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MATTIAS
Setembro/2005
MATTIAS
Setembro/2005
ii
“Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz, se a grande maioria de seus membros
forem pobres e miseráveis”.
(Adam Smith)
iii
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo a análise do impacto do mercado de capitais na economia
brasileira no período de 1994 a 2003. Expõe a importância do mercado de capitais para as
empresas, que fazem captação de recursos para financiar seus investimentos, ou que buscam
investir o excedente de caixa de suas atividades. Também é destacada a importância do
mercado de capitais e, sobretudo, do mercado de ações para os investidores individuais e
institucionais, que aplicam suas poupanças, muitas vezes, visando atingir objetivos sociais,
como a aplicação de recursos para a aposentadoria. São abordados, ainda, o atual estágio de
desenvolvimento da economia brasileira e de seu mercado de capitais e as medidas de política
econômica que visam expandir e consolidar este mercado, para que possa contribuir
decisivamente para o desenvolvimento do país.
Palavras-chave
Mercado de Capitais, Desenvolvimento Econômico, Mecanismo Poupança-Investimento,
Investidores Institucionais.
iv
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................iv
LISTA DE GRÁFICOS..........................................................................................................v
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 6
CONCLUSÃO........................................................................................................................ 30
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 31
ANEXOS................................................................................................................................. 33
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar que o mercado de capitais tem um papel
implementação do Plano Real, responsável pela estabilidade dos preços e do câmbio, que
Tais políticas foram implantadas devido à elevação da divida pública, sobretudo a interna,
obrigando o governo a gerar superávits primários cada vez maiores. Mesmo assim,
No inicio do Plano Real, as famílias tiveram um ganho real em suas rendas. Em conseqüência,
houve elevação do consumo que provocou a queda do nível de poupança domestica e o país
passou a depender, ainda mais, da poupança externa para financiar seus investimentos.
Essa dependência, conhecida como vulnerabilidade externa, fez com que o mercado de
capitais brasileiro sofresse o impacto das crises do México (1995), Ásia (1997) e Rússia
cambial foi alterada passando de um regime de câmbio fixo para um regime de câmbio
7
flutuante, que permitiu uma taxa de juros mais baixa, sendo benéfico para o mercado de
capitais.
marcar a mercado seus papéis e pela preocupação dos investidores com as eleições
mercado de capitais. Entretanto, em 2003, a bolsa de valores teve uma forte expansão, devido
governo. Essa expansão, contudo, não teve reflexo sobre o mercado primário de ações.
O método de abordagem utilizado é o método indutivo que tem como objetivo atingir os
O Capítulo 1 faz uma revisão teórica acerca do mercado de capitais, demonstrando a sua
Assim o mercado de capitais é estudado pela sua importância econômica, através de sua
historia secular, e pela contribuição ao desenvolvimento de muitos países. Mesmo sendo tão
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
saúde, educação, saneamento básico e igualdade social. Para os teóricos, a expansão contínua
humanos, é precondição para o desenvolvimento sustentável. Essa expansão é por sua vez
resultante da poupança.
monetário, no qual, para ele, o mercado de capitais (ações e de títulos de dívida) está contido,
como “[...] o quartel general do sistema capitalista, do qual partem as ordens para suas
poupança não limita o investimento. Este é determinado pela existência de projetos rentáveis.
serem pagos. Dessa forma, o mercado monetário tem a função de permitir o investimento ex-
ante.
crescimento econômico das nações. Esta monografia focaliza a importância dos mercados de
longo prazo, embora existam correntes teóricas que defendam o contrário. Levine (1997 apud
mercado de fontes de capital. Que nada mais é do que o mercado de ações, títulos de dívida e
bens de capital.
investimentos, ajustando sua exposição ao risco de acordo com seu perfil. Allen & Gale (1994
podem destinar maior parcela de suas carteiras para projetos de investimentos que tenham
maior liquidez.
Outro importante impacto do mercado de capitais, é que ele pode substituir os intermediários
para a sociedade.
O mercado financeiro pode canalizar recursos tanto para investimento quanto para o consumo.
Mesmo quando canaliza para o consumo é importante para a economia, pois gera empregos e
canalizar recursos para o consumo. Logo, a principal contribuição dos mercados financeiros
investimentos rentáveis.
tema, o autor abordou questões centrais levantadas por céticos acerca da importância do
Para Oliveira (1992), as opções de financiamento típicas de uma economia de mercado, são as
que passam pelo mercado financeiro, sendo os outros métodos alternativos para equacionar o
11
financia predominantemente seus investimentos apenas com suas próprias poupanças, ou seja,
outro fazendo com que a geração de poupança do setor a desenvolver seja intensa, para que
A taxação e tributação, por sua vez, ocorre quando o governo, através de tributação, absorve
poupança da economia e define em que setores essa poupança será investida através de
recebe poupança dos agentes com excedentes e os repassa para os agentes econômicos
Entretanto, os países devem utilizar uma combinação dos métodos para equacionar o
Corroborando com essa visão, alguns teóricos classificam os mercados financeiros dos países
De modo geral a escolha do Brasil tem sido por métodos que centralizassem as decisões com
o governo e não com o mercado, privilegiando o crédito bancário. Mesmo assim, foi
mercado de capitais, tem efeitos positivos sobre a taxa de poupança nacional. E esse aumento
sistema financeiro nacional, como aconteceu entre 1968 e 1977. Logo, para promover à
elevação da taxa de poupança da economia é necessário que o sistema financeiro “[...] ofereça
exigências dos poupadores em potencial, em termos de risco, prazo e retorno, entre outras”.
não apenas da elevação da taxa de poupança, mas da sua alocação eficiente, isto é,
1
Os investidores Institucionais são instituições financeiras que tem como principal objetivo a aplicação de seus
ativos em valores mobiliários. São eles: (1. Os fundos de pensão, 2. Os fundos mútuos, 3. Seguradoras e 4.
Corretoras ).
13
investidores instituciona is 2 são uns dos principais responsáveis por alocar a poupança em
projetos de investimento.
Ainda que o mercado financeiro e o mercado de ações não sejam neutros com relação à
Formação Bruta de Capital Fixo 3 (FBCF) entre 1995 e 2003, não superou os 10% (Gráfico 1).
uma participação máxima de apenas 7,65% (1998) na formação bruta de capital fixo entre
1995 e 2003, enquanto sua menor participação foi em 2003, de apenas 1,63%. O ano de 2003
foi marcado pelo maior valor na FBCF, em contraste com o volume de emissão de ações e
2
Devido ao duplo papel desempenhado pelos investidores institucionais (estimular a formação de poupança e
alocá-la eficientemente) sua situação e interação com o mercado de capitais serão objetivo de análise mais
aprofundada desta monografia.
3
Em macroeconomia a Formação Bruta de Capital Fixo ou FBCF é uma medida de investimento agregado da
economia em um certo período de tempo.
14
300.000 15,00%
13,00%
250.000
11,00%
200.000
9,00%
150.000
7,65%
7,08% 7,00%
6,63% 6,48% 6,64% 6,36%
100.000
5,12% 4,78% 5,00%
0 1,00%
títulos de renda fixa é a forma mais importante de demonstrar o papel do mercado de capitais
no investimento do país.
A baixa participação das emissões primarias na Formação Bruta de Capital Fixo demonstra
que, no Brasil grande parte dos investimentos de longo prazo são financiados através de
motivos do baixo nível de investimentos. Pois as fontes de capital que passam pelo mercado
(OLIVEIRA, 1992).
possível observar (ANEXO 2), que o valor de mercado em relação ao PIB no Brasil é de 47%
em 2003. Está à frente da Argentina (25% do PIB) e recentemente do México (18% do PIB).
Contudo, fica atrás do Chile que apresenta uma relação da capitalização bursátil / PIB de nada
A teoria dos mercados de capitais eficientes 4 diz que o mercado eficiente é aquele no qual os
informações disponíveis sobre determinada empresa estão refletidas no preço de suas ações.
Com isso, o investidor não terá ganhos extraordinários com o uso do instrumental de análise
Embora a teoria dos mercados de capitais eficientes seja utilizada para avaliar os ganhos dos
investidores e seus respectivos instrumentos para chegar a eles, ela também é suporte teórico
Com base nas descrições da Hipótese de Mercado Eficiente e dos estágios de eficiência do
mercado de capitais, esse trabalho pretende avaliar se a decisão das empresas de financ iar
seus investimentos através de crédito ou do mercado de ações pode aumentar seu valor,
ações num mercado eficiente devem esperar obter uma taxa de retorno de equilíbrio.
As empresas devem esperar receber o valor ‘justo’ (valor presente) dos fluxos de
caixa dos títulos que vendem. (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002, p. 744).
antes que o investidor possa entrar no mercado. Já as empresas não obterão sucesso com a
4
A teoria dos mercados eficientes fora desenvolvida por FAMA nos anos 70.
5
Negociação de valores mobiliários utilizando informações não disponíveis ao conjunto dos acionistas, possuída
por pessoas situadas em posições especiais numa empresa.
16
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), os preços das ações não reagem da mesma forma a
É possível observar que os níveis de informação precificados são cumulativos à medida que
Evidências empíricas apontam para um mercado de capitais eficiente apenas no longo prazo.
acionistas escolhendo uma composição entre capital próprio e capital de terceiros ótima, que
6
Adaptada de ROSS; WESTERFILDE; JEFFE, Administração Financeira . São Paulo: Atlas, 2002. p. 284.
17
Como é visto na Figura 27 as fontes de capital que uma empresa dispõe para financiar seus
hierárquica sobre as demais, elas muitas vezes não conseguem fazer frente a grandes
investimentos, além de ser uma forma de financiamento tida como primitiva. Já as fontes de
recursos externos têm se mostrado mais adequada para o investimento de longo prazo.
Lucros Retidos
Debêntures
Rotatividade dos Créditos
ativos Maior do que
Passivos Comercial paper
Internas
Empréstimos
Proteção Fiscal Bancários
Outras
Credito Subsidiado
Fontes
Capital Estrangeiro
Recursos de Terceiros
Fornecedores
Externas
Embora existam vantagens fiscais em se financias via crédito, as empresas têm um volume
cada vez mais limitado de empréstimos bancários, com relação as suas necessidades de
JAFFE, 2002).
7
Adaptado de CAVALCANTE, Francisco. Mercado de Capitais. Rio de Janeiro: Campus, 2001. p. 148
18
Ainda que a lógica financeira demonstre que o custo de capital de terceiros é menor que o
custo de capital próprio, “[...] não há sentido em o acionista auferir uma remuneração pelo
capital aplicado inferior àquela que obteria como credor da empresa”. (ASSAF NETO, 2003,
p. 411), as empresas buscam uma estrutura de capital que aumente a riqueza de seus
acionistas.
volume de capital de terceiros em uma empresa ela aumenta o seu valor. Isso porque a
Contudo, o modelo MM ignora uma série de custos associados a uma empresa alavancada em
dificuldade financeiras. Quando uma empresa financia seus investimentos através de fontes
externas, mais especificamente com recursos de terceiros, em geral ela paga menos impostos
19
de renda, porém seu custo de agency aumenta. Entretanto, quando uma empresa se financia
A expressão agency significa que os administradores profissionais são agentes dos acionistas,
como os diretores que compõem a diretoria administrativa, são contratados pelos acionistas
Quando uma empresa possui em sua estrutura de capital, recursos de terceiros, observa-se um
Somando o custo de agency ao custo de falência, resulta em uma clara imposição do uso de
capital próprio por parte das empresas. Pois eles reduzem os ganhos conseguidos com os
empresas a encontrar um nível ótimo entre capital de terceiro e capital próprio. Esse nível
ótimo é obtido quando a empresa tem o menor custo ponderado de capital. E terá
conseqüentemente, uma porção de capital próprio captados através de emissão de ações, que
Portanto, o mercado de capitais contribui para que as empresas diversifiquem suas fontes de
capitação de recursos, para efetuar projetos de investimentos, com isso, elevando seu valor de
8
Ver em, Ross; Westerfield; Jaffe, Administração Financeira: Estrutura de capital: limites ao uso de capital de
terceiros. São Paulo: Atlas, 2002, p.344-373.
9
Segundo ASSAF NETO, no Brasil o custo de agency se da pelo conflito de interesses entre os acionistas
controladores e os acionistas minoritários.
20
mercado e conseqüentemente sua capacidade de endividamento. Que por sua vez possibilita
A abertura de capital pode ser entendida como a democratização do capital social de uma
companhia, pois permite distribuição suas de ações por um grande número de investidores.
Envolvi, entretanto, um conjunto de exigências legais e custos, que devem ser atendidos
Dentre as exigências legais para a abertura de capital das empresas, destacam-se as seguintes:
ser uma empresa constituída sobre a forma de sociedade anônima; adequação do estatuto
que prevê a lei das S/A; criação do conselho de administração; criação da diretoria de relações
Muitas das exigências para a abertura de capital geram custos para a companhia, que
dependendo do seu porte pode ser, relativamente, muito expressivo. Os custos de abertura de
capital estão expressos no ANEXO 3, que possibilita uma visão geral do processo.
10
Com a redução das barreiras alfandegárias elevaram-se as competições da industria nacional com artigos
importados, tornando necessário um substancial de investimento visando incremento na produtividade.
21
ROCCA e CARVALHO (1999) apud BARROS et al 2000, destaca que dentre as maiores
companhia aberta, apontado por 62% das companhias pesquisadas e para 88% das
companhias se situa entre os seis mais relevantes. Contudo, os custos de underwriting 11 são os
mais relevantes para 7% das empresas e entrar entre os seis mais para 49% da amostra.
Em segundo lugar, como fator desestimulante surge o fato do mercado cotar as ações a um
Brasil custam 0,86 vezes o seu patrimônio. O premio de risco cobrado as empresas brasileiras
Outra desvantagem, que não é abordada na pesquisa citada, é a de que boa parte das empresas
brasileiras ainda conservam uma estrutura familiar de seu controle, e a abertura de capital
A conseqüência dessas desvantagens é que número de companhias abertas, entre 1994 e 2003,
cresceu de 846 para 935 (ver Gráfico 2). O maior número de S/A abertas foi atingido em 1998
com 1.047. Segundo estudos realizados pela MB Associados à evolução desse período é
ilusória, tendo em vista que muitas delas eram empresas estatais e consórcios ligados à
privatização, empresas de securitização e leasing, empresas que abriram capital para emissão
11
Subscrição de ações, ver CAVALCANTE, Francisco. Mercado de Capitais. Rio de Janeiro: Campus, 2002
22
1.200
1.047 1.027
968 996 977
1.000 925 945 935
846 874
800
600
549 547 550 536 527
478 459
400 428 399 369
200
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
SA Aberta SA Bolsa
patamar de 549 companhias em 1994 para 369 companhias em 2003. No ano de 1997, em que
Além dos fechamentos de capital ocorridos no período, muitas empresas privatizadas fizeram
o chamado “fechamento branco” de capital. Ou seja, elas apenas mantiveram o capital aberto
por exigência legal. Entretanto, os novos controladores compram a maior quantidade possível
comparado a outros países. O Brasil tem um número de empresas em bolsa maior apenas que
a Itália e dos países da América Latina. Contudo, o número de empresas listadas em bolsas
dos países desenvolvidos é muito maior que a do Brasil. (ver ANEXO 4).
23
Ao longo deste capitulo foi destacado a utilização do mercado de capitais apenas com o
Com a gestão eficiente de caixa as empresas podem determinar o saldo ideal de caixa 12 bem
fazer aplicações financeiras com o excedente de caixa. Para se ter uma idéia da magnitude
dessa possibilidade a Ford e a General Motores juntas tinham 28,6 bilhões de dólares em
caixa em 1997 13 .
Como as empresas buscam um saldo mínimo de caixa pelo seu custo de carregamento, boa
parte do excedente é aplicado em títulos de curto prazo e de alta liquidez, embora os títulos
públicos estejam melhor enquadrados nessa categoria, muitos títulos de empresas de primeira
linha e derivativos podem ser utilizados com essa finalidade. Logo, o mercado de capitais
precisa oferecer agilidade para as empresas que fazem aplicações de curto prazo, visando
12
Em ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002, p.616. tem um estudo detalhado do assunto.
13
ver ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002, p.617
24
investidores institucionais nos anos 90, a poupança institucional gerada não teve o impacto
desejado no mercado de capitais. Para ajudar a compreender essa dinâmica é preciso uma
avaliação mais profunda dos investidores institucionais e sua relação com o mercado de
capitais.
CAPITAIS
Analisando a industria dos fundos de investimentos é possível avaliar sua magnitude e sua
do volume negociado na Bovespa em 2003 (ver Gráfico 3) e essa participação vem em uma
tendência de alta. Além de também estimularem a formação de poupança de longo prazo, eles
,7%
as; 3
s
pre Instituições Investidores Investidores
Em Pessoas Físicas;
Financeiras; Estrangeiros; Institucionais;
2003 26,3%
18,0% 24,3% 27,7%
4%
; 3,
resas
p Instituições Investidores Investidores
Em Pessoas Físicas;
Financeiras; Estrangeiros; Institucionais;
2002 22,0%
32,1% 26,0% 16,5%
,0%
sas; 3
pre Instituições Investidores Investidores
Em Pessoas Físicas;
Financeiras; Estrangeiros; Institucionais;
2001 21,7%
34,2% 25,1% 16,0%
Nos anos 80 a forma mais comum de se fazer aplicações sofisticadas era através das
de investimentos ocorrida durante os anos 90, as pessoas físicas de baixa renda tiveram acesso
Muitos fundos de investimentos surgiram nos últimos anos. Esses fundos em geral possuem
uma carteira mais exposta à renda variável que as EFPCs (ANEXO 5) . Um exemplo são os
fundos multimercado, que aplicam seus recursos em uma gama variada de ativos, objetivando
investimentos teve uma forte expansão entre 1994 a 2003. Por outro lado, com a queda da
substituição aos FAF, FRF-CP, FRF e commodities. Em 1999 houve uma flexibilização das
regras do FIF e uma reestruturação dos fundos regulamentados pela CVM, surgindo os
fundos, com vários níveis de risco e retorno, desde os mais conservadores até os mais
industria.
Líquido do setor, que saltou de R$ 46 bilhões em dezembro de 1994 para R$ 521,093 bilhões
nove anos. Desse total menos de 10% vem sendo aplicado em ações, ao passo que a maioria é
600,0
500,0
400,0
300,0
200,0
100,0
0,0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Embora uma pequena parcela do patrimônio líquido dos fundos de investimentos seja
14
Em conseqüência do Growding out, que será tratado mais adiante nesse trabalho.
27
200 188
172 171
180 158
149
160 133 131
140 121 122
120
100
80
60
40
20
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
administradores de recursos de terceiros reduziu-se de 188, em 1994, para 122, em 2002 (ver
Gráfico 5); isso se deve à forte consolidação do setor, devido à possibilidade dos bancos
bancos múltiplos.
Rating, de 1,5% para apenas 0,5% em fundos de renda fixa. Esse fato levou os gestores
multimercado.
É importante observar (ANEXO 6), que os grandes bancos de varejo são os maiores
estão destinadas à aplicação em renda fixa e em alguns casos chegando a 100% dos ativos.
Por outro lado, os bancos menores aplicam entre 20 e 40%, em média, em renda fixa. Portanto
uma análise do total de dinheiro que é destinando ao mercado de ações, que em novembro de
2003 chegou a R$ 51.165,00 milhões. Mesmo sendo pouco em relação ao total, cerca de
Na industria de fundos de investimentos existem, ainda, classes que embora não apliquem
diretamente seus recursos em mercado de ações, esse mercado é muito importante para sua
estratégia. Eles são conhecidos como fundos Private Equity que no Brasil convencionou-se
Como os investimentos realizados na fase inicial das empresas têm pouca liquidez para o
tecnológica como condição básica para que haja desenvolvimento econômico. Os fundos de
Private Equity financiaram grande parte das empresas de alta tecnologia nos EUA, como
Sisco e Dell. No Brasil existem inúmeras empresas que são financiadas pelos fundos de
Private Equity.
29
Entretanto, sua atuação pode ser muito conservadora se o mercado de ações não for
desenvolvido o suficiente para absorver as empresas que pretendem abrir seu capital15 .
Outra classe de fundos que tem presença forte no mercado de ações são os fundos de Hedge 16
ou Hedge Fund. Os Hedge Funds foram criados em 1949 por Alfred Jones e são destinados
aos investidores qualificados. Sua estratégia consistia na compra de ações de primeira linha
ou Blue Chips com perspectiva de alta e a venda a descoberto de ações com perspectiva de
baixa. Essa estratégia embora tenha proporcionado grandes retornos, está atualmente
No Brasil não existe uma legislação precisa sobre os Hedge Funds, sendo eles classificados
como Fundos Multimercado com Renda Variável e Alavancagem, pela Anbid; ou como
fundos genéricos pelo Banco Central. Com isso, esses fundos perdem a liberdade que tem em
outros mercados, como o norte americano. Mesmo assim estima-se que o patrimônio líquido
Uma outra forma que os investidores têm encontrado para investir em ações é através dos
recém criados clubes de investimentos, que são uma espécie de fundo de investimento
montado por um grupo de pessoas com algum vínculo (colega de trabalho, por exemplo).
15
Para maiores informações sobre Private Equity ver site do Ministério da Ciência e Tecnologia.
16
Fundos de investimento de alto risco e alta rentabilidade, destinados a investidores qualificados.
17
Estimativa da consultoria Thomson Financial Brasil para 2003.
30
CONCLUSÃO
das maiores dificuldades na elaboração dessa monografia foi encontrar estudos teóricos que
tratem do assunto. Mesmo sendo tão relevante para o sistema capitalista o mercado de capitais
medidas foram tomadas visando seu desenvolvimento. Contudo, o alto grau de endividamento
do Estado tem provocado uma elevada oferta de títulos públicos de renda fixa, que apesar do
respectivo risco, te m atraído o interesse dos inve stidores, em virtude do rendimento que
investimento em ações, pois o investidor pode ter maior relação risco / retorno com títulos de
renda fixa. Até mesmo em momentos que os papéis de renda variável apresente alta
rentabilidade, os títulos de renda fixa são compensadores devido ao menor risco. O reflexo
disso é que no Brasil a carteira de investimento das instituições financeiras e dos investidores
lançamento de diversas publicações pela Bolsa de Valores de São Paulo vem desmistificando
18
Crowding out é o processo em que a divida pública toma espaço, no mercado de renda fixa, dos papéis de
renda fixa do setor privado. Para haver a aceitação desses títulos, o governo é obrigado a oferecer altas taxas de
juros.
31
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor: Estrutura de Capitais. São Paulo:
Ed. Atlas, 2003. p. 402-425
BOVESPA. Relatório Anual 2003: Ano 2, Número 35 outubro 2003. Disponível em:
<http://www.bovespa.com.br> Acesso em 12 jul. 2004
_______. Boletim Novo Mercado: Ano 2, Número 35 outubro 2003. Disponível em:
<http://www.bovespa.com.br> Acesso em 36 out. 2004
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de Capitais. São Paulo: .Ed. Atlas, 2002.
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3
QUADRO DISCRIÇÃODAS ETAPAS DA ABERTURA DE CAPITAL E OS TIPOS DE
CUSTOS
Tipos de Custos
Publicação, Prestação de
Etapas Legais e
publicidade e serviços Internos da empresa
Institucionais
marketing Financeiros
Formação de grupo de
Análise estudos sobre a abertura.
preliminar Consultoria externa de
mercado de capitais.
Edital de
convocação e ata
Montagem da Contratação de Comissão de
de assembléia(s).
operação auditoria externa coordenação
Demonstrações
financeiras.
Taxa de registro
de emissão.
Processo com Registro de
Prospecto
CVM escritura de
debêntures.
Agente fiduciário.
Registro em bolsa Anuidade à bolsa
Material
informativo.
Pool e marketing
Visitas à empresa.
de distribuição
Apresentação aos
investidores.
Comissão de
Distribuição e Anúncio de inicio
Serviço de ações garantia (se
liquidação e encerramento
escriturarias necessário) e
financeira da distribuição
distribuição
Criação do departamento
Manutenção da Taxa de
Informe aos de acionistas.
condição de fiscalização da
acionistas Estrutura da diretoria de
companhia aberta CVM
relações com o mercado.
Fonte: Inter-Link Consultoria de Mercados de Capitais S/C Ltda. Apud Pinheiro (2002).
36
ANEXO 4
ANEXO 5
Imóveis 6.692 8.548 9.225 9.038 9.684 10.110 10.460 10.554 11.330 11.538
Deposito a Prazo 5.334 8.367 6.891 6.623 8.818 5.313 4.145 4.822 3.808 2.753
F. de Investimentos RF 5.779 6.826 12.064 16.729 20.648 36.423 47.710 62.411 69.089 94.047
F. de Investimentos RV n/d n/d 1.832 9.302 9.214 14.066 14.881 16.232 20.067 20.332
Emp. e participantes 887 1.067 1.592 1.623 1.740 1.805 2.279 2.742 3.190 3.843
Financ. imobiliário 2.145 3.328 3.688 3.923 4.021 3.868 3.797 3.848 3.438 3.346
Debêntures 862 2.992 3.446 3.384 3.229 2.892 2.660 3.201 3.733 3.936
Títulos públicos 1.771 2.557 4.115 3.240 5.918 7.307 8.588 17.513 22.471 27.436
Outros 1.201 1.445 1.704 1.878 2.382 3.011 4.687 4.496 4.612 4.523
Oper. C/ patrocinadores 3.642 5.408 4.954 6.396 7.637 70 201 144 76 77
Total 46.490 57.461 71.673 86.860 90.756 115.124 130.077 154.577 168.498 208.826