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Sistema operacional para PCs vai se tornar


irrelevante, diz criador do Linux
Para Linus Torvalds, computação na nuvem e celulares são
nova fronteira. Finlandês falou com exclusividade ao G1
durante sua 1ª visita ao Brasil.
Leopoldo Godoy Do G1, em São Paulo

02/09/2010 09h00 ‐ Atualizado em 02/09/2010 12h01

O homem responsável por escrever as linhas mais influentes do mundo contemporâneo poderá,
enfim, tirar férias no lugar de seus sonhos. “São apenas três dias em Fernando de Noronha, é
tempo suficiente?”, pergunta o finlandês Linus Torvalds, 40 anos. As férias haviam começado
oficialmente minutos antes, quando ele recebeu os aplausos das cerca de 800 pessoas que
acompanharam seu discurso de abertura do LinuxCon 2010, em São Paulo. O evento reuniu
programadores, distribuidores e entusiastas do sistema operacional livre Linux.

Torvalds escreveu as primeiras linhas de código de programação do núcleo do Linux em 1991,


quando estudava ciências da computação na Universidade de Helsinque. “Era apenas um hobby.
Ainda é um hobby, na verdade”, contou Torvalds em entrevista exclusiva ao G1. “O fato de que
também é meu trabalho é, para mim, secundário. Eu ainda desenvolvo o Linux não porque me
pagam, mas porque é a coisa mais interessante que eu me imagino fazendo.”

Vinte anos depois, o hobby do jovem “hacker”, que queria apenas ver se era capaz de criar seu
próprio sistema operacional, é praticamente onipresente. Ele é a base da internet: mais de 50%
dos computadores que armazenam e distribuem conteúdo da web utilizam o sistema.

Era apenas um hobby. Ainda é um hobby, na verdade"


Linus Torvalds

Até quem está longe da Internet acaba tendo, mesmo que indiretamente, contato com a obra de
Linus Torvalds. Há desde elevadores a cafeteiras elétricas com controle baseado em Linux.
Desde 2006, o programa está nos computadores que fazem o controle do tráfego aéreo nos
Estados Unidos. As transações financeiras das bolsas de valores de Nova York, Tóquio, Chicago
e Londres, por exemplo, são registradas em supercomputadores rodando Linux – das 100
máquinas mais potentes em operação no mundo, apenas dez usam sistemas diferentes.

Do outro lado do espectro de poder computacional estão os pequenos telefones celulares, que
também são capazes de rodar Linux. O Android, sistema criado pelo Google, é baseado em
Linux. “Nos EUA, o Android vende mais que o iPhone. Isso facilita no desenvolvimento do
sistema, fica mais fácil encontrar pessoas dispostas a criar programas para este formato”,
comemora Torvalds.
 

A telefonia celular é uma chance do Linux, enfim, ser o sistema preferido do usuário comum. Na
era dos computadores pessoais, o domínio ficou, claramente, nas mãos da Microsoft. O Windows
está em 91% dos PCs. “Isso não importa, em breve o sistema do computador vai se tornar
irrelevante”, prevê Torvalds.

Android, do Google: sistema operacional para telefones baseado em Linux. (Foto:


Divulgação)

Não, Torvalds não aposta na substituição dos


computadores tradicionais por máquinas como o
iPad da Apple. “Acho inconveniente, é grande
demais para colocar no bolso, a não ser que
você tenha um bolso bem grande.”

Mas para ele,a irrelevância do sistema


operacional passa pelo telefone celular e pela
própria internet. “Haverá o celular, onde temos
presença forte, e os programas na nuvem, pela
internet, acessados pelo navegador. E quem tem
mais de 50% dos servidores de web? Nós.”

Pelo modelo, o Linux está registrado sob uma


licença de uso especial, conhecida como GPL
(sigla para GNU Public License). Escrita pelo
ativista e “hacker de todos os hackers” Richard
Stallman, a GPL estabelece que o programa
deve ser livre para qualquer pessoa possa
utilizá-lo e até alterá-lo - desde que, como
contrapartida, essa alteração também seja
disponibilizada publicamente sob a mesma
licença. Pela ética hacker, programas
registrados sob GLP são como um presente para a humanidade.

“Há pessoas do mundo inteiro que colaboram para o Linux. Dos Estados Unidos, Alemanha,
México... Muita gente do Brasil, inclusive”, diz Torvalds. Da versão atual do kernel do Linux,
Torvalds é autor de cerca de 2% do código. “Hoje em dia eu programo pouco, eu acabo
organizando o que outras pessoas escrevem. Respondo e-mails o dia inteiro.” A ele resta o
controle, a palavra final sobre cada solução de programação proposta para entrar no código do
kernel.
 

Richard Stallman, hacker e ativista, criou


modelo de software livre. (Foto: Anders
Brenna/CC-BY)

O Linux, acredita, já estaria pronto até para


continuar evoluindo sem a ajuda de seu criador.
“Eventualmente, sim, eu não estarei à frente do
desenvolvimento do ‘kernel’ para sempre.
Posso ficar doente ou mesmo morrer
mergulhando em Fernando de Noronha”, brinca.
“Mas há pelo menos 10 pessoas que estão
preparadas para assumir meu trabalho a qualquer momento.”

Então por que o finlandês não para e aproveita sua fortuna estimada em US$ 20 milhões para
ficar mais do que três dias no arquipélago brasileiro? “Não é que o Linux não pode sobreviver
sem mim, eu é que gosto de fazer isso, não consigo me imaginar fazendo outra coisa. Eu sou
apaixonado pelo que faço, e acho que vou continuar assim por muitos e muitos anos.”

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