver o problema Coudenhove-Kalergi pragmaticamente sugeria:

o Que se respeitassem as fronteiras do pós guerra;

o Mas que as minorias nacionais fossem protegidas por uma Magna


Carta de Tolerância adoptada em comum pela Pan-Europa;

− Numa perspectiva lata:

o Os problemas da nacionalidade iriam diminuir progressivamente


através da integração política e económica;

o E pela penetração dos princípios democráticos;

o Seriam cada vez mais frouxos os laços entre cidadania e filiação


nacional;

o Também as fronteiras iriam gradualmente perdendo importância;

− Coudenhove-Kalergi era completamente contra as ideias Nazis:

o Rejeitava as noções sobre as nações existentes serem entidades


objectivas ou naturais;

o Rejeitava como asneira as teorias de consanguinidade;

o Fazia notar que raça pura era coisa que não existia na Europa;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 58
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Etnicamente todos os Europeus eram primos entre si e qualquer


tentativa de dividir em sub-gupos a raça branca era anti cientifica e
anti europeia;

o Nem as famílias linguísticas tinham a ver com semelhanças de raça


ou de origem;

o O conceito da Nação era variável e indeterminável;

− O melhor termo de comparação para as nações era o de Escolas:

o Em ambos os casos se tratavam de comunidade espirituais


moldadas por professores e dirigentes;

− Para Coudenhove-Kalergi uma educação genuína poderia:

o Contrapor à educação nacionalista que levou à 1ª Guerra Mundial;

o Assim essa educação genuína poderia por em destaque a raiz


europeia comum a todas as comunidades nacionais;

o Mostrando que as várias escolas nacionais eram ramos da mesma


arvore;

o As pessoas sentiriam assim patriotismo a vários níveis que iria da


família, à aldeia, à província, ao país natal e depois à Europa –
verdadeira Pátria Mãe, e através dela a toda a civilização ocidental e
em última análise à humanidade;

o Ele faz da Europa a unidade sociocultural constituinte;

o A partir de 1934 com a Turquia;

− Ele esperava que a Pan-Europa se tornasse o programa de todo o


democrata e patriota;

− Em troca de pequenas concessões de Soberania:

o Todos os países iriam prosperar economicamente;

o Iriam obter uma paz duradoura;

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 59
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o As culturas nacionais iriam beneficiar com o intercâmbio com as


várias escolas europeias;

− Em contrapartida os seus inimigos encontravam-se:

o Na extrema-esquerda comunista;

o Na direita – Militaristas, nacionalistas e chauvinistas;

o Mas principalmente nos grupos que lucravam com as taxas e tarifas


alfandegarias e do proteccionismo económico;

− Ele depositava grandes esperanças nos sociais-democratas;

− O seu principal apelo é aos partidos democratas da Alemanha e França


para esquecerem o passado e se unirem em prol de uma Europa Unida
contra os extremismos destruidores;

Em suma:

− A Pan-Europa parecia ser uma mistura de:

o Uma utopia em larga escala;

o Uma análise política potente;

o E um pragmatismo de vistas largas:

 Sugeria o Inglês como 2ª língua comum em toda a Europa;

− Idealista na sua crença numa fundamental Irmandade Europeia;

− De se conseguir um certo equilíbrio de poderes;

− Não hesitava em aceitar o sistema colonial, no sentido que a África – bem


como a América nativa e a Austrália - não tinham produzido qualquer tipo
de cultura que se pudesse comparar às 4 mundiais:

o Europeia – Árabe – Indiana – Chinesa.

A Pan-Europa de Coudenhove-
Kalergi
Estudos Europeus I 60
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

As Propostas de Aristide Briand para uma Europa Unida:

− A união Pan-Europa fundada em 1923 depressa abriu sucursais em todos


os países e fizeram-se grandes esforços para convencer políticos a apoiar o
movimento;

− Consegui conquistar a simpatia de Aristide Briand influente político


francês;

− A França tornou-se pioneira nos esforços políticos tendentes a estabelecer


toda uma rede de cooperação europeia;

Antes:

− A 1ª Guerra Mundial teve um profundo impacto nos conceitos que os


Franceses tinham da Europa;

− O europeísmo pós guerra francês orientava-se em 1º lugar para a


segurança gravitando em torno da relação franco germânica;

− Os 1º anos pós guerra foram de nacionalismo anti-germânico. Eles os


nacionalistas recusavam qualquer visão de cooperação europeia mais
alargada;

− Para os nacionalistas o caminho era o de uma França forte e uma


Alemanha fraca;

− Em 1924 deu-se a mudança radical, subiram ao poder uma coligação de


centro esquerda encabeçada por Herriot, apoiante convicto da ideia de
cooperação europeia;

− Em 1925 fez um discurso que formulava a noção de “Estados Unidos ds


Europa”, que seriam criados a partir da cooperação introduzida pela
Sociedade das Nações;

− A política de reconciliação continuou já com Aristide Briand como ministro


dos negócios estrangeiros, com o tratado de Locardo que preparou o
caminho para a admissão da Alemanha, em 1926, à Sociedade das
Nações;

As Propostas de Aristide Briand para uma


Europa Unida
Estudos Europeus I 61
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Só foi possível devido à colaboração do ministro dos negócios estrangeiros


alemão com Aristide Briand;

As propostas de Aristide Briand – O Inicio:

− As iniciativas serias Pan-Europeias tiveram de esperar até final da década;

− Num discurso à Sociedade das Nações em 1929 avançou com uma


proposta da criação de elo federal entre nações europeias;

− Primeiro frisou que os tempos estavam maduros para uma cooperação


económica mais próxima;

− Aristide Briand convidou todos os ministros dos negócios estrangeiros de


países Europeus com representação na Sociedade das Nações para que
participassem em conversações informais versando o assunto da unidade
europeia;

− As propostas foram bem recebidas sem compromisso e obteve a


autorização para preparar um memorando oficial contendo as propostas
específicas que seriam consideradas pelos governos Europeus;

As propostas de Aristide Briand:

− Mencionava o perigo para a estabilidade e segurança que se encontrava


inerente à divisão da Europa em pequenos Estados em concorrência;

− Factores em comum como o fundo racial, a civilização e a proximidade


geográfica devia fazer com que estes Estados rumassem à cooperação em
vez da competição;

− Em primeiro lugar os Estados Europeus devem preparar e ratificar um


tratado que estabeleça o princípio de uma união moral europeia e
confirmasse a solidariedade dos membros nela envolvidos;

− O tratado obrigaria os Estados Europeus a realizar reuniões regulares;

− O principal órgão seria um Congresso Europeu aberto a todos os


participantes;

As Propostas de Aristide Briand para uma


Europa Unida
Estudos Europeus I 62
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Entre sessões um Comité Político mais reduzido e permanente dispondo de


um secretariado próprio, encarregar-se-á dos assuntos correntes;

− Listavam um grande número de tópicos e assuntos a serem tratados neste


fórum – desde medidas alfandegárias até mediadas de higiene;

− Ao arrepio do seu discurso anterior em Genebra dava agora clara prioridade


à perspectiva e tópicos políticos muito em particular à paz e segurança;

− Defendia a subordinação da economia à política;

− Uma reaproximação política era tida como um pré-requisito para a criação


de um mercado único europeu;

− Surpreendentemente Aristide Briand não atribui competências políticas à


associação europeia que propunha;

− Esta não iria entrar em competição com a Sociedade das Nações;

− Muito pelo contrário defendia a sua subordinação à Sociedade das Nações;

− Considerava que ser membro da Sociedade das Nações era um pré-


requisito indispensável para a participação de qualquer país na associação
por ele proposta;

− Não tinha lógica a Associação Europeia substituir-se à Sociedade das


Nações na sua capacidade mediadora;

− O propósito da cooperação era atingir-se um acordo e não uma unidade;

− Apenas admitia como método de trabalho aquele que não colocasse em


causa a Soberania e independência política completa dos Estados
Europeus;

− O que resultava do que ele propunha era uma confederação muito solta;

− Nos seus discursos políticos colocava grande ênfase no envolvimento


britânico no processo de cooperação europeu;

− Todo o seu projecto se enraizava nos interesses de segurança dos


Franceses e era muito mais importante manter laços de cooperação com o
Reino Unido em detrimento de uma aliança continental com a Alemanha;

As Propostas de Aristide Briand para uma


Europa Unida
Estudos Europeus I 63
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Por outro lado ao propor uma espécie de federação Europeia podia garantir
aos seus aliados de leste – Polónia e Checoslováquia – a sua
independência mesmo que ocorresse uma reaproximação à Alemanha;

− O memorando de Aristide Briand circulava pelos governos Europeus com


vista a uma tomada de posição destes;

− No mínimo os apoiantes de Pan-Europa tiveram êxito em conseguirem que


todos os governos Europeus considerassem a questão com seriedade;

− Nos meses seguintes chegaram as respostas, uma a uma dos 26 governos;

Conclusões:

− A recepção tinha sido polida mas não entusiasta;

− Havia vontade de continuar com as conversações mas os países membros


da Sociedade das Nações não viam a necessidade de apoiar um potencial
rival;

− Do ponto de vista técnico a maioria dos países criticava a subordinação da


economia à política;

− Outros o contrario;

− Outros ainda a interdependência entre eles;

− Uns pediam a inclusão da Turquia no processo;

− A Alemanha e Itália pediam a inclusão da USRR;

− Os que hesitavam na generalidade ao projecto eram o Reino Unido e a


Itália;

Razões para o fracasso:

− Os principais defensores do projecto cedo desapareceram de cena;

− O projecto mostrou falta de coragem e realismo político em avançar com


uma proposta para uma União Europeia ao mesmo tempo que deixava
intacta a Soberania nacional;

As Propostas de Aristide Briand para uma


Europa Unida
Estudos Europeus I 64
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Era difícil ultrapassar a resistência britânica e contra esse desejo poucos


tinham vontade de avançar;

− Tinha-se instalado uma crise económica mundial que estava a criar


desemprego e agitação social, obrigando os governos s criar medidas
proteccionistas;

− O nacional-socialismo começa a ganhar terreno na Alemanha. Logo que se


deu a tomada do poder pelos Nazis em 1939 deixou de haver lugar para as
ideias federalistas;

− A resistência da burocracia da Sociedade das Nações a uma potencial rival.

As Propostas de Aristide Briand para uma


Europa Unida
Estudos Europeus I 65
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Fascismo, Nazismo e Europa:

− Pode parecer paradoxal falar de Europa em conexão com o fascismo e o


nazismo;

− Estes movimentos eram fortemente nacionalistas e fundamentalistas


enraizados no desenvolvimento histórico do seu país natal;

− Em breve partidos políticos surgiram na maioria dos países Europeus;

− Embora heterogéneo o fascismo apresentava-se como uma alternativa


universal capaz de substituir a democracia liberal e o comunismo;

− Mussolini mostrava que a jovem e forte Itália que saia da revolução fascista
tinha mostrado uma saída para as misérias do liberalismo, do
parlamentarismo, da democracia e do socialismo;

− Realizou-se em Roma, 1932, um congresso internacional sobre a cultura


europeia;

− A tomada do poder de Hitler na Alemanha, cedo demonstrou que era difícil


qualquer tipo de europeísmo fascista;

− Os interesses nacionais da Alemanha e da Itália cedo chocaram uns contra


os outros nomeadamente em relação à Áustria;

− O internacionalismo fascista foi impedido pela desconfiança mútua;

− Ficou para nascer uma internacional fascista;

− Só a guerra e os triunfos iniciais da Alemanha levou a pensar de novo em


Eurofascismo ligado a um renascimento da Europa;

− Mas o mesmo ficou cego às suas potencialidades internacionais em prol


dos interesses nacionais;

− Na Itália de Mussolini havia mais espaço para se discutir a Europa do que


na Alemanha de Hitler;

− Mas cedo a guerra se encarregou de mostrar que só a opinião da Alemanha


contava.

Fascismo, Nazismo e
Europa
Estudos Europeus I 66
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A NEuropa Nazi:

− O nacional-socialismo era basicamente um programa para a Alemanha e


não para a Europa;

− Hitler tinha dois objectivos:

o Limpar a raça alemã de elementos inferiores;

o Criar uma expansão alemã para leste;

− Este extremo de nacionalismo de sangue e território não podia tolerar ideias


de comunidades transnacionais;

− Hitler condenou a Pan-Europa e projectos semelhantes como sendo


tentativas dos Judeus para subverter o povo alemão;

− O nacionalismo era tanto que Hitler condenou a integração mesmo com


povos como os Germânicos;

− Hitler raramente usou o conceito de Europa e quando o fez fora num


contexto de propaganda;

− A ideia de Hitler era:

o Submeter os povos inferiores de leste – os Eslavos – ao valor


germânico;

o Só uma Europa Germanica era a verdadeira Europa;

o Ele dividiu a Europa em dois espaços vitais, um que seria pan-


alemão e outro mediterrâneo que seria pan-italico;

O porque do motivo de considerar o Nazismo:

− Os nazis frequentemente utilizavam o conceito Europa na sua propaganda,


tanto antes como durante a Guerra;

− Também o êxito inicial da Alemanha criou uma Europa Continental Unida


onde a mesma Alemanha conseguiu assegurara um alto grau de
coordenação económica;

A NEuropa
Nazi
Estudos Europeus I 67
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Tal eficácia levou a que nos países ocupados se pensasse que se podia
criar uma Europa Federalista Unida sob a direcção da Alemanha;

− Durante a guerra o conceito de Europa foi mais usado pela Alemanha do


que pelos aliados;

− De inicio e na sequência da tomada do poder pelos Nazis em 1933, a


Alemanha tentou apresentar-se como o único baluarte eficaz de combate ao
comunismo;

− Quis ver de novo todos os alemães unidos num só Estado – desfazer as


injustiças de 1919;

− Uma Alemanha forte seria benéfica para a Europa em geral;

− Num discurso Hitler falou em casa europeia, uma casa em que a Alemanha
se encarregaria de manter a ordem;

− Em muitos países, nomeadamente no Reino Unido, existia a duvida entre


uma ordem europeia de pequenos Estados – resultante de 1919 – ou a
necessidade de equilíbrio de poderes;

− Em 1938 com o acordo de Munique a Checoslováquia perdeu a sua


Soberania para a Alemanha com a convivência Inglaterra e da França e o
apoio da Itália;

− O modo como em 1940 a Alemanha já tinha ocupado a maior parte da


Europa obrigava-os a ajustar às novas necessidades da Alemanha e
propaganda nazi para a Europa, assim:

o De modo a mobilizar toda a economia do continente para o esforço


de guerra, a Alemanha apresentou aos países ocupados e
controlados um programa que visava uma Nova Ordem para a
Europa;

o Sublinhou a necessidade de um Mercado Comum para o continente


europeu;

o Enquanto se iam louvando as virtudes militares e económicas da


Autarquia Europeia;

A NEuropa
Nazi
Estudos Europeus I 68
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o A propaganda mostrava as vantagens de organizar a Família


Europeia das Nações, numa união política e económica que seguiria
os princípios alemães e sobre a supremacia alemã;

o Contra um Reino Unido velho e podre devia erguer-se uma Frente


Unida dos Povos do Continente Europeus, para conquistar a
liberdade na Europa;

− Após algum sucesso inicial depressa se abandonou a ideia de mobilizar


gentes de países ocupados;

− Porque se tornara obvio que os planos para uma Europa Unida


economicamente serviam de mascara paar uma exploração por parte da
Alemanha;

− Alguns aspectos eram omissos, como a independência política de países


não alemães;

− Toda esta referencia a uma Europa Unida era omitida na propaganda para
uso interno;

− A invasão da USRR trouxe outra mudança à propaganda nazi para a


Europa;

− O motivo de Luta dos Povos da Europa contra o Bolchevismo, só surge


quando se aperceberam que certos povos dos países ocupados apoiavam a
invasão da Rússia pelos alemães;

− Assim Hitler surge como o defensor da Europa face à ameaça de leste;

− Ele disse num discurso “que não se tratava apenas de uma guerra pelo
povo alemão mas por toda a Europa e portanto por toda a humanidade
civilizada;

− Deste modo foram para a USRR não só soldados alemães mas também
voluntários vindos de outros países;

− Mais uma vez o uso que os Nazis fazem do conceito Europa tinha um único
objectivo – o de justificar um domínio centralizador e ilimitado da Alemanha
sobre o continente europeu;

A NEuropa
Nazi
Estudos Europeus I 69
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− O anti-semitismo não se confinava aos Nazis, e muita gente apoiava uma


Lei, ordem e governo ditatorial na construção de um A Nova Europa ou que
desta se fizesse um quartel contra o bolchevismo.

A NEuropa
Nazi
Estudos Europeus I 70
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Oposição e Resistencia:

− Pouco tempo depois da tomada do poder por Hitler o ramo alemão da Pan-
Europa foi dissolvido;

− Nas palavras de Coudenhove-Kalergi a revolução anti europeia tinha


conquistado a Alemanha;

− Coudenhove-Kalergi e outros apoiantes de uma Europa Federalista


tiveram de encarar a realidade, enquanto o regime nazi estivesse no poder
era impossível qualquer União Europeia, que não sob o domínio Alemão;

− Coudenhove-Kalergi manteve-se anti-nazi e anti-bolchevique o que levou


a roturas entre ele e os apoiantes de esquerda que viam a URSS como um
foco de agitação contra o fascismo na Europa;

− Walter Lipgens descreve a voz de unidade que faz sentir em quase todos
os moviemntos de resistência anti-nazi;

− Na base da unidade Europeia, como a formula da resistência, estavam


sempre em 1º plano argumentos morais ou ideológicos que realçavam a
necessidade de ultrapassar o poder do Estado-Nação e a necessidade de
assegurara os direitos humanos e a liberdade individual contra todas as
instituições;

− A nova perspectiva para a Europa altamente idealista era resultado de duas


experienciais inter-relacionadas:

o As atrocidades do regime nazi; e

o O colapso de quase todos os Estados que tinham entrado em guerra


com Hitler;

− O colapso desses países que demonstraram as fraquesas do plano de


Versalhes tinha, ao principio, criado ilusões sobre a aviabilidade de criar
umA Nova Europa em cooperação com a Alemanha;

− O Estado-Nação tinha sido desacreditado de todas as maneiras possíveis:

o Moralmente pelo seu chauvinismo;

Oposição e
Resistência
Estudos Europeus I 71
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Economicamente pela sua incapacidade de evitar a crise e


assegurara a cooperação;

o Militarmente porque não tinha sido capaz de defender a segurança


dos seus cidadãos;

− Para muitos dos dirigentes da resistência não comunista a única solução


era uma Federação Europeia ou mesmo uns “Estados Unidos da Europa”,
com a Alemanha como aliada;

− Na Escandinávia defendia-se uma ordem mais atlântica e em pequenos


países como a Bélgica os movimentos de resistência mostravam-se mais
relutantes, do que nos países maiores, em se comprometerem num plano
em grande escala para o pós-guerra;

− Nos países de leste – Polónia, Checoslováquia - as ideias da sua


resistência eram idênticas às do ocidente;

− Até 1943 esta noção ou ideia de uma unidade regional ou de cooperação


Europeia estiveram nos planos Britânico e americanos para o pós-guerra.
Churchill parecia favorável à ideia ao contrario dos Americanos;

− A atitude da URSS constituía o principal obstáculo à concretização de


qualquer plano para a federarização da Europa;

− Lenine em 1915 tinha afastado a ideia de um “Estado Unidos da Europa”;

− Quando o governo e o Estado soviéticos se tornaram realidades continuou


a mesma política destruindo qualquer tipo de planos para a Europa, quer
fosse Europa Central ou de Leste;

− Durante a guerra a atitude soviética manteve-se a mesma, Estaline no


intuito de dissuadir os aliados de qualquer tentativa do género ameaçou de
fazer uma paz separada com os Alemães;

− Os soviéticos não só queriam manter os territórios por si ocupados como


eram contra qualquer tipo de plano que envolvesse a Polónia e os seus
vizinhos, sugerindo ao mesmo tempo um novo e mais radical plano de
desmembramento da Alemanha em vários e pequenas unidades
independentes;

Oposição e
Resistência
Estudos Europeus I 72
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Os aliados ocidentais, Estados Unidos da América à cabeça, acabaram por


ceder ao essencial destas exigências, pela necessidade de manter a
cooperação com a URSS;

− Para os Estados Unidos da América uma Europa unida não era


conveniente;

− O resultado foi a divisão do continente em duas esferas de influência e


restauraram-se os velhos Estados-Nação, após a URSS ter apanhado o seu
quinhão;

− A resistência não teve qualquer influência e a partir de 1944 quando se


percebeu as intenções dos aliados de dividir a Europa em dois ouviram-se
vozes de protesto abafadas pela exaustão da guerra;

− Começou-se a ter a necessidade de uma perspectiva funcional, não tão


grandiosa, que em 1º lugar se centrasse na colaboração económica em se
basearia a reconstrução europeia.

Oposição e
Resistência
Estudos Europeus I 73
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Cultura Versus Civilização:

− Fim do século XIII os dois conceitos já eram quase sinónimos,

− Na Alemanha porém o termo francês “civilização” foi uma importação infeliz;

− Durante o século XIX na Alemanha introduziu-se um contraste entre


civilização e cultura;

− Que durante a 1ª Grande Guerra foi fortemente explorado para explicar e


justificar a guerra;

− A distinção sobreviveu à guerra e até aos dias de hoje ainda aparece em


discussão na ideia de unidade europeia na tentativa de definir a natureza da
Europa;

− Encontramos a distinção num livro de 1987 – Pensar a Europa de Edgar


Morin:

o Cultura – quer dizer os alicerces culturais judaico-cristãos-greco-


latinos;

o Civilização – para o que transmissível a outras comunidades;

− Existe portanto uma dicotomia entre o que é único e espiritual e o que é


comum e intercambiável;

− Segundo Morin a cultura desenvolve-se crescendo com fidelidade a partir


dos seus princípios particulares, enquanto a civilização se desenvolve
juntando e comparando os resultados da cultura;

− Assim a nossa actual civilização global é filha da cultura europeia;

− Olhemos agora mais de perto o uso dado em tempo de guerra a esse


conceito.

Cultura Versus
Civilização
Estudos Europeus I 74
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Cultura, Civilização e a 1ª Guerra Mundial:

− Os aliados interpretavam uniformemente a guerra como um conflito entre a


civilização e o barbarismo;

− Para Henri Bergson – filosofo francês – não via mais do barbarismo no


esforço de guerra alemão;

− Para Henri Bergson tratava-se de um assalto terrível à civilização;

− Henri Bergson estava convencido que as forças da vida e da decência


ganhariam esta batalha final;

− Propaganda à parte as teorias de Henri Bergson apontam para um


problema que três décadas mais tarde culminariam no Nazismo e no
Estalinismo;

− O problema é que as forças da civilização tem duas faces são ao mesmo


tempo libertadoras e destruidoras;

− Se estas forças estiverem nas mãos de um regime totalitário que explora


tecnologias modernas e que transforme a verdade e a justiça num governo
supremo – O Fuhrer ou Partido – poderão levar a um Barbarismo
Cientifico apenas possível numa estrutura mental europeia.

Cultura, Civilização e a 1ª Guerra


Mundial
Estudos Europeus I 75
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Max Scheler:

− Durante a 1ª Guerra fizeram-se frequentemente esforços na Alemanha para


explicar a Guerra – não como um choque entre civilização e barbarismo
mas sim entre Cultura representada pela Alemanha e Civilização
representada pelo Ocidente Liberal;

− Max Scheler filosofo alemão apresentou uma versão sofisticada de uma


ideia que era popular e utilizou-a na propaganda de Guerra;

− Para Max Scheler a Guerra era um conflito entre a Rússia e a Europa em


que a Alemanha e a Áustria se tinham tornado os principais defensores da
herança europeia;

− Max Scheler define a Europa como uma irmandade em primeiro lugar


espiritual que se baseava numa certa forma de ética, uma certa espécie de
ideologia e o modo activo de formar o mundo com raízes na Grécia, Roma e
no Cristianismo;

− Rejeitava todas as definições de Europa em termos geográficos ou de raça;

− Max Scheler não poupa esforços para mostrar que a Rússia é uma cultura
independente e fundamentalmente diferente da Europa;

− A expansão Russa para Ocidente significa o fim da criatividade do espírito


europeu;

− Para V as diferentes culturas mundiais são únicas, incompatíveis, estáveis e


permanentes;

− Assim para Max Scheler não existem percepções neutrais, tudo o que
vemos vemo-lo com olhos Europeus;

− Toda a Europa devia ter cooperado em auto protecção contra a nova onda
de expansionismo russo militante;

− Mas a Europa estava enfraquecida de dentro por causa do Reino Unido


principal representante da sociedade capitalista;

− Segundo ele o espírito capitalista britânico apresenta-se marcado por um


utilitarismo profundo que preferiu o que era útil ao que era nobre;

Max
Scheler
Estudos Europeus I 76
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− O que tinha levado a um imperialismo sem escrúpulos e a uma política


destrutiva em relação à Europa;

− Além disso o Reino Unido dava corpo a uma sociedade artificial, cínica e
racial contra o principio alemão – que ele esperava que fosse também
europeu – de uma comunidade, verdadeira, carregada de emoção e
sentimento;

− Do ponto de vista filosófico ele aponta a culpa ao naturalismo e aoa


positivismo, que vem o mundo do ponto de vista apenas material, que
conduz a uma completa instrumentalização do mundo e dos seus
habitantes;

− Para Max Scheler esta “doença capitalista Inglesa” tinha alastrado


perigosamente Europa fora, nem a Alemanha escapara ao contágio como
se verificava através dos sentimentos nacionalistas e imperialistas;

− Tinha sido triste ver como a maioria dos Europeus tinha renunciado a toda a
autoridade moral e religiosa transnacional;

− Declínio que tinha atingido o seu auge na Guerra que para ele não era fruto
de um militarismo decente mas sim do utilitarismo expedito em tempo de
paz, que não tinha deixado espaço para o que é nobre na Humanidade;

− Max Scheler esperava que a Guerra purificasse o espírito e que mostrasse


novamente os verdadeiro valores da Europa;

− Ele esperava que os soldados alemães que eram idealistas


compreendessem porque é que lutavam e esperava que os soldados
também idealistas do outro lado notassem o erro e parassem de lutar e se
juntassem numa irmandade europeia;

− A Guerra conduziria ou ao renascer ou à queda da Europa, dependia de


ser o espírito alemão ou inglês a vencer;

− Seria natural ser a Alemanha a encabeçar a luta pela unidade espiritual e


política da Europa, devido principalmente ao seu espírito comunitário e anti-
capitalista;

Max
Scheler
Estudos Europeus I 77
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− A esta comunidade Max Scheler chama de “comunidade do amor” onde a


igreja católica espiritualmente renovada e reformada viria a ser a autoridade
moral comum na Europa;

− A uma visão pesadelo em que o mundo surge dividido em três:

o Um império Mongol-Japonês a governar a oriente;

o Um império Russo culturalmente não criativo e a expandir-se para


Ocidente;

o A herdeira do utilitarismo britânico a América, capitalista e


mecanicista;

− Max Scheler contrapôs uma visão positiva – para ele – de uma Europa
continental espiritualmente unida sob a supremacia militar alemã;

− Em suma ele vê o alastramento da civilização capitalista como sendo uma


doença para a Europa que se funda na cultura – uma verdadeira
comunidade de amor;

− Quer que o catolicismo assegure a recuperação espiritual, mas não apela à


Igreja mas sim à Alemanha;

− Para Max Scheler a Alemanha e a Áustria souberam manter o espírito da


antiguidade preservando assim uma comunidade genuína salvaguardando
uma cultura autêntica;

− Ele não estava sozinho na celebração do Estado alemão enquanto bastião


anti-civilização;

− Thomas Mann em 1917 lamentava o imperialismo da civilização em


relação à cultura alemã e que o espírito prussiano pudesse ser derrotado
pelo mundo dos negócios;

− Voltando à questão do barbarismo cientifico;

− Ele condenou o capitalismo e o liberalismo por reduzirem tudo a meros


objectos;

Max
Scheler
Estudos Europeus I 78
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Quando surgiram versões primitivas das sua lógicas – durante e depois da


Guerra – muitas delas a glorificar a Alemanha como sendo a autoridade que
podia transcender o conflito entre cultura e civilização, tais versões estavam
a aproximar-se dos métodos totalitários;

− Algo que Thomas Mann não defendia;

− Assim o Estado com o”espiritual” tem também o Direito de dispor de quem


quer que seja que ele considere inimigo desses valores.

Max
Scheler
Estudos Europeus I 79
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Uma Interpretação Comunista:

− Para Gyongy Lukacs – filosofo comunista Húngaro – quando a 1ª Guerra


Mundial eclodiu ele teve de enfrentar um dilema:

o Recusava os imperadores da Alemanha e da Áustria;

o Mas no caso de eles perderem a guerra quem é que salvava o


mundo de ser conquistado pela civilização ocidental;

− Em 1917 ele encontrou a resposta a URSS;

− Em 1919 avançou com uma interpretação fascinante no artigo “Velha e


Nova Europa”;

− O capitalismo, segundo Gyongy Lukacs, era o culminar da civilização mas


ao mesmo tempo era uma força que destruía toda a cultura genuína;

− Aqui a cultura é diferente da interpretação alemã;

− Gyongy Lukacs definia a como:

o Tudo o que é estético e eticamente valioso nos produtos e nas


capacidades para além da respectiva necessidade funcional;

− Para Gyongy Lukacs a civilização capitalista emancipou o homem das


tiranias da natureza, mas ao mesmo tempo submeteu-o à ditadura de uma
economia que arrastou a beleza da cultura pré-capitalista;

− Tal dilema é semelhante ao que se coloca aos admiradores da


espiritualidade alemã, e como eles, Gyongy Lukacs tentou ultrapassar o
problema dialecticamente com a ajuda de uma “solução final”;

− Ele esperava que a ditadura do proletariado – na realidade a do partido – e


a sociedade comunista emergente pusessem fim, de uma vez por todas, ao
conflito entre cultura e civilização;

− Através do planeamento estatal as perversões do capitalismo podiam ser


eliminadas e a humanidade podia dominar novamente a economia e não o
contrario;

Uma Interpretação
Comunista
Estudos Europeus I 80
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Libertadas das preocupações superficiais as pessoas podiam voltar-se para


as verdadeiras questões da existência e produzir cultura em abundância;

− Gyongy Lukacs pouco dia sobre a Europa mas a estrutura da sua


argumentação mostra como e quando o pensamento comunista, não
obstando ser anti-europeu esta endividado em relação à tradição europeia;

− Tem se feito esforços para descrever o Bolchevismo como Russo e não


Europeu mas se as suas raízes não estivessem no pensamento europeu
não teria sido possível o apelo e fascínio que exerceu sobre tantos
intelectuais Europeus.

Uma Interpretação
Comunista
Estudos Europeus I 81
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

O Declínio do Ocidente:

− Durante e depois da 1ª Guerra Mundial a metáfora da Europa como “Velho


Mundo” ganhou novas conotações tantos eram os comentários que
concordavam que a Europa tinha chegado ao fim;

− Os jovens intelectuais estavam tão convencidos do colapso iminente da


civilização europeia como os seus pais tinham Estado certos do seu
progresso contínuo;

− Uma obra de Oswald Spengler – o declínio do ocidente, veio a ser um


símbolo imediato de todos esses sentimentos e tornou-se num campeão de
vendas talvez devido ao título que dava nome ao Estado de espírito de uma
toda geração;

− A sua obra era uma tentativa ambiciosa de formular uma filosofia


abrangente da história, ao comparar diferentes culturas mundiais;

− Oswald Spengler acreditava ter encontrado uma “morfologia da historia do


mundo” segundo a qual todas as culturas tinham de passar por um certo
numero de fases – comparável às quatro estações ao a um ciclo vital;

− Após todas as fases ou o fim do ciclo a cultura atinge o seu auge e a sua
alma morre transformando-se em civilização;

− Encontramos aqui um diferente uso para as palavras Cultura e Civilização,


na sua terminologia Civilização era a inevitável última fase da cultura, o
culminar lógico e logo a seguir a morte da dita civilização;

− Ele dá exemplos de todas as culturas maiores da história do mundo;

− Mas o seu tema principal reflecte-se no título do livro e as suas


comparações mais fascinantes são aquelas que estabelece entre o ciclo
vital da antiguidade que levou ao declínio do Império Romano e o
desenvolvimento da cultura ocidental ou europeia;

− Segundo Oswald Spengler já no século XIX a cultura europeia completara


a sua transição para civilização;

O Declínio do
Ocidente
Estudos Europeus I 82
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− O principal símbolo da civilização para ele era a metrópole, a sua época


caracterizou-se pela perda da religião e de um certo sentido de propósito;

− Mas chegar-se ao fim da civilização era também o nascimento de algo novo


que seria o imperialismo;

− O seu livro, na 1º edição, na expectativa de uma vitoria alemã na guerra


pode ser considerado uma peça de propaganda, oferecendo absolvição
filosófica para a Alemanha no seu esforço de Guerra;

− Para Oswald Spengler em unanimidade com outros colegas via o conflito


como resultado inevitável entre o dinheiro – Reino Unido – e o sangue –
Alemanha;

− O seu socialismo nada tem a ver com o marxismo ou outros era apenas o
contrario de capitalismo;

− Ele não era derrotista, tinha declarado morta uma cultura na esperança de
uma outra nova cultura, vital, dinâmica e sem escrúpulos pudesse nascer
na Europa ocidental.

O Declínio do
Ocidente
Estudos Europeus I 83
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Encarando a Europa do Pós-Guerra:

− Os horrores da guerra, a intervenção Americana na Europa e o quase


colapso das economias europeias da pós-guerra, mostram que a
supremacia da Europa no mundo era tempos idos;

− E surgiram nova tendências na política europeia as quais rejeitavam muito


do passado Europeu;

− O comunismo e o fascismo nas suas versões nacionalistas “ o velho


mundo” estava desacreditado;

− Muitos jovens intelectuais tinham testemunhado os horrores da guerra


sentiram que perdera total credibilidade o sistema liberal que conduziu
aquela guerra;

− Programas liberais para uma Europa unida como os de Coudenhove-


Kalergi ou de Briand tinham dificuldade em atrair massas, mais facilmente
atraídas por palavras de ordem nacionalistas;

− Nesta altura era baixo o interesse publico numa dimensão europeia e com
algumas excepções o mesmo se podia dizer dos intelectuais;

− Podem existir excepções mas por todo o lado deparamos com um


sentimento de incerteza que esta muito longe do optimismo complacente do
século anterior.

Encarando a Europa do Pós-


Guerra
Estudos Europeus I 84
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

O Confronto da Cultura Europeia:

− Depois de 1918 a crença de uma Europa que apostasse no progresso sem


limites dificilmente seria aceite por um liberal;

− Os Estados Unidos da América estavam, mais que a velha Europa, a


tornarem-se na vanguarda da invenção e da modernidade;

− Neste contexto e nos anos pacíficos entre 1924 e 1930, os intelectuais


Europeus podiam usar alguns aspectos da dicotomia cultura versus
civilização em defesa dos seus sentimentos de superioridade;

− Esses intelectuais não podem deixar de notar que a civilização moderna


fruto da mente europeia se tinha espalhado pelo mundo inteiro e permitira
um progresso impressionante mesmo em países não ocidentais;

− José Ortega y Gasset fez notar que o sucesso dos EUA representava um
desafio real à auto consciência europeia, mas por muito que eles fizessem
havia algo que eles nunca poderiam ter – O Património Cultural que a
Europa tinha;

− Scheler estava convencido, em 1915, que se a América deixasse de


contribuir culturalmente a perda seria mínima em relação a outros países
Europeus;

− Quinze anos depois e um tratado de paz, José Ortega y Gasset continuava


a dizer que o padrão de vida do americano médio podia ser superior ao do
europeu mas a nível das minorias intelectuais era bem mais baixo;

− Apesar de tudo de Europeus estavam na defensiva;

− O escritor checo Karel Capek – 1926 – escreveu uma carta ao New York
Times a explicar porque achava perigoso que os ideais americanos se
alastrassem à Europa;

o Em 1º lugar a velocidade, para ele a eficácia no trabalho não era


tudo e nem sequer era um objectivo supremo;

o Era preciso uma dose de preguiça para apreciar a vida no seu todo;

O Confronto da Cultura
Europeia
Estudos Europeus I 85
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Queixa-se do culto americano do sucesso, a Europa preocupa-se


com outras coisas – o amor, a fé, a verdade ou coisas irracionais;

o Achava também difícil alimentar o culto da quantidade;

− Karel Capek era um liberal democrata e mais uma vez temos de perguntar
se o capitalismo não foi uma invenção da Europa;

− Para Krejcí – 1936 – também checo e baseando explicitamente a sua


analise na dicotomia entre cultura e civilização tentou chegar à essência da
Europa;

− A civilização, segundo ele, era facilmente transferível pela maneira como a


civilização europeia – na sua versão anglo-saxónica – tinha conquistado
todos os continentes;

− A cultura por contraste era concreta e histórica, consistia numa estrutura de


praticas e normas estéticas éticas e intelectuais geradas ao longo de
séculos;

− Segundo ele a Europa, desde a antiguidade, tinha mostrado possir


capacidade especial para abrir novas dimensões para toda a humanidade e
até agora o fazia;

− Quando bem sucedida nesse objectivo – novas dimensões – a cultura e a


civilização fundiam-se numa só como podíamos ver na Europa ocidental ou
central;

− A diferença entre cultura e civilização era bem visível no caso da URSS e


dos EUA. Ambos tinham adoptado as ideias mais modernas da civilização
europeia e até lhes acrescentaram algumas dimensões mas apesar de tudo
ainda não estavam próximos do nível de cultura Europeus;

− Ele via a prova disso:

o Nas práticas barbaras do bolchevismo na Rússia;

o Na violência, racismo e anti-socialismo da sociedade americana;

− Ele era social-democrata e o socialismo era para ele o sentido mais básico
da solidariedade europeia;

O Confronto da Cultura
Europeia
Estudos Europeus I 86
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Segundo ele os EUA e a URSS apesar de sistemas opostos eram parecidos


ambos defendiam princípios de um materialismo vazio de um utilitarismo
primitivo, princípios alheios aos genuínos valores Europeus;

− Em conclusão todos os liberais democratas eram da opinião que era de


evitar a “ Americanização” da Europa.

O Confronto da Cultura
Europeia
Estudos Europeus I 87
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Europa e os Mitos Nazis:

− De um ponto de vista ideológico o fascismo e o nacional socialismo eram


altamente heterogéneos e mesmo contraditórios, na sua busca pelas raízes
da Europa;

− Alfred Rosenberg – ideólogo Nazi no seu livro de 1930 – o mito do século


XX – evoca um poderoso mito de sangue, o sangue em que se expressa a
alma de cada raça;

− Numa extensa mistura de mitos e de contos pseudo ciência Alfred


Rosenberg tenta demonstrar como a inalterável alma racial tem comandado
a vida e a historia das raças,

− Na Europa ele vê três princípios numa luta de vida ou de morte:

o A alma nórdica que se funda na liberdade e na honra e que luta


contra:

o A igreja católica filha da decadência e do caos racial romano;

o Os judeus e os seus aliados com o seu individualismo materialista, o


seu marxismo e farsa democrática que todos juntos escondem o
poder e o governo do dinheiro judeu;

− Aos seus olhos estes três poderes estavam apostados numa luta pela alma
europeia e a guerra tinha demonstrado que a coexistência entre eles não
era possível;

− Nesta luta racial e ideológica ele chamava às armas todos os verdadeiros


Europeus;

− Alfred Rosenberg não tolerava uma Pan-Europa que incluísse judeus,


franceses ou uma MittelEuropa vazia de raças e povos;

− Em vez disso imaginava uma Europa nórdica com:

o A Escandinávia, Europa central, reino unido, Itália – englobada na


vaga aliança mediterrânea;

A Europa e os Mitos
Nazis
Estudos Europeus I 88
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− A Rússia teria de aceitar um futuro fora da Europa se recuperasse do


bolchevismo podia ser uma potência asiática;

− Num congresso em Roma, dois anos depois, sobre a Europa abriu-se mais
um pouco em relação aos povos da Europa meridional;

− Apela a uma unidade europeia baseada no respeito das características


distintas das 4 grandes nações da Europa;

− As pequenas nações tem o Direito de existir e de ver as suas qualidades


reconhecidas mas só se aceitarem a primazia das maiores nações que dão
sentido à Europa;

o A Itália precisara de se expandir ao longo do mediterrâneo;

o A França terá de defender a Europa da penetração africana;

o O Reino Unido representara a Europa no estrangeiro;

o A Alemanha governara toda a Europa;

− Só se estas quatro nações se respeitarem umas às outras podem defender


a Europa do bolchevismo e das ameaças de raças inferiores que se
começam a agitar;

− Em suma pode-se ouvir o remoto eco de um nacionalismo conservador e


mais antigo disposto aos pequenos povos o Direito de existência – desde
que se livrassem dos judeus;

− Durante a Guerra Alfred Rosenberg não seguiu os seus princípios e após


vários genocídios foi condenado à morte depois a Guerra.

A Europa e os Mitos
Nazis
Estudos Europeus I 89
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Revolta das Massas:

− O fascismo e o comunismo eram movimentos de massa ou pelo menos


tentaram explorar e evocar essas massas;

− Este fenómeno das massas é tão diferente do liberalismo elitista do século


XIX;

− Um dos grandes estudiosos desse fenómeno foi José Ortega y Gasset que
no seu livro de 1930 – a revolta das massas;

− O seu diagnóstico era claro, a Europa estava a experimentar uma crise


severa porque as massas tinham penetrado em todas as esferas da vida
inclusive aquela que estava reservada a uma minoria – a política;

− Estava-se a assistir ao governo directo das massas, embora por natureza


as massas sejam incapazes de governar;

− O resultado foi a decadência ameaçadora das normas;

− Contudo houve aspectos positivos no processo que trouxera as massas à


sua nova posição, o progresso técnico que permitia a muita gente dispor de
uma vida de liberdade e luxo que outrora estava apenas ao alcance de uma
minoria rica;

− Se estas massas estavam em posse de técnicas modernas estavam, ainda


atrasadas moralmente;

− Só a combinação do liberalismo; do capitalismo e da ciência experimentada


tinha permitido esse progresso social;

− Mas o “Povo Massa” odiava a nobreza e a generosidade da democracia


liberal visto sentir antipatia por tudo o que lhes era estranho;

− Politicamente sé se sabia expressar pela acção directa ou pela violência,


visto que qualquer diálogo implicaria algum tipo de regra que não estavam
dispostos a habituar-se;

− Não espanta que o povo massa se sentisse atraído pelo niilismo do


fascismo e do bolchevismo dois movimentos que troçam do principio da
liberdade que os tornou possíveis;

A Revolta das
Massas
Estudos Europeus I 90
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Bolchevismo e fascismo nada ofereciam apenas o regresso a um mundo


arcaico e ultrapassado, já antes derrotado pelo liberalismo;

− Eram ambos vazios e perigosos pois agora as massas podiam usurpar o


aparelho de Estado e transformá-lo num aparelho perfeito para a violência e
a exploração;

− Se isso acontecesse seria o fim da espontaneidade histórica e a morte da


Europa;

− Mas a culpa não era só das massas, José Ortega y Gasset, era um
apoiante da democracia liberal para a qual não via alternativa;

− Todavia o liberalismo sofria de alguns vícios radicais pois tinha dado origem
ao Povo Massa que estava em revolta;

− O liberalismo tinha-se esquecido da necessidade de um programa dinâmico


tornando-se demasiado complacente;

− José Ortega y Gasset estava convencido que o declínio da Europa era um


mito perpetuado pelos próprios Europeus, o que demonstrava a falta de um
programa que os motivasse e que eles acreditassem;

− A Europa ainda tinha uma missão a cumprir só lhe faltava uma nova
filosofia, um novo objectivo;

− José Ortega y Gasset sugeria um programa de reforma política em larga


escala visando a criação de uns “Estados Unido da Europa”;

− Os desenvolvimentos técnicos e o intercâmbio de ideias tinham tornado


obsoletos os Estado-Nação e visto que o objectivo futuro seria uma
comunidade nacional não seria difícil fazer da Europa um conceito
nacional;

− Seria a única maneira de revitalizar a Europa e de apresentar uma


alternativa genuína moralmente superior ao comunismo soviético;

− Em suma embora José Ortega y Gasset atribuísse o aparecimento do


Povo Massa à sociedade moderna e às especializações técnicas que lhes
eram inerentes ele estava em busca de uma solução política através da
unificação da Europa num novo Estado-Nação;

A Revolta das
Massas
Estudos Europeus I 91
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− O Povo Massa era mais um sintoma do que a causa da crise mas abstêm-
se de uma análise mais profunda dessa mesma crise;

− Thomas Mann – 1935 – desmascarou a brutalidade e as mentiras com que


o fascismo se construía. Aceitando o essencial de José Ortega y Gasset
em relação à revolta das massas, atacava directamente a questão;

− Thomas Mann via a raiz do Estado actual, miserável, da Europa no século


XIX e na maneira como se procurava a verdade que acabou por destruir a
base idealista do liberalismo;

− As massas de hoje em dia não tinham outra ambição senão escaparem ao


eu e consequentemente da razão e da moral, refugiando-se no êxtase
colectivo;

− Os seus mentores totalitários sabiam muito bem que tipos de ideologia lhes
haviam de dar para as manter sob controlo;

− As massas eram sentimentais e românticas e deliciavam-se com um


vocabulário de sangue e território;

− As tradicionais ideias europeias de verdade, liberdade e justiça foram


substituídas por Mitos;

− Ele não tinha duvidas que se prolongasse o governo das massas e dos
seus mentores a guerra era inevitável, a qual traria o fim da civilização
como nós a conhecemos;

− Mas o que assustava mais era a fraqueza do mundo antigo e educado


quando confrontado por este novo barbarismo;

− Apelava a um renascimento e a um novo humanismo militante europeu


pronto a lutar contra o fanatismo;

− A não ocorrer esse renascimento a Europa seria destruía a um ponto que


dela só restaria o nome;

− Em 1937 compara a democracia à atracção temporária das novidades do


fascismo;

A Revolta das
Massas
Estudos Europeus I 92
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Sendo a única qualidade do fascismo a sua juventude, a democracia pelo


contrario era Humana e Intemporal.

A Revolta das
Massas
Estudos Europeus I 93
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Dilemas Católicos:

− Durante muito tempo a Igreja católica teve dificuldade em encontrar a


atitude certa em relação ao fascismo;

− Ao longo de um século o principal inimigo tinha sido o liberalismo a quem se


juntara o socialismo;

− Quando o liberalismo teve a sua 1ª crise na sequencia da 1ª Guerra a igreja


sentiu que tinha chegado a sua altura;

− Escolheu apoiar o fascismo, primeiro em Itália e Alemanha e posteriormente


em Portugal e Espanha;

− Apoiou esses fascistas porque eram oponentes poderosos do liberalismo e


do comunismo;

− Se funcionou bem em Portugal e Espanha o mesmo já não se pode dizer da


Itália e da Alemanha, e depressa a igreja iria descobrir que seria difícil fazer
acordos com revolucionários da sua estirpe e seria também impossível
controla-los;

− Os pensamentos de Thomas Mann indicavam haver laços íntimos entre o


cristianismo e o humanismo democrático;

− Mas a aliança não era fácil:

o Para alguns o humanismo e o socialismo democrático eram os


herdeiro naturais da cristandade,

o Para outros cristãos – especialmente em círculos católicos – a


democracia era a raiz de todos os males presentes;

− O católico Britânico Christopher Dawson – anti totalitário e céptico em


relação ao liberalismo – apresentou uma complexa discussão dos
problemas da Europa no seu livro - O Julgamento das Nações – onde
defende uma política social cristã;

− Até agora pouco se disse sobre as perspectivas britânicas da Europa.


Havia interesse nas questões europeias mas não muito;

Dilemas
Católicos
Estudos Europeus I 94
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− A sua preocupação era mais com o império;

− Havia excepções e elas reinavam entre os católicos devido aos seus laços
com o continente;

− Para Christopher Dawson as décadas posteriores à 1ª Guerra assistiram


ao colapso total do liberalismo e da sua ilusão optimista;

− A sociedade ocidental e através dela toda a humanidade estava a ser


exposta a um niilismo totalitário e destruidor que ameaçava aniquila-la;

− Primeiro o mal vinha de dentro da sociedade ocidental como resultado da


sua própria decadência;

− Segundo os sistemas totalitários que tinha a capacidade de controlar as


mentes e os corpos, destruindo tudo de bom através de lavagens cerebrais;

− Afigurava-se mais perigoso para a humanidade que qualquer invasão


barbara, este novo mal era despersonalizado e Christopher Dawson
chamou-o de “A Ciência Pervertida de uma Civilização Completa”;

− Enquanto o poder material crescia aos alicerces morais afundavam-se e


perdiam-se;

− O mal que ameaçava a Europa era essencialmente espiritual e Hitler e


Estaline eram as suas criaturas não os seus criadores;

− Para Christopher Dawson a ideia totalitária era clara e Russa antes de ser
Alemã ou Italiana;

− Para ele a Europa real só nos países e regiões que tinham um passado
católico romano;

− E mesmo aqui ele faz a distinção entre Europa Ocidental e uma outra
Europa que por vezes chama de Central outras de Leste onde incluía a
Alemanha;

− Muita da culpa do mal-estar actual Christopher Dawson atribui aos


elementos doentios da igreja Ortodoxa e do Luteranismo, ou seja a culap
surge relacionada com a divisão da cristandade;

Dilemas
Católicos
Estudos Europeus I 95
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− O liberalismo esqueceu-se das suas raízes no cristianismo o que o tornou


incapaz de se reformar a si mesmo quando teve de enfrentar o desafio do
socialismo e da sociedade de massas;

− Só a restauração de uma ordem crista podia salvar o mundo através do


regresso de uma unidade crista;

− Ele aceitou uma Europa pluralista e teve o cuidado de não pedir ou exigir o
regresso universal à igreja católica;

− O princípio nacional devia ser respeitado desde que todos os Europeus se


lembrassem que faziam parte de uma comunidade de cultura com base
cristã;

− O nacionalismo moderno teria de ser abandonado porque moralmente não


respeita a comunidade cristã europeia e politicamente porque actualmente
as bases da política internacional passam a ser uma civilização inteira e não
o Estado-nação;

− A Europa teria de se organizar numa federação livre e democrática,


semelhante aos EUA ou numa outra fase em moldes semelhantes ao da
Commonwealth britânica;

− Torna-se claro pelo contexto que Christopher Dawson nesta sua visão de
uma “Federação da Europa Ocidental” não inclui o Reino Unido, o qual
deveria continuar politicamente fora da Europa.

Dilemas
Católicos
Estudos Europeus I 96
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Europa Vista da Checoslováquia:

− Vamos olhar mais de perto um Estado europeu que recuperou a


independência política, a Checoslováquia e ver como os seus intelectuais e
políticos olhavam a Europa;

− Mas a Checoslováquia é apenas um exemplo, nessa região da Europa


central e de leste podem-se encontrar pontos de vista muito diversos sobre
a Europa – e essas perspectivas são determinantes pelo que podemos
chamar de “Acontecimento Formativos” da história desses países;

− Na polónia as muitas divisões do país e as pressões permanente e


simultânea – de leste a Rússia ortodoxa e de ocidente a Prússia protestante
– tem sido cruciais na formação de uma atitude polaca ambígua em relação
à Europa;

− Por um lado sentem-se como uma Nação da Europa ocidental, por outro
sentem que o ocidente não é de confiança e já sacrificou vezes demais a
polónia;

− O que levou no período entre as duas guerras a um nacionalismo de auto


afirmação que se manifestou até como anti ocidental;

− A Hungria também se tinha visto a si mesma como defensora do


cristianismo contra a berbere oriental;

− A atitude do pais para com a Europa no período entre as guerras foi


dominado pelo “Sindroma de Versalhes”, onde a Hungria perdeu grande
parte do seu território e milhões de húngaros ficaram em novos Estados;

− Uma onda de nacionalismo anti ocidental percorreu o país;

− Uns quiseram fazer uma aliança com a Alemanha, outros o afastamento


total da Europa;

− Em comparação os Checos sentiam-se incondicionalmente Europeus


ocidentais;

A Europa Vista da
Checoslováquia
Estudos Europeus I 97
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Com o fim da 1ª guerra a maioria dos checos e dos eslovacos via a criação
da Checoslováquia como o culminar de uma tendência progressista da
civilização europeia da qual se sentiam parte;

− Sabiam que a formação do país resultara da necessidade da preservação


da nova ordem internacional do pós guerra. Mostraram uma elevada
cooperação europeia;

− O ministro dos negócios estrangeiros Eduard Benes era o presidente do


ramo checo da Pan-Europa e o Eslovaco Milan Hodza esteve envolvido
nos projectos que deveriam levar a uma união económica da agricultura da
Europa central;

− Milan Hodza defendia que as nações centro europeias se deviam unir para
evitar o caos económico e os conflitos entre os diferentes nacionalismos, as
novas nações da zona teriam de se unir espiritual e economicamente;

− A não o fazerem ficariam um dia esmagadas entre as mós da Rússia e da


Alemanha;

− O carácter agrícola da região centro europeia deveria ajudar a encontrar a


sua identidade própria;

− Ele esperava desenvolver uma espécie de democracia de cooperativas de


agricultores que assim se podiam defender melhor da agricultura
mecanizada da América e da Europa ocidental;

− A Europa central deveria ser a mediadora entre o leste e o ocidente;

− Os planos de Milan Hodza para uma Europa de regiões mostraram uma


linha de pensamento típica da maioria dos seus compatriotas;

− Ele defendia uma mudança de influência e energia da Europa ocidental


para a Europa central e não estava só;

− A maioria dos checoslovacos nunca sentiram que o seu pais fizesse parte
da Europa de leste;

− Krejcí no livro “identidade checa e identidade europeia” apresenta uma


Europa de zonas culturais distintas;

A Europa Vista da
Checoslováquia
Estudos Europeus I 98
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− No controverso assunto das relações checo-alemãs aceita tudo aquilo que


Milan Hodza rejeita – a afinidade muito próxima entre checos e alemães;

− Para Krejcí o 1º eixo da longa caminhada do espírito europeu estende-se


da Grécia antiga à Itália renascentista e dai até à França e à Inglaterra;

− Os estilos de vida ai vividos foram alvo de inveja e cobiça pela Europa


cultural de então:

− Com a Itália politicamente fraca, a Inglaterra retirada da Europa, a França


entrou em decadência e tornou-se auto-suficiente esquecendo-se da
Europa;

− Surge então um novo eixo cultural este centro europeu – ia da


Escandinávia, através da Alemanha ate ao império austríaco e tinha à
cabeça a Alemanha – o espírito desta região;

− Neste segundo eixo a Europa era, antes de mais, uma ideia um sonho um
projecto futuro;

− Ligados ao continente os alemães tinham consciência que não estavam


sozinhos na Europa e cedo se preocuparam com o sentido da
nacionalidade;

− O mesmo acontecia com os checos que não podiam escapar a uma relação
próxima com os alemães;

− Os checos eram a tribo eslava que mais penetraram no ocidente, embora


completamente integrados na cultura europeia ocidental desde que se
converteram ao cristianismo;

− Os checos tinham relutância em aceitar a civilização ocidental que lhes


chegava através da mediação alemã contendo assim um perigo de
assimilação;

− Só num passado recente é que se tinham tornado fortes para se libertarem


da nostalgia pan-eslava e votarem na plena integração europeia;

− Para Krejcí a verdadeira identidade europeia consistia em aceitar uma


adesão dupla:

A Europa Vista da
Checoslováquia
Estudos Europeus I 99
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o A adesão à Nação própria de cada um ;

o A adesão cultura europeia partilhada por todos;

− Ele não via conflito entre uma Europa culturalmente heterogenia e a


integração política;

− Apoiava Briand.

A Europa Vista da
Checoslováquia
Estudos Europeus I 100
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

A Rússia, a URSS e a Europa:

− Durante séculos a relação da Rússia com a Europa tinha causado


problemas a ambos.

− Durante séculos a Rússia desenvolveu-se independentemente da Europa


ocidental;

− Do ponto de vista religioso seguiu o caminho da igreja ortodoxa desde que


a igreja romana e bizantina se separaram em 1054;

− A própria pressão militar ocidental sobre a manteve afastada e


consequentemente xenófoba;

− Desde a época de Pedro o grande – século XVIII – que os governantes


russos tentam dar características europeias ao estado russo;

− Politicamente Pedro e os czares posteriores conseguiram fazer da Rússia


uma potencia europeia, sendo que durante o século XIX ela interviu
directamente nos assuntos europeus ocidentais;

− Só por esta altura é que as relações entre ambos se tornaram um problema


para os dois lados, todo o discurso era altamente politico-ideologico;

o Os pró ocidentais lamentavam o isolamento e o atraso do país e


queriam apanhar a Europa o mais cedo possível;

o O governo reaccionário queria eficiência ocidental em estilo


prussiano;

o Os liberais sonhavam com a liberdade politica da França e Inglaterra;

o Os radicais inspiravam-se no marxismo e radicalismos ocidentais;

− Todos tinham em comum a vontade de importar ideias para ultrapassar os


obstáculos dos séculos perdidos;

− As vozes nacionalistas fizeram-se ouvir contra o ocidente:

o Os eslafófilos chamavam à Rússia um mundo à parte da Europa;

A Rússia, a URSS e a
Europa
Estudos Europeus I 101
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Havia um enorme fosso histórico e cultural entre a Rússia e a


Europa;

− Defendia-se a união de todos os povos eslavos sob o domínio da Rússia;

− As atitudes ocidentais eram tão variadas como as russas e podem-se dividir


em quatro grupos;

o Consideravam a Rússia com sendo europeia devido ao facto de


partilhar a fé cristã;

o Consideravam a Rússia como asiática, primitiva, oriental;

o Consideravam a Rússia como a mistura das outras duas e uma


ponte entre esses dois mundos;

o Consideravam que a Rússia era um universo em si mesma, nem


europeia nem a asiática;

− Com o surgimento dos EUA como potencia independente os europeus


começaram a ver-se como uma entidade entre estes dois poderes e de
certo modo perceberam que já não eram o centro do mundo;

− A tomada do poder pelos bolcheviques parecia ter tornado fácil a tarefa da


maioria dos observadores europeus;

− Quase nenhuma das obras aqui analisadas aceita incondicionalmente a


Rússia como parte da Europa a tendência geral é vê-la como um mundo
em si mesma;

− Pela primeira vez havia russos a apresentar a Rússia como estando fora do
mundo cultural europeu;

− Surge em cena N.S. Trubeckoj – 1890-1938, que se intitulava Euro-


asiático;

− Os “Euro-asiáticos” utilizavam métodos científicos na sua análise,


identificaram uma área mais ou menos coincidente com o território soviético
como sendo uma unidade geograficamente coesa que não pertencia nem à
Europa nem à Ásia e chamou-lhe Euroásia;

A Rússia, a URSS e a
Europa
Estudos Europeus I 102
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

− Alem do mais a nível cultural, histórico e antropológico tinha formado um


mundo à parte;

− Nikolay Berdyaev – filósofo russo, cristão devoto e crítico do eurasiático


fixou em Paris e em 1922 edita o livro “a Nova Idade Média”;

− A obra podia ser vista em termos russos como o equivalente à linha de


pensamento alemão que não gostavam do ocidente;

− Para Nikolay Berdyaev a guerra e a revolução na Rússia que a era


moderna estava espiritualmente esgotada e que já não se podiam restaurar
os velhos princípios liberais;

− Toda a teoria da democracia se baseava na ausência de qualquer verdade


superior;

− Isto reflectia-se nas suas opiniões sobre as ideologias;

− O socialismo era o resultado lógico do capitalismo, ambos partilhavam o


culto da riqueza material e a negação de deus;

− Mas ao contrário do capitalismo o socialismo era dinâmico mas o seu


messianismo era falso e permitia ao proletariado tornar-se um tirano que
destruía completamente a liberdade espiritual;

− O comunismo bem como o fascismo eram anti-cristo e a nova idade média


seria o começo de uma nova era;

− Para Nikolay Berdyaev a Rússia tinha uma missão a cumprir salvar o


mundo;

− Pois nunca tinham saído verdadeiramente da Idade Média e os horrores da


revolução fariam os russos voltarem para Cristo e Deus e seriam um
exemplo para os outros povos;

− Condenava qualquer tipo de nacionalismos e tinha uma visão apocalíptica


do ocidente abandonado por deus;

A Rússia, a URSS e a
Europa
Estudos Europeus I 103
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Europa, Raças, Colónias:

− A atitude relutante ou mesmo condenatória da maioria dos europeus


ocidentais em relação à Rússia demonstra que tenha sido fundamental à
construção de um sentimento de comunidade europeia a consciência de
fronteiras;

− Max Scheler observou que os europeus só começaram a repara na


identidade que tinham em comum quando descobriram o quão semelhantes
eram aos olhos dos não europeus;

− A perspectiva alemã anti-liberal com a sua ênfase na cultura e na tradição,


quase que era obrigada a produzir singularidades sobre a Europa;

− Mas no pensamento liberal frequentemente encontramos noções de uma


única, e quase sempre superior, identidade europeia que encontra a sua
identidade na cultura e na raça;

− O memorando de Aristide Briand em 1930 menciona que na Europa tem


havido afinidades raciais e ideias de civilização comuns;

− O conceito raça surge em muitos textos do pós-2ª Guerra Mundial, não era
tabu nem estava reservado aos nazis, era aceite como um elemento
relevante para entender a identidade europeia;

− Por vezes utilizava-se o conceito a nível das nações – a raça alemã, russa,
francesa;

− Outras vezes como um todo – a raça europeia;

− Um aspecto que não deixa de ser importante é estas teorias sobre


diferenças raciais – biológicas – e culturais entre Europeus e não Europeus
ajudaram a legitimar as aventuras colónias europeias;

− O colonialismo era aceitável onde os Europeus não vislumbrassem uma


cultura mais elevada;

− Observadores posteriores fizeram notar que a aceitação do colonialismo


nesse tempo deu uma ambiguidade trágica à ideia de Europa na medida
em que:

Europa, Raças e
Colónias
Estudos Europeus I 104
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

o Intramuros Europa queria dizer liberdade, direitos humanos,


democracia;

o Mas extramuros significava dominação, exploração, subjugação;

− Vale a pena lembrar que a Europa de entre as duas guerras era ainda
esmagadoramente branca e muito homogénea do ponto de vista étnico;

− Mas para discutir os judeus Friedrich Nietzsche – 1900 - que nas suas
reflexões – anti-nacionalistas introduziu o conceito do “bom europeu” e
acreditava que o povo europeu se havia de fundir numa raça mista e
superior onde os judeus iriam ter um papel fundamental;

− Os judeus da Europa ocidental eram emancipados e abastados e


formavam uma elite europeia, eram ao mesmo tempo estrangeiros e
representantes da essência da ideia de Europa civilizada;

− Para Walter Schubart – 1938 - o óbvio sucesso dos judeus deveu-se ao


facto de a história europeia estar a caminhar na direcção da natureza dos
judeus;

− Os judeus eram identificados com cosmopolitismo, anti-nacionalismo,


progresso, dinheiro e comércio, ou seja identificavam-se com o principio da
ordem liberal e o respectivo ramo socialista;

− Para Theodor Leasing – 1923 - o permanente sofrimento dos judeus levou-


os a abraçar causas de outros povos oprimidos com os quais de se
identificavam;

− Para estes autores assumiam o desaparecimento da judiaria europeia


ocidental através da sua assimilação numa sociedade europeia
cosmopolita;

− Mas para aqueles que não acreditavam numa civilização europeia liberal –
socialista – os judeus eram um problema;

− O anti-semitismo racial descrevia os judeus como fundamentalmente não


Europeus – quer pelo seu papel económico quer pelo seu papel na
crucificação de Cristo.

Europa, Raças e
Colónias
Estudos Europeus I 105
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

Conclusões:

− No espaço entre 1914 a 1945 foi uma época de extremos que levou a
Europa de uma Estado de superioridade e auto confiança até à quase
completa exaustão;

− De todos os aspectos que concorrem para a noção de Europa nesta época


há um que é decisivo e central e determina o carácter da maior parte das
linhas de argumentação – a dimensão nacional;

− Em primeiro lugar:

o A vida política f oi caracterizada por um nacionalismo triunfante, que


acompanhou as duas guerras e o período entre elas;

− Em segundo lugar:

o O principio nacional onde se fundou a Europa de Versalhes


constituída por Nação-Estado;

o A principal iniciativa entre as duas guerras com vista à unidade


europeia foi a de Briand, nem sonhou em violar o principio da
Soberania nacional;

− Em terceiro lugar:

o Aqueles que alertavam contra a mesquinhez do Estado nação


estavam também influenciados por esta linha de pensamento;

o Coudenhove-Kalergi e Ortega y Gasset principais defensores de


uns Estados Unidos da Europa, consideravam ambos que o Estado-
Nação era o caminho intermédio para lá chegar

− Ocorre um conflito entre o progresso tecnológico ao servir para o bem e


para a destruição que se verificou durante as guerras;

− Surge um conflito interno entre a necessidade de inter-dependência entre


países europeus e o princípio da nacionalidade;

− A maior parte dos planos de unidade europeia falava da necessidade de


cooperação económica mas ao mesmo tempo faltava a vontade de ceder

Conclusõ
es
Estudos Europeus I 106
A Nação Suprema a Ideia de Europa – 1914 – 1945

qualquer parcela de Soberania nacional para possibilitar a criação de


mercados comuns;

− Uma produção de massas criou uma sociedade de massas com uma


política de massas que fez os possíveis para destruir os princípios que a
tinham tornado possível – o liberalismo do século XIX;

− A civilização moderna mostra à Europa que esta já não é o centro do


mundo mas apenas mais um dos vários campos de poder o que faz
aumentar os argumentos de uma unidade europeia.

Conclusõ
es
Estudos Europeus I 107
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa de Leste nas Mãos dos Soviéticos:

− Em 1945 o poder de decisão na Europa ficou fundamentalmente nas mãos


dos Americanos e dos Soviéticos;

− Grande parte do que viria a chamar-se de Europa de Leste – os países da


cortina de ferro – foi libertada do domínio nazi pelos Soviéticos o que teve
um profundo impacto na realidade politica da região;

− Rapidamente foram instalados em todos os países libertados pelo exército


vermelho governos completamente leais e dependentes de Moscovo;

− Na Checoslováquia alguns não comunistas tentaram ajustar-se às novas


realidades relançando a ideia de a Checoslováquia funcionar como uma
ponte entre a Rússia e o Ocidente;

− Depressa se tornou evidente que a URSS não iria permitir nenhuma 3º via
na Europa de leste e central;

− As políticas da Europa de Leste foram sujeitas ao modelo de


desenvolvimento da URSS sob a liderança de Estaline;

− Tem havido muita discussão acerca do facto de essa reestruturação ter sido
uma acção ou uma reacção;

− Uma acção que resultou do expansionismo soviético, ou uma reacção


devido à pressão ocidental sobre a URSS essencialmente defensiva;

− A URSS durante a década de trinta tinha purgado todos os partidos


comunistas europeus, para garantir que não iria emergir nenhuma direcção
nacional independente;

− A URSS colocou nos governos dos países de leste pessoas da sua


confiança;

− A única excepção a não receber a influência do modelo político da URSS foi


a Jugoslávia de TITO;

− Este facto – implementação do modelo soviético – possibilitou um elevado


nível de uniformidade nas estruturas política, ideológica e económica,
geralmente com resultados desastrosos;

A Europa de Leste nas Mãos do


Soviéticos
Estudos Europeus I 108
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− A agricultura foi colectivizada e foi dada prioridade absoluta à indústria


privada;

− Depressa surge na propaganda do regime comunista e aos olhos do


espectador ocidental a homogénea e uniforme Europa de Leste,
considerada por uns como o paraíso do trabalho colectivo e por outros
como uma terra completamente devastada, uniforme, cinzenta e oprimida;

− A estratégia da URSS para conseguir o domínio na região passava pelo


facto de tornar todos os países satélites dependentes de Moscovo e
permitiu pouco pouca cooperação transnacional;

− O Pacto de Varsóvia e o COMECON - Conselho para a Ajuda


Económica Mútua – foram fundados como resposta às iniciativas
ocidentais de cooperação económica;

− A pretendida e proclamada homogeneidade nunca passaram para além dos


círculos da elite no poder;

− Na esfera económica o COMECON nunca deu origem a um verdadeiro


mercado socialista interno;

− O sistema de troca de produtos não podia esconder a enorme distorção


introduzida aos níveis produtivo e económico provocada pelo sistema de
planeamento centralizado;

− A mobilidade era reduzida devido a restrições politicam, económicas e


sociais, a maior parte das vezes os contactos eram proibidos pelo regime;

− Mesmo a cooperação militar foi restrita às altas esferas da hierarquia;

− As restrições de viajar foi um dos factores que ajudaram a preservar as


especificidades nacionais dos Estados de leste, outro factor foi o de em
toda a região os Judeus e os Alemães terem desaparecido;

− Todos os esforços para manter os países da Europa de Leste afastados


uns dos outros e do ocidente teve como resultado uma estranha falta de
interesse pela liberdade e independência;

A Europa de Leste nas Mãos do


Soviéticos
Estudos Europeus I 109
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− Não foi efectuada qualquer tipo de integração dos países ao nível social,
pelo contrário as diferenças e estereótipos nacionais foram preservados e
mesmo cultivados;

− O conceito de Europa nos países de leste é reprimido, o prestígio da URSS


foi reforçado enquanto a Europa Ocidental foi desacreditada sendo
caracterizada como uma região decadente que se revelou impotente
perante o nazismo;

− O comunismo tornou-se sinónimo de comunismo soviético e este era


interpretado com base na tradição russa de absolutismo, ortodoxa –
primeiramente no plano religioso e mais tarde no político também – e
brutalidade;

− Qualquer rebelião contra este sistema parecia – devido ao sistema bipolar –


implicar uma concessão aos valores ocidentais Europeus;

− O objectivo de todas as rebeliões na Europa de leste não tinha como


objectivo desafiar o status político na Europa mas antes um meio de tornar
possível a europeinidade;

− Nas sociedades da Europa de leste a Europa era principalmente uma


palavra, uma ideia utilizada pelos dissidentes para expressarem posições
ocidentais, democráticas, humanistas ou outras semelhantes;

A Europa de Leste nas Mãos do


Soviéticos
Estudos Europeus I 110
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa Ocidental na Esfera de Influência Americana:

− No período pós-guerra os EUA desempenharam um papel crucial na


recuperação da Europa Ocidental;

− Os EUA não só ajudaram economicamente os países Europeus a


recuperarem – através do plano Marshall e da Organização para a
Cooperação Económica Europeia – como apoiaram o princípio da união
europeia;

− Os EUA tinham várias e diferentes ideias acerca dos modelos para a


integração, por isso o seu papel deve ser entendido como um factor que
colocou limites à integração;

− Jean Monnet – estadista Francês – foi um grande defensor da integração


europeia segundo a política americana, o que lhe valeu acusações de estar
a defender os interesses americanos na Europa;

− No entanto Jean Monnet também tentou o contrário, no fundo tentou fazer


um lobby para o desenvolvimento das estruturas cooperativas
transatlânticas;

− Na história da Europa ocidental do pós-guerra tem se notados algumas


tensões entre a cooperação atlântica e europeia;

− Em termos de segurança a OTAN – tem dominado sem grandes


sobressaltos, a nível económico o desenvolvimento centra-se
principalmente na Comunidade Europeia;

− Em termos gerais a integração europeia iniciou-se dentro de uma ordem


ocidental ou global financiada pelos americanos, que ao contrário dos
russos na Europa de leste, não levantaram bloqueios ou proibições directas
contra a europeização;

− Vimos como a partir de meados dos anos quarenta as potências


dominantes nos assuntos Europeus foram os EUA e a URSS;

− Por volta de 1945 as grandes potências europeias estavam enfraquecidas


ou tinham sido destruídas, até este momento o caminho seguido pela

A Europa Ocidental na Esfera de Influencia


Americana
Estudos Europeus I 111
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Europa só tinha levado ao fracasso, quanto ao futuro parecia passar por


deixar as duas superpotências tomar conta do mundo;

− Essa abdicação inconsciente do poder por parte da Europa foi como uma
sensação de alívio ao deixar que as mesmas decidissem o que outrora
pertencia à Europa;

− Uma outra possibilidade era redefinir o projecto europeu superando deste


modo o passado.

A Europa Ocidental na Esfera de Influencia


Americana
Estudos Europeus I 112
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Comunidade Europeia – Pragmatismo Económico ou


uma Nova Visão para a Europa:

− A integração europeia desliza sobre diferentes ideias do que deve ser a


integração europeia e esconde os avanços e recuos da política europeia à
medida que os governos lutavam pela defesa dos interesses nacionais, no
contexto da integração política e económica;

− Em 1945 Winston Churchill – apesar de já não estar no poder – era visto


como uma figura chave para a Europa da pós-guerra e um defensor do
federalismo;

− Winston Churchill defendeu em 1946 que era imperativo o


estabelecimento de uns Estados Unidos da Europa – depois de discutir o
assunto previamente com Coudenhove-Kalergi;

− Winston Churchill acreditava que mais do que uma união franco-britânica


– como defendera em 1940 - a reconciliação franco-germânica devia ser o
ponto de partida para essa união;

− Assim a Grã-Bretanha virou-se para outro lado deixando a unificação


europeia para segundo plano, os EUA passou a ser a questão fundamental
da política Inglesa o que de certo modo incomodava os Franceses;

− Com a guerra-fria e a divisão da Europa e da Alemanha em dois os planos


para a unificação de toda a Europa tornaram-se irrealistas e as esperanças
de unificação passaram a ser entendidas de modos diferentes dos dois
lados;

− No lado ocidental os EUA estavam envolvidos de forma activa no


fortalecimento da Europa Ocidental;

− Em 1948 a Grã-Bretanha, a França, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo –


no chamado Tratado de Bruxelas – chegaram a um certo nível de
entendimento acerca das questões de segurança e de defesa, mas esta
organização foi rapidamente superada pela criação da OTAN em 1949;

A Comunidade Europeia – Pragmatismo


Económico
ou uma Nova Visão para a Europa
Estudos Europeus I 113
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− Na Europa Ocidental o principal objectivo dos defensores do federalismo


europeu era o da construção de uma organização supranacional que veio a
tomar forma em 1949 no Conselho da Europa;

− As opiniões dividiram-se entre os planos federalistas da França e da Bélgica


e o contrário da Governo da Grã-Bretanha, devido as estas diferenças o
Conselho da Europa não foi estruturado como uma organização
supranacional e não se tornou um veiculo para a integração;

− Nos finais dos anos quarenta a questão da integração europeia residia na


competição entre duas linhas:

o O Reino Unido apoiado pela Escandinávia e Irlanda, defendia uma


cooperação intergovernamental restrita;

o A França, a Bélgica, a Itália, a Holanda, o Luxemburgo e a Alemanha


quando convocada defendiam um modelo federalista com uma
integração mais vasta e supranacional. Isto implicava a
implementação de um parlamento europeu e com base nele a
reorganização de toda a estrutura política da Europa.

− O acontecimento mais relevante para a integração na Europa Ocidental


consistiu no processo de criação da CEE, posteriormente CE que se iniciou
em 1951, em Paris, quando seis países - A França, a Bélgica, a Itália, a
Holanda, o Luxemburgo e a RFA – assinaram o tratado que fundava a
COMUNIDADE EUROPEIA DO AÇO E DO CARVÃO – CEAC – a primeira
organização supranacional na Europa;

− A ideia original de Jean Monnet de criar uma integração sectorial com


poderes supranacionais tinha primeiramente como objectivo ultrapassar a
velha rivalidade entre a França e a Alemanha;

− O objectivo principal era político, o de garantir uma paz duradoura entre a


França e a Alemanha;

− O plano continha também uma componente económica, entre outras coisas


a indústria francesa do aço necessitava de garantir o abastecimento do
carvão alemão;

A Comunidade Europeia – Pragmatismo


Económico
ou uma Nova Visão para a Europa
Estudos Europeus I 114
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− O ponto de partida formal para este processo foi o discurso do MNE francês
Robert Schuman em 1950:

o As reservas de carvão e de aço deviam ser exploradas em conjunto


e co-administradas por uma autoridade supranacional;

o Isto deveria permitir o desenvolvimento do mercado, através da


supressão de tarifas e de outras barreiras;

o Ao mesmo tempo que permitiria controlar a instabilidade gerada pela


escassez de carvão e a superprodução de aço;

o Como primeiro passo para uma integração política mais geral


defendia-se uma reaproximação franco-germânica;

− O plano foi inicialmente redigido por Jean Monnet que via aqui o primeiro
passo para a integração política;

− A CEAC continha várias inovações ao nível institucional que se revelaram


de importância vital para o futuro:

o Uma autoridade supranacional – a Alta Autoridade;

o Um financiamento directo para a comunidade através da forma de


taxação – o que permitia uma menor dependência dos países
membros;

o Uma Assembleia Comum que se tornou na primeira Assembleia


Internacional na Europa com poderes legalmente garantidos;

o Um Tribunal de Justiça que tinha por missão controlar a legalidade


da acção da Alta Autoridade;

− O caminho com vista à integração económica continuou;

− Em 1958 foi criada a CEE e a Euratom;

− Mas aqueles que redigiram o tratado de Roma – 1957 – preparando o


caminho para a CEE, obedeciam não só a uma agenda económica mas
também política;

A Comunidade Europeia – Pragmatismo


Económico
ou uma Nova Visão para a Europa
Estudos Europeus I 115
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− O processo de integração europeu assistiu a vários recuos, uma das fontes


típicas do conflito residia na desconfiança francesa de que os Alemães
eram demasiado dependentes dos Americanos;

− Outro exemplo deste conflito verificou-se no tratado bilateral franco-


germânico conhecido como o tratado do Eliseu em 1953;

− O tratado tornou-se num símbolo das primeiras e promissoras tentativas de


cooperação franco-germânicas e dos seus limites;

− Uma das principais causas para os desentendimentos, durante a década de


sessenta, entre franceses e alemães centrou-se nas diferentes formas de
ver o papel dos EUA na Europa;

− Os pequenos países da CEE assistiam a este conflito e ao domínio franco-


germânico e ansiavam para que a Grã-Bretanha pudesse equilibrar esse
domínio;

− Entre as controvérsias da década de sessenta é de salientar a oposição da


França à adesão da Grã-Bretanha como membro da CEE alegadamente
por isso iria dar aos americanos o Direito de voto dentro da CEE;

− Em 1967 a CE foi formalizada em consequência da fusão das instituições


da CEE, EURORATOM e CEAC;

− Com a subida ao poder na Alemanha de Willy Brandt – 1969 – a política


alemã tem uma abertura maior a leste, trabalhando a criação de um novo
tipo de enquadramento que incluísse todos os países Europeus, no qual a
Alemanha viesse a conseguir a unificação mas que possibilitasse um maior
e melhor relacionamento a leste;

− Na década de setenta a Europa Ocidental como um todo experimentou


grandes dificuldades ao nível do desenvolvimento económico em grande
parte devido às crises do petróleo;

− Para além desta grave crise económica as relações com os EUA tornaram-
se tensas principalmente devido à política económica seguida pelos EUA e
à flutuação do dólar nos mercados cambiais;

A Comunidade Europeia – Pragmatismo


Económico
ou uma Nova Visão para a Europa
Estudos Europeus I 116
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− Uma das consequências desse facto residiu no facto de a Alemanha e a


França deixarem de apoiar o dólar e dar inicio à criação do Sistema
Monetário Europeu – SME;

− Por esta altura a CE tinha alargado consideravelmente o número de pises


membros bem como a sua área de actuação;

− Aos seis signatários do tratado de Roma tinham-se juntado o Reino Unido,


a Republica da Irlanda e a Dinamarca em 1973, a Grécia em 1981, a
Espanha e Portugal em 1986 e em 1990 a RDA juntou-se ao grupo devido à
unificação;

A Comunidade Europeia – Pragmatismo


Económico
ou uma Nova Visão para a Europa
Estudos Europeus I 117
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A teoria da Integração:

− O Neofuncionalismo – a principal corrente de integração europeia:

o Coloca a tónica na dinâmica auto propulsora da integração;

o A integração num domínio levara à integração noutros –


integração funcional;

o No decurso do processo de integração os actores políticos


aprendem;

o A Comissão é incumbida da tarefa de fazer com que a integração


avance através de negociações, encarregar-se-á de resolver os
conflitos políticos colocando em primeiro lugar o bem comum;

− O ponto de vista apresentado é o das elites políticas, em contraste com


os planos de integração federalista fala-se pouco das massas ou da
exigência de coisas em nome da Europa;

− Nem tão pouco é dada importância à realização de uma constituição;

− A ideia básica é a de que abstendo-se das decisões controversas e de


alta política que dizem respeito à segurança, prestigio e poder é possível
promover progressivamente a mudança política a partir da base, da
baixa política;

− As relações entre as grandes e médias potencia europeias não eram


influenciadas por questões de segurança entre elas, essas
preocupações estavam num nível mais vasto o que permitia a estratégia
de ignorar a alta política e trabalhar com a baixa política.

A Teoria da
Integração
Estudos Europeus I 118
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Integração: Um Projecto Europeu:

A dimensão da Europa:

− Com o inicio da guerra-fria a Europa começou a ser entendida como sendo


a Europa Ocidental e era representada pelos seis signatários do Tratado de
Roma;

− É necessário fazer uma distinção entre os países que declinaram o estatuto


de membros e aqueles a quem foi negado esse estatuto;

− Para Jean Monnet – o principal arquitecto da integração europeia – o núcleo


europeu era constituído por a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha;

− Isto não quer dizer que outras concepções de uma Europa mais vasta
estivessem completamente fora de questão, mas a situação que se vivia
impunha em primeiro lugar a organização da própria Europa Ocidental;

− Uma das formas de arrancar a Europa de leste das garras da URSS residia
no fortalecimento da integração, da paz e da prosperidade na região
ocidental da Europa;

− A Europa era entendida como resumindo-se à região ocidental do


continente quando não apenas aos países da CE.

O Conteúdo:

− A CE centrou-se nas questões políticas e económicas mais objectivas e


imediatas e na promoção de um clima de paz e prosperidade em vez de
entrar em questões altamente abstractas ou em problemas históricos;

O Método:

− O método seguido na integração tem sido um método misto de


Neofuncionalismo e Federalismo;

− Isto quer dizer que se verificou uma cooperação técnica em alguns sectores
o que deu origem a uma cooperação mais vasta noutros domínios através
da liderança das elites determinadas;

A Integração: Um Projecto
Europeu
Estudos Europeus I 119
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− Tudo isto acompanhado por um processo centrado nas elites politicas –


Neofuncionalismo;

− De tempos a tempos tem sido pedido directamente às populações que


transfiram poderes para uma constituição ou um parlamento europeu numa
atitude de federalismo;

− Mas nesta mistura de Neofuncionalismo e Federalismo a primeira filosofia


tem prevalecido sobre a segunda;

Os Princípios Ideológicos – Filosóficos:

− Torna-se claro que a partir do sumario sobre o método e o conteúdo que os


aspectos ideológicos e políticos da CE não reflectem uma proposta de
europeísmo muito macacada e fortemente articulada;

− A lógica do projecto da CE tem sido basicamente técnica e uma vez que se


optou por uma evolução planeada, agendada, o projecto é concebido em
termos de um futuro para a Europa e não em termos do futuro para a
Europa;

Os obstáculos:

− A contínua força do nacionalismo tem sido uma força de bloqueio;

− Em termos estruturais a posição dos EUA tem sido um factor perturbador,


não por serem um factor negativo mas pelo facto de a integração europeia
ser simultaneamente parte integrante e reacção ao poder americano;

As Percepções e os projectos:

− No período entre as duas guerras pode ser feita uma distinção útil entre
percepções da Europa e projectos para a Europa, nos anos do pós-guerra
isso não acontece;

− Nos anos entre as duas guerras os conceitos entre os dois conceitos


correspondiam a uma clivagem entre situações desesperadas e os grandes
desígnios para a sua resolução;

A Integração: Um Projecto
Europeu
Estudos Europeus I 120
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− No período da pós-guerra a diferença fundamental reside no facto de existir


um processo para integração europeia que esta em curso e a palavra
projecto significa a participação e a capacidade de influenciar o processo
em vez de produzir apelos para a adopção de medidas radicais;

− As percepções e os projectos aproximam-se pelo que faz sentido analisa-


los em conjunto, aplicando este terminologia para o período entre a década
de cinquenta e de oitenta pode-se dizer que:

o A percepção dominante na Europa é a de um grupo regional de


povos aprendendo com a sua história que deveria seguir ou uma
caminho cooperativo – Grã-Bretanha e Escandinávia – ou uma via
supranacional – a Europa continental dos seis;

− Não estamos perante a condenada Europa de entre as duas guerras, ou


perante a visão oitocentista da Europa como centro do mundo e da
civilização, estamos sim perante a Europa de um conjunto de povos que
habitam o mesmo pequeno continente tentando encontrar a melhor maneira
de resolver as suas questões regionais;

o O projecto de Europa é a própria Europa, não para a projectar na


história do mundo mas para evitar que uma nova guerra mundial
comece em solo europeu;

o A integração económica conduziram à paz e à prosperidade podendo


mesmo contribuir para conseguir uma posição mais influente na
política mundial, mas não se deseja encontrar um lugar único ou
dominante;

o O projecto é um processo que promove a integração europeia não


através da retórica eloquente mas através de uma cooperação
prática e realista;

A Integração: Um Projecto
Europeu
Estudos Europeus I 121
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa como Destino Comum:


[Não Resumido]

A Europa como Destino


Comum
Estudos Europeus I 122
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Uma, Duas, Muitas Europas: a Re-emergência da Europa

Central:
[Não Resumido]

Uma, Duas, Muitas Europas: a Re-emergência da


Europa Central
Estudos Europeus I 123
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Os Valores Europeus como Continuação da Guerra por


Meios Diferentes:
[Não Resumido]

Os Valores Europeus como


Continuação da
Guerra por Meios Diferentes
Estudos Europeus I 124
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa dos Alemães:

− Na Alemanha o debate sobre a Europa Central foi transformado num


debate sobre a MittelEuropa;

− A MittelEuropa discutida pelos alemães era uma região que incluía a


Alemanha em vez do conceito anterior que era o de uma região entre a
Alemanha e a Rússia;

− Este conceito refere-se assim a uma área real com peso político
determinante, não sendo apenas uma questão de pura identidade cultural,
agora MittelEuropa significava a Alemanha e as regiões circundantes – a
área alemã;

− Ao contrário do projecto da MittelEuropa de Naumann, na década de


oitenta a MittelEuropa é concebida como rodeando o Estado-Nação, não
se trata de uma coligação ou da formação de um hiperespaço europeu é
antes um espaço que atravessa e rodeia fronteiras e que é diferente das
estruturas dos Estados contidos nessas fronteiras;

− O argumento alemão para resolver os problemas das fronteiras – ainda num


contexto de unificação alemã – passaria não por alterar as fronteiras mas
sim por alterar o seu significado;

− Depois da unificação alemã muitos dos países vizinhos esperavam ouvir o


marchar dos exércitos, mas em vez disso nada ouviram, não notando no
barulho dos bicos de pés, isto é, todos os outros poderes foram substituídos
pelo poder económico que actualmente a Alemanha detém;

− No período da pós-guerra a Alemanha, bem como o Japão, foi colocada


num plano secundário de poder o que foi benéfico e permitiu o
desenvolvimento económico;

− A Alemanha como um Estado que mantém um perfil baixo pode unir a


Europa do leste e do norte nas suas redes sem provocar o aparecimento
de alianças antigermânicas na Europa;

− Quanto menos significado tiverem os Estado-Nação, e como conseguinte as


fronteira dentro da Europa, melhor para a Alemanha.

A Europa dos
Alemães
Estudos Europeus I 125
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa dos Franceses:

− Para os Franceses este tipo de aproximação não é política, para eles o


pensamento político deve-se centrar no Estado, no actor na coerência e na
vontade;

− Para eles o Estado esta centralizado, demarcado por fronteiras claras e


incumbido de uma certa missão e se Europa se quer tornar uma realidade
política tem de assumir estas características;

− O Estado-Nação era o único alicerce onde podia ser construída a Europa;

− Em 1983-84 verificou-se uma transformação na política externa francesa, a


França começou a pressionar a CE para que esta começasse a
desempenhar um papel de um Estado em tantas áreas quanto fosse
possível, para actuar como se fosse um actor político com uma identidade
defensiva e cultural;

− Parecia que a França mudara radicalmente, nada disso apenas passaram a


uma ideia superior: a França tornara-se demasiado pequena e a sua missão
devia ser assumida pela Europa;

− Deste modo o conceito de Estado era agora aplicado à Europa e a


aparente mudança de opinião não é mais do que a continuidade do mesmo
pensamento político;

− A Europa deve ser agora o que a França devia ter sido;

− A Europa devia incluir uma identidade política e de segurança, os seus


próprios valores e o reconhecimento pelos actos externos;

− Mitterrand afirmou que “quanto mais Europa houver mais França haverá” ,
os franceses pensam que a França tem uma missão e que para a levar a
cabo e serem reconhecidos primeiro tem de o ser na cena europeia e
depois internacionalmente;

− Para eles o que era superior ao resto – não eram eles como povo – mas
sim os valores que a França representava e que eram universais – os
direitos do homem, humanos e políticos e a ideia do Estado-Nação;

A Europa dos
Franceses
Estudos Europeus I 126
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

− Deste modo é criado um elo entre a França e a Europa, a Europa devia ser
constituída e actuar de um modo que é francês;

− O contraste entre as posições Alemãs e Francesas é de particular


importância porque em muitas circunstâncias estes países cooperaram para
a integração. Disse-se muitas vezes que a integração europeia apenas
avança quando a França e a Alemanha estão de acordo;

− A Alemanha está interessada no aspecto interior da Europa, enquanto a


França está interessada no seu aspecto exterior;

− Para a Alemanha a questão central é a de que a cultura e a economia


sofram menos impedimentos devido à divisão entre Ocidente e o Leste e a
outras fronteiras, para a França a questão central é a de saber se o sentido
da França, da sua missão e da sua economia pode ser recuperado através
da constituição de uma Europa capaz de actuar e de merecer o respeito
dos outros;

A Europa dos
Franceses
Estudos Europeus I 127
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Europa Russa:

− No discurso soviético sobre a Europa, na década de oitenta o slogan era a


expressão “a casa europeia”;

− A URSS lançou muitos projectos para a Europa da pós-guerra sempre


recebidos com desconfiança pelos Ocidentais, devido em grande parte à
não-aceitação da presença americana na Europa pelos soviéticos;

− Por isso quando Gorbachev começou por falar nas vantagens de uma
“casa comum europeia” o ocidente ouviu algo já antigo;

− No entanto dois novos elementos surgiram no discurso de Gorbachev:

o Primeiro na versão de V a ênfase estava muito mais claramente


colocado nos argumentos culturais e históricos, sendo que segundo
ele os europeus eram um todo com laços culturais e históricos
comuns;

o Em segundo lugar a versão padrão da “casa comum” tornou-se numa


versão em que os EUA podiam participar – a conferencia sobre a
segurança e cooperação na Europa era apresentada como sendo o
espaço institucional para essa construção;

− A caixa – posição da Rússia em relação à Europa – não tem como


objectivo manter os Americanos de fora mas sim o objectivo de manter os
russos dentro;

− “A casa comum europeia” torna-se parte da política cujo principal objectivo


era o de evitar que a URSS e mais tarde a Rússia fosse excluída da
Europa;

− A lógica da caixa acerca das fronteiras da Europa – quem esta dentro e


quem esta fora – está no centro do pensamento de Moscovo em relação à
Europa, o objectivo da Rússia é o de que independentemente do tipo de
europeização a emergir haverá sempre lugar para a Rússia;

− A competição entre estas três Europa não acabara com a vitoria de uma
delas, e visto o processo de europeização ser um processo negocial e de

A Europa
Russa
Estudos Europeus I 128
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

mutua estabilidade é possível que a europeização seja o resultado do


nascimento simultâneo das três Europas;

A Europa
Russa
Estudos Europeus I 129
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Europeizações:
[Não Resumido]

Europeizaç
ões
Estudos Europeus I 130
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Uma Europa Neomediaval:


[Não Resumido]

Uma Europa
Neomediaval
Estudos Europeus I 131
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Para Além da Nação, para Além do Estado: O Conceito


da Europa das Regiões:
[Não Resumido]

Para além da Nação, para além


do Estado:
Os Conceitos da Europa das
Regiões
Estudos Europeus I 132
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Ideia de Europa:

Os limites da Europa:

− Nas actuais discussões sobre a Europa não há uma ideia clara sobre os
limites geográficos da Europa;

− Espelha a estrutura política que a Europa esta a assumir, o que é lógico


devido aos acontecimentos de finais dos anos oitenta e princípios dos anos
noventa - o desmantelamento da URSS, o fim da guerra fria e o surgimento
dos novos Estados, o reforço do processo de integração;

− As políticas europeias do após guerra-fria podem ser apresentadas


segundo o modelo de “Círculos Concêntricos”;

− A imagem dos “Círculos Concêntricos” descreve uma esfera crescente de


influência:

o A CE, a EFTA, a Europa de Leste, a Rússia;

− Esta diferenciação permite à Europa – materializada na CE – agir e a


maioria dos impulsos para a criação de uma Europa para todos são
emanados de Bruxelas apesar de apenas uma pequena parte pertencer à
CE;

o A capacidade de agir da Europa resulta de uma Europa


hierarquizada;

− Deste modo a fronteira oriental não é uma linha, não existe uma fronteira
oriental apenas um gradual esbatimento;

Definições de Europa:
[Não Resumido]

A Ideia de
Europa
Estudos Europeus I 133
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

Uma Nação-Estado Europeia:


[Não Resumido]

Uma Nação-Estado
Europeia
Estudos Europeus I 134
A Europa desde 1945: da Crise à Renovação

A Importância Contemporânea da "Ideia Europa":


[Não Resumido]

A Importância Contemporânea da
Ideia Europa

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