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DATA: 22/02/2010
PARECER
1
O detentor é qualquer pessoa, singular ou colectiva, à excepção dos
transportadores, responsável a qualquer título, por um animal.
1
II. Qual o efeito jurídico produzido pelo abandono.
2
O legislador classifica os equídeos em selvagens, semi-selvagens2 e
domésticos3, considerando-os «animais de espécie pecuária» nos
termos da al. c) do artigo 3º do Decreto-Lei n.º 214/2008, de 10 de
Novembro:
2
Na alínea m) do artigo 2º da Portaria n.º 634/2009, de 9 de Junho o legislador
define como «Equídeos em estado selvagem ou semi-selvagem» aqueles que fazem
parte de populações não domesticadas, que habitam determinadas áreas
protegidas.
3
O legislador, na alínea l) do artigo 2º da Portaria n.º 634/2009, de 9 de Junho
define «Equídeo» como um mamífero solípede selvagem ou domesticado, de todas
as famílias compreendidas no género Equus da família dos equídeos e respectivos
cruzamentos.
3
Note-se, que a lei4 distingue a produção de equídeos propriamente
dita, da respectiva «detenção caseira»5, exigindo a verificação
de determinados requisitos legais, nomeadamente em sede de
identificação dos animais, apenas quando se trate do exercício
da actividade pecuária, sendo que considera detenção caseira a
detenção de apenas um equídeo.
I. ANIMAL ABANDONADO
4
Decreto-Lei n.º 214/2008, de 10 de Novembro, nº 2 e n.º3 do artigo 6º e Anexo II.
5
A alínea j) do artigo 3º do Decreto-Lei n.º 214/2008, de 10 de Novembro define
como «Detenção caseira» a detenção de um número reduzido de espécies
pecuárias por pessoa singular ou colectiva, não sendo consideradas como
explorações pecuárias e consequentemente não sujeito a controlo prévio ou a
registo da sua detenção, considerando -se que a posse desses animais tem o
objectivo de lazer ou de auto - bastecimento do seu detentor, com os limites
estabelecidos no anexo II do presente decreto -lei, do qual faz parte integrante;
4
Municipal supra citado, que apenas define cão e gato abandonado6 no
seu artigo 11º. Contudo, o Decreto – Lei n.º 315/2003, de 17 de
Dezembro que veio alterar e republicar o Decreto-Lei n.º 276/2001,
de 17 de Outubro7 (e que estabelece o regime da posse e detenção
dos animais de companhia), embora não defina animal abandonado,
específica no artigo 6º-A quando é que existe a conduta de abandono;
Considera que existe abandono do animal pelo seu
proprietário/detentor quando não há prestação de cuidados no
alojamento, bem como, quando aquele procede à remoção do animal
para fora do domicílio ou dos locais onde costuma ser mantido, com o
objectivo (animus abandonandi) de pôr termo à sua detenção sem
proceder à sua transmissão para a guarda e responsabilidade de
outras pessoas, das autarquias locais ou das sociedades zoófilas.
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Delimita o seu âmbito de aplicação aos animais de companhia definindo na alínea
a) do artigo 2º como «Animal de companhia», qualquer animal detido ou destinado
a ser detido pelo homem, designadamente no seu lar, para seu entretenimento e
companhia.
5
que socorrer da doutrina, nomeadamente a definição que é dada por
Antunes Varela e Pires de Lima: considera-se que existe abandono de
um animal quando ocorre um afastamento, por parte do dono da
coisa da sua disponibilidade natural, com intenção de demitir de si o
direito que tem sobre ela8, ou por Meneses Cordeiro9 e Oliveira
Ascensão10, que consideram que o abandono duma coisa é uma forma
de extinção de direitos reais pela vontade dos seus titulares quando
estejam em causa coisas móveis, correspondendo pois a uma
conduta voluntária do proprietário do animal - «animus
abandonandi».
São estes os dois critérios objectivos que definem com elevado grau
de rigor quando é que se verifica o abandono de uma coisa móvel
pelo seu proprietário ou detentor, acompanhados por um critério
8
Cfr. Pires de Lima e Antunes Varela, in CC anotado, anotação ao art.º 1318º.
9
Menezes Cordeiro, in Direito das Obrigações, Edição 1980, Tomo II, pág. 233.
10
Oliveira Ascensão, in Direitos Reais, Almedina, Coimbra,
6
subjectivo assente na vontade de abandono ou «animus
abandonandi».
7
proprietário) pelo titular dessa mesma coisa, podendo tal renúncia
pode ser manifestada de duas formas:
12
Vd. Oliveira Ascensão, in Direitos Reais, Almedina, Coimbra, pág. 362.
13
Quando se trate de coisas imóveis, estas não ficam “nullius” porque se dá a
aquisição automática pelo estado, nos termos do artigo 1345º do C.C..
8
Deve-se salientar que, não obstante a lei no artigo 1318º do C.C.
assimilar às coisas abandonadas, as coisas perdidas, é doutrina
comum que só as coisas sem dono, ou «nullius», são susceptíveis de
ocupação, sendo muito diferente do regime da ocupação, o regime
jurídico dos “achados” aplicável aquele outro caso.
9
documentos que legalmente15 comprovem o direito que invoca;
Sempre que o proprietário ou detentor do animal seja conhecido,
deverá o mesmo ser notificado presencialmente, pela Polícia
Municipal de Sintra, constando da notificação a identificação das
infracções cometidas e, a advertência de que se deverá deslocar ao
GMV para levantar o animal no prazo de 8 dias mediante a
apresentação toda a documentação que comprove a sua qualidade
de proprietário ou detentor, sob pena de o animal ser declarado
abandonado, e nessa medida reverter a favor do Município.
O objectivo é permitir ao proprietário/possuidor do animal
reconsiderar o abandono, sem prejuízo da assunção de despesas e da
responsabilidade contra-ordenacional que ao caso respeite.
É este o regime que resulta do disposto no artigo 57º do Regulamento
dos Animais de Sintra:
15
O regime de identificação e registo de equídeos inclui os seguintes elementos: a)
marcação, sendo o tipo de marcação dos equídeos o definido por cada livro
genealógico ou registo zootécnico, e a identificação efectuada pelo certificado de
origem quando no respectivo livro genealógico não esteja prevista a marcação por
qualquer meio físico. A marcação é da responsabilidade do detentor, sendo que as
marcas e os números podem ser efectuados: a fogo, a frio, com azoto líquido, por
tatuagem, marca auricular ou identificação electrónica. b) O documento de
identificação de equídeos, que é obrigatório para todos os equídeos com
mais de 6 meses de idade, emitido pela autoridade competente, que pode
delegar a sua emissão em outra entidade, consiste no documento que inclui um
resenho gráfico e descritivo, onde constam como indicações mínimas a pelagem, o
sexo, a raça, a data de nascimento, as marcas e sinais particulares do animal e
ainda as marcas do criador e eventual número de identificação por si atribuído.
10
pública, demais lugares públicos e em terrenos que não sejam
particulares, de quaisquer animais, em estado não natural, que
não estejam directamente guardados ou conduzidos por
pessoas e sejam nocivos.
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Os proprietários/detentores de equídeos terão de proceder, antes do início de
actividade, ao seu registo no SNIRA; Comunicar qualquer alteração de algum dos
elementos constantes do registo à autoridade competente da área de jurisdição da
exploração e conservar, por um período mínimo de três anos, os registos,
informações, cópias das declarações de deslocação ou guias de circulação e demais
declarações realizadas pelos detentores ao SNIRA, bem como apresentá-los à
autoridade competente quando por esta solicitados.
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O proprietário ou detentor de animal doméstico em geral, prova a titularidade do
direito que se arroga mediante a apresentação de documento de identificação do
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municipal lavrar um Auto de Abandono, onde declare
fundamentadamente que o proprietário ou possuidor do animal o
abandonou, e que, regularmente notificado para o resgatar, não o
reclamou no prazo legal, constituindo tal conduta prova cabal da sua
vontade de o abandonar – animus abandonandi - elemento subjectivo
constitutivo da causa de extinção do direito de propriedade que é o
abandono. Significa o exposto, que, em caso de não levantamento
dos animais o Município obtém, por via da notificação presencial e
pelo decurso do prazo, uma prova documental do abandono dos
mesmos por parte daquele indivíduo determinado
Nestes termos concretiza-se a extinção do direito do
proprietário/possuidor por abandono, em virtude de estarem
verificados todos os elementos, objectivos e subjectivos, constitutivos
daquela causa de extinção dos direitos reais.
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Aprovado pela Assembleia Municipal em 23 de Abril de 2009.
19
A prova da condição de proprietário/detentor do reclamante deve sempre ter
suporte documental, designadamente nºs de auriculares, registos, boletim sanitário
12
os ainda os munícipes em geral, que caso o animal não seja
reclamado, considerar-se-á perdido a favor do Município (que dele se
apropriará por ocupação, nos termos do disposto no artigo 1318º do
C.C.).
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sejam objecto de occisão podem ser alienados gratuitamente a
uniões zoófilas ou entidades de reconhecida competência
quanto à matéria, designadamente jardins zoológicos ou
quintas pedagógicas devidamente licenciadas, ou vendidos a
particulares.
Podem ser adquiridos por ocupação os animais e outras coisas móveis que nunca
tiveram dono, ou foram abandonados, perdidos ou escondidos pelos seus
proprietários, salvas as restrições dos artigos seguintes.
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de abelhas, nada de específico estabelecendo a propósito da
ocupação dos animais domésticos, que nessa medida caem no
regime geral consagrado no artigo 1318º.
15
guarda e responsabilidade de outras pessoas, das autarquias locais
ou das sociedades zoófilas, e sem que exista da sua parte vontade de
fazer cessar o vínculo de que é titular.
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4. O achador goza do direito de retenção e não responde, no
caso de perda ou deterioração da coisa, senão havendo da sua
parte dolo ou culpa grave.
Conclusão:
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3. Caso não seja conhecido o proprietário/detentor, elaboração de
Edital a afixar publicamente com base no n.º 3 do artigo 57º do
Regulamento, onde se publicite o animal e se determine que
caso não seja reclamado, considerar-se-á perdido a favor do
Município;
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adoptar, termos em que se torna necessário integrar tal lacuna, nos
termos do disposto no artigo 86º do Regulamento de Animais do
Município de Sintra, que sob a epígrafe “Integração de lacunas”
dispõe o seguinte:
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