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Resumo
Esse estudo tem por objetivo abordar as características principais das tecnologias de sistemas
de telefonia móvel GSM, GPRS, EDGE e UMTS. Para tanto, há a devida introdução teórica e
histórica, visando preparar o leitor para que possa entender aspectos mais profundos sobre os
temas.
Os tópicos considerados mais importantes, como certas interfaces, modelos de arquitetura,
entre outros, têm um nível maior de detalhamento, através de uma abordagem mais técnica.
Os sistemas celulares possuem uma cadeia de evolução, na qual tecnologias mais recentes
incrementam as já implantadas. Todas as tecnologias têm, portanto, aspectos em comum, que
foram implementados nas tecnologias mais antigas e são usadas até hoje. Cada nova
tecnologia, porém, suas novidades, adaptadas para serem agregadas à rede, ou, em alguns
casos, que exigem adaptações da própria rede.
1 – Sistemas celulares
Com o avanço da tecnologia, a globalização e a necessidade cada vez maior de comunicação
com rapidez e mobilidade, foi necessária a criação de um sistema capaz de transmitir
informações entre usuários móveis. Diversos setores da sociedade necessitam desse artifício,
desde o exército até as próprias empresas.
As necessidades de cada setor instigam a evolução da tecnologia, cada qual na sua direção. O
resultado disso é que avanços em um sentido, estimulados pela necessidade de um setor
específico, acabam por auxiliar outros setores. Em outra abordagem, alguns serviços são
adaptados para que a implementação existente – inicialmente idealizada para outra finalidade -
possa oferecê-los.
Para que um formato de tecnologia seja amplamente utilizado, é necessário que haja um
padrão, maleável o suficiente para que tecnologias mais baratas ou mais eficientes possam ser
encaixadas em sua estrutura.
Pode-se perceber, portanto, a importância de uma organização dessa tecnologia, no sentido de
oferecer o serviço de comunicação móvel à maior parcela possível da sociedade.
No primeiro caso, a ERB é equipada de forma a irradiar suas ondas uniformemente em todas
as direções. São mais utilizadas em regiões onde há pouca necessidade de tráfego, como
regiões rurais. Em compensação, por ser distribuída uniformemente, abrange uma área de
cobertura mais extensa, o que significa ter menos ERBs para atender a certa região.
Nas células setorizadas as antenas da ERB são projetadas para irradiar em direções
estabelecidas, chamadas setores. Cada setor geralmente é formado por um ângulo de 120º, o
que significa 3 setores por ERB, ou por célula. Essa setorização permite um tráfego mais denso
que as células omnidirecionais, apesar de não conseguir cobrir uma região tão extensa.
O padrão de irradiação de uma célula se aproxima da forma circular, mas totalmente irregular.
Isso se dá pela formação de áreas de sobreposição (mais de uma célula atuando na região) e
áreas de sombra (áreas onde interferências destrutivas causam falta de sinal). Por causa disso,
o padrão escolhido para representar uma célula foi o de um hexágono regular. Essa escolha
simplifica cálculos essenciais, como a distância mínima entre canais, ou seja, distância mínima
entre centros de duas células adjacentes.
1.1.6 - Espectro de freqüências
Os sistemas celulares utilizam o domínio da freqüência para dividir seus canais de
comunicação. Cada canal de comunicação exige uma quantidade de valores de freqüência
para realizar a comunicação, a largura de faixa: um canal com largura de faixa de 30 Hz pode
ser implementado da freqüência 340 Hz até 370 Hz, por exemplo.
Cada ERB tem uma faixa de valores de freqüência nos quais consegue se comunicar. A
ANATEL regulamenta o uso das freqüências, a fim de evitar o mau uso do espectro de
freqüências. A largura da faixa de freqüências de uma ERB é chamada Largura de Banda, e é
uma medida da capacidade de tráfego da ERB.
Padrão R-GSM
Também conhecido como GSM 900 ampliado, foi desenvolvido para se ampliar a capacidade
de canais de RF.
Começa a utilizar o espectro em 876 MHz, usando-o até 960 MHz, o que lhe disponibiliza mais
4 MHz em relação ao E-GSM. Diminui também a distância entre os enlaces, passando a 6
MHz.
A banda passante tem 39 MHz de largura, portanto, e sustenta 195 canais de RF.
À medida em que cresce a demanda por novas aplicações, os serviços GSM vão sendo
desenvolvidos. A tecnologia GSM é dividia em 3 fases, onde os novos serviços acabam por
criar a próxima geração.
Fase 1
Fase inicial, oferecia :
- Telefonia (voz);
- Chamadas de emergência;
- SMS (mensagens curtas) ponto a ponto e ponto multiponto;
- Dados síncronos e assíncronos (0.3 a 9.6 kbps);
- Transmissão de pacotes assíncronos.
Fase 2
- Serviços de e-mail;
- Voz a meia taxa (half rate). Esse serviço permite ampliar o número de usuários, abrindo mão
de certa parcela da qualidade da voz;
- Melhoras no SMS;
- Serviços de dados, como informações sobre tempo, clima, esportes, entre outros;
- Transmissão síncrona e dedicada de pacotes;
- Serviços adicionais como identificador de chamadas, chamada restrita, teleconferência.
Fase 2+
Introduziu o serviço de dados por pacotes em altas taxas de transmissão (GPRS- General
Packet Radio Service) na rede GSM. Mais detalhes serão abordados à frente.
1.2.3 – Terceira geração (3G)
Com o advento e a estúpida evolução da Internet, essa demanda atingiu os telefones celulares.
Enquanto na década de 80 realizar chamadas em telefones portáteis era o que se sonhava, há
pouco tempo o que se espera é acessar a Internet através do celular.
É interessante perceber a dificuldade de se acessar a Internet em um lugar qualquer, sem um
canal de Internet disponível. Mesmo com um computador portátil, é necessário um ponto de
acesso à rede. Com a criação do acesso banda larga à Internet através do telefone celular,
esse serviço pode ser adaptado para ser usado por um computador. A terceira geração evoluiu
no sentido de oferecer tráfego em alta velocidade para que o acesso a Internet com boa
velocidade fosse alcançado. Com o sistema de alta velocidade viabilizado, diversos outros
serviços passam a ter alta qualidade, como envio de imagens, vídeo-conferência, etc.
A segunda geração de celulares evoluiu para a chamada 2.5G, que incluía o serviço GPRS
(para o padrão GSM) e a revisão do sistema CDMA IS-95. Na evolução seguinte, para a
chamada 2.75G, o GPRS evoluiu para o sistema EDGE, que estudaremos mais a frente. Na
terceira geração, o CDMA IS-95, ainda da geração 2.5G, evoluiu para CDMA 2000, e depois
para EVDO e EVDV em seguida. O sistema EDGE evoluiu, num sentido para EDGE fase 2, e,
em outro, para WCDMA.
2 – Arquitetura da rede GSM
A rede GSM é formada por interfaces abertas e padronizadas, seguindo sua principal intenção,
montar uma arquitetura mais abrangente possível. Ela é estruturada para que seja possível a
integração entre componentes de diferentes fabricantes, o que aquece a concorrência e diminui
o preço para o usuário. Além do fato, é claro, de torná-la extremamente flexível, logo, mais
viável.
Os componentes dessa arquitetura são divididos em 4 grupos O conjunto desses grupos é
chamado rede móvel pública terrestre (Public Land Mobile Network – PLMN), e é
implementado por uma operadora. Veja a figura abaixo.
Arquitetura da rede GSM.
- MS – Mobile Station – Estação móvel : formada pelo próprio aparelho celular, computador ou
qualquer outro sistema de comunicação de voz ou dados (Equipamento Móvel). Necessita de
um cartão SIM, que guarda seu registro na rede.
- BSS – Base Transceiver System – Sistema de estação base : é capaz de se comunicar com
as estações móveis e enviar informações para o sistema de comutação de rede, o NSS.
- NSS – Network Switching System – Sistema de comutação de rede : processa informações
através de interfaces e protocolos e gerencia o banco de dados. Assim, consegue interconectar
a rede GSM com a rede pública (RTPC).
- OMS – Operations and Maintenance System – Sistema de Operação e Manutenção :
comanda os grupos de componentes.
2.1 – Componentes
Componentes GSM.
1) Após o VLR adquirir os dados do HLR, começa a troca de informações entre a BSS e a MS.
Caso a confidencialidade esteja prevista, o VLR aloca o TMSI, de quatro octetos;
2) Após alocar um TMSI, o VLR associa-o ao respectivo IMSI e guarda em uma tabela, em
memória RAM ou flash;
3) As informações transmitidas pela BSS passam a ser direcionadas a esse número TMSI em
vez do IMSI, o que evita o monitoramento pela interface aérea;
4) A MS passa a usar o TMSI também. O número TMSI com 32 bits iguais a 1 é usado como
inválido pelo cartão SIM.
O número TMSI é registrado no cartão SIM da MS.
2.1.3.4.4 – Número Internacional ISDN da estação móvel (MSISDN)
O MSISDN (Mobile Station International Integrated Service Digital Network) é usado para
integrar a rede GSM à rede pública.
Formado por três campos, é o número que os usuários mais conhecem. Um campo informa o
país de origem, outro a PLMN e outro o número do móvel. O MSISDN 552199988887, por
exemplo, é do Brasil (código 55), da PLMN do Rio de Janeiro (21), com o número 99988887.
Em diferentes PLMNs pode-se usar o mesmo número. É por isso que quando estamos viajando
(ou seja, em outra PLMN) e discamos um número esquecendo de fazer uma ligação DDD – na
qual informamos o código da PLMN - , a ligação cai em um número existente, mas dentro da
PLMN em que somos visitantes.
Enquanto a ligação DDD (Discagem Direta à Distância) exige que informemos o código da
PLMN (NDC – National Destination Code), a DDI (Discagem Direta Internacional) exige o NDC
e o código do país (CC – Country Code).
Quando um usuário da RTCP chama um usuário móvel, disca seu MSISDN, dentro do formato
da ligação. A MSC converte o MSISDN para um IMSI, pois a rede GSM usa o IMSI
internamente. Para isso, usa uma tabela de encaminhamento. O móvel é acessado, então, pelo
seu IMSI.
A base de dados do EIR é organizada em listas de IMEIs, de acordo com os critérios abaixo :
- Lista Branca : todos os IMEIs de MSs habilitadas a usar a rede GSM;
- Lista negra : IMEIs de MSs não habilitadas, como MSs roubadas ou clonadas;
- Lista Cinza : IMEIs de MSs com algum problema temporário, como defeito do hardware ou em
manutenção na rede autorizada, mas que, enfim, não justificam a presença na lista negra.
2.1.3.7 – Função de Interfuncionamento (IWF)
O IWF (InternetWorking Function) é responsável por interfacear a rede GSM com outras redes
de dados, como a internet, por exemplo. É sua função adaptar a taxa de dados e converter os
protocolos quando necessário.
2.1.3.8 – Supressor de Eco (EC)
O EC (Echo Canceler) é responsável por eliminar o efeito de eco presente nas conexões entre
a MSC e a RTPC. Esse efeito acontece quando um sinal de voz chega em um tempo errado,
superposto a outro sinal no tempo certo. Atrasos de propagação na interface aérea, ou
provocado pelo processo de transcodificação podem gerar esse problema.
2.1.3.9 – Sistema de Operação e Manutenção (OMS)
O OMS (Operations and Maintence System) administra, opera, mantém e supervisiona os
elementos da rede GSM. Faz isso ora de forma centralizada, ora de forma remota.
É subdividido em dois subsistemas, como mostra a figura abaixo.
2.1.3.9.1 – Centro de gerenciamento de rede (NMC)
O NMC (Network Management Center) é o de mais alta hierarquia em uma rede GSM, pois é o
de mais alto nível no OMS, que controla a rede. Só existe um NMC por rede.
Suas principais funções são de monitoramento:
- Dos nós da rede;
- Dos dados estatísticos da rede GSM;
- Dos OMCs.
2.1.3.9.2 – Centro de Operação e Manutenção (OMC)
O OMC (Operation and Maintence Center) é o elemento que controla os outros elementos da
rede GSM (BTS, MSC, HLR, EIR, etc.)
Um OMC controla uma determinada região, e uma rede GSM é composta por vários OMCs.
Existem dois tipos de OMCs :
Interface aérea (Um) : Interliga a MS e a BTS. É responsável por disponibilizar os canais físicos
e lógicos aos assinantes móveis, para viabilizar o processamento de chamadas.
Interface Abis : Conecta a BTS ao BSC. Permite controlar os equipamentos e a alocação de
recursos na BTS.
Interface A : Conecta a BSC e a MSC. Transporta os seguintes dados:
- Gerenciamento do BSS;
- Tratamento de chamadas;
- Alocação de circuitos terrestres (canais de voz entre os elementos conectados);
- Gerenciamento de mobilidade.
Interface B : Conecta MSC e VLR. Gerencia a base de dados dos assinantes que estão usando
a área controlada pelo MSC associado ao VLR. É responsável pela localização dentro da área
da MSC, por atualizar o registro quando a MS visita outra área e por atualizar dados sobre os
serviços suplementares (como ativação ou desativação de chamada em espera, número
escolhido para transferência temporária de chamadas, etc.)
Interface C : Conecta MSC e HLR. É usado quando a MSC precisa de informações necessárias
ao roteamento de chamadas ou ao envio de mensagens curtas (SMS).
Interface D : Conecta HLR e VLR. É usada na troca de dados sobre a localização da MS. Provê
a capacidade de um assinante realizar chamadas dentro de uma determinada área de serviço.
Interface E : Interliga duas MSCs. Quando uma MS move-se da área de uma MSC para outra
de outra MSC, durante uma chamada, um processo chamado handover permite que chamada
não seja interrompida. A interface E executa esse procedimento.
Interface F : Conecta MSC e EIR. Verifica se a MS está ou não habilitada para usar os serviços
da rede GSM, através do estado do IMEI da MS (guardado no EIR).
Interface G : Interliga duas VLRs. É usado quando uma MS move-se de um VLR para outro,
recuperando o IMEI e os parâmetros de autenticação guardados no VLR de origem.
Interface R : Conecta a MS ao equipamento terminal de dados (Data Terminal Equipment –
DTE), usada para conectar o computador pessoal à MS, com o objetivo de transmitir dados por
pacotes. Assim pode-se integrar o sistema GSM a uma comunicação que use o protocolo
TCP/IP, da Internet, por exemplo.
2.2.1 – Interface Aérea (Um)
A interface aérea, também conhecida como interface Um, é responsável por conectar a estação
móvel (MS) e a estação transceptora base (BTS). Utiliza as ondas portadoras de
radiofreqüência para levar informação.
Uma única portadora de radiofreqüência possui 200 kHz de largura de banda e pode suportar
até 8 estações móveis. Esse acesso de 8 estações ao mesmo tempo é implementado pela
técnica de acesso múltiplo por divisão de tempo (TDMA), na qual a portadora divide seu tempo
em 8 intervalos, chamados Intervalo de Tempo de Canal (ITC), e disponibiliza um para cada
móvel. Os ITCs são identificados de 0 a 7, e cada conjunto de 8 ITCs corresponde a um quadro
TDMA.
A informação levada pelo ITC é chamada rajada de dados (burst). O Burst representa o tipo de
informação que está sendo transportada.
O sincronismo é um fator crítico para a comunicação. Para isso, as informações devem ser
transmitidas no momento exato. Esse momento exato é implementado com um atraso no início
do quadro TDMA. A BTS atrasa em 3 ITCs o envio do seu quadro TDMA, de forma que o
enlace direto e o reverso tem 3 ITCs de diferença.
Já a MS tem um problema maior a resolver. Como se desloca, o atraso devido à distância
varia. Dessa forma, o atraso que a MS deve empregar entre o enlace direto e o reverso
depende de sua distância. A rede GSM conhece a localização do móvel, e resolve o problema
informando constantemente à MS como ajustar seu atraso a fim de sincronizar a comunicação.
2.2.1.1 – Canais de tráfego (Trafic CHannel– TCH)
Os canais de tráfego transportam voz e dados no modo de comutação de circuitos. São
implementados na interface aérea através de multiquadros, um conjunto de 26 quadros TDMA.
Cada quadro possui 8 ITCs, cada ITC possui 577 µs, em um multiquadro há 26 quadros. Pode-
se calcular a duração de um multiquadro de tráfego : 26 quadros x 8 ITCs x 577 µs por ITC =
120 ms.
A arquitetura GPRS, implantada na geração 2.5G provê tráfego de dados por pacotes. Foram
disponibilizados, para tanto, canais de transporte de dados no modo de comutação de pacotes,
que serão estudados na sessão GPRS.
Os canais de controle são divididos em três gupos : canal de controle dedicado, canal de
controle comum e canal de controle por difusão.
Grupo canal de controle dedicado (Dedicated Control CHannel – DCCH): Formado por
canais associados a uma única MS, é responsável por validar a MS e estabelecer as
chamadas. Os canais que o compõem são :
- Canal de controle dedicado independente (Stand-alone Dedicated Control CHannel –
SDCCH) : transfere dados de/para uma única MS durante o estabelecimento da chamada e a
validação do móvel;
- Canal de controle associado (Associated Control CHannel – ACCH) : É dividido em dois
canais, o Slow ACCH (SACCH) e o Fast ACCH (FACCH). O primeiro transporta informações
de medidas do enlace e controle de potência, enquanto o segundo é usado para mensagens de
eventos, como informações sobre handover e autenticação, por exemplo. Esses canais
“roubam” um intervalo do canal TCH e inserem suas informações. Trabalham nos enlaces
direto e reverso.
Grupo canal de controle comum (Common Control CHannel – CCCH) : Formado por
canaisa que trabalham nos enlaces direto e reverso no estabelecimento de chamadas. Os
canais que o compõem são :
- Canal de busca (Paging CHannel – PCH): usado pela BTS para procurar uma determinada
MS.
- Canal de acesso aleatório (Random Acces CHannel – RACH) : usado pela MS para acessar a
rede, o que pode acontecer a qualquer instante, originando uma chamada ou respondendo a
um processo de busca;
- Canal de acesso permitido (Access Granted CHannel – AGCH) : Quando a MS envia um
pedido de acesso (pelo canal RACH), a BTS usa esse canal para associar os canais de
controle dedicado (SDCCH ou SACCH) necessários;
- Canal de notificação (Notification Channel – NCH) : Usado quando a BTS envia uma
mensagem de notificação para um grupo de MSs ou em chamadas de voz por difusão.
Grupo canal de controle por difusão (Broadcast Control CHannel – BCCH) : Formado por
canais que operam apenas no enlace direto, ou seja, servem para difundir mensagens sobre a
rede para as MSs. Os canais que o sompõem são :
- Canal de controle por difusão (Broadcast Control CHannel – BCCH) : leva informações como
identidade da célula, lista de células vizinhas, LAI, lista de freqüências usadas pela célula e
indicador de controle de potência;
- Canal de difusão para as células (Cell Broadcast CHannel – CBCH) : Usa o serviço de
mensagens curtas (Short Message Services – SMS) para enviar a todas as MSs na área de
cobertura de uma BTS informações como resultados de jogos, condições do trânsito, etc;
- Canal de sincronismo (Synchronizing CHannel – SCH) : leva dados necessários ao
sincronismo da comunicação, como o número do quadro TDMA e o código da BTS;
- Canal de correção de freqüência (Frequency Correction CHannel – FCCH) : Usado pela MS
para sintonizar-se na portadora de RF.
2.2.1.2.1 – Tipos de multiquadro de controle
Como já mencionado, multiquadros são conjuntos de quadros. A organização dos quadros em
um multiquadro implementa a ordem das mensagens de controle, sendo assim a espinha
dorsal da interface, em relação ao controle.
Existem dois tipos de multiquadros de controle : um para os canais de controle dedicado
(DCCH/8), e outro para canais de controle comum e por difusão (BCCH/CCCH).
Multiquadro BCCH/CCCH
Uma portadora de RF, como já visto, suporta 8 usuários, que se dividem nos 8 intervalos (slots)
de um quadro TDMA. No slot 0 de cada quadro, na verdade, é empregado o multiquadro
BCCH/CCCH.
Sua estrutura está descrita abaixo. O enlace direto é dividido em ciclos, enquanto o reverso é
exclusivamente destinado ao canal RACH, que provê o pedido de acesso da MS à BTS, em
qualquer instante.
Multiquadro DCCH/8
Esse multiquadro comporta 8 canais dedicados cada um a um usuário. Cada canal SDCCH
(D0, D1, ...) está associado a um SACCH (A0, A1, ...). A diferença entre os enlaces é feita para
permitir que a MS receba a mensagem e produza a resposta.
2.2.1.2 – Protocolos da interface aérea
Os protocolos da interface aérea são divididos em três camadas, obedecendo ao modelo de
referência OSI.
2.2.1.2.1 – Camada 3 (camada de rede)
A camada de protocolos nível 3 implementa as seguintes funções :
- Gerenciamento da radiofreqüência;
- Gerenciamento da mobilidade;
- Gerenciamento das conexões;
- Comutação dos circuitos entre a rede GSM e as demais redes;
- Controle dos serviços suplementares;
- Controle dos serviços de localização.
Três subcamadas compõem essa camada : gerenciamento dos recursos de rádio ;
gerenciamento da mobilidade e gerenciamento de conexões.
Gerenciamento de recursos de rádio (Radio Resource Management – RR) :
- Aloca e libera o canal de RF;
- Habilita a criptografia;
- Controla potência;
- Realiza handover de uma célula para outra.
Gerenciamento de mobilidade (Mobility Management – MM) :
- Registra a MS;
- Verifica o usuário e a identidade do equipamento;
- Verifica quais serviços estão associados ao usuário;
- Autentica o usuário;
- Realoca a identidade temporária do assinante (TMSI).
Gerenciamento de conexões (Connection Management – CM) - formado por três entidades :
- Controle de chamadas (Call Center – CC) : Estabelece, mantém e desconecta a chamada,
além de controlar os serviços suplementares.
- Serviços suplementares (Supplementary Services – SS) : Provê os serviços suplementares,
como transferência de chamadas, chamada em espera, etc.
- Serviço de mensagens curtas (Short Message Service – SMS) : Controla o serviço de SMS.
2.2.1.2.1.1 – Estrutura das mensagens da camada 3
A estrutura das mensagens é definida pela Especificação GSM 04.08.
- Campo discriminador de protocolo (Protocol Discrminator – PD) : identifica o protocolo que a
mensagem da camada 3 está transportando.
- Campo identificador de transação (Transaction Identifier – TI) : usado para determinar
múltiplas conexões ou transações que ocorrem ao mesmo tempo. Define se a mensagem é de
gerenciamento de rádio (RR), ou de mobilidade, seja sem a tecnologia GPRS (MM) ou para o
serviço GPRS.
- Campo tipo de mensagem (Message Type) : identifica o tipo da mensagem, RR, MM ou CM,
como estudado anteriormente.
- Campo outros elementos de informação (other Information Elementes – IE) : pode indicar o
tipo de elemento de informação, o comprimento e um valor, se necessário. Abaixo estão
descritos os tipos de elemento de informação.
2.2.1.2.2 – Camada 2 (camada de enlace)
O protocolo da camada 2 da interface aérea usa procedimentos de acesso ao enlace do canal
D modificado (Link Access Procedures on Dm-channel – LAPDm) para prover sinalização entre
entidades da camada 3. Todos os canais de controle utilizam o LPDm, exceto o canal RACH.
Esse protocolo é totalmente baseado no protocolo LAPD, da Rede Digital de Serviços
Integrados (RDSI), incluído na interface Abis. O LAPDm tem como principais funções :
- Prover conexões de enlace no canal Dm. Essas conexões são identificadas pelo identificador
de conexão do enlace de dados (Data Link Connection Identifier – DLCI);
- Organizar as informações vindas da camada 3 nos quadros;
- Reconhecer e transmitir os quadros, controlando a seqüência;
- Detectar os erros operacionais no enlace de dados.
2.2.1.2.2.1 – identificador de conexão do enlace de dados (DLCI)
O DLCI é formado pelo identificador do ponto de acesso ao serviço (Service Access Point
Identifier – SAPI) e pelo tipo de canal de controle.
O SAPI é transportado no campo de endereço de cada quadro, e é definido na camada 3. A
camada 1 indica o tipo de canal em que a mensagem foi recebida. Combinando essas duas
informações, a camada 2 define a qual a camada de enlace de dados deve ser entregue a
mensagem.
O SAPI pode assumir apenas dois valores : 0 ou 3.
SAPI=0 :
- Controle de chamada (CC);
- Gerenciamento de mobilidade (MM);
- Serviços suplementares (SS);
- Gerenciamento de recursos de rádio (RR).
SAPI=3
- Serviço de mensagens curtas (SMS)
A fim de se obter um sistema flexível, o sistema de sinalização por canal foi dividido em dois
subsistemas : o subsistema de transferência de mensagem (Message Transfer Part – MTP) e o
subsistema de usuários (User Part – UP).
2.3.1.1 – MTP
O MTP tem a função de estabelecer um caminho de comunicação de sinalização que
interligasse os diversos subsistemas de usuários que necessitam de sinalizações uns dos
outros. É, portanto, comum a todos os subsistemas de usuários.
O MTP é dividida em três níveis :
- Nível 1 : Camada física, responsável pela padronização das características físicas e
funcionais do enlace de dados de sinalização, e o meio para acessá-lo. O meio de transmissão
digital tem taxa de transmissão de 64 kbits/s;
- Nível 2 : Camada de enlace, que garante a integridade do enlace usado na comunicação.
Corrige e detecta erros, delimita as mensagens, controla a seqüência das mensagens
enviadas, entre outros;
- Nível 3 : Camada de rede, que trata as mensagens de sinalização, encaminhando-as para o
destino certo, e gerencia a rede, garantindo que os caminhos possam ser traçados da origem
ao destino.
2.3.1.2 – UP (nível 4)
Define funções específicas para cada tipo de usuário, como telefonia, dados, RDSI, ou outros.
Cada tipo de usuário tem suas particularidades, tendo que ser tratado por protocolos diferentes
ao integrarem-se à rede.
Abaixo a figura ilustra os subsistemas de usuários.
- Subsistema de usuário para a rede digital de serviços (Integrated Service Digital Network
User Part – ISUP) : Integra a rede RDSI à rede GSM;
- Subsistema de aplicação do sistema de estação base (Base Station System Application Part –
BSSAP) : conecta a BSS à MSC;
- Subsistema de aplicação da capacitação de transações (Transaction Cpabilities Application
Part – TCAP) : oferece serviços não orientados à conexão;
- Subsistema de controle de conexão de sinalização (Signaling Connection Control Part –
SCCP) : fornece funções adicionais ao MTP para serviços orientados ou não à conexão (veja o
tópico “Camada 3 “ da interface A).
2.3.2 – Protocolo de gerenciamento da estação transceptora base (Base Transceiver
Station Management – BTSM)
Responsável pelo tratamento de mensagens de recursos de rádio (Radio Resources – RR),
que podem ser transparentes à BTS.
2.3.3 – Procedimentos de acesso a enlaces no canal D (LAPD)
O procedimento de acesso a enlaces no canal D (Link Access Procedures on the D-channel –
LAPD) é o protocolo usado na camada 2 para transportar mensagens Abis. É usado na rede
RDSI. Mais detalhes no tópico “Interface Abis”.
2.3.4 – Procedimentos de acesso a enlaces no canal D modificado (LAPDm)
O LAPDm (Link Access Procedures on the D-channel modified) é usado para transportar
mensagens da interface aérea. É uma variação do LAPD adaptada para transportar sinais de
RF pelos canais da interface aérea (Um).
3 – Tecnologia GPRS
Com a evolução da internet, os usuários de telefones móveis não ficariam satisfeitos apenas
com a telefonia celular. Querem também passar e-mails, receber informações, e outros
serviços oferecidos pela internet. Querem, em suma, acessar a internet através do celular.
O problema é que a segunda geração de celulares preparou-se para oferecer telefonia digital,
mas não para acessar à internet. A internet transporta dados por pacotes, através do protocolo
IP e para que a rede móvel seja adaptada à internet, é preciso que os dados sejam
organizados também em pacotes.
Foi criada então a tecnologia GPRS (General Packet Radio Services), cuja essência é
possibilitar o tráfego de dados por pacotes para que a rede de telefonia celular possa ser
integrada à internet. O sistema GSM com o GPRS integrado recebeu o nome de geração 2.5G,
que foi uma evolução essencial nas telecomuniucações.
3.1 – Comutação de circuitos X comutação de pacotes
A comunicação através de comutação de circuitos é feita basicamente da seguinte forma : uma
conexão entre as duas entidades comunicantes é alocada, de forma a estar sempre disponível;
a comunicação é feita, então, de forma ininterrupta.
A comunicação por comutação de pacotes é diferente : a origem envia uma informação para a
rede dentro de um pacote, que leva o endereço de destino no seu cabeçalho. O pacote é então
transmitido pela rede, que é responsável por escolher o melhor caminho até o destino.
A internet é baseada na comutação de pacotes, enquanto o sistema GSM foi inicialmente
estruturado na forma de comutação de circuitos. A rede GPRS tem o objetivo de se comunicar
por comutação de pacotes com a rede GSM. Os outros componentes da rede GSM,
implementados na geração 2G, continuaram utilizando a comutação de circuitos.
A figura abaixo representa a comutação de circuitos e de pacotes na rede GSM:
3.2 – Arquitetura GPRS
A arquitetura GPRS utiliza toda a estrutura já montada na rede GSM, incluindo-se novos
elementos de rede e interfaces, além de modificar alguns já existentes, como mostra a figura a
seguir.
As principais modificações foram :
- MS : as MSs da geração 2G não conseguem acessar o sistema de comutação por pacotes.
As novas MSs são totalmente compatíveis com o sistema de comutação de circuitos;
- BTS : Atualização de software nas BTSs existentes;
- BSC : Atualização de software e instalação de hardware novo, chamado PCU (Packet Control
Unit – unidade de controle de pacote), que direciona o tráfego de dados para a rede GPRS;
- SGSN e GGSN : novos elementos de rede, chamados servidor do nó de suporte GPRS
(Serving GPRS Support Node – SGSN) e Gateway do nó de suporte GPRS (Gateway GPRS
Support Node - GGSN);
- VLR, HLR, AuC, EIR e demais bases de dados : atualização do software que forneça as
funções do GPRS.
3.2.1 – Novos elementos e serviços
3.2.1.1 – Unidade de controle de pacote (Packet Control Unit - PCU)
Todos os BSCs exigem a instalação de um PCU para se integrarem à rede GPRS. Os PCUs
organizam os dados vindos da BSC em pacotes e transportam-no até o servidor do nó de
suporte GPRS (SGSN). O tráfego de voz continua sendo tratado como na geração 2G, ou seja,
do BSS até a MSC.
3.2.1.2 – Servidor do nó de suporte GPRS (Serving GPRS Support Node – SGSN)
Tal como a MSC era o coração de uma rede GSM, o SGSN é o coração da rede GPRS. Em
última análise, o advento do GPRS dividiu o tráfego de voz e dados (que era junto, no sistema
GSM) em tráfego de voz, que continua sendo tratado como antes, e tráfego de dados, tratado
pela nova arquitetura GPRS.
As funções do SGSN são :
- Detecção de novos usuários GPRS na área de serviço;
- Registros de novos usuários;
- Criptografia, com os mesmo algoritmos da rede GSM 2G;
- Manutenção dos registros de localização dos usuários na área de serviço;
- gerenciamento de mobilidade;
- Compressão dos dados de acordo com a RFC 1144, para comprimir o cabeçalho das
unidades de dados TCP/IP;
- Tarifação das transações na rede local;
- Comunicação com o HLR, para obter dados dos usuários GPRS (da mesma forma que a
MSC, na geração 2G).
3.2.1.3 – Gateway do nó de suporte GPRS (Gateway GPRS Support Node – GGSN)
Provê a conexão com as redes de pacotes externas. As principais funções são :
- Manter informações de roteamento para entregar as unidades de protocolo de dados
(Protocol Data Unit – PDU) ao SGSN que serve uma determinada MS;
- Associar endereços de rede aos assinantes, o que é feito através do protocolo DHCP
(Dynamic Host Configuration Protocol – protocolo de configuração dinâmica de host);
- Tarifar as transações feitas na rede externa.
Quando um usuário tenta acessar a rede, o servidor DHCP aloca um IP por um intervalo de
tempo determinado, o que é chamado atribuição dinâmica de endereço IP.
3.2.1.4 – Serviço “Nome do ponto de acesso” (Access Point Name - APN)
Basicamente, APNs são endereços IP associados a cada interface externa que conecta a rede
ao GGSN. São usados para definir quais serviço podem ser acessados por um certo usuário.
Consiste de:
- Identificador de rede APN (Network ID) : identifica o GGSN e o nó externo ou serviço ao qual
o usuário deseja se conectar;
- Identificador da operadora APN (Operator ID) : campo opcional que identifica em qual
rede backbone GPRS o GGSN está localizado. Inclui o código da rede móvel (Mobile Network
Code – MNC) e o código móvel do país (Mobile Country Code – MCC), derivados do IMSI (ver
tópico “Identidades de um usuário em um sistema GSM”).
3.2.2 – Interfaces
As interfaces do sistema GPRS estão esquematizadas na figura que mostra a arquitetura
GPRS, e descritas na tabela abaixo.
3.2.3 – Redes backbone GPRS
As redes backbone GPRS transportam dados por pacotes entre os elementos GPRS. Uma
rede backbone intra-PLMN transporta dados entre elementos de uma mesma PLMN, enquanto
as redes inter-PLMN transportam pacotes entre PLMNs distintas. Sua principal utilidade é
eliminar a necessidade de usar alguma PDN para realizar a comunicação entre elementos de
uma PLMN (intra PLMN) ou entre PLMNs distintas (inter PLMN).
3.2.4 – Protocolos
Abaixo serão descritos, de forma simplificada, os protocolos principais da rede GPRS. É
importante lembrar que, no nível de rede, a rede GPRS usa os protocolos da internet, TCP,
UDP, IP, PPP, entre outros de interface com o computador. Abaixo a figura ilustra as camadas
de protocolos na rede GPRS.