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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO CIVIL III – CONTRATOS
PROFESSORA CLARA MARIA LINDOSO E LIMA

UNIDADE II – DA CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS


Introdução:
De absoluta necessidade é o estudo da classificação dos contratos.
O ato de classificar significa agrupar determinado objeto de acordo
com certos critérios previamente escolhidos por quem classifica,
aproximando os semelhantes e afastando os diferentes.
Dessa forma podem ser infinitos os critérios adotados, e exatamente
por isso cada doutrinador apresenta sua própria classificação.
O Estudo da classificação dos contratos se justifica tendo em vista:
• a variabilidade da disciplina contratual;
• o tipo de operação a que o contrato visa;
• o fenômeno da variação de formas contratuais;
• o quanto a lei permite à autonomia da vontade desenvolver
largamente as formas contratuais mais convenientes.

Por tais motivos, o intérprete deve renunciar ao propósito de


estabelecer uma lista ne variatur, como outrora se fazia em Roma.
Justiniano atribui ao jusrisconsulto Gaio a classificação dos contratos
no direito romano clássico, em verbis, re, litteris e consensu.
Modernamente, admitem-se numerosas divisões, sobre cuja exatidão
e utilidade não há acordo entre os doutos.

Eis os mais importantes:

1) QUANTO À OBRIGAÇÃO:
( número de prestações das partes)
Quanto às obrigações das partes: quantas partes terão uma
obrigação a prestar a partir da manifestação de suas vontades.
• Unilaterais
• Bilaterais ou sinalagmáticos;
O contrato, como o acordo de vontades depende sempre de duas
declarações de vontade – a proposta e a aceitação. É então,
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quanto à sua formação, ato bilateral, sempre, contrapondo-se
às declarações unilaterais de vontade.
Sendo bilateral sob esse aspecto, pode ser bilateral ou unilateral no
que diz respeito aos efeitos, ou seja, às obrigações que cria para as
partes envolvidas.
Os sinalagmáticos ou bilaterais são aqueles em que cada uma
das partes se obriga para com a outro, como por exemplo, a compra
e venda, o arrendamento.
Do ponto de vista etimológico a bilateralidade (bis latus) implica a
idéia de obrigações recíprocas, isto é, de dois lados, enquanto
que a unilateralidade exprime a idéia de obrigações de um só
lado( ex uno latere)
Mas de um modo geral, no contrato bilateral, as obrigações devem
ser principais e correlativas, apresentando-se umas como causas
das outras.
Os unilaterais são aqueles em que um só dos contraentes se obriga
ao outro, como por exemplo, mandato, o mútuo ( empréstimo de
dinheiro).
A distinção entre os contratos bilaterais e unilaterais tem
conseqüência prática:
A execução de um contrato unilateral é extremamente simples,
porque, enquanto uma parte deve, a outra é credora, e a execução se
opera sem problemas.
No contrato bilateral, as obrigações dependem umas das outras, quer
quanto à sua existência, quer quanto à sua execução.
É o problema da interdependência que se apresenta, resolvendo-se
segundo a idéia de que nos contratos desse gênero, as obrigações se
servem reciprocamente de causa.
Contrato unilateral:
São assim denominados tendo em vista, não as partes do contrato,
mas seus efeitos, ou as obrigações assumidas. Dessa forma,
quando apenas uma das partes contratantes assume uma obrigação
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frente a outra, não havendo contraprestação, temos um contrato
unilateral.
Não devemos confundir bilateralidade da obrigação contratual
com a bilateralidade do consentimento, pois, a primeira é relativa
à eficácia do ato negocial, e a segunda à sua formação ( que pode
inclusive ser plurilateral).
Estes tipos de contrato, apesar de requererem duas ou mais partes
manifestações de vontade (são sempre bilaterais ou plurilaterais,
quando vemos apenas as partes), colocam um só contraente na
posição de devedor e o(s) outros(s) como credor(es). São exemplos
dados pela doutrina: a doação pura e simples, o depósito, o
comodato, o mútuo e o mandato.
COMODATO
Derivado do latim commodatum, que quer dizer empréstimo, designa o contrato, a
título gratuito, em virtude do qual uma das partes cede por empréstimo a outra
determinada coisa, para que a use, pelo tempo e nas condições preestabelecidas.
É, assim, expressão própria para designar o empréstimo gratuito para uso,
ou simplesmente o empréstimo de uso.
Pela primária condição de gratuidade, o comodato se difere do mútuo, que é
contrato de empréstimo a título oneroso. Neste, se exige de quem toma por
empréstimo determinada coisa, o pagamento de retribuição pelo uso, ou utilização
da coisa.
No comodato, a coisa tem de ser infungível, pois que ela própria tem de ser
devolvida; no mútuo, a coisa objeto do empréstimo pode ser fungível ou
consumível, desde que é de sua essência permitir o consumo e ser entregue em
outra da mesma espécie.
Quando o empréstimo não tem o prazo fixado, é chamado de precário, podendo,
assim, ser exigida a entrega da coisa, quando aprouver ao comodante, regendo-se
pelas mesmas regras do comodato.
CONTRATOS BILATERAIS:
Também neste caso a bilateralidade decorre dos efeitos; só que
desta vez ambos os contraentes são simultaneamente credores e
devedores um do outro. A característica principal desta espécie
de contrato é a sinalagma, ou seja a dependência recíproca
de obrigações, gerando direitos para ambas as partes. Daí a
denominação de contratos sinalagmáticos.
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Exemplos : compra e venda, troca, locação predial etc.
São os chamados “contratos de prestações correspectivas” ou
“prestações recíprocas”
SINALAGMÁTICO
Do grego sunallagmatikos, traduz a expressão o que se refere a um contrato.
Sinalagma é contrato.
Por essa forma, sinalagmático não pode ser tido no sentido de bilateral, quando
essa qualificação tem a função de distinguir os efeitos do contrato, desde que, a
rigor, contrato sinalagmático traduzir-se-ia como contrato contratual, o que, em boa
razão, seria um pleonasmo.
No entanto, sinalagmático é com justeza aplicável todas as vezes que queira
distinguir o documento, papel, ou instrumento, em que se firma um contrato;
instrumento sinalagmático, ou instrumento contratual.
Não obstante, na terminologia jurídica, é a expressão empregada correntemente no
sentido de bilateral, identificando, assim, o contrato em que se estabelecem
obrigações recíprocas.
IMPORTÂNCIA DESTA DISTINÇÃO:
A exceção do contrato não cumprido (exceptio inadimpleti contractus)
e a cláusula resolutiva tácita somente se prendem ao contrato
bilateral, ( nenhum dos contraentes pode, antes de cumprir a sua
obrigação exigir o implemento da do outro) ( se o contrato não
estabelecer cláusula resolutiva pelo inadimplemento, entender-se-á
como se a tivesse tacitamente). Isto se dá tendo em vista que
somente por meio da ação própria poderá a parte lesada pelo
inadimplemento exigir o cumprimento do contrato, ou pedir sua
rescisão com perdas e danos ou alegar exceptio inadimpleti
contractus, uma vez que já cumpriu a sua obrigação contratual e não
recebeu a contraprestação.
Também a teoria do risco ( perdas por caso fortuito ou de força
maior) só se aplica aos contratos bilaterais, pois somente nestes é
que há a necessidade de apurar qual dos contraentes sofrerá as
consequências da perda.

2) QUANTO ÀS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS:


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A doutrina distingue os contratos em onerosos e gratuitos,
conferindo-lhes a denominação também de interessados e
desinteressados, sendo que estes últimos (os desinteressados) são
ainda denominados de benéficos ou de beneficência.
“O que caracteriza o contrato oneroso é o ônus, e, sendo assim, a
distinção italiana baseada nesse elemento (ônus), corresponde
melhor à denominação, porque considera oneroso o contrato que
onera as duas partes e gratuito aquele que, onerando
somente uma delas, é gratuito para a outra.” ( Darcy Bessone)
• Onerosos: são aqueles que trazem vantagens para ambas as
partes contratantes, pois em compensação de um sacrifício
patrimonial, corresponde um proveito almejado. Há uma
equivalência. Cada um dos contratantes sofre uma perda
patrimonial. O sacrifício patrimonial vai corresponder à vantagem
que a parte recebe. Exemplo : na compra e venda, o comprador
dispõe do dinheiro em proveito da aquisição de um bem, já o
vendedor dispõe de um bem em proveito da importância recebida.
• Gratuitos: também denominados contratos benéficos, eles
oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma
vantagem sem qualquer contraprestação. Exemplo: doação pura e
simples, depósito, mútuo sem retribuição e outros.
Observa-se ainda que o ônus recíproco ou unilateral revela-se
objetivamente, enquanto o espírito de generosidade é
necessariamente subjetivo, dependendo a sua apuração do exame
das circunst6ancias que rodeiam a operação jurídica.
Orlando Gomes ressalta que o sacrifício do contratante nem sempre
importa em diminuição patrimonial, como no caso das doações, é o
caso do comodato, ou do mútuo sem retribuição, ou da fiança.
Qual das duas definições “onerosos e gratuitos” ou
“interessados e desinteressados” – oferece maior interesse
do ponto de vista prático?
Segundo Darcy Bessone, todos os interesses geralmente indicados
como justificativa da necessidade prática de se distinguirem os
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contratos em “gratuitos e onerosos” prendem-se à intenção
LIBERAL .
Com efeito é nos contratos desinteressados, nos quais pondera o
espírito de liberalidade que :
a) sendo em regra o benefício destinado a determinada pessoa, o
erro sobre a pessoa assume especial importância e conduz,
mais facilmente à nulidade da operação ;
b) não sendo lícito fazer-se generosidade à custa alheia, a ação
pauliana, cujo escopo é resguardar da fraude direito de
1

terceiros, depende de requisitos mais simples ( C. Civil/02, fiel à


classificação francesa, fala, nos arts 158 e seguintes em “atos
gratuitos e onerosos” exige para a anulação, quando se tratar de
contrato oneroso, além dos requisitos normais, a prova da
insolvência notória ou de que havia motivo para ser conhecida do
outro contratante) . Trata-se da disciplina da FRAUDE CONTRA
CREDORES. Tal entendimento já vinha sendo aceito pela
jurisprudência. A Fraude arranha o princípio da boa-fé objetiva, e
somente será possível aferir isso frente às circunstâncias do caso.
c) Tratando-se de ato de generosidade, sem interesse próprio, há
maior indulgência na apreciação da responsabilidade por culpa
contratual;

1
AÇÃO PAULIANA
É a ação que assiste aos credores para o fim de anularem os atos praticados pelo
devedor, pelo quais, dolosamente e sob fraude, onerou ou alheou bens de sua
propriedade, sendo os únicos que poderiam ser usados para solver seus
compromissos.
Desse modo, o credor, que se julga assim lesado, pede a reversão dos
bens fraudulentamente alienados ou a revogação do ônus dolosamente
promovido, a fim de que possa sobre eles correr a execução já iniciada ou
despachada, e se possa cobrar sobre o produto de sua venda.
Tem também os nomes de ação revogatória ou revocatória.
É ação de caráter pessoal e tem seu fundamento nos arts. 158 a 165 do Cód.
Civi/02l.
Sua denominação pauliana vem do nome do juriscunsulto PAULUS.
São elementos para a sua procedência:
a) quando se prova a insolvência do devedor;
b) que houve o intuito de fraudar o credor (consilium fraudis);
c) quando se evidencia que o ato provocou prejuízo ao credor (eventus domni).
Vide: Fraude de execução, Fraude contra credores, Insolvência.
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d) Pela mesma razão, não há responsabilidade do autor da
liberalidade pela evicção (no art. 447 o C. Civil/02 volta a
falar em contratos onerosos, onde deveria falar em
contratos interessados).
A liberalidade pode ocasionar ou não a redução do patrimônio de seu
autor. A redução se verifica, por exemplo, nas doações, mas não no
depósito gratuito ou no mandato, em que se dá apenas a prestação
de serviços, sem remuneração. Quem presta serviços gratuitos, em
regra não empobrece.
• Em geral todo contrato oneroso é também bilateral. E todo
contrato unilateral é gratuito, mas há exceções:
• O mútuo feneratício - ou oneroso – no qual é convencionado o
pagamento de juros, é contrato unilateral e oneroso (????).
Unilateral porque de natureza real, só se aperfeiçoa com a
entrega do dinheiro, não basta o consentimento, feita a
entrega, nenhuma obrigação resta ao mutuante, somente ao
mutuário que deve pagar o valor mais os juros pela sua
utilização.
CONTRATO MISTO: O contrato embora INDIVISÍVEL pode ser em
parte oneroso e em parte gratuito. Serão mistos “os contratos em que
uma das partes confere um benefício à outra, exigindo desta uma
coisa de menos valor que aquela que lhe dá. Por exemplo, a
doação com encargo. ( eu não concordo muito com essa
classificação, acho que o encargo desconfigura o contrato
gratuito, mas preciso ver isso melhor!)
3) QUANTO À INTERPRETAÇÃO: (AINDA DENTRO DE ONEROSOS
E GRATUITOS)
A classificação dos contratos em contratos onerosos e gratuitos tem
relevância ainda Quanto à interpretação porque em várias
situações a proteção outorgada a quem recebe a título gratuito é
menos do que aquela conferida à quem recebe à título oneroso.
Nestes casos incide a regra segundo a qual, havendo, no momento da
interpretação, que escolher entre o interesse de quem procura
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somente assegurar um lucro ( qui certat de lucro capitando) ou um
benefício e outro que procura evitar prejuízos ( qui certat de damno
vitando), é o interesse deste último que irá prevalecer.
• Por direito expresso, os contratos benéficos interpretam-se
restritivamente (art.114 CC/02).
• No caso de revogação dos contratos por fraude contra credores,
os contratos gratuitos são tratados mais rigorosamente (art.
158 e 159 CC/02).
• O doador não está sujeito à evicção (art. 552 CC/02) que por
disposição expressa de lei somente se aplica aos contratos
onerosos (art. 447 CC/02). (ou seja, se houve uma doação
na qual o doador não era parte legítima para doar, ele
não resposnde pelo desapossamento do donatário caso
isso aconteça)
• Do mesmo modo o doador não está sujeito às ações
decorrentes dos vícios redibitórios, a não ser que se trata de
uma doação com encragos, pois este tipo de responsabilidade
só ocorre em contratos comutativos.
Comentários: Se o contrato for gratuito, presume-se maior a
possibilidade de ocorrência de fraude contra credores. O sujeito já
está inadimplente e mesmo assim pratica liberalidade com seu
patrimônio. A lei profliga tal conduta
4) Quanto ao Conhecimento Prévio das Vantagens:
Ora apresentado como subdivisão de contratos bilaterais, ora como
subdivisão dos contratos onerosos temos a seguir os contratos
comutativos e aleatórios. DE qualquer sorte, os contratos comutativos
ou aleatórios serão sempre ONEROSOS.
Esta classificação baseia-se no conhecimento prévio da vantagem
que ambos, ou apenas um dos contratantes prometa ao outro. Se
esta vantagem depende da sorte, isto é de um fato incerto ( risco ou
alea) ou não.
• COMUTATIVOS: os contratos em que as prestações de ambas
as partes são de antemão conhecidas. As partes conhecem
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previamente a extensão e os limites precisos das respectivas
obrigações. A maior parte dos contratos onerosos é também
comutativo. ( oneroso não comutativo – seguro)
• ALEATÓRIOS: são os contratos em que a prestação de uma
das partes não é precisamente conhecida e suscetível de
estimativa prévia. Este contrato diz respeito a coisas ou fatos
futuros onde as partes assumem o risco pela verificação de um
evento futuro e incerto, ou mesmo com relação a coisas já
existentes mas sujeitas a risco.
Formula-se essa distinção entre aqueles contratos em que a extensão
da prestação é certa e avaliável (comutativo) desde o momento de
sua formação, e aqueles em que, por depender de um acontecimento
desconhecido ao celebrar-se o ajuste, tal extensão é inicialmente
incerta, em relação às partes, ou pelo menos em relação a uma delas.
O correspectivo da prestação é uma “chance” de ganhar ou perder.
Assim temos os contratos COMUTATIVOS e os ALEATÓRIOS OU DE
SORTE.
A verdade é que ambos são comutativos, isto é comutam
vantagens (por isso são subdivisão dos onerosos), desde que a
“chance” é também uma vantagem. A rigor a contraposição deveria
ser entre contratos aleatórios e não aleatórios, como simples
variedade dos contratos comutativos. (Bessone).
A incerteza pode prender-se à data de um acontecimento inevitável,
como sucede no seguro de vida (morte, só não se sabe quando...), ou
à própria verificação do acontecimento, como sucede no seguro
contra o fogo, ou na aposta.
O acontecimento incerto pode apresentar-se como “condição para a
realização da prestação, como acontece no seguro, seja de vida, seja
contra incêndio ou acidentes, ou como “termo extintivo” tal é nos
contratos vitalícios.
Há uma corrente doutrinária tradicional ( Caio Mário menciona), que
situa a noção de contrato aleatório na existência de álea bilateral. A
evolução deste tipo de negócio a desautoriza. Basta que haja o
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risco para um dos contratantes. Com efeito, muitos dos contratos
em voga, como o seguro, a aposta nos hipódromos, a loteria
explorada pela administração, existe álea apenas para um dos
contratantes.
Risco como essência: Se é certo que em todo contrato há um risco,
pode-se contudo, dizer que no contrato aleatório, o risco é da sua
essência, pois que o ganho ou a perda conseqüente está na
dependência de um acontecimento incerto para ambos os
contratantes.
ATENÇÃO : O risco de perder ou ganhar pode ser de um ou de ambos,
mas a incerteza do evento tem que ser de ambos, sob pena de
não subsistir a obrigação !!!!!!!!!! ( se um já sabe o que vai
acontecer e não diz para o outro há um vício ( dolo) e o negócio pode
ser anulado )
O Código Civil/02:
Sob a epígrafe “Dos contratos aleatórios”, o C. Civil/02 não
disciplinou a figura em seus aspectos gerais ou principais. Ocupa-se
apenas de certos casos especiais de álea referentes às coisas futuras
( arts. 458 e 459).
Os contratos aleatórios possuem grande importância sobre o plano
econômico. Exemplos de contratos: seguro, empréstimo a
qualquer risco, o jogo, a aposta e os contratos de bolsa em
geral (nestes contratos impera o acaso, a incerteza, as flutuações
dos preços do mercado que podem levar uma das partes tanto ou
lucro quanto ao prejuízo).
Modalidades dos contratos aleatórios no Código Civil:
Nosso Código Civil distingue duas modalidades de contratos
aleatórios:
a) Os que versam sobre coisas futuras, sendo :
• Emptio spei: quando o risco é da existência da coisa, sendo
que o preço é ajustado e será devido integralmente, mesmo que
nada se produza sem que haja culpa do alienante. Ë a hipótese do
art. 458 do C. Civil/02. Exemplo: alienação de colheita de café do
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não vindouro; se não houver colheita por culpa do tempo, não do
alienante, o valor será devido, mesmo que o adquirente nada
receba.
• No art. 458 – CC/02 observa-se a hipótese da não-ocorrência
do evento futuro e incerto sobre o qual uma das partes havia se
comprometido. Nestes casos, ainda assim é assegurado à parte
que assumiu o risco receber o valor combinado. O exemplo
clássico desta situação é o contrato de seguro. O segurado
paga um prêmio que será e a seguradora uma indenização caso
ocorra o sinistro. Mesmo que o sinistro jamais ocorra, ainda
assim o segurado tem que pagar o prêmio que contratou. O
segurado corre o risco de pagar o prêmio sem jamais ver o
dinheiro da indenização. De outra mão a seguradora corre o
risco de ter que pagar a indenização mais cedo do que previsto
nas estatísticas.
A álea pode versar sobre a existência da coisa, ou sobre a sua
quantidade. Quando um dos contratantes toma para si o risco em
torno da própria existência da prestação, o preço ajustado é devido
por inteiro, ainda que dela nada venha a produzir-se ( C. Civil art 458)
Exemplo clássico é o de quem compra do pescador, por preço certo o
que este retirar do mar, assumindo o risco de não ser retirado nada.
Neste caso, o objeto do contrato não são os peixes em si, mas o
próprio lanço da rede.
Se a álea versar sobre a quantidade, assumindo uma das partes o
risco respectivo, o risco é devido, mesmo que a coisa se não produza
na quantidade esperada; porém, não é de ser pago, se nada for
produzido, porque neste caso o contrato estará sem objeto
• Determinados contratos ordinariamente comutativos podem
ser também contratos aleatórios, se esta for a vontade das
partes. Assim, por exemplo, pode ser celebrado um contrato de
compra de safra futura de soja. Neste caso o adquirente sofre o
risco de a colheita se apresentar menos do que o previsto, por
razões que não podem ser imputadas ao outro contratante
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( intempéries, secas, pragas agrícolas inesperadas etc). Ainda
assim terá de pagar o preço previsto no contrato – é o
que se conclui do art. 459 – CC/02. O adquirente assume o
risco da coisa vir a existir em quantidade menos do que a
esperada.
• Há também a possibilidade de contratos aleatórios em torno de
coisas futuras que jamais cheguem a existir. Neste caso, se a
coisa jamais vir a existir, considera-se o contrato celebrado em
torno de coisa não-existente, portanto o contrato é inexistente (
falto um dos pressuposto que é o objeto). O alienante restituirá
o preço se não houver dado causa à não existência do objeto –
art. 481 – CC/02 – falta de um dos elementos essenciais à
compra e venda, a coisa.
• Emptio rei speratae: quando o risco é da quantidade do
produto do objeto do contrato. Segue o mesmo raciocínio da
“emptio spei” porém a álea refere-se a maior ou menor
quantidade de coisa esperada. Está previsto no art. 459 do
Código Civil .
No caso se a coisa não existir, será nulo o contrato – parágrafo único
do art. 459 – CC/02.
Em qualquer caso, o adquirente não deve o preço, se a
frustração do resultado provier de culpa da outra parte.
b) os que versam sobre coisas existentes, porém sujeitas ao risco
de se perderem, de se danificarem, ou, ainda, de sofrerem
depreciação. Prevista nos arts. 460 e 461 do Código Civil/02, a
alienação aleatória em questão poderá ser anulada como dolosa
se o prejudicado provar que o outro contraente não ignorava a
consumação do risco a que no contrato se considerava exposta a
coisa.. Tem como exemplo a mercadoria vendida que é
embarcada, e o navio afunda.
O contrato aleatório pode versar sobre coisas futuras ou sobre coisas
de existência atual, desde que sujeitas ao risco. Neste caso, o preço
será devido mesmo que da coisa nada mais exista no momento do
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contrato.( Art. 460). Mas, se a consumação do risco já era do
conhecimento de um dos contratantes, pode o outro anular o contrato
sob o fundamento do dolo com que procedeu o primeiro.
Observação: Há contratos comutativos que podem ser
transformados em aleatórios, se houver uma cláusula explícita que
introduza o elemento incerto, dependente da sorte. O exemplo dada
foi o do dono do imóvel contrata com alguém para a abertura de um
poço, que deverá fornecer 20mil litros de água, no mínimo.,
ajustando-se que o empreiteiro nada receberá se o poço não produzir
a quantidade desejada. Esses contratos recebem tratamento análogo,
mas não idêntico ao próprio contrato aleatório, com o objetivo de que
seu caráter fundamentalmente comutativo prevaleça sobre o
aleatório, permitindo a aplicação das disciplinas relativas aos
contratos comutativos, como nos artigos 206, § 1º (prescrição em um
não a ação..??) e 441( vício redibitório) do Código Civil. ( VER
MELHOR!!)
ATENÇÃO: Não confundir contrato aleatório com contrato
condicional ou sob condição. No contrato condicional a eficácia do
contrato fica na dependência de um acontecimento futuro e incerto.
No caso do contrato aleatório é e extensão das vantagens
procuradas pelas partes que fica condicionada. O risco está
na alternativa de ganho ou perda.
O Contrato condicional aperfeiçoa-se se ocorrer o evento
futuro e incerto.
Diferenças :
a) Quanto ao aperfeiçoamento: No contrato condicional o contrato
somente se aperfeiçoa se acontecer o implemento da condição, ou
seja, se ocorrer a condição. No aleatório o contrato é perfeito
desde logo.
LESÃO:
Na linguagem do Direito Civil ou Comercial, lesão é prejuízo, é
detrimento, é perda.
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É aplicado, particularmente, na técnica dos contratos comutativos,
para designar o prejuízo sofrido por uma das partes, quando a
prestação, que recebe, não possui equivalência daquela que foi
por ela cumprida.
Ocorre, em regra, nos contratos de compra e venda. E o prejuízo
tanto pode ser do comprador, como do vendedor.
Mas, a rigor, lesão somente advém se o contrato se fez sob erro,
engano, simulação, ou fraude, em virtude do que a parte enganada,
ou prejudicada, emitiu seu consentimento.
O CC/02 expressamente disciplinou a lesão como um dos vícios do
consentimento nos arts. 157 e sgts. Acerca do dispositivo comenta-se
:
• Ocorre a lesão quando o declaratário não sabia, mas foi
desproporcional;
• A desproporção é tamanha que chama a atenção;
• Quem vai decidir se a prestação é manifestamente
desproporcional é o juiz levando em conta o interesse social;
• O negócio jurídico poderá ser conservado caso a parte
favorecida concordar com a redução do preço.
Por outro lado, em razão da segurança das relações jurídicas, não
comprovada a lesão, mesmo que haja prejuízo, decorrente de um
mau negócio, não há propriamente lesão, desde que não se
evidenciou vício do consentimento.
Embora, nos contratos de vendas, os vícios ocultos da coisa
adquirida, propriamente chamados de vícios redibitórios,
assemelhem-se à lesão, não se confundem com ela.
Aí não se dá lesão, fundada no vício do consentimento, mas defeito
da coisa comprada ou falta da quantidade adquirida.
Vide: Vícios redibitórios.
RECAPITULANDO:
Contratos comutativos: são aqueles onerosos e bilaterais em que
cada contratante, além de receber do outro prestação relativamente
equivalente à sua, pode verificar esta equivalência de imediato, ou
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seja, no momento da formação do vínculo contratual. Esta
equivalência de valores deve ser certa, determinada e definitiva e
geralmente insuscetível de variação durante o implemento do
contrato, salvo, é claro, os riscos inerentes os próprio negócio
jurídico.
Para Orlando Gomes, esta equivalência de prestações é de caráter
subjetivo, visto que cada contraente é juiz de suas conveniências e
interesses. Como exemplo, MHD menciona o contrato de compra e
venda em que o vendedor sabe que receberá o preço estipulado na
medida de seu interesse, e o comprador, que lhe será transferido o
domínio da coisa que pretendeu adquirir.
CONTRATOS ALEATÓRIOS: são aqueles em que a prestação de
uma ou de ambas as partes depende de um risco futuro ou
incerto, de um evento casual, não se podendo antecipar o seu
montante. A formação do contrato é antecipada em relação a seus
efeitos, que dependerão da álea para determinação da existência ou
quantidade da prestação combinada, podendo inclusive, resultar uma
perda ao invés de um lucro. Exemplo clássico é o contrato de seguro
no qual o segurado somente receberá a indenização mediante o
pagamento do prêmio e com o advento do sinistro. O jogo e a
aposta, a rifa, o bilhete de loteria também são exemplos.
O risco em perder ou ganhar pode sujeitar a um ou a ambos os
contratantes, porém a incerteza do evento pertence a ambas as
partes, pois “cada um deles se encontra adstrito a pagar sem nada
receber ou a receber sem nada pagar, ignorando, desde a formação
do contrato, de quem será a vantagem ou de quem será a perda. Se
a álea ficar a cargo de um dos contratantes, nulo será o negócio, pois
inadmissível a celebração deste contrato por uma das partes na
certeza de ganhar “( MHD)

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