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Fale com o editor: A GAZETA Vitória (ES), domingo, 23 de maio de 2010

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Dia a dia
Peso das palavras. Certas expressões abalam autoestima e
confiança das crianças

As frases que o seu


filho nunca deve ouvir
Carla Nascimento
cnascimento@redegazeta.com.br

Pais cuidadosos fazem tudo pelos filhos: escolhem a escola, acompanham os deveres de casa, tiram as dúvidas
mais embaraçosas e passam seu tempo de folga com a família. Mas nem ...

A Gazeta

Carla Nascimento
cnascimento@redegazeta.com.br

Pais cuidadosos fazem tudo pelos filhos: escolhem a escola, acompanham os deveres de casa, tiram as dúvidas
mais embaraçosas e passam seu tempo de folga com a família. Mas nem mesmo esses pais estão imunes aos
momentos de estresse causados por uma desobediência ou travessura. Nessas horas, apesar de a bronca ser
inevitável, é melhor contar até dez e lembrar que algumas frases nunca devem ser ditas, sob o risco de interferir
na formação de crianças e adolescentes.

“Você deveria ser como seu irmão” e “você não faz nada direito” são algumas delas. “Muitas vezes, reproduzimos
em nossa comunicação aquilo que ouvimos dos nossos pais na infância. Existem expressões que os pais devem se
esforçar ao máximo para não falar com os filhos, porque isso só vai abalar ainda mais a autoestima e a confiança
deles”, explica o terapeuta familiar Cláudio Miranda.

Ele ressalta que os pais devem fazer uma autoavaliação sobre o que é dito em casa. A dica é refletir sobre as
frases usadas quando a criança estraga ou quebra algo em casa, quando apronta travessura ou desobedece uma
ordem.

REFLEXO
Para ele, as falhas na comunicação são reflexo de uma série de fatores, como falta de tempo, desatenção,
preocupações e desinteresse.

Já a psicóloga Maria Angélica Peter Barbosa ressalta que quanto mais jovem for a criança maior terá o impacto
das palavras em sua vida. “A chamada idade da razão é entre 6 e 7 anos. Mas isso depende do grau de
maturidade da criança, que muda de acordo com o ambiente em que ela vive. A partir daí, as crianças começam a
entender melhor”, explica.

Segundo ela, comparações e ofensas são como profecias. “Dizer que o filho é igual a fulano não resolve nada.
Chamar de um zero à esquerda também não. Esse tipo de expressão cria um sentimento de menor valia”, diz.

Outro terreno perigoso, alerta, é o campo das ameaças. Dizer que a criança deve se comportar porque senão
“Papai do Céu vai ficar zangado” ou “o bicho-papão vai pegar” pode causar pesadelos e prejudicar o sono das
crianças.

"Uma comunicação ruim na relação com os filhos pode gerar uma sensação de desamparo. Esse sentimento
enfraquece o indivíduo, tornando-o mais vulnerável ao fracasso” - Cláudio Miranda Terapeuta Familiar

"O filho precisa saber que os pais o enxergam como único, brilhante, capaz e que ele tem dentro de si todos os
recursos que precisa para ser feliz” - Mary de Sá Especialista em neurolinguística

Discussões não são coisas para crianças


A psicóloga Maria Angélica Peter Barbosa lembra que filho não é investimento. Portanto não vale falar para a
criança que você faz tudo e ela não reconhece. Ela também ressalta que, com a melhor das intenções, muitos pais
acabam prejudicando a prole. “Querer dar tudo o que não teve para os filhos não é bom. Gera uma expectativa e
não respeita as vontades da criança”, diz. Para ela, outro pecado em família é deixar que a criança participe de
brigas e discussões do casal. “Se houver uma separação, é importante comunicar à criança, mas nunca colocando
a responsabilidade da decisão nos filhos, até porque não é deles.”

O que não dizer


“Seu molenga, você cai toda hora”. Diga que você vai ajudá-lo. Mas, se ele cai de fato com frequência, procure
um médico

“Você é um preguiçoso, mesmo. Não vai ser nada na vida!” Mostre-se disponível para o seu filho e ajude-o nas
tarefas

“Vou te dar uma surra”. Dê um castigo apropriado para corrigir mau comportamento, sem fazer ameaças

“Você não me obedece; nunca mais vou falar com você.” Diga: “Filho, ouça o que estou lhe dizendo. Fico
chateada(o) quando
você não me atende”

“Se não me obedecer vai ficar um mês sem computador.” Diga: “Hoje você não tem computador porque não fez
o que eu pedi”

“Você está comendo como um porco.” Diga: “Filho, coma menos” ou dê exemplo de como se deve comer

“Já falei mais de mil vezes.” Fale algo uma vez só e tome uma medida sem exageros ou impulsividade

“Se mexer aí o policial vai te prender”, ou “Se não tomar remédio o médico vai te dar uma injeção.” Além de
transferir a responsabilidade para outra pessoa, gera na criança um temor que não deveria existir
“Por que você não faz como seu irmão, que é tão obediente?” Comparações desse tipo devem sempre ser
evitadas. Lembre-se: cada filho é de um jeito

Até as palavras não ditas influenciam


Até as palavras que não são ditas e ficam no campo do pensamento influenciam na formação dos filhos. É o que
prega uma corrente de profissionais inspirados nos ensinamentos da neurolinguística.

“Se um pai duvida da capacidade do filho e olha para ele, o menino percebe. Não precisa dizer nada, fica
estampado no semblante”, afirma a diretora do Asas - Instituto de Desenvolvimento Pessoal, Mary de Sá.

Ele também ressalta o papel do pensamento positivo no dia a dia da família. “A neurolinguística trabalha com
cenários, visualizações. É importante focar nos resultados desejados para, em seguida, criar os passos para
chegar lá. Se o menino imagina que vai se dar bem na prova, isso valoriza a inteligência dele, demonstra
confiança e competência.”

Ela destaca que a comunicação pode ser mais eficiente se os pais evitarem sentenças negativas. “Em vez de falar
‘você não entende essa matéria’, os pais podem dizer: ‘Você sabe que pode entender essa matéria, não é’?
Assim, o jovem busca dentro de si uma certeza. ”
A linguagem oral não se restringe somente a palavras, como alerta o professor do programa de pós-graduação
em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Hiran Pinel. “A linguagem inclui o tom de voz, a
forma como as frases são ditas”, destaca. Ele ressalta que o filho deve ser elogiado sempre, mas a preocupação
com a autoestima da criança ou do adolescente não deve impedir os pais de chamar a atenção. “Mas sem
humilhação. Quanto mais rico o debate, mais haverá crescimento”, diz.

Educação para uma nova geração

IÇAMI TIBA - Psiquiatra e psicoterapeuta de adolescentes


“Uma pessoa reconhece a força da palavra dos pais ao
ter um filho”

Autor de livros como “Quem Ama Educa”, “Família de Alta Performance” e outras 26 obras, Içami Tiba sentencia:
educar hoje é mais difícil. Ele, que acumula no currículo
4 milhões de exemplares vendidos e muitos anos como consultor de famílias, comenta o impacto que as palavras
têm para crianças e adolescentes.

UMA EXPRESSÃO INFELIZ PODE ABALAR A AUTOESTIMA DA CRIANÇA?


Depende do clima em que as frases são colocadas, do estado emocional do pai e do filho. Às vezes, os pais falam
barbaridades, e o filho não está nem aí. Em outras situações, os pais dão a entender algo, e o filho fica muito
abalado. Isso acontece quando o filho está desconfiado e tem a confirmação pelo discurso dos pais. É o caso de
quando o pai afirma que a criança não presta, só faz besteira, que o irmão que é bom. O filho geralmente já sente
que não está tudo bem, e quando alguém verbaliza é pior. Se o discurso é repetitivo, também tem impacto na
autoestima.

A PREOCUPAÇÃO COM A AUTOESTIMA DOS FILHOS É UMA CARACTERÍSTICA DOS PAIS DESSA GERAÇÃO?
Na geração atual, os filhos já são mais sensíveis. Eles precisam muito receber feedback, ou seja, reconhecimento.
Se um filho se sente feio, e a mãe fala “seu feio”, é como se confirmasse as suspeitas dele. Sempre foi assim, mas
nessa geração está mais evidente.

ENTÃO, SER PAI HOJE É MAIS DIFÍCIL?

Sim. Os filhos se sentem iguais, acham que todo mundo é par, não reconhecem hierarquia. Além disso, os filhos
têm mais opções e recursos e dominam uma área que os pais conhecem pouco, que é a informática. Eles estão
vivendo outra realidade, que é a coletividade, um está ligado ao outro.

A TENDÊNCIA DOS PAIS É REPRODUZIR O DISCURSO QUE RECEBERAM?


Uma pessoa passa a reconhecer a força das palavras do pai e da mãe quando tem um filho. Nesse momento,
passa a reproduzir algumas coisas porque o pai dizia.

É POSSÍVEL CONTRIBUIR PARA A AUTOESTIMA DOS FILHOS?


Sim. É preciso fazer uma coisa mais real. Se o filho faz algo errado, precisa ouvir que o que ele fez não foi
suficiente, mas não precisa ser ofendido. Às vezes, os pais pecam pelo contrário, com medo de falar o que pode
prejudicar a formação dos filhos. Mas quando esses meninos vão para a rua ninguém está disponível a dizer as
coisas que eles querem ouvir.

Bronca sim, mas não na frente dos outros


Nem o conhecimento teórico ou a habilidade para lidar com crianças livra a pedagoga Sandra Mara Christo
Liberato, 37 anos, de perder a paciência com os filhos, uma menina de 2 anos e um menino de 11, em alguns
momentos. Mas ela garante que, na maioria das vezes, consegue pensar antes de dizer alguma coisa que pode
prejudicar a formação deles. “Tenho a preocupação de não expor meus filhos na frente dos outros, porque acho
que isso abala a autoestima de qualquer criança. Se tenho que reclamar de alguma coisa, faço isso quando
ninguém mais está vendo. A mais nova, Ana Clara, tem mania de fazer pirraça. Conto até mil e tento chamar a
atenção dela para outra coisa, sem dar bronca”, afirma. Quando é preciso, Sandra aplica castigos, mas procura
sempre relacioná-los com o que causou a punição. “Senão, a criança acostuma, e o castigo vira rotina, não muda
a atitude dele”, explica. E admite: “Se eu disser que nunca perdi a paciência estarei mentindo. Já perdi, mas voltei
atrás. Pedi desculpas e tentei resolver a situação”.

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