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Constituição, suspensão, extinção e dos privilégios e garantias

do Crédito Tributário

André Felipe Silva Torres


Outubro de 2009
Juazeiro do Norte – CE.

1. Dos Conceitos e da Constituição do Crédito Tributário

Para conceituar Crédito Tributário, é importante ter uma noção de conceitos


anteriores (conceitos anteriores no sentido de conhecer a definição dos conceitos assim
como são dispostos, sucessivamente, no Código Tributário Nacional.) O CTN, a
despeito de ter imprecisões atécnicas, traduz-se numa importante fonte de conceitos
para o estudo do Direito Tributário, possuindo um enfoque notadamente didático.
Assim, sendo, conceitos como o de Tributo, Fato Gerador, Alíquota, Base de Cálculo,
Sujeito Ativo e Passivo e, principalmente, Obrigação Tributária são imprescindíveis
para o entendimento do Crédito Tributário, bem como conhecimentos genéricos de
outros ramos do Direito.

De fato, o Crédito Tributário é consequência do nascimento da Obrigação


Tributária principal. O CTN reforça esta posição no seu art. 139:

Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e


tem a mesma natureza desta.

A Obrigação tributária pode ser conceituada como um vínculo jurídico transitório


estabelecido entre o Estado, na condição de Credor, e a pessoa submetida ao
ordenamento jurídico deste, na condição de Devedor, na qual o primeiro tem o direito
de exigir do segundo uma prestação de dar, consubstanciada na entrega de dinheiro
(obrigação principal) e/ou uma prestação de fazer ou não fazer (obrigação acessória). O
nascimento da obrigação tributária principal ocorre com a ocorrência do fato gerador,
no mundo concreto, da hipótese de incidência do tributo conforme definido em lei,
tendo por objeto o pagamento de tributo ou multa tributária.

O Crédito Tributário, conforme interpretação do CTN e lições de doutrinadores,


traduz-se numa formalização da Obrigação tributária, dando-lhe certeza quanto a
existência e liquidez quanto ao valor, bem como propicia a Fazenda Pública, em um
prazo, propor ação de execução fiscal contra o devedor. Esta formalização ocorre com o
Lançamento, um ato administrativo privativo da autoridade administrativa. Vejamos o
teor do art. 142 do CTN:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa


constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido
o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência
do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação
da penalidade cabível.

Segundo lição magistral do Prof. Ricardo Alexandre (Direito Tributário


Esquematizado, 3. ed. p. 350), o lançamento tem dupla natureza: a declarar a existência
da obrigação tributária e de constituir o crédito tributário. Pela interpretação do art. 142
acima, o lançamento declara a existência da obrigação tributária, pois verifica a
ocorrência do fato gerador, em um momento pretérito. Como este fato gerador está
descrito em lei como causa para incidência de um tributo, o lançamento constitui, no
presente, o crédito tributário, formalizando a obrigação tributária, dando-lhe certeza e
liquidez.

Enfim, o crédito tributário é constituído pelo lançamento (que ainda possui três
modalidades distintas), e a partir daí, está pronto para produzir efeitos, podendo ser
extinto, suspenso ou excluído, bem como possuir garantias e privilégios.

2. Da Suspensão do Crédito Tributário

É possível que o crédito tributário tenha sua exigibilidade suspensa, ou seja, os


atos de cobrança do Fisco ficam suspensos, de forma transitória, até uma decisão
administrativa ou judicial determinar a extinção do respectivo crédito ou dar-lhe
novamente exigibilidade ou ainda, que estes créditos sejam extintos pelo adimplemento
posterior do sujeito passivo (como ocorre com a moratória e o parcelamento).

A suspensão do crédito tributário não impede que haja o lançamento, que, como
vimos, constitui o crédito tributário. No entanto, com o advento de causa suspensiva, a
exigibilidade do crédito tributário fica suspensa, impedindo o Fisco de propor execução
fiscal.

O CTN disciplina os casos de suspensão do crédito tributário em seu art. 151:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

        I - moratória;

        II - o depósito do seu montante integral;

        III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis


reguladoras do processo tributário administrativo;

        IV - a concessão de medida liminar em mandado de


segurança.
        V – a concessão de medida liminar ou de tutela
antecipada, em outras espécies de ação judicial;

       VI – o parcelamento.

Observe que dos incisos II ao V, há uma discordância do sujeito passivo quanto ao


lançamento realizado, podendo discorrer sobre a não-incidência ou divergência de valor,
podendo impugnar o lançamento pela via administrativa e judicial, que, entrando no
mérito das causas arroladas acima, implicarão na suspensão do crédito tributário. Já nos
incisos I e VI há uma liberalidade do sujeito ativo, de forma a facilitar a posterior
extinção do crédito tributário por motivo excepcional (moratória) ou por motivo de
política fiscal (parcelamento). Destacamos que a moratória e o parcelamento só poderão
ser concedidos em lei específica, do ente político competente para a instituição do
tributo, ou em caráter geral, para a moratória, para todos os tributos federais, estaduais,
municipais e obrigações de direito privado.

3. Da extinção do crédito tributário

A extinção do crédito tributário pressupõe o adimplemento espontâneo,


prescrição e decadência, ou outras causas, arroladas no CTN, como extintivas do crédito
tributário. Com a extinção, o sujeito passivo se exonera da relação obrigacional
instituída, desaparecendo o direito do sujeito ativo contra o sujeito passivo (pelo menos
até o advento de novo fato gerador!) e também se exonera quanto aos efeitos do
inadimplemento: juros de mora, multa, execução forçada, inclusão em cadastros de
inadimplentes, etc.

As causas de extinção do crédito tributário estão descritas no art. 156, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

        I - o pagamento;

        II - a compensação;

        III - a transação;

        IV - remissão;

        V - a prescrição e a decadência;

        VI - a conversão de depósito em renda;

        VII - o pagamento antecipado e a homologação do


lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e
4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do


disposto no § 2º do artigo 164;
        IX - a decisão administrativa irreformável, assim
entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais
possa ser objeto de ação anulatória;

        X - a decisão judicial passada em julgado.

        XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e


condições estabelecidas em lei. 

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção


total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da
irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos
artigos 144 e 149.

Sobre o artigo, fazemos os seguintes comentários:


 O pagamento é a causa mais comum e natural de modo de extinguir um crédito
tributário, traduzindo-se no adimplemento espontâneo da obrigação por parte do
sujeito passivo;
 A compensação está disciplinada também no Código Civil, e disciplina que se o
sujeito ativo e o sujeito passivo (credor e devedor) forem, ao mesmo tempo,
credor e devedor um do outro, os créditos se extinguem, até o montante dos
respectivos valores;
 A transação é mais conhecida como acordo. Trata-se de modo de extinção na
qual as partes fazem concessões mútuas, com o fim de prevenir ou pôr termo em
litígio judicial;
 A remissão é mais conhecida como perdão da dívida. Trata-se de modalidade de
extinção de crédito tributário na qual o ente político competente para instituir o
tributo exonera o sujeito passivo do pagamento do tributo;
 Prescrição e decadência: institutos que relacionam tempo e inércia do titular do
direito. Atingindo o prazo limite, reputa-se extinto o crédito tributário;
 A conversão de depósito em renda pressupõe um crédito tributário suspenso pelo
depósito do montante integral (art. 151, II do CTN). Julgado improcedente o
litígio, tem-se como convertido em renda da Fazenda Pública, extinguindo o
crédito;
 Consignação em pagamento é uma ação judicial na qual o sujeito passivo realiza
depósito do valor que entende devido, discute na justiça, e se julgado
procedente, extingue o crédito. Ressalte-se a diferença entre consignação em
pagamento e depósito do montante integral: este suspende o crédito, e poderá ser
extinto pela conversão em renda, caso seja improcedente o litígio; a consignação
não suspende o crédito, e só extingue o crédito caso a ação seja julgada
procedente;
 Os incisos IX e X tratam de decisões administrativas e judiciais na qual não
caibam mais recurso, e que foram favoráveis ao sujeito passivo, extinguindo o
crédito tributário;
 Dação em pagamento de bens imóveis: modalidade recente de extinção do
crédito tributário, na qual o ente político consente em receber, autorizado pela
lei, como pagamento de tributo, bem imóvel.

4. Das garantias e privilégios do crédito tributário

Segundo conceito adotado por Ricardo Alexandre, garantias são as regras que
asseguram direitos. Em outras palavras, são acessórios, de natureza patrimonial, que
respondem pelo pagamento de tributos, assegurando o direito do Estado de receber.

Os privilégios, entendidos também como preferências, são regras que, em


concurso de vários credores, dentre eles o Estado, põem o crédito tributário numa
posição de vantagem, ou seja, o Estado possui prioridade para receber o crédito
tributário (ressalvados aspectos discriminados no próprio CTN).

As garantias discriminadas no CTN formam um rol não-taxativo, podendo a lei


estipular garantias diferenciadas, em face da diversidade da natureza dos tributos. As
garantias podem ser as mais diversas possível, como o próprio imóvel rural objeto do
ITR. Como regra geral, extraída do art. 184 do CTN, “o patrimônio e as rendas de
determinada pessoa respondem pelo pagamento do crédito tributário, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuado
unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impnhoráveis.”

Existem também as garantias indiretas, que são meios eficazes de compelir o


sujeito passivo a cumprir com suas obrigações: são as exigências de prova de quitação
de tributos para se requerer recuperação judicial, participar de licitações, firmar
contratos com a Administração Pública, para obter sentença de partilha ou adjudicação,
entre outras.

As regras sobre os privilégios do crédito tributário possuem aplicabilidade


quando há cobrança coletiva de créditos, como ocorre na falência, recuperação judicial,
liquidação de empresa (ALEXANDRE, 2009, p. 486). De fato, o crédito tributário
possui preferências para seu recebimento, ficando atrás somente dos créditos
trabalhistas e acidentários, e ainda, aos créditos com garantia real até o limite do valor
do bem gravado (art. 83 da Nova Lei de Falências). Destacamos que a multa tributária
não goza deste privilégio, ficando nos últimos níveis de preferência.

Fontes:

Ricardo Alexandre – Direito Tributário Esquematizado, 3. Ed.


Lei nº 11.101/05 – Nova Lei de Falências
Lei nº 5.172/66 – Código Tributário Nacional
Central Jurídica. Disponível em
http://www.centraljuridica.com/doutrina/72/direito_civil/efeitos_modos_de_extincao_d
as_obrigacoes.html.

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