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O Ideal não existe

Segundo o dicionário brasileiro, para o termo "Ideal" temos várias definições:

1- Que reúne todas as perfeições concebíveis e independentes da realidade;

2- Aquilo que é objeto da nossa mais alta aspiração;

3 - Perfeição.

Nesse sentido é que falo que o Ideal não existe.

Vamos pensar juntos, para ver se compreendemos ao que me refiro.

Durante toda a história da humanidade, nas mais diversas partes do nosso globo terrestre, o que foi considerado
"Ideal" de cada época?

Só nesta pergunta já podemos avaliar o quanto o "Ideal" não existe, uma vez que é fruto de condições culturais,
comportamentais, regionais e até pessoais.

Podemos também observar isso nas artes: houve época em que o corpo feminino "Ideal" era gordinho, todo cheio
de dobrinhas.

Na atualidade, pelo menos no ocidente, este ideal de beleza feminino não existe, pelo contrário, considerada
perfeita hoje é aquela mulher, fisicamente falando, toda cheia de curvas e magra, além de alta e bem esguia.

E na moda, então? o que considerar Ideal hoje em dia? uma vez que nada se cria, apenas se copia e muda a "cara"...
temos influências das mais diversas épocas da nossa história, todas convivendo harmonicamente em nossas
sociedades.

A bem da verdade, ainda temos à volta do globo terrestre uma diversidade cultural enorme, o que não nos permite
identificar UM "Ideal" para toda a humanidade, seja em que aspecto seja.

Pois bem, feitas essas poucas considerações, quero me ater a uma das nossas premissas culturais que eu considero
"ultrapassada" no sentido de que não existe mais um suporte lógico para ela, face ao desenvolvimento da era
moderna.

Refiro-me à dependência emocional entre homens e mulheres, principalmente em relação às mulheres.

Sabemos que em épocas bem remotas, na chamada era pré-histórica da nossa humanidade, nossos ancestrais
precisavam sobreviver de alguma forma, caçando e pescando.

Mister era também aumentar a prole, ou seja, povoar a terra, no sentido de que eram necessários mais braços para
caçar e pescar e com isso manter vivas as populações que iam aumentando, além de ter também mais "matrizes"
para procriação.

Durante muitos milênios, os povos foram nômades, até que começaram a aprender a arar a terra para tirar seu
sustento e criar animais em cativeiro e então passaram a ser formadas as vilas, como atualmente conhecemos a
concepção de cidades.

Pois bem, nesse antigamente, uma mulher, por ter compleição física bem mais frágil que a do homem, não tinha a
mesma força para sair para caçar, então, ficava sob a guarda do "seu" homem, aquele que a sustentava e para o qual
ela devia prover de filhos, para aumentar os braços para caçar e pescar (filhos) e mais barrigas para aumentar a
prole (filhas).
Como nossa cultura geral humana é patriarcal, ou seja, comandada por homens, é claro que o papel da mulher
sempre foi de inferioridade e de servilidade.

Até alguns poucos anos atrás, em nossa cultura ocidental, as mulheres só tinham mesmo como condição ser donas-
de-casa e mães, uma vez que a elas ainda não era permitido, de um modo geral, estudar e conhecer territórios
outros que não os de sua vizinhança.

Como mulher que sou, consigo observar alguns aspectos que os homens, obviamente pelo tipo de criação, não tem a
mesma facilidade em compreender.

E nisso não há culpa de ninguém, são apenas fatores culturais que vão sendo passados de geração em geração e que,
como toda mudança cultural, são lentos de serem modificados.

Fazendo uma pergunta para realmente entrar em nosso tema:

Qual a necessidade que as mulheres tem hoje de serem apenas donas-de-casa e mães?

Obviamente que temos várias condições sociais na estrutura geral da humanidade, mas hoje as mulheres tem mais
condições de estudar, viajar, conhecer bem mais que alguns poucos anos atrás, na época de nossas avós.

Apenas pelo fato de hoje em dia, de um modo geral, a educação ser "permitida" a todas classes sociais já temos um
forte argumento para que certos comportamentos do tempo de nossos avós sejam reavaliados e mudados, caso
considerados "ultrapassados" para nossa época.

Refiro-me principalmente à necessidade que as mulheres de um modo geral hoje não tem de depender
financeiramente de um homem para sua sobrevivência, visto que podem estudar e competir no mercado de
trabalho de forma até bastante equilibrada com o universo masculino.

E aqui vai uma ressalva: o que não acontece com facilidade são mudanças culturais sociais, ou seja, mudar o
pensamento de uma cabeça ou duas é muito mais fácil que o de uma geração inteira.

Por isso que temos exemplos de pessoas, mulheres em especial, que fazem de si mesmas verdadeiros ícones sociais
de mudanças, fazendo de suas vidas um estudar e trabalhar em igualdade de competição cultural com os homens de
sua época e região geográfica.

Mas já temos um excelente começo: as pessoas estão pensando e avaliando se vale a pena manter comportamentos
culturais apenas "porque sim" ou se há realmente uma necessidade de mudança interior para melhor avaliar a
própria vida pessoal e com isso crescer e ser mais feliz.

Nisso em englobo a homens e mulheres, independente de classe social e cultural, apenas pelo fato de sermos seres
únicos e passíveis de alcançar um "Ideal" nosso de cada dia.

Cada um pensa e sente com a sua própria cabeça e coração e isso é o que faz a vida valer a pena. Essa diversidade
traz uma "perfeição" humana muito linda.

Mas nisso temos que procurar compreender que a cada época é dada uma lição de vida única: hoje de certa maneira
nossas "caças" e "pescas" para sobrevivência são de outro tipo e devem nos valorizar como pessoas que já
conseguimos sair da época de brutalidade que era a pré-história.

Hoje aprendemos que não só de guerras sangrentas pode viver a humanidade e sabemos que podemos transformar
nossos "rancores" em auto-perdão e gentilezas conosco e com os outros, o que nos traz muito mais felicidade e paz.

Hoje conseguimos compreender que o Ideal de uma mulher não é encontrar um homem rico que a sustente, nem o
homem encontrar uma mulher de corpo espetacular para fazer inveja a seus "oponentes".
Compreendemos isso justamente porque conseguimos aprender, próprio de nossa atual condição de poder estudar
e conhecer cada vez mais, que a pessoa vale pelos seus talentos e qualidades e não apenas por ter um corpo forte o
suficiente para trazer a caça ou pesca para sustentar a prole (homem) ou ter um corpo forte e sedutor para
perpetuar a raça (mulher).

Hoje conseguimos aprender que o nosso "Ideal" é sermos felizes com o nosso próprio coração e demonstrarmos o
quão únicos e maravilhosos somos na criação Divina, que nos torna pessoas tão exclusivas e cheias de vida,
independentes em nossa condição de amar e respeitar a nós mesmos e aos outros.

Mudanças culturais são necessárias, sim... mas não que existam "culpados" dessa ou daquela condição... afinal,
todos os nossos passos como humanidade são fruto da condição própria de cada época de aprendizado.

Hoje somos universais, temos a internet e viagens espaciais, além de vastos conhecimentos em diversas áreas da
educação.

Na época da pré-história éramos territoriais, precisando caçar e pescar para sobreviver e tendo medo até de trovão,
que era um "deus" muito poderoso e que podia "matar".

Vamos fazer valer os passos que nossa humanidade já deu: vamos preservar nossas boas qualidades e deixar "partir"
aqueles comportamentos que não nos servem mais, visto que hoje não são mais necessários e vamos agradecer a
todos que nos antecederam, eles nos deixaram, sem dúvida alguma, aprendizados valiosos dessa caminhada tão
árdua que hoje nos permite sermos "Universais".

Leatrice Coli Ribeiro Pedroso

cad. nº 24 - Academia Santanense de Letras

Permitida a reprodução desde que mantida a autoria.

Porto Alegre, 23/01/2011

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