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capa tech 135_ilustra quebra-cabeca.

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a revista do engenheiro civil


téchne 135 junho 2008

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT
Edição 135 ano 16 junho de 2008 R$ 23,00
techne COMO CONSTRUIR
Steel frame
parte 1
Coordenação de projetos ■ Mão-de-obra ■ Piso industrial ■ Fundações ■ Concreto auto-adensável ■ Steel frame

PISOS MÃO-DE-OBRA
Limpeza Própria ou
pós-obra terceirizada?
00135

ARTIGO
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

Concreto auto-adensável
ISSN 0104-1053

Como integrar
projetos?
Apesar dos avanços, muitas construtoras
ainda não conseguem conciliar
especialidades. Afinal, quem deve se
responsabilizar pela coordenação?
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SUMÁRIO
CAPA
40 Projetos coordenados
Especialistas discutem atribuições e
vantagens da coordenação

52 FUNDAÇÕES –
PINI 60 ANOS
Tecnologia de base
Seis décadas de inovações na execução
de subestruturas

56 ARTIGO
Concreto auto-adensável –
características e aplicação
Pesquisador aponta vantagens dos
concretos superfluidos
Lawrence Wee/Shutterstock

77 COMO CONSTRUIR
Steel frame – fundações – Parte 1
Série mostrará como executar uma casa
completa em perfis leves de aço

32 MÃO-DE-OBRA SEÇÕES
Produção interna
Editorial 2
Empresas voltam a investir em
Web 6
equipes próprias contra a falta
Cartas 8
de operários
Área Construída 10
Índices 14
36 OBRA INDUSTRIAL IPT Responde 16
Resistente ao frio
Carreira 18
Piso executado para a Perdigão
Melhores Práticas 20
Marcelo Scandaroli

tem que resistir à temperatura


Técnica e Ambiente 30

22 de até -25ºC

46 PISO
P&T
Obra Aberta
64
70
Agenda 72
ENTREVISTA Limpeza profunda
Responsabilidades na construção Produtos e técnicas mais indicados
Advogado explica responsabilidades para limpeza e manutenção Capa
e garantias na construção civil de pisos Ilustração e layout: Sergio Colotto

1
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EDITORIAL
Engenharia pública ou estímulo
VEJA EM AU
à autoconstrução?
ma lei do deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), em tramitação
U no Senado, pretende obrigar todas as prefeituras a contratar
arquitetos ou engenheiros para prestar "assistência técnica pública
e gratuita para projeto e construção de habitação de interesse
social". A idéia tem o apoio da FNA (Federação Nacional dos  Fundação Iberê Camargo –
Álvaro Siza
Arquitetos), do IAB-DN (Instituto dos Arquitetos do Brasil –  Ópera de Oslo – Snøhetta
Direção Nacional) e do sistema Confea/Crea (Conselho Federal de  Entrevista: engenheiro José
Luiz Canal
Engenharia, Arquitetura e Agronomia) mas não da totalidade do
setor. Enquanto uns vêem nisso um instrumento de VEJA EM
CONSTRUÇÃO MERCADO
desenvolvimento urbano ordenado e "direito social à moradia",
outros enxergam no projeto um incentivo à autoconstrução com
reserva de emprego e inchaço na máquina pública. Embora
assistida tecnicamente, a iniciativa não resolve o déficit estimado de
mais de sete milhões de moradias. Os críticos declaram que apenas
as construtoras podem assumir tamanha tarefa. Apesar de o
argumento ser consistente, o que se vê até o momento é a pouca  Risco de desabastecimento
de materiais
viabilidade para atender as famílias com renda inferior a cinco
 Pressões de custos
salários mínimos. Empreendimentos para esse público saem do no orçamento
papel somente com subsídios e sistemas construtivos de baixo custo.  Entrevista: Equity International

Já há propostas consistentes nesse sentido, como o Fundo VEJA EM EQUIPE DE OBRA


Garantidor Habitacional de São Paulo. É preciso lembrar, entretanto,
que a imensa maioria dos pequenos municípios brasileiros não
possui orçamento para programas habitacionais. Sendo assim, cabe
a pergunta: uma autoconstrução assistida tecnicamente é melhor do
que a ausência plena da Engenharia? A pergunta está no fórum do
site da revista Téchne, e algumas respostas você pode conferir na
página 6 desta edição. E você, o que acha?  Muro de concreto
 Cálculo de tinta
 Impermeabilização rígida
Paulo Kiss  Casa rápida

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techne
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4 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Coordenação de projetos
Leia os artigos "Coordenação de Projetos – Um Assunto que Necessita Maior Prioridade
Fórum Téchne
de Desenvolvimento", de Luiz Henrique Ceotto, e "A Gestão de Projetos de Edificações e O site da revista Téchne tem um espaço
o Escopo de Serviços para Coordenação de Projetos", escrito por uma equipe de dedicado ao debate técnico e qualificado
engenheiros e arquitetos. O primeiro texto traz sugestão de instrumentos de controle e dos principais temas da engenharia.
avaliação para o trabalho do coordenador de projetos. Já o segundo apresenta o Confira os temas em andamento.
escopo de contratação dos serviços de coordenação para o mercado imobiliário.
Prefeituras devem fornecer

Fotos Marcelo Scandaroli


gratuitamente serviços de
engenheiros e arquitetos para
famílias de baixa renda? Isso é
engenharia pública ou estímulo à
autoconstrução?
Melhor seria a prefeitura cobrar, em cada
financiamento, 3% para essa assistência.
A título de exemplo, num financiamento
de R$ 10 mil, seria pago durante o prazo
do empréstimo o valor de R$ 300. Na
construção de 250 habitações o valor
arrecadado para essa assistência seria de
R$ 75 mil. Estimando um prazo de
construção de cinco meses, daria para
pagar dois engenheiros ou arquitetos e
três mestres-de-obras. Receberiam os
superiores R$ 3.750 mensais e os
Mão-de-obra própria mestres-de-obras, R$ 2.500. Bem
Confira tabela fornecida pela melhor que qualquer prefeitura pagaria.
construtora Tarjab com a Fernando Vidal [28/05/2008]
composição dos encargos
sociais de um operário Não acho um estímulo a autoconstrução.
contratado pela construtora. A grande maioria da população já
constrói sem os critérios da prefeitura.
Esse serviço, além de possibilitar melhor
qualidade de moradia, permitiria aos
profissionais trabalhar diretamente com
a sociedade, auxiliando na configuração
de sua cidade.
Fundações Tamires Aguiar [24/05/2008]
Leia artigo do engenheiro Reinaldo
Lopes, diretor técnico da ABC Acho que arquitetos e engenheiros, se
Fundações, com instruções de como fossem contratados pelas prefeituras,
fazer a prova de carga estática de teriam que comprovar experiência em
estacas, os equipamentos e canteiros de obras de no mínimo três
máquinas necessários. anos, e essa assistência seria limitada ao
número de metros quadrados máximo
por profissional, já previsto pelo Crea.
Luis Henrique de Alcântara Feder [24/05/2008]

6
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CARTAS Envie sua crítica ou sugestão.


techne@pini.com.br

existe esse profissional [engenheiro de Arquitetura) há mais de dez anos. Talvez


Engenheiros ambientais avaliação ambiental de projetos], assim o colega de profissão desconheça a
Parabéns à Editora PINI por seus como não há engenheiro ambiental". Resolução Crea 1010, de 22 de agosto de
periódicos, livros e demais materiais, os Fiquei bastante chocado, pois trata-se de 2005, que regulamenta todas as
quais, de forma íntegra, proporcionam uma pessoa que participa de diversas profissões inseridas e regularizadas pelo
aos engenheiros de todas as áreas acesso entidades relacionadas à questão sistema Confea/Crea, e os engenheiros
a informação técnica de qualidade. No ambiental e pertence a uma universidade ambientais participam da mesma
entanto, ao ler a edição de abril de 2008 altamente qualificada. Não sei se isso foi Câmara que os engenheiros civis.
da revista Téchne, a qual considero de estratégia para reserva de mercado, Aproveito para deixar o convite a todos
muita qualidade, me deparei com uma afinal ainda estamos "engatinhando" com para conhecer nossa universidade, seu
afirmação do engenheiro Ualfrido Del nosso curso aqui na Unesc (Universidade curso de engenharia ambiental e
Carlo, em entrevista intitulada "Cultura do Extremo Sul Catarinense). No demais cursos.
sustentável", que não corresponde com a entanto, não é justo que as pessoas Mariano José Monsani, engenheiro ambiental
realidade. Ao ser questionado, na pág. 26, ignorem e menosprezem a existência de Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense)
sobre a importância da fiscalização outros cursos superiores, os quais já são Jacinto Machado (SC)
ambiental de projetos, o arquiteto diz que reconhecidos e credenciados pelo MEC
"não estamos preparados e não temos (Ministério da Educação e Cultura) e Resposta: Caro Mariano, realmente,
cursos dessas coisas". E continua: "Não Crea (Conselho Regional de Engenharia e quando dei entrevista à Téchne, não
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tinha conhecimento de nenhum ERRATAS Mahle Brasil (foto) são Roberto Loeb
curso do tipo. Entretanto, soube da e Luis Capote. O desenvolvimento
As tabelas 1 e 2 da reportagem "Alto
existência de um grupo de engenha- dos projetos de gestão e sustentabili-
desempenho, baixo impacto", Téchne
ria ambiental em Santa Catarina. dade envolveu também a Loeb Arqui-
133, págs. 40 e 42 são da tese de mes-
Soube também que a engenheira am- tetura e a Mahle Brasil e o empreendi-
trado "Double-Skin Façades in High-
biental Danielle Maia de Souza, mi- mento fica na Serra do Japi, não na
Rise Office Buildings in São Paulo",
neira e aluna do curso de pós-gradua- Serra dos Cristais.
apresentada à Architectural Associa-
ção da Universidade Federal de Santa
tion School of Architecture, Londres,
Catarina, recebeu no ano passado o
Inglaterra, em 2004, pela arquiteta
prêmio do PNUMA (Programa das
Mônica Marcondes. Na revista, o cré-
Nações Unidas para o Meio Ambien-
dito menciona o nome da arquiteta
te) pelo trabalho de adaptar para o
mas não de sua tese.
Brasil a avaliação do impacto am-
biental dos materiais durante seu
ciclo de vida. Gostaria de parabenizar Diferentemente do que foi informado

Divulgação Mahle
a Universidade por oferecer um pro- na seção Técnica & Ambiente da edi-
grama dessa importância. ção 134 da Téchne, os arquitetos res-
Ualfrido Del Carlo, engenheiro civil ponsáveis pelo projeto da fábrica da
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ÁREA CONSTRUÍDA
Sistemas prediais em discussão
As novas legislações estaduais e mu- prediais. Na opinião da engenheira
nicipais, como as que obrigam a ins- Carla Araújo Sautchúk, da Tesis En-
talação de sistemas de aquecimento genharia, os sistemas de reúso de
solar, de reúso de águas pluviais e de água não podem ser projetados
medição de consumo de água, im- como o de uma indústria, que geral-
põem novas dificuldades e novos de- mente tem uma equipe de engenha-
safios a projetistas e construtores. ria", afirma. O projeto deve prever
Parte desses novos "problemas" de- ferramentas de gestão que diminuam
corre da falta de uma discussão mais a complexidade de manutenção do
exaustiva sobre os entraves técnicos sistema. Além dessa questão, a enge-
relacionados à implantação dessas nheira traçou o diagnóstico do atual

Divulgação Sinduscon
tecnologias. Essa é a opinião de al- momento por que passa o mercado:
guns participantes do 5o Seminário redução dos terrenos, aumento do
Tecnologias de Sistemas Prediais: tempo de aprovação de projetos, di-
Qualidade e Inovação, realizado em minuição no tempo de desenvolvi-
São Paulo pelo SindusCon-SP. Se- mento de projetos, produção de pro-
gundo o vice-presidente do sindica- jetos para outras regiões e necessida- serviço desse segmento. Segundo Ya-
to, Francisco Vasconcellos, durante as de de se trabalhar com uma diversi- mada, além da facilidade de acesso
discussões do projeto da Lei Munici- dade maior dos sistemas construti- aos cabeamentos por meio de shafts
pal 14.459, que dispõe sobre a insta- vos, principalmente no segmento de e painéis, as empresas necessitam de
lação de sistema de aquecimento habitação popular. O seminário des- condições favoráveis para a instala-
solar de água nas novas edificações tacou ainda as novas necessidades de ção de seus Centros de Processamen-
da cidade de São Paulo, os construto- infra-estrutura predial para os siste- to de Dados. Os ambientes que abri-
res apresentaram diversos problemas mas de TI (Tecnologia da Informa- garão os servidores precisam ter lo-
técnicos que a lei traria aos projetos. ção). Ricardo Daizen, gerente da calização o mais centralizado possí-
Mesmo assim, a lei foi promulgada e CommScope Systimax Solutions, vel – para que se tenha economia
trouxe novas preocupações às cons- apresentou soluções de integração com cabos –; controle de temperatu-
trutoras: como integrar sistemas de dos cabeamentos de sistemas de au- ra e umidade ambientais; prevenção
aquecimento solar a outros sistemas tomação predial e lembrou o aumen- contra vazamentos de água, que da-
de aquecimento – como o elétrico e a to da procura das empresas por siste- nificam cabos e equipamentos. Do
gás –, as dificuldades para realização mas de TI – maiores bandas de inter- lado de fora, os edifícios devem apre-
de medição individualizada do con- net, telefonia sobre IP, redes internas. sentar espaços adequados para os
sumo de água quente, a necessidade Álvaro Yamada, diretor da DMI Net- pontos de recepção de telecomunica-
de informar e treinar o usuário final e work House, apresentou as deman- ção, de fácil acesso para concessioná-
as equipes de operação de sistemas das específicas das prestadoras de rias e operadoras.

Odebrecht premia trabalhos de estudantes sobre sustentabilidade


Voltado para estudantes de graduação dos três pilares da sustentabilidade: via- cinco dissertações receberão menções
em engenharia, o Prêmio Odebrecht – bilidade econômica, responsabilidade honrosas.Os dez projetos serão publica-
Contribuições da Engenharia para o ambiental e inclusão social. Serão pre- dos em livro comemorativo. As inscri-
Desenvolvimento Sustentável premiará miadas as cinco melhores dissertações. ções devem ser feitas no site da Ode-
trabalhos que dissertem sobre o tema O autor – ou grupo de autores – e orien- brecht (www.odebrecht.com/premioo-
Utilização de Recursos e Materiais na tadores ganham R$ 20 mil cada. As debrecht) até o dia 31 de julho. O resul-
Construção. Os projetos devem ser iné- instituições de ensino receberão a tado será divulgado, também no site, a
ditos, viáveis e desenvolvidos sob a ótica mesma quantia em prêmios. Outras partir da primeira semana de outubro.

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Prêmio Talento Engenharia

Divulgação Gilberto Mascarenhas


Estrutural 2008
Vai até o dia 31/07 o prazo de inscrições
para o Prêmio Talento Engenharia Es-
trutural 2008, que reconhece o traba-
lho de profissionais que contribuíram
para a valorização da engenharia. Neste materiais, economia de produtos du- Paulo; e Flávio Correia D'Alambert,
ano o prêmio conta com quatro cate- rante a construção, originalidade e com a cobertura do estádio olímpico
gorias: obras especiais, infra-estrutura, criatividade de layout e implantação João Havelange, no Rio de Janeiro. Os
obras de pequeno porte e edificações. harmônica no ambiente. Em 2007 vencedores serão contemplados com
Durante a avaliação, a comissão de ju- foram premiados os engenheiros uma viagem para participação na feira
rados – formada por membros da Gilberto Mascarenhas Barbosa do Vale, World of Concrete, maior evento
Abece e do Grupo Gerdau – verificará pelo projeto do Centro Cultural mundial do segmento de concreto,a ser
se cada obra corresponde a alguns itens Niemeyer, em Goiânia (acima); Lu- realizada em Las Vegas (EUA). Infor-
estabelecidos no regulamento do ciano Afonso Borges, com a Estação mações sobre inscrições estão disponí-
prêmio, entre eles uso adequado de Alto do Ipiranga do Metrô, em São veis no site www.premiotalento.com.br.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Marcelo Scandaroli
Engenheiros europeus debatem segurança
e riscos de explosões
Especialistas de universidades euro- normas baseadas em
péias ministraram aulas no IPT (Insti- experiências laboratoriais. A
tuto de Pesquisas Tecnológicas do Es- partir daí, os quesitos são os
tado de São Paulo),entre os dias 12 e 15 mesmos: o tubo terá de
de maio, no curso internacional "Segu- suportar a pressão interna –
rança Contra Incêndio e Riscos de Ex- o que não é difícil de obter –,
Na ordem: Rudolf Klemmens, Rolf Eckhoff e Trygve Skjold
plosão no Ambiente Construído". Mé- resistindo também aos
todos experimentais e técnicas de su- impactos mecânicos e até ao contato com como biocombustível, por exemplo), e os
pressão de explosão, além de ensaios agentes químicos variados. Vale lembrar aterros são abertos, o problema é menor.
em câmaras de explosões foram pales- que as tubulações, mesmo em plástico, têm Os tubos que vêm das camadas mais
trados pelos professores Rolf Eckhoff, durabilidade limitada e exigem profundas do solo liberam o gás
da Universidade de Bergen, Noruega, e manutenções. Assim como o cobre, diretamente na atmosfera.
Rudolf Klemens, da Universidade de também sofrem corrosão ou rompimentos,
Varsóvia, Polônia. Eles estavam assisti- o que gera vazamentos e, em mistura com E como testar essas concentrações
dos pelo pesquisador Trygve Skjold, da o ar, explosões. O melhor que se tem a fazer mínimas, considerando temperatura
norueguesa GexCon. é estudar o desempenho de cada material. e pressão? Como se prevenir?
Segundo Anthony Brown, professor da Eckhoff – A resposta dessas perguntas
Poli-USP e coordenador do curso, o Há como pensar em um padrão está na importância de se ter um
IPT pretende conduzir o interesse de específico de projeto de sistemas laboratório específico para pesquisas em
seus pós-graduandos à questão de segu- prediais para segurança contra explosões. Um País das dimensões do
rança contra explosões."Para isso preci- explosões? Brasil, e com tantos incidentes, deve ter
samos, contudo, de um laboratório, e Trygve Skjold – Desconheço regras um. Ao mesmo tempo, para dominar o
agora começamos a fazer os primeiros gerais para projetos, mas acredito que um assunto, é preciso experimentar. Não
contatos com os provedores de infra-es- bom estudo de ventilação – natural ou adianta só conhecer a teoria. É preciso
trutura para esse objetivo", explica. artificial – para ambientes confinados, por estudar caso a caso, na aplicação e
"É possível que, no futuro, tenhamos exemplo, venha a ser a melhor solução contato com cada um dos materiais.
inclusive uma graduação nessa área para futuros problemas. É preciso saber Comprar equipamentos do exterior não
específica de estudos", anuncia o coor- quais gases estariam expostos nos basta, é necessário desenvolver a
denador do curso Douglas Barreto. ambientes em caso de vazamento; como tecnologia própria para experimentação.
"Estaremos criando, assim, mais um esses vazamentos seriam possíveis e em
requisito de projeto para a construção quais intensidades, para depois avaliar Qual o investimento necessário para
civil, principalmente nos casos de ar- possíveis explosões (mecanismos físico- que se tenha tal laboratório?
mazenamento ou produção de mate- químicos causadores) e definir a Skjold – Se já há um espaço para o
riais explosivos, diz". Confira entrevis- necessidade de ventilação em cada caso. laboratório, como o IPT, basta adquirir
ta com os especialistas. infra-estrutura, que se encontra no
O que acontece em aterros mercado. Os pós-graduandos interessados
Temos ouvido falar em explosões sanitários? A acumulação de gás podem ir à Europa para se familiarizarem
devido a reparos malfeitos nas metano é mesmo perigosa? O que com as informações que já existem e,
instalações de gás de uso doméstico fazer para evitar explosões? dessa forma, dar continuidade aos
ou tubulações de materiais com Rudolf Klemmens – É certo que o metano trabalhos aqui mesmo.
resistência questionável. Aqui no pode gerar explosões, mas, como em todas
Brasil vemos a constante substituição as outras hipóteses, só se estiver misturado Mas não é difícil para países como o
de tubos de cobre por plástico PVC, com o ar em uma concentração menor que Brasil dar continuidade à tecnologia
com soldas prontas. Esses novos 15%. Partindo desse princípio, dentro das desenvolvida há anos na Europa?
materiais podem proporcionar maior camadas de solo onde o metano é Eckhoff – A China conseguiu. Ajudamos
segurança contra acidentes? produzido a partir da decomposição do lixo, os chineses com os primeiros
Rolf Eckhoff – O que define o nível de não deve, preferencialmente, ocorrer o laboratórios. Eles são ávidos por
segurança contra explosões de um contato com outros gases, como o aprendizagem. Hoje produzem tudo o que
determinado material é como sua oxigênio. Outra saída é controlar a precisam, e têm tecnologia tão boa
aplicação, em dada situação, foi concentração dos gases, para que não se quanto, talvez até melhor que a Suíça.
previamente estudada. Nada impede a atinja a concentração mínima que gera Bastar investir, ter vontade e mão-de-obra
aplicação do PVC aos condutores de gás, riscos. Como no Brasil o gás não é interessada. Tenho certeza que, se eles se
desde que especificação e instalação sigam confinado em tanques (para reutilização modernizaram, o Brasil não ficará atrás.

12 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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ÍNDICES
Alta em maio Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Reajustes de salários elevam custos 35
de construção em São Paulo IPCE materiais
30 IPCE global
índice global do IPCE (Índice
O PINI de Edificações) encerrou o
mês de maio com alta de 6,50%, contra
25
IPCE mão-de-obra

1,61% do IGP-M. Essa alta foi impul-


20
sionada pelo reajuste salarial ocorrido
em maio no setor da construção civil.
15
Segundo pesquisa realizada pela
Editora PINI junto às construtoras, o
custo/hora do pedreiro subiu de R$ 3,57 10
para R$ 3,87,o equivalente a 8,40%.Já o 5,91 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 8,72
5
custo/hora de servente subiu 8%, pas- 5 4,00 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5 8,81
5 5
sando de R$ 3,00 para R$ 3,24. 2,55 3 4 8,91
1 1 1 2 2 2 2
Além desses reajustes salariais, os 0
Mai/07 Jul Set Nov Jan Mar Mai/08
preços de alguns materiais também
subiram. A barra de aço CA-50 3/8''
Data-base: mar/86 dez/92=100
(Ø = 10 mm/m=0,617 kg/m), que
MÊS E ANO IPCE – SÃO PAULO
antes era vendida por R$ 3,17/kg, em
global materiais mão-de-obra
maio pulou para R$ 3,52/kg. O au-
Mai/07 113.722,37 53.493,24 60.229,13
mento de 11,23% é justificado pelo
jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
aumento da demanda de matéria-
jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
prima no mercado internacional.
ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
Outros dois materiais a sofrer rea-
set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
juste foram a areia média lavada e a
out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
pedra britada no 2. O aumento no
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
preço da areia foi de 5,46%, e da pedra
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
britada, de 3,68%. Os reajustes são
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
justificados em razão da alta dos pre-
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
ços dos combustíveis e consequente-
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
mente dos fretes.
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
O Índice Global PINI de Custos de
Mai/08 123.736,89 58.257,90 65.478,99
Edificações aponta uma alta acumu-
Variações % referente ao último mês
lada nos últimos 12 meses de 8,81%.
mês 6,50 4,65 8,20
Porém, o índice é inferior à variação
acumulado no ano 7,28 6,28 8,20
do IGP-M, que no mesmo período é
acumulado em 12 meses 8,81 8,91 8,72
de 11,53%.
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Cupins de solo
Existem ressalvas para aplicação de espécie(es) de cupins, será possível

Sérgio Colotto
pesticidas contra cupins de solo em definir os tratamentos a serem reali-
ambientes construídos sobre áreas in- zados para controlar o ataque desses
fectadas? A que profundidade as agu- insetos. Os cupins subterrâneos, por
lhas devem chegar? Os furos são feitos exemplo, têm grande capacidade de
apenas em volta da casa ou, quando dispersão pelo imóvel. Assim, a ins-
necessário, também na área interna? peção deve avaliar, além da intensi-
Marco Antonio Felix dade do ataque, a dispersão dos cu-
Campinas (SP) pins, preferencialmente com a utiliza-
ção de plantas do imóvel. No caso
Inicialmente, é preciso ressaltar que desses insetos, a investigação é
os produtos normalmente utilizados abrangente, incluindo o madeira-
para a execução de uma barreira mento em contato com a alvenaria,
química em edificações não podem como batentes, guarnições, rodapés e
ser adquiridos por pessoas físicas – só armários embutidos, os espaços
podem adquirir os produtos as em- vazios, como caixões perdidos, colu-
presas especializadas. Além disso, en- nas de distribuição, juntas de di-
tendemos que o consumidor deve latação e, ainda, o entorno da edifi-
evitar o manuseio de produtos quími- cação, como jardins e anexos even-
cos sem o pleno conhecimento sobre tualmente existentes. Entendemos
as restrições de uso, forma de mani- que somente a partir desse diagnósti-
pulação e de aplicação, bem como co pode-se definir e indicar os trata-
sobre o objetivo da realização de qual- mentos a serem realizados na edifi-  tratamento de madeira: restringe-
quer tratamento para controlar uma cação. Esses tratamentos envolvem se àquelas peças ou partes delas em
infestação de cupins. Sugerimos, ao medidas tanto de caráter curativo contato com a alvenaria.
detectar problemas de infestação de quanto preventivo. Os principais são: Deve-se destacar, também, a possi-
cupins, ou mesmo de outros organis-  tratamento de solo: visa criar bilidade de se utilizar outras tecnolo-
mos xilófagos em seu imóvel (resi- uma barreira química no períme- gias para o controle da infestação de
dencial ou comercial), como fungos e tro externo da construção impe- cupins, como, por exemplo, o uso de
brocas-de-madeira, chamar duas ou dindo o acesso dos cupins subter- iscas para o controle de algumas es-
três empresas especializadas para a râneos à edificação; na dependên- pécies de cupins subterrâneos. Final-
realização de uma vistoria e posterior cia da abrangência da infestação mente, a extensão dos tratamentos, a
apresentação de uma proposta co- pode ser executada, também, no escolha dos produtos químicos e a
mercial baseada nas informações co- seu perímetro interno; metodologia a ser empregada em
letadas nessa vistoria. O primeiro  tratamento de espaços vazios: cada edificação são diretamente de-
passo para controlar a infestação de consiste na aplicação de inseticidas pendentes dos resultados do diag-
cupins é diagnosticar corretamente o nos espaços pelos quais os cupins nóstico detalhado.
problema por meio de uma inspeção estão se dispersando ou mesmo Gonzalo Lopez, biólogo
do imóvel. Com a identificação da(s) constituindo colônias; Centro de Tecnologia de Recursos Florestais

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CARREIRA

Alexandre Chan
Defensor de uma visão ampla, que abrace os mais diversos campos do
conhecimento, arquiteto foi premiado pelo projeto da Ponte JK, em Brasília

om 14 anos de idade no final dos Em 1969 passou no concurso para o


C
Acervo pessoal

anos 1950, influenciado pela revo- BNH (Banco Nacional da Habitação).


lução cultural promovida pelo rock e No entanto, não assumiu o cargo por-
pela bossa nova, além de leituras sobre que queria era escrever uma monogra-
o tema, Chan queria ser psicólogo. Al- fia defendendo a regionalização e apro-
guns anos depois, à época da escolha veitamento dos recursos locais nos sis-
para o vestibular, no entanto, precisou temas construtivos, o que ia contra a
adequar a curiosidade pela mente hu- vertente técnica do Banco. Foi também
mana às necessidades mundanas. indicado para assumir a cadeira de pro-
Como psicologia não era uma profis- fessor da Escola de Engenharia, em
são regulamentada, buscou uma car- 1971, e da Faculdade de Arquitetura e
reira em que pudesse aplicar seus talen- Urbanismo, em 1972, ambas na UFRJ.
tos. Foi daí que surgiu o interesse pela Como julgava não ter tempo para se de-
arquitetura, que para ele abrangeu e dicar adequadamente ao magistério,
PERFIL permitiu explorar, inclusive, conceitos não assumiu os cargos. Na mesma
da própria psicologia. época fundou a Associação dos Arqui-
Nome: Alexandre Chan
Ao passar em primeiro lugar no tetos, semente do futuro Sindicato dos
Idade: 66 anos
vestibular de arquitetura da UFRJ Arquitetos do Rio de Janeiro, do qual
Nascimento: Rio de Janeiro
(Universidade Federal do Rio de Janei- também participou da fundação, além
Graduação: Arquitetura e Urbanismo,
ro) e vivenciando todo o fervor provo- de ter atuado em várias diretorias.
em 1965, pela Faculdade de
cado pela construção da cidade de Bra- A associação com um ex-professor,
Arquitetura e Urbanismo da
sília, a vocação se confirmou. Chan fez entre 1972 e 1982, deu origem a 1,2
Universidade Federal do
parte da primeira turma do primeiro milhão de metros quadrados projeta-
Rio de Janeiro
prédio da Cidade Universitária da Ilha dos, com pico de 15 mil m2 num único
Empresas em que trabalhou: atuou
do Fundão. Ao se formar, em 1965, mês. Dentre os maiores projetos em
sempre como consultor autônomo ou
dedicou-se a explorar o interior do volume está o Complexo Rio Sul, com
titular da CJ Projetos
País. Em 1966, ia e vinha de Ilhéus, na quase 280 mil m2 e que marcou a reto-
Bahia, onde não ouvia falar dos assun- mada dos shoppings centers na capital
tos que dominavam o mundo naquele fluminense. Em 1986, interessado em
momento, como a Guerra do Vietnã, meio ambiente e recreação, passou a
por exemplo.Embora não tenha conse- pesquisar locais, nas zonas Norte e
guido expandir o interesse dos habitan- Oeste da cidade do Rio de Janeiro, para
tes locais para tais questões, assim a viabilização de empreendimentos de
como para o desenvolvimento da re- lazer aquático popular. O intuito era
gião em que viviam, conseguiu intro- associar objetivos de educação so-
duzir o plástico com backlight na orna- cioambiental às demandas por lazer.
mentação do Carnaval de 1967 da cida- A fundação da CJ Projetos aconte-
de. "Enquanto o mundo pegava fogo, ceu em 1988. Essa firma de projetos de
essa era a minha revolução", conta. arquitetura nasceu com o objetivo, que

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forte motivação ambiental e socioeco-


nômica, associando-se a fundações,
Dez questões para Alexandre Chan empresas, empreendedores ambien-
1 Obras marcantes das quais psicologia para compor ambientes e tais, construtoras, órgãos governa-
participou: Ponte JK, em Brasília, exteriores beneficamente influentes mentais e empresas de terceiro setor.
Complexo Rio Sul e Piscinão de sobre as pessoas e escolhi a arquitetura Apesar de ser também autor do
Ramos, no Rio de Janeiro, Auditório Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro,
da Academia Militar das Agulhas 6 Que tipo de formação falta aos seu projeto mais conhecido é, sem dú-
Negras, em Resende (RJ), Parque profissionais recém-saídos da vida, a Ponte Juscelino Kubitschek, lo-
Ecológico do Mini-Pantanal, em universidade: exercício do desenho calizada na capital federal, sobre o
Paulínia (SP), Parque Tamanduateí- livre manual como mais eficaz, lago Paranoá, e que faz a ligação viária
Ipiranga, em São Paulo descompromissado, rápido e entre o Setor de Clubes e o Setor Habi-
completo meio de expressão dos tacional Individual Sul de Brasília.
2 Obras significativas da engenharia processamentos de cérebro e coração "Circulam pela internet citações como
brasileira: as de Niemeyer, em sendo projeto de Oscar Niemeyer, o
Brasília e Pampulha, as de Paulo 7 Conselho ao jovem profissional: que me honra muito", comenta. Chan
Mendes da Rocha e de Affonso Reidy, atreva-se, com base no estudo e na credita a visibilidade desse projeto às
o antigo MEC no Rio de Janeiro e a intuição desenvolvida suas formas diferenciadas, integração
obra de Severiano Mario Porto à paisagem local e a citação a vários
8 Principal avanço tecnológico elementos arquitetônicos da cidade.
3 Realização profissional: realizado recente: todos aqueles baseados na Fato é que essa ponte lhe rendeu um
significa acabado ou pronto, e ainda informática prêmio internacional, em 2003. Ficou
estamos aprendendo. As maiores satisfeito, embora curioso, com o inte-
alegrias foram com o Piscinão de 9 Indicação de livro: Saber Ver a resse suscitado. "Pudemos observar a
Ramos e a Ponte JK, ambos pela grande Arquitetura, de Bruno Zevi variação evolutiva e contínua do inte-
e entusiástica acolhida de seus usuários resse de várias camadas da população,
10 Um mal da arquitetura: a provando a motivação de um tal equi-
4 Mestres: Oscar Niemeyer, Le arquitetura é uma das marcas da pamento urbano", comemora.
Corbusier, Frank Lloyd Wright, Andréia presença física e intelectual dos Apesar do reconhecimento por
Palladio e muitos outros humanos, não havendo uma esse projeto, acredita que a arquitetura
arquitetura integrada de fato ao meio para pontes ainda é pouco explorada
5 Por que escolheu a arquitetura: ambiente. Nossos projetos apenas no Brasil. Considera que a beleza e a
juntei desenho à matemática e física, minimizam a agressividade, buscando emoção passada por meio da forma
história, arte em geral, português e recursos sustentáveis "constituem apenas mais um item al-
tamente funcional a ser devidamente
ponderado para determinação do
mantém até hoje,de expor a experiência de Arquitetura e Urbanismo), da grau de representatividade da obra". É
adquirida na viabilidade, otimização de UFRJ. Lá buscava, dentre outras ativi- otimista com relação ao futuro dessa
uso, concepção e condução de projetos dades, colocar os estagiários em situa- arquitetura, pois percebe um interesse
de empreendimentos de grande com- ções reais de produção. "Seu melhor governamental pelo papel dos equipa-
plexidade urbana e mercadológica. fruto foi a biblioteca do Museu Nacio- mentos urbanos no incremento do
O caráter empreendedor refletiu nal na Quinta da Boa Vista", conta. O turismo e das atividades socioeconô-
também na experiência acadêmica de arquiteto fugiu às especializações de- micas do entorno. "Chegamos ao mo-
Chan, que entre 1982 e 1984 foi vido à percepção desenvolvida para mento em que belas pontes surgirão
gestor-fundador do NEPPA/FAU programas que envolvam diversos no Brasil e me agrada ter participado
(Núcleo de Exercício Profissional e campos do conhecimento. Atualmen- dessa abertura."
Pesquisa de Arquitetura da Faculdade te tem trabalhado com projetos de Bruno Loturco

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melhores praticas 124xxxx2.qxd 5/6/2008 12:26 Page 20

MELHORES PRÁTICAS
Paredes de drywall
Para evitar retrabalho, confira as dicas de execução de paredes
de gesso acartonado

Locação da parede
Utilizar trena, prumo ou equipamento
a laser para a correta localização das
guias e dos pontos de referência dos
vãos de portas, que devem ser
devidamente pré-definidos no projeto.

Divulgação Knauf

Colocação dos montantes nas guias


Corte das guias O comprimento do montante deve
ter aproximadamente a altura do
600 mm. Caso haja necessidade de
emendar os montantes, deve-se
Utilizar a tesoura para corte de pé-direito com 10 mm a menos. sobrepô-los pelo menos 300 mm
perfis metálicos. Sempre usar luvas O espaçamento entre os eixos dos ou utilizar um pedaço de guia de
de proteção. montantes deve ser de 400 mm ou no mínimo 600 mm.

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melhores praticas 124xxxx2.qxd 4/6/2008 14:42 Page 21

Corte da chapa
Virar a chapa e, com o auxílio
do estilete, cortar o cartão do
verso da chapa.

Colocação de fita
para tratamento
de juntas
A fita de papel microperfurado deve ser
colocada sobre o eixo da junta e
pressionada firmemente contra a
primeira camada de massa. Aguardar a
secagem completa da massa para evitar
imperfeições nas juntas como bolhas de
ar, vazios e enrugamentos. Nas juntas de
topo, após o recobrimento da fita com
massa, aplicar mais uma demão com
cerca de 300 mm de largura de cada
lado da fita.

Fixação na estrutura
As chapas devem ser instaladas estrutura é realizada por meio
verticalmente, com altura do pé-direito de parafusos, que devem estar
menos 10 mm, que deve ser deixado distanciados 250 mm entre si
como folga no piso. A fixação na e a 10 mm da borda.

Colaborou: Knauff

21
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ENTREVISTA
Responsabilidades
na construção
Atendimento às normas técnicas e conhecimento dos códigos Civil e de Defesa
do Consumidor são essenciais para evitar problemas jurídicos na construção

Marcelo Scandaroli
CARLOS PINTO DEL MAR
Bacharel em Direito pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo,
especializou-se em Finanças pela
Escola de Engenharia Mauá e em
Direito de Empresa, também pela
PUC. Fez, ainda, um curso de
extensão universitária em
Arbitragem, pela Escola de Direito
da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
É membro da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), seção São
Paulo, do Iasp (Instituto dos
Advogados de São Paulo), do
DRBF (Dispute Resolution Board
o meio da construção civil há uma preensão conjunta e comum do que
Foundation), de Seattle, e
associado-fundador da MDDI
N enorme confusão no que diz res-
peito a conceitos e termos jurídicos.
estipulam o Código de Defesa do Con-
sumidor e o Novo Código Civil, assim
(Mesa de Debates de Direito
Em parte, a culpa dessa confusão é do como se discute o peso jurídico das
Imobiliário). Del Mar, além de atuar
desconhecimento dos profissionais de normas técnicas. O que é certo, conta
nos conselhos jurídicos do Secovi
engenharia acerca das leis e normas Del Mar, é que esses documentos defi-
(Sindicato da Habitação),
que regulamentam seu próprio traba- nem responsabilidades e os prazos a
SindusCon-SP (Sindicato da
lho. No entanto, um quinhão conside- cumprir pelas partes envolvidas, le-
Indústria da Construção Civil do
rável da falta de entendimento se deve vando a conclusões mais precisas e ob-
Estado de São Paulo) e da CBIC
ao peso que engenheiros e advogados jetivas no caso de litígio. Outra impor-
(Câmara Brasileira da Indústria da
dão a algumas palavras, como "defei- tante ferramenta citada na entrevista é
Construção), é autor dos livros
to", que pode ter um significado mais a mediação de conflitos, que identifica
"Aspectos Jurídicos da Tabela
amplo e incutir a responsabilidade ao problemas e propõe soluções, que
Price" e "Falhas, Responsabilidades
construtor. Enquanto as pessoas, em podem ser aceitas por todos os envol-
e Garantias na Construção Civil",
geral, usam termos de forma equivoca- vidos, de forma muito mais rápida do
este, editado pela PINI, motivou
da, sem atentar para os significados ju- que a convencional. O entrevistado
a realização desta entrevista.
rídicos, advogados, juízes e peritos em fala, ainda, sobre formas de solução de
geral ainda têm dificuldade para com- eventuais conflitos previstas anterior-
preender os problemas da engenharia. mente, em contrato, que já são adota-
Além disso, ainda não há uma com- das em outros países.

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ENTREVISTA

Qual o objetivo do seu livro "Falhas, As implicações jurídicas têm origem


Responsabilidades e Garantias na apenas no descumprimento de
Construção Civil"? O senhor acredita
“O MIT (Instituto de obrigações? Nesse caso, o projetista
que os construtores, projetistas e Tecnologia de ou construtor que cumpre com as
demais profissionais de engenharia exigências previstas em norma não
são mal-informados sobre legislação?
Massachusetts), por está sujeito aos litígios judiciais?
Percebo que há necessidade de infor- exemplo, está No mundo do Direito, parte-se do
mar e esclarecer alguns conceitos jurí- pressuposto de que quem cumpriu as
dicos para os profissionais da constru-
processando o normas técnicas, em princípio, não é
ção civil, assim como é necessário es- renomado arquiteto responsável pelos problemas surgi-
clarecer questões referentes à constru- dos. Essa idéia é reforçada pelo racio-
ção e seus sistemas para os profissio-
Frank Gehry, alegando cínio inverso, ou seja, quem não cum-
nais do Direito – juízes, promotores, sérias falhas de pre as normas técnicas, em princípio,
advogados. Isso para que as relações é responsável pela falha verificada.
sejam mais harmônicas e a aplicação
concepção e design Trata-se de uma presunção que admi-
da lei seja mais razoável e correta. O no State Center” te prova em contrário, mas a idéia é
Código de Defesa do Consumidor essa e daí a importância da obediência
trouxe novos direitos e prazos que se às normas técnicas.
sobrepuseram aos direitos e prazos
anteriormente previstos pelo Código apresentam risco de ruína da estrutura. Mesmo que uma edificação atenda
Civil, que por sua vez mudou em 2002. Tais situações são tratadas diferente- às normas técnicas pode estar
As pessoas envolvidas com a constru- mente porque têm importâncias dife- sujeita a questionamentos de
ção e seus problemas necessitam com- rentes. Ora, se a própria engenharia faz ordem jurídica?
preender todo esse emaranhado legis- distinção entre essas situações, os opera- Sim, por falhas de projeto. Há certas
lativo de prazos e conceitos. dores do Direito também devem aplicar normas técnicas que devem ser obede-
os prazos previstos na lei de acordo com cidas nos projetos, mas há também
Há muita confusão com relação aos a importância dos vícios ou defeitos, uma margem de liberdade onde os
termos jurídicos? São incompatíveis considerando prazos maiores de res- profissionais desenvolvem a sua arte e
com os termos da engenharia, como ponsabilidade e de reclamação para pro- criatividade. O MIT (Instituto de Tec-
anomalia, problema construtivo, blemas mais importantes, e prazos me- nologia de Massachusetts), por exem-
vício, defeito, falha? nores para vícios de menor gravidade. plo, está processando o renomado ar-
É comum tratar qualquer problema ve- quiteto Frank Gehry, alegando sérias
rificado na construção por vício ou de- Quais conhecimentos deveriam ser falhas de concepção e design no State
feito, palavras que no mundo jurídico inerentes à formação desses Center, um prédio conhecido por suas
trazem a idéia de responsabilidade do profissionais? Ou seja, o que deveriam paredes não-convencionais e ângulos
construtor. Acontece que o problema saber ao projetar ou construir? Em radicais. O Instituto afirma que o edi-
em questão pode ser apenas uma falha decorrência desse desconhecimento, fício tem goteiras, problemas de dre-
natural, que surgiu pela deterioração quais os riscos que correm? nagem e ferrugem brotando no muro
normal do elemento ou pela falta de Os profissionais da engenharia preci- externo, que neve e gelo caem perigo-
manutenção, sem que haja qualquer sam conhecer as normas legais que se samente de janelas e telhados, o que
responsabilidade do construtor. Nessas relacionam ao seu trabalho para saber o bloquearia saídas de emergência e po-
situações, não se trata de um vício ou que a sociedade e o mundo jurídico es- deria causar danos. Enfim, diversas fa-
defeito com os significados que lhes são peram deles. Conhecendo as suas res- lhas de concepção, de projeto.
dados pelo Direito, mas de uma falha. É ponsabilidades, o trabalho será realiza-
necessário buscar o significado correto do com mais consciência e isso evitará Quais as principais dificuldades e
das palavras porque muitas discussões muitos litígios que atualmente existem. entraves do direito aplicados à
sobre a matéria se perdem no entendi- A verdade é que recentemente aconte- construção? Há problemas
mento equivocado das colocações. ceram duas mudanças legislativas ex- relevantes relacionados à definição
tremamente importantes: a entrada em de responsabilidades?
Em seu livro, o senhor se refere aos vigor do Código de Defesa do Consu- Há um conceito equivocado sobre o
estados limites adotados pela midor, em 1990, e o novo Código Civil, prazo de cinco anos, conhecido por ser
engenharia. Qual a razão? em 2002. Ambas demandam com- um prazo de responsabilidade do cons-
A questão dos estados limites demonstra preensão conjunta de prazos, direitos e trutor,que muitas vezes é adotado erro-
que, para a engenharia, existem situa- obrigações, não apenas por parte dos neamente para responsabilizá-lo por
ções que afetam apenas a utilização da engenheiros e arquitetos, mas também todo e qualquer item da construção,
edificação e outras, mais graves, que dos profissionais do Direito. mesmo aqueles sistemas e elementos

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ENTREVISTA

que não têm esse prazo de duração. Por externos, como no caso do
outro lado, esse prazo muitas vezes é desempenho acústico, por exemplo?
considerado como um período em que
“Antes da norma de Não se pode pretender que todo o sis-
o construtor se libera de qualquer res- desempenho não havia tema hidráulico de uma edificação,
ponsabilidade,o que também é equivo- por exemplo, dure o tanto que deve
cado. Tome-se, por exemplo, sistemas
clareza sobre os durar uma gaxeta ou vedação, que tem
construtivos que devem durar um prazos de vida mais curta. Um sistema é com-
prazo superior a cinco anos, como fun- posto de elementos e componentes
dações e sua impermeabilização. Nes-
funcionamento de que devem ser trocados e mantidos
ses casos, a responsabilidade do cons- determinados sistemas conforme as recomendações técnicas,
trutor não se esgota depois desse prazo. sob pena de comprometer o funciona-
ou subsistemas da mento do todo. Se o usuário deixa de
Mesmo que a edificação cumpra com edificação” fazer a manutenção corretamente e o
os requisitos exigidos, a construtora sistema deixa de funcionar, isso se de-
e os projetistas têm obrigações para verá à sua omissão e não à ação do
com o uso, incluindo manutenções? construtor, que nessas situações deixa
Quais são essas obrigações? Envolve ção necessária nesse período, natural- de ser responsável.
o desenvolvimento de manuais de mente. Esses prazos passarão a referen-
operação e manutenção? ciar os períodos de responsabilidade do De acordo com sua experiência,
O construtor tem obrigação de forne- construtor. Antes da norma de desem- afirmaria que as construções
cer instruções sobre o uso e a manu- penho não havia clareza sobre os prazos brasileiras apresentam muitos
tenção da edificação, o que, na prática, de funcionamento de determinados sis- problemas suscetíveis a processos
é feito por meio de manuais. A manu- temas ou subsistemas da edificação.Isso judiciais? Ou, pelo contrário, os
tenção é uma obrigação dos usuários, fazia com que houvesse um entendi- construtores e projetistas atendem
sem a qual não se poderá exigir o per- mento muitas vezes subjetivo por parte às demandas judiciais?
feito funcionamento da edificação. dos peritos, que são as pessoas nas quais Houve um grande avanço nesse senti-
os juízes se apóiam para decidir as dis- do, sobretudo depois do Código de De-
Um condomínio também pode perder putas judiciais. Esses prazos estão pre- fesa do Consumidor. A maioria das
a garantia dada pela construtora caso vistos na norma de desempenho, de grandes empresas mantém serviços de
realize serviços sem a autorização ou modo que os laudos periciais e as deci- atendimento ao consumidor justamen-
participação da mesma? sões judiciais poderão ser mais corretos te para evitar as demandas judiciais, o
Se a manutenção não é feita, ou é feita e objetivos, o que é bom para todos. que é uma política correta porque traz
de forma incorreta, o usuário pode bons resultados. Há, naturalmente, as
perder a garantia e passa a ser respon- O direito está preparado para exceções, que existem em todos os
sável pelas conseqüências. O mesmo compreender questões de ramos da atividade econômica.
ocorre com modificações e acréscimos ordem técnica?
feitos nas edificações. Há um caso in- Estão havendo avanços nesse sentido, O que é mediação? A que casos se
teressante de um edifício antigo no em que os profissionais da engenharia aplica e qual sua importância?
Rio de Janeiro que desabou devido a estão compreendendo melhor o direi- A mediação é uma forma de solução de
acréscimos feitos pelo proprietário da to das pessoas que compram ou enco- conflitos em que uma terceira pessoa,
cobertura. Há também casos conheci- mendam a construção de um imóvel. de confiança das partes, as aproxima,
dos de ruptura de laje devido à instala- No entanto, os operadores do Direito identifica os problemas e as soluções
ção de equipamentos acima do peso precisam conhecer melhor os proble- possíveis, e as partes só realizam o acor-
admitido. Esses são casos de perda de mas da engenharia. Trata-se de uma do se concordarem com a solução.
garantia e de exclusão da responsabili- zona de fronteira que demanda escla- Nada é imposto, ao contrário da arbi-
dade do construtor. recimentos recíprocos e essa é a pro- tragem,em que uma terceira pessoa de-
posta do meu livro. Nesse processo de cide e a sua decisão é imposta. Isso fun-
A norma de desempenho, ao esclarecimento todos ganham, porque ciona, pois deixa qualquer um confor-
estipular sobre vida útil de as relações se tornam mais tranqüilas tável para aceitar esse processo, saben-
estruturas, influencia de que quando as partes têm clareza de seus do que nada lhe será imposto. Durante
maneira as responsabilidades de direitos e obrigações. o processo de mediação, há o esclareci-
construtores e projetistas? mento de parte a parte sobre o proble-
A norma de desempenho prevê prazos Como lidar com questões subjetivas, ma e, o que é melhor, o relacionamento
em que os diversos sistemas da edifica- como vida útil – que depende de entre as partes é poupado, preservado,
ção devem atender aos respectivos re- manutenção – ou desempenho – que pois o mediador funciona como pára-
quisitos desde que realizada a manuten- pode ser afetado por fatores choque das tensões.

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ENTREVISTA

Por que se trata de uma tendência mia e as margens dos negócios estão Durante a fase da obra, não há prati-
para a solução de conflitos? É justa cada vez menores, tornando impera- camente interferência dos compra-
e efetiva para as partes? tivo que se reduzam os riscos de au- dores ou de quem encomenda a obra,
Há outros meios de prevenção e solu- mento de custos, como as demandas mas as empresas construtoras têm es-
ção amigáveis de conflitos, que são tão judiciais e suas conseqüências du- tado cada vez mais preocupadas em
eficazes que a maioria dos contratos rante o período de seu processamen- atender as normas técnicas, contri-
de grandes obras civis, nos Estados to. Daí a importância e a tendência buindo para a qualidade da obra e a
Unidos, já prevêm a sua adoção no mundial de adoção desses mecanis- ausência de reclamações. Durante a
contrato inicial. Ou seja, as partes cele- mos de prevenção e solução amigável fase de utilização, é importante for-
bram o contrato de construção saben- de conflitos. necer informações sobre funciona-
do que, se houver uma divergência, mento e manutenção, inclusive com
será resolvida dessa ou daquela forma, É possível projetar e construir sem acompanhamento durante um deter-
ou, ainda, seguindo esse ou aquele enfrentar nenhum problema de minado período. Essa política contri-
procedimento. ordem jurídica? bui não apenas para elevar o conceito
É possível e há cada vez mais empre- da construtora como também evita
Ganha-se agilidade nessas sas que deixam um legado de boas demandas judiciais que, embora refe-
eventualidades? edificações e de boas relações comer- rentes a pequenos problemas, podem
Isso é muito positivo, sobretudo no ciais com os seus clientes. A experiên- representar custos elevados caso ve-
Brasil, onde a demora do Judiciário é cia mostra que muitos problemas ju- nham a se tornar questões judiciais.
crônica e as partes não têm tempo e rídicos são evitados quando existe in- Bruno Loturco
nem recursos para envolver-se em formação clara sobre as obrigações
longos processos. Você já imaginou das partes durante todo o processo de
os prejuízos se a obra de uma usina produção, venda e utilização.
LEIA MAIS
hidrelétrica ou de um aeroporto fi-
casse parada por conta de desenten- Quais são as demandas judiciais Falhas, Responsabilidades e
dimentos entre as firmas? Atualmen- para as construtoras de acordo com Garantias na Construção civil,
te, a agilidade é um fator de econo- as fases do empreendimento? Editora PINI, 2008
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TÉCNICA E AMBIENTE
Desperdício estabilizado
Adição de estabilizador ao concreto rejeitado em obra evita descarte de
água e de material prejudicial ao meio ambiente

s resíduos sólidos e líquidos gera-


O

Robert Kyllo/ Shutterstock


dos por centrais dosadoras de con-
creto são classificados como perigosos
pelas agências ambientais e, portanto,
devem receber tratamento adequado.
De acordo com a Abesc (Associação
Brasileira das Empresas de Serviços de
Concretagem), anualmente cerca de 45
mil t de concreto são dispensadas co-
mo rejeito, o que acarreta prejuízos
ambientais e custos adicionais de pro-
dução. Tais resíduos são gerados pela
devolução de concreto fresco,não usado
nas obras, lavagem dos caminhões-be-
toneira para evitar o endurecimento
dos resíduos no interior do balão e a la-
vagem do pátio das centrais.
A água de lavagem dos caminhões
fica com pH fortemente alcalino, em
torno de 12,5, e com elevado teor de
sólidos em suspensão. O problema é
ampliado pelo volume de água de-
mandado para a lavagem diária de
cada caminhão: em média 700 l. Essa denada por Repette, comprovou a via- aditivada, além da viabilidade econô-
água, na grande maioria das centrais, bilidade e a eficiência do emprego de mica da operação. O foco da pesquisa,
vai para tanques de sedimentação e AEH (aditivo estabilizador de hidrata- financiada pelo CNPq (Conselho Na-
recebe agentes químicos para corrigir ção do cimento, ou hydration control cional de Desenvolvimento Científico
o pH. O tratamento, contudo, "não admixture, em inglês) ao término da e Tecnológico) e Funcitec-SC (Funda-
evita a formação de resíduos sólidos – operação de descarga do concreto. Por ção de Ciência e Tecnologia de Santa
lama – e o elevado consumo de água evitar o endurecimento dos resíduos, o Catarina), foi investigar os efeitos da
na operação", explica o professor aditivo permite que a água de lavagem solução na pega do concreto, na taxa
Wellington Repette, do Departamen- permaneça por muitas horas no inte- de ganho de resistência e na resistência
to de Engenharia Civil da UFSC (Uni- rior do balão. A vantagem é a possibili- final do concreto.As avaliações técnica
versidade Federal de Santa Catarina). dade de incorporar essa água à compo- e econômica da solução foram feitas a
Já existe, no entanto, uma alterna- sição da próxima carga de concreto, partir da observação da quantidade de
tiva a esse processo agressivo, que pro- eliminando qualquer descarte ou des- aditivo incorporado e do tempo de es-
voca alto consumo de água, contami- perdício de água. tabilização até a mistura do concreto.
nação do meio ambiente por águas e Embora o aditivo e o método Para tanto, os pesquisadores caracteri-
resíduos alcalinos e desperdício de sejam conhecidos, havia dúvidas, que a zaram as propriedades dos concretos
concreto rejeitado. Uma pesquisa, de- pesquisa visou sanar, sobre os efeitos produzidos com a água aditivada nos
senvolvida no âmbito da UFSC e coor- no concreto produzido com a água estados fresco e endurecido.

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A pesquisa ainda visava estabele- numa central dosadora, onde estabele- horas – com parada na sexta-feira à
cer um processo racional de dosagem ceram que seria necessário, no retorno tarde e retomada na segunda-feira pela
do AEH,analisar as quantidades de ma- do caminhão, adicionar uma quanti- manhã. Durante esse tempo, a tampa
teriais remanescentes em caminhões já dade conhecida de água ao balão – no do balão deve permanecer fechada
descarregados, compreender o com- caso,200 l para balões de 8 m3 –,e o teor para que não haja evaporação excessi-
portamento e os efeitos do aditivo nas determinado de AEH. Em seguida, ro- va ou entrada de água de chuva.
águas de lavagem, verificar a viabilida- tacionar o balão. A maior parte dos re- Na retomada da produção, des-
de técnica e econômica do método em síduos se depositará no fundo, junto conta-se o volume de água já adicio-
concretos com resistências de 25 MPa com a água e o aditivo. "É importante nado para realizar a nova carga de
a 45 MPa e definir procedimentos prá- que a quantidade de água seja medida e materiais. "O aditivo, desde que adi-
ticos para sua implementação em cen- padronizada, pois afetará o traço do cionado em quantidades adequadas,
trais de dosagem. Concluiu-se que o concreto que complementará a carga perde seu efeito estabilizador com a
concreto não sofre alterações nos esta- na retomada da produção", salienta adição do material da carga", explica
dos fresco ou endurecido. O custo é Repette. O volume de água também o pesquisador. A quantidade de AEH
competitivo, sobretudo por reduzir o afetará o teor de aditivo necessário para é definida de acordo com o tipo de ci-
consumo de água e os gastos com de- estabilizar completamente a mistura mento e as condições de produção do
posição dos resíduos resultantes do pelo período necessário. Este pode ser concreto. Observados esses detalhes,
processo convencional. de aproximadamente 12 horas – quan- não há efeitos colaterais indesejáveis,
Para chegar ao resultado esperado, do a produção encerra num dia e é re- seja no estado fresco ou endurecido.
os pesquisadores realizaram os estudos tomada no outro – ou, até mesmo, 64 Bruno Loturco
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MÃO-DE-OBRA

Produção interna
Inflação dos serviços cobrados por empreiteiras não vem cabendo no
orçamento de empreendimentos populares. Para algumas construtoras,
contratar mão-de-obra própria pode ser a solução

Marcos Lima

ale a pena contratar mão-de- teza vem sendo posta em xeque por atuam no segmento de baixa
V obra de produção própria? Há
muito tempo a maioria dos cons-
algumas empresas. O bom mo-
mento por que passa a construção
renda, identificaram um aumento
sensível no valor dos serviços co-
trutores responde, sem hesitar, que estimulou a demanda por mate- brados pelas empreiteiras e já se
não compensa assumir os ônus da riais e mão-de-obra, pressionando preparam para contratar direta-
contratação direta dos executores a inflação no setor. Alguns cons- mente os operários que trabalha-
dos serviços prediais. Mas essa cer- trutores, principalmente os que rão em seus canteiros.

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Acervo pessoal de André Aranha Campos


Marcelo Scandaroli

Construtoras apostam na contratação de


carpinteiros para execução das fôrmas
das estruturas. Com mais obras no
horizonte, essas empresas devem InMax contrata diretamente operários para produzir e montar sistema
planejar remanejamento das equipes construtivo próprio. Mão-de-obra especializada nessa tecnologia não é
entre canteiros, reduzindo ociosidade encontrada no mercado

Pesam contra a decisão os custos


decorrentes da gestão de recursos hu- Custo da mão-de-obra própria
manos, do pagamento de salários, gra- O que considerar ao optar pela contratação de um novo funcionário
tificações, férias, 13o salário, horas ex- para as equipes de produção:
tras, vale-transporte, treinamento e
 Salário  13o salário
capacitação. Desde a década de 1970,
 INSS  Licença-paternidade
quando o processo de terceirização
 Seconci  Faltas justificadas
começou no Brasil, as construtoras
 FGTS  Aviso prévio
têm preferido repassar essas responsa-
 FGTS – depósito por dispensa injusta  Indenização adicional
bilidades às fornecedoras de mão-de-
 Repouso semanal remunerado  Vale-refeição
obra especializada. Com a prolifera-
 Feriados  Café-da-manhã
ção das empreiteiras, cresceu a com-
 Férias + 1/3  Vale-transporte
petição no mercado e o custo caiu.
 Auxílio-enfermidade e acidentes  Uniforme
"Foi quando essas empresas começa-
de trabalho  EPIs
ram a ser apertadas. Elas precisavam

33
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MÃO-DE-OBRA

concorrer com preços competitivos e


ser, portanto, mais eficientes", explica o
professor da Escola Politécnica da Uni-
versidade de São Paulo, Ubiraci Espi-
nelli Lemes de Souza. O problema é
que muitas não conseguiram atingir
níveis de produtividade satisfatórios
que viabilizassem o preço apresentado
e decretaram falência. Por isso, é preci-
so estar atento às empresas que apre-
sentam valores muito abaixo da média
praticada pelo mercado.
Um canteiro bem planejado
pode facilitar o trabalho do emprei-
teiro e ser usado como moeda de
troca na negociação com ele. "A res-
ponsabilidade pelo aumento da pro-
dutividade é também do construtor,
com o correto planejamento do pro-
cesso construtivo", afirma Souza. Se
apresentar argumentos convincen-
tes, a construtora consegue a redu-
ção do preço do serviço. "Se eu
banco uma grua, meu fornecedor
pode dispensar 20 homens e me co-
brar um valor mais baixo", afirma
Alcides Gonçalves, diretor de enge-
nharia da Rossi Residencial.
Consideradas exceções, algumas
Marcelo Scandaroli

empresas já trabalham há muito


tempo com equipes de produção
próprias. É o caso da Tarjab, que
Aumento no preço cobrado por empreiteiras tem inviabilizado terceirização da mão- mantém uma equipe de carpinteiros
de-obra em empreendimentos de baixa renda. Construtoras já contratam pedreiros e e armadores para produção das es-
armadores para execução de alvenaria estrutural, principal tecnologia construtiva truturas de seus edifícios, e da InMax,
usada neste segmento que trabalha com um sistema cons-
trutivo próprio e necessita de mão-
de-obra especializada, indisponível
no mercado (confira estes e outros
Linha do tempo cases no quadro ao lado).
 Década de 60: processo de produção  Década de 2000: início da produção Se a margem de lucro dos em-
era ainda artesanal e as construtoras customizada (personalizada) de preendimentos de alto padrão supor-
apresentavam alto índice de produtos imobiliários, aplicação de ta, até certo ponto, as variações de
mão-de-obra própria. conceito de sustentabilidade a projetos preço das empreiteiras, no mercado
e execução de edifícios e surgimento de baixa renda o orçamento é aperta-
 Décadas de 70 e 80: empresas de de novos materiais para atender a do demais para absorver as pressões
construção despertam para terceirização essa demanda. inflacionárias. Segundo construtores
dos serviços especializados da obra. consultados pela Téchne, empreitei-
 2008: o bom momento por que passa a ras paulistas que há um ano co-
 Década de 90: construtoras procuram construção gerou aumento na demanda
bravam entre R$ 13/m2 e R$ 14/m2 de
se tornar "montadoras" de edifícios, por materiais, equipamentos e mão-de-
alvenaria estrutural cobram hoje até
racionalizando processos produtivos, obra. Algumas construtoras identificaram
R$ 19/m2 pelo serviço – um aumento
utilizando novas tecnologias de materiais aumento exagerado nos preços cobrados
de mais de 40%. Na visão de algumas
e mecanizando mais os canteiros. Nesse pelas empreiteiras e passaram a analisar a
construtoras, a melhor alternativa foi
período, terceirização da mão-de-obra viabilidade de contratação de mão-de-obra
migrar da terceirização para a contra-
atinge seu nível máximo. própria para execução de alguns serviços.
tação direta.

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Elas usam mão-de-obra própria


MRV que executam esse tipo de serviço e operações da Fit, até o final do ano a
Segundo Evandro Carvalho, encontrou uma cujo preço viabilizava a empresa deverá admitir, também,
superintendente de Planejamento da terceirização. O contrato foi firmado instaladores das áreas de elétrica e
Construtora MRV, a empresa sempre para a execução de uma obra. Caso a hidráulica. O desafio, segundo o
trabalhou com mão-de-obra situação não se repita em engenheiro, será capacitar os novos
empreitada. Nos últimos meses, empreendimentos futuros, a Cytec+ já trabalhadores. "Os melhores operários
porém, pressionada pelos valores tem estruturas física e administrativa já estão trabalhando nos canteiros e,
praticados pelas fornecedoras, passou prontas para contratar pedreiros e mesmo assim, há demanda por mão-
a contratar diretamente trabalhadores serventes próprios. No momento, de-obra. Por isso, teremos que recrutar
para execução de alvenaria, fôrmas, Librais conduz estudos semelhantes profissionais menos qualificados",
instalações elétricas, hidráulicas e para os serviços de instalações afirma Souza. Os treinamentos
pintura. Atualmente, suas obras hidráulicas, elétricas e de ocorrem no próprio canteiro e
contam com mão-de-obra própria e revestimentos de fachadas. consistem de aulas teóricas,
terceirizada. A MRV firmou convênios ministradas por engenheiros da Gafisa,
com as universidades PUC (Pontifícia Tarjab e execução prática na obra,
Universidade Católica) e Fumec A construtora trabalha com mão-de- supervisionada pelos mestres-de-
(Fundação Mineira de Educação e obra própria desde sua fundação, na obras. "Um tempo razoável para essa
Cultura) para treinamento de seus década de 1980. Segundo Carlos capacitação é de quatro meses",
operários em Belo Horizonte. Os cursos Alberto Borges, diretor técnico da acredita o engenheiro.
acontecem aos sábados, o dia todo, e Tarjab, a empresa mantém hoje
duram de dez a 12 semanas. operários para a produção de InMax
O investimento inicial é alto, tanto em estruturas e para alvenaria. "São etapas A construtora InMax mantém equipes
razão da necessidade de capacitação que exigem muito controle da de produção permanentes em razão do
dos novos funcionários quanto da qualidade, e só asseguramos isso com sistema construtivo que utiliza em suas
menor produtividade apresentada em mão-de-obra própria", afirma o obras. Desenvolvido pela própria
suas primeiras semanas de trabalho, engenheiro. A equipe composta por 50 empresa, o sistema é composto por
reconhece Carvalho. Mas, com o carpinteiros e pedreiros é suficiente painéis portantes de concreto pré-
passar do tempo, o superintendente para atender até cinco obras moldados no canteiro. Os cerca de
garante que são obtidos índices simultâneas na Grande São Paulo. Em 100 operários contratados da
semelhantes aos das empreiteiras, alguns empreendimentos, a Tarjab construtora contam com treinamento
o que garante a viabilidade mescla operários próprios com especializado para a confecção e
da alternativa. terceirizados de empresas parceiras. para a montagem das peças. "É uma
"São empresas criadas por ex- mão-de-obra que não está disponível
Cytec+ funcionários da construtora. Nós no mercado", afirma o diretor da
Os primeiros estudos da Cytec+, conhecemos a qualidade de seu InMax, André Aranha Campos.
construtora do segmento de baixa trabalho", explica Borges. Segundo o engenheiro, a própria
renda, focam a viabilidade de construtora é responsável pelo
contratação de mão-de-obra própria Fit Residencial desenvolvimento do material para
para a execução do sistema A empresa do grupo Gafisa voltada para treinamento dos operários, composto
construtivo mais utilizado nos edifícios o segmento de baixa renda também por apostilas e filmes. Para a execução
populares: a alvenaria estrutural. está migrando para a contratação de dos demais sistemas que compõem
O coordenador de produção, Carlus mão-de-obra própria para a execução a edificação, Campos afirma que
Fabrício Librais, conta que pesquisou de estruturas e alvenaria estrutural. ainda tem valido a pena utilizar
os valores cobrados pelas empreiteiras Segundo Marcelo Souza, diretor de mão-de-obra terceirizada.

Com uma margem de lucro es- inexistência de intervalos favorece a ção para evitar que fiquem paradas"
treita, esses empreendimentos são contratação de mão-de-obra pró- explica Marcelo Souza, diretor de
rentáveis apenas quando produzidos pria, pois elimina períodos de ocio- operações da Fit Residencial (em-
em grande volume. A alta demanda sidade das equipes de produção. "O presa do grupo Gafisa que desenvol-
por esse tipo de habitação dá a essas planejamento de nossos empreendi- ve produtos imobiliários para o seg-
empresas a segurança de que execu- mentos leva em consideração a rea- mento popular).
tarão novas obras a longo prazo. A locação de nossas equipes de produ- Renato Faria

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OBRA INDUSTRIAL

Resistente ao frio
Piso rígido de 4.350 m² foi executado sem juntas de dilatação para atender requisitos
de planicidade. Operação foi realizada em duas etapas ininterruptas de 10 e 11 horas

Mauricio Vizeu de Castro, diretor da


Unidade Indústria, da Método.
Com o intuito de fortalecer o de-
sempenho do piso no ambiente hos-
til, o projeto determinou também a
utilização de fibra de polipropileno
no traço do concreto, de fck 30. "O ma-
terial foi responsável por conter retra-
ções plásticas", explica Lima, que
também destacou o emprego de taxas
de armaduras compatíveis com as di-
Fotos Agnaldo Maria e Carlos Olivares

mensões das placas, de maneira a coi-


bir retrações hidráulicas.
Outra medida para preservar a
qualidade do piso foi a especificação
de uma área vazia, um "caixão perdi-
do", com cerca de 80 cm de altura, se-
parando a superfície do solo. "O obje-
Piso demandou especificações arrojadas para manter o bom desempenho sob
tivo é proporcionar um equilíbrio de
temperaturas extremas de até -25ºC
temperatura entre o meio externo e o
meio interno, evitando riscos de fis-
m armazém da companhia de ali- o emprego de juntas de dilatação, a suras e congelamento do piso", justi-
U mentos Perdigão, em obras no
município de Embu, na Grande São
despeito dos comprimentos de 104 m
e 114 m das duas porções do piso.
fica Carlos Eduardo Olivares, chefe
do canteiro.
Paulo, demandou características espe- "Normalmente, um piso desse tipo
ciais do piso sobre o qual ficará susten- exigiria juntas a cada 40 m", observa Planejamento e execução
tado. A superfície teve de atender aos Luiz Nobre de Lima, gerente de proje- Dois meses antes da execução,
rígidos requisitos de planicidade exigi- tos da Unidade Indústria, da Método todos os profissionais envolvidos pas-
dos pelo maquinário de transelevado- Engenharia, responsável pela coorde- saram a se reunir semanalmente para
res que irá operar no local. Além disso, nação do serviço. discutir itens como a logística de for-
o piso ficará permanentemente sub- A supressão das juntas, além de necimento do concreto, além de pro-
metido a temperaturas oscilantes en- atender à linearidade da superfície, mover verificações em campo acerca
tre -5ºC e -25ºC, já que o armazém também foi adotada por força das re- do traçado do plano de concretagem.
abrigará setores de resfriamento e con- duzidas temperaturas a que o local fi- "Estabelecemos um plano de contin-
gelamento da empresa. Por último, as cará exposto. "As temperaturas nega- gência de equipamentos para even-
largas dimensões da área, 4.350 m² ao tivas poderiam causar retração de até tuais reboques de caminhões-be-
todo, excediam o padrão de empreen- 2 cm no piso de concreto. A existência toneira", conta Luiz Lima.
dimentos dessa natureza. de juntas nessa condição poderia tra- A Método também comunicou o
Para viabilizar os índices de plani- zer problemas ao sistema de automa- DER (Departamento de Estradas de
cidade requeridos, o projeto eliminou ção dos transelevadores", pondera Rodagem do Estado de São Paulo)

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sobre a necessidade de liberação de


fluxo de caminhões, considerando-se Concretagem
que as estradas envolvidas passam por
um período de obras do Rodoanel – o 1 Início da concretagem da primeira 1
terreno fica na encosta da rodovia célula do piso, com 104 m de
Régis Bittencourt, sentido PR–SP. comprimento por 14 m de largura,
A concretagem ocorreu separa- na manhã do dia 20 de abril.
damente em cada uma das duas cé- Superfície abrigará setor de
lulas do piso – uma menor, com produtos resfriados da Perdigão, e
1.501 m², que abrigará o setor de estará sujeita a temperaturas
produtos resfriados da Perdigão, e constantes de até -5ºC
outra célula maior, com 2.845 m²,
onde funcionará o setor de congela- 2 Trabalhos da fase 1 se aproximam do
dos. Dividindo as duas câmaras, ha- fim. Ao todo, foram dez horas de
2
verá somente um painel térmico operação sem pausas. Nessa etapa
com 12 cm de espessura. inicial, o volume de concreto aplicado
A primeira operação, no piso chegou a 624 m³, com consumo de
menor, aconteceu no último dia 20 de água na faixa de 175 l/m³
abril. Foram dez horas ininterruptas
de trabalho. Ao todo, o volume de 3 Uma semana depois, começa a
concreto aplicado chegou a 624 m³ concretagem da maior porção do
(perda de 1,3%), oriundos de 78 ca- piso, com comprimento de 114,9 m
minhões com 8 m³ cada. As injeções e área total de 2.845 m². Local será
do material foram realizadas a partir utilizado como câmara de produtos 3
de uma bomba estacionária e duas congelados, sob temperaturas
bombas móveis, com lanças de 40 m extremas de até -25ºC
de alcance. O teor de água utilizado
ficou em 175 l/m³, e o volume de aço 4 Três bombas móveis, dotadas de
(telas eletrossoldadas CA-60, mais re- lanças com 40 m de extensão,
forços CA-50) superou 46 t. preenchem 99 t de armaduras de
Uma semana depois, a operação se aço. Operação dura 11 horas
repetiu no piso ao lado – dessa vez em seguidas, requer 150 caminhões e
maiores proporções. Durante 11 termina com consumo de 1.195 m³
horas, 150 caminhões se revezaram no de concreto 4
abastecimento de três bombas móveis,

Detalhe da composição dos pisos no ponto em que se separam por uma pequena junta, à qual será fixado um painel térmico com
espessura de 12 cm. Abaixo da superfície de concreto de 41 cm, há uma laje pré-moldada de 24 cm com placas de poliuretano e
mantas impermeabilizantes

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OBRA INDUSTRIAL

OPERAÇÃO DUPLA
Fase 1 – Piso para produtos resfriados Fase 2 – Piso para produtos congelados
Data da concretagem 20/4/2008 27/4/2008
Dimensão da área 104,67 m x 14,345 m 114,98 m x 24,745 m
Espessura do piso 41 cm 41 cm
Concreto em projeto 616 m³ 1.167 m³
Concreto aplicado 624 m³ 1.195 m³
Índice de perda 1,3% 2,3%
Especificação fck 30 com fibra de polipropileno fck 30 com fibra de polipropileno
Tempo de aplicação 10 horas 11 horas
Caminhões com 8 m³ de concreto 78 150
Bombas de concreto Duas operáveis e uma de reserva, sendo Três operáveis, sendo três bombas-lança
duas bombas-lança e uma estacionária
Volume de aço 46,062 t 99,18 t
Teor de água 175 l/m³ 175 l/m³
Temperatura quando em operação Até -5ºC Até -25ºC
Fonte: Método Engenharia

que despejaram concreto continua- ventilação, encontra-se uma laje pré- Um dia depois do acabamento super-
mente sobre quase 100 t de estrutura moldada, com 24 cm de espessura, ficial, medições em campo aprovaram
de aço armado. O volume aplicado constituída por placas de poliuretano a planicidade das duas áreas segundo
atingiu 1.195 m³, com perda de 2,3%. e mantas impermeabilizantes. os índices exigidos em projeto para a
Nas duas superfícies, a espessura Para a etapa final de regularização boa operacionalização do maquiná-
de concreto ficou em 41 cm. Abaixo dos pisos foram empregados réguas rio de transelevadores.
dessa medida, antes do vácuo para vibratórias e niveladores laser screed. Thiago Oliveira
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CAPA

Projetos coordenados
Com visão global sobre o empreendimento, coordenador deve exigir soluções
de compatibilização e alternativas tecnológicas aos projetistas

e o aquecimento do mercado da
S construção está causando preo-
cupação quanto à oferta de materiais,
o mesmo vale para a disponibilidade
de mão-de-obra, principalmente in-
telectual. Com o vertiginoso aumento
da demanda, alguns escritórios de
projeto têm delegado a profissionais
inexperientes a responsabilidade pelo
desenvolvimento de projetos. Assim,
há uma difusão acentuada de erros
nas soluções técnicas e problemas de
compatibilização. Em paralelo, faltam
gestores qualificados, o que leva a
coordenação a ser realizada, muitas
vezes, por profissionais com experiên-
cia aquém da requerida. "Não existe
boa gestão com projeto ruim, e o
papel do gerente de projetos é mais re-
levante hoje do que no passado recen-
te, afirma o engenheiro Luiz Henrique
Ceotto, diretor de Design & Constru-
ction da Tishman Speyer, em seu arti-
go "Coordenação de Projetos – Um as-
sunto que Necessita Maior Prioridade
de Desenvolvimento".

Formação falha e falta de experiência


dos profissionais responsáveis pela
Lawrence Wee/Shutterstock

gerência de obras acarretam


problemas com subsistemas, como a
armação das estruturas, que exigem
atenção para compatibilização com
outros sistemas

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Divulgação Tecnisa
Paula Viana

Instalações em geral apresentam a maior incidência de Apesar de a responsabilidade pela compatibilização de projetos
problemas de compatibilização com outros subsistemas não ser do coordenador, esse profissional deve contar com
construtivos. A responsabilidade de evitar problemas é dos experiência de obra para perceber conflitos entre especialidades.
projetistas, mas a visão do coordenador é essencial para Uma coordenação atenta evita retrabalhos e pode influenciar
questionar soluções, alertar para problemas e exigir alternativas positivamente no desempenho global da edificação

Fases da obra e funções do coordenador


Concepção do produto: apoiar o Detalhamento de projetos:
empreendedor no levantamento e definir o detalhamento dos
definição de dados e informações para elementos de projeto, gerando um
conceituar e caracterizar o partido do conjunto de documentos para
produto imobiliário e suas restrições. caracterização das obras e serviços a
Definir as características demandadas serem executados, possibilitando a
para os projetistas a contratar. avaliação dos custos, métodos
Definição do produto: coordenar as construtivos e prazos.
atividades de consolidação do partido do Pós-entrega de projetos: garantir a
produto, definindo as informações plena compreensão e utilização das
necessárias à verificação da viabilidade informações de projeto e a sua correta
física e econômico-financeira, assim aplicação e avaliar o desempenho do
como à elaboração dos projetos legais. projeto em execução.
Identificação e solução de Pós-entrega da obra:
interfaces de projeto: coordenar a coordenar a avaliação e
conceituação e caracterização dos retroalimentação do processo de
elementos do projeto, com as definições projeto, envolvendo os agentes do
necessárias aos agentes envolvidos, empreendimento e gerando ações
resultando em soluções para as para melhoria em todos os níveis
interferências entre sistemas e interfaces. e atividades envolvidos.

Fonte: artigo "A Gestão de Projetos de Edificações e o Escopo de Serviços para


Coordenação de Projetos". Pode ser visualizado na íntegra em www.revistatechne.com.br

A coordenação de projeto nasceu dissociação entre incorporação e cons-


da carência no encaminhamento de trução. Esse profissional tem que do-
demandas de obra à fase de concepção, minar a cultura construtiva da empre-
e da necessidade de apoiar a racionali- sa, participando desde a concepção até
zação construtiva e o melhor uso da a obra.
tecnologia e dos recursos. É importan- A função do coordenador é,
te entender essa gênese para que a fun- então, orientar os projetistas na verifi-
ção da coordenação não se perca com cação de projetos, questionando solu-

41
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CAPA

Debate

Fotos Marcelo Scandaroli


No último dia 15 de abril a revista Téchne promoveu, na sede da Editora
PINI, um debate sobre coordenação de projetos. Foram convidados
coordenadores e gerentes de projetos de construtoras, de escritórios
de arquitetura e de consultorias especializadas, além de pes- Ercio Thomaz, pesquisador do IPT
quisadores acadêmicos. Na ocasião foram apresentados conflitos e (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
problemas recorrentes da atividade de coordenação. Os profissionais Estado de São Paulo) e conselheiro
presentes tiveram a oportunidade de expor pontos de vista e formas administrativo da revista Téchne.
encontradas para minimizar o impacto dessas questões. O engenheiro mediou o debate

Projeto envolve desde os levantamentos Melhado – Embora haja um potencial Cunha – O coordenador é um genera-
iniciais, a pré-concepção, até o enorme de ganhos com a coordenação lista, conhece todos os sistemas, mas
acompanhamento de obra. Sendo em todas as fases, isso ainda está na não é especialista em nenhum. Por
assim, a coordenação de projetos tem ponta do mercado como uma tendên- isso, não podemos delegar a ele a res-
sido contemplada na plenitude por cia, como melhores práticas. ponsabilidade dessa compatibilização.
construtores e incorporadores? Cunha – O normal é o coordenador Liris – Nada exime a responsabilidade
Daniele – Iniciei quatro trabalhos, entrar no projeto executivo, como or- de cada projetista, que contribui quan-
todos com o projeto já em desenvolvi- ganizador da execução, mas deveria do falamos de construtibilidade e in-
mento e que vão entregar o projeto exe- entrar no processo de criação. É o que compatibilidades. E não é papel só do
cutivo sem acompanhamento de obra. temos feito na Rossi, para que o produ- coordenador fazer intervenções. Por
Cecília – Nenhum contrato meu prevê to tenha as interfaces resolvidas e o tra- mais que estimule,não vai implementar
acompanhamento até o final da obra, balho organizado desde o início. Existe o método construtivo se a construtora
mas eu sempre vou. O retorno da obra a visita do coordenador ao protótipo, não estiver de acordo.
é importante. mas não é suficiente. Melhado – A coordenação não substi-
Liris – Na Tishman, a necessidade de tui o papel dos projetistas, do em-
estender o escopo da coordenação sur- A coordenação de projetos tem sido preendedor ou da construtora. Orien-
giu quando entregamos o primeiro realizada apenas para compatibilização ta os projetistas a verificarem os pro-
empreendimento residencial. Muitas geométrica ou também sob os jetos e questiona o enquadramento
vezes temos que verificar a viabilidade aspectos de racionalização do às normas e às demandas de reu-
de um projeto concebido e desenvolvi- processo construtivo? niões. Tem que criticar as soluções
do dois anos antes. É uma compatibi- Miriam – O coordenador precisa de que recebe para estabelecer o diálogo
lização de questões técnicas e constru- experiência de obra ou vai parar na e exigir alternativas.
tivas, não apenas comerciais. compatibilização geométrica, que Fabrício – Para o coordenador cum-
pode ser resolvida até por softwares. prir esse papel sem ser especialista, o
Sempre de modo informal e sem Cecília – Tentamos extrapolar o geo- feedback da obra é fundamental. Um
remuneração? métrico, mas há dificuldade em fazer coordenador que não tem esse retorno
Cecília – Exatamente, mas o retorno da com que o resto da equipe tenha essa dificilmente vai conseguir ter a visão
obra move o que precisamos no projeto. visão. Com o volume atual, recebemos crítica que é cobrada dele.
Ito – O atendimento é informal, mas o alguns projetos, feitos por terceiros,
retorno é para problemas que ocorrem que passam pelo escritório sem sequer A coordenação de projetos é inerente
em função da coordenação. terem sido revisados. ao projeto de arquitetura, devendo

Miriam Addor, arquiteta, sócia- Walmir Rodrigues Cunha, Kazutoshi Ito, engenheiro,
diretora da Addor & Associados engenheiro, gerente de projetos da coordenador de projeto da
Consultoria em Projetos e Qualidade Rossi Residencial Andriolo Ito Engenharia

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Miriam – A cadeia produtiva está


completamente despreparada para
atender a qualquer tipo de desempe-
nho. É bem grave. As pessoas não têm
noção do que significa desempenho.
Cecília Levy, arquiteta, Silvio Burratino Melhado,
O que precisa ser feito para
coordenadora de projetos e engenheiro, professor do
otimizar a atividade de
presidente da Agesc (Associação departamento de Engenharia de
coordenação de projetos?
Brasileira dos Gestores e Construção Civil da Escola Politécnica
Cunha – Precisamos de padronização.
Coordenadores de Projeto) da Universidade de São Paulo
Em reuniões de projeto, que levam até
cinco horas, discutimos sempre as
ser exercida pelo arquiteto ou pode Quais implicações isso trará para a mesmas coisas. Poderiam ser reduzi-
ser exercida por outros profissionais? geração e a coordenação de projetos? das à metade do tempo se houvesse pa-
Liris – É preferível que seja o arquiteto. Fabrício – É uma nova cultura, que dronização.
No entanto, nem todos os escritórios exige pensar o desempenho das so- Liris – Faltam diretrizes claras, o que
detêm o conhecimento ou oferecem luções projetadas. A norma traz a gera um processo de ida e vinda e tira
esse serviço.Alguns não desejam coor- oportunidade de um grande avanço o foco e a eficiência do trabalho do
denar devido à demanda, ao foco, e de levar essa discussão para edifi- coordenador.
priorizando a concepção do produto. cações de baixa renda, a grande de- Fabrício – O primeiro passo é capaci-
Cunha – O arquiteto é qualificado. manda brasileira, que deveria se tar os profissionais de projeto. De-
Porém, percebo que quando o arqui- preocupar mais com custos, desem- pois, introduzir modelos de gestão
teto projeta e coordena, ele perde o penho e vida útil. nos escritórios de projeto. Para que
foco do trabalho porque os escritórios Daniele – A norma vai nos auxiliar a discutir aonde vai um ralo? Não dá
não têm estrutura independente. ter um recurso de conhecimento, a para chegar num consenso e sempre
Cecília – Fui coordenadora num es- levar para outros projetos algo que usar essa solução?
critório de arquitetura que na época tenha dado certo. Para realimentação
era o único que oferecia esse serviço. de experiências bem-sucedidas. Essas diretrizes devem partir do
Eu coordenava, mas não era respon- Cunha – Contribuirá muito para a me- coordenador?
sável pelo desenvolvimento do proje- lhoria da qualidade, pois traz ao proje- Fabrício – São setoriais. Se sair de
to. Era o diferencial dele, mas com o tista a responsabilidade pela pós-en- cada coordenador, imagine o traba-
mesmo preço dos outros, o que não trega. Contribui até para orientar tec- lho do projetista. De acordo com a
fazia sentido. nicamente como se faz a manutenção. solução da construtora ou do coor-
Fabrício – É interessante ter a coorde- Cecília – Num primeiro momento, denador, a cada empreendimento
nação independente do trabalho au- vai ser como qualquer outra norma e começa-se do zero.
toral de arquitetura, mas depende do vai enroscar todo mundo. O aprendi- Miriam – Temos que pensar na vanta-
empreendimento. Num empreendi- zado vai ser em conjunto. gem competitiva das empresas com
mento de menor porte, não faz senti- Melhado – É mais fácil ter concor- relação à padronização, que começa
do ter coordenação independente. rência desleal quando não há nor- no processo de projeto.A identificação
ma. Mas como o mercado está ajus- dos projetos pode ser feita por cores.
A norma de desempenho traz como tado para trabalhar sem norma, po- Se computarmos quanto custam as
principal novidade a especificação, pelo derá rejeitá-la se os requisitos forem horas gastas numa reunião de projeto,
projetista, da vida útil dos elementos. muito elevados. veremos que temos que padronizar.

Daniele Triboni, arquiteta, Liris Fujimori, arquiteta, coordenadora Marcio Fabrício, engenheiro,
coordenadora de projetos da de projetos do departamento de design e professor do curso de Arquitetura e
C.a.P. e. arquitetura construção da Tishman Speyer Urbanismo da USP-São Carlos

43
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CAPA

Decisões centralizadas
O projeto do Centro de Distribuição da
Perdigão, na cidade de Embu, interior de
São Paulo, tinha como pontos críticos a
compatibilização e controle de
interferências entre projetos civis,
mecânicos, de refrigeração e disposição de
estanterias, porta-paletes e a passagem de

Paula Viana
transelevadores. A coordenação focou a
análise de projetos quanto à qualidade e
custos, o controle e o gerenciamento das
informações, a coordenação de reuniões todas submetidas ao gerente do registra a ata e identifica responsabilidades.
periódicas com os projetistas, reuniões empreendimento da construtora e à equipe Cíntia afirma que "as informações são
com o cliente para controle do escopo e de de engenharia do cliente. O coordenador disponibilizadas por meio de projetos e
eventuais alterações, bem como o faz o meio de campo entre o planilhas, facilitando o trabalho de
andamento dos trabalhos. O projeto básico desenvolvimento dos projetos e a execução, aquisições e execução", e propiciando
desenvolvido pelo cliente foi remodelado a levando as explicações necessárias à equipe aumento de produtividade. O acesso a tais
partir da cultura construtiva da Método, de obra e coletando dúvidas acerca dos informações se dá por ferramenta de
empresa que executa a obra. "O projeto foi projetos. "Eu as equaciono com os colaboração online. Outros benefícios
reestudado e passou por nova concepção", projetistas e alimento a obra com as alcançados foram a minimização de
explica a coordenadora dos projetos, a respostas e informações adicionais." interferências e incompatibilidades, melhor
engenheira Cíntia da Silva Vedovello. Nas reuniões que orienta, gerencia prazos controle das informações e custos,
Ela tem autonomia para apresentar e de desenvolvimento dos projetos, discute gerenciamento do escopo e dos prazos de
argumentar sobre soluções tecnológicas, as soluções adotadas, as interferências, acordo com o cronograma de obra.
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ções propostas e exigindo alternativas nas decisões tecnológicas da empresa.


de acordo com as demandas. No en- Muitas vezes, ele acaba subordinado a
tanto, não lhe cabe compensar a defi- uma estratégia de realização de inves-
ciência técnica dos projetos contrata- timentos com grande volume de
dos. "A coordenação visa levar à obra obras, o que leva a soluções conven-
um projeto coeso, com problemas re- cionais. Segundo Miriam Addor, ar-
solvidos na mesa de reunião", ilustra quiteta, sócia-diretora da Addor & As-
Walmir Cunha, gerente de projetos da sociados Consultoria em Projetos e
Rossi Residencial. Qualidade, "abandonamos o que já
estava incorporado, em decorrência

Paula Viana
Perfil profissional da demanda por prazo e custo, e vol-
Além da experiência técnica para tamos às estruturas reticuladas, com
Mesmo que os projetos de estruturas e
perceber detalhes de projetos de diver- alvenaria complicada".
de aquecimento estejam tecnicamente
sas áreas, o coordenador deve ter capa- Com a dificuldade em influen-
perfeitos, não funcionam para a obra em
cidade de liderar e gerenciar pessoas e ciar as escolhas tecnológicas, não ha-
questão, pois não consideram os pontos
ser planejador. Não interessa se sua veria grandes diferenças entre a
de conflito que têm em comum
formação é em engenharia ou em ar- coordenação interna e aquela reali-
quitetura. Mesmo porque, quem atua zada por terceiros. Esses apresenta-
na coordenação normalmente tropeça riam, ainda, a vantagem de conhece-
em coisas para fazer que não foram rem melhor o mercado. Esses dados
convenientemente estudadas na facul- tornam-se importantes quando
dade, como planejamento de projeto. constatamos que a principal recla-
Na construção civil atual, a figura mação dos coordenadores com rela-
do coordenador não pode mais se atre- ção aos projetistas incorre, justa-
lar exclusivamente à compatibilização. mente, no que diz respeito aos pra-

Divulgação Tecnisa
"Se considerarmos que é a função prin- zos. "Não há uma disciplina que
cipal, o resto dos projetistas não será mais dê trabalho. Com a demanda
mais responsável por nada", ilustra a em alta, o principal problema é cro-
arquiteta Cecília Levy,coordenadora de nograma", afirma Daniele Triboni, Projetistas de portas e de estruturas não
projetos e presidente da Agesc (Asso- arquiteta, coordenadora de projetos conheciam os projetos alheios. Logo,
ciação Brasileira dos Gestores e Coor- da C.a.P.e. Arquitetura. houve problemas com a
denadores de Projeto). Para que essa Alia-se a essa questão a da quali- compatibilização dos projetos
responsabilidade seja dividida com os dade dos projetos e a falta de forma-
projetistas, o coordenador deve alinhar ção dos profissionais envolvidos, que
a inserção de novas tecnologias. afeta o desenvolvimento da produ- lhorem sua gestão interna, é essencial
Essa argumentação leva questio- ção. Para Melhado, além da urgência investir no planejamento integrado
nar a participação desse profissional para que os escritórios de projeto me- do processo de projeto. "Não estamos
fazendo isso, mas desenho de crono-
grama", pontua.
Atuação global Com a inserção de novas tecnolo-
gias no processo, como o BIM (Buil-
Na Rossi Residencial, a participação do Ao levar em conta as interfaces com
ding Information Modeling), algu-
coordenador ocorre em diversas etapas. a obra, o planejamento viabiliza que
mas tarefas podem ser automatiza-
Por exemplo, esse profissional trabalha o estande permaneça por seis a nove
das, como a compatibilização de in-
desde a implantação do estande de vendas meses após o início das obras. Embora
terferências, liberando o coordena-
e das unidades-modelo decoradas. É o faça parte da pauta de desenvolvimento
dor para realizar serviços mais com-
coordenador quem pauta as discussões com que fica sob a tutela do coordenador, as
plexos, como controle de cronogra-
os departamentos comercial, de marketing, sugestões podem ser apresentadas por
ma. Isso valoriza e exige mais do pro-
de incorporação, de projetos e de qualquer membro. No caso da Rossi,
fissional, que precisa de melhor qua-
engenharia de produção e planejamento. que adota a coordenação externa, esse
lificação para interagir com os resul-
O objetivo é estimular a busca de uma profissional não tem autonomia para
tados de softwares. "Para os projetis-
solução que prolongue a permanência a tomada de decisões. Ele levanta as
tas de estruturas, fazer cálculos não é
do estande. "Isso otimiza o investimento necessidades e, por intermédio do
mais importante, mas o conhecimen-
nessas instalações e elimina os custos com gerente ou supervisor de
to do comportamento estrutural",
sua relocação", explica Walmir Cunha, desenvolvimento de projetos, as
compara Melhado.
gerente de projetos da empresa. submete à empresa.
Bruno Loturco

45
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PISOS

Limpeza profunda
Depois de aplicados, os pisos devem ser imediatamente limpos, mas cada
material requer um produto diferente. Mármores e madeiras são mais
sensíveis a manchas, enquanto os cerâmicos requerem cuidados nos rejuntes
Fotos Marcelo Scandaroli

nológicas do Estado de São Paulo)


Maria Heloisa Barros de Oliveira
Frasca. Tendo já visto muitos de-
sastres com pedras em obras de
construção civil, ela relembra que
"rocha é fácil de limpar, desde que a
sujeira não fique por muito tempo
em contato com a superfície".
O engenheiro Massashiro Yana-
guihara, da Mundial Company, diz
que a madeira também precisa ser
limpa depois de aplicada. "Em con-
tato com cimento em seu estado
cru, não há o que remova as man-
chas escuras", alerta Massashiro. Se
a madeira tiver sido resinada antes
do incidente, pode haver ainda uma
Mármore Travertino em área externa exposto às intempéries e chuva ácida. Sujeira biológica solução, com um novo tratamento
deixa a pedra escura e exige limpeza pesada, com o uso de detergentes ou novo polimento para toda a área. Nesse caso, é feita
novamente a raspagem, calafetação
e aplicação da resina.
melhor solução para a limpeza aos respingos de cimento, ou Apesar de serem mais fáceis de
A de pisos, logo após o término
da obra, ou na manutenção do dia-
quem deixa pingar óleo sobre a
madeira crua, ainda sem resina.
limpar, concreto e cerâmica tam-
bém sofrem risco de ficar com man-
a-dia, não é a tradicional mistura de Na correria do prejuízo, o que chas permanentes. "Quando se
água e sabão, como se imagina. resta é verificar bem todos os pro- acaba um piso de concreto, é bom
Tanto faz o piso ser de concreto, dutos que são vendidos no merca- retirar a proteção, como sacos de es-
pedra, madeira ou até cerâmica. do, e evitar alguns muito ácidos, topa, raspar com espátula os resí-
Para ter beleza durável e não perder outros muito básicos, a depender duos existentes, varrer e aplicar jato
seu bom desempenho o material da situação. Caso sejam usados, d'água", recomenda a pesquisadora
deve ser conhecido por quem o es- devem ser sempre diluídos até a do IPT, Luciana Oliveira.
pecifica e aplica, além de muito concentração indicada pelo res- Nos pisos cerâmicos, o maior
bem protegido durante as obras, pectivo fabricante. risco é a aderência da argamassa de
com plástico-bolha ou mesmo pa- No caso das pedras,"deve-se co- rejunte, que depois de endurecida é
pelão ondulado. locar e limpar, repetindo essa ope- muito difícil de retirar. A limpeza
Mas há sempre quem tropeça ração toda vez que uma nova peça é final desses pisos, entretanto, só de-
no plástico de proteção, deixando assentada", recomenda a geóloga verá ser efetuada duas semanas após
um pedaço do mármore exposto do IPT (Instituto de Pesquisas Tec- o rejuntamento. Só então o piso de-

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verá ser escovado com escova ou Manchas em pisos de pedras, em


vassoura de piaçaba, água e deter- geral, podem ser removidas com um
gente neutro. Em seguida, deve ser disco abrasivo adaptado a uma encera-
enxaguado abundantemente e enxu- deira e com detergente específico para
gado com um pano, removendo-se a esse fim. O disco deve ser branco, se a
água acumulada nas juntas. pedra já for polida, ou verde, se a su-
perfície já estiver preta de tanto mofo.
Pedras "Nos ensaios que fizemos com
Algumas pedras são menos duras, ácido clorídrico, conseguimos cla-
por isso requerem mais cuidados. É o rear o granito por reação", conta
caso do mármore, que é bastante sen- Maria Heloisa, do IPT. "O ácido mu-
sível a intempéries e até poeira. Quan- riático também é vendido em várias
do os poros do revestimento são concentrações no mercado, para
preenchidos por sujeiras, a superfície limpeza em geral, mas é preciso
pode ficar permanentemente man- tomar cuidado", alerta.
chada. Em cidades onde as chuvas são Se depois desse procedimento a

Fotos: Marcelo Scandaroli


muito ácidas por causa do pH elevado sujeira não sair, vai ser preciso polir
da água, não é recomendável a aplica- novamente a área para apagar os ris-
ção do mármore em áreas externas. cos. "De preferência várias vezes,
"Mesmo os granitos, mais duros, com processos que alternam lixas,
podem também oxidar por ação dos das mais grossas (30, 50) para as mais Manchas de cimento sobre madeira crua.
raios ultravioleta do sol e perder a co- finas (800, 1.500, 3.000 e até 10.000), Na foto, o piso já foi raspado novamente,
loração", alerta Massashiro. a fim de dar o melhor acabamento", mas as manchas persistem

Limpeza comum de pedra


1 Aplique o detergente neutro sobre a
pedra suja

2 Utilize uma esponja ou disco


abrasivo branco ou amarelo. Faça
movimentos circulares

1 2 3 Se necessário, use a enceradeira com


disco abrasivo acoplado. Os discos
podem ser brancos ou beges (áreas
já polidas) ou verdes (sujeira
mais grossa)

4 Os rejuntes também podem ser limpos


com escovinha e produtos à base de
limoneno (um agente cítrico) ou
removedores a seco
3 4
5 O "gloss meter", um medidor de brilho,
diz se a limpeza deu à pedra o grau de
reflexão ideal

6 No final do processo, aplica-se


hidrorrepelente para aumentar a
proteção do revestimento

5 6

47
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PISOS

conclui o engenheiro da Mundial. Ele


Limpeza de piso de madeira já resinado explica que o brilho natural dos ma-
teriais é obtido com a diminuição da
rugosidade da superfície.

Madeira
Madeiras, em geral, são mais fáceis
de lidar, mas podem ser tão sujeitas a
manchas quanto o mármore. Existem
alguns produtos à base de ácido etono-
dióico que podem ser aplicados puros
para clarear tanto pedras como con-
1 creto e até madeira,devolvendo sua cor
natural. Para limpar fungos e algas,
Julio Schilling, gerente de laboratório
da Montana, recomenda produtos
com hipocloritos de sódio e de cálcio.
Engenheiros afirmam, contudo,
que manchas de cimento em madei-
ras não são removíveis. "Nem com
5 uma nova raspagem a mancha sairá,
pois o cimento reage com a madeira
profundamente", explica Massashiro,
da Mundial.
Para a limpeza pós-obra da ma-
deira já resinada não são usados mé-
2 todos abrasivos. Alguns produtos,
como os à base de limoneno (extraído
de frutas) ou os removedores a seco
(butanol propano) são bons para re-
mover sujeiras endurecidas.
Os limpadores de pisos de madei-
ra são, em sua maioria, detergentes es-
pecíficos para esse tipo de assoalho,
oferecidos pelos próprios fabricantes
das resinas, e podem ser utilizados
tanto pós-obra quanto na manuten-
ção diária. O importante é que o mate-
rial de manutenção seja compatível
6
com o revestimento.
3
1 Retire o papel ondulado de proteção
Concreto e cerâmica
A limpeza seca do piso de concreto
2 Passe a vassoura para tirar a
pode ser feita com a utilização de uma
sujeira grossa
vassoura hidrostática, que contém
3 Passe um pano úmido bem torcido panos absorventes em sua extremida-
de (mop), tanto para retirar a sujeira
como para aplicação de produtos.
4 Aplique o detergente ou limpador, do
"Já a limpeza úmida pode ser me-
próprio fabricante da resina
canizada, com lavadoras automáticas
5 Use a enceradeira com disco abrasivo que também sugam a sujeira como um
aspirador, deixando a superfície seca",
branco para espalhar o detergente
diz Luciana Oliveira,do IPT.Detergen-
tes neutros são usados em pisos em-
6 Use um pano seco ou mop para secar e
4 poeirados, e os alcalinos para remoção
retirar resíduos
de manchas de graxa e gordura.

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LIMPEZA DE PISOS Os pisos de concreto, lisos ou de-


Pós-obra Dia-a-dia sempenados, são porosos e podem
Pedra Polimento com discos abrasivos Água; detergente neutro; manchar na limpeza diária. Assim, o
e detergentes de limpeza pesada; removedores a seco e soluções mais indicado é aplicar jato d'água
soluções à base de limoneno*; à base de limoneno*; produtos à com sabão neutro. Nas garagens,
removedores a seco base de ácido etonodióico ou onde há óleos e graxas, recomenda-se
hipocloritos de sódio e cálcio
espalhar areia fina e, somente depois,
Madeira Resinada: detergentes ou Resinada: detergentes ou
limpadores do fabricante limpadores do fabricante da resina,
varrer a superfície, eventualmente
da resina; soluções à base de soluções à base de limoneno* aplicando também os jatos d'água
limoneno* e removedores a seco e removedores a seco com sabão neutro.
Crua: produtos à base Crua: produtos à base de ácido As placas cerâmicas não supor-
de ácido etonodióico ou etonodióico ou hipocloritos tam limpeza com produtos ácidos,
hipocloritos de sódio e cálcio; de sódio e cálcio como se faz no pós-obra. Esses pro-
novas raspagens com lixa dutos podem prejudicar tanto a su-
Concreto Raspagem com espátula, Jato d'água com sabão neutro perfície da peça cerâmica quanto o
vassoura e jato d'água; limpeza rejunte e as armaduras do concreto
seca com mop**, ou úmida, que estão na base. Entretanto, quan-
com máquina lavadora
do necessária, a limpeza pode ser
Cerâmico Remoção do rejunte que fica sobre Vassoura, pano úmido
as peças durante o rejuntamento; e detergente neutro
feita com ácido muriático, diluído
depois de duas semanas, o piso em dez partes de água. "Mas antes é
é escovado com água e detergente preciso saturar bem o piso com água
neutro; se necessário, usar mistura limpa (para que não absorva o
de uma parte de ácido muriático ácido) e proteger os componentes
para dez de água mais suscetíveis com vaselina, e de-
* limoneno: solvente natural extraído da casca de frutas cítricas e utilizado em alguns pois enxaguar com água em abun-
produtos de limpeza dância", alerta Luciana Oliveira.
** mop: rodo próprio para retirar pó (veja figura 6 no quadro ao lado) Giovanny Gerolla
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FUNDAÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS

Tecnologia de base
Engenharia de Fundações brasileira ganhou impulso com a criação de
institutos tecnológicos e com estudos sobre recalques de edifícios de Santos
ouve um tempo em que uma das guer novos edifícios em regiões de tituto de Pesquisas Tecnológicas do Es-
H condições determinantes para a
construção de um novo edifício era a
solos fracos.
A situação começou a mudar na
tado de São Paulo) em 1938. Dois anos
depois, no Rio de Janeiro, o Instituto
presença ou ausência de solos moles década de 1920, quando o conheci- Nacional de Tecnologia criava sua
no terreno. Era o final do século 19 e mento sobre o assunto começou a ser seção de Solos e Fundações.
começavam a proliferar as grandes produzido. Em 1925, o austríaco Karl O IPT então padronizou um novo
construções nos centros urbanos bra- von Terzaghi publicava o Erdbaume- método de sondagem, realizado por
sileiros. Mais pesadas, essas constru- chanik, tratado fundador da fase con- meio de percussão com circulação de
ções em alvenaria de tijolos ou em es- temporânea da geotecnia. O "pai" da água. Para quantificar a consistência ou
truturas metálicas implicavam, tam- Mecânica dos Solos introduzia o estu- compacidade do solo, avaliava-se o nú-
bém, maiores carregamentos sobre o do do fenômeno da compressibilidade mero de golpes de um peso de 60 kg,
solo. Apesar de já utilizarem, nessa de argilas, de sua resistência ao cisalha- caindo de 75 cm, necessários para cra-
época, estacas de madeira em funda- mento, atrito interno e coesão. No Bra- var o mostrador 30 cm no solo. Era o
ções profundas, o desconhecimento sil, surgiram na segunda metade da dé- NIPT.Outra padronização,adotada por
sobre o comportamento do terreno e cada de 1930 os laboratórios de ensaios uma empresa de estudos e projetos de
a inexistência de métodos de medição especializados em fundações. Telêma- solos e fundações também foi adotada
de recalques levavam os construtores co van Langendonk organiza a seção no País, e o número ficou conhecido
da época a simplesmente evitar er- de Estruturas e Fundações do IPT (Ins- como NMG.Em 1948 apareceu o méto-
do SPT (Standard Penetration Test) e o
NSPT. O método foi conquistando es-
Marcelo Scandaroli

paço no País até que, em 1979, a norma


NBR 6484 define que o processo de
sondagem, o amostrador e o peso de
bater são padronizados para a obten-
ção da resistência à penetração SPT.
Episódio importante na história
da engenharia de fundações brasileira
ocorreu na década de 1950, quando a
empresa de fundações Geotécnica e o
IPT identificaram recalques de edifí-
cios altos ao longo da orla de Santos.
As fundações – diretas, com estacas ou
em caixões pneumáticos – apoiavam-
se sobre uma camada superficial de
areia, abaixo da qual encontrava-se
uma espessa camada de argila mole.
Os engenheiros adquiriam maior co-
nhecimento do comportamento dos
solos, além de expertise na execução
de reforços de fundações. Trabalhos
Estaca Hélice Contínua é alternativa para locais com restrições a ruídos e vibração sobre as características do solo de San-

52 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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Fundação de destaque
Não é à toa que o projeto da ponte de

Irineos Maliaris
Rion-Antirion, na Grécia, foi declarado em
2005 o vencedor do Prêmio de Destaque
em Engenharia Civil da Asce (American
Society of Civil Engineers). Mesmo sob
condições completamente adversas, a
obra-de-arte foi erguida e funciona
perfeitamente há quatro anos. A ponte tem
um trecho estaiado de 2.250 m e cruza o
Golfo de Corinto, localizado a 250 km de
Atenas – região de intensa atividade
sísmica. Os cabos estão fixos em quatro
mastros, cujos topos chegam a 164 m
acima do nível do mar. O leito do golfo
encontra-se a 65 m de profundidade e é
composto por um solo fraco, com
depósitos aluviais em camadas
heterogêneas. Para viabilizar a execução
da estrutura, optou-se por uma solução
pouco convencional. A base alargada de
cada pilar tem 90 m de diâmetro e foi
dimensionada para suportar a intensa

Imagens cedidas por Jacques Combault


aceleração lateral em caso de sismo. Sob
essas bases, o solo instável sob três
mastros recebeu reforço de tubos
metálicos de 2 m de diâmetro e de 25 m
a 30 m de comprimento cada um.
Os espaçamentos entre os tubos eram
de 7 m x 7 m (8 m x 8 m para um dos
mastros), o que implicava a cravação de
110 a 200 estacas por mastro. Com isso,
a carga era uniformemente transmitida
ao solo. Acima da superfície reforçada,
executou-se um tapete de cascalho de
2,8 m de espessura, sobre o qual seria
apoiada a base do pilar. A função dessa
camada intermediária é a de atuar como
um amortecedor sob sismos, reduzindo
a força de cisalhamento na interface. O pé
do mastro era concretado em uma base
seca na superfície e depois transportado
por carregadores até o meio do golfo, onde
era depositado em sua posição definitiva.

tos foram apresentados em congressos revisão haviam sido feitos na década de o texto já nasceu com defasagem tec-
no México e na França. 1980", explica o professor da Escola nológica. De acordo com Marzziona, o
Atualmente, a norma que traz as Politécnica da Universidade de São processo de revisão da norma está em
prescrições para execução de projeto e Paulo, Jaime Domingos Marzziona. andamento e o texto-base está sendo
execução de fundações é a NBR 6122. Como a norma estava sendo revisada produzido. "Em breve deverá ir à con-
No entanto, a versão que vale é a publi- no momento da introdução de novos sulta pública", informa, sem poder, en-
cada em 1996. "Ela foi publicada em métodos de execução de fundações no tretanto, divulgar datas precisas.
1996, mas os estudos feitos para aquela País, como as estacas Hélice Contínua, Renato Faria

53
materia_fundacaox.qxd 5/6/2008 14:49 Page 54

FUNDAÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS

Estacas
Tubulão a ar
comprimido
Evolução
tecnológica do
tubulão a céu
aberto, os tubulões
a ar comprimido
começaram a ser
utilizados em São
Paulo em meados
Pilão da década de 1940,
Franki como alternativa
Bucha de tecnológica ao uso Estacas pré-fabricadas Última geração: Hélice
concreto de estacas em O uso das estacas metálicas Contínua e Ômega
terrenos moles e em fundações no Brasil As estacas Hélice contínua e
instáveis. Esse tipo começou a se popularizar na Ômega foram utilizadas pela
de fundação é década de 1950, com o primeira vez no Brasil no final
adequado para fornecimento dos perfis pela das décadas de 1980 e 1990,
Estacas Franki solos com CSN (Companhia Siderúrgica respectivamente. Os métodos
De origem belga, as estacas presença de lençol Nacional), criada pelo executivos de ambas são
Franki foram introduzidas no freático e que presidente Getúlio Vargas na parecidos e constituem-se
Brasil em novembro de 1935, apresentam riscos década anterior. Apesar do de três etapas principais:
na construção da Casa de desabamento. Demanda custo maior em relação às perfuração, concretagem e
Publicadora Batista, no Rio de equipamentos grandes e pré-moldadas de concreto, armação. Ao chegar à cota
Janeiro. Foram executadas pesados, como entubadeiras podem atingir grande prevista em projeto, o
72 estacas de 8 m de e perfuratrizes, o que não faz capacidade de carga e equipamento de perfuração é
comprimento e diâmetros de dela uma das alternativas trabalham bem à flexão. recolhido ao mesmo tempo em
300 mm e 400 mm. Sua mais desejáveis para execução Demandam, no entanto, que realiza a concretagem da
execução se dá com a de fundações em locais cuidados no que se refere estaca. Por fim, a armação é
cravação, no solo, de um tubo confinados. Entretanto, à corrosão do metal. posicionada após o
de aço cuja ponta é obturada é hoje um dos métodos A primeira grande obra com preenchimento do furo com
por uma bucha de concreto mais utilizados no País para o emprego de estacas concreto. A diferença entre a
seco, areia e brita, estanque e fundações de pontes e pré-moldadas de concreto estaca Hélice Contínua e a
fortemente comprimida viadutos. Consiste no data da década de 1920, na Ômega está, basicamente, na
contra a parede do tubo. Ao encamisamento da estrutura construção do Jóquei Clube configuração da haste de
bater com o pilão na bucha, do fuste com anéis de do Rio de Janeiro. Na década perfuração. Na primeira, as pás
arrasta-se o tubo, impedindo concreto ou tubos de aço e de 1950 eram produzidas as perfazem toda a haste, de
a entrada de solo ou água. escavação do solo até a primeiras estacas de modo que, com a rotação, a
Atingida a profundidade camada apropriada para abrir concreto protendido e, mais terra deslocada na perfuração é
desejada, o tubo é preso e a a base do tubulão. Em recentemente, vêm transportada pelos sulcos
bucha é expulsa por golpes de descidas manuais, a camisa ganhando maior capacidade metálicos até a superfície do
pilão e fortemente socada garante a segurança do de carga com a aplicação de terreno. Nas estacas Ômega, as
contra o terreno, formando operário, mas deve atentar-se concretos de alto pás se concentram apenas na
uma base alargada. Coloca-se à pressão do ar aplicado na desempenho. Ambas região da ponta da haste. Com
a armadura, inicia-se a tubulação e à velocidade apresentam a desvantagem a rotação do eixo, o volume de
concretagem, extraindo-se o de pressurização da necessidade de terra é transportado até um
tubo simultaneamente. e despressurização. bate-estacas para a nível da haste projetado para
cravação, que gera ruído compactá-lo contra a parede
e propaga vibração para do furo. Por não gerar ruídos
imóveis vizinhos. No nem vibrações, tem sido
entanto, ainda é uma opção para obras em bairros
solução mais barata do que sujeitos a programas de
as estacas escavadas. restrição de ruídos.

54 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008

TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Concreto auto-adensável –
características e aplicação
ergunte-se: não seria interessante do tronco de cone, tempo de escoa-
P um concreto que, uma vez lança-
do, se movesse por conta própria e
Wellington L. Repette
Engenheiro civil, professor-doutor
mento no funil-V e do desempenho
ao escoamento e passagem por restri-
Departamento de Engenharia Civil da UFSC
preenchesse, sem necessitar de nenhu- ções na caixa-L. Tanto no laboratório
(Universidade Federal de Santa Catarina)
ma intervenção, os espaços da fôrma? quanto no recebimento em obra, os
wellington@ecv.ufsc.br
Pois o concreto auto-adensável tem três ensaios devem ser realizados.
essa capacidade. Além de não necessi- Para que seja considerado auto-
tar ser adensado com vibrador, não se- adensável, o concreto precisa satisfa-
grega e não aprisiona ar em excesso. da mistura, que lhe confere três carac- zer a todos os requisitos apresentados
Como resultado, sua aplicação é rápi- terísticas básicas e essenciais: na tabela 1.
da, requer menos mão-de-obra, e não  habilidade de preencher espaços
deixa ninhos de concretagem. Por nas fôrmas; Materiais e proporcionamento
essas e outras razões, o CAA é cada vez  habilidade de passar por restrições; (dosagem)
mais empregado como material de  capacidade de resistir à segregação. No proporcionamento do CAA,
construção, tanto nos setores de pré- Muitos insucessos na aplicação do alguns princípios básicos devem ser
moldados e pré-fabricados, como para CAA relacionam-se à elevada segrega- considerados:
as aplicações de concreto no local. ção, que resulta no afundamento dos a) para se conseguir elevada flui-
Neste artigo, descrevem-se as carac- agregados e na separação da água da dez, a pasta do concreto deve lubrifi-
terísticas do concreto auto-adensável, mistura: a exsudação (figura 1). As- car e espaçar adequadamente os agre-
com ênfase nas propriedades no estado sim, o CAA tem que ser fluido, defor- gados, de forma que o atrito interno
fresco e em sua composição. Um exem- mável e, ao mesmo tempo, coeso. entre os mesmos não comprometa a
plo de aplicação em obra de edifício capacidade do concreto de escoar;
convencional é apresentado e analisado. Ensaios e requisitos no estado fresco b) para que o CAA apresente resis-
Os métodos de ensaio do CAA di- tência à segregação e seja capaz de pas-
O que é CAA? ferem dos empregados na avaliação sar por restrições sem que haja blo-
As características do concreto fres- do concreto convencional somente queio, a pasta deve ter viscosidade su-
co é que diferenciam o CAA do con- para as determinações das proprieda- ficientemente elevada a fim de manter
creto convencional. O CAA tem que des no estado fresco. As características os agregados em suspensão, evitando
apresentar elevada fluidez e deforma- essenciais do CAA são satisfatoria- que segreguem pela ação da gravida-
bilidade, além de elevada estabilidade mente avaliadas com o espalhamento de. Outros fatores que controlam a se-

Tabela 1 – REQUISITOS PARA O CAA NO


Fotos acervo do autor

ESTADO FRESCO
Ensaio Valores
Espalhamento ≥ a 600 mm
Funil-V De 3 a 10 s
Caixa-L 0,8 ≤ H/h ≤ 1,0
Segregação – verificada no
Figura 1 – Observação de instabilidade da mistura (segregação) pelo ensaio de
ensaio de espalhamento Ausente
espalhamento no tronco de cone

56 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


artigo.qxd 4/6/2008 14:46 Page 57

gregação são a quantidade e a distri- de água – finos totais fica entre 0,80 e sário de finos para assegurar adequadas
buição granulométrica dos agregados, 1,10, em volume; coesão e estabilidade no estado fresco.
sendo que as distribuições contínuas  o uso de aditivo promotor (ou mo- Concretos auto-adensáveis não
são as mais adequadas para esse fim; dificador) de viscosidade não é essen- necessitam ser autonivelantes. Deve-
c) a capacidade de passar pelos es- cial a todas as misturas, mas é especial- se lembrar que quanto mais fluido for
paços entre as armaduras, e dessas mente importante quando as partícu- o concreto, maior será seu custo. Além
com as paredes das fôrmas, limita o las finas não estão presentes em volu- disso, é difícil o controle de aplicação e
teor e a dimensão dos agregados graú- me suficiente; o rastreamento do CAA de elevada
dos na mistura.  em muito casos os CAA podem re- fluidez na concretagem de vigas e lajes,
sultar mais baratos e com melhor qua- pois o concreto literalmente "foge" do
Materiais e composições típicas lidade com o uso de agregados graú- lugar de aplicação.
Em princípio, todos os tipos de ci- dos de até 10 mm de diâmetro; A obtenção de CAA a partir de tra-
mento empregados na produção do  o volume de agregado miúdo está, ços de concretos convencionais pela
concreto convencional podem ser uti- em geral, entre 35% e 50%, e o volume simples incorporação de finos, do uso
lizados na produção do CAA. Não há de agregado graúdo entre 25% e 35%. de superplastificante de base ácido
restrições para os teores dos materiais carboxílico e do aumento do seu teor,
componentes do CAA, desde que sa- Aspectos que merecem particular geralmente resulta em CAA de baixa
tisfeitos os requisitos do concreto nos atenção qualidade e com custo elevado. O uso
estados fresco e endurecido. No entan- Grande parte dos métodos usados de métodos de dosagem apropriados
to, algumas particularidades cabem com sucesso para a dosagem de concre- para CAA, como, por exemplo, o de
ser mencionadas: tos convencionais não são adequados Okamura e o de Repette-Melo, é o pri-
 frequentemente, mas não exclusiva- para o proporcionamento racionaliza- meiro passo para se alcançar, na pleni-
mente, um superplastificante à base do do CAA. Além disso, os aditivos não tude, os benefícios do uso do CAA.
de ácido policarboxílico (carboxilato) devem ser usados como forma de corri-
é utilizado; gir proporcionamentos (traços) inade- Aplicação do CAA como substituto do
 o teor de finos (partículas com diâ- quados. O teor de cimento pode ser re- concreto convencional
metro ≤ 0,075 mm) tipicamente fica duzido pela adição de finos ativos ou A avaliação do uso do CAA nas
entre 400 kg/m3 e 600 kg/m3. A relação inertes,de forma a garantir o teor neces- obras convencionais de estruturas de

Tabela 2 – CARACTERÍSTICAS DA LAJE E DO CAA


Tipo de laje Mista, com vigotas de
concreto e tijolos
cerâmicos (tavelas)
Área do pavimento 504 m2
Fôrmas Painéis de compensado
resinado e estruturação
em madeira
Concreto auto-adensável fck médio (28 dias) 38 MPa
Módulo de elasticidade
(28 dias) – médio 28.2 GPa
Cimento (CP IV) 406 kg/m3
Areia 820 kg/m3
Brita 1 714 kg/m3
Superplastificante – sal
de ácido policarboxílico 4 l (33% de teor de sólidos)
Aditivo promotor
Figura 2 – Vista geral do pavimento
de viscosidade 0,4 l
(lajes e vigas) sendo concretado com CAA

57
artigo.qxd 4/6/2008 14:46 Page 58

ARTIGO

Figura 3 – Dique de concreto separando Figura 4 – Concretagem de vigas Figura 5 – Preenchimento dos vazios
lajes em desnível invertidas entre vigotas justapostas

concreto armado é um passo impor- foram tampados com argamassa ou foram transportados/aplicados pelo
tante para a disseminação e aperfeiçoa- membrana plástica. Os furos dos tijo- mesmo conjunto bomba-lança, e a
mento desse material e dessa tecnolo- los, nas faces entre dois tijolos, não ne- execução de cada pavimento deu-se
gia. A avaliação, descrita a seguir, atesta cessitaram ser tampados. Os espaços segundo o mesmo plano de concreta-
as vantagens e a facilidade do uso desse entre vigotas pré-fabricadas justapos- gem. No total, foram aplicados 57 m3
material. O estudo deu-se no âmbito tas foram preenchidos com argamassa de CAA (vigas invertidas e escada
dos trabalhos da Comunidade da (figura 5). foram concretados com concreto con-
Construção Florianópolis e foi realiza- vencional) e 64 m3 de concreto con-
do entre setembro e dezembro de 2004. Aplicação do CAA e do concreto vencional. Aproximadamente metade
convencional do volume de CAA foi produzido com
Descrição Na obra, amostras do concreto de espalhamento maior que 750 mm e a
As aplicações de CAA e de concre- todos os caminhões foram avaliadas outra metade com espalhamento em
to convencional foram monitoradas pelos ensaios de espalhamento (figura torno de 650 mm, objetivando a análi-
durante a construção de duas lajes de 6), funil-V e caixa-L (figura 7). Tanto o se da influência da aplicação de CAA
um edifício residencial, uma feita com concreto convencional quanto o CAA com "classes" diferentes. Todo o pro-
CAA e outra com concreto convencio-
nal (abatimento de 10 cm). As fôrmas
e cimbramentos foram os mesmos
para ambas as lajes. As características
estão apresentadas na tabela 2.
Os concretos foram produzidos em
central e transportados em caminhões
com capacidade de 8 m3. As betonadas
do CAA tinham 5 m3, e as de concreto
convencional, 8 m3. Todos os materiais
constituintes foram adicionados na
central. O tempo médio de transporte
Figura 6 – Ensaio de espalhamento do tronco de cone. (a) Retirada do cone;
foi de 40 minutos e a temperatura
(b) Medição do espalhamento
média ambiente era de 26oC. Uma vista
geral do pavimento sendo concretado
com CAA é apresentada na figura 2.
Fotos acervo do autor

Preparação para aplicação do CAA


Para prevenir que o concreto fluís-
se dos trechos de lajes com maior cota
para o de menor, foram construídos
diques, como ilustra a figura 3. Vigas
invertidas e escadas foram concreta-
das com concreto convencional (figu-
ra 4). Nos locais onde era possível a
entrada de concreto nas peças cerâmi- Figura 7 – Ensaio na caixa-L. (a) Escoamento e passagem pelas barras de restrição;
cas da laje mista, os orifícios dos tijolos (b) Estado final ao término do escoamento

58 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


artigo.qxd 4/6/2008 14:46 Page 59

Figura 8 – Uso da lança na Figura 9 – Detalhe das operações Figura 10 – Lançamento do CAA na laje
concretagem. Somente dois operários de lançamento, espalhamento mista, onde se verifica a característica
encarregam-se do serviço e acabamento autonivelante do concreto

cesso de aplicação foi filmado ininter- computados os tempos de espera de Pelo fato dos salários pagos no
ruptamente, para permitir a análise descarga do concreto. Brasil não serem expressivos, a redu-
detalhada das operações de aplicação Conclui-se que o consumo de ção no consumo de mão-de-obra, por
do CAA (figuras 8 a 19). mão-de-obra é consideravelmente si só, não justificaria a adoção do CAA
menor para a aplicação do CAA, en- como substituto do concreto conven-
Considerações sobre a produtividade quanto que a aplicação de concreto cional em todas as aplicações. Nesse
da mão-de-obra e o uso do CAA convencional requer intensa mão-de- caso, a disseminação do uso do CAA
O resumo dos resultados sobre a obra. A taxa de aplicação do CAA de será maior quando outros aspectos
produtividade da mão-de-obra na elevada fluidez (espalhamento maior forem considerados, técnica e econo-
aplicação dos concretos é apresentado que 750 mm) foi praticamente a micamente, como por exemplo:
na tabela 3. Os resultados foram obti- mesma do concreto de menor fluidez  os custos com aquisição, manuten-
dos considerando-se, exclusivamente, (espalhamento em torno de 650 mm). ção e uso de vibradores podem ser
os operários diretamente envolvidos O CAA de menor fluidez foi mais fácil completamente eliminados;
na aplicação do concreto e as horas de aplicar e de controlar (ex.: rastrea-  a reutilização do conjunto de fôr-
efetivamente trabalhadas, não sendo bilidade) na concretagem realizada. mas é maior, uma vez que não ocor-

Figura 12 – Lançamento, espalhamento


Figura 11 – Preenchimento de uma e acabamento do concreto aplicado sobre
viga com CAA trecho de laje mista (vigota-tijolo) Figura 13 – Lançamento do CAA

Figura 15 – Detalhe da movimentação do


CAA no interior de uma viga. O concreto
não segrega e preenche completamente Figura 16 – Aplicação do CAA em um
Figura 14 – Detalhe do lançamento do os espaços entre as armaduras e dessas trecho de laje maciça, mostrando a viga
CAA para preenchimento de uma viga com as fôrmas invertida previamente concretada

59
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ARTIGO

dor e que representa um avanço signifi-


cativo para o setor da Construção Civil.
O CAA apresenta muitas vantagens se
comparado ao concreto convencional e
pode ser aplicado na construção de es-
truturas de concreto armado sem que
sejam necessárias alterações significati-
vas nas fôrmas, nos equipamentos de
transporte, no lançamento ou nos mé-
Figura 18 – Vista da face inferior da todos de cura. Em muitos aspectos, o
laje. O CAA não libera água e não CAA é um "concreto tradicional".
Figure 17 – Detalhe do CAA, penetra nos espaços entre tijolos Para o emprego mais difundido
homogêneo e sem segregação cerâmicos contíguos do CAA é necessária a redução de seu
custo. Isso pode ser conseguido, em
parte, pela redução dos preços dos
Fotos acervo do autor

aditivos superplastificantes de base


policaboxilato, devido à maior de-
manda e à diminuição nos custos de
produção. O impacto do CAA não
deve ser avaliado somente com base
no custo de produção, mas con-
siderando-se também outras vanta-
gens que se obtêm do seu emprego. O
destino do CAA é tornar-se o "concre-
to convencional" do futuro.

LEIA MAIS
Concreto de Última Geração:
Presente e Futuro, Capítulo 49, Vol. 2,
pp.1509-1550. W.L. Repette, In:
Figura 19 – Vista geral do pavimento concretado com CAA Concreto: Ensino, Pesquisa e
Realizações, Editor: Geraldo C. Isaia,
Ibracon, 2005.
Tabela 3 – RESUMO DOS RESULTADOS SOBRE PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA
Parâmetro CAA Concreto convencional Relatório Comunidade da
Tempo efetivo de concretagem 2:32 h 2:28 h Construção Florianópolis. Ação 6 –
Taxa efetiva de concretagem 22,5 m3/h 25,9 m3/h Concreto auto-adensável. W.L.
Número médio de trabalhadores 2,5 11 Repette, Universidade Federal de
Produtividade 9,00 m3/h/trabalhador 2,35 m3/h/trabalhador Santa Catarina, Associação Brasileira
de Cimento Portland. 2005. 50 p.

European Federation for Specialist


rem danos causados pelos vibradores taxa de armadura não precisam ter sua
Construction Chemicals and
de imersão; seção aumentada para permitir a con-
Concrete Systems – The European
 como não há ninhos de concreta- cretagem, o que reduz o volume de
Guidelines for Self-Compacting
gem (bicheiras), e como tem-se redu- concreto;
Concrete Specification, Production
zida a presença de bolhas na superfí-  há redução significativa dos ruídos na and Use. EFNARC. (2005). United
cie do concreto, os custos com reparos aplicação do CAA, representando a
Kingdom, 2005. 63 p.
e "maquiagens" são significativamen- possibilidade de aumentar o tempos de
te diminuídos; trabalho em áreas urbanas onde haja Proposição de método de dosagem
 a remoção das fôrmas ocorre mais restrições dos níveis de poluição sonora. de concreto auto-adensável com
facilmente, causando menos danos e adição de fíler calcário, Dissertação –
resultando em maior possibilidade Considerações finais Pós-graduação em Engenharia Civil,
de reúso; A investigação suportou a afirma- Universidade Federal de Santa Catarina,
 elementos de concreto com elevada ção de que o CAA é um material inova- K. A. Melo. Florianópolis, 2005.

60 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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p&t124.qxd 4/6/2008 16:09 Page 66

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0800-7272000 Balbino Fundações classes 4 e 5, o condutor conta
decantador com sistema de
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retorno automático do lodo. permite operar com maior
A desinfecção é feita por meio capacidade de corrente.
de pastilhas de cloro. Nambei
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66
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MADEIRAS, PLÁSTICOS MÁQUINAS,


E MELAMÍNICOS EQUIPAMENTOS
E FERRAMENTAS

LAMINADO
O natural Wood é uma linha
especial de laminados GUINDASTES
decorativos produzidos pela A Orientador Alfandegário
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vantagens, segundo o capacidades de carga. Os
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natural, pois conta com certificado de garantia e são
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67
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p&t124.qxd 4/6/2008 16:09 Page 69
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OBRA ABERTA
Livros

Manual Técnico de Concreto Armado na Manual de Tubulações de Manual de Escopo de


Impermeabilização de Prática Polietileno e Polipropileno – Projetos e Serviços de
Estruturas Ronaldo Sérgio de Araújo Características, Paisagismo
98 páginas Coêlho Dimensionamento e Abap (Associação Brasileira de
Vedacit/Otto Baumgart 340 páginas Instalação * Arquitetos Paisagistas) e ANP
Fone: (11) 2902-5555, em São Editora Uema José Roberto B. Danieletto (Associação Nacional de
Paulo, e (71) 3432-8900, em Vendas pelo portal 526 páginas Paisagismo)
Salvador www.lojapini.com.br Editora Linha Aberta 65 páginas
www.vedacit.com.br O autor não teve a intenção de Vendas pelo portal Manuais de Escopo de
Em sua quarta edição, a inovar as teorias ou www.lojapini.com.br Projetos e Serviços
publicação mostra a metodologias aplicadas no O objetivo do autor é, de www.manuaisdeescopo.com.br
importância de se dimensionamento das peças. maneira prática e objetiva, Para auxiliar na contratação de
impermeabilizar as Focou a concepção do livro na transpor seus 20 anos de serviços e projetos de
construções. O Manual traz os apresentação prática e experiência para esclarecer e paisagismo esse manual
produtos comercializados pela simples do projeto e da ajudar a técnicos e usuários na recomenda, ainda durante a
Vedacit/Otto Baumgart, assim execução de estruturas em aplicação dos tubos compostos concepção do produto,
como os equipamentos de concreto armado. O objetivo é desses materiais. Aborda o analisar o potencial
proteção e ferramentas aproximar os conceitos da plástico como um todo, o paisagístico além de consultar
necessárias para a execução. prática construtiva. Assim, polietileno e o polipropileno, as restrições de legislação nas
Os sistemas rígidos e flexíveis conta com uma infinidade de suas propriedades e esferas Municipal, Estadual e
de impermeabilização vêm exemplos, incluindo cálculos, características. Concluída a Federal. Apresenta os dados a
acompanhados de imagens tabelas e desenhos. Tudo abordagem do material, parte serem solicitados de todas as
referentes à aplicação, com aliado às exigências da NBR para dimensionamentos, partes – empreendedor,
explicações detalhadas. Todos 6118. A parte inicial aborda os conexões soldáveis, manuseio e coordenador, arquiteto, dentre
os produtos contam com componentes do concreto, estocagem, instalação e reparo. outros –, além da descrição
dados completos, como bem como a mistura e a Na última parte, o autor fala das atividades, para que sejam
características, campos de própria concretagem. As sobre fabricação e controle da geradas as peças gráficas, o
aplicação, modo de preparo e demais abordam, qualidade e outros materiais, tratamento paisagístico e o
utilização, forma de separadamente, os elementos além de trazer um resumo memorial de materiais para a
armazenamento, embalagens das estruturas, sendo lajes, comparativo entre insumos. solução preliminar de
disponíveis, dentre outros. vigas, pilares, marquises, implantação do paisagismo no
Conta também com um escadas, reservatórios e terreno. Disponível no site
glossário com os termos mais fundações. Na última parte www.manuaisdeescopo.com.br
utilizados na construção civil. trata do controle da
Está disponível para download resistência do concreto.
no site www.vedacit.com.br

70 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


obra aberta-modelo.qxd 4/6/2008 15:34 Page 71

Software

Ética para Executivos Como Elaborar Projetos Fundações para Volare


Hermano Roberto Thiry- de Pesquisa Construção de Habitação vendas@pini.com.br
Cherques Roberto S. Kahlmeyer- de Interesse Social no Fone: (11) 2173-2423 (Grande
268 páginas Mertens, Mario Fumanga, Estado de Mato Grosso São Paulo) e 0800-707-6055
FGV Editora Claudia Benevento Toffano e Wilson Conciani (demais localidades)
Fone: (21) 2559-4430 Fabio Siqueira 78 páginas www.lojapini.com.br
www.editora.fgv.br 140 páginas Editora do Centro Federal de O software para orçamento,
O livro nasceu a partir das FGV Editora Educação Tecnológica de planejamento, controle e
discussões promovidas no Fone: (21) 2559-4430 Mato Grosso fiscalização de obras da PINI
âmbito da Escola de www.editora.fgv.br Fone: (65) 3314-3558 ganha um novo módulo para
Administração Pública e de Mostra como aplicar a www.cefetmt.br orçamento de obras de
Empresas da Fundação Getúlio metodologia científica à A intenção desse manual manutenção, reforma,
Vargas, com base elaboração crítica de prático é incentivar a aplicação ampliação, recuperação e
especialmente nas disciplinas documentos que dão início à dos conhecimentos científicos restauro. O desenvolvimento
"Métodos de pensamento", do pesquisa acadêmica. Por isso, resultantes de pesquisas considerou as peculiaridades
professor Luciano Zajdsznajder, as noções de metodologia que acadêmicas no tipo de desse tipo de obra que, por
e "Ética nas organizações", do traz são voltadas à elaboração construção referido. Aborda os restrições de canteiro ou
autor dessa publicação. de projetos tanto para alunos procedimentos a serem execução, tem as
A temática confronta questões quanto para professores de adotados, considerando os produtividades reduzidas.
estratégicas, operacionais e graduação e pós-graduação. tipos de fundações e a Opera com quatro novos
negociais de cunho ético. Sua primeira parte é teórica aplicação de novas tecnologias bancos de dados: o de
Dentre esses questionamentos e contém noções de para eliminar o surgimento de produtividades racionalizadas,
está a responsabilidade da conhecimento científico e as patologias. A publicação ainda o de contingências de
organização corporativa em aplica no sentido dos fala sobre dados essenciais ao execução e os de
relação à comunidade em que interesses da universidade. início do projeto, como o tipo contingências de canteiro
se encontra, a violação do A parte prática traz noções de solo, a resistência de suas máxima e mínima. Dentre os
sigilo e o blefe em instrumentais, notas sobre a camadas e o nível do lençol relatórios que gera, os
negociações. Por considerar linguagem do texto científico, freático. O download desse principais são: orçamento
inviável responder indicações de vícios de manual pode ser feito a partir sintético, analítico, MDO e
efetivamente às questões, linguagem mais comumente do site do autor, no endereço MAT, curva ABC insumos e
o autor traz as possibilidades encontrados e www.conciani.com.br. serviços, programação de
de respostas pregadas esclarecimentos sobre as insumos por etapa e atividade.
por diversas correntes normas para a formatação
de pensamento. do trabalho.
* Vendas PINI
Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas) ou 0800-596 6400
(demais regiões). Portal www.lojapini.com.br

71
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AGENDA
Seminários e conferências conferencistas brasileiros e internacionais O Enic (Encontro Nacional da
que discutirão os principais avanços Indústria da Construção) debaterá as
25 a 28/6/2008 tecnológicos e inovações da construção perspectivas e os desafios do
Cimpar 2008 metálica. O evento é organizado pela crescimento do setor nos próximos
Aveiro ABCM (Associação Brasileira da anos graças às obras do PAC
A Universidade de Aveiro, em Portugal, Construção Metálica) com o apoio da (Programa de Aceleração do
realizará o 4o Cimpar (Congresso AARS (Associação do Aço do Rio Grande Crescimento) e da Copa do Mundo de
Internacional sobre Patologia e do Sul), do CBCA (Centro Brasileiro da 2014 sediada no Brasil. O evento
Reabilitação de Estruturas) para Construção do Aço), do Ilafa (Instituto atrairá diversos profissionais da
apresentar novos conhecimentos, Latinoamericano del Fierro y el Acero) e construção e as inscrições já podem
técnicas e tecnologias para os do Aisc (American Institute of Steel ser feitas no site do evento.
profissionais do setor. Construction). Fone: (62) 3214-1005
cinpar@civil.ua.pt Fone: (11) 3816-6597 www.qeeventos.com.br
www.construmetal.com.br
9 a 11/9/2008 2 a 6/12/2008
Construmetal 2008 22 a 24/10/2008 WEC 2008 - World Engineers'
São Paulo 80o Enic Convention
A terceira edição do Construmetal terá São Luís Brasília
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A terceira edição do Congresso Mundial fabricantes e fornecedores de Concurso A Ponte.


de Engenheiros será realizada pela materiais e serviços para saneamento. Fone: (71) 3797-0525
primeira vez no continente americano, O encontro proporcionará a troca de www.expoconstrucao.com.br
com o objetivo de reunir engenheiros e informações, a demonstração de novos
estudantes do mundo todo para produtos e tecnologias para o setor. 27 a 28/8/2008
debates, fóruns, palestras, visitas O evento é realizado pela Aesabesp Concrete Show South América 2008
técnicas e atividades culturais. (Associação dos Engenheiros São Paulo
O evento é organizado pelo Confea da Sabesp). O evento é dirigido para a indústria de
(Conselho Federal de Engenharia, Fone: (11) 3871-3626 concreto tanto nacional quanto
Arquitetura e Agronomia), pela Febrae fenasan@acquacon.com.br internacional e possuirá exposições,
(Federação Brasileira de Associação de www.fenasan.com.br demonstrações, seminários, workshops e
Engenheiros) e pela WFEO/FMOI palestras para apresentar novas
(Fédération Internationale des 19 a 23/8/2008 tecnologias, aplicações e forma de uso do
Organisations d'Ingénieurs). Expo Construção Bahia 2008 material na América do Sul. O objetivo é
www.wec2008.org.br Salvador estimular negócios e parcerias entre
A feira, organizada pela Fagga Eventos e diversos construtores e distribuidores.
pelo Sinduscon-Ba (Sindicato da Fone: (11) 4689-1935
Feiras e Exposições Indústria da Construção Civil do Estado www.concreteshow.com.br
19 a 21/8/2008 da Bahia) apresentará o que há de mais
Fenasan 2008 moderno no setor da construção das 15 a 18/10/2008
São Paulo regiões Norte e Nordeste e promoverá Expocon 2008
A Feira Nacional de Materiais e paralelamente o IV Fórum Nacional de Curitiba
Equipamentos para Saneamento chega Arquitetura e Construção (Fonarc), o A exposição reunirá fornecedores da
à sua 19a edição e reunirá mais uma Fórum Nordeste PAC, Dry Wall & Steel Construção Civil dos Estados do Paraná e
vez profissionais, técnicos, Frame Show, Loja Modelo, VI Seminário Santa Catarina para apresentar as últimas
empresários, gestores, pesquisadores, Tecnológico da Construção Civil e novidades de produtos e tecnologias para
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AGENDA

o setor. Já na sua 11a edição, o evento Fone: (51) 3021-3440


tem como público-alvo lojistas, www.sinduscon-rs.com.br
atacadistas, empreiteiras, construtoras,
engenheiros, arquitetos e decoradores. 8 e 9/8/2008
Fone: (41) 3075-1100 Especificação de Impermeabilização
www.diretriz.com.br São Paulo
O palestrante Ricardo Pirondi Gonçalvez
15 a 18/10/2008 fornecerá uma visão geral da atividade
Saie 2008 – Salão Internacional da de impermeabilização na Construção
Indústria da Construção Civil. As aulas serão divididas em três
Bologna, Itália partes: importância da
Há mais de 40 anos a feira reúne impermeabilização e os danos causados
profissionais da construção para discutir na construção pela sua ausência ou
projetos, materiais, tecnologias e deficiência, como fazer um projeto ideal
sistemas para o setor. Neste ano, a Saie de impermeabilização e apresentação
terá espaços dedicados exclusivamente dos sistemas impermeabilizantes.
para os fabricantes de argila, para a Fone: (11) 3816-0441
tecnologia pré-fabricada, para os cursos@ycon.com.br
sistemas da Tecnologia da Informação, www.ycon.com.br
para energia e para estruturas e aos
componentes de madeira. Por agendamento
saie@bolognafiere.it Identificação de Madeiras Usadas na
www.sistemasaie.bolognafiere.it Construção Civil
São Paulo
25 a 28/11/2008 Ministrado pelo pesquisador do IPT
Bauma China 2008 Geraldo José Zenid o curso tem como
Shangai objetivo principal ensinar como
A maior e mais importante plataforma escolher o tipo de madeira ideal para
da indústria do mundo vai ser aberta ser utilizada na construção civil. Serão
pela quarta vez para a visitação de expostos desde conhecimentos básicos
especialistas em materiais, sobre madeira até técnicas para
equipamentos, veículos e máquinas de identificação científica das árvores.
construção. A idéia é que os fabricantes Além da teoria, ainda haverá aulas
possam mostrar seus produtos, práticas para reconhecimento dos 15
adquirir novos lançamentos e principais tipos de madeiras utilizadas
principalmente aproveitar a na construção civil.
oportunidade de novos negócios. Fone: (11) 3767-4419
www.bauma-china.com www.ipt.br

Cursos e Treinamentos Concursos


23 e 24/6/2008 Inscrições até 29/8/2008
Alvenaria Estrutural com Blocos Prêmio CBIC de Responsabilidade
de Concreto Social
Porto Alegre A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
O curso é dividido em dois módulos. No Construção) e o Fasc (Fórum de Ação
primeiro, o engenheiro civil Marcos Daniel Social e Cidadania) promovem o prêmio
Friederich dos Santos apresentará a CBIC de Responsabilidade Social com a
estrutura do sistema, os materiais intenção de reconhecer e estimular o
necessários e como gerenciar o projeto. Já desenvolvimento de ações sociais no
no segundo módulo, será feita uma visita setor da Indústria da Construção Civil e
técnica e uma exposição sobre as últimas do Mercado Imobiliário. Qualquer
mudanças da Construção Civil. O público- empresa ligada ao setor pode participar
alvo são engenheiros, tecnólogos, técnicos desde que inscreva projetos sociais do
em edificações e outros profissionais ano de 2007 ou anteriores.
ligados à prática da construção civil. www.cbic.org.br

74 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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Antonio Wanderley Terni


terni@feg.unesp.br

Alexandre Kokke Santiago


alexandrekokke@gmail.com

COMO CONSTRUIR José Pianheri


jose.pianheri@pienge.com.br

Steel frame - fundações parte 1


partir desta edição, mostraremos,
A em seis etapas, como construir
uma casa em steel frame. Os artigos,
publicados um mês sim outro não,
obedecerão à seguinte programação:
nesta edição (junho), fundações; agos-
to, estruturas; outubro, fechamentos;
dezembro, instalações; fevereiro, co-
bertura; abril, acabamentos.
O steel frame é um sistema constru-
tivo racional constituído de perfis leves

Fotos divulgação Eternit


de aço galvanizado, que formam pare-
des estruturais e não-estruturais depois
de receber os painéis de fechamento.
Por ser um processo industrializado de
construção, permite executar a obra
com grande rapidez, a seco e sem des- uma boa impermeabilização a fim de
perdícios. Como se observa na figura 1, se evitarem infiltrações e umidade.
esse sistema é formado por painéis que Por ser um sistema autoportante, a
possuem perfis metálicos (montantes, fundação deve estar perfeitamente nive-
guias, cantoneiras, chapas e fitas metáli- lada e em esquadro, permitindo a corre-
cas), formando uma espécie de esquele- ta transmissão das ações da estrutura. O
to que se torna a estrutura da edificação. sistema steel frame possui pouca malea-
Como se vê, uma grande vantagem bilidade para ajustes na obra e,portanto,
do sistema é gerar uma estrutura leve e, não deve sofrer nenhuma interferência
conseqüentemente, as fundações po- decorrente de desvios da fundação.
dem ser, de maneira geral, simples. Por Eventuais paredes fora de esquadro de- Figura 1 – Estrutura em steel frame
ser constituído de painéis, admite-se verão ter as devidas soluções previstas na
que a transmissão da ação da estrutura etapa de concepção do projeto. hipótese de Winckler. Neste caso, o
à fundação se dá uniformemente, ao solo é visto como um meio elástico
longo de toda sua extensão. Radier formando infinitas molas que agem
O radier é um tipo de fundação sob o inferior da placa, gerando uma
Fundações mais utilizadas rasa, constituída de uma laje em con- reação proporcional ao deslocamento.
As soluções mais empregadas para creto armado com cota bem próxima Estruturalmente, o radier pode ser
fundações de construções em steel da superfície do terreno, na qual toda liso (como uma laje com espessura
frame são o radier, sapatas corridas e estrutura se apóia. Geralmente, é di- constante e sem nenhuma viga enrijece-
vigas baldrame. mensionado com base no modelo de dora) ou formado por lajes com vigas de
Como qualquer fundação, requer placa sobre base elástica, seguindo a bordas e internas, para aumentar sua ri-

77
como construir_patrocinio.qxd 4/6/2008 15:08 Page 78

COMO CONSTRUIR

conforme recomenda a boa norma,deve


ser de pelo menos 15 cm, para evitar a
penetração de umidade (figura 5).
A execução do radier permite
locar as furações para instalações hi-
dráulicas, sanitárias, elétricas e de te-
lefonia. Essas locações devem ser

Divulgação Eternit
Acervo do autor

precisas em relação às posições e diâ-


metro dos furos, para que não ocor-
ram transtornos na montagem dos
Figura 3 – Radier sem enrijecimento Figura 4 – Radier com enrijecimento painéis, nas colocações das tubula-
ções e dos acessórios e nos serviços
subseqüentes. Os ajustes tornam-se
Montante de Fechamento interno muito difíceis se houver grande desa-
perfil Ue (enrijecido) linhamento.
Isolamento termoacústico Observa-se, na figura 6, que as ins-
talações executadas no radier encon-
Fechamento externo tram-se embutidas no painel.A figura 7
Acabamento do piso
mostra a tubulação em local diferente
Ancoragem do painel
do previsto, necessitando ajustá-la para
à fundação
a posição correta dentro do painel.
O radier mostra-se mais competiti-
15 cm

Laje radier
vo quando a edificação possui um só
nível e todos os painéis referentes ao pri-
meiro pavimento são assentados na
mesma cota. Considerando-o como
uma estrutura de concreto armado,o ra-
Nível do terreno dier é interessante, pois demanda pou-
Armadura
Fonte: Pienge Engenharia cas fôrmas, principalmente de madeira,
Figura 5 – Detalhe de radier cuja participação no custo da estrutura
convencional pode chegar a 20%.
Se a altura para dimensionamento
do radier demandar que parte dele
fique enterrado, pode-se utilizar o solo
como fôrma em suas faces, desde que
Divulgação Pienge Engenharia
Divulgação Pienge Engenharia

possua resistência necessária.


Para a execução do radier é neces-
sária a limpeza da superfície do terre-
no ou até mesmo a retirada de uma
camada superficial que pode prejudi-
Figura 6 – Ponto no local correto Figura 7 – Ponto no local incorreto car a transmissão da carga para o ter-
reno. Em seguida, deve-se proceder a
gidez. A escolha de um ou outro esque- para a fundação passa a ser interes- correta compactação do solo, para se
ma depende da resistência do solo, das sante, principalmente se houver re- obter uma boa camada de suporte.
cargas atuantes sobre o radier e da inten- petição, como é o caso de conjuntos
sidade e aplicação das ações da estrutu- habitacionais com edificações-tipo. Sapata corrida
ra.Na figura 3,temos um exemplo de ra- Quando bem-executado e nivelado, A sapata corrida é um tipo de fun-
dier sem vigas enrijecedoras e na figura prescinde de contrapiso, podendo re- dação rasa contínua que recebe as
4, com vigas enrijecedoras. ceber diretamente o revestimento. ações dos painéis e as transmite ao
A experiência e a literatura reco- O radier deve possuir certo desnível solo. Pode-se dizer que é uma viga de
mendam radier apenas quando a em seu contorno para que o painel fique concreto armado de base alargada
soma das áreas das sapatas é grande protegido da umidade. A calçada deve (aba), para melhor distribuir a ação
em relação à projeção da edificação. ser executada de forma que permita o es- oriunda do painel (ou parede) ao
Porém, no caso de edificações resi- coamento das águas pluviais, recomen- solo. É construída numa vala sobre
denciais, cujas cargas são relativa- dando-se uma inclinação em torno de um solo cuja resistência é condizente
mente baixas, a opção pelo radier 5%. A distância do contrapiso ao solo, com a intensidade de carregamento a

78 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008


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ela transmitida pela largura da aba da


sapata. O solo do fundo da vala deve
ser apiloado e um lastro de concreto
magro geralmente é colocado.
A sapata corrida pode ser classifica-

Fotos divulgação Eternit


da em rígida ou flexível, dependendo
das dimensões das abas. O dimensio-
namento da armadura leva em consi-
deração essa diferença, devido à varia-
ção distinta da tensão normal no solo.
Figura 8 – Sapata corrida em execução Figura 9 – Sapata corrida com contrapiso
Na prática, adota-se geralmente a sapa-
ta rígida. A sapata corrida é interessan-
A translação é uma ação decorren- Pode-se fazer a ancoragem quí-
te em solos com boa resistência a apro-
te de um deslocamento lateral da es- mica com uma barra roscada colada
ximadamente 60 cm da superfície.
trutura que, supostamente fixa à base, à fundação em orifício executado
O contrapiso pode ser constituído
desloca sua parte superior de maneira após o concreto da fundação adquirir
de concreto ou de uma estrutura com
excessiva, além dos limites exigidos a resistência especificada. A colagem
perfis galvanizados apoiados na sapata.
técnica e construtivamente. é feita geralmente com resina epoxí-
A configuração da sapata corrida, con-
O tombamento é um deslocamen- dica, que permite uma ponte de ade-
tudo,determina a necessidade de execu-
to semelhante a uma rotação da estru- rência entre a barra e a fundação. A
tar o contrapiso de maneira indepen-
tura que, pela ancoragem imperfeita, estrutura da edificação, então, é fixa-
dente. Nesse caso, pode-se fazer econo-
sob a ação do vento, pode criar a ten- da à fundação com uma barra ros-
mia caso não haja necessidade de arma-
dência de rotacionar a estrutura e des- queada através de uma peça de aço
dura, o que já ocorre na adoção do ra-
prendê-la da base. que se ajusta à guia do montante (um
dier. As figuras 8 e 9 mostram a execu-
Para que o conjunto estrutura– dos perfis verticais do "esqueleto" da
ção do contrapiso junto às fundações.
fundação interaja de maneira a não estrutura) e aparafusada. O montan-
causar esses deslocamentos, a ancora- te geralmente é de perfil duplo, con-
Viga baldrame
gem da estrutura deve ser bem dimen- forme mostra a figura 10.
A viga baldrame é uma estrutura
sionada e executada. Outra forma de fixar a estrutura é
que se apóia em blocos de fundação
A ancoragem é a maneira constru- utilizar uma fita metálica chumbada à
geralmente sobre estacas. Em residên-
tiva que a estrutura deve se prender à fundação, para desenvolver a ancora-
cias, as estacas são geralmente brocas
fundação e permitir que a transmissão gem. Nesse caso, a fita metálica – que
executadas de maneira tradicional. A
dos esforços impeça qualquer deslo- nada mais é que uma fita de aço galvani-
opção por viga baldrame, em conjun-
camento indesejável. zada,com dobras para aumentar a capa-
to com os blocos de fundação, se dá
quando a resistência do solo só é en-
contrada em profundidades maiores. Montante perfil Ue
A viga baldrame permanece com a
condição de possuir continuidade para
Montante duplo dois perfis Ue
o apoio dos painéis (paredes) como nos
casos citados anteriormente. Estrutu-
ralmente, a viga baldrame pode ser
considerada uma viga, por vezes contí- Parafuso para
nua, que se apóia nos blocos com a ação fixação do
de seu peso próprio e das cargas dos conector aos
painéis. Pode-se dimensioná-la tam- montantes
bém como viga sobre base elástica, ob- duplos
tendo-se certa economia na armadura.
Qualquer que seja a opção especi- Conector
ficada para a fundação de construções de ancoragem
em steel frame, deve-se verificar o des-
locamento de translação e rotação da Barra roscada com
estrutura pela ação do vento. ancoragem química
Para que esses efeitos sejam impe- Laje radier
didos, a fixação da estrutura deve ser Guia inferior do painel
Fonte: Manual Steel Framing Arquitetura – CBCA
executada de maneira que fique coe-
rentemente ancorada à fundação. Figura 10 – Detalhe de ancoragem

79
como construir_patrocinio.qxd 4/6/2008 15:08 Page 80

COMO CONSTRUIR

cidade aderente – é chumbada à funda- A ancoragem também pode ser


ção para a fixação em conjunto com o provisória, um processo utilizado na
montante. O montante geralmente tam- montagem da estrutura, onde os pai-
bém é de perfil duplo,como na figura 11. néis são fixados com pistola a pólvora,

Divulgação Pienge Engenharia


A ancoragem tipo "J" é executada como mostra a figura 13.
com um chumbador (fixado à funda-
ção), que se prende por parafuso a um Considerações finais
pedaço de perfil e se fixa à guia. Essa, Todos esses sistemas de ancora-
por sua vez, fixa os montantes, confor- gem são projetados de forma a racio-
me mostra a figura 12. nalizar a execução e montagem da es-
Figura 13 – Pino de fixação provisória
Outra forma de ancorar a estrutu- trutura, dentro de critérios rígidos de
ra é utilizar "parabolts". Trata-se de qualidade. A fundação deve, portanto,
um chumbador de expansão com tor- adequar-se a esse nível de sofisticação, Antonio Wanderley Terni
que radial e uniforme. Perfura-se a caso contrário o processo poderá ter Professor-doutor do Departamento de
fundação e fixa-se a guia com "para- gargalos. A concepção construtiva de Engenharia Civil da Unesp do Campus de
bolts" aparafusados. uma edificação em steel frame, tal Guaratingüetá-SP
Todos os tipos de ancoragem re- como um produto acabado, deve se-
Alexandre Kokke Santiago
querem uma guia. Trata-se de um per- guir padrões que, se bem observados,
Arquiteto, Mestre em Engenharia Civil,
fil estrutural na posição horizontal e levarão a um nível ótimo a relação
Construção Metálica (UFOP)
nele são presos os montantes ou cha- custo–benefício, justificando-se como
mados perfis verticais. sistema industrializado. José Pianheri
Montante duplo Engenheiro Civil, consultor, sócio diretor
da Pienge Engenharia e Construção Ltda.

Montante perfil Ue

Guia inferior LEIA MAIS


do painel
NBR 6122 – Projeto e Execução
de Fundações. ABNT (Associação
Laje radier Brasileira de Normas Técnicas).
Fita metálica para ancoragem NBR 6489 – Prova de Carga
Direta Sobre Terreno de
Extremidade da fita Fundação. ABNT (Associação
engastada na fundação Brasileira de Normas Técnicas).
Montante perfil Ue NBR 6118 – Projeto de Estruturas
de Concreto – Procedimento.
ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas).

NBR 6123 – Forças Devidas ao


Vento em Edificações. ABNT
(Associação Brasileira de
Normas Técnicas).

NBR 8036 – Programação de


Guia inferior Sondagens de Simples
do painel Reconhecimento dos Solos para
Fundações de Edifícios. ABNT
Perfil Ue (Associação Brasileira de
Normas Técnicas).
Barra roscada tipo “J” Steel framing: Arquitetura.
Laje radier Arlene Maria Sarmanho Freitas.
Fonte: Manual Steel Framing Arquitetura – CBCA
CBCA (Centro Brasileiro da
Figuras 11 e 12 – Detalhes de ancoragem Construção em Aço).

80 TÉCHNE 135 | JUNHO DE 2008

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