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Abr./Jun. 2004
Vamos Falar de…
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Prestar cuidados alimentares de modo a responder às necessidades físicas e psíquicas das
crianças; cuidados materiais que permitem construir e organizar o mundo físico da criança;
prestar cuidados sociais é promover uma variedade de comportamentos nas trocas interpessoais;
prestar cuidados didácticos consiste numa variedade de estratégias que se usam na estimulação
da criança para que o mundo seja alargado para além da díade pai-criança.
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Para Dolto, ambos os pais são responsáveis pela coesão narcísica da criança. O
bebé inscreve-se num espaço afectivo triangular, fruto de três desejos: do pai, da
mãe e do seu. A mulher para Dolto não é mãe senão através do homem. Pai e mãe
exercem papéis e funções diferentes. No início, a mãe é a pessoa única e
necessária tendo uma relação privilegiada com o bebé. Depois é mediadora dos
outros. Há um outro para lá da díade. O pai que inscreve depois a criança no social.
Bion retoma o debate sobre as qualidades maternas: fala da capacidade de sonhar
(rêverie), da função continente e transformadora, e relembra a importância das
experiências emocionais.
Podemos sintetizar que mãe-função materna, pai-função paterna interiorizam-se
através dos diferentes estilos relacionais estabelecidos com a criança.
A mãe é o objecto de dependência e suporte e a sua retirada, se bem realizada,
permite organizar a capacidade de separação e conduz à abertura da criança para o
mundo exterior. Leva à curiosidade pelo diferente. A mãe possibilita o
desenvolvimento, mas com o pai por perto. Ser pai é assim ser o diferente, mas ser
reconhecido, primeiro, como duplo materno.
São estas as referências da Psicanálise.
Mas não podemos deixar de referir, também nos anos 50, a preocupação da
Psicologia em determinar quais as componentes e características do ambiente
precoce da criança que são determinantes para o seu desenvolvimento emocional e
social. Relembramos os trabalhos de John Bowlby, Mary Ainsworth, Boston e
Rosenbluth sobre os efeitos da separação precoce “mãe-bebé”.
Nos anos 60, surgem novamente os trabalhos de Bowlby e Ainsworth sobre a
vinculação.
Nos anos 70, o interesse volta-se para a descoberta dos comportamentos e das
interacções que possibilitam o estabelecer dessa vinculação. É o encontro dos
trabalhos de Berry Brazelton (1963), Stern (1971), Bertrand Cramer (1981) e Serge
Lebovici (1983).
E, a partir desta década reconhece-se o carácter comunicativo e competente do
bebé, as competências da mãe, do pai e as influências do meio. Estudam-se
igualmente os processos em que se estabelecem as díades, Shaffer, 1991.
A importância das tríades ou políades - mãe, pai, bebé - tem sido assinalada
recentemente por Carboz-Warnery, Fivoz-Depeusinge, Bettens e Favez, 1992, e
Figueiredo, 2001.
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