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revisão

Resenha

Resenha do livro “Alucinações musicais: relatos


sobre a música e o cérebro”

Book review of Musicophilia: Tales of Music and Brain

Idonézia Collodel Benetti1

RESUMO SUMMARY
Na obra “Alucinações musicais” Oliver Sacks, professor de neuro- In the book of “Musicophilia: Tales of Music and the Brain” Oli-
logia Clínica na Columbia University, New York, relata casos de ho- ver Sacks, a Professor of Clinical Neurology at Columbia Uni-
mens e mulheres que, em condições neurológicas raras, reagem versity in New York City, describes interesting stories about
à música de forma incomum: alguns não conseguem ouvi-la, e men and women with rare neurological conditions, which
outros simplesmente ouvem música todo o tempo, mesmo sem react to music in uncommon forms: some of them are unable
nenhuma melodia tocando. Há descrição de casos em que, após to hear any kind of music and others, on the contrary, listen
um acidente, a pessoa desenvolve um talento musical que antes to music all the time, even when no melody is being typed.
não existia. O livro oferece uma fascinante coletânea de fenôme- There are cases where, after an accident, the person involved
nos interligando neurologia, fisiologia e música, mostrando que a develops a musical talent, that did not manifest before. The
música pode sobreviver a danos cerebrais devastadores. book offers a fascinating number of stories about phenomena
Unitermos. Encéfalo, Música, Fisiologia, Dano Encefálico. linking neurology, physiology and music, showing that music
Citação. Benetti IC. Resenha do livro “Alucinações musicais: relatos can survive the most devastating brain damage.
sobre a música e o cérebro”.

Unitermos. Fisioterapia (especialidade), Otorrinolaringopatias, Rea- Keywords. Brain, Music, Physiology, Brain Damage.
bilitação, Vertigem. Citation. Benetti IC. Book review of Musicophilia: Tales of Mu-
Citação. Teixeira LJ, Prado GF. Impacto da fisioterapia no tratamen- sic and Brain.
to da vertigem.

Trabalho realizado na Universidade para o Desenvolvimento do Endereço para correspondência:


Alto Vale do Itajaí, Alto Vale do Itajaí-SP, Brasil. Rua Bom Retiro, 212
CEP 89160-000, Rio do Sul–SC
e-mail: idonezia@hotmail.com

1. Pianista, Psicóloga e Professora Msc da Universidade para o Desen-


volvimento do Alto Vale do Itajaí, Alto Vale do Itajaí-SP, Brasil. Recebido em: 13/04/2009
Revisado em: 14/04/2009 a 18/08/2009
Aceito em: 19/08/2009
Conflito de interesses: não

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revisão
Resenha
A música tem o poder de nos transportar de pacientes que reportam que há determinados
para as “alturas” e/ou para as “profundidades” da fragmentos musicais que não saem da sua cabe-
emoção. Seu poder é eficaz em relembrar nosso ça. Eles tentam deixar de ouvi-los, mas eles estão
primeiro encontro amoroso, em nos persuadir a lá e eles não sabem o que fazer para se livrar deles;
comprar, em nos tornar alegres ou tristes, em nos e a música continua tocando, descontrolada e re-
oferecer prazer e paz. Mas esse poder vai muito petitiva, atrapalhando as atividades cotidianas. Há
mais além: na verdade, a música, dependendo narrações sobre: “musicofilia” obsessiva, que surge
da situação e da condição do ouvinte, pode re- abruptamente logo após a um dano cerebral; epi-
presentar momentos quase insuportáveis de ir- lepsia “musicogênica”, onde determinadas músicas
ritação e tortura, provocar convulsões, como no frequentemente “disparam” as crises convulsivas;
caso de um paciente epilético do autor que tem epilepsia musical, onde as músicas fazem parte do
convulsões quando ouve qualquer tipo de mú- conteúdo das convulsões; imagens evocadas pela
sica e, por esta razão, anda com tampões de ou- música e “brainworms” (traduzido como “verme
vido na cidade de Nova York. Mas a música tam- do cérebro”, em linguagem popular: “minhoca na
bém pode provocar o efeito contrário do alívio cabeça”, mas aqui, a minhoca está relacionada à
para o sintoma de certas doenças neurológicas. música), fragmentos musicais e imagens que con-
São essas relações intrigantes do homem tinuamente insistem em “povoar” os pensamentos.
com a música, a maioria relacionada a alterações “A variação da musicalidade” – traz à tona
perceptivas e neurológicas, que são apresenta- os talentos e os cérebros musicais discutin-
das na obra de Oliver Sacks1, neurologista reco- do se há diferenças nos cérebros de músicos e
nhecido internacionalmente, traduzido para o não músicos; ouvido absoluto – a capacidade
português brasileiro por Laura Teixeira Motta, de identificar tonalidades sonoras fora do seu
sob o título “Alucinações musicais: relatos sobre a contexto; amusia e desarmonia; o ouvido im-
música e o cérebro”, do original em língua ingle- perfeito: amusia coclear; a sinestesia e a música.
sa, “Musicophilia: Tales of Music and the Brain”. “Memória, movimento e música” – dis-
Obra lançada em outubro de 2007, pela corre sobre o efeito da música sobre casos de
Companhia da Letras em São Paulo, oferece ao amnésia retrógrada, memória emocional e pre-
leitor uma coletânea de casos clínicos comenta- servação da memória musical, lesão cerebral,
dos pelo Dr. Oliver, que se apresenta à literatura, Parkinson, Tourette, membro fantasma, desor-
com seu próprio gênero literário, oferecendo um dens do movimento – distonia do músico – rela-
material com as suas digitais. Seguindo seu to- cionando a música como forma de tratamento.
que distinto, ele escreve não apenas como médi- “Emoção, identidade e música” – descre-
co e cientista, mas também como um humanista ve os sonhos musicais, música e drogas psico-
com tendências filosóficas. Neste sentido, ele é délicas, música e depressão, demência e mu-
capaz de equalizar e conjugar duas áreas do co- sicoterapia, os aspectos musicais do autismo,
nhecimento: neurociência médica e arte musical, emoções e música. Nesta sessão, fica enfatiza-
passeando pelos mistérios do cérebro humano e da a importância da música, mostrando que ela
pela profundidade e complexidade da música. pode se um recurso terapêutico para orientar um
Sem dúvida, àqueles que apreciam os es- paciente quando mais nada é capaz de fazê-lo.
critos de Sacks encontrarão, nesta obra, narrati- Resumindo, o livro contém 29 capítulos in-
vas peculiares deste autor que continua um par- dependentes, cada um falando sobre excessos e
ticipante ativo em suas histórias clínicas; aqui ele perdas relacionadas à música. Há relatos de pesso-
mistura as experiências de seus pacientes com as que tem a capacidade de enxergar cores quando
suas próprias experiências. Em um dos capítulos, pensam em uma nota musical; de guardar sinfo-
o autor discute as alucinações musicais, incluindo nias inteiras e até um vasto repertorio – os savants;
o caso da própria mãe. Ele também relata seu caso de aprender novas partituras e de tocar e improvi-
de “amusia” adquirida. Assim, ele consegue a em- sar ao piano mesmo com perda severa de memó-
patia do leitor, ao se revelar do outro lado do texto. ria; de experimentar uma compulsão irresistível
Ele divide esta publicação em quatro partes, por ouvir música de piano, após ter sido atingido
a saber: por um raio, e se tornar um pianista, mesmo sem
“Perseguidos pela música” – descreve casos talento musical e interesse por música; ouvir melo-

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Resenha
dias, mas não distinguir os ritmos; ter alucinações Não é tarefa simples encontrar um leitor
musicais, como reação a uma surdez progressiva. com noções mínimas de Neurociências e Músi-
Os poderes terapêuticos da música vêm ca ao mesmo tempo. Assim, apesar da tenta-
sendo “namorados” e acumulados pelo autor, ao tiva de tornar o texto científico claro para o lei-
longo de sua vida profissional. Ele tem presencia- tor leigo, há momentos em que as descrições
do pacientes que reagem bem ao ouvirem músi- técnicas podem parecer um tanto cansativa.
ca, obtendo conforto para seu sofrimento, quan- Ainda assim, é um livro recomendado
do nenhuma medicação é capaz de fazê-lo. Esse não somente para leigos, mas para todos aque-
flerte fica oficialmente deflagrado em sua obra les profissionais de saúde e outros profissionais
“Tempo de despertar”, onde ele descreve os efei- – médicos, psicólogos, musicoterapeutas, pes-
tos surpreendentes da música nos seus pacientes. soas envolvidas com a área das neurociências
Agora, ele dedica toda a presente obra a – que sabem que o organismo humano é sen-
este assunto. E, como em obras anteriores, Sacks sível à música, e este requisito pode ser usado
tenta disponibilizar o mundo da neurologia para multidisciplinarmente para fins terapêuticos.
os leigos deixando, na medida do possível, a lin- Sem sombra de dúvidas, além de abran-
guagem científica para os trabalhos acadêmicos, gente, o autor conseguiu mostrar que a música
usando linguagem leiga para se aproximar do é capaz de “descongelar” as avenidas neurológi-
leitor comum. Essa, talvez, seja a tônica de seu su- cas devolvendo mobilidade, ritmo, fala e fluên-
cesso enquanto escritor e divulgador científico. cia, recobrando lembranças, controlando tiques
Porém, conjugar duas áreas do conhe- e impulsos, enfim, devolvendo qualidade de vida.
cimento em uma só obra, tem seus percalços.

REFERÊNCIAS
1.Sacks O. Alucinações Musicais. São Paulo: Companhia das Le-
tras, 2007, 360 p.

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RevNeurocienc 2008: inpress
Neurocienc 2009;17(3):301-3

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