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ÍNDICE

ACÇÕES SÍSMICAS SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE..........................................1


1 – Introdução ..........................................................................................................................1
2 - Métodos pseudo-estáticos...................................................................................................1
2.1 – Generalidades...............................................................................................................1
2.2 - Hipóteses básicas..........................................................................................................2
2.3 – Caracterização da acção sísmica...................................................................................2
2.3.1 – Consideração de coeficientes sísmicos ..................................................................2
2.3.2 – Determinação da distribuição das acelerações no maciço suportado ....................5
2.4 - Método de Mononobe-Okabe (M-O) ............................................................................9
2.4.1 – Considerações iniciais...........................................................................................9
2.4.2 - Formulação ............................................................................................................9
2.4.3 – Validade ...............................................................................................................11
2.4.4 – Ponto de aplicação ...............................................................................................12
3 – Impulsos sísmicos em estruturas com deslocamentos condicionados .........................13
3.1 – Considerações iniciais.................................................................................................13
3.2 – Soluções elásticas........................................................................................................13
4 – Efeitos da água nos impulsos sísmicos ...........................................................................15
4.1 – Considerações iniciais.................................................................................................15
4.2 – Impulso sísmico de uma massa de água livre .............................................................15
4.3 – Impulsos devidos a acções sísmicas em solo saturados.............................................16
4.3.1 – Impulsos em maciços submersos de elevada permeabilidade ............................16
4.3.2 – Impulsos em maciços submersos de permeabilidade média a baixa ..................18
5 – Métodos de deslocamentos ..............................................................................................20
5.1 – Introdução ...................................................................................................................20
5.2 – Método de Richards e Elms ........................................................................................20
6 – Estabilidade externa. Avaliação da segurança..............................................................23
6.1 – Introdução ...................................................................................................................23
6.2 – Eurocódigo 8...............................................................................................................25

http://www.dec.fct.unl.pt/~teresa/ImpSis.htm
Acções sísmicas sobre estruturas de suporte
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Teresa Santana
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ACÇÕES SÍSMICAS SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE

1 – Introdução

A resposta dinâmica dos muros de suporte é bastante complexa. Deformações e tensões


resultantes na estrutura de suporte irão depender, entre outros factores, da resposta do solo que
se encontra sob a base do muro, da resposta do maciço suportado, da massa e da rigidez da
estrutura, do seu período próprio, e da natureza das acções sísmicas. Estudos efectuados sobre
casos históricos, que envolveram monitorização deste tipo de estruturas, indicam que (Kramer,
1996):

- os muros de suporte sofrem deslocamentos que podem ser de translacção ou de


rotação, ou ambos, consoante as características de projecto do próprio muro;
- a grandeza e a distribuição das pressões dinâmicas do solo sobre a estrutura são
influenciadas pelo tipo de movimento;
- o impulso máximo sobre o muro ocorre geralmente quando a estrutura se deslocou
contra o maciço e o mínimo quando a estrutura se afasta do maciço;
- o diagrama de distribuição de pressões sobre o muro varia à medida que o muro se
desloca, i. é, o ponto de aplicação do impulso resultante desloca-se para cima quando
o muro se desloca contra o terreno e para baixo quando o muro se afasta;
- as pressões dinâmicas são influenciadas pela resposta dinâmica do conjunto estrutura
de suporte terreno suportado, podendo aumentar significativamente quando se atinge
o período próprio do conjunto; deslocamentos permanentes na estrutura também
aumentarão nas frequências próximas da frequência natural do conjunto estrutura de
suporte terreno suportado;
- efeitos da resposta dinâmica podem também dar origem a deformações importantes
quando diferentes partes da estrutura possam não oscilar em fase, efeito este que é
particularmente significativo em muros de suporte mais enterrados em que o solo de
fundação não oscila em fase com o solo do maciço.

Dada a complexidade destes fenómenos e a sua interligação, bem como uma certa incerteza
associada à determinação das propriedades dos solos, os métodos de cálculo disponíveis para o
cálculo da resposta dinâmica deste tipo de estruturas utilizam métodos simplificados nos quais
as várias simplificações são introduzidas ao nível das propriedades dos solos e da estrutura e na
avaliação das solicitações sísmicas actuantes.

2 - Métodos pseudo-estáticos

2.1 – Generalidades

Os métodos pseudo-estáticos são métodos simplificados de dimensionamento sísmico, cuja


aplicação visa a determinação de coeficientes de segurança para os vários mecanismos de rotura
que poderão ocorrer.

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O cálculo dos impulsos sísmicos totais é feito, duma forma geral, recorrendo a soluções de
equilíbrio limite. Admite-se que se forma no solo uma superfície de rotura ao longo da qual se
considera ser a resistência ao corte completamente mobilizada. Obtém-se asssim a carga limite
que conduz o solo à rotura, para a qual se podem definir limites inferiores ou superiores,
conforme se use respectivamente o teorema da região inferior ou o teorema da região superior.
Considera-se normalmente que o solo segue o critério de rotura de Mohr-Coulomb.

2.2 - Hipóteses básicas

Os métodos pseudo-estáticos baseiam-se nas seguintes hipóteses:

a) a estrutura de suporte move-se o suficiente para que se instale, no solo suportado,


a totalidade da resistência ao corte ao longo da superficie potencial de
deslizamento e ao longo da superficie de contacto terras-muro;
b) a superficie potencial de deslizamento é plana e passa pelo pé do muro;
c) o muro é suficientemente extenso para que sejam desprezáveis os efeitos
tridimensionais;
d) a cunha de solo deslizante comporta-se como um corpo rígido, admitindo-se assim
que as acelerações horizontal e vertical são constantes e com intensidades iguais
às da base, sendo portanto as forças adicionais de inércia resultantes da acção
sísmica aplicadas no centro de gravidade da cunha deslizante.
e) o maciço de fundação não experimenta fluidificação sob a acção do sismo.

As três primeiras hipóteses são comuns à teoria de Coulomb embora esta tenha sido
posteriormente generalizada de modo a considerar maciços imersos, coesivos e estratificados. A
hipótese referente à alínea d) é fundamental no que respeita ao problema em apreço: é o facto de
se admitir que a cunha de terras se comporta como um corpo rígido que permite substituir a
acção sísmica pelas forças de inércia aplicadas no seu centro de gravidade. Finalmente, a
hipótese e) destina-se sobretudo a alertar que é indispensável, no dimensionamento, verificar a
segurança em relação a uma possível fluidificação do maciço de fundação, provável no caso de
este ser constituído por solos arenosos submersos de baixa compacidade.

2.3 – Caracterização da acção sísmica

2.3.1 – Consideração de coeficientes sísmicos

No que respeita à acção sísmica, esta é considerada através da adição, às forças actuantes, no
caso presente o peso próprio do maciço suportado, de forças fictícias, designadas por forças de
inércia, e impondo que o sistema de forças assim considerado obedeça às equações de equilíbrio
estático. As forças de inércia são obtidas multiplicando o peso do corpo em estudo, W, por
factores adimensionais, designados por coeficientes sísmicos, que representam a razão da
componente respectiva da aceleração sísmica pela aceleração da gravidade. Dizer-se, por
exemplo, que o coeficiente sísmico horizontal é 0,2 significa que a acção do sismo dá origem a
uma força de inércia de 0,2 W com direcção horizontal, aplicada no centro de gravidade do

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corpo em estudo, resultante de uma aceleração sísmica segundo a mesma direcção (mas com
sentido oposto) de 0,2g.

Considere-se então, como indica a figura 1, um muro de suporte com a respectiva cunha de
terras suportada e sejam Kh e Kv os coeficientes sísmicos a considerar. No que respeita à
direcção horizontal interessa considerar a força de inércia KhW dirigida para o muro,
correspondente a uma aceleração sísmica igual a Kg dirigida no sentido oposto. Quanto à
direcção vertical haverá que, em geral, considerar coeficientes sísmicos com os dois sinais, isto
é, forças de inércia dirigidas para cima ou para baixo, de modo a estudar-se o efeito mais
desfavorável.

Fig..1 - Cunha de terras submetida a acção sísmica

A força resultante Ws que se representa na figura será dada pela expressão:

W (1 ± K v ) com θ = arctg K h
Ws = 1 ± Kv
cos θ
sendo θ o ângulo que a resultante Ws faz com a vertical.

Naturalmente que à força de inércia dirigida para baixo (Kv positivo) corresponderá um maior
impulso. Contudo, a este maior impulso corresponde também um aumento de peso da estrutura
de suporte. Se esta for do tipo gravidade, poderá aumentar a resistência do muro de suporte ao
derrubamento e ao deslizamento, já que a aceleração sísmica e a respectiva força de inércia se
aplicam também ao próprio muro. Assim, o impulso mais elevado correspondente a +Kv poderá
não conduzir à situação mais crítica em termos de estabilidade.

O RSAEEP não é directamente aplicável a estruturas de suporte podendo, no entanto, recorrer-


se, por analogia, aos coeficientes sísmicos nele especificados para a análise pseudo-estática de
pontes e edifícios correntes.

Brito (1988) realizou um estudo paramétrico com o objectivo de definir coeficientes sísmicos
para estruturas de suporte correntes, tendo analisado estruturas entre os 5 e os 20 m de altura,

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utilizado um peso específico do solo igual a 18 kN/m3, uma velocidade de propagação das ondas
de corte igual a 200m/s, definindo a aceleração sísmica com base nos espectros do RSAEEP,
majorada de 1,5. Os valores propostos são os indicados no Quadro 1.

QUADRO 1 - Coeficientes sísmicos (segundo Brito, 1988)

ZONA h < 10 m 10 m < h <20 m


SÍSMICA
A 0,23 0,19
B 0,18 0,15
C 0,13 0,11
D 0,08 0,07

Matos Fernandes, M., chama a atenção para o facto de os coeficientes indicados no Quadro 1
pretenderem representar, devidamente multiplicados por g, valores característicos da acção
sísmica, devendo pois ser usados em conjunto com coeficientes de segurança globais ou
parciais. Além disso o autor refere ainda que o quadro apresentado deve ser usado, tendo
presentes os seguintes aspectos:

a) os coeficientes foram calculados tomando como base os espectros de resposta de


acelerações para acções do tipo 2 (sismos de grande distância focal) do RSAEEP;
b) os sismos de pequena distância focal (tipo 1) devem ser apenas considerados quando
haja dados concretos a respeito da sismicidade local, nomeadamente na proximidade
de falhas activas;
c) os valores apresentados correspondem a acelerações que representam 2/3 da
aceleração máxima, isto é, de pico, de modo a atender ao facto de esta não ocorrer
em todos os pontos no mesmo instante;
d) os coeficientes foram calculados considerando que o maciço suportado é constituído
por um solo granular de baixa a média compacidade;
e) os coeficientes propostos não atendem à dissipação de energia por radiação na
fundação, daí serem independentes do tipo de terreno de fundação, podendo pois ser
encarados, exclusivamente no que respeita a este aspecto, como valores
conservativos para maciços de fundação de características mecânicas baixas a
médias.

Relativamente às acções sísmicas, o EC8 recomenda que, na ausência de estudos específicos,


os coeficientes sísmicos horizontal, Kh, e vertical, Kv, sejam os seguintes:

Kh=α.S/r
e
Kv =±0,5Kh se α é maior que 0,6 ou Kv =±0,33Kh nos restantes casos
em que:
α é a razão entre a aceleração no terreno e a aceleração da gravidade (avg/ag);
S é uma característica do tipo de terreno
r é um factor definido no Quadro 2.
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QUADRO 2 – Valores de r para o cálculo de Coeficientes sísmicos (EC8)

Tipo de estrutura de suporte r

Estruturas de suporte gravidade livres que 2


aceitam deslocamentos dr≤300 α.S (mm)
Estruturas de suporte gravidade livres que 1,5
aceitam deslocamentos dr≤200 α.S (mm)
Outras estruturas de suporte em que o movimento 1
não é permitido (encontros de pontes, etc.)

Verifica-se assim que (Matos Fernandes, M. et al., 1997), desde que sejam compatíveis com
os aspectos funcionais e estéticos, o EC8 aceita deslocamentos permanentes devidos a
deslizamento ou rotação do muro, neste caso associados a deformações irreversíveis do solo
de fundação.

O EC8 chama ainda a atenção para o caso de solos incoerentes, susceptíveis de desenvolver
pressões intersticiais elevadas, para os quais o factor r não deverá ser superior a 1 e o factor
de segurança à liquefacção não deverá ser inferior a 2.

Ainda segundo o EC8 estes coeficientes sísmicos serão considerados constantes em altura,
excepto no caso de estruturas de altura superior a 10 m em que poderá ser efectuada uma
análise unidimensional da propagação vertical das ondas de corte ao longo do maciço
suportado, como indicado em seguida, podendo adoptar-se um valor médio α das acelerações
máximas obtidas ao longo da altura do muro.

2.3.2 – Determinação da distribuição das acelerações no maciço suportado

As características da acção sísmica tendem a modificar-se em altura relativamente à aceleração


máxima da perturbação sísmica actuante na base do maciço suportado. De facto, a resposta da
camada é função das suas características de deformabilidade dinâmica e das características de
amortecimento compatíveis com os níveis de deformação induzidos pelas perturbações sísmicas.
Além disso, a distribuição das acelerações em altura, num dado instante, é variável, ou seja, a
aceleração não atinge o valor de pico em todos os pontos do maciço em simultâneo.

Assim, a avaliação da resposta sísmica ao longo dos estratos de solo pode ser efectuada por
métodos empíricos e experimentais ou por métodos teóricos, relativamente complexos, que
passam pela integração da equação do movimento para a vibração de uma camada semi-infinita
sujeita na base a uma perturbação sísmica horizontal.

Neste último caso deve ter-se em atenção que não se justifica a utilização de um modelo
sofisticado, se não estiver devidamente calibrado, isto é, se a incerteza em torno das
propriedades do solo for elevada, ou se não forem efectuados estudos adequados para as
caracterizar (Mineiro, 1975).

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A solução analítica da equação geral do movimento é muito simples para o caso de um único
estrato, de meio contínuo e homogéneo, comportamento do solo elástico ou visco-elástico linear
e configuração plana e horizontal dos estratos, assim como do topo do substrato rígido.

Nestas condições, o problema reduz-se ao estudo unidimensional de ondas de corte que se


propagam verticalmente através do terreno e torna-se possível obter a solução analítica da
equação geral do movimento que rege a propagação das referidas ondas.

Esta simplificação é válida, porque:

a) Em zonas de movimentos sísmicos intensos, as ondas sísmicas irradiadas da zona


focal propagam-se junto à superfície, praticamente na vertical. Com efeito, as
velocidades de propagação das ondas sísmicas nas rochas e solos diminuem, em
geral, do interior para a superfície e as ondas irradiadas da zona focal vão assim
sendo sujeitas a sucessivas refracções que lhes vão conferindo uma propagação
cada vez mais próxima da vertical.
b) A interface rocha-solo constitui, em geral, uma fonte de refracção importante e
mesmo que a propagação das ondas sísmicas na rocha não seja vertical, a
propagação através do solo resulta praticamente vertical.
c) As características geodinâmicas dos solos variam, em geral, muito mais
rapidamente na vertical, que na horizontal, pelo que o modelo unidimensional é
aceitável na maioria dos casos práticos.

Admitindo para o solo um comportamento elástico linear, o que é aproximadamente verdadeiro


para pequenos níveis de distorção, a equação do movimento para a vibração de uma camada
semi-infinita sujeita na base a uma perturbação sísmica horizontal ü(t), apresenta a seguinte
forma:
2
∂ u ∂u 2
2 ∂ u
+ β - V = −&u& g (t)
∂ t2 ∂t s
∂ z2
em que:
u é o deslocamento relativo à profundidade z e instante t;
β é o coeficiente de amortecimento à profundidade z;
Vs é a velocidade de propagação das ondas transversais.

De referir que o parâmetro de comportamento elástico (módulo de distorção G), para rigidez
constante em profundidade, está directamente relacionado com a velocidade de propagação das
ondas de corte Vs através da expressão:
G = ρ Vs2
em que:
G é o módulo de distorção;
ρ é a massa específica

Uma vez conhecidos os deslocamentos relativos u(z,t), com base na solução da equação do
movimento proposta por Ambraseys, é possível determinar, por simples derivações em ordem
ao tempo, os resultados em termos de velocidades relativas e acelerações relativas:
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∂2
&u&( z, t ) = u (z, t )
∂t 2

Os resultados em termos de deslocamentos, velocidades e acelerações absolutas obtêm-se a


partir da soma com os valores de deslocamentos, velocidades e acelerações sísmicas na base.

As distorções γ (z,t) são obtidas a partir da derivação dos deslocamentos relativos em ordem à
profundidade:

γ (z, t ) = u (z, t )
∂z
As tensões tangenciais τ(z,t) são obtidas directamente a partir das distorções, através da
expressão:
τ( z , t ) = G γ ( z , t )

Analisados separadamente os diferentes modos de vibração, a resposta do sistema original


pode ser obtida através da sobreposição das diferentes formas modais, multiplicadas pelas
respectivas amplitudes, com base na solução de Ambraseys.

Os resultados tomam assim a forma geral:



u (z, t ) = ∑ L n φ n (z).X n ( t )
n =1
em que:
Ln e φn(z) – são vectores de participação modal para o modo n (coeficiente de forma),
função unicamente das propriedades físicas da estrutura geotécnica;
Xn(t) – resposta do oscilador linear de um grau de liberdade do modo n (amplitude
modal), função da solicitação na base e das características de amortecimento das estruturas
geotécnicas

Na prática propõe-se o seguinte procedimento de cálculo das respostas associadas ao modo n


(n=1,2,3) em termos do espectro de acelerações da perturbação sísmica da base:

1) Cálculo dos períodos de ordem n (ou das respectivas frequências), determinando-se


as acelerações espectrais An correspondentes a cada período

2 π 2πH π
Tn= = com a n = (2n − 1)
ω n a nVs 2
em que:
ωn é a frequência angular de propagação
H é a espessura total da camada considerada.

Na falta de um espectro adequado, pode recorrer-se ao espectro de potência do RSAEEP.

2) Cálculo dos factores de participação de cada modo:

Solução de Ambraseys (z=0 no topo da camada)

z ω z
) = cos( n )
φ n (z) = cos( a n (em radianos)
H Vs
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2
Ln = (em radianos)
a n .sin a n
Deslocamento relativo:
un (z,t) = L n φ n (z) u n (t)
2
 H 
u n (z, t ) máx = L n φn (z) Dn = L n φn (z) A2n = L n φn (z) A n  
ωn  Vs a n 
Aceleração relativa:
∂ 2 u n ( z, t )
&u& n (z, t) = = L n φn (z) &u& n (t)
∂t 2
&u& n (z, t ) máx = L n φn (z) A n

Distorção ou deformação de corte:

∂u n (z, t) ∂φ (z) z
γ n (z, t) = = L n n . u n (t) = L n sin(a n ).u n ( t )
∂z ∂z H

2
a  z a  z  H  H L   z
γ n (z, t ) máx = L n n sin  a n D n = L n n sin  a n .  A n = 2  n sin  a n  A n
H  H H  H   Vs a n  Vs  a n   H

Tensão de corte:
τ n (z, t ) = G.γ n (z, t ) = ρ.Vs2 γ n (z, t )
L   z
τ n (z, t ) máx = ρH n . sin  a n A n
 an   H

Combinação das respostas modais

É usada uma regra estatística para obter o valor máximo de qualquer resposta à profundidade z,
compondo quadraticamente as respostas nodais (por exemplo em termos de acelerações):

∑ (L
2
&u&(z, t) máx = n φn (z). A n )
n =1

Segundo Mineiro (1980), no caso de estruturas de suporte, é suficiente considerar-se apenas o


1º modo de vibração: k méd = 0,8 A1

Mineiro (1980) sugere ainda que a resposta no domínio não linear pode ser avaliada através de
um método simplificado, fazendo intervir, por um processo iterativo, os valores do módulo de
distorção G e do amortecimento β, compatíveis com a distorção média equivalente:

H
( γ méd )eq = 0,65.φ1(z). . A1 com φ1(z) = 0,5057
Vs2
Existem na bibliografia várias curvas (G/Gmáx , γ) e (β, γ) para diferentes tipos de solos que
permitem fazer essa compatibilização. Referem-se como exemplo as propostas por Makdisi e
Seed (1970) e Iwasaki e Tatsuoka (1977) para areias, citadas por Ishihara (1992) e as de Vucetic
e Dobry (1991) para diferentes valores do índice de plasticidade IP.
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2.4 - Método de Mononobe-Okabe (M-O)

2.4.1 – Considerações iniciais

O método de Mononobe-Okabe surge na sequência dos estudos de Okabe (1924) e de


Mononobe e Matsuo (1929), sendo um dos primeiros métodos de resolução do problema
sísmico. Ainda hoje é largamente utilizado no dimensionamento de muros de suporte,
juntamente com as sucessivas generalizações e adaptações de que entretanto foi objecto.

O método aplica-se a solos incoerentes, secos e homogéneos, podendo contemplar quaisquer


inclinações do tardoz da estrutura e do talude do solo suportado e ainda a existência de
sobrecargas uniformemente distribuídas.

Uma primeira extensão do método engloba já a sua aplicação a solos incoerentes submersos, ou
parcialmente submersos, visando a sua aplicação a solos incoerentes de baixa e alta
permeabilidade. Neste caso, além dos impulsos sísmicos devidos ao solo, há que contabilizar os
impulsos hidrostáticos e também os impulsos hidrodinâmicos resultantes da parcela de água
livre nos poros, parcela esta que é função da permeabilidade do solo, como será referido em 4.

2.4.2 - Formulação

Mononobe estabeleceu a sua teoria e a correspondente expressão para calcular impulsos devidos
às acções sísmicas recorrendo ao artifício de considerar que o efeito das acelerações sísmicas é o
de modificar a direcção da força gravítica W, ficando vertical, rodando os planos vertical e
horizontal de referência de um ângulo θ no mesmo sentido. Com este artifício os ângulos β e i
passam a ser β+θ e i+θ, como ilustram as figuras 2 a) e b).

Fig. 2 –Equilíbrio de uma cunhadurante o sismo


em que:
Ws é o peso da cunha deslizante;
KhW é a força horizontal de inércia actuante na cunha de solo devido à acção sísmica;
Rs é a reacção na superfície de rotura;
Ias é a reacção no tardoz da estrutura ao impulso activo sísmico.
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θ = arctg K h (1)
1 ± Kv
com Kh e Kv coeficientes sísmicos.

O impulso activo sísmico pode ser calculado utilizando a teoria de Coulomb, a partir da
expressão:
1
Ias = K a1 γ 1 h 1
2
(2)
2
em que os índices 1 representam características da cunha rodada que se obtêm a partir de γ, h e
Ka como indicado a seguir.

• Ka1 obtém-se da expressão (2.100- Guerra, N.), substituindo β por β+θ e i por i+θ:

2
 
 
 cosec( β + θ ).sen( β + θ - φ' ) 
K a1 =   (3)
 sen( β + θ + δ ) + sen( φ + δ ).sen( φ - θ - i) 
' '

 sen( β - i) 

• A rotação do muro baixou a altura deste de h para h1 (ver figura 2) interessando


apresentar a expressão do impulso em função da altura original do muro, h (Mineiro,
1978).

Nas duas figuras, rodada e por rodar, o comprimento ℓda parede é o mesmo e pode escrever-se:

h1 h h sin (β + θ)
l= = ⇒ h1 = (4)
sin[180 − (β + θ)] sin (180 − β) sin β

• Por outro lado a expressão de Ias foi deduzida em função de Ws, interessando igualmente
apresentar a expressão do impulso em relação ao peso da cunha W, ou seja:

γ Ws W (1 ± K v ) (1 ± K v ) (1 ± K v )
= = = ⇒ γ1 = γ (5)
γ1 W cos θ.W cos θ cos θ

Substituindo em (2) as equações (4) e (5) e a expressão Ka1 como indicado, obtém-se:
1
Ias = K as (1 ± K v) γ h
2
(6)
2

em que Kas (coeficiente de impulso activo sísmico) é dado por:


1 sen 2 (β + θ)
K as = [ . ].K a1 (7)
cos θ sen 2 β

com Ka1 dado pela expressão (3), ou

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cos (φ - θ - ψ )
2 '

K as = 2
(8)
  sen(φ ' + δ)sen(φ ' - θ - i)  0,5 
cos θ cos ψ cos(δ + ψ + θ) 1 + 
2
 
  cos(δ + ψ + θ) cos(i - ψ )  
em que:
h é a altura do muro;
γ é o peso volúmico do solo;
θ é o ângulo sísmico;
i é o ângulo que o solo suportado faz com a horizontal;
β é o ângulo da face interior da estrutura com a horizontal;
ψ é o ângulo que o tardoz do muro faz com a vertical;
φ’ é o ângulo de atrito interno;
δ é o ângulo de atrito muro-solo do tardoz.

Expressões análogas podem ser deduzidas par o caso do impulso passivo sísmico:

1
K ps (1 ± K v) γ h (9)
2
Ips =
2
sendo:

cos ( φ' -θ + ψ )
2
K ps = 2
(10)
  sen( φ'+δ )sen( φ − θ + i)  0 ,5 
cos θ cos ψ cos( δ − ψ + θ )1 − 
2
 
  cos( δ − ψ + θ ) cos(i - ψ )  

No caso de estruturas de suporte com o paramento interior vertical (β=90o) e superfície do


terreno horizontal (i=0), os coeficientes de impulso sísmico são dados por:

2
 
 
 cos( φ' −θ )  1
K as =   cos( δ + θ ) cos θ
1 + sen( φ + δ ).sen( φ - θ ) 
' '

 cos( δ + θ ) 

2
 
 
 cos( φ' −θ )  1
K ps =   cos( δ + θ ) cos θ
1 − sen( φ + δ ).sen( φ - θ ) 
' '

 cos( δ + θ ) 
2.4.3 – Validade

As expressões (8) e (10) têm limites de utilização:

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• impulso activo - para que a raiz quadrada da equação (8) não tenha soluções imaginárias,
isto é, para que o equilíbrio seja possível, terá que verificar-se φ’-θ-i ≥0

φ’-θ-i ≥ 0 ⇒ i ≤ φ’−θ significa que o talude do solo suportado terá que ter, pelo
menos, um coeficiente de segurança pseudo-estático unitário (limitação da inclinação i
do talude).

φ’-θ-i ≥ 0 ⇒ θ ≤ φ’− i significa que, no caso do talude horizontal (i=0), uma camada
de solo horizontal não pode transmitir forças de corte resultantes de acelerações maiores
que θ = φ’ (limitação da aceleração). Com efeito, introduzindo a expressão (1) tem-se:

θ = arctg K h ≤ φ' − i ⇒ K h ≤ (1 ± K v )tg (φ' − i ) (11)


1± Kv

Existe portanto uma aceleração horizontal crítica que não pode ser excedida, correspondente a
um coeficiente sísmico horizontal, igual a:

(
K h crit = (1 ± K v )tg φ − i
'
) (12)

• impulso passivo - para que a raiz quadrada da equação (10) não tenha soluções
imaginárias, terá que verificar-se φ’−θ+ i ≥0

2.4.4 – Ponto de aplicação

A determinação exacta dos pontos de aplicação dos impulsos é um problema complicado, só


possível caso a caso, isto é, para um dado sismo e um dado muro com o respectivo maciço
suportado, recorrendo a análises numéricas ou ensaios em centrifugadora, de modo a ter em
consideração as características da acção sísmica, incluindo as acelerações na direcção
vertical, a rigidez do sistema solo-estrutura, a resistência ao corte do solo e da interface
terras/muro, as características do maciço de fundação, etc (Matos Fernandes, M.).

Assim, são normalmente adoptados critérios simplificados, considerando que o impulso


activo sísmico total Ias pode ser separado em duas parcelas. Uma é o impulso activo estático que
já se exercia antes do sismo, Ia, e que actuará, evidentemente, no terço inferior da altura h da
estrutura. A outra parcela é a força correspondente ao acréscimo do impulso activo devido à
acção sísmica (∆Ias) que se supõe actuar no centro de gravidade da cunha crítica ou, de uma
forma simplificada (Mineiro, 1978) pode considerar-se ∆Ias aplicada a 1/3 de h, medido a partir
do topo da estrutura.
1
∆ Ias = ∆ K as γ h 2 (13)
2
em que ∆Kas é dado por: ∆ K as = K as (1 ± K v) - K a

Segundo Seed e Whitman (1970) pode considerar-se o impulso incremental sísmico aplicado
num ponto situado a 0,60 h da base do muro.
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Sherif, Ishibashi e Lee (1982) sugerem que para a verificação ao deslizamento Ia actuará a 0,42
da base do muro e Ias actuará a 0,48 da base do muro.

3 – Impulsos sísmicos em estruturas com deslocamentos condicionados

3.1 – Considerações iniciais

Como referido anteriormente, os métodos pseudo-estáticos admitem que a estrutura sofre um


deslocamento suficiente para que se instale no solo suportado um estado de equilíbrio limite,
activo ou passivo. Estruturas cujos deslocamentos estejam condicionados, como sejam alguns
muros gravidade fundados em rocha, ou paredes de caves aterradas impedidas de se deslocarem,
a resistência ao corte do solo suportado não é mobilizada. Em condições estáticas, estas
estruturas são dimensionadas para impulsos superiores ao activo, nomeadamente para o impulso
em repouso, pelo que para condições sísmicas deverá passar-se o mesmo.

O EC8 especifica, no seu anexo E9, para o cálculo do acréscimo de impulso sísmico em repouso
no caso de tardoz vertical e terrapleno horizontal, a expressão:
∆ I 0 s = α.S .γ .H 2
em que:
α é a razão entre a aceleração no terreno e a aceleração da gravidade (avg/ag);
S é uma característica do tipo de terreno;
H é a altura do muro.

Especifica ainda que esta força está aplicada a meia altura do muro.

3.2 – Soluções elásticas

Um maciço terroso em contacto com um paramento que não experimenta deslocamentos, não
está em equilíbrio limite, logo está em equilíbrio elástico. Wood (1973) analisou precisamente
no domínio elástico linear, a resposta de um maciço de solo homogéneo, como representado na
figura 3.

Fig. 3 – Solução de Wood em estruturas com deslocamentos condicionados (adaptado de Kramer, 1996)
O autor admitiu o maciço limitado por duas fronteiras laterais e uma fronteira inferior rígidas,
sob a acção de forças de inércia horizontais distribuídas por todo o meio, constantes no tempo e
no espaço, associadas a uma aceleração com igual direcção e sentido oposto. Admitiu ainda que
a amplificação dinâmica para solicitações sísmicas de baixas frequências (menos de metade da
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frequência fundamental do maciço suportado, f1=Vs/4H) é desprezável, situação adequada à


maior parte dos casos práticos. Nestas condições, os acréscimos de impulso sísmico e de
momento derrubador (relativamente à base do muro), vêm então (Kramer, 1996):

∆ Ieq = K h γ H 2 Fp

∆ Meq = K h γ H3 Fm

em que Fp e Fm são factores adimensionais de impulso e de momento símicos tabelados na


figura 4, em função de diferentes valores do coeficiente de Poisson.

O ponto de aplicação deste impulso dista da base do paramento uma altura heq, dada por :

∆M eq
h eq =
∆I eq
normalmente heq= 0,63h.

Fig. 4 – Factores adimensionais de impulso e de momento (Wood,1973)

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