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capa tech 140a.

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a revista do engenheiro civil


téchne 140 novembro 2008


www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 140 ano 16 novembro de 2008 R$ 23,00
COMO CONSTRUIR
Light wood
frame
Concreto auto-adensável ■ Pré-moldados ■ Minitúneis ■ Entac 2008 ■ Prêmio Talento Engenharia Estrutural ■ Drywall ■ Light wood frame

ENTREVISTA
BERNARDO TUTIKIAN
E DENISE DAL MOLIN
Concreto
auto-adensável
DRYWALL
Evolução seca
PRÊMIO TALENTO
ESTRUTURAL
Confira projetos
vencedores
INFRA-ESTRUTRA
Minitunéis

Edifícios
pré-moldados
00140

9 770104 105000
ISSN 0104-1053

Sistema deixa de ser sinônimo de obras


industriais para ganhar as alturas
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SUMÁRIO
Walter Stadtorens/ Hm Architecten Luuk Kramer

CAPA
48 Alto e pronto
Bélgica e Holanda levam ao ápice as
tecnologias de construção de
edifícios pré-moldados

44 ESQUADRIAS
Silicones estruturais
Fixação química de vidros deve ser
precedida de testes de arrancamento

54 DRYWALL – 60 ANOS
Evolução seca
Uma trajetória dessa tecnologia
que só começou a se firmar
no País nos anos 90

58 ARTIGO
Urbanização, agregados minerais
e sustentabilidade
Pesquisador aponta alternativas para
"alimentar" a indústria da construção

75 COMO CONSTRUIR
Light wood frame
Conheça o sistema construtivo com
estruturas leves de madeira
Marcelo Scandaroli

32 ENTAC 2008
Ambiente sustentável SEÇÕES
Encontro discute alternativas Editorial 4
de sustentabilidade no Web 8
ambiente construído Cartas 10
Área Construída 12
36 PRÊMIO TALENTO Índices 16
ENGENHARIA ESTRUTURAL IPT Responde 18
Estruturas premiadas Carreira 20

24 Ponte Estaiada Octávio Frias de


Oliveira e Rochaverá ganham
Melhores Práticas
P&T
22
64
o prêmio Talento Obra Aberta 70
ENTREVISTA Agenda 72
Vantagens concretas 40 INFRA-ESTRUTURA
Autores de novo livro da PINI Subsolo congestionado Capa
destacam aplicações do Entenda a logística de passagem de dutos Layout: Lucia Lopes
concreto auto-adensável e minitúneis nos subsolos urbanos Fotos: divulgação Copen Engenharia

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É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Engenharia contra a crise VEJA EM AU
m um dos debates para as eleições presidenciais norte-
E americanas, ao ser indagado sobre a crise financeira mundial, o
então candidato Barack Obama recorreu ao velho argumento de
que qualquer crise representa mudança e, portanto, novas
oportunidades. Obama vislumbra a chance de os Estados Unidos se
colocarem na vanguarda das tecnologias limpas e liderar a corrida
verde no mundo. A idéia é permitir a retomada do crescimento  Edifício Top Towers
americano a partir do investimento em uma nova matriz energética  Casa em Joanópolis
e em tecnologias de baixo impacto ambiental. Assim que a crise  Cecil e Balmond
 Documento: Jacques Pilon
financeira mundial chegou ao Brasil e começou a assombrar a
outrora embaladíssima indústria da construção civil nacional, a VEJA EM
necessidade de as empresas se diferenciarem no mercado tornou-se CONSTRUÇÃO MERCADO
ainda mais premente. Do ponto de vista da produção, duas
vertentes são favoritas nessa disputa: ecoeficiência e
industrialização. As duas já constavam das preocupações das
construtoras mais conscientes, mas podem ganhar contornos
estratégicos. Há quem diga que isso tudo não passa de marketing.
Vale relembrar aos descrentes que o único traço característico dos
novos tempos tem sido o aumento da velocidade das mudanças,  Crise financeira
cada vez mais rápidas e surpreendentes. Teremos de esperar o Poder  Salários
 Subprime brasileiro
Público impor suas vontades políticas para nos conscientizarmos da  Seguros
necessidade de investir em sustentabilidade? Vamos aguardar novos
ciclos de desabastecimento de insumos e de falta de mão-de-obra
para apostarmos em soluções industrializadas? Nesta edição, na
qual destacamos na capa os sistemas pré-fabricados para edifícios
altos, oferecemos algumas mostras do quanto é possível fazer hoje,
de forma viável e responsável, pela industrialização do setor. Afinal,
tecnologia e conhecimento constituem os ativos mais importantes
das empresas construtoras no século XXI. Coisas que hoje
ganharam nomes pomposos, como landbank, guidance e branding,
são importantes. Mas não devem nos fazer esquecer daquilo que
sabemos fazer melhor: engenharia.
Paulo Kiss

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TCPO e atendimento ao assinante Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Redes subterrâneas
Assista na versão online da Téchne a demonstração do funcionamento do método não-
Fórum Téchne
destrutivo de encamisamento interno. Veja também uma simulação, feita em 3D pela O site da revista Téchne tem um espaço
Eletropaulo, da concentração das redes subterrâneas encontradas sob a avenida Brigadeiro dedicado ao debate técnico e qualificado
Luís Antônio, no Centro de São Paulo. Até trilho de bonde foi encontrado sob o asfalto. dos principais temas da engenharia.
Confira os temas em andamento.
Divulgação: Sabesp

Com a crise mundial, você


acha que a oferta de empregos
vai cair?
Se o governo retirar o dinheiro das
obras de infra-estrutura e elevar os
juros, certamente a oferta de empregos
cairá. Mas se a sociedade cobrar que
sejam efetivadas as obras do PAC e que
o País deve dar passos conscientes na
crise, tudo pode ser diferente. O fato é
que os empreendimentos imobiliários
dependem diretamente das condições
de crédito, que podem endurecer
conforme o governo deseje reduzir o
consumo; e as obras de infra-estrutura
dependem de planos e ações também
do governo, ainda que por meio de
parcerias público-privadas. Daí, a
estagnação da engenharia civil
Manfred Steinbach

Trabalhos completos brasileira nos últimos 30 anos.


Kurt André Pereira Amann [23/10/2008]
O site de Téchne traz os
trabalhos completos
Você é a favor da paridade de
submetidos à comissão
diploma entre os países?
científica do Entac (Encontro
Um perigo que se corre no caso dos
Nacional de Tecnologia do
profissionais europeus é o Processo
Ambiente Construído) e
de Bolonha, em que a denominação
abordados na matéria sobre o
"mestrado" é atribuída ao profissional
evento. Confira!
que cursou por cinco anos a
faculdade. Ou seja, um "mestre"
europeu formado depois de 2007 é,
Divulgação: Holcim

Holcim Awards na verdade, um engenheiro com


A etapa latino-americana do prêmio formação de base no Brasil. Por isso, o
de sustentabilidade Holcim Awards título pode vir a atrapalhar.
elegeu cinco projetos brasileiros Maira Santana [09/10/2008]
entre 12 premiados.
Veja mais detalhes dos Sou contra, haja vista que, em alguns
trabalhos vencedores, incluindo países, não há legislação específica
os contemplados com para as áreas tecnológicas.
menções honrosas. Fernando Benigno da Silva [30/09/2008]

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CARTAS Envie sua crítica ou sugestão.


techne@pini.com.br

Coordenação modular
Nós, do Grupo Usiminas, gosta- nhos a todos os elos da cadeia pro- principalmente em moradias e
ríamos de parabenizar a equipe de dutiva, da idéia de um empreendi- infra-estrutura. Ainda falta ao
Téchne pelas reportagens da edição mento ao usuário final do edifício. poder público, em suas três instân-
138, dedicada à industrialização da O trabalho dos arquitetos e dos cias, compreender que a carga tri-
construção em suas várias instân- engenheiros de projeto é mais va- butária sobre produtos e soluções
cias. Uma mesma edição contem- lorizado e útil ao ambiente de pro- industrializadas ainda é o princi-
plando temas como alta tecnologia dução, o trabalho do construtor pal entrave à definitiva industriali-
de estruturas mistas em uma obra pode ser planejado à risca, com re- zação do setor produtivo e da
nacional, a cronologia das estrutu- dução de imprevistos. Reduzem-se construção brasileira. O aumento
ras de aço no Brasil e a excelente en- impactos ambientais e urbanos a de produtividade fomenta a eco-
trevista sobre coordenação modu- curto e longo prazos das constru- nomia como um todo e substitui o
lar com o arquiteto e professor ções – algo imperativo frente à rea- emprego informal e inseguro dos
Hélio Adão Greven exibe à cadeia lidade global –, o retorno ao capi- canteiros de obras artesanais pelo
produtiva da construção civil no tal investido em determinado pro- ambiente de fábrica e o conceito
Brasil as nossas reais possibilidades jeto imobiliário é mais rápido e a de montagem.
de industrialização. A coordenação produtividade do setor aumenta Ascanio Merrighi, Superintendente de
modular é o conceito básico que em níveis proporcionais aos desa- Desenvolvimento da Construção em Aço Usiminas
alimenta esse processo e traz ga- fios que nosso País exige hoje, amerrighi@usiminas.com.br

Concreto sustentável, Téchne 139


Povindar Kumar Mehta, Profes- ficiente para resolver o grave pro- O autor desenvolveu no IPT
sor Emeritus em Engenharia Civil blema em questão. É preciso avaliar (Instituto de Pesquisas Tecnológicas
na Universidade de Berkeley, "papa" com eqüidade! De acordo com do Estado de São Paulo) modelo
mundial do concreto, disse em en- Nader (1997:133-134), "na Ética a matemático da régua de Lesbos. No
trevista à revista Téchne 139: "[...] é Nicômaco, Aristóteles traçou, com caso de a "pedra" ser perfeitamente
possível reduzir de 20% a 25% o precisão, o conceito de eqüidade, plana, o coeficiente de estabilidade
teor de cimento com o uso de super- considerando-a 'uma correção da da régua de Lesbos (k) é igual a 1.
plastificante. Essa questão não é va- lei quando ela é deficiente em razão Para superfícies irregulares, k varia
lorizada pela certificação. Se um da sua universalidade' e comparou- de 0 a 1. No caso de a "pedra" não
edifício economizou 2.000 t de a com a 'régua de Lesbos' que, por existir (item não obrigatório, não
emissões de carbono, qual o proble- ser de chumbo, se ajustava às dife- cumprido pelo avaliado), k é igual a
ma de ser pontuado no LEED? É rentes superfícies: 'A régua adapta- infinito. O coeficiente de estabilida-
uma questão global, atual, que deve- se à forma da pedra e não é rígida, de da régua de Lesbos é dado por k =
ria ser pensada". exatamente como o decreto se ge, inf./ge, sup. Em que ge, inf. e ge,
Ah, meu Deus! O problema é adapta aos fatos'. [...] 'Eqüidade é a sup. são, respectivamente, os limites
que o refutável velho sistema de justiça do caso particular. Não é ca- inferior e superior do fator eqüida-
pontuação não comporta a comple- ridade, nem misericórdia, como de. O fator eqüidade calibra o peso
xidade de sistema orgânico total de afirmavam os romanos – justitia da característica. Os resultados da
edifício. Há certa presunção em dulcore misericordiae temperata avaliação com uso da régua de Les-
qualquer tentativa de avaliar de- (justiça doce, temperada de miseri- bos são desacoplados do avaliador.
sempenho de edifício com base córdia). Não é também fonte cria- A régua de Lesbos é universal.
nesse sistema. dora do Direito, mas um sábio cri- Ricardo Wagner Reis Duarte
Não obstante os argumentos só- tério que desenvolve o espírito das engenheiro civil, mestre em Habitação pelo IPT
lidos do proeminente professor normas jurídicas, projetando-o sobre (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
Mehta, a pontuação em si não é su- os casos concretos'." de São Paulo).

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ÁREA CONSTRUÍDA
Construtech promove seminários sobre tecnologia, engenharia de
custos, compras e arquitetura
Aconteceu em outubro o "Construtech
– Encontro Internacional dos Profis- Marcelo Scandaroli

sionais da Construção", promovido


pela PINI em São Paulo. O evento reu-
niu engenheiros e arquitetos para tra-
çar um panorama do setor da Constru-
ção Civil brasileira. Entre as discussões,
foram destaque os temas da industriali-
zação nos canteiros e do contexto atual
do mercado imobiliário brasileiro. Du-
rante a Construtech, também se reali-
zou a 14a edição do Prêmio PINI, que
contempla os melhores fornecedores
em 45 categorias, escolhidos em vota-
ção pelos assinantes a pagamento das
revistas da Editora PINI. Veja um resu-
mo dos debates e palestras realizados cia e produtividade das empresas brasi- Arquitetura
nos três dias do evento: leiras. "Estamos voltando a fazer esqua- O fórum "Arquitetura e Soluções Es-
drias em obra. Se a construção em larga truturais – Desafios de Forma e Técni-
Tecnologia escala não consegue superar a artesa- ca para Arquitetos e Engenheiros de Es-
O tema do primeiro dia foi "Tecnologia nal, há alguma coisa errada." truturas", realizado no terceiro dia do
de Edificações para Obras Rentáveis – Construtech, teve palestras do profes-
Como Desenvolver Soluções Técnicas Engenharia de custos sor e engenheiro de estruturas Yopanan
Inovadoras de Projeto e Execução para O segundo dia de debates no Cons- Rebello e dos arquitetos Siegbert Za-
Agilizar e Rentabilizar Empreendimen- trutech foi marcado pela visão critica, nettini, Paulo Sophia e Gui Mattos,
tos". Palestrante convidado, o arquiteto sobre as empresas do setor imobiliá- além do chileno Sebastián Irarrázaval.
Henrique Cambiaghi, da CFA Cam- rio, do coordenador do Núcleo de Zanettini e Rebello concordam com a
biaghi Arquitetura, destacou a impor- Real Estate da Poli-USP, João da importância da convergência de co-
tância da etapa de concepção e projeto Rocha Lima. O professor questionou nhecimentos e habilidades entre arqui-
para um empreendimento. "Há maior o modelo de parcerias entre empresas tetos e engenheiros. "Conheço excelen-
eficiência e confiabilidade se todas as de capital aberto e construtoras de tes profissionais nas duas especialida-
alternativas forem estudadas nessa fase. menor porte, que, em sua opinião, des que,na verdade,não deveriam estar
No meu escritório, entre 25% e 30% podem ser extremamente ineficazes separadas", declarou Zanettini. Na
dos custos são com gastos de retraba- porque as grandes assumem riscos, mesma linha, Rebello disse conhecer
lho", afirma. Partilha da opinião do ar- mas dividem os lucros. A formação "grandes arquitetos engenheiros e
quiteto o projetista estrutural Ricardo de grandes bancos de terrenos tida grandes engenheiros arquitetos". Sobre
França, da França e Associados e Enge- como estratégia para aumento do a industrialização na construção, Sofia,
nharia: "Uma estrutura concebida no VGV (Valor Geral de Vendas) tam- ex-presidente do IAB-SP (Instituto dos
estudo preliminar não pode ser modifi- bém foi alvo de críticas de Lima. "Não Arquitetos do Brasil – Diretório São
cada. Na execução, devemos discutir o adianta dizer que vai fazer 'x' milhões Paulo), acredita na associação de arqui-
detalhamento da armadura, garantir o de metros quadrados só porque tem tetura, espaço, produção e industriali-
desempenho adequado". A diretora do terreno suficiente para isso. Faltam os zação com bem-estar social. "O que é
Núcleo de Gestão e de Inovação, Maria meios. O landbank das empresas é melhor do ponto de vista social: um
Angélica Covelo Silva, por sua vez, ma- duvidoso porque as aquisições foram operário que atua em uma fábrica,com
nifestou preocupação quanto à eficiên- feitas em volume, não em qualidade." equipamentos adequados e boas con-

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dições de trabalho, ou em um canteiro RESULTADO DO PRÊMIO PINI 2008


sujo, sem condições de segurança, Categoria Fornecedor
saúde e higiene?" O arquiteto Gui Mat- Alojamento Fixo para Canteiro de Obra Canteiro (madeira)
tos falou também sobre o processo de Alojamento Móvel para Canteiro de Obra Eurobrás (metálico)
elaboração de projetos com softwares Aquecedor Doméstico de Água Soletrol (solar)
BIM (Building Information Mode- Ar-condicionado Central Springer Carrier
ling)."O programa minimiza a possibi- Argamassa Industrializada Colante Weber/Quartzolit
lidade de erros e permite mudanças rá- Argamassa Industrializada de Revestimento Weber/Quartzolit
pidas, que são logo incorporadas ao Cadeiras para Escritório Giroflex
projeto", declarou o arquiteto. O pro- Caixilho Especial de Alumínio Luxalum
fessor e arquiteto chileno Sebastián Caixilho Padronizado de Alumínio Sasazaki
Irarrazával falou sobre o projeto de um Cal Hidratada Votoran/Votorantim
novo edifício de madeira desenvolvido Chapa de Madeira Compensada para Fôrmas GVA/Madeirit
para a Faculdade de Arquitetura e De- Cimento Portland Votoran/Votorantim
senho da Universidade Católica do Concreto Dosado em Central Engemix
Chile. Abordou também projetos re- Disjuntor Siemens
centes e marcantes de sua produção, Elevador de Obra Mecan (cabo de aço)
como a Ocho al Cubo House e, em es- Elevador Residencial e Comercial Atlas Schindler
pecial, o Indigo Patagônia Hotel, que Escoramento Metálico SH Fôrmas
traz referências de tipologia e lingua- Estrutura Metálica Usiminas Mecânica
gem observadas nas edificações da Pa- Estrutura Pré-fabricada de Concrteto Precon
tagônia chilena, como as fachadas em Fechadura para Porta Papaiz
aço corrugado e madeira de pinho. Fios e Cabos Elétricos Sil Fios e Prysmian/Pirelli
Fôrma Metálica SH Fôrmas
Fôrma Pré-fabricada de Madeira Engeformas
Compras
Gabiões Maccaferri
O "Fórum Nacional de Compra-
Impermeabilização com Mantas Asfálticas Viapol/Torodin
dores da Construção Civil", também
Impermeabilização Rígida Vedacit
realizado no terceiro dia do Constru-
Interruptor e Tomada Pial Legrand
tech, apontou caminhos para a com-
Louças Sanitárias Deca
pra de insumos da construção equili-
Membrana Asfáltica – Sistema Moldado “in loco” Vedacit/Vedapren
brando custos, prazo e qualidade. Para
Metais Sanitários Deca
o palestrante Eduardo Luis Isatto,
Móveis para Escritório Giroflex
coordenador do Norie (Núcleo Orien-
Painéis Arquitetônicos de Fachada para Edifícios Munte
tado para a Inovação na Edificação), a
Parede de Chapa de Gesso Lafarge Gypsum
resposta para esse desafio está em de- Piso Laminado Durafloor/Duratex
senvolver o potencial estratégico do Piso Vinílico Fademac
processo de aquisição de insumos, Porta Pronta Sincol
aprimorando as relações com os for- Revestimento Cerâmico Portobello
necedores no longo prazo, e não ape- Revestimento de Alumínio para Fachada Alucobond/Alcan
nas em demandas de curto prazo. Essa Telha de Fibrocimento Eternit
visão mais estratégica do processo de Telha Metálica Termoisolante Eternit
compras exige um novo perfil profis- Tinta Imobiliária Suvinil
sional, de acordo com João Ricardo Tubo e Conexão para Condução de Água Fria Tigre (PVC)
Ludgero Ferreira, gerente nacional de Tubo e Conexão para Condução de Água Quente Tigre (CPVC)
suprimentos da Rossi Residencial. "O Vergalhão – Aço para Concreto Armado Gerdau
profissional de suprimentos, que antes Vidro Blindex
era aquele que processava informação,
Mais informações www.piniweb.com.br/construcao/carreira-exercicio-profissional-
hoje é aquele que gera informação por
entidades/melhores-fornecedores-da-construcao-recebem-premio-pini-113413-1.asp
meio de análise de mercado, de uma
relação próxima com fornecedores es-
tratégicos, de soluções de gestão, de sis- título "Vai faltar material?", e brincou: que a construção civil quis promover.
temas de informação",destacou.Os re- "Será que agora a próxima capa será "Houve uma superestimação do mer-
flexos da crise financeira também 'Vai sobrar material?'". Para o pales- cado, e o mercado financeiro não per-
foram abordados pelos palestrantes. trante Paulo Sérgio F. de Oliveira, dire- doa esse tipo de promessa não cumpri-
Ferreira mostrou uma capa da revista tor da Método Fast, a cadeia não estava da.Vai haver,certamente,uma redução
Construção Mercado de junho com o preparada para o grau de alavancagem na curva de crescimento", avaliou.

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ÁREA CONSTRUÍDA

Holcim Awards América Latina elege cinco projetos brasileiros entre 12 premiados
Os vencedores foram anunciados em ceberam menções honrosas por suas Categoria Prata: Midiateca da PUC-Rio
23 de outubro na Cidade do México abordagens inovadoras.
durante a terceira das cinco cerimônias Os projetos foram julgados sob critérios
que compõem o Holcim Awards. O econômicos, ambientais e sociais, a par-
concurso trienal é promovido pela tir do grau de inovação e potencial de re-
Holcim Foundation for Sustainable plicação das propostas, de modo que
Construction para projetos inovadores possam ser aplicados em qualquer parte
e viáveis. Além da etapa latino-ameri- do mundo. Os trabalhos foram avalia-
cana, já foram anunciados os vencedo- dos por um júri independente,compos-
res da Europa e da América do Norte. to, entre outros, pelo professor Vander-
Restam os resultados dos concursos ley John, da Universidade de São Paulo. Ganhadora de concurso promovido
realizados nas regiões África-Oriente Confira mais sobre os vencedores da pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade
Médio e Ásia-Pacífico.Os três vencedo- principal premiação: Católica do Rio de Janeiro) para o pro-
res da principal categoria do prêmio – jeto de midiateca da universidade, o
ouro, prata e bronze – em todas as re- Categoria Ouro: Projeto de Integra- edifício desenvolvido pela SBPR Arqui-
giões concorrem na edição global Hol- ção Urbana na Colômbia tetos foi o segundo melhor classificado
cim Awards. Ao todo, serão distribuí- pelo júri do Holcim Awards por conta
dos US$ 2 milhões em prêmios. não só da qualidade arquitetônica,
Entre os brasileiros, estão classificados como também por explorar as tecnolo-
os projetos do edifício de alta eficiência gias construtivas .De acordo com os ju-
energética para a midiateca da PUC- rados, o conceito é impulsionado por
Rio, da SBPR Arquitetos, e uma torre elementos de design passivos, tais
multifuncional para coleta de água de como orientação adequada, isolamen-
chuva, aquecimento solar e armazena- to térmico, janelas com proteção solar,
mento de água, desenvolvida pelos pes- ventilação e iluminação naturais para
quisadores Maria Andrea Triana, Ro- Sob organização da Empresa de Desen- contribuir com a redução do consumo
berto Lamberts e Marcio Antonio An- volvimento Urbano de Medellín, na energético apesar dos requisitos eleva-
drade da Universidade Federal de Santa Colômbia, o arquiteto Gustavo Adolfo dos no que tange ao clima interior, ne-
Catarina,que ficaram em segundo e ter- Restrepo e equipe desenvolveram o cessários para a conservação dos livros
ceiro lugares. O principal prêmio lati- PUI (Projeto Urbano Integral) Comu- e outras mídias. A estrutura do edifício
no-americano foi atribuído ao projeto na 13 para a área ocidental central da é formada por armações, apoiada cada
de planejamento urbano para uma co- cidade. Ocupada por cerca de 145 mil uma em duas colunas.As fachadas lon-
munidade em Medellín, na Colômbia. moradores em área de 700 hectares, gitudinais são constituídas de painéis
O Holcim Awards também contem- essa zona praticamente vivia margina- de aço de 55 mm de espessura soldadas
plou trabalhos visionários de jovens lizada do resto de Medellín, dadas as continuamente, compostas também de
profissionais na categoria Next Gene- condições topográficas do local, um barreira de ar, isolamento térmico, es-
ration. Em primeiro lugar ficou o ar- dos mais escarpados da cidade. paço mecânico e painel acústico. As fa-
quiteto chileno Alberto Fernandez O cenário começou a mudar a partir da chadas têm a função de proteger o edi-
Gonzalez pelo projeto de uma torre de implantação do Metrocable,sistema te- fício das condições climáticas como
captação de água da névoa costeira leférico utilizado como transporte para também fornecem sombra à parede in-
"Camanchaca", em Huasco, região de- integrar essa zona ao metrô e à cidade. terna. As prateleiras para guardar os li-
sértica do Chile, com finalidade de ir- Nesse contexto, a equipe desenvolveu, vros são exibidas dentro de uma área de
rigação agrícola. O segundo prêmio ao longo do metrocable e dentro da co- vidro fechada,que forma um centro re-
foi atribuído ao projeto integrado munidade, uma série de programas tangular rodeado de espaços para escri-
para habitações de baixo custo em para a regeneração da área por meio de tórios. Com essa configuração, os escri-
áreas urbanas, dos arquitetos mexica- processo participativo, inclusive da po- tórios estão sempre próximos das jane-
nos Ricardo Julian Vasquez Ochoa e pulação.Uma série de intervenções está las e prateleiras e o consumo energético
Emílio José García Bidegorry. O arqui- sendo realizada na região, como a im- para o controle necessário de tempera-
teto brasileiro Thiago Cintra Pilegi, de plementação de novos edifícios públi- tura e umidade é reduzido, protegendo
Campinas, ficou em terceiro lugar cos, bibliotecas, centros de desenvolvi- a coleção de livros do exterior por uma
com a apresentação de projeto de uti- mento de negócios, instalações despor- camada dupla de vidro simples. Segun-
lização de espaços urbanos desocupa- tivas, melhoria das escolas, centros mé- do o arquiteto Ângelo Bucci,da SBPR,a
dos para a produção agrícola. Seis pro- dicos e outros serviços. Por esse proje- construção está avaliada em R$ 27 mi-
jetos, sendo dois brasileiros, ainda re- to, a equipe desembolsou US$ 100 mil. lhões,além dos R$ 13 milhões previstos

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area construida.qxd 5/11/2008 17:18 Page 15

com o gasto em equipamentos. O pro- Federal de Santa Catarina), desenvolve- tanque. A torre pré-fabricada de con-
jeto, até agora financiado por uma fun- ram uma cisterna sustentável para habi- creto pode ser incorporada em constru-
dação suíça anônima,será erguido com tações de baixa renda. O sistema, dis- ções novas ou existentes ou, ainda, em
recursos da Lei Rouanet. posto em uma única torre, possibilita a futuras residências projetadas para a
coleta de água de chuva, depósito de ar- tecnologia. "É uma conexão externa e
Categoria Bronze: Torre para coleta mazenamento de água potável e aqueci- tecnicamente não seria difícil", afirma o
de água de chuva e aquecimento mento de água por meio de energia engenheiro Roberto Lamberts. O baixo
solar da água solar. A cisterna pode também ser con- custo da instalação reduz o esforço eco-
cebida em áreas onde o abastecimento nômico na cobertura das necessidades
de água é crítico.Ao incorporar um dis- básicas a famílias de baixos rendimen-
positivo de tratamento de água no siste- tos. Mesmo com produção em escala, o
ma, pode ser fornecido um maior volu- engenheiro pondera que o sistema
me de água, em especial em áreas em ainda depende de maior maturação no
que a queda de chuva é insuficiente. A que tange ao uso de tecnologia que ba-
torre,formada por anéis pré-moldados, rateie mais ainda o produto. No entan-
pode ser estendida e girada por conta de to, ele elogia a flexibilidade da cisterna
seu formato redondo. Dessa forma, o para a experimentação e uso de tecno-
A partir de uma demanda da Cohab/SC coletor solar pode ser instalado em logias variáveis. "É possível desenvolver
(Companhia de Habitação do Estado muitas direções e com diversas inclina- várias alternativas e pensar em diferen-
de Santa Catarina), a arquiteta Maria ções em relação ao sol, consoante a lati- tes coletores", exemplifica.
Andrea Triana e os engenheiros Rober- tude local. O volume do depósito de ar-
to Lamberts e Marcio Antonio Andra- mazenamento de água da chuva pode Veja em www.revistatechne.com.br
de, todos pesquisadores do LabEEE- ser dimensionado de acordo com os pa- mais imagens dos projetos vencedores e
UFSC (Laboratório de Eficiência Ener- drões locais de queda de chuva. Além detalhes dos trabalhos classificados nas
gética em Edificações da Universidade disso, é acrescentado espaço para um outras categorias do Holcim Awards
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ÍNDICES
Preços na Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
gangorra 35
IPCE materiais
No mês, a alta foi menor, mas acumulado 30 IPCE global
supera IGP-M no ano IPCE mão-de-obra
25
IPCE (Índice PINI de Custos de
O Edificações) encerrou o mês de
outubro com alta de 0,59%. O per-
20 18 19 20,00
centual é inferior ao IGP-M (Índice 14
15
Geral de Preços de Mercado)da Fun- 13,78
13 13
dação Getúlio Vargas, que registrou 10 11
10 9
alta de 0,98%. 9 9
9 9 8,20
Porém, nos últimos 12 meses, 6 6 6 6 6 6 8 8 8
5,82 5 5
construir em São Paulo está em mé- 5 4 5 5
3,78 4 4 5
dia 13,78% mais caro, contra 12,23% 1,60 3 4
2 2
do acumulado pelo IGP-M no mes- 0
Out/07 Dez Fev Abr Jun Ago Out/08
mo período.
Em decorrência da falta do insu-
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
mo no mercado, o cimento Por-
Mês e Ano IPCE – São Paulo
tland CPII deve continuar a in-
global materiais mão-de-obra
fluenciar a alta do índice neste mês.
Out/07 114.860,42 54.342,72 60.517,71
Em outubro, o saco de 50 kg regis-
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
trou variação de 17,53%, passando
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
de R$ 18,41 para R$ 21,64.
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
Insumos como assoalho de ma-
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
deira (espessura = 20 mm/largura =
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
200 mm) e a areia lavada média sofre-
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
ram alta de 5,34% e 2,97%. O assoa-
mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
lho de madeira, que em setembro cus-
jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
tava R$ 106,98/m2, em outubro pas-
jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99
sou a custar R$ 112,70/m²; já a areia
ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99
lavada média, que apresentava valor
set 129.925,73 64.446,74 65.478,99
de R$ 71,14/m3, com reajuste, passou
Out/08 130.691,57 65.212,58 65.478,99
para R$ 73,25/m3.
Variações % referente ao último mês
Em outubro, o preço da barra de
mês 0,59 1,19 0,00
aço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm/m =
acumulado no ano 13,31 18,96 8,20
0,617 kg/m) e do perfil de alumínio
acumulado em 12 meses 13,78 20,00 8,20
para caixilho anodizado fosco apre-
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
sentaram deflação de 1,52% e 4,94%,
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
contra alta de 3,11% e 0,49% do mês
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
de setembro.
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Ladrilhos hidráulicos
Como são produzidos, passo a passo, os sura.A produção é extremamente arte-

Divulgação: Dalle Piage


antigos ladrilhos hidráulicos decorativos sanal, devendo-se dispor para tanto de
multicoloridos? Quais etapas e materiais moldes metálicos (ferro, cobre ou
são necessários? Existe mercado ainda latão), sendo uma fôrma externa e
para esse tipo de produto? moldes internos para realização das di-
Eugênio Silas Ricarde ferentes formas e desenhos. Previa-
Belo Horizonte mente preparam-se "tintas" – caldas de
cimento branco, água e o(s) óxido(s)
Ladrilho hidráulico designa um com- requerido(s), sendo as misturas muito
ponente de revestimento de pisos, e bem homogeneizadas. Supondo um
eventualmente de paredes, constituído ladrilho com apenas dois motivos/duas
essencialmente por areia, pigmentos e cores, o molde interno apresentará
cimento Portland. O cimento é um compartimentos destinados à calda de dade hoje de cimentos de alta resistên-
aglomerante hidráulico, ou seja, seu uma e de outra cor respectivamente. cia, pigmentos sintéticos, aditivos su-
endurecimento se processa segundo Inicialmente,e com todo cuidado,verte- perfluidificantes, sílica ativa e outros
reações químicas com a água, daí o se apenas uma das caldas, e sobre ela pó materiais pode propiciar a fabricação
nome "ladrilho hidráulico". Na produ- de cimento, com a finalidade de absor- de ladrilhos com durabilidade ainda
ção dos ladrilhos emprega-se normal- ver o excesso de umidade. Quando a maior. Do ponto de vista da arquitetu-
mente cimento branco, areia fina ou primeira calda ganhar resistência sufi- ra, é um produto extremamente dife-
média bem lavada (sem impurezas or- ciente, sem risco de ser manchada pela renciado, podendo inclusive constituir
gânicas, concreções ferruginosas, argi- segunda calda, retira-se o molde metá- mosaicos e painéis individualizados.
la etc.), eventualmente pó de mármore lico interno e verte-se cuidadosamente Enquanto existir requinte, bom gosto
e pigmentos inorgânicos com diferen- a segunda calda nos espaços vazios, e poder aquisitivo, existirá mercado
tes cores (óxidos de ferro na cor preta, completando-se assim o desenho/face para os ladrilhos hidráulicos.
vermelha ou amarela, óxido de titânio do ladrilho. Recobre-se novamente Ercio Thomaz
ou litopônio na cor branca, cromato com pó de cimento a segunda calda, Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do
de chumbo ou amarelo de cádmio nas completa-se a fôrma com argamassa Ambiente Construído)
cores amarelo/laranja, óxido de cromo de cimento e areia (em excesso) e con-
na cor verde etc.). Os ladrilhos nor- duz-se o conjunto até uma prensa,
LEIA MAIS
malmente apresentam forma quadra- onde as três camadas são adensadas e
da, com lado de 20 cm e espessura em "monolitizadas" sob pressão. Após en- "Ladrilhos e Revestimentos
torno de 2 cm. O ladrilho é composto durecimento, retira-se cuidadosamen- Hidráulicos de Alto
normalmente por três camadas: a de- te a fôrma externa e procede-se à cura, Desempenho". Thiago Catoia.
corativa, com cerca de 2 mm de espes- normalmente por imersão em água. Dissertação de mestrado apresentada
sura, a segunda constituída apenas por Existem, em diversas partes do mundo à USP/Escola de Engenharia de São
cimento com cerca de 2 mm, e a tercei- e inclusive no Brasil, construções com Carlos. São Carlos-SP, 2007.
ra que constitui o corpo do ladrilho pisos em ladrilhos hidráulicos com
propriamente dito, composta por ar- idade quase centenária, com excelente Ladrilhos Hidráulicos. Equipe de
gamassa com 1,5 cm a 2 cm de espes- estado de conservação. A disponibili- Obra 19, páginas 22 a 25.

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carreira.qxd 5/11/2008 17:22 Page 20

CARREIRA
Certificador ambiental
Ainda raro no mercado e com a demanda em alta, profissional obtém boas
remunerações, apesar de ainda sofrer com falta de cultura sustentável do setor

Q uando começou, a sempre cres-


cente invasão tecnológica colo-
cou de um lado profissionais atualiza-
nal – seja engenheiro, arquiteto ou
com qualquer formação – que é certi-
ficador ambiental acreditado é peça-
rança para influenciar na tomada de
decisão. A sustentabilidade de uma
construção depende fundamental-
dos, capazes de operar computadores chave de qualquer processo de con- mente dos conceitos envolvidos nessa
e se adaptar às mudanças e, de outro, cepção de projetos que se julgue mo- fase. "É totalmente anti-sustentável
aqueles que insistiam em manter os derno. Se atualmente atuam como derrubar paredes novas para melho-
mesmos procedimentos. As vozes do consultores para projetos específicos – rar um projeto durante a execução",
mercado diziam que só iriam sobrevi- e por isso são cobiçados pelo mercado ilustra o engenheiro naval e diretor do
ver aqueles profissionais que corres- –, em pouco tempo as acreditações de- GBC (Green Building Council) Brasil,
sem atrás de cursos e de equipamentos verão se espalhar entre projetistas, en- Nelson Kawakami. Ele afirma, ainda,
para modernizar sua forma de traba- genheiros de obra, arquitetos e profis- que o certificador tem que ser muito
lho. Basta entrar em qualquer escritó- sionais em geral, sendo uma espécie de bom em planejamento, e que, segun-
rio de engenharia ou arquitetura para especialização imprescindível. do acredita, a melhor pessoa para
dizer quem continua na ativa. O ideal, para a boa atuação do pro- atuar na certificação é o coordenador
Atualmente, a invasão não é tec- fissional, é que participe da concepção de projetos, "pois tem conhecimentos
nológica, mas conceitual. O profissio- dos projetos, com autonomia e lide- holísticos de todo o processo".

O profissional
Uma vez que no Brasil não há cursos
Acervo pessoal

Green Building Council), o LEED


(Leadership in Energy and específicos sobre certificação
Environmental Design). Em decorrência ambiental, como você se atualiza
disso, busquei saber mais sobre o profissionalmente? Onde buscou
assunto, sobre sustentabilidade, informações para obter a certificação?
certificações, empresas que trabalham A certificação é americana e no site da
com esse conceito. USBCG tem todo o material específico sobre
o tema. Sobre sustentabilidade, busco todas
Como se deu e quais foram os as fontes disponíveis de informação, como
desafios no início de sua atuação livros, revistas, palestras, internet. Existem
Antonio Mantovani Neto como certificador ambiental? alguns cursos no Brasil, sim, e imagino que
arquiteto da Dante Della Manna Arquitetura O maior desafio é a busca de materiais e haverá um crescimento da oferta nos
empresas que trabalhem dentro da próximos anos. Só não sei se a demanda
Por que resolveu tornar-se um realidade sustentável. Trabalhar os será suprida dado o interesse geral dos
certificador ambiental? conceitos de sustentabilidade com os profissionais sobre sustentabilidade.
Necessidade de mercado. Alguns clientes é outro grande desafio, porque
clientes americanos questionavam sobre significa um pequeno aumento de Quais são suas atribuições?
o assunto, especificamente sobre a custo, seja em horas de trabalho de No escritório em que trabalho, não
certificação do USGBC (United States projeto ou em materiais e mão-de-obra. buscamos certificar um projeto, e sim

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Currículo
Atribuições: análise de projetos com os profissional tenha conhecimento global salários. A remuneração varia muito em
projetistas, gerenciamento do conteúdo dos processos construtivos e da gestão de função da experiência e especialidade
de informações de projeto, pesquisa de projetos e profissionais. principal do profissional – arquiteto,
empresas e materiais sustentáveis e Aptidões: por ser um trabalho projetista – e da, atualmente alta,
coordenação de projetos multidisciplinar, é vital ser um bom gestor demanda por certificadores.
Formação: arquitetura, paisagismo, de projetos com grandes equipes Indicação de bibliografia: para
projetistas em geral, mas principalmente técnicas, ser um integrador que projetistas, The Green Studio Handbook
de elétrica, luminotécnica, compreende os sistemas isoladamente e Environmental Strategies for Schematic
condicionamento de ar e hidráulica, promove a sinergia, e ter espírito inovador Design, de Alison Kwok e Walter Grondzik;
engenharia de todas as especialidades, para explorar o potencial de melhoria por para construtores, Contractor's Guide to
especialmente de obra, de segurança e novas práticas de projeto e construção, Green Building Construction, de Thomas
meio ambiente e responsáveis por além de liderança sobre a equipe. Glavinich, que trata da gestão dos
departamentos de suprimentos. Remuneração inicial: por ser nova, a subcontratados e da garantia das
Experiência: é importante que esse profissão ainda não tem um padrão de práticas sustentáveis

Fontes: Paola Figueiredo, da Sustentax, e Arthur Brito, da Kahn do Brasil

Opinião semelhante tem o arqui- tam o desempenho do edifício e sua Real que recebeu certificação Leed, na
teto Leed AP (Accredited Professio- implicação ecológica. Recentemente, Grande São Paulo, a certificadora am-
nal) Arthur Britto, da Kahn do Brasil. os institutos que acreditam esses pro- biental da Sustentax, Paola Figueiredo,
Segundo ele, "qualquer formação di- fissionais têm passado a considerar percebeu que havia um total desco-
retamente ligada ao projeto ou execu- também o contexto urbano em que se nhecimento dos fornecedores de ma-
ção forma um candidato a certifica- inserem os edifícios. teriais acerca do contexto sustentável.
dor, cuja competência remete direta- Quanto mais abrangente for a "Havia receio de espionagem por parte
mente ao interesse pela totalidade dos atuação do certificador, menor é o im- dos fabricantes quando questionáva-
sistemas que formam o ambiente pacto das obras no meio. Esses profis- mos a composição de seus produtos",
construído". O especialista em certifi- sionais têm estimulado o setor da conta a geógrafa com pós-graduação
cação ambiental deve conhecer todos construção a desenvolver mecanismos em engenharia de produção e arquite-
os sistemas prediais e ter pleno co- de promoção da sustentabilidade. Du- tura bioclimática. Para poder contar
nhecimento das condições que afe- rante o projeto da agência do Banco com produtos sustentáveis, a Susten-
tax desenvolveu um selo homônimo
para atestar o comprometimento so-
cioambiental de materiais, equipa-
mentos e prestadores de serviços.
É também por meio da atuação
atuarmos para que um projeto seja Na sua opinião, qual a importância
do certificador que os custos de ma-
concebido com conceitos de de ser arquiteto para atuar
nutenção e operação de um edifício
sustentabilidade. Caso o cliente queira como certificador?
podem ser reduzidos, afinal estão di-
certificar, o principal passo já terá sido Não necessariamente o arquiteto
retamente relacionados ao consumo
dado. Nesse contexto, as minhas deve ser certificador, mas
de água e eletricidade. "[O certifica-
atribuições são: gerenciar o conteúdo de obrigatoriamente deve conhecer o
dor] pode trabalhar nas empresas, de-
informações sobre o tema no escritório, tema sustentabilidade e aplicar em
finindo estratégias de sustentabilida-
pesquisar empresas e materiais e seus projetos. É imperativo nos
de, ou como consultor. Todo profis-
coordenar os projetos do escritório, sempre dias de hoje.
sional pode ser acreditado", afirma
introduzindo o tema sustentabilidade.
Paola sobre as possibilidades de atua-
Do que você mais gosta em sua
ção desse profissional.
Quantas horas, em média, trabalha função? Há muita resistência
Àqueles interessados na atuação
diariamente? para a sua atuação?
como certificador, o arquiteto Arthur
Divido o meu tempo entre coordenação Oportunidade de aprender um assunto
Brito avisa: o profissional tem que ava-
de projetos de arquitetura e relativamente novo e aplicá-lo em
liar toda a cadeia produtiva e a opera-
sustentabilidade, além de atendimento a novos projetos. Há um pouco de
ção de um edifício. Por isso, mesmo
clientes, fornecedores e pesquisa. Para o resistência por parte dos clientes.
quando o edifício é pequeno, o volume
tema sustentabilidade, trabalho em Sempre quando há custo envolvido
de trabalho é sempre grande.
média meio período diariamente. existe resistência.
Bruno Loturco

21
melhores praticas.qxd 5/11/2008 17:16 Page 22

MELHORES PRÁTICAS
Paredes de concreto
Para atingir a produtividade ideal e o desempenho esperado, sistema exige
atenção a pontos fundamentais da execução

Fundações
Fotos: Marcelo Scandaroli

Para a correta montagem das fôrmas, o


nivelamento das fundações deve ser
rigoroso. Caso contrário, haverá
diferenças no topo dos painéis que
comprometerão o alinhamento superior
das paredes. Por isso, recomenda-se a
execução de uma laje na cota do terreno,
evitando o contato com o terreno bruto.
As dimensões desta devem exceder as da
periferia dos painéis externos para
permitir o apoio e facilitar a montagem
dos moldes. Caso a opção seja por laje
tipo radier, recomenda-se concretar a
calçada externa simultaneamente.

Montagem das armaduras


Quem define e especifica a montagem de acrescentadas as armaduras de reforços, as
telas soldadas e reforços é o projeto ancoragens de cantos e as cintas. Para agilizar a
estrutural. De modo geral, a montagem da montagem das armaduras, recomenda-se
armadura principal, em tela soldada, deve cortar previamente os locais onde serão
ser feita primeiro. Depois, são posicionadas as esquadrias de portas e janelas.

Instalações
Eletrodutos, caixas de interruptores,
tomadas, luz e tubulações devem ser
fixados às armaduras para evitar que se
desloquem quando do lançamento do
concreto. Espaçadores entre esses
elementos e as faces dos moldes garantem
o recobrimento pelo concreto e o
posicionamento das peças. Deve-se
proteger as caixas elétricas contra a entrada
de concreto e conseqüente obstrução dos
dutos. É possível utilizar produtos próprios
para paredes de concreto, que contam com
tampas removíveis. Kits hidráulicos podem
aumentar a produtividade, mas exigem
testes antes da instalação.

22 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008


melhores praticas.qxd 5/11/2008 17:16 Page 23

Montagem das Desenforma e cura


fôrmas Ao atingir a resistência e a elasticidade
previstas em projeto, o concreto deve ser
Para orientar o posicionamento dos painéis, desenformado sem choques para evitar o
é necessário marcar as linhas das faces aparecimento de fissuras por ações
internas e externas das paredes no piso de mecânicas. Os painéis devem ser limpos,
apoio. É comum iniciar a montagem dos com cuidadosa remoção da película de
painéis pela parede que concentra as argamassa que adere à superfície. Limpos,
instalações hidráulicas. Primeiro os cantos, devem receber o agente desmoldante.
formando um "L", e depois a face interna. Este, por sua vez, deve ser escolhido de
A partir daí, segue-se a seqüência com acordo com o material das superfícies –
conectores, como grampos ou pinos, madeira, metal ou plástico. A cura, em geral
sempre obedecendo à distribuição indicada a úmida, deve ser iniciada cedo para evitar
na planta executiva. Esquadrias e escoras o surgimento de fissuras superficiais.
de prumo, que mantêm os painéis em pé, Recomenda-se molhar as superfícies pelo
são posicionadas em seguida. Por fim, o menos cinco vezes por dia.
ajuste milimétrico do prumo das paredes.

Concretagem
É importante tomar precauções para viscoso, é menos suscetível à
manter a homogeneidade do concreto. segregação dos materiais. Se o
Peças muito esbeltas exigem que o concreto for convencional, durante e
lançamento seja feito por janelas imediatamente após o lançamento, a
abertas na parte lateral ou por meio de vibração faz-se necessária para
funis ou trombas. A preferência deve eliminar espaços vazios e a formação
ser pelo concreto auto-adensável, que de ninhos, especialmente nos pontos
dispensa vibração e, altamente que concentram instalações.
Divulgação: ABCP

Colaboração: Ary Fonseca Jr., gerente de edificações da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e coordenador nacional da
Comunidade da Construção, e engenheiro Roberto Barella Filho, diretor da GMO Engenharia e consultor técnico da ABCP

23
entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 24

ENTREVISTA
Vantagens concretas
Pesquisadores do Rio Grande do Sul apresentam em nova obra diferenciais
do auto-adensável como aplicações e estudo de dosagem
Marcelo Scandaroli

BERNARDO FONSECA
TUTIKIAN E DENISE
CARPENA DAL MOLIN
Bernardo é doutor em Engenharia
pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, especializado em
materiais de construção,
especificamente em dosagem de
concreto auto-adensável. É professor
na Universidade Caxias do Sul, na
Universidade Vale do Taquari e na
Universidade Vale dos Sinos.
Denise é doutora em Engenharia Civil
pela Universidade de São Paulo,
professora e pesquisadora do Norie
(Núcleo Orientado para a Inovação
da Construção), da Universidade
concreto auto-adensável (CAA) de uma armadura pronta ou de um con-
Federal do Rio Grande do Sul. Atua
nas áreas de tecnologia de concretos
O surgiu no Japão no fim da década
de 1980. Como o novo produto acaba-
creto auto-adensável”, afirma Denise.
“Mas, com a escassez de mão-de-obra, o
convencionais e especiais,
va com a necessidade de destacar ope- conceito está mudando."
aproveitamento de resíduos em
rários apenas para espalhar e vibrar o Eles acreditam que, com a industria-
materiais de construção e
concreto, logo se tornou popular nos lização, o uso do concreto auto-adensá-
desenvolvimento de novos materiais,
países industrializados. Mesmo sendo vel tende a ser ainda mais disseminado.
entre outros. Tem atuado como
o auto-adensável mais caro do que o "Cada vez mais a construção partirá para
consultora de agências de fomento à
concreto convencional era clara a van- o uso de pré-moldados, onde o CAA é
pesquisa. Aplicações, vantagens,
tagem econômica proporcionada pela extremamente viável", afirma Tutikian.
desvantagens e métodos de dosagem
redução da equipe de concretagem. Em sua visão, esse concreto também é
do CAA são alguns dos temas
Em entrevista à Techne, Bernardo uma opção para aproveitamento de resí-
desenvolvidos pelos entrevistados no
Fonseca Tutikian e Denise Carpena Dal duos de construção triturados. "Ele ne-
livro Concreto Auto-Adensável,
Molin afirmam que a aceitação da nova cessita da incorporação de um material
lançamento da Editora PINI.
tecnologia tende a crescer conforme fino para sua coesão",explica.Mas Deni-
ocorra escassez de mão-de-obra. Na se alerta para a grande variabilidade des-
execução da estrutura aqui no Brasil, ses materiais. "Num momento você tem
costuma-se contratar empreiteiros, que um percentual maior de concreto, em
atrelam seu preço ao metro cúbico de outro,um percentual maior de cerâmica,
concreto lançado. "Ele não consegue – por exemplo, e isso muda o traço. Esse é
ou não quer – quantificar o aumento de o grande gargalo que dificulta a implan-
produtividade proporcionado pelo uso tação em larga escala", enfatiza.

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ENTREVISTA

O concreto auto-adensável não a hospitais ou nas indústrias de


é uma tecnologia nova, mas, até pré-moldados.
algum tempo atrás, encontrava-se
“No Brasil, a situação
em desuso. Por que ficou tanto parece estar se E quando não é recomendável?
tempo restrita a aplicações Quais são as possíveis desvantagens
muito específicas?
invertendo, com inerentes ao seu uso?
Bernardo Tutikian – O material não é o encarecimento Tutikian – Devido à sua grande ver-
algo totalmente novo e desconheci- satilidade, é difícil encontrarmos si-
do. Pesquisas já mostravam que a
da mão-de-obra tuações que não é recomendável a
grande razão que levava os profissio- e a redução do preço utilização do CAA. No entanto, de-
nais a não utilizar o CAA era o desco- vemos ter cuidado nas partes das es-
nhecimento.
do concreto auto- truturas com desníveis, como de-
Denise Dal Molin – O que eu acho que adensável. Isso está graus de escada, vigas que dividem
barrou sua disseminação aqui no peças de diferentes níveis e até lajes
Brasil foi o custo. Em países de pri-
viabilizando cada vez com grandes contraflechas. Para
meiro mundo, a mão-de-obra é mais a tecnologia” esses locais é necessária a execução
muito cara. Então, a diferença de de barreiras que impeçam o concre-
custo entre um concreto auto-aden- to de se nivelar ou o uso de concreto
sável e um convencional era paga vá- convencional. Devemos lembrar que
rias vezes pela redução da mão-de- segue – ou não quer – quantificar o o CAA é fluido como a água, então
obra. Agora, no Brasil, a situação pa- aumento de produtividade propor- ele tende a se nivelar, na prática esses
rece estar invertendo, com o encareci- cionado pelo uso de uma armadura pequenos problemas são resolvidos
mento da mão-de-obra e a redução pronta ou de um concreto auto- com ajustes mínimos.
do preço do concreto auto-adensável. adensável para reduzir o custo de seu Denise – A maior dificuldade no
Isso está viabilizando cada vez mais a metro cúbico. Mas, com a escassez de transporte do concreto auto-aden-
tecnologia. No fundo, é tudo questão mão-de-obra, o conceito está mu- sável é a questão dos superplastifi-
de viabilização econômica. dando. Ele pode não encontrar ho- cantes. Eles não podem ser mistura-
mens para realizar esses serviços e, dos na central de dosagem, mas
E por que ressurge agora? É a com isso, contratar menos e reduzir apenas alguns instantes antes do
escassez de mão-de-obra que o os custos do metro cúbico se essas lançamento porque têm um perío-
torna uma alternativa atraente? tecnologias forem utilizadas. do de vida mais curto, principal-
Tutikian – Realmente o CAA diminui mente em climas mais quentes. Não
consideravelmente a mão-de-obra Em quais situações as se trata de um grande problema,
necessária para a concretagem em in- características do CAA podem ser mas é um empecilho. É a única dife-
dústrias de pré-moldados e em em- melhor aproveitadas? rença significativa entre ele e o con-
presas de construção, o que é uma Tutikian – Pode ser utilizado com creto convencional.
grande vantagem. Cada passo que vantagens em quase todas as situa-
damos em direção à industrialização ções, mas quando a utilização do Qual a diferença de custos entre
é um avanço. Porém, também deve- concreto convencional fica compli- o concreto convencional e o
mos lembrar outros benefícios pro- cada ele se torna obrigatório. Pode- auto-adensável?
porcionados pela tecnologia, como a mos citar obras com alta densidade Tutikian – O custo do metro cúbico
considerável melhora do acabamento de armadura, em que o concreto con- do CAA é cerca de 10% superior ao
final dos elementos, do aumento da vencional não consegue preencher concreto convencional, sendo que
velocidade de concretagem, da elimi- todos os espaços. Também é vantajo- algumas concreteiras e indústrias de
nação ou diminuição drástica do ba- so em obras e peças em que o concre- pré-moldados conseguem apenas
rulho do serviço e outras mais. O to fica aparente, já que dispensa aca- 8% de aumento. Essa diferença é fa-
conjunto de tudo isso torna o proces- bamentos posteriores e distribui me- cilmente recuperada com as econo-
so mais racional e menos dependente lhor a cor, além de obras que exijam mias de mão-de-obra. E ainda há
de mão-de-obra. grande agilidade. São alguns exem- uma série de benefícios não mensu-
Denise – Há uma particularidade no plos onde a utilização do CAA é pra- ráveis, como a diminuição do baru-
Brasil, que é a de trabalharmos muito ticamente obrigatória. lho, a melhora do acabamento final
com empreiteiro de mão-de-obra. E Denise – Além da redução de custos ou a diminuição do risco de queda
ele nos cobra por metro cúbico de com mão-de-obra, o concreto auto- de trabalhadores de uma laje, por
concreto, pacote que abrange monta- adensável proporciona a redução de diminuir o número de pessoas en-
gem das fôrmas, lançamento, adensa- ruídos, tornando-o adequado para volvidas no processo. Atualmente,
mento, acabamento etc. Ele não con- uso em áreas residenciais, próximas na grande maioria dos casos, a justi-

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ENTREVISTA

ficativa econômica não pode mais concreto exigia teores de argamassa


ser usada como motivo para a não “O custo do metro muito elevados e com isso apresenta-
utilização do CAA. Por isso, acredi- ria um módulo menor e, conseqüen-
ta-se que a grande resistência de
cúbico do CAA é temente, a estrutura seria mais defor-
projetistas e construtores ainda es- cerca de 10% mável quando endurecesse. Hoje, es-
teja no desconhecimento da tecno- tudos já mostram que, depois de en-
logia, que, paulatinamente, está
superior ao concreto durecido, esse material trabalha exa-
sendo desfeito. convencional (...). tamente como o concreto conven-
cional em termos de módulo.
Em longo prazo, o comportamento
Essa diferença é
do CAA é semelhante ao do facilmente E quanto à durabilidade?
concreto convencional? Tutikian – O CAA tende a apresentar,
Tutikian – Todas as vantagens do
recuperada com as inclusive, uma vida útil superior sem
CAA frente ao concreto convencio- economias de reparos, pois, além de se produzir uma
nal são percebidas no período em estrutura mais densa que o concreto
que o concreto está na fase plástica,
mão-de-obra” convencional vibrado, ainda possuiu
ou seja, no estado fresco. Após o en- finos na sua composição, que podem
durecimento da mistura (cerca de melhorar diversas propriedades do
três horas), os concretos são exata- concreto no estado endurecido.
mente iguais. O que diferencia as dosagem de CAA que são experi- Denise – Por conter finos, o CAA é
misturas são os componentes e as mentais e fáceis de utilizar, propor- um concreto internamente mais "fe-
proporções utilizadas na dosagem, e cionando CAA de boa qualidade e chado", mais resistente à entrada de
não há motivo para alterá-las para o com custo compatível. agentes agressivos. Testes de penetra-
CAA. Quando malfeita, a dosagem Denise – Uma questão que sempre ção de cloretos, absorção de água,
pode acarretar problemas em qual- foi levantada como um problema era entre outros, mostram que o com-
quer concreto endurecido. No livro, a do módulo do concreto auto-aden- portamento desse concreto é melhor
apresentamos dois métodos para a sável. Tinha-se a idéia de que esse se comparado ao convencional.
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No futuro, acreditam que o concreto Em relação a novos materiais, quais economicamente – a não ser para
auto-adensável deve tomar o lugar são os mais promissores para o pisos de concreto –, apesar de ser
do concreto convencional como o futuro próximo da construção? possível no futuro. Atualmente as fi-
mais usado? Tutikian – Já há um consenso no bras estão sendo mais usadas para
Tutikian – É muito difícil fixar um meio acadêmico e prático que o CAA evitar a fissuração do concreto, em
prazo para isso ocorrer, mas é certo é o concreto do futuro por ser um teores menores.
que, devido às inúmeras vantagens já item fundamental na industrializa- Denise – Não acredito nessa possibi-
citadas, a cada dia o CAA passará a ser ção da construção. Cada vez mais a lidade. O problema da fibra é que ela
mais utilizado. Tudo indica que have- construção partirá para o uso de pré- tem uma posição tridimensional
rá um momento em que será usado moldados, onde o CAA é extrema- dentro do elemento e a armadura
em quase todas as aplicações, e isso mente viável. Concretos aparentes e longitudinal está posicionada em re-
pode ocorrer em um, cinco ou até dez reforçados com fibra também vêm lação ao esforço. Portanto, quando se
anos. O fato é que sua utilização vem chamando cada vez mais atenção e coloca a armadura em uma viga, ela
crescendo rapidamente e quem utili- poderão ser mais comuns no futuro. agüentará a flexão que o concreto
za o CAA em uma obra não retorna não suporta. As fibras, por sua vez,
para o concreto convencional. A fibra de aço chegará a estão espalhadas ao longo dessa peça.
Denise – Depende também do com- substituir completamente Muitas estarão em posições que não
portamento do setor da construção. as armaduras convencionais? vão adiantar em nada para suportar a
Se esse aquecimento continuar por Tutikian – As fibras de aço são usa- flexão. Perdem-se 60%, 70% da resis-
um tempo mais, certamente essa das mais para o incremento da resis- tência das fibras e joga-se fora um
mudança será mais rápida. Mas, se tência mecânica do concreto arma- material caro, que é o aço. Para ele-
entrarmos em crise de novo, talvez do, ou seja, para auxiliar a armadu- mentos estruturais, creio que não
leve mais tempo. Mas que deve ra. Porém, podem sim substituir valha à pena.
mudar, deve. Na Alemanha, por completamente o aço, dependendo
exemplo, há muito tempo não se do teor utilizado. A substituição Onde estão as possibilidades de
pensa mais em ficar vibrando o con- completa de armadura por fibras de aproveitar resíduos de materiais de
creto com operários. aço em estruturas ainda não é viável construção nas novas construções?
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ENTREVISTA

Tutikian – A forma mais viável para o expressivo das pesquisas. A sociedade


uso de resíduos de construção é “Em todas as necessita de avanços em quase todas
como substituição parcial ou até as áreas e as empresas poderiam ab-
total de agregados nos concretos e
pesquisas que a sorver e tornar comerciais as inova-
argamassas. É necessária a segrega- gente fez com ções. Ou seja, o ambiente é propício
ção, a seleção e, por fim, a trituração para o desenvolvimento de novas téc-
desse material antes do uso. Porém,
resíduos de materiais nicas e produtos, falta apenas um in-
considerando que os recursos natu- de construção e centivo maior e mais focado das
rais estão cada vez mais caros e indis- agências de fomentos.
poníveis, pode-se afirmar que essa é
demolição, vimos Denise – É preciso ter uma contra-
outra tendência da indústria da que é possível obter partida. No momento em que a ini-
construção. O CAA, que necessita da ciativa vê que tem um retorno finan-
incorporação de um material fino
concretos de até ceiro do investimento em pesquisa,
para sua coesão, é uma opção para a 40 MPa e a um eles voltam a investir. É mais barato
utilização dos resíduos de constru- investir em pesquisadores de uma
ção triturados.
custo competitivo” instituição que se dedica a esse traba-
lho do que ter os seus próprios. As
Quais as limitações para o empresas pouco a pouco estão enxer-
reaproveitamento de resíduos Também torna o local de trabalho gando isso.
no concreto? mais seguro, com uma melhora das
Denise – Em todas as pesquisas que a condições de trabalho, por diminuir Quais áreas específicas da
gente fez com resíduos de materiais ruído e eliminar a vibração, serviço construção mais carecem de
de construção e demolição, vimos pesado para os operários. investimentos em pesquisa? Por
que é possível obter concretos de até quê?
40 MPa a um custo competitivo. O Denise, enquanto consultora de Tutikian – Certamente, a industriali-
grande problema que se apresenta é agências de fomento à pesquisa, zação, pois toda a cadeia da constru-
o da variabilidade desses materiais. considera satisfatórios os ção está se conscientizando da im-
Não é um produto constante. Num investimentos em pesquisa no portância de aumentar a produção e
momento você tem um percentual Brasil? Qual é nossa situação atual? diminuir o desperdício. Muitas ve-
maior de concreto, em outro um Denise – Acho que poderíamos ter zes, utilizam-se técnicas e equipa-
percentual maior de cerâmica, por mais investimentos, mas não diria mentos importados e/ou adaptados
exemplo, e isso muda o traço. Esse é que estamos numa época tão ruim. do exterior e não se sabe como usu-
o grande gargalo que dificulta a im- Nós temos várias linhas de financia- fruir todos os benefícios na realidade
plantação em larga escala. mento abertas. A pessoa que quer, e brasileira. Não basta apenas trazer
tem persistência, consegue recursos, equipamentos de última geração, que
Considerando tanto meio ambiente mas isso depende de um esforço não se pagarão e que aumentarão os
quanto a questão social, de que enorme. Os pesquisadores têm um acidentes de trabalho, por exemplo. É
maneira o CAA atende às crescentes trabalho intenso para conseguir um necessário saber quais são os gargalos
exigências por sustentabilidade? valor relativamente baixo. Você se e as opções para então proceder de
Tutikian – O CAA é muito bom para envolve em duas, três pesquisas de forma racional para solucioná-los.
o meio ambiente, pois necessita de valores não tão altos e não consegue Pesquisas na área de sustentabilidade
materiais finos para sua coesão. Os fazer mais. Você precisa dar conta da sempre são bem-vindas para dimi-
melhores materiais finos que se pode pesquisa, da prestação de contas, da nuirmos o impacto causado por nos-
usar são resíduos de outras indús- elaboração de relatórios técnicos. sas construções não apenas na fase de
trias, como a cinza volante (resíduo execução em si, mas, principalmente,
de termoelétricas), a escória de alto- Quais mecanismos são mais nas fases de concepção, projeto e uso.
forno (resíduo de siderúrgicas), o eficientes para estimular as Denise – A Finep (Financiadora de
pó-de-pedra (resíduo de pedreiras), empresas e as instituições públicas Estudos e Projetos) vem investindo
resíduos de construção triturados e a investir em pesquisa? em pesquisas no segmento de habita-
até materiais que ainda não estão Tutikian – A maneira mais eficiente ção social, mais especificamente no
disponíveis comercialmente, como a seria o governo conceder mais bene- desenvolvimento de sistemas cons-
cinza da casca de arroz. Quanto à fícios às empresas, por exemplo, be- trutivos industrializados. Claro que
questão social, o CAA permite au- nefícios tributários. No Brasil, as essas tecnologias não servirão apenas
mentar o ritmo das construções, o universidades, principalmente as fe- para a habitação social, mas para
que aumenta a produtividade e a ve- derais, possuem estrutura e corpo todas, mas o foco principal é esse.
locidade de entrega de unidades. técnico suficiente para o aumento Bruno Loturco e Renato Faria

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ENTAC 2008

Ambiente sustentável
Problemas e soluções para a construção sustentável são abordados em
trabalhos apresentados em congresso científico sobre ambiente construído

novação e sustentabilidade foram O evento trouxe ainda palestrantes da energética e altos níveis de conforto
I temas que pautaram os trabalhos
apresentados neste ano no Entac
internacionais como o francês Jean-
Luc Chevalier, do CSTB (Centre Scien-
para o usuário. Outra convidada, a
professora da Universidade da Califór-
(Encontro Nacional de Tecnologia tifique et Technique du Bâtiment), que nia em Berkeley, Iris Tommelein, mos-
do Ambiente Construído). Diver- mostrou as iniciativas francesas para trou como o conceito de Lean Cons-
sos sistemas construtivos – inova- promover a sustentabilidade no setor truction pode promover a sustentabili-
dores ou já estabelecidos – e mate- da Construção. Dentre elas, destacam- dade, reduzindo impactos ambientais
riais tiveram seu desempenho (tér- se a realização da mesa-redonda Gre- com inovações simples em produtos e
mico, acústico, durabilidade, emis- nelle de l'Environnement – abordada processos construtivos.
são de substâncias tóxicas) avalia- na edição 129 da Téchne – e a criação A Téchne esteve no evento e sele-
do. Estudos sobre reaproveitamen- do Inies, um banco de dados com as cionou alguns trabalhos apresentados
to de resíduos na construção, ou características ambientais e sanitárias e premiados na última edição do en-
trabalhos locais sobre como as de materiais de construção. O alemão contro promovido pela Antac (Asso-
construtoras destinam o material Andreas Wagner apresentou o EnOB, ciação Nacional de Tecnologia do
produzido nos canteiros também projeto de pesquisa que procura de- Ambiente Construído). Confira:
estiveram presentes. senvolver edifícios com baixa deman- Renato Faria

Telhados solares fotovoltaicos conectados à rede elétrica pública no Brasil


O estudo, realizado por pesquisadores brasileiro, diferentemente do alemão,
Manfred Steinbach

da Universidade Federal de Santa excluiria do rateio as famílias de baixa


Catarina, procurou desenvolver renda. Apesar de o investimento inicial
ferramentas para ajudar na para a instalação dos sistemas ainda ser
implantação de um programa nacional alto, é grande o potencial de redução
de telhados solares fotovoltaicos dos custos com o ganho de escala de
integrados à rede pública de energia produção dos equipamentos, de acordo
elétrica. O projeto prevê a com os pesquisadores. Segundo o
obrigatoriedade de compra, pela trabalho, estudos preliminares mostram
operadora da rede, de toda a energia que algumas regiões do Brasil poderiam
elétrica gerada por sistemas de placas ter, já entre 2012 e 2013, os preços da
fotovoltaicas pertencentes a elétrica de origem solar seria diluída energia fotovoltaica equivalentes aos da
produtores independentes de energia entre todos os consumidores finais energia convencional – dependendo de
(PIs). Esses investidores seriam residenciais de energia, com um fatores como o reajuste tarifário anual
remunerados, durante 25 anos, com pequeno acréscimo no valor das aplicado pelas concessionárias e a taxa
uma tarifa-prêmio por cada kilowatt- contas. A proposta baseia-se no de juros praticada no País.
hora produzido. O incentivo permitiria programa atualmente praticado na
que os PIs pagassem, em pouco mais Alemanha, um dos países mais Autores do trabalho: Ricardo Rüther,
de uma década, o investimento feito na bem-sucedidos no incentivo às fontes Isabel Salamoni, Alexandre Montenegro,
tecnologia limpa. A compra da energia renováveis de energia. O programa Priscila Braun, Roberto Devienne Filho

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Gestão da água em edifícios do setor de serviços segundo o referencial


técnico francês HQE
O estudo dos pesquisadores da Escola d) redução da vazão de águas pluviais;

Fotos: Marcelo Scandaroli


Politécnica da Universidade de São Paulo e) redução do coeficiente de
mostrou que edifícios de escritórios podem impermeabilização do empreendimento;
encontrar mais dificuldades em atingir bom f) recuperação e tratamento de águas de
desempenho em alguns itens da escoamento poluídas. Os pesquisadores
certificação Aqua (Alta Qualidade verificaram que os projetos e execução
Ambiental). O selo aportou no Brasil no de edifícios de escritórios terão mais
início de 2008, traduzido e adaptado a dificuldades para atingir um desempenho
partir do sistema francês de certificação ambiental adequado nos itens relativos à
ambiental de empreendimentos HQE limitação de vazões, devido à redução do
(Haute Qualité Environnementale). valor de pressão estática máxima. Válvulas
A proposta dos pesquisadores era analisar redutoras de pressão requerem áreas
os critérios de avaliação adotados na maiores, resultando em maiores custos
categoria Gestão da Água do referencial para a implantação. Por serem
técnico e sua aplicabilidade nos edifícios geralmente baixos e apresentarem valores
do setor de serviços (escritórios e menores de pressão hidráulica, edifícios
estabelecimentos de ensino) no Brasil. escolares tendem a não enfrentar esse tipo
Na avaliação segundo os critérios do Aqua, de problema. Esses edifícios atenderiam
o desempenho é expresso em três níveis com mais facilidade, também, aos critérios a "gestão de águas de escoamento
(Bom, Superior e Excelente) no atendimento de limitação do uso de água potável, já que poluídas", além de exigir grandes áreas
de itens como: a) presença de redutores contam geralmente com maiores áreas de e elevados custos para a execução de
de pressão (para limitar a vazão de uso, cobertura e de captação de águas pluviais. sistemas de tratamento, requer também
caso a pressão seja maior que 300 kPa); A gestão da infiltração pode representar um eficiente sistema de gestão.
b) presença de sistemas economizadores; um problema para edifícios instalados
c) emprego de água não-potável em usos em grandes centros urbanos. Autores: Lúcia Helena de Oliveira,
que não necessitem potabilidade; Os pesquisadores ressaltam, ainda, que Orestes M. Gonçalves

Coberturas verdes na Região Metropolitana de Curitiba – barreiras e potencial


de estabelecimento na visão dos profissionais de construção civil
Com a intenção de analisar as razões para impermeabilização, considerado um item sobre as técnicas mais adequadas para
a pouca disseminação da tecnologia das básico na execução do sistema de CVs. a aplicação desse tipo de cobertura.
coberturas verdes (CVs) entre os Também de acordo com o estudo, Da mesma forma, há certo
profissionais da Construção Civil, a autora prevalecem entre eles conceitos errados desconhecimento sobre os benefícios
realizou um levantamento com empresas proporcionados pelas CVs à edificação
Fabiana Scarda

de arquitetura, engenharia civil, e ao meio urbano. Entretanto, perguntas


agronômica e florestal da Região abertas e contatos diretos espontâneos
Metropolitana de Curitiba, no Paraná. via e-mail evidenciam o interesse dos
Investigaram-se as percepções dos profissionais de arquitetura e engenharia
profissionais ante a tecnologia, suas por informações e esclarecimentos
práticas, competências e familiaridade relativos ao tema.
com o tema. Os resultados mostram que
os respondentes não apresentam um Autores: Wânia Cruz do Nascimento,
domínio do processo de Aloísio Leoni Schmid

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ENTAC 2008

Domicílios sem moradores – moradores sem domicílios

Marcelo Scandaroli
No ano 2000, o IBGE (Instituto estariam vazias. Mas os índices
Brasileiro de Geografia e Estatística) calculados a partir do censo 2000
estimou em seis milhões o número de do IBGE mostram que, se para toda
domicílios vagos no Brasil. No mesmo Salvador a taxa de domicílios vagos
ano, a Fundação João Pinheiro calculou em relação ao total de domicílios
um déficit habitacional de 6,7 milhões permanentes é de 12%, nas áreas
de novas unidades no País. Intrigada informais pesquisadas ela é bastante
com a coincidência numérica, a autora parecida, girando em torno de 10%.
da dissertação de mestrado – laureada Áreas formais da cidade, onde atua o
com o Prêmio Holcim/Antac 2008 – mercado imobiliário legalizado, foram
procurou investigar mais excluídas do estudo por se deduzir que
detalhadamente as características dos nesses locais há uma reserva de
domicílios vagos por meio de uma mercado que funciona como elemento
pesquisa de campo realizada em áreas estruturador do equilíbrio de preços
informais de Salvador. Presumia-se que, entre oferta, procura e construção
pela necessidade de habitação e pela de novas residências.
insuficiência de renda para adquirir
habitações formais, poucas unidades Autora: Daniela Andrade Monteiro Veiga

Utilização da areia de fundição para fabricação de blocos de concreto


para pavimentação
Nesse trabalho, compararam-se metalúrgica. E os blocos alternativos ensaios, como os de absorção e
blocos para pavimentação fabricados tiveram um bom desempenho resistência à abrasão, além de uma
com concretos que levavam areia fina mecânico: os resultados do ensaio de melhor caracterização do resíduo
comum e areia de fundição – descarte compressão simples aos 28 dias antes e depois de incorporado ao
do processo de moldagem de peças mostraram que o produto atingiu bloco. Durante a apresentação, outros
produzidas pela indústria resistências maiores do que 25 MPa. pesquisadores alertaram também
De acordo com os pesquisadores do para a grande variabilidade da
Angela Piovesan

Norie/Universidade Federal do Rio composição das areias de fundição


Grande do Sul, portanto, seria produzidas tanto na mesma fábrica
possível utilizar a areia "alternativa" quanto em fábricas diferentes, o que
na fabricação dessas peças – uma poderia gerar distorções nos
solução econômica e ambientalmente resultados dos ensaios realizados
interessante, que daria fim adequado nas peças.
a um resíduo gerado abundantemente
nas indústrias de fundição. Os Autores : Angela Zamboni Piovesan,
pesquisadores ressaltam, porém, a Carolina Gemelli, Maria da Luz Silva,
importância da realização de outros Angela Borges Masuero

Desenvolvimento de Metodologia de Avaliação da Eficiência Energética do


Envoltório de Edificações Não-residenciais
Marcelo Scandaroli

O racionamento de energia ocorrido níveis de eficiência no Brasil. Na tese,


em 2001 foi o marco para a também contemplada com o Prêmio
promulgação da chamada lei de Holcim/Antac, a autora apresenta
eficiência energética – lei 10.295. equações para avaliação da eficiência
Sua regulamentação estabeleceu que e indicadores de custos relacionados
deveriam ser criados parâmetros à eficiência do envoltório de
referenciais para a eficiência energética edifícios não-residenciais
em edificações, com "indicadores (comerciais e institucionais).
técnicos e regulamentação específica"
para estabelecer a obrigatoriedade dos Autora: Joyce Correna Carlo

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Aproveitamento de água pluvial em postos de combustíveis de Brasília:


potencial de economia de água potável e viabilidade econômica
O estudo mostra como pode ser viável a

Marcelo Scandaroli
instalação de sistemas de armazenamento
de água das chuvas em postos de
combustível da cidade de Brasília.
O potencial de economia no consumo de
água potável nesse tipo de
estabelecimento decorre de suas
características arquitetônicas e
operacionais: além de possuírem grandes
áreas de telhados – que favorecem a
captação de águas pluviais –, os postos
utilizam a água principalmente com fins
não-potáveis, como na lavagem de carros.
Os pesquisadores da Universidade Federal
de Santa Catarina analisaram o potencial
de redução de consumo de água potável e
a viabilidade econômica da instalação de
sistemas de captação, tratamento e 750 m²), volumes de reservatórios (de pluvial é de 32,7%, podendo atingir valores
armazenamento de águas pluviais em 1 mil m³ a 100 mil m³), números de lavagens superiores a 70%. Verificou-se também que
postos de Brasília. Para isso, eles se (15, 30 e 45 veículos/dia) e demandas de a implantação dos sistemas é viável na
basearam em simulações computacionais água potável e pluvial. Segundo os autores maioria das vezes.
que consideravam dados pluviométricos de do estudo, os resultados mostraram que o
duas estações meteorológicas, diferentes potencial de economia médio de água Autores: Davi da Fonseca Tavares,
áreas de captação (350 m², 550 m² e potável a ser obtido pela utilização de água Vinicius Luis Rocha, Enedir Ghisi
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PRÊMIO TALENTO ENGENHARIA ESTRUTURAL

Estruturas premiadas
Ponte Estaiada Octávio Frias e Edifício Rochaverá, em São Paulo, residência em
Nova Lima (MG) e Estação Ciência de João Pessoa levam os prêmios máximos
da Abece em 2008. Confira também as menções honrosas
Divulgação: Gerdau

Prêmio Talento Engenharia Es- critos. Dentre eles, foram escolhi- concebida por Oscar Niemeyer com
O trutural chegou em 2008 à sua
sexta edição. O evento, promovido
dos cinco finalistas e, finalmente,
um vencedor e uma menção honro-
projeto estrutural de Mário Terra
Cunha, levou o prêmio entre as
pela Abece (Associação Brasileira sa para cada categoria. Obras Especiais. A Residência unifa-
de Engenharia e Consultoria Estru- Dois dos projetos vencedores miliar em Nova Lima (MG), calcula-
tural) e pela Gerdau, contemplou foram executados em São Paulo: da por Márcio José de Rezende Gon-
projetos em quatro categorias. Projeto Rochaverá – Torres A e B, de çalves, venceu na categoria Obras de
Além das tradicionais de Infra-Es- Mário Franco, e Ponte Estaiada Oc- Pequeno Porte. Os vencedores ga-
trutura e Edificações, uma catego- távio Frias de Oliveira, de Catão nharão passagens e estadia para
ria presente na quinta edição foi Francisco Ribeiro, nas categorias acompanhar, em fevereiro de 2009, a
desmembrada em duas: Obras de Edificações e Infra-estrutura, res- feira World of Concrete, em Las
Pequeno Porte e Obras Especiais. pectivamente. A Estação Ciência, Vegas, nos Estados Unidos.
No total, foram 182 trabalhos ins- Cultura e Arte, em João Pessoa (PB), Renato Faria

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Marcelo Scandaroli
Categoria edificações
Vencedor Mário Franco
Projeto Rochaverá – Torres A e B – São Paulo (SP)

Todos os quatro edifícios do conjunto Esse núcleo, de planta retangular alongada,


Rochaverá possuem fachadas inclinadas. No é dimensionado, no sentido do eixo menor, pela estrutura a um pilar inclinado se
caso das torres A e B, apresentadas à comissão para absorver grande parte dos esforços decompõe em uma força axial (inclinada) e
julgadora, elas avançam mais de 12 m entre a laterais de vento. No sentido do eixo maior, em uma força horizontal. O conjunto das
base e o topo da última laje. A tipologia tem o papel principal de resistir às grandes componentes horizontais gera um esforço
estrutural das quatro torres é constituída por forças horizontais geradas pelos pilares global, sobre o núcleo, equivalente a
um núcleo rígido e uma estrutura nervurada inclinados junto à fachada especial. Em aproximadamente três vezes a força
que o liga aos pilares periféricos. cada andar, a força vertical que é aplicada horizontal de vento naquela direção.

Menção Honrosa George Maranhão

Divulgação: George Maranhão


Residencial Estrela do Atlântico – Natal (RN)

A concepção arquitetônica dos edifícios foi sua grande esbeltez – a relação altura-
se deu em função de sua localização menor dimensão alcançou um valor maior
próxima a um dos cartões-postais da que dez. Para atestar a segurança estrutural
capital do Rio Grande do Norte (RN), das edificações, foram realizados ensaios
a praia de Ponta Negra. em escala reduzida no túnel de vento do
Todos 468 apartamentos, dispostos em duas Laboratório de Aerodinâmica das
torres de 132,12 m de altura, deveriam estar Construções da Universidade Federal do Rio
voltados para o Morro do Careca e para o Grande do Sul. Também foram especificados 45 MPa (até o 30º pavimento) e 35 MPa (do
mar. A principal implicação para a estrutura concretos com resistência à compressão de 31º ao último pavimento).

Categoria infra-estrutura
Marcelo Scandaroli

Vencedor Catão Francisco Ribeiro


Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira – São Paulo (SP)

O Complexo Viário Real Parque é composto geometria inovadora do mastro em "X".


por duas alças que ligam a pista expressa O local mais adequado para posicionar
da avenida Nações Unidas e a avenida o mastro era a margem direita do rio.
Roberto Marinho e duas alças curvas que Entretanto, no subsolo dessa área passam
transpõem o rio Pinheiros – a Ponte um canal de adução de água e três linhas de foi criar quatro blocos de onde partem os
Estaiada Octávio Frias de Oliveira. Para transmissão de energia elétrica de alta pilares que dão origem ao mastro do apoio
tornar o traçado o mais eficiente possível, voltagem, além de uma linha de trem na central. Para executar o mastro de 138 m de
houve a necessidade de sobrepor as duas superfície. A forma encontrada pelos altura, foram necessários 5,6 mil m³ de
vias curvas estaiadas, impondo-se a projetistas para vencer essas interferências concreto e 1,2 mil t de aço CA-50.

Menção Honrosa Mônica de Moraes Seixas


Edifício de Embarque do Terminal Santos Dumont – Rio de Janeiro (RJ)

O Terminal de Passageiros do aeroporto apoiadas em vigas, que por sua vez se pisos. Nas regiões próximas aos pilares,
Santos Dumont foi concebido na década apóiam nos pilares. Devido aos efeitos de onde há altos valores de esforços, foram
de 1940 e é considerado um marco na subpressão e das cargas verticais atuantes mantidas lajes maciças com 0,525 m de
arquitetura moderna. Para atender às no piso do subsolo, que incluíam espessura, configurando um capitel.
normas da Infraero e às restrições enchimentos e equipamentos, as lajes O piso do mezanino técnico foi executado
impostas pelo tombamento do edifício foram executadas com espessura de 30 cm. em estrutura metálica.
pelo Patrimônio Histórico, foi projetada Os demais pisos, todos em concreto
Celso Brando

uma nova edificação para abrigar o armado moldado "in loco", foram
terminal de embarque. O prédio antigo detalhados em lajes nervuradas de 0,525
fica com as funções de desembarque. m de altura, com fôrmas plásticas. Foram
A estrutura do subsolo da nova construção usadas vigas apenas nas periferias do
foi projetada utilizando-se lajes lisas edifício e próximas das aberturas dos

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PRÊMIO TALENTO ENGENHARIA ESTRUTURAL

Divulgação Mario Terra Cunha


Categoria obras especiais
Vencedor Mário Terra Cunha
Estação Ciência, Cultura e Arte – João Pessoa (PB)

A Estação Ciência, Cultura e Arte, em acesso, e pelo Auditório e Anfiteatro. A Torre


João Pessoa (PB), é um projeto do é uma estrutura em forma de octógono
arquiteto Oscar Niemeyer com a apoiada sobre uma parede cilíndrica de
colaboração dos arquitetos Cydno Silveira 15 m de diâmetro externo e 50 cm de
e Luiz Marçal. A obra foi executada sobre espessura – do radier ao pavimento de
uma falésia no Cabo Branco, próximo ao transição. A rampa curva possui dois lances, um pavimento, com diversas elevações, de
farol ali existente. O corpo principal do apoiados em braços protendidos modo a acomodar o foyer, o palco, a platéia
conjunto arquitetônico é composto pela engastados em uma torre cilíndrica central. e demais instalações e um subsolo
Torre, com sua monumental rampa de O auditório é uma estrutura composta por destinado a convenções.

Menção Honrosa Altair Baggio

Guilherme Filho/Secom MT
Ginásio Poliesportivo Aecim Tocantins – Cuiabá (MT)

O Governo Estadual do Mato Grosso investiu vertical, e dois arcos secundários, inclinados
R$ 22 milhões para construir o ginásio, em 33º. O vão livre máximo coberto por
inaugurado em 2007. O equipamento possui cada um dos arcos principais é de 135 m
o sistema de cobertura independente da e a altura máxima é de 36 m. Aos arcos
arquibancada. A cobertura conta com uma secundários foram atirantadas as passarelas
estrutura metálica composta por dois arcos de acesso e fuga do ginásio, em fôrmas
principais, inclinados em 15o em relação à metálicas tipo multideck.

Categoria obras de pequeno porte


Vencedor Márcio José de Rezende Gonçalves
Márcio José de Rezende Gonçalves

Residência unifamiliar no condomínio Riviera Residences – Nova Lima (MG)

O projeto arquitetônico arrojado previa 20 cm. Sua borda tinha 40 cm – 10 cm


estruturas pouco espessas, com vãos entre acima da laje para que a impermeabilização
pilares que chegavam a 8,4 m e lajes de e o revestimento do piso ficassem
formas complexas, formando curvas e embutidos e 10 cm abaixo da laje para
figuras geométricas não retilíneas. Para arrematar o forro. Na execução dos pilares,
atender à ousadia arquitetônica, o projetista outro desafio: a seção proposta era muito
de estruturas optou pelo uso de lajes lisas esguia para que fossem projetados em entre os pavimentos foi criada uma armadura
protendidas apoiadas nos pilares. Exceção concreto armado. Optou-se, então, por interna e foi usado concreto auto-adensável
para a primeira e segunda lajes, onde há dimensioná-los usando um sistema misto: em seu interior. Alguns pilares que ficaram
rebaixos formando a piscina e algumas capa em chapa de aço e interior em embutidos em paredes e os pilares inclinados
jardineiras, que precisaram ser executadas concreto armado. O tubo de aço possuía foram projetados em concreto armado.
em concreto armado. A arquitetura impunha 219 mm de diâmetro externo e 8 mm de Houve necessidade de fazer duas transições
ainda uma estrutura pouco espessa, de espessura. Para que houvesse continuidade de pilares, ambas sobre os pilares inclinados.

Menção Honrosa Gil Chinellato


Divulgação Gil Chinellato

Auditório Alcina Dantas Feijão – São Caetano do Sul (SP)

O auditório é uma construção com planta espessura) em balanço de 15 m e por uma


em formato trapezoidal que abriga um laje de piso. Alguns dos grandes desafios da
espaço para apresentações com obra, segundo o projetista, relacionavam-
capacidade para 257 lugares, um hall, se à instabilidade lateral – recorreu-se a
sanitários e área técnica. O desafio maior bibliografia internacional, pois o item 15.10
foi viabilizar estruturalmente a parte frontal da NBR 6118 trata do assunto de maneira carregamento, e aos cuidados com o
do edifício, um sistema composto por bastante genérica –, aos pilares escoramento do trecho em balanço até o
paredes laterais formadas por vigas posteriores, submetidos à tração elevada fim das concretagens, programadas para
esbeltas (10 m de altura e apenas 20 cm de em algumas composições de serem executadas em três etapas.

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INFRA-ESTRUTURA

Subsolo congestionado
Prefeituras brasileiras não têm cadastro unificado das redes subterrâneas
e concessionárias se unem para minimizar acidentes em escavações

s administrações das cidades bra-


A
Divulgação: Sabesp

sileiras não sabem, de maneira


precisa,por onde passam dutos,tubula-
ções e galerias que compõem o emara-
nhado subterrâneo de infra-estrutura.
Um cadastro confiável, que unisse os
dados e a localização de todas as redes
que passam sob ruas e calçadas,ajudaria
a reduzir os riscos de acidentes em esca-
vações nas áreas mais adensadas e os
impactos sobre o trânsito e sobre o
abastecimento nas proximidades dessas
obras. Mas esse mundo ideal está dis-
tante de ser concretizado pelas prefeitu-
ras do País.Enquanto isso não acontece,
as partes interessadas se unem para evi-
tar danos causados por terceiros em
suas redes.
A maior parte dos dutos e tubula-
ções no subsolo são ativos de empresas
públicas ou privadas de saneamento e
fornecimento de água, energia elétrica,
gás e telecomunicações.Pertencentes ao
município, apenas as redes de ilumina-
ção pública,de drenagem e de alimenta-
ção dos semáforos. Os detentores de
Para serem economicamente viáveis, galerias técnicas devem ser construídas antes
cada um desses sistemas dispõem de ba-
do adensamento urbano
ses de cadastro próprias, digitalizadas,
relativamente precisas e completas. Em
nenhuma cidade do País existe, porém, Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Unificação de cadastro
um cadastro único, georreferenciado e e Obras de São Paulo. Segundo ele, o Em São Paulo, está engatinhando
centralizado,da malha de infra-estrutu- controle em grandes metrópoles do um projeto de unificação dos cadas-
ra enterrada sob vias públicas. mundo, como Nova York, é igual ou in- tros das concessionárias em uma base
"Quando nos perguntam sobre a ferior ao paulistano. Além de analisar e de dados centralizada, sob adminis-
existência de redes em uma rua, a pri- aprovar projetos de expansão e manu- tração da Prefeitura. Segundo o Con-
meira resposta é se tem ou não tem.Mas tenção dos sistemas subterrâneos, o de- vias, a base cartográfica, na escala
sua localização precisa no subsolo, nós partamento procura organizar essas 1:1000, já está pronta. O passo mais
não sabemos", afirma o arquiteto Ruy ações para que sejam realizadas ao difícil, no entanto, ainda não foi dado.
Villani,diretor do Convias (Controle de mesmo tempo, minimizando o impac- O volume de informações sobre as
Uso de Vias Públicas),departamento da to local sobre o tráfego de veículos. 50 mil ruas da cidade inviabiliza a in-

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Galerias técnicas: viáveis?


"Só se fossem previstas antes da de gás", afirma Paulo Ricardo Castro da
construção da cidade", afirma o diretor do Cunha, gerente de Padrões Técnicos da
Convias, Ruy Villani. De acordo com o Comgás. "Nossas tubulações só podem
arquiteto, as galerias visitáveis são uma ser enterradas, ou passar por dutos
solução cara para o município e que não exclusivos e ventilados – como ocorre em
compensaria para as concessionárias. algumas pontes", explica.
"Além disso, quem ficaria com as chaves? Para Villani, até iniciativas como o Projeto
Quem garantiria a segurança das Colméia, no bairro de escritórios da Vila
galerias?", questiona. Olímpia, seriam muito caras para a
Mesmo se fosse uma iniciativa comum prefeitura. Em 2004, um grupo de
entre as concessionárias, o grupo não moradores e empresas financiou a
contaria com as empresas de distribuição revitalização das ruas e calçadas do local.
de gás. "Por esses locais passam redes Entre as ações, foram construídas valas
secundárias de distribuição de energia técnicas "tampadas" com placas de Execução de sistema de calçadas
elétrica. Além disso, são espaços concreto. Pelos alvéolos passam dutos e elevadas só foi possível com
confinados, não contam com ventilação, o cabos de empresas de telefonia, TV a cabo financiamento de moradores e
que inviabiliza a passagem de tubulações e telecomunicação. escritórios da Vila Olímpia, em São Paulo

serção manual dos dados no sistema. A tro da Comgás (Companhia de Gás de


Fotos: Marcelo Scandaroli

única saída é a migração dos cadastros São Paulo), empresa privada de distri-
já digitalizados das concessionárias buição de gás, estabelecida num siste-
para a base da administração munici- ma compatível com o da Sabesp. Mas
pal. "A iniciativa é boa, seria uma ótima ainda faltariam os cadastros das demais
ferramenta para os projetistas, por concessionárias."As informações (con-
exemplo. Mas, na prática, o que vemos tidas nos cadastros) são diferentes, ade-
é a incompatibilidade entre as bases ca- quadas aos negócios e às necessidades
dastrais", explica Moacir Fernandes das empresas", afirma Lopes, da Eletro-
Lopes, coordenador técnico de Infra- paulo. Nas regiões centrais, onde a
estrutura e Obras do Sistema Subterrâ- malha de infra-estrutura é mais conso-
neo da Eletropaulo, concessionária dis- lidada, os mapas também não são atua-
tribuidora de energia elétrica na cida- lizados com tanta freqüência. "Even-
de. Ruy Villani explica que a escala e o tualmente pode haver falhas no cadas-
ponto referencial – o ponto zero – dos tro", reconhece o coordenador.
mapas de cada empresa não são padro- Enquanto a centralização não che-
nizados.Com a unificação,haveria des- ga, as empresas e o poder público esta-
locamentos e, em alguns casos, sobre- belecem procedimentos para quando
posições das redes, fazendo com que a precisam abrir valas para realizar ma-
representação não correspondesse à nutenção programada em suas redes.
realidade. Na cidade, por meio de um Na capital paulista, o Convias manda
acordo entre as administrações muni- avisos para as concessionárias três ve- Após a abertura das valas para manutenção
cipal e estadual, a base cadastral com- zes por semana com os endereços onde das redes subterrâneas, a concessionária
pleta da Sabesp (Companhia de Sanea- haverá escavações. Se acharem neces- deve arcar com recapeamento da via.
mento Básico do Estado de São Paulo) sário, enviam um fiscal para a obra. Custos podem ser dissolvidos com a
será fornecida à Prefeitura. Isso facilita- Uma alternativa ao modelo,testada em programação de ações de manutenção
rá a integração posterior com o cadas- outras cidades do mundo, seria o conjuntas com outras empresas

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INFRA-ESTRUTURA

Métodos não-destrutivos (MND)


A Comgás emprega métodos não- perfuração direcional em áreas tubulações existentes. Veja algumas
destrutivos em quase todas as ações de adensadas, nas quais a prática não é tecnologias que reduzem ou eliminam a
manutenção ou de expansão de redes. recomendada. MNDs também são necessidade de abertura de valas e
A exceção fica por conta da realização de utilizados para a substituição de interferência no trânsito:

Perfuração Direcional (HDD)


Coluna de Redes
Utilizado na instalação de novas tubulações.
perfuração existentes
O procedimento se dá em duas etapas: na
primeira, realiza-se, com uma perfuratriz presa
Máquina de a um carro, um furo piloto no percurso previsto.
perfuração Na segunda etapa, acopla-se à perfuratriz um
guiada Furo piloto alargador e a tubulação final, flexível. A
Poço
perfuratriz é, então, puxada de volta para o carro,
de saída
na outra ponta do percurso, trazendo consigo
a nova tubulação para sua posição definitiva.

Cravamento de tubos (Pipejacking)


Usados para instalação de tubos com diâmetros
maiores do que 150 mm. Os tubos são
posicionados atrás do trecho a ser percorrido e
são empurrados por um sistema de pistões
hidráulicos a partir do poço de entrada,
formando uma linha contínua sob o solo.

Encamisamento interno
Método usado para substituição ou reparação de
redes de água e esgoto. Um tubo flexível,
embebido internamente com resina aderente, é
inflado, pela pressão de uma bomba de ar, para
dentro da tubulação existente. Com a cura da
resina, o tubo flexível endurece e ganha
resistência, substituindo a tubulação danificada.

Recuperação de redes com revestimento


por aspersão (Spray lining)
Voltado para pequenos reparos em tubos de menor
diâmetro. Um robô com uma ponta aspersora é
enviado para o interior da tubulação, lançando
argamassa acrílica ou epóxi contra a parede do tubo.

Arrebentamento de tubulação (Pipebursting)


Método usado para expandir a capacidade (seção)
de uma tubulação enterrada. Uma ferramenta de
percussão ou um expansor hidráulico arrebenta a
rede existente ao mesmo tempo em que puxa ou
empurra uma tubulação nova em substituição.

Colaborou Diniz de Medeiros Barbosa, gerente de contratos da Tejofran

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Fotos: divulgação Tejofran

Robôs controlados remotamente, com câmeras acopladas, Para prevenção de acidentes, a abertura de valas em regiões
realizam furos para abertura de ramais em tubulações de com o subsolo "congestionado" é acompanhada por fiscais de
diâmetro médio todas as concessionárias

"One-Call Center" ou "Call Before via, numa escala 1:1, a localização de Sabesp e a Comgás se uniram em
Digging": antes de realizar a escavação, suas tubulações e sua profundidade. torno do programa para desburocra-
a empresa liga para um escritório – Outra iniciativa para a minimiza- tizar a consulta às bases de dados e
mantido pela prefeitura e/ou pelas ção dos acidentes com outras redes para treinar os funcionários com o
concessionárias –, avisando sobre a ne- que compartilham o espaço no sub- objetivo de reduzir os danos causa-
cessidade da intervenção. Elas desta- solo urbano foi a criação do PPD dos por terceiros.
cam um funcionário para pintar, na (Plano de Prevenção de Danos). A Renato Faria
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ESQUADRIAS

Silicones estruturais
Veja como preparar a esquadria para receber os vidros e quais os selantes
mais indicados para fixação, conforme o material

s silicones estruturais, como o


O
Fotos: Marcelo Scandaroli

próprio nome diz, são elaborados


para suportar as diferentes cargas de
um sistema (sísmica, peso próprio,
carga de vento etc.) e transferir a carga
dinâmica das pressões/depressões do
vidro ao caixilho. Podem suportar, em
média,cargas variáveis até 14.000 kgf/m2
e cargas constantes de até 700 kgf/m2.
A diferença entre os silicones estrutu-
rais disponíveis está na capacidade de
movimentação e à forma de curar. De
acordo com Luis Claudio Viesti, con-
sultor técnico da Afeal (Associação
Nacional dos Fabricantes de Esqua-
drias de Alumínio), já existe uma mo-
vimentação no Brasil para criação de
normas de aplicação dos selantes.
"Enquanto isso não acontece, utiliza-
mos normas técnicas estrangeiras
como a ASTM C-1184 Structural Gla- (observar se o vidro foi lapidado e módulo de elasticidade do silicone.
zing Specification, a ASTM C-1401 cortado conforme especificação do Existem dois tipos de juntas a se con-
Standard Guide For SSG e a ASTM C- projeto) e checados o tamanho, forma siderar: a estática e a dinâmica, que
1193 Guide for Use of Sealants", diz e acabamento dos perfis, vidros, espa- sofre movimentos de tensão e com-
Cláudio Viesti. çadores, guarnições de borracha e cal- pressão. Quando o substrato apresen-
Toda a aplicação só pode ser reali- ços. É importante também verificar se ta muita movimentação, usa-se um
zada depois do recebimento do rela- o solvente é puro e se o selante e o pri- silicone de módulo mais baixo. Quan-
tório dos testes de adesão (ASTM C- mer são os recomendados pelo fabri- do a exigência é de fixação ou cola-
794) e compatibilidade (ASTM C- cante do silicone. Todas as normas in- gem, deve-se utilizar um silicone de
1087) feitos no laboratório do fabri- ternacionais de produção industrial módulo mais alto (o módulo de elas-
cante. Esse relatório deverá descrever pedem que o silicone estrutural apre- ticidade indica, de forma inversa, a ca-
qual o procedimento a ser utilizado sente cura neutra e não cura acética. pacidade de deformação do material:
para a limpeza, com a indicação do Esta, libera vapores ácidos que reagem quanto maior o módulo, menor a de-
solvente adequado e a necessidade ou com o filme de polivinilbutiral (PVB) formabilidade). Além das condições
não do uso de primer. Também será dos vidros laminados, e podem pro- químicas, o rompimento do silicone
avaliado o cálculo da junta estrutural. vocar manchas na superfície próxima pode ser evitado se a adesão na junta
Além dos testes, devem ser revis- ao perímetro do vidro. compreender apenas duas faces opos-
tos os desenhos do projeto para solu- As juntas devem ser dimensiona- tas. Para evitar a adesão em três faces,
cionar eventuais dúvidas, definidos os das de acordo com o grau de movi- isola-se a terceira face com um filme
substratos que irão receber o selante mentação do substrato, que definirá o ou espuma de polietileno.

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Como aplicar o selante estrutural


1 Materiais e ferramentas necessários:
panos, pistola de aplicação, espátula,
solvente, capacete, estilete e fita adesiva.

2 A limpeza do substrato pode ser feita


com o "método dos dois panos": esfrega-
se um pano embebido com solvente, e em
seguida, outro pano seca o substrato. Esse
método pode ser empregado tanto para a
limpeza do vidro como para o caixilho.
1 2
3 O selante pode ser aplicado com uma
pistola, e posteriormente o material deve
ser empurrado de maneira a preencher a
junta por completo, contra os lados e
contra o espaçador. Quando o caixilho
tiver aba de sustentação, colocar uma fita
adesiva para proteger o perfil e o vidro,
removendo-a assim que o selante for
aplicado na junta.

4 Os quadros colados devem ser deixados


para cura na horizontal pelo tempo
especificado pelo fabricante de silicone, 3 4
em função do produto escolhido
(monocomponente ou bicomponente).

Preparação e aplicação aplicado em excesso, após a evapora- car uma fita adesiva para proteger o
Cada tipo de substrato requer ção do solvente, o primer forma uma perfil e o vidro, removendo-a assim
procedimentos específicos de limpeza camada esbranquiçada de pó que re- que o selante for aplicado na junta. Os
e aderência, mas, de modo geral, para sulta na perda de adesão. Ele também quadros colados devem ser deixados
que a adesão do selante tenha bom re- não deve ser aplicado em vidros. "Os para cura na horizontal pelo tempo
sultado, o substrato deve estar limpo, primers são recomendados apenas se especificado pelo fabricante de silico-
seco e sólido. As superfícies devem ser a adesão do silicone ao substrato não ne, em função do produto escolhido
limpas com panos embebidos com for suficiente, ou seja, o valor mínimo (monocomponente ou bicomponen-
solvente (não deve ser utilizada esto- não atingir o padrão do teste de Ade- te). O sucesso do trabalho de aplicação
pa). De acordo com Viesti, o método são in-peel ASTM C-794", explica de silicone em fachadas, esquadrias e
mais utilizado para limpar o substrato Viesti. O produto provoca reação quí- coberturas de vidro depende da capa-
é o "método dos dois panos": deve-se mica entre o substrato e o selante, citação da mão-de-obra e do controle
embeber um pano com solvente e es- agindo como promotor de aderência, de cada etapa - a limpeza da superfície,
fregá-lo no substrato. Em seguida, mas deve ser usado apenas quando es- passando pela aplicação eventual de
com outro pano seco, deve-se esfregar gotadas as possibilidades de testes um primer e, finalmente, do silicone.
o substrato até secá-lo, verificando se com os vários tipos de silicones, pois, No entanto, é preciso observar que
está limpo. Quando recomendado, além de altamente tóxico, o produto cada material tem características espe-
deve-se aplicar uma película fina de requer uma aplicação controlada. cíficas que o diferem quanto à limpeza
primer nos substratos com pincel de O selante é aplicado empurrando- e aderência do silicone.
cerdas naturais ou um pano limpo e se o material com a ponta do cartucho
sem fiapos e esperar 30 minutos até de maneira a preencher a junta por Falhas e reparos
que seque. Ele deve ser utilizado a completo. Para garantir que toda a Em geral, as falhas podem ser repa-
partir de uma pequena quantidade junta seja preenchida, pressiona-se o radas cortando-se a área afetada e apli-
em um recipiente metálico, e a emba- selante contra os lados da junta e con- cando-se novamente o selante. "Quan-
lagem deve ser fechada imediatamen- tra o espaçador. Quando o caixilho do as falhas comprometem o desem-
te para evitar contaminações. Se for tiver aba de sustentação, deve-se colo- penho da unidade como um todo, re-

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ESQUADRIAS

Materiais e aderência
Veja como preparar as diferentes feita pelo método dos "dois panos", com outros contaminantes na formulação do
superfícies e como o selante adere nas álcool como solvente. No caso do vidro material, como desmoldantes à base de
diferentes superfícies duplo, existem selantes específicos para vaselina. A superfície deve ser limpa com
utilização. Esses perfis são compostos por jato de areia, em seguida deve ser lixada
Metais dois painéis de vidro, um perfil oco e receber um polimento (se necessário,
As esquadrias mais instaladas em edifícios preenchido por dessecante à base de sílica usar palha de aço). Se o concreto estiver
são as metálicas, mas dependendo do (para absorver a umidade interna e evitar a molhado, usar solvente para limpeza e
metal podem apresentar problemas quanto condensação), selo primário evaporação da água. Aplicar o selante
à limpeza e aderência. O alumínio natural (poliisobutileno) e selo secundário (silicone). assim que o solvente evaporar ou o
contém contaminantes como óleos, grafite A produção desse sistema requer a lavagem substrato secar. As juntas devem ser
ou resíduos de carbono, que dificultam sua do vidro ou cristal, preenchimento do dimensionadas de acordo com o grau de
limpeza e o tornam oxidável, ao contrário espaçador com o dessecante, dobra do movimentação do substrato, que
do alumínio pintado ou anodizado. O aço marcador do espaçador e solda ultra-sônica, indicará o módulo de elasticidade do
inoxidável ou galvanizado permite apenas o aplicação do selante de poliisobutileno no silicone. Existem dois tipos de juntas a
uso de selantes de cura neutra; já o aço não marcador do espaçador e montagem do se considerar: a estática e a dinâmica,
pintado ou estampado sofre oxidação e vidro. No caso da colagem estrutural da que sofre movimentos de tensão e
pode provocar perda de adesão do selante. unidade de vidro duplo na fachada podem- compressão. Quando o substrato
Para limpar essas superfícies, o álcool se utilizar os selantes estruturais normais. O apresenta muita movimentação usa-se
isopropílico é o produto mais indicado. cálculo dessa junta é diferente das unidades um silicone de módulo mais baixo.
simples estruturais e também deve ser Quando a exigência é de fixação ou
Vidros definido pelo fabricante do selante. Toda a colagem, usa-se silicone de módulo
Em geral o vidro é um material excelente unidade de vidro duplo que será colada mais alto. Além das condições químicas,
para adesão do silicone, e os selantes estruturalmente deve ter um suporte o rompimento do silicone pode ser
neutros são os mais recomendados para mecânico para o peso morto. evitado se a adesão na junta
aplicação, exceto em vidros autolimpantes, compreender apenas dois lados opostos.
que pedem um silicone com propriedades Concreto Para evitar a adesão em três pontos,
que não alterem suas características. A A adesão do silicone no concreto pode isola-se o terceiro ponto com um filme
preparação da superfície também deve ser ser prejudicada pela presença de óleo ou ou espuma de polietileno.

comendamos que o vidro seja descola- Além do rompimento do selante


Marcelo Scandaroli

do e que seja feita uma nova aplica- existem falhas coesivas ou adesivas,
ção", explica Viesti. Para efetuar a nova causadas pelo rompimento do subs-
aplicação, no entanto, é necessário trato. Elas ocorrem quando o silicone
identificar o tipo de selante e substrato não se movimenta, e com a movi-
existentes e analisar o tipo de falha, se mentação da junta, rompe o substra-
adesiva, coesiva ou causada por movi- to. Essas falhas são comuns em super-
mento excessivo nas juntas. A partir fícies de concreto ou em estruturas
desse diagnóstico é possível fazer o re- metálicas submetidas a pintura com
paro, substituindo-se a camada de se- produtos não adequados. No concre-
lante por uma nova, mas não antes de to recomenda-se retirar o selante e re-
retirar todo o material velho. "Essa so- compor o substrato com uma resina
lução é segura se a reparação for feita epóxi, que em seguida recebe nova ca-
corretamente e com o selante adequa- mada de silicone. Já em estruturas
do", explica Viesti. Também há casos metálicas deve-se lixar a superfície das
em que se pode aplicar uma camada de peças e submetê-las a um tratamento
silicone sobre o selante antigo, quando anticorrosivo. Em seguida aplica-se
ocorrem falhas em fundo de junta. Em tinta de grande aderência e resistência
vez de retirar o silicone velho,coloca-se aos raios ultravioleta e aos agentes at-
uma camada de material antiaderente mosféricos (à base de poliuretano ou,
(como filme de polietileno), e aplica-se Como é grande a quantidade de vidros preferencialmente, epóxi), e após a se-
o novo silicone. Esse processo permite a serem colados, um equipamento dosa cagem e limpeza aplica-se nova cama-
mais movimento nas juntas e é compa- os componentes do silicone e os da de silicone.
tível com uma variedade de substratos. mistura no local Simone Sayegh

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CAPA

Alto e pronto
Sistemas em concreto pré-moldado viabilizam a construção de edifícios com
mais de 80 m de altura na Europa. No Brasil, edifícios de até dez andares são
integralmente construídos com pré-fabricados

os últimos anos, a Europa tem


N sido palco da proliferação de ar-
rojados arranha-céus executados in-
teiramente com componentes indus-
trializados. Países como a Bélgica e a
Holanda, no entanto, são um capítulo
à parte no que se refere à tecnologia
empregada na construção de edifícios
altos. Torres residenciais e comerciais
de até 40 andares são erguidas com sis-
temas pré-fabricados de concreto, es-
tabilizados por núcleos estruturais.
Nas torres, o contraventamento
acontece por meio dos painéis-parede
ou por núcleos moldados "in loco" com
fôrmas deslizantes ou trepantes. Os nú-
cleos também podem ser configurados
por painéis ou células (anéis) de con-
creto pré-moldado sobrepostos por en-
caixe ou solda. Segundo o engenheiro
Marcelo de Araújo Ferreira, professor
da UFSCar (Universidade Federal de
São Carlos), a definição do sistema
construtivo depende de aspectos como
o desempenho estrutural e a construti-
bilidade. "As escolhas decorrem da es-
tratégia de montagem que, por sua vez,
está atrelada a aspectos como as limita-
ções físicas do local, a cidade e as em-
presas envolvidas no empreendimen-
Iria Doniak

to", acrescenta o engenheiro.


Contraventamento e ligações pilar-
viga articuladas são pontos em comum Dexia Tower Building, em Buxelas, com 37 pavimentos, soma 591 colunas
entre as torres de concreto pré-mol- pré-moldadas de concreto de 80 MPa a 95 MPa e até 600 mm de diâmetro

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Divulgação: Copen
Luuk Kramer

Construído em Americana, o Condomínio


Edifício Jardins derruba o estigma de que
Localizado em Roterdã, na Holanda, a Waterstadtoren é composta por blocos de construção pré-moldada é sinônimo de baixa
apartamentos de 68 m, 85 m e 109 m. Na época em que foi construído (2004), o edifício renda. A concepção mista da estrutura combina
era a construção mais alta da Holanda feita com sistemas construtivos pré-moldados lajes alveolares pré-moldadas, vigas e pré-vigas

dado e as construções metálicas. "A mento absorver as ações horizontais fabricado na construção de edifícios
cultura européia de projeto com con- como o vento. As ligações pilar-pilar – altos. Obras limpas e rápidas, redução
creto pré-moldado é uma extensão da que acontecem, em geral, a cada dois do desperdício de materiais, maior
maneira de projetar com metálica", pavimentos (ou mais) – não precisam controle da qualidade e previsibilida-
esclarece o engenheiro. Enquanto a ser resistentes à flexão, como acontece de de resultados são algumas delas. O
Inglaterra tradicionalmente privile- nas estruturas monolíticas. outro ganho, segundo Ferreira, diz
gia a estrutura metálica – seja por ra- Se do ponto de vista construtivo as li- respeito à pré-fixação dos preços de
zões históricas ou por subsídios go- gações pilar-pilar são relativamente sim- compra dos insumos da construção.
vernamentais – nações como a Bélgi- ples nessas torres,o mesmo não pode ser "Nesses casos, os contratos são fecha-
ca e a Holanda priorizam as edifica- dito das ligações laje-viga, que exige dos dos a preços fixos, sem os aditivos
ções em concreto pré-moldado. "No projetistas critério e discernimento para contratuais que normalmente estão
caso da Bélgica, por exemplo, a indús- serem detalhadas. Isso porque o com- presentes nos contratos das obras
tria de pré-fabricados de concreto, portamento de diafragma das lajes é convencionais, como as de concreto
em especial a Ergon, reagiu fortemen- mais complexo em edifícios altos contra- moldado "in loco'", esclarece.
te contra a disseminação da constru- ventados (ver ilustração esquemática da
ção metálica no País", afirma Ferreira. estrutura).Nessas construções,as funda- Edifícios pré-moldados no Brasil
Produzidos em fábricas,em fôrmas ções também são mais pesadas, devido Normalmente, no Brasil, são cons-
metálicas com concreto auto-adensá- ao aumento de carga promovido pelo truídos edifícios de até dez andares com
vel de 90 MPa, os pilares são dimensio- núcleo de enrijecimento. estruturas integralmente pré-fabri-
nados para suportar somente as cargas No entanto, são muitas as vanta- cadas de concreto. Com resistência me-
verticais, já que cabe ao contraventa- gens propiciadas pelo sistema pré- cânica que pode chegar até 50 MPa, os

49
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CAPA

pilares são contínuos e têm as ligações,


semi-rígidas, resistentes à flexão. "Aci-
ma disso,a montagem dos pórticos pré-
moldados se torna um processo menos
racional, devido ao custo adicional da
ligação pilar-pilar e à dificuldade de
montagem de pilares de maiores com-
primentos", acrescenta Ferreira.
Edifícios maiores, feitos com siste-
mas construtivos pré-fabricados em
concreto, têm a "estrutura híbrida" (ver
cases), ou seja, combinam sistemas
moldados "in loco" com pré-molda-
dos.Lajes alveolares e vigas protendidas
são associadas a pilares moldados no
local,compondo uma estrutura aporti-
cada. Sem núcleo rígido ou contraven-
tamento, esse sistema traz como vanta-
gem a redução das fundações. Em al-
guns casos, no entanto, quando o edifí-
cio é mais esbelto, o contraventamento
A ação diafragma do piso é obtida por meio de tirantes que conectam os elementos da
pode ser necessário.
laje entre si. Nas arestas dos pisos, os tirantes estão conectados com os elementos
As ligações solidarizadas com
pré-fabricados em concreto das fachadas. As juntas entre os elementos do piso são
concretagem no local simulam uma
preenchidas com argamassa de cimento

Het Strijkijzer, Roterdã (2007)


Projetada pelo escritório de arquitetura concreto da fachada, conferem estabilidade pré-fabricado por meio da junta de
holandês AAArchitecten, "Het Strijkijzer" é ao edifício. As paredes pré-fabricadas e os compressão com argamassa. Os painéis
uma torre residencial de 43 andares e 130 m elementos estruturais da fachada são dispõem de cantoneiras metálicas no topo
de altura construída com sistemas pré- intertravados de modo a fornecer ação de (na parte interna) para apoio da laje. A opção
fabricados de concreto. O contraventamento pino para transferência da cortante vertical. pelo piso sem capa de concreto aumentou
é feito por painéis estruturais pré-moldados, Na torre, a transferência de forças verticais consideravelmente a velocidade da
que, em conjunto com as colunas de é direta e acontece de painel para painel construção (dois pavimentos por semana).
Divulgação: Aaarchitecten

Divulgação: Corsmit Consulting Engineers

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estrutura monolítica. "Essa lógica de


projeto é uma evolução do sistema Belvédère, Roterdã (2000)
moldado "in loco", da mesma forma
Com 96 m de altura, o

Divulgação: KPN
que, na Europa, a lógica de projeto
edifício-sede da empresa
para edifícios em concreto pré-
de telecomunicações KPN
moldado – altos ou não – assemelha-
possui estrutura híbrida
se ao sistema metálico", explica Fer-
que combina concreto
reira. O que ambos os sistemas têm
pré-fabricado e concreto
em comum é a utilização da laje al-
moldado no local. As
veolar e vigas pré-moldadas.
forças horizontais que
"Precisamos de um maior número
resultam da inclinação do
de empresas adotando a laje alveolar
prédio são compensadas
como sistema construtivo e estamos in-
por uma treliça de aço de
centivando sua utilização em edifícios
50 m, que desempenha
altos", diz a engenheira Íria Lícia Oliva
um papel importante
Doniak, diretora-executiva da Abcic
na interação das forças.
(Associação Brasileira de Construção
A superfície oblíqua da
Industrializada de Concreto). A baixa
fachada é um painel
mecanização do canteiro de obras, se-
publicitário luminoso
gundo Íria, é um dos principais obstá-
(48 m x 85 m) cuja
culos para a disseminação dos edifícios
inclinação foi inspirada
altos em concreto pré-moldado no País.
nos eixos dos cabos da
Segundo Ferreira, as estruturas de
Erasmus Bridge.
concreto brasileiras totalmente pré-

Tecnologia mista em Florianópolis (2003-2005)


Lançado pela Kobrassol, do grupo Cassol,
Clóvis Medeiros

o edifício comercial São José da Terra


Firme tem 14 andares e estrutura
híbrida. O sistema proposto pelo
arquiteto Ademar Cassol e pelo calculista
Hercílio Ferrari consiste num edifício em
"L" com modulação entre pilares,
aproveitando a região central de escadas
e elevadores para a criação de núcleos
rígidos de contraventamento e nós semi-
rígidos nas ligações de vigas e pilares. Os
pilares foram moldados no local, com
concreto fck 30 MPa, mesma resistência
especificada para as vigas e lajes
alveolares protendidas (ambas com
cordoalhas aderentes). Para a execução
dos pilares foram utilizadas fôrmas de
madeira compensada e escoramento
metálico. As vigas e lajes pré-moldadas
foram transportadas até a obra em
caminhões trucados, sem necessidade de
adaptações. Na montagem do edifício foi
utilizado um guindaste tipo grua com segunda etapa foram montadas as fôrmas decorrentes de um esforço de flexão
capacidade para 3,0 tf e lança de 30 m. e concretadas as ligações. transversal não previsto. Posteriormente,
Os pré-moldados foram apoiados nos Lajes alveolares foram transportadas por foram colocadas as armaduras
pilares por armaduras de esperas, dispositivos especiais (balancim e garras) complementares para as vigas e lajes e
dispensando escoramento. Numa que evitam fissuras longitudinais feita a última etapa de concretagem.

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CAPA

Arnold Van Acker


Edifício de escritórios Convent
Garden Brussels, com 16 pavimentos
e estrutura elíptica

moldadas oferecem vantagens econô-


micas no que se refere aos edifícios bai-
xos,sobretudo quando se trata de cons-
truções de até sete pavimentos. "Na Eu-
ropa, devido à cultura construtiva, eles
reproduzem o sistema de contraventa-
mento até mesmo nos edifícios baixos,
o que é dispendioso", esclarece o enge-
nheiro. "Até dez pavimentos, nossas li-
gações solidarizadas são mais racionais
Marcos Zartur

do ponto de vista estrutural e de mon-


tagem", acrescenta.
A Europa, por dispor de uma cul-
Localizado em Fortaleza, o empreendimento Pátio Dom Luís é composto por um shopping,
tura mecanizada de canteiro, conse-
duas torres residenciais de 24 pavimentos e duas torres comerciais de 20 pavimentos. As
gue driblar problemas como a escas-
varandas, assim como grande parte das vigas e lajes são pré-fabricadas. Os pilares e as caixas
sez de mão-de-obra, questão que o
de elevador foram moldados "in loco"
Brasil, apesar de não estar preparado
para combater, poderá viver em épo-
cas de maior aquecimento do merca-
do da construção civil. "Vamos come-
çar a enfrentar problemas que lá fora
eles já enfrentam", alerta Íria.
Outro grande desafio para a propa-
gação dos edifícios altos em concreto
pré-moldado é o sistema de financia-
mento de obras brasileiro, responsável
pela "dilatação" dos cronogramas de
execução das obras, que duram, em
média, de 24 a 36 meses. Em função
disso, o incorporador pode optar por
Iria Doniak

sistemas construtivos convencionais em


vez dos pré-moldados e da boa relação
Linha de produção de pré-moldados na Bélgica, onde as fábricas investem alto custo–benefício que eles propiciam.
nos sistemas de fôrma, cura e protensão Valentina Figuerola

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DRYWALL – PINI 60 ANOS

Evolução seca
Abertura da economia e disseminação da construção racionalizada
impulsionaram desenvolvimento do mercado do drywall no Brasil

omparado com países como Esta- ao impacto ou por duvidar de sua ca-
C
Divulgação: Knauf

dos Unidos e Japão, o mercado de pacidade em prover isolação acústica


drywall no Brasil é ainda incipiente. adequada. Preconceitos que gradual-
Enquanto nesses locais o sistema é mente vêm sendo eliminados com a
amplamente difundido há décadas, divulgação de informações técnicas
por aqui ele só começou a se consoli- sobre o drywall, com a criação de pro-
dar com a chegada das indústrias gramas da qualidade dos produtos e
multinacionais do setor, em meados com a publicação de normas técnicas
da década de 1990. para o sistema.
Mas não tem sido fácil ser aceito As chapas de gesso acartonado
num País marcado pela cultura da começaram a ser produzidas no Bra-
construção em concreto e blocos. sil no início da década de 1970, mas
Ainda há consumidores (e construto- antes disso já eram amplamente di-
res) que resistem à tecnologia, por fundidas nos mercados norte-ameri-
considerá-la mais cara que a alvenaria cano, europeu e japonês. O produto
de blocos tradicional, por desconfiar foi inventado nos Estados Unidos por
de sua resistência a carregamentos ou Augustine Sackett, ainda no final do

Linha do tempo
Década de 1970
Década de 1980
Divulgação: Lafarge

Só forros: Drywall não se firma como um sistema


construtivo atraente para vedação interna. Até a década
de 1990, apenas uma em cada cinco chapas produzidas
era utilizada em divisórias de ambientes comerciais -
cerca de 80% delas eram usadas como forros.

Década de 1990
Surge um mercado: A construção racionalizada se
consolida no País, gerando demanda por novos sistemas
construtivos industrializados. Vislumbrando um novo
Estréia no Brasil: A primeira fábrica de chapas de gesso mercado promissor, três empresas começam a fornecer o
acartonado do País entra em operação na cidade de Petrolina, em produto no Brasil: a francesa Lafarge, a alemã Knauf e a
Pernambuco, no ano de 1972. A Gypsum do Nordeste fornecia ao britânica BPB-Placo. As empresas iniciaram seus negócios
mercado placas para forros e divisórias internas. Apesar de, no setor importando chapas de suas fábricas no exterior,
durante a década de 1970, centenas de unidades de conjuntos mas logo instalaram seus próprios parques industriais no
habitacionais em São Paulo terem sido construídas com vedação País. A Lafarge adquiriu, em 1995, as fábricas de Petrolina
interna em drywall, o sistema não se populariza. e Araripina da Gypsum do Nordeste.

54 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

2008
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Discussões atuais

Divulgação Knauf
Até o final do ano, deve estar
disponível para consulta pública a
norma de montagem de sistemas de
drywall. A elaboração do texto
começou em agosto de 2007. A idéia
século 19, mas só na década de 1940 inicial, de acordo com Luiz Antonio
se disseminou seu uso em divisórias Martins Filho, da Associação Drywall,
internas em casas e escritórios. era produzir uma norma
A oportunidade de introduzir a complementar para os componentes
construção seca e industrializada no não incluídos nas normas de chapas e
Brasil surgiu durante o "Milagre de perfis, mas os construtores
Econômico". A forte presença estatal pediram para que contemplasse
no setor da Construção – especial- também a execução do sistema. "Eles
mente neste caso financiando o setor compravam um produto normatizado,
imobiliário – "garantia" a demanda e mas sentiam falta da normatização do
estimulava o investimento em siste- processo de montagem", revela. Em
mas construtivos industrializados. outra frente, a norma NBR 15.217
Nesse período, testaram-se tecnolo- também está sendo revisada para que
gias como painéis cimentícios de fe- seu texto seja complementado com os
chamento pré-fabricados, edifícios métodos de ensaio dos perfis
com paredes de concreto e sistemas metálicos para drywall.
de vedações verticais com chapas de
gesso acartonado.
A primeira fábrica foi instalada volvimento de mercado ocorreu du- lhães Prado. Em Taubaté, 850 casas.
em 1972 na cidade de Petrolina, em rante aquela década: diversos con- Na Praia Grande, no litoral, mais 100
Pernambuco, pela Gypsum do Nor- juntos habitacionais foram construí- casas. Mesmo assim, o sistema não
deste. Localização estratégica, já que dos no Estado de São Paulo com di- pegou e, durante toda a década de
ali se encontravam enormes jazidas visórias internas em chapas de dry- 1980, apenas 20% das chapas de
de gipsita, mineral usado na produ- wall. Em Guarulhos, foram 950 uni- gesso produzidas eram aplicadas
ção de gesso. Um esboço de desen- dades no conjunto Zezinho Maga- como divisórias.

Década de 2000
Associação é criada: Para divulgar a (RU) – de coloração verde, para uso em Norma de perfis: A ABNT (Associação
cultura da construção seca, as áreas úmidas e molháveis internas – e Brasileira de Normas Técnicas) publica,
fabricantes do sistema fundam a as chapas Resistentes ao Fogo (RF) – em 2005, a NBR 15.217 – Perfis de Aço
Associação Drywall (Associação Brasileira de coloração rosa, contêm retardantes para Sistemas de Gesso Acartonado –
dos Fabricantes de Chapas para Drywall) de chama em sua composição, Requisitos. O documento prescreve as
em junho de 2000. fazendo-as adequadas para aplicação características das estruturas metálicas
em saídas de emergência, áreas das paredes de drywall.
Novas tecnologias: São lançadas no enclausuradas etc.
Divulgação: Lafarge

País as chapas Resistentes à Umidade


Primeira normatização: Em 2001, são
Divulgação: Associação Drywall

publicadas as primeiras normas


técnicas para chapas de gesso
acartonado: a NBR 14.715 (Requisitos),
a NBR 14.716 (Verificação das
Características Geométricas) e a NBR
14.717 (Determinação das
Características Físicas).

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DRYWALL – PINI 60 ANOS

O mercado dá uma guinada em ma ia ao encontro desses interes-


meados da década de 1990, impul- ses", explica.
sionado pela disseminação da cons- A resistência dos consumidores
trução racionalizada – que aceitava ao toque "oco" e à impressão de fragi-
bem sistemas construtivos rápidos e lidade e de falta de desempenho acús-
industrializados – e pela abertura da tico foi sendo desfeita conforme o sis-
economia nacional aos produtos tema foi sendo divulgado. Primeiro,
importados. O cenário atraiu multi- as fabricantes procuraram o IPT para
nacionais européias do setor. A La- elaborar Referências Técnicas do
farge, que já atuava no País em ou- produto. Em seguida, deram início ao
tros segmentos, criou uma divisão Em 1974, a revista A Construção São processo de elaboração de normas
para comercializar as chapas de dry- Paulo mostrava o protótipo de casa técnicas de cada um dos componen-
wall; BPB Placo e Knauf desembar- pré-fabricada estruturada, fechada e tes. Constituíram, também, a Asso-
cavam por aqui para atuar nesse coberta em madeira e com divisórias ciação Drywall para divulgar a tecno-
novo nicho de mercado. Inicialmen- internas em chapas de gesso logia ao mercado brasileiro.
te, as empresas importavam as cha- acartonado. Segundo a reportagem, Segundo Martins Filho, com o
pas de gesso e outros componentes a casa de 53,5 m² poderia ser crescimento, nos últimos anos, do
do sistema de vedação; quando suas construída em 20 dias mercado imobiliário residencial, o
fábricas ficaram prontas, passaram a sistema vem sendo mais usado na
produzir por aqui mesmo. construção de casas e apartamentos.
Segundo o gerente-executivo da uma penetração inicial maior no "O perfil dos usuários mudou bas-
Associação Drywall (Associação segmento comercial. "Proprietários tante, as pessoas demandam flexibi-
Brasileira dos Fabricantes de Cha- de shopping centers, lojas, restau- lidade de layout", afirma o enge-
pas para Drywall), Luiz Antonio rantes estão interessados em come- nheiro, para quem o drywall atende
Martins Filho, por apresentar um çar a operar rápido, mesmo que o a tais necessidades.
custo maior, o sistema conseguiu custo inicial fosse maior. E o siste- Renato Faria
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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Urbanização, agregados
minerais e sustentabilidade
perspectiva de se alcançar um ce- vias urbanas e estradas, onde a areia e
A nário de desenvolvimento susten-
tável no universo da construção civil
Omar Yazbek Bitar, geólogo
IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas
a brita correspondem geralmente a
95% do material empregado, sendo o
pressupõe analisar as dimensões eco- do Estado de São Paulo) restante composto de emulsão asfálti-
nômica, social, ambiental e institucio- e-mail: omar@ipt.br ca. Nesse caso, o uso de agregados re-
nal envolvidas em toda a cadeia produ- ciclados tem crescido e já chega, em
tiva, desde o fornecimento de insumos algumas aplicações, a cerca de 50% do
básicos até o tratamento e a destinação sos ainda não plenamente equaciona- volume de material empregado.
dos resíduos gerados. Para tal, convém dos, que limitam a intensificação do Dados compilados dos últimos
incluir, nessa análise, a avaliação do pa- uso de RCDs, como logística, desem- anuários do DNPM (Departamento
norama atual e futuro em relação ao penho ou até certa falta de cultura Nacional da Produção Mineral),
setor de extração de agregados mine- técnica para aprimorá-los e aos pou- acerca da evolução do setor mineral
rais, sobretudo areia e brita, materiais cos ampliar sua utilização. Certamen- no País na última década, ilustram a
largamente empregados na prepara- te, muito ainda se avançará nesse ca- significância da participação dos
ção de argamassas, concreto, artefatos minho, conforme já se vê em países agregados minerais no quadro do
de cimento e pavimentos, e ainda fun- mais desenvolvidos. Todavia, en- produto mineral brasileiro. Exce-
damentais em obras de engenharia. quanto isso, a dinâmica produtiva tuando-se gás e petróleo, estima-se
De fato, em que pese o conjunto de atual continua notavelmente deman- que o setor de agregados (areia, casca-
esforços e avanços tecnológicos recen- dante de agregados de origem mine- lho e pedras britadas) tem respondi-
tes em relação ao aproveitamento de ral, com valores crescentes a cada ano do por cerca de 30% do volume total
RCDs (resíduos de construção e demo- em todo o País, razão pela qual os gerado nas minas brasileiras. A rele-
lição), passíveis de reciclagem e empre- problemas associados à sustentabili- vância dessa presença é ilustrada tam-
go como materiais alternativos, em dade de sua produção em áreas urba- bém quando se verifica que esse volu-
substituição a insumos tradicionais, nas, em todas as suas dimensões fun- me supera o do montante de minério
aqueles bens minerais permanecem na damentais, devem ser considerados. de ferro produzido no País, este como
pauta de itens básicos requeridos na bem mineral de maior expressão na
maior parte dos projetos e obras de Características do setor produtivo pauta atual de exportações. Contabi-
construção civil. A adoção de normas Os agregados são materiais gra- lizam-se nisso apenas as estatísticas
de estímulo ao incremento da recicla- nulares, com dimensões e proprieda- oficiais, pois se sabe que o setor abriga
gem de RCDs (como o decreto munici- des físico-químicas variadas. Tanto ainda uma parcela considerável de
pal em vigor na cidade de São Paulo em argamassas quanto na fabricação pequenos empreendimentos na cha-
desde julho de 2007, sobre o uso de de concreto e artefatos de cimento, os mada economia informal.
agregados reciclados em obras de pavi- agregados (areia e brita) entram ge- Segundo a Anepac (Associação
mentação de vias públicas), aparente- ralmente na composição com 70% a Nacional das Entidades de Produtores
mente não tem sido ainda suficiente 80% do volume total e sua qualidade de Agregados para Construção Civil),
para inverter ou mesmo atenuar signifi- deve estar compatível com as normas o consumo de agregados pela popula-
cativamente o consumo de materiais técnicas pertinentes a cada finalidade. ção brasileira se situa atualmente em
produzidos a partir de fontes primárias. Os agregados também constituem a cerca de 2 t/hab/ano, ou seja, em pata-
Talvez se possa atribuir esse qua- base do material utilizado na pavi- mar muito inferior quando compara-
dro a uma conjunção de fatores diver- mentação asfáltica de boa parte de do ao de países mais industrializados,

58 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008


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como Canadá (13),Estados Unidos (9)


e Europa Ocidental (variável entre 5 e 8
t/hab/ano) – (disponível em www.ane-
pac.org.br. Acesso em jun/2008). Se
confirmadas as expectativas atuais em
relação às taxas de crescimento da eco-
nomia brasileira medida pelo PIB
(Produto Interno Bruto), em torno de
4% a 5% ao ano, essa diferença certa-
mente tende a ser reduzida nos próxi-
mos anos.
Essa tendência é percebida por
meio de dados coletados pelo
Sindipedras-SP (Sindicato da Indús-
tria de Mineração de Pedra Britada do
Estado de São Paulo) em relação à de-
manda de brita na Região Metropoli-
Figura 1 – Empreendimento imobiliário em fase de terraplenagem, em zona de
tana de São Paulo, que cresceu 15% no
expansão urbana da cidade de Guayaquil, Equador, em abr/08, com fragmentos
período de 2005-2007. Quanto aos
remanescentes de pedreira recém-encerrada no local
preços médios praticados atualmente
no mercado varejista, dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Es- ponder a essas e outras questões a par- ção e produção de agregados mine-
tatística) mostravam que, em março tir de uma análise das relações históri- rais. Geralmente situadas nas zonas
de 2008, o metro cúbico de pedra bri- cas que se estabeleceram entre o pro- periféricas das cidades, essas áreas ten-
tada no 2 variava muito ao longo do cesso de urbanização e a extração de dem a ser constrangidas pela urbani-
território brasileiro (que possui cerca agregados minerais em áreas urbanas, zação que se aproxima, gerando con-
de 700 pedreiras), oscilando entre o mirando as conseqüências atuais e as flitos ambientais e disputas pelo uso
mínimo de R$ 36 no Estado da Bahia e perspectivas futuras em relação à sus- do solo. Esses conflitos normalmente
o máximo de R$ 148 no Acre, passan- tentabilidade das cidades. arrefecem ou se extinguem com o en-
do por valores da ordem de R$ 56 e R$ cerramento das atividades extrativas e
41 no Rio de Janeiro e em São Paulo, Pressão continuada a transferência da atividade mineira
respectivamente. Além da relativa es- Na origem do problema parece para áreas cada vez mais remotas.
cassez de rochas adequadas ao uso estar o crescimento descontrolado das Retratos desse processo podem ser
como agregados nas proximidades de cidades, fenômeno observado em di- observados ainda hoje no País e certa-
alguns centros consumidores, como versas partes do mundo, especialmen- mente em muitas outras médias e
nos Estados da região Norte, as dispa- te em países em desenvolvimento, a grandes cidades do mundo. Caso no-
ridades de preços se correlacionam partir da segunda metade do século tável se constata, por exemplo, na ci-
também com o tipo de rocha lavrada, passado (período pós-segunda grande dade de Guayaquil, maior aglomerado
visto que rochas calcárias e basálticas guerra) e que segue exercendo forte urbano do Equador, com quase três
apresentam em alguns casos custos de pressão sobre os recursos naturais ou- milhões de habitantes e cujo cresci-
produção mais baixos quando com- trora situados em áreas circunvizinhas mento populacional mais do que do-
parados aos de granitos e gnaisses, e distantes dos centros urbanos. A ex- brou na última década do século XX.
estes mais comuns, por exemplo, no pansão acelerada das cidades tem re- Aliado à característica local de baixos
Sudeste (Areia & Brita, 2008). percutido em perda tanto de qualida- índices históricos de verticalização
Assim, para lidar com essa tendên- de desses recursos (o que se nota, por (por conta de riscos sísmicos, mas
cia de crescimento, em um contexto de exemplo, em relação aos recursos hí- também por razões culturais), bem
evidentes distinções regionais, emerge dricos, em decorrência da poluição de como devido a limitações geográficas
a necessidade de buscar respostas a al- mananciais ocasionada pelo lança- (oceano ao Oeste e manguezais ao
gumas questões fundamentais: de mento in natura de resíduos e efluen- Sul), a cidade concentra sua expansão
onde virão esses materiais? Em que tes diversos) quanto de quantidade ou urbana especialmente no rumo Oeste
condições sociais, ambientais e institu- disponibilidade, condição essa parti- e Norte, com evidentes efeitos em rela-
cionais serão produzidos? Como serão cularmente afeita ao caso dos recursos ção a pedreiras preexistentes. Ganham
transportados e a que preços chegarão minerais em áreas urbanas. cada vez mais espaço os empreendi-
ao mercado consumidor? Como asse- O processo de urbanização tem mentos imobiliários de grande porte,
gurar para que sejam extraídos em avançado progressivamente e de extremamente afastados do centro ur-
bases sustentáveis? Pode-se tentar res- forma inapelável sobre áreas de extra- bano do município (em um contexto

59
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ARTIGO

Imagem de base: Funcate/SMA, 2003


(Imagem de base: Funcate/SMA, 2003)

Figura 3 – Pedreiras (em vermelho)


localizadas na frente de expansão norte
da cidade de São Paulo, sob notável
pressão exercida pela urbanização.
Em verde, área de antiga pedreira
Figura 2 – Areeiras (círculos, em vermelho) localizadas na frente de expansão sul da atualmente utilizada para
cidade de São Paulo, sob notável pressão exercida pela urbanização tratamento de resíduos

notavelmente desprovido de infra-es- ficas favoráveis à separação da areia (re- minerais, o que remete à reflexão
trutura de transporte público), com a movida em meio à polpa, por métodos sobre as perspectivas futuras nas rela-
construção de extensos condomínios essencialmente gravitacionais). ções entre mineração e cidades.
residenciais horizontais e o conse- Cabe mencionar que, no passado,
qüente remanejamento da extração essas areeiras se encontravam instala- Conseqüências à sustentabilidade
de agregados minerais para áreas mais das mais ao núcleo da metrópole, no Os efeitos decorrentes desse pro-
distantes (figura 1). campo denominado de centro expan- cesso se fazem sentir no plano econô-
Além desse caso, muitos outros dido, em áreas de planícies aluviais mico e também no âmbito socioam-
certamente poderiam ser menciona- dos rios Pinheiros e Tietê, hoje total- biental, ou seja, repercutem nos pila-
dos, particularmente em países da mente ocupadas pela urbanização e res de sustentabilidade das cidades, a
América Latina e Caribe e também na seu sistema viário. Com o tempo, as partir da perda de recursos minerais
Ásia. Como na China, considerada atividades migraram não apenas sob aproveitáveis, pela indisponibilidade
hoje como centro industrial mundial o ponto de vista geográfico, mas tam- de jazidas devido à ocupação do solo.
e que tem a maior parte de suas insta- bém no que se refere aos materiais la- Perde-se, de maneira praticamente ir-
lações fabris situadas dentro ou em vrados, que mudaram para os men- reparável, a possibilidade de aprovei-
áreas próximas das cidades (UNFPA, cionados solos de alteração. tamento de bens minerais importan-
2007), inclusas as de produção de Por sua vez, ao Norte do municí- tes ao desenvolvimento sustentável
agregados para construção, as quais pio, sob o domínio de rochas cristali- das próprias cidades.
evidenciam os primeiros sinais de nas de composição predominante- Com isso, transferem-se instala-
problemas e conflitos ambientais. mente granítica ou gnáissica, encon- ções e abrem-se novas minas em outras
Com algumas diferenças em seu tram-se diversas pedreiras, como na localidades mais longínquas (em rela-
processo evolutivo, a depender do tipo região da serra da Cantareira (figura ção à cidade em questão,embora certa-
de agregado mineral extraído,o caso da 3), com características propícias à mente próximas a outros centros con-
RMSP envolve situações similares. No- produção de brita. sumidores). Muda-se o endereço, mas
tabiliza-se o caminhamento e a atual Tanto as areeiras quanto as pedrei- os problemas, como os de natureza
concentração de areeiras no rumo da ras encontram-se hoje sob forte pres- ambiental, por exemplo, podem não
zona Sul da região (figura 2), em que são da expansão urbana. Não se pode apenas se repetir, mas evoluir para si-
ocorre o domínio de morros cobertos deixar de considerar certa contradição tuações até mais preocupantes. Por
por solos de alteração de rochas crista- nesse processo. Em síntese, observa-se conta de deficiências institucionais as-
linas (os solos saprolíticos, correspon- que a mesma urbanização atualmente sociadas a essas novas localidades, bem
dentes ao horizonte pedológico C), viabilizada pela indústria da constru- como de práticas rudimentares por
muito suscetíveis a processos erosivos ção civil acaba, mais cedo ou mais parte de alguns produtores, configu-
e, por isso, passíveis de desmonte hi- tarde, expulsando ou eliminando uma ram-se cenários de impactos ambien-
dráulico relativamente simples, bem das atividades que a alimenta, ou seja, tais com magnitudes e intensidades
como situados em condições topográ- a extração e produção de agregados ampliadas. Exemplo disso se observou,

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por exemplo, na região do Vale do Pa-


raíba no Estado de São Paulo, bem
como em outras localidades próximas
à metrópole, que abrigou diversas
minas destinadas a atender às deman-
das de areia da RMSP, mas que gerou
degradação e conflitos no próprio Vale.
Também se nota o aumento do
custo do transporte, pelo fator distân-
cia e, portanto, resultando em aumen-
to significativo no preço ao consumi-
dor. É o caso da areia para abastecer a
RMSP, que advém de localidades a dis-
tâncias que chegam a 150 km, com
inevitáveis aumentos no custo final e
Figura 4 – Porcentagem da população residente em áreas urbanas, por região
que alcançam até 70% de acréscimo.
(1950-2030). Fonte: UNFPA, 2007
Em muitos casos, o preço ao consumi-
dor chega a triplicar ou quadruplicar
em relação ao valor que se pode obter O relatório da ONU diz ainda que destacar alguns temas e desafios a en-
diretamente no local da mina. a população do mundo cresce a uma frentar, com urgência.
velocidade assombrosa e não seria O primeiro deles diz respeito à
Perspectivas futuras apenas inútil, como equivocado, ten- conservação de recursos minerais asso-
Embora em ritmo mais lento em tar reverter essa tendência. Em 2030, ciados aos agregados, visando assegu-
comparação às décadas passadas e, regiões como Ásia ou África terão o rar o suprimento futuro. O conceito
ainda, de modo desigual na superfície dobro de população e será grande deve ser o mesmo empregado em rela-
do planeta, o crescimento da popula- também o crescimento na América ção, por exemplo, à água (passível tam-
ção urbana no mundo continua avan- Latina e Caribe. Mudar o caminho das bém de reúso) e que corresponde ao
çando em todos os continentes (figura coisas seria inútil, adverte o relatório, que se pode chamar de bom senso
4). Essas constatações se encontram segundo o qual é melhor seguir essas comum, ou seja, usar bem hoje para
em estudos recentes da ONU (Organi- tendências de perto, conscientes do poder ter amanhã. A conservação dos
zação das Nações Unidas) sobre a si- fato de que a possibilidade ao menos recursos minerais existentes em regiões
tuação da população no mundo de um futuro sustentável das cidades urbanas pode ser efetuada mediante
(UNFPA, 2007) e denotam uma gran- depende de decisões que em grande proteção legal das reservas conhecidas
de preocupação com a evolução e o fu- parte devem ser tomadas agora. O re- e previsão das áreas potenciais, estabe-
turo das cidades, em particular com as latório define o futuro como "a alvora- lecendo-se o necessário cinturão para
chamadas megalópoles (figura 5). da de um milênio urbano" e aponta limitar o avanço da ocupação.
De acordo com o relatório da que os problemas gerados são a falta de Evidentemente, há um debate a
ONU, pela primeira vez na história a planejamento dessas cidades, que se ser travado diante dessa questão, em
população urbana supera a rural. A reflete em uma demanda não satisfeita face de outros usos igualmente defi-
marca de 50% de pessoas morando em por serviços básicos: água, esgotos e nidos pela sociedade como relevan-
cidades está sendo atingida neste ano lixo. No caso da América Latina e Cari- tes para fins de preservação, conser-
(2008) e a população mundial se con- be, segundo o relatório, agora o pro- vação e uso. Porém, assim como as
centrará irreversivelmente em áreas blema central é a regularização das águas, o ar e a biodiversidade, essen-
urbanas, alcançando 60% em 2030. Na propriedades e o serviço de estrutura ciais à vida e à sustentabilidade das
América Latina e Caribe esse índice das nossas cidades. cidades, os agregados minerais
chega hoje a 75% da população (pata- É nesse contexto que se impõe (igualmente relevantes sob a ótica
mar inferior apenas ao da América do hoje a discussão e a decisão necessá- da sustentabilidade das cidades,
Norte). No caso brasileiro, de acordo rias em relação à abordagem da pro- pelo seu papel no suprimento de in-
com o IBGE, em 2005 a população ur- dução de agregados minerais em re- sumos necessários à manutenção e
bana já alcançava 84,20% (disponível giões urbanas, vitais para a infra-es- ampliação da infra-estrutura das
em www.ibge.gov.br/paisesat/. Acesso trutura das cidades brasileiras. mesmas) também têm sido afetados
em jun/2008) e continuará crescendo. pelo crescimento desordenado delas
A ONU adverte os governos a levar em Alguns desafios atuais (a ponto de, na maior parte dos
conta a sustentabilidade das metrópo- Diante desse cenário, sempre sob casos, tornarem-se inexploráveis em
les, porque são nelas que o "futuro do a égide da busca da sustentabilidade face da ocupação do solo superfi-
mundo" irá ocorrer. de nossas próprias cidades, podem-se cial) e sua oferta deve ser protegida

61
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ARTIGO

Outra linha de possibilidades diz


respeito à integração de áreas exauri-
das ao tecido urbano, visando gerir a
reabilitação progressiva de áreas de-
gradadas pela mineração. Opções de
usos pós-mineração devem considerar
a integração com a circunvizinhança e,
ainda, ser produtivos, gerenciáveis e
sustentáveis. Os parques públicos e re-
creativos encontram-se entre as solu-
ções que melhor têm se adaptado a
esses condicionantes. Usos pouco fre-
qüentes, como os de antigas cavas uti-
lizadas como "piscinões" (estruturas
hidráulicas destinadas ao controle de
enchentes urbanas), carecem de me-
lhor avaliação, menos em face da alter-
nativa pós-mineração proporcionada
e mais pelas dificuldades detectadas
em relação à destinação do lixo acu-
mulado durante sua operação.
Usos seqüenciais também se mos-
tram viáveis, como demonstra o caso
da Pedreira Itaquera na cidade de São
Paulo, em que se priorizou a instala-
ção de um aterro de inertes no interior
da cava exaurida e a posterior destina-
ção do local para fins de empreendi-
mento imobiliário (Areia & Brita,
2007). Há, contudo, questões a consi-
Figura 5 – Evolução do crescimento da população urbana no mundo (1950-2030) e
derar em torno da eventual adoção de
as dez maiores metrópoles (2005-2015). Fonte: UNFPA, 2007
tal modelo, dada a alternativa perdida
em relação ao pleno reaproveitamen-
visando seu aproveitamento futuro, risco de ultralançamento de fragmen- to dos materiais inertes provenientes
em bases sustentáveis. tos de rocha), bem como a eliminação de RCDs lançados nesse tipo de ater-
Outro grande desafio a enfrentar do emprego do cordel detonante (re- ro, que poderiam em parte ser recicla-
refere-se ao prolongamento da vida duzindo a sobrepressão acústica) e as dos e utilizados novamente como
útil das minas urbanas em operação, inovações na britagem de rochas em agregados. Todavia, trata-se de uma
visando estender ao máximo a dura- pedreiras (com adoção de britador de opção relevante e o tema chama a
ção das extrações atuais e manter ao impacto de eixo vertical), propiciando atenção para outra alternativa: a via-
menos uma parte do suprimento a produção de areia artificial (gerada a bilidade de instalações mistas, com
atual, mediante métodos e práticas partir da britagem de rochas cristali- triagem dos materiais (além daquela
adequadas e o aprimoramento da nas) e a conseqüente redução da utilizada no caso), em que parte dos
gestão ambiental nesses empreendi- quantidade de rejeitos (finos de pe- materiais poderia ser destinada à reci-
mentos. Como se pode fazer isso? dreiras) nas minas, prenunciam avan- clagem e parte lançada em aterro.
Distinguem-se, ao menos, duas linhas ços relevantes, conforme salientado Estimular o desenvolvimento da re-
de possibilidades de atuação. em Sánchez (2007). Essas medidas in- ciclagem de RCDs se constitui também
Uma refere-se à necessária melho- cluem-se entre as que tendem a favo- em um dos principais desafios a enfren-
ria na gestão ambiental de minas ur- recer melhor convivência entre pe- tar, visando à substituição de parte da
banas ativas, dado que, de maneira dreiras e a circunvizinhança. Agrega- demanda projetada e a administração
geral, as práticas atuais ainda geram ção de sistemas de gestão ambiental e da conseqüente redução do ritmo de
muitos conflitos. Casos como os do o emprego de novos instrumentos, crescimento da produção de agregados
uso de novas técnicas de desmonte de como os métodos de produção mais naturais. Promover a reciclagem e o
rocha por explosivos, com controle limpa (P+L), ecoeficiência, responsa- reúso de RCDs, aproveitando-se as ins-
furo a furo e mapeamento da face das bilidade social, entre outros, tendem a talações existentes e a produção simul-
bancadas (que reduzem vibrações e o auxiliar nessa tarefa. tânea à de brita primária em pedreiras

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urbanas existentes, tem sido apontado nos municípios de São Paulo e Embu,
como um caminho necessário, embora que contemplaram, em seus zonea-
de logística relativamente complexa,em
LEIA MAIS
mentos, áreas especiais para a ativida-
razão das grandes dimensões de volu- de de produção de agregados. O Itaquera: de pedreira a área
mes e equipamentos envolvidas. mesmo se verificou no zoneamento reurbanizada.Areia & Brita, 2007.
Na cidade de São Paulo, por exem- ecológico-econômico da região do li- Revista Areia & Brita, São Paulo:
plo, a geração de entulhos equivale à toral Norte do Estado de São Paulo, Anepac, abr/mai/jun, 38, p.6-12.
produção de resíduos domiciliares estabelecido por lei estadual em 2004,
(cerca de 17 mil t/dia de RCDs contra que prevê a atividade mineral entre os Demanda por Brita na Região
aproximadamente 15 mil t/dia de lixo usos do solo permitidos, desde que Metropolitana de São Paulo.
doméstico). Cerca de 50% das caçam- realizada sob plano diretor específico Areia & Brita, 2008. Revista Areia &
bas de entulho são consideradas clan- e em consonância com os PDMs dos Brita, São Paulo: Anepac,
destinas (ao todo, estimam-se cerca de municípios da região. jan/fev/mar, 41, p.32-33.
25 mil), havendo muitos pontos de O momento parece ser favorável a
lançamento irregular de RCDs. Pre- essa discussão, pois se nota progressi- Ordenación Minero-ambiental
sume-se que o gerenciamento dos re- va tendência de aproximação entre as de Los Recursos no
síduos urbanos tende a interagir cada políticas mineral, urbana e ambiental Renovables. El Caso de
vez mais com a atividade mineral, para no País, com reformas em curso, re- Guayaquil (Ecuador). In:
aumentar a cooperação e reduzir as presentando excelente oportunidade Jornadas Iberoamericanas
pressões sobre os recursos naturais. O para o tratamento e a solução integra- sobre Caracterización e
aproveitamento de finos de pedreiras da dos problemas. Normalización de Materiales de
e a demolição de grandes obras tam- Construcción 1. J. R. H. Castillo,
bém devem merecer atenção especial. Conclusão 2001. Madrid: Cyted, 2001, 9p.
Para atingir os desafios menciona- As perspectivas de sustentabilida-
dos, há outros correlatos e estruturais a de no universo da construção civil res- Imagens de Satélite Ikonos.
enfrentar, como o do processo mais saltam a importância dos agregados Fundação de Ciência, Aplicações e
geral de planificação do uso do solo, minerais no contexto de áreas urba- Tecnologias Espaciais/Secretaria
incluindo as áreas de produção de nas, morada atual e futura da maior de Estado do Meio Ambiente.
agregados, ou seja, atribuir novos usos parte da humanidade. Embora de 2003. São Paulo: Funcate/SMA,
às áreas em harmonia com o contexto modo desigual, as cidades continuam CD-ROM.
territorial e funcional da cidade na re- crescendo e se expandindo, e os con-
gião em que se situam. O ordenamen- flitos com áreas de produção de agre- Situação da População
to territorial almejado na elaboração gados tendem a continuar ocorrendo. Mundial – Desencadeando
dos planos diretores municipais Nesse contexto, a gestão das rela- o Potencial do Crescimento
(PDMs) e regionais deve assegurar a ções entre urbanização e agregados re- Urbano. Fundo de População das
identificação e proteção de áreas po- quer o enfrentamento de alguns desa- Nações Unidas – UNFPA. 2007.
tenciais e áreas exclusivas para minera- fios básicos, entre os quais se desta- Washington: UNFPA/ONU, 108p.
ção de agregados (Castillo, 2001), po- cam: a conservação de recursos mine-
dendo resultar na recomendação de rais, o prolongamento da vida útil das Mineração e Meio Ambiente.
três tipos básicos no zoneamento mi- minas urbanas em operação (com a In:Tendências Tecnológicas
neral: áreas preferenciais; áreas contro- melhoria na gestão ambiental de Brasil 2015: Geociências e
ladas; e áreas bloqueadas (Tanno e Sin- minas ativas e a integração progressiva Tecnologia Mineral. Sánchez,
toni, 2003; Sintoni, 2007). de áreas exauridas ao tecido urbano),o L.E. 2007. Rio de Janeiro:
As bases para isso têm sido dadas desenvolvimento da reciclagem de Cetem/MCT, p.191-208.
em diversas normas constitucionais e RCDs e, ainda, em um plano institu-
federais, como o Estatuto da Cidade, cional, a planificação do uso do solo, Ordenamento Territorial da
bem como em leis estaduais e munici- com a inclusão de áreas destinadas à Mineração de Agregados. A.
pais. Constituições estaduais, como as produção de agregados. Sintoni, 2007. Areia & Brita. São
de Goiás e de São Paulo contêm dire- Paulo: Anepac, 40, p.26-30.
trizes para que o disciplinamento do Agradecimentos
uso do solo leve em conta a atividade Aos colegas do IPT, pela perma- Mineração e Município. Base
mineral. Não obstante, a inserção em nente reflexão e discussão sobre o as- para Planejamento e Gestão
planos diretores requer participação sunto, em especial a Tânia de Oliveira dos Recursos Minerais. L.C.
pró-ativa por parte dos setores envol- Braga, pela leitura crítica e sugestões Tanno; A. Sintoni
vidos, como bem se mostrou, entre ao texto, e a Nivaldo Paulon, pelo geo- (coordenadores). São Paulo: IPT,
outros, na revisão de planos diretores processamento e edição das figuras. 178p. 2003.

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PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS

FACHADA
O sistema KeraGail, da Gail, é
composto por painéis de
FORROS
cerâmica extrudada, com vários
A linha de produtos Gyptone, da
tipos de fixação e baixo peso
Placo, é composta por placas de
próprio. Segundo o fabricante,
gesso perfuradas, lisas ou mistas
as juntas com 8 mm de largura
e estampadas, de acordo com o
são executadas de modo que a
fabricante, com alta precisão.
fachada seja protegida até de
Segundo a Placo, possuem
chuvas dirigidas.
destacada durabilidade,
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64
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ACABAMENTOS CANTEIRO DE OBRA CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

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ARGAMASSA dimensional, durabilidade e
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qualidade no acabamento de
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industrializada com dosagem suas chapas compensadas para
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regular de cal virgem pura fôrmas. Segundo a empresa, são
pigmento ideal para fazer o execução de casas e edifícios
micropulverizada e areia seca usadas apenas matérias-primas
cimento queimado e a pintura com paredes de concreto.
peneirada. Ideal, de acordo com certificadas, processadas com
com cal. É também usado para O corpo técnico oferece
o fabricante, para revestimento mão-de-obra especializada de
tingir a massa de textura acrílica, assessoria completa e
de paredes internas, externas e acordo com normas técnicas
a argamassa e o concreto. acompanhamento em
tetos de alvenaria rebocada. nacionais e internacionais.
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65
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PRODUTOS & TÉCNICAS


CONCRETO E ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS
COMPONENTES PARA
ESTRUTURA

OBRAS ESPECIAIS PERFIS DE AÇO


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ESTRUTURAS especializada na execução de para corte de chapas grossas,
ESTRUTURA METÁLICA obras especiais de engenharia e placas e perfis de aço. A empresa
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ramo de pré-fabricados de Voltada para uso em terças de concreto, possibilitando ao laminados I, H e U para pronta
concreto que proporciona, desde cobertura e travessas de cliente optar por obras de entrega segundo especificações
1968, soluções construtivas com fechamento lateral, a linha estrutura mista, de acordo com A-36, A-572 e, sob encomenda, o
essa tecnologia, abrangendo oferece perfis metálicos tipo Z, suas necessidades. aço Cor 500.
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ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

AÇO RESISTENTE
O aço zincado CSN recebe uma
camada de revestimento de STEEL FRAME
zinco por um processo contínuo A Usiminas fornece perfis para o BLOCOS ESPECIAIS
de imersão a quente, que Muroflor é um sistema PISO GRAMA
sistema construtivo steel Pavigrama, da Pavibloco, é um
garante, segundo a empresa, a construtivo composto por
framing. O sistema autoportante piso grama que proporciona
uniformidade de espessura do muros de variados tamanhos,
de construção a seco vem sendo uma superfície permeável e
revestimento. O produto, de formas e funções. Usam os
utilizado com mais freqüência no drenante. Por oferecer proteção
acordo com o fabricante, reúne blocos Mauer, podendo formar
segmento imobiliário brasileiro. mecânica à vegetação rasteira
a resistência mecânica do aço e floreiras ou não, montados
Usiminas contra esmagamentos, pode
a elevada resistência à corrosão apenas em linha reta ou em
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do zinco. ângulos de até 90º.
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66
p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 67

INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS


ELÉTRICAS E DE HIDRÁULICAS
TELECOMUNICAÇÕES

TRANSPORTE VERTICAL
Utilizado em todas as fases de
obras civis e industriais, o
balancim elétrico Baram
funciona com comando paralelo EQUIPAMENTOS
TUBOS E CONEXÕES A Rosmatech oferece máquinas
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e equipamentos para a
COMANDOS Plastilit atua no segmento de cabos de aço. Apresenta
construção civil, além de
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67
p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 68

PRODUTOS & TÉCNICAS


MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

DISCOS DIAMANTADOS DRYWALL


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fabricante, maior segurança ao combinadas com as Massas de
usuário e mais produtividade na Rejunte Gypsum, são utilizadas
operação, a Carborundum tem a SERRA DE PISO no tratamento das juntas entre DIVISÓRIAS
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linha de discos diamantados chapas em todos os sistemas
compacta e se caracteriza pelo para divisórias nas linhas 50
Premier. Os produtos podem ser Gypsum Drywall. Fabricadas
seu alto desempenho no corte mm, 35 mm, Telemarketing, PVC
utilizados em operações a seco com papel especial
de pisos de concreto e asfálticos. e Wall. A empresa disponibiliza
ou refrigerados. Encontrados microperfurado, proporcionam,
O posicionamento do tanque de os perfis para divisórias em
nas versões Turbo, Segmentado segundo a fabricante, maior
água removível, que é de 20 l, diversas cores e tamanhos.
e Contínuo, com 110 mm aderência e praticidade
adiciona peso ao disco e garante Jorsil
de diâmetro. ao instalador.
ao operador uma boa visão (11) 2179-5100
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VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

PAINÉIS DE FACHADA
Os painéis Isojoint Wall Pur são
constituídos de núcleo de
poliuretano ou poliisocianurato
PLACA CIMENTÍCIA de alta densidade e revestidos
O Superboard é uma placa com chapa de aço pré-pintado.
autoclavada produzida com Possuem sistema de fixação com
cimento Portland, quartzo e parafuso escondido, ideal,
fibras de celulose. Disponível segundo a fabricante, para
nas espessuras de 6 mm, 8 mm, aplicação em fachadas e
10 mm e 15 mm, o produto fechamentos laterais industriais.
tem 1,2 m de largura e 2,4 m Isoeste
de comprimento. (62) 4015-1122
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68
p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 69
obra aberta 140.qxd 5/11/2008 17:39 Page 70

OBRA ABERTA
Livros

Estruturas de Concreto – Posse e Domínio* Auditoria de Qualidade de Concreto Auto-adensável*


Solicitações Tangenciais* Antonio Sérgio Liporoni e Obras Públicas* Bernardo Fonseca Tutikian e
Péricles Brasiliense Fusco Odair Martins Benite Carnot Leal Nogueira Denise Carpena Dal Molin
328 páginas 184 páginas 192 páginas 140 páginas
Editora PINI Leud – Livraria e Editora Editora PINI Editora PINI
Vendas pelo portal Universitária de Direito Vendas pelo portal Vendas pelo portal
www.lojapini.com.br Vendas pelo portal www.lojapini.com.br www.lojapini.com.br
Projetista de estruturas com www.lojapini.com.br A partir de casos práticos são A publicação surge no
mais de 25 anos de Mais uma obra, em sua expostas as matérias momento em que o mercado
experiência, fundador e diretor segunda edição, que referentes à verificação da passa a se interessar pelas
do Laboratório de Estruturas e concatena os pontos em que qualidade em obras públicas. vantagens do CAA (concreto
Materiais Estruturais da Escola engenharia e direito se unem. Exemplos reais, fotografias e auto-adensável), ainda pouco
Politécnica da USP A publicação cuida, conforme figuras ilustram os temas conhecido no Brasil, mas já
(Universidade de São Paulo), o revela o título, de posse e expostos e servem de base consagrado em outros países.
autor aborda desde o regime domínio, ressaltando a para se discutir solidez, A linguagem adotada pelos
elástico de materiais importância da perícia técnica segurança e funcionalidade. autores, especialistas no
homogêneos até os estados para a correta atuação dos A publicação aborda também assunto, é acessível para
limites últimos de materiais profissionais de engenharia e as questões pertinentes às todos os profissionais e
heterogêneos. A finalidade é direito. Os autores buscam responsabilidades dos estudantes de engenharia e
levar ao conhecimento do atender não apenas aos gestores, além das pretende mostrar as
leitor as complexidades profissionais em início de responsabilidades criminais qualidades técnicas do
envolvidas nas ligações de carreira, mas também àqueles dos construtores. produto. Para tanto, o texto
elementos estruturais em busca de especialização e O autor é engenheiro civil e ressalta aplicações, vantagens,
compostos de materiais aprofundamento em perícias bacharel em Direito, com desvantagens e equipamentos
semelhantes ou diferentes. judiciais. É, portanto, um doutorado em estruturas. demandados para sua
Assim, a obra trata do instrumento para a Professor-adjunto da área de aplicação. Em seguida, são
dimensionamento de peças compreensão do assunto, mas Estruturas do Departamento apresentados dois métodos de
estruturais em concreto também um material de apoio de Engenharia Civil da UFPE dosagem que prometem
submetidas a solicitações para a elaboração de laudos (Universidade Federal de viabilizar economicamente o
tangenciais. Ou seja, forças conclusivos e fundamentados. Pernambuco) criou, em 2008, produto, propiciando custos
cortantes no momento da Os autores podem ser a disciplina eletiva Introdução competitivos. Um capítulo
torção. Para facilitar a contatados pelo e-mail à Engenharia Legal, que estuda inteiro, fartamente ilustrado, é
compreensão, o livro é liporoni@ctageo.com.br. os aspectos jurídicos do dedicado aos ensaios e testes
fartamente ilustrado e contém exercício da engenharia. realizados com o CAA no
tabelas, gráficos e fórmulas. estado fresco.

70 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008


obra aberta 140.qxd 5/11/2008 17:39 Page 71

DVD Sites

Manual para Utilização Válvulas: Industriais, Odebrecht 2008 CBCA (Centro Brasileiro
de Gruas* Segurança e Controle* www.odebrecht.com.br da Construção em Aço) –
Walter Antonio Scigliano Artur Cardozo Mathias Em parceria com a produtora Steel Framing
152 páginas 464 páginas Maria Bonita Filmes, a Fone: (21) 2141-0001
Vendas pelo portal Artliber Editora Odebrecht criou seu vídeo www.cbca-ibs.com.br
www.lojapini.com.br Vendas pelo portal institucional. O vídeo tem 17 Agora, o site do CBCA conta
O desenvolvimento das novas www.lojapini.com.br minutos de duração, mas há, com uma seção inteiramente
normas sobre gruas tomou Nessa publicação são ainda, um Vídeo-Síntese, com dedicada ao sistema
como base essa publicação abordados os principais tipos seis minutos, e um construtivo light steel framing.
inédita. O livro aborda a de válvulas comuns a Documentário, com 36 Reúne informações sobre essa
operacionalização do processos industriais. Sobre minutos. O vídeo apresenta a tecnologia que vão desde as
equipamento e procura elas, explica o funcionamento, organização, com todos os características básicas do
auxiliar os profissionais que a aplicação e o seus braços de atuação, e traz material e dos processos até as
operam gruas ou mesmo que dimensionamento, além do histórias reais coletadas ao vedações e acabamentos.
queiram apenas entender comportamento dinâmico do longo dos 64 anos de O foco, no entanto, é o aço
mais sobre o assunto. O autor fluxo por meio de cada tipo de existência da organização. São utilizado para a fabricação dos
salienta que a intenção desse válvula. De acordo com o contadas pelos próprios perfis que compõem a
trabalho é levar ao leitor autor, o sucesso ou o fracasso funcionários, escolhidos estrutura do sistema. Assim, a
conhecimentos importantes de uma planta industrial dentre os 60 mil colaboradores seção conta com uma tabela
para as tomadas de decisão depende também da correta da empresa, que atua nos com os revestimentos mínimos
sobre sua utilização. Assim, seleção das válvulas, pois a ramos de engenharia e para o aço de perfis estruturais
auxilia no planejamento, manutenção ou correção de construção, química e ou não-estruturais. Também
posicionamento, na um projeto equivocado pode petroquímica. O clipe traz os contatos de
elaboração de planilhas de ser muito onerosa. Também interativo tem 11 capítulos e, fornecedores de perfis,
esforços, equipes de salienta que, mesmo quando assim como o segundo DVD, construtoras, montadoras e
segurança e outros pontos. No especificadas corretamente, que contém o Documentário e empresas de cálculo estrutural
segundo capítulo, ele tenta as despesas com válvulas a Síntese, tem uma versão especializadas em
responder a uma das dúvidas podem atingir até 15% de nacional, em português, e steel framing.
mais atuais dos construtores: todas as despesas de uma outra internacional, com
por que usar grua? Apresenta instalação industrial. opções em inglês, espanhol,
argumentos técnicos e francês e árabe.
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71
agenda.qxd 6/11/2008 17:37 Page 72

AGENDA
Seminários e Fone: (11) 2149-0300 quarta vez para a visitação de
amanda@cte.com.br especialistas em materiais,
Conferências www.cte.com.br/eventos/eventos2008 equipamentos, veículos e máquinas
de construção.
1o e 2/12/2008 Seminário Nacional da Construção Civil www.bauma-china.com
Conferência Internacional no Brasil: Desafios e Oportunidades
de Avaliações 17 e 18/3/2009 World of Concrete
Brasília Brasília 2 a 6/2/2009
Por meio de painéis, palestras e mesas de O principal objetivo do II SNCC Las Vegas
discussões, a conferência realizada pelo (Seminário Nacional da Construção Civil A WOC (World Of Concrete) é a maior
Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e no Brasil) é estimular o debate entre o exposição mundial de produtos e
Perícias de Engenharia) objetiva promover setor privado, poder público e tecnologias feitas com concreto. Reúne
e difundir o conhecimento técnico nas pesquisadores interessados no tema para anualmente fornecedores, construtores
áreas de Engenharia de Avaliações e de estabelecer os caminhos da construção e engenheiros de diversos países a fim
Perícias de Engenharia, além de fomentar civil no País. Serão analisados desde os de estabelecer parcerias e conhecer as
o intercâmbio entre os profissionais de processos construtivos até o papel dos novidades do setor. Para 2009, serão
diversos países. construtores e incorporadores em relação apresentados seminários entre os dias 2
www.ibape.org.br às transformações do setor. As inscrições e 6 de fevereiro e, em paralelo, uma
já podem ser feitas pelo site. feira completa com novas soluções para
2 a 6/12/2008 Fones: (61) 3244-2366/3443-5474 o aumento da produtividade, qualidade
WEC 2008 – World Engineers' contato@snccb.com.br e velocidade na execução das obras.
Convention www.snccb.com.br contactus@worldofconcrete.com
Brasília www.worldofconcrete.com
A terceira edição do Congresso Mundial 19 a 22/5/2009
de Engenheiros será realizada pela Simpósio Brasileiro de Tecnologia 3 a 5/3/2009
primeira vez no continente americano, das Argamassas – VIII SBTA Ecobuild
com o objetivo de reunir engenheiros e Curitiba Londres
estudantes do mundo todo para O evento pretende divulgar e discutir os O Ecobuild, que começou em 2004 como
debates, fóruns, palestras, visitas avanços das pesquisas em argamassa, uma pequena conferência sobre
técnicas e atividades culturais. com a apresentação de trabalhos greenbuilding, promoverá em sua quinta
www.wec2008.org.br desenvolvidos em universidades e centros edição mais de 100 conferências e
de pesquisa que dão suporte ao seminários e dezenas de atrações
3/12/2008 desenvolvimento tecnológico do tema. especiais. O evento receberá cerca de
Encontro de Diretores Técnicos e Integra a programação o Dia do 800 expositores e 30 mil visitantes.
Gestores da Construção Construtor, cujo objetivo é aproximar os www.ecobuild.co.uk
São Paulo avanços das pesquisas desenvolvidas nos
O encontro tem por objetivo discutir os laboratórios das Universidades e do setor 24 a 27/3/2009
desafios enfrentados por diretores produtivo às empresas de construção civil. Revestir
técnicos e gestores de construção www.sbta2009.com.br São Paulo
referentes a custos, ciclos de produção, A feira reúne os maiores fabricantes de
qualidade, segurança, meio ambiente e revestimentos e fornecedores e tornou-
tecnologia. O evento deve promover
Feiras e Exposições se uma das maiores vitrines do País de
também a apresentação de cases de Bauma China 2008 lançamentos em revestimentos
logística, planejamento e controle, 25 a 28/11/2008 cerâmicos, granitos, mármores,
gestão da cadeia de suprimentos, Shangai laminados, mosaicos e outros.
tecnologia da informação e tecnologia A maior e mais importante plataforma da (11) 4613-2000
da construção. indústria do mundo vai ser aberta pela www.exporevestir.com.br

72 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008


agenda.qxd 5/11/2008 17:44 Page 73

24 a 28/3/2009 acabamentos, instalações, serviços e Construção Sustentável:


Feicon Batimat 2009 produtos para a construção em geral. Instrumentos para Realização
São Paulo www.batev.com.ar de Empreendimentos
A Semana Internacional da Indústria da Ambientalmente Sustentáveis
Construção em São Paulo, direcionada a 17 a 21/6/2009 O curso vai começar apresentando um
engenheiros, arquitetos, incorporadores, Fenahabit panorama geral sobre os conceitos da
decoradores e lojistas de materiais de Blumenau (SC) construção sustentável e as suas
construção reúne novidades em A Feira Nacional das Tecnologias da aplicações no Brasil e no exterior. Depois
alvenaria e cobertura, esquadrias, Construção e Habitação reúne cerca vai mostrar quais são as principais
instalações elétricas, hidráulicas, de 40 expositores em pavilhão de estratégias e tecnologias necessárias
sanitárias, equipamentos elétricos, 10.600 m². A exposição de negócios para a redução dos impactos ambientais
dispositivos, fios, cabos e outras é direcionada a engenheiros, na Construção Civil. E, por fim, explicará
tendências do mercado. arquitetos, decoradores, tecnólogos como realizar uma avaliação econômica
(11) 3060-5000 e decoradores. e ambiental dos edifícios, de forma que
www.feicon.com.br www.fenahabit.com.br/home o empreendimento ganhe a certificação
ambiental existente no mercado.
19 a 21/5/2009 26 a 28/8/2009 Fone: 5591-1304
ExpoAlumínio Concrete Show South America universidade@secovi.com.br
São Paulo São Paulo www.secovi.com.br
A Exposição Internacional do Alumínio vai O evento internacional de negócios e
apresentar as novidades tecnológicas tecnologia para fornecedores da cadeia 8 e 9/12/2008
relativas ao uso do material em diversos de concreto e seus usuários reúne São Paulo
setores, incluindo o da construção civil. inovações e tendências mundiais em Gestão de Contrato de Projetos
Em paralelo, ocorrerá o IV Congresso soluções, sistemas e métodos de Obras e Engenharia:
Internacional do Alumínio, com a construtivos à base de concreto. Além Uma Abordagem Jurídica
participação de estudantes, da exposição, o Concrete Show e Administrativa
pesquisadores e os principais profissionais promove uma série de seminários, O objetivo do curso é auxiliar o
da indústria que apresentam as novidades workshops e palestras. profissional da Construção Civil a
e as tendências sobre a tecnologia de www.concreteshow.com.br negociar e administrar o contrato de
produção do alumínio, bem como projetos de obras de forma eficiente e
suas aplicações. 2 a 5/9/2009 responsável. Para isso, mostrará como
Fone: (11) 5904-6450 Intercon analisar as propostas, verificar os riscos
congresso@abal.org.br Joinville (SC) do projeto, administrar a execução dos
www.abal.org.br/expoaluminio A Feira e Congresso Internacional de contratos e solucionar as controvérsias
Tecnologia, Equipamentos, Materiais de e os conflitos que possam ocorrer
2 a 6/6/2009 Construção e Acabamentos deve reunir durante o trabalho.
M&T Expo engenheiros, arquitetos e lojistas de Fone: (11) 3466-9253
São Paulo materiais de construção. Em paralelo à www.institutodeengenharia.org.br.
A M&T Expo, 7a Feira Internacional de exposição, o visitante ainda poderá
Equipamentos para Construção e 5a participar dos eventos Ecomac Primeiro Semestre de 2009
Feira Internacional de Equipamentos (Encontro dos Comerciantes de Mestrado Profissional em Projeto
para Mineração, é um evento de Materiais de Construção da região Sul), de Estruturas
negócios que oferece oportunidades de Feira Illumina (de Iluminação e Rio de Janeiro
investimento em equipamentos, peças, Componentes Elétricos), Cintec Com ênfase no aprofundamento da
componentes, novas tecnologias e (Congresso de Inovação tecnológica), formação científica e tecnológica dos
serviços. Os organizadores esperam Interpontes (competição entre participantes, o curso desenvolverá as
reunir cerca de 350 expositores e 500 estudantes de engenharia e arquitetura aptidões necessárias para a elaboração
marcas de mais de 25 países numa área para a construção de pontes com de novas técnicas e processos de
de 85 mil m². palitos) e workshop dos expositores. análise dos projetos de estruturas,
www.mtexpo.com.br. Fone: (47) 3451-3000 levando em consideração seus
feiras.messebrasil.com.br/intercon. dimensionamentos e sistemas
2 a 6/6/2009 estruturais. O mestrado tem 360 horas-
Batimat Expovivienda aula e as inscrições já estão abertas.
Buenos Aires
Cursos e Treinamentos Fone: (21) 2562-7013
A exposição de negócios argentina 1o/12/2008 secretaria.ppe@poli.ufrj.br
reúne novidades em revestimentos e São Paulo www.poli.ufrj.br/strictosensu

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como construir.qxd 5/11/2008 17:42 Page 75

Marcelo de Freitas Sacco


marcelosacco@preservam.com.br

COMO CONSTRUIR Guilherme Corrêa Stamato


stamade@stamade.com.br

Light wood frame –


construções com
estrutura leve de madeira
s sistemas construtivos leves com
O madeira têm sua origem no des-
bravamento do oeste norte-ameri-
cano e sempre estiveram relaciona-
dos com uma construção rápida e,
naquela época, uma atividade coleti-
va, quase um mutirão. É possível lem-
brar de vários filmes de época retra-
tando a atividade de construir a igre-
ja ou o celeiro, onde em poucas horas
estavam prontos.
Hoje o sistema de plataform fra-
ming está tão arraigado nas culturas
norte-americana e canadense, que
praticamente não se encontram resi-
dências executadas com outros siste-
mas construtivos, como a nossa alve-
naria estrutural ou concreto armado.
Divulgação: Marcelo Sacco

A melhor explicação para isso é o alto


grau de industrialização desse siste-
ma, conseqüente redução de prazos e
custos e, principalmente, a divisão
das etapas da obra: cada sistema ou
subsistema é executado por equipes apresentam redundância e hiperesta- não apresenta critérios claros de di-
especializadas em momentos defini- ticidade. Já as estruturas convencio- mensionamento dessas estruturas,
dos da obra, com muita pré-industria- nais em madeira, tipo treliças enta- apesar de poder ser utilizada nas veri-
lização e pouca interpolação de lhadas ou sistemas pilar-viga, são ge- ficações dos seus elementos estrutu-
tempo ou retrabalho nas interfaces ralmente isostáticos, podendo ruir se rais independentes (ensaios de de-
entre eles. um único elemento falhar. sempenho do sistema construtivo
O comportamento estrutural do Esse comportamento estrutural foram realizados pelo IPT (Instituto
wood frame assemelha-se muito ao do wood frame ainda é pouco utili- de Pesquisas Tecnológicas do Estado
da alvenaria estrutural. No wood zado nas estruturas de madeira no de São Paulo), tais como desempenho
frame, cada elemento recebe esforços Brasil, apesar de ser largamente em- estrutural, segurança ao fogo, es-
de diferentes naturezas, sempre con- pregado em todo o mundo há muitas tanqueidade à água, etc., e seus resul-
jugados com outros elementos. Além décadas. Por ser pouco utilizado, a tados podem ser obtidos diretamente
disso, as estruturas em wood frame atual Norma Brasileira 7190/1997 com os autores desse artigo).

75
como construir.qxd 5/11/2008 17:42 Page 76

COMO CONSTRUIR

Marçal Santana da Silva


Figura 2 – O radier é uma boa solução
Figura 1 – Esquema do comportamento estrutural do wood frame sob ação do vento de fundação

Na NBR 7190/1997 são especifica- por flexão simples. As vigas I são tos também são definidas em função
das dimensões mínimas para os ele- apoiadas nas paredes, que assim soli- dessa cortante. Essa viga horizontal de
mentos estruturais, que foram defini- citam os montantes à compressão pa- piso distribui as cargas nas paredes la-
das considerando-se a segurança de es- ralela às fibras. Esses, por sua vez, des- terais, que então deverão ser dimen-
truturas isostáticas de treliças. Porém, carregam esses esforços no pavimento sionadas pelo cisalhamento (por isso
essas são impraticáveis em estruturas inferior ou nas fundações. Por esta- são chamadas shear walls).
de wood frame. Por existir repetição de rem fixados às chapas de OSB, esses Nessa situação de shear wall,as liga-
elementos cumprindo a mesma fun- montantes não apresentam flamba- ções pregadas entre as chapas de OSB e
ção, existe a chamada redundância, ou gem na menor inércia, sendo verifica- os montantes deverão resistir ao fluxo
seja, uma redistribuição de esforços da a instabilidade na maior inércia. de cisalhamento aplicado na parede.
caso um dos elementos venha a falhar, Devido à rigidez das paredes e pisos Os montantes, especialmente os de ex-
permitindo a utilização de seções me- nos seus planos, o wood frame tem tremidade dos painéis,ficarão sujeitos à
nores e otimizando o consumo de ma- grande capacidade de resistir aos esfor- compressão e tração, impedindo o giro
deira. Uma analogia grosseira desse ços de vento, diferente dos sistemas do painel, comportamento também
comportamento é a armação de lajes construtivos de casas de madeira utili- auxiliado por ligações adequadas com
de concreto. É fácil imaginar que, se zados no Brasil (figura 1). Com os es- o piso inferior ou com as fundações.
uma única barra dessa armação falhar, forços horizontais, a parede é solicitada Diante dessa composição de es-
haverá uma redistribuição dos esfor- perpendicularmente ao seu plano, re- forços, o dimensionamento deve ser
ços para as demais no seu entorno. As sultando em esforços de flexão nos feito seguindo a combinação das
paredes do wood frame também apre- montantes e nas chapas de OSB. Essa ações peça a peça, podendo então
sentam esse comportamento. parede transfere esses esforços para os considerar os critérios de dimensio-
Diante disso, o dimensionamento pisos inferior e superior, que receberão namento da NBR 7190/1997 para ve-
das estruturas em wood frame pode esses esforços como carga distribuída. rificar as peças individualmente.
ser feito utilizando-se critérios de Para esse esforço horizontal, os Essas combinações devem ser feitas
normas de outros países, dentre as métodos de dimensionamento apre- para todos os elementos, observando
quais o Eurocode 5 apresenta bases sentam uma simplificação, conside- que o entendimento claro da distribui-
mais semelhantes à norma brasileira, rando o piso como uma viga horizon- ção interna dos esforços e suas nature-
o que permite utilizá-la complemen- tal submetida ao esforço de flexão zas são de grande importância para a
tarmente à nossa. transferido pela parede. Para tanto, a combinação dos esforços em cada ele-
De forma bastante resumida, o di- simplificação transforma o momento mento. Feitas essas combinações, os
mensionamento dessas estruturas con- atuante nessa viga em binário de tra- critérios de dimensionamento da NBR
sidera que as paredes e pisos têm com- ção e compressão, que devem ser re- 7190/1997 podem ser aplicados.
portamento de placa e chapa, receben- sistidos pelos elementos de topo das
do cargas tanto no seu plano quanto paredes, as chamadas cordas, que fun- Construção passo-a-passo
perpendicularmente a esse. cionam como mesas dessa viga. A cor- Fundação, pisos e áreas molháveis
Os painéis de piso recebem as car- tante que surge nessa viga horizontal Uma boa solução de fundação
gas de peso próprio e acidentais, per- deve ser resistida pelo conjunto for- para esse sistema é o radier (figura 2).
pendiculares ao seu plano, que são re- mado por chapas de OSB e vigas I do Como a estrutura é bastante leve e
sistidas pelas chapas de OSB e vigas I piso, e as ligações entre esses elemen- com cargas distribuídas ao longo das

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como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 77

paredes, também pode-se utilizar com

Fotos: Marcelo Sacco


vantagens a sapata corrida. No piso do
primeiro pavimento, aplicam-se as téc-
nicas tradicionais da alvenaria. Nos
pisos superiores, onde a estrutura do
piso é de barrote de madeira com deck
de OSB, considera-se o OSB como um
contrapiso. Podem-se aplicar carpetes,
pisos engenheirados, preferencialmen-
te flutuantes e com manta intermediá-
ria, de forma a garantir isolação acústi-
ca a ondas geradas por impactos. Nas
áreas molháveis, sobre o OSB, aplicam-
se chapas cimentícias de 12 mm coladas
sobre o OSB (a cola pode ser PVA tipo
D3) e parafusadas em um gride de 20
cm x 20 cm.Sobre as chapas cimentícias Figura 3 – Aplicação de chapa Figura 4 – Boxe de chuveiro com
vai uma impermeabilização do tipo cimentícia sobre OSB drywall RU e pisobox
membrana acrílica impermeável (resi-
na acrílica com teor de sólidos em torno
de 50% + cimento) cuja aplicação é
feita por pintura a frio em três demãos
cruzadas (espessura final de 1 mm).Nas
juntas entre placas, bem como nos can-
tos com as paredes e ralos, é também
aplicada uma tela de poliéster ou fibra
de vidro como estruturante. Sobre a
impermeabilização, coloca-se o piso
frio com argamassa colante tipo 1 flexi-
bilizado com resina acrílica (proporção
de 20 kg/l – figura 3).
Nas áreas muito expostas à água
(boxe de chuveiro, por exemplo) re-
comenda-se a impermeabilização
também da placa de drywall (tipo
RU) ou chapa cimentícia, com sela-
dor acrílico antifungo e pintura de re-
sina acrílica pura (figura 4).

Paredes estruturais – wood frame


O sistema é composto basicamente
por paredes portantes que são o supor-
te para a primeira plataforma ou piso.
O conceito é de que a plataforma trava
os apoios e faz o contraventamento ho-
rizontal da estrutura.A partir daí novos
Figura 5 – Esquema de montagem
painéis de paredes portantes são levan-
tados sobre a plataforma e,assim suces-
sivamente, até o telhado, podendo aparelhados,têm seção 38 mm x 90 mm. outra inferior. Após a disposição dos
usualmente serem construídas obras Esses montantes estão dispostos com painéis, sobre a fundação ou sobre a
de até quatro pavimentos,sem mudan- espaçamentos entre si que podem ser plataforma, conformando a planta do
ças muito significativas no método de 40 cm ou 60 cm, modulação essa em pavimento, uma segunda guia de ma-
prescrito (figura 5). consonância com os tamanhos das deira é pregada sobre a guia superior,
Os painéis de paredes são compos- placas de drywall e de OSB. Cada pai- só que essa sobrepõe os encontros de
tos por montantes verticais de madei- nel é fechado com duas guias de ma- painel, solidarizando-os (figura 6).
ra com seção típica de 2" x 4" que, após deira de mesma seção, uma superior e Todas as ligações são pregadas. O

77
como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 78

COMO CONSTRUIR

A madeira para uso como wood frame


A madeira utilizada no sistema de wood internacionais recomendam retenção e sustentável ao longo do tempo. Há no
frame é o pínus. Na América do Norte a mínima de 4,0 kg de I.A. /m3 (I. A. = País vários centros educacionais que têm
sigla SYP (Southern Yellow Pine) designa ingrediente ativo) para as madeiras em suas estruturas curriculares, de
várias espécies de pínus de rápido utilizadas protegidas de intempéries. Esse graduação ou pós graduação, disciplinas
crescimento, dentre os quais o elliottii e o é o caso da maioria das peças utilizadas no voltadas à formação de profissionais para
taeda, que são duas das espécies mais wood frame. A exceção são as peças que a área, como os cursos de Engenharia
plantadas no Brasil. Assim como na parte vão em contato direto com a fundação de Industrial Madeireira das universidades:
sul dos Estados Unidos, no Brasil a concreto ou em contato com umidade. Unesp de Itapeva (SP); Federal de Pelotas
madeira de pínus precisa passar por Nesse caso a recomendação de norma é (RS); Federal do Espírito Santo, em Alegre
processo de tratamento em autoclave, de no mínimo 6,5 kg I. A./m3. (ES); ou os cursos de Engenharia Civil da
para ficar imune ao ataque de cupins. Por A produção de pínus no Brasil é uma USP de São Carlos (SP) e Federal de Santa
ser uma conífera, tipo de árvore que, atividade comercial formal e está presente Catarina (Florianópolis). Há ainda cursos
quando jovem, não tem cerne, o seu lenho em todos os Estados das regiões Sul, de formação de técnicos em edificação
é totalmente permeável ao tratamento, o Sudeste e Centro-oeste, além da Bahia, com conhecimentos em wood frame,
que não ocorre com a maioria de nossas sendo, portanto, uma base florestal oferecidos pelo Centro Paula Souza em
madeiras nativas e com o eucalipto, que importante para considerar o sistema de algumas cidades do Estado de São Paulo.
são folhosas (a exceção é o pinho do wood frame sustentável do ponto de vista Além disso, com a recente crise no
Paraná ou araucária, cujo corte é de atendimento de demanda. A produção mercado imobiliário norte-americano,
proibido). O tratamento em autoclave mais de madeira e o tratamento em autoclave muitos brasileiros que lá trabalhavam no
recomendado para o uso em wood frame é também são atividades com baixas setor da construção civil estão retornando
o que utiliza produtos hidrossolúveis, em barreiras de entrada, o que permite que o ao Brasil e podem suprir uma demanda
especial o CCA tipo C óxido. As normas País tenha uma produção descentralizada crescente por esse tipo de profissional.

prego, apesar de parecer um elemento cialmente em madeiras macias como o Sobre os painéis estruturais (po-
primitivo, é um ótimo sistema de fixa- pínus. Os pregos deverão ser sempre dem haver painéis não-estruturais que
ção, especialmente quando pregado de galvanizados a fogo, uma vez que deve- não são considerados para o apoio dos
forma não-perpendicular à superfície, rão ter longa vida de serviço. Há alguns barrotes e que podem ser removidos
tornando a ligação mais resistente outros sistemas de galvanização que em uma reforma, por exemplo), são
quanto ao arrancamento. No sistema garantem o mesmo tipo de desempe- distribuídos barrotes de madeira com
de wood frame são utilizados pregos nho. Como regra sugerimos que se ob- seções que podem variar de 40 mm x
tipo ardox ou tipo anelado que tam- tenha, do fabricante, uma garantia de 185 mm a até 60 cm x 250 cm (figura 7)
bém dificultam o arrancamento, espe- mil horas em teste de salt spray. e também como opção para vãos maio-
Marcelo Sacco

Marcelo Sacco

Figura 6 – Travamento entre painéis Figura 7 – Barroteamento de piso e Figura 8 – Barroteamento utilizando
de parede contrapiso de OSB vigas I de madeira

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res com até 8 m de comprimento pode-

José de Jesus Robles

José de Jesus Robles


se utilizar as vigas I de madeira (figura 8).
O espaçamento entre barrotes é usual-
mente de 40 cm podendo eventual-
mente ser de 30 cm (depende da carga
de piso).A disposição dos barrotes deve
coincidir com o posicionamento dos
montantes do painel de parede que dá
suporte a esse piso,logo se presume que
onde há mais de um piso, o piso de
baixo deverá ter os montantes espaça-
dos em 40 cm e apenas o último piso
Figura 9 – Painéis externos com Figura 10 – Contraventamento externo
terá os montantes espaçados em 60 cm.
aberturas de janela com chapas de OSB
Sobre o barrote é feito um deck de OSB
(Orinteded Strand Board) ou compen-
sado naval (no Brasil só há um fabri- locados pedaços de montantes de manta de impermeabilização garante a
cante de OSB, que o fornece em vários forma que mantenham o espaçamen- estanqueidade do sistema e o revesti-
tipos). O modelo utilizado para usos to padrão de 40 cm ou 60 cm e sirvam mento tem a função de proteger das in-
perenes é o tipo home, que contém cu- de apoio para as placas, sejam de dry- tempéries (especialmente ação do sol) e
pinicida na resina; no caso dos com- wall, sejam de OSB (figura 9). atender requisitos da arquitetura (figura
pensados, deve ter cola fenólica e ser O contraventamento vertical da 13). Do lado interno, a placa de drywall
tratado em autoclave com as mesmas estrutura é feito com a fixação de pla- garante acabamento e excelente desem-
características do pínus (ver quadro). cas de OSB nas faces externas da pare- penho acústico, reforçado pela lã mine-
As placas de OSB devem ser dispostas de e, eventualmente, em alguma pare- ral que pode ser ou não colocada no in-
transversalmente em relação aos barro- de interna (figura 10). terior da parede para a obtenção de de-
tes – assim têm resistência maior à fle- sempenhos específicos no que tange ao
xão no maior sentido. Revestimentos isolamento térmico e acústico (figura
Para aberturas de portas e janelas, As paredes externas podem ser 14). Como se vê, trata-se de um sistema
os montantes que se encontram na re- revestidas com vários sistemas, desde aberto e muito adequado para se tirar
gião devem ser deslocados lateral- sidings de madeira, aço ou PVC, que partido da nova norma de desempenho
mente, jamais eliminados. Além dos foram desenvolvidos especificamen- NBR 15.575 – desempenho esse que
montantes acumulados nas laterais, te para o sistema, mas também pode- será determinado de acordo com a
deve ser incluído mais um, com a al- se utilizar tijolo aparente, argamassa composição dos vários materiais e do
tura da abertura (2,15 m, por exem- armada (figura 11) ou placas cimen- custo que se define como parâmetro.
plo) para que sirva de apoio para as tícias, que dão um acabamento simi-
vergas. Na parte inferior devem ser lar à alvenaria (figura 12). Telhados
colocados ainda mais dois pedaços de O conceito do sistema de fechamen- Sobre as paredes portantes do últi-
montantes com 38 mm a menos que a tos é que para cada item de desempenho mo piso são aplicadas treliças pré-in-
altura inferior da abertura, de forma há um elemento específico: montantes dustrializadas, e seu espaçamento
que receba mais uma peça de mon- de madeira são a estrutura, chapa de pode ser a cada 60 cm ou 120 cm, de-
tante horizontal. Nos vãos inferiores e OSB no lado externo é contraventa- pendendo do tipo de telha a ser utili-
superiores da abertura devem ser co- mento e suporte para revestimento, zado (figura 15).
Marcelo Sacco

Prego de fixação Tela metálica


Manta de barreira hidráulica Chapisco
Placa de OSB 12 mm Argamassa
Isolamento termoacústico Acabamento
com lã mineral

Montante de
madeira tratada Fundação
Guia
Figura 12 – Fachada com revestimento
Figura 11 – Seção transversal de parede externa de chapa cimentícia, antes do acabamento

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COMO CONSTRUIR

Marcelo Sacco
Marcelo Sacco

LEIA MAIS
Normas para Orientação de Projetos
e Especificação de Materiais
Standard U1-08 (especificação
para uso de madeira tratada).
American Wood Protecting Association.

BS EN 351-1:2007 – Durability of
Figura 13 – Revestimento de siding de Figura 14 – Aplicação de lã mineral no
Wood and Wood Based Products.
madeira sobre manta impermeável interior da parede
Preservative-treated solid wood.
Clssification of preservative
Marçal Santana da Silva

José de Jesus Robles

penetration and retention.

Norma neozelandêsa
NZS 3602: 2003 – Timber
treatment: Summary
information from NZS 3602:
2003 Timber and Wood-based
Products for Use in Buildings.

Figura 15 – Treliças de madeira pré-industrializadas travam a estrutura Norma Australiana


AS 1604 – 2006 series.
ral sobre o forro (figura 16). No caso da Specification for preservative
Marçal Santana da Silva

telha tipo shingle (asfáltica) a lã é obri- Treatment (5 parts).


gatória para garantia da isolação térmi-
ca do sistema.De um jeito ou de outro é As normas Americanas e Européias
altamente recomendável manter uma são mais tradicionais pela influência
boa ventilação no forro, tanto nos bei- cultural e de tradição de uso. Já as
rais como na cumeeira (entrada de ar outras duas normas são importantes
frio/saída de ar quente). Quando se uti- por serem de países com condições
lizam telhas cerâmicas, que natural- climáticas mais similares ao Brasil,
mente têm frestas e permitem boa ven- além de serem dois países cuja
Figura 16 – Lã mineral aplicada sob
tilação, aberturas de cumeeira podem indústria de preservação de
o forro
ser desnecessárias desde que a manta de madeiras é muito respeitada em
subcobertura permita essa respiração. termos mundiais.
No caso de telhas tipo shingle, que Como referência prescritiva, recomen-
demandam um deck de OSB para servir da-se que o vazio total das aberturas nos Normas brasileiras
de base sobre as treliças, o próprio deck beirais seja de, no mínimo, 1/150 da NBR 8456 – Postes de Eucalipto
funciona como contraventamento ver- área de projeção total do telhado. Preservado para Redes de
tical. No caso de telhas cerâmicas ou de Distribuição de Energia Elétrica
concreto, são utilizadas apenas as ripas Marcelo de Freitas Sacco NBR 8457 – Postes de Eucalipto
diretamente sobre as treliças, tomando- arquiteto formado pela FAU-USP, com Preservado para Redes de
se o cuidado de aplicar a manta de sub- especialização em Administração de Distribuição de Energia Elétrica –
cobertura antes do ripamento (apenas Empresas pela FGV-SP, diretor da Preservam Dimensões
para garantia de estanqueidade). Nesse Preservação de Madeiras Ltda. NBR 9480 – Mourões de Madeira
caso o contraventamento é feito com marcelosacco@preservam.com.br Preservada para Cercas
sarrafos em forma de X entre os ponta- NBR 7190 – Projeto de Estruturas de
letes das treliças.Sob as treliças,são pen- Guilherme Corrêa Stamato Madeira
durados transversalmente os suportes engenheiro civil formado pela USP-São NBR 7511 – Dormentes de Madeira
de madeira ou metálicos para fixação Carlos, mestrado e doutorado em – Requisitos e Métodos de Ensaio
do forro de drywall (o banzo inferior estruturas de madeira pelo Lamem-USP- NBR 6236 – Madeira para Carretéis,
das treliças não deve servir de referência São Carlos e diretor da Stamade Projetos para Fios, Cordoalhas e Cabos
de nível para a aplicação do forro). Op- e Consultoria em Madeira NBR 6232 – Poste de Madeira –
cionalmente, pode ser aplicada lã mine- guilherme@stamade.com.br Penetração e Retenção de Preservativo

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