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• O EGITO
Para considerarmos o Egito é necessário que falemos do Rio Nilo, pois é
ele quem faz a grandeza do Egito. O Egito nada seria sem o rio Nilo, pois está
situado no deserto. A vida no Egito depende das águas do Nilo. Heródoto, um
escrito da antiguidade assim se expressou: “O Egito é um Dom do Nilo”. O Nilo
é a coluna vertebral do Egito. É um grande rio, com 6.677 km de extensão com
uma largura máxima de 2 km.
As terras do Egito são férteis devido as enchentes do Nilo, ela permitia
uma boa produção, sobretudo de trigo. No Egito haviam grandes celeiros de
trigo.
Isso nos leva para a situação do povo que estava como escravo do Faraó,
no Egito. Diante das chicotadas dos feitores o povo de Israel, escravo no Egito,
construiu para o Faraó as cidades-armazéns de Piton e de Ramsés (cf. Êx. 1, 11).
A Galiléia era também outro celeiro de trigo, mas na Palestina. Era uma
região ambicionada pelas grandes potências, de modo especial pelo Império
Romano que logo estabeleceu Herodes como o Tetrarca da Galiléia. Este tornou-
se responsável para filtrar toda a economia da Galiléia para os celeiros do
Imperador. É lá, na região da Galiléia, que os discípulos de Jesus arrancam
espigas para comer, em dia de Sábado, e são criticados pelos fariseus (cf. Lc. 6,
1-5).
Toda a vida, toda a razão de ser, toda a cultura e a história do Egito se
concentra nas margens do grande rio Nilo, que transforma o deserto em terra
fértil. O país habitável se restringe às imediações do leito do Nilo ou ao amplo
Delta de sua foz.
Percebam no mapa como na foz do rio Nilo há uma configuração
geográfica como a de uma asa delta, nas imediações de Gessem.
O limo que as águas levavam suspenso, durante as enchentes e que
acabava sendo depositado sobre os campos os fertilizava, enquanto que, ao
ocorrer a retirada das águas, o sol implacável do país rachava a terra que estivera
úmida, arejando-a e penetrando com seus raios benéficos até certa profundidade.
A partir de então começam os trabalhos agrícolas, e o solo era uma fonte de
riqueza num país onde a chuva é praticamente desconhecida.
O Egito torna-se a terra do Faraó, não pertence ao governadores ou
ministros.
A civilização no Egito data de aproximadamente 4.500 a. C., onde já
aparecia uma sociedade organizada, que influenciava os demais países ao seu
redor. Era um povo que se destacava pela sua sabedoria, através dos Escribas.
Tornam-se conhecidos por causa de suas leis e também por causa de suas
construções ( Pirâmides, que datam de 2.500 a. C., Estátuas, Urnas funerárias,
etc...)
O Egito terá historicamente seus altos e baixos. Será invadido e terá que
recuar ao sul dos seus territórios.
• A MESOPOTÂMIA
• O VALE DO JORDÃO
• MAR MORTO
Nas proximidades do rio Jarmuc estão as terras de Basã, que são terras
férteis, propícias à criação de gado. É contra aqueles que se aproveitavam do
suor dos agricultores e pastores destas terras que o Profeta Amós vai dirigir a
sua ação profética. Vamos ler no livro do Profeta Amós o cap. 4,1-3.
O Profeta Amós anuncia o fim da opressão dos senhores das terras e da
produção que alimentam os caprichos de suas mulheres com o suor dos fracos e
indigentes. As mulheres da Samaria são aqui chamadas de “vacas de Basã”,
símbolo do espírito gozador que se diverte com o trabalho suado dos pobres.
Basã, na Transjordânia era célebre por suas pastagens e seus rebanhos.
No Sl. 22,13 os touros de Basã são o símbolo da força violenta, que cerca
e rodeia oprimindo.
Entre os rios Jarmuc e Jaboc situam-se as Tribos de Galaad ou Galaaditas
( Jz. 12).
Entre os rios Jaboc e Arnon está a região de Amon ou dos amonitas. Foi
na beira do rio Jaboc que se deu a luta de Jacó com o Anjo (cf. Gn. 32, 23-33).
Entre os rios Arnon e Zared estão as Planícies de Moab, na região do
moabitas. Aqui nesta região se encontra o Monte Nebo, que fica de frente para
Canaã ( Dt. 34, 1-6; Rt. 1, 1-7).
Logo abaixo do rio Zared se encontra a região de Edom ou dos edomitas.
São os descendentes de Esaú, irmão de Jacó. Esaú foi apelidado de Edom, isto é,
vermelho ou ruivo, por causa de uma comida feita por seu irmão Jacó. Vamos
ler o texto do livro do Gênesis cap. 25,29-30.
Vamos ler também o cap. 36,1-9 do mesmo livro.
1.3) Como a geografia influencia a cultura de um povo.
Depois de nos termos situado tão bem no chão geográfico das terras de
Canaã onde se deu a grande parte da história bíblica. Nós podemos agora nos
perguntar: Como a geografia pode influenciar a cultura ?
Podemos começar, respondendo a esta pergunta, tomando como
referência uma expressão bíblica: “A terra onde corre leite e mel”.
“Com isto, esperva que ela produzisse uvas boas, mas só produziu uvas
azedas.”
Por causa das grandes transgressões do povo, o profeta anuncia o fim da
permanência deste povo, com uma consequente destruição da vinha, isto é, da
cidade.
Esta mesma imagem da vinha para indicar o povo de Deus e as suas
injustiças e transgressões é retomada por Jesus no Novo Testamento.
E para se referir àqueles que se aproveitavam do povo e resistiam à sua
missão de enviado do Pai, Jesus contou a párabola do vinhateiros homicidas
(Mt.21,33-46), que se aproveitaram da vinha do seu senhor, sem lhe dar os
frutos no tempo certo e eliminando com a vida daqueles que eram enviados pelo
dono da vinha para recolher os frutos. E contra estes o senhor lhes tomará a
vinha e confiará a outros que entregarão os frutos no tempo certo.
Ainda outra imagem para significar a incapacidade dos líderes do povo na
observância da aliança com o Pai, Jesus é aquele que faz a figueira estéril ficar
seca (Mt. 21, 18-22). Diante de Jesus, todo aquele que não produz fruto tende a
secar e a morrer.
É neste sentido que ele se revela, dentro do mistério do reino, como a
verdadeira videira, da qual o Pai é o agricultor e nós somos os ramos. Confirme
isso em Jo. 15,1-6.
Permanecer unido à videira, que é Jesus, nos faz ramos que produzem
muito fruto. Tadavia, o ramo que não permanece unido à videira é cortado,
recolhido, lançado ao fogo e se queima. Sem a videira, o ramo nada faz e para
nada serve. Por isso, é que Jesus exclama: “...sem mim, nada podeis fazer.”
Outra imagem usada por Jesus e que lhe vem do seu ambiente geográfico
é a imagem do Pastor e do Rebanho, que nós encontramos no evangelho de João
cap. 10.
Vamos ler no livro do Profeta Jeremias o cap. 31, 10.
Vamos ler também no livro do Profeta Ezequiel o cap. 34, 7-16.
Desde o Antigo Testamento Deus é apresentado como o Pastor que cuida
de suas ovelhas e não se conforma com o descaso dos mercenários e dos maus
pastores, protegendo as ovelhas das ameaças dos vales tenebrosos e do ataque
do lobo, garantindo-lhe pastagens seguras, como nos lembra o salmista: “Javé é
meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar... Ainda
que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás
junto a mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo.”(Sl. 23, 1-2.4).
Jesus é o Bom Pastor. Ele dá a vida por suas ovelhas, pois veio manifestar
o carinho de Deus para com o seu povo, como o carinho do Pastor que cuida de
suas ovelhas. Ele não se compara com os maus pastores, mas, antes, procura a
que se desgarrou, cura a que está ferida e reabilita a que está cansada, pela
sensibilidade que brota do seu coração cheio de compaixão.
“Ao ver a multidão, Jesus teve compaixão porque estava cansada e
abatida como ovelhas sem pastor.” (Mt. 9,36).
Todas as parábolas do cap. 13 do evangelho de Mateus, tem a sua fonte no
ambiente geográfico no qual Jesus está situado: o semeador e as sementes, o
trigo e o joio, o fermento, o grão de mostarda, a pérola e a rede. Isso
determina, pois, a sua compreensão cultural, e o reino de Deus é anunciado à
partir deste horizonte.
Os exemplos de Jesus são todos tirados da vida daquela época, sobretudo
da região da Galiléia e dos costumes próprios daquele povo. É neste sentido que
nós entedemos as parábolas que Jesus usa para falar do reino de Deus e as suas
palavras sobre este reino comparado com as virgens que saem ao encontro do
esposo (Mt. 25,1-13).
O profeta Oséias grita contra os desejos dos sacerdotes que tiram proveito
dos pecados do povo, sobretudo no oferecimento dos sacrifícos de reparação
pelos pecados. Aqui a expressão
“ Eles se alimentam dos pecados do meu povo e anseiam por sua falta ”, revela o
mais profundo dos desejos do ser humano e da sua alma que anseia em tirar
proveito das ruínas da vida do povo. É a nefesh ambiciosa e intolerante.
O FÍGADO
O Fígado revela o sentimento de dor. Vamos ler no livro das Lamentações
a 2ª Lamentação, versículo 11.
“Por terra derrama-se meu fígado”, em consequência das lágrimas que
consomem os olhos e do sofrimento que vitima as pessoas, derrama-se o fígado,
sofre a nefesh. Por causa do sofrimento e da dor o fígado espalha-se pelo chão.
Esta expressão bíblica revela a sensibilidade do interior humano diante da
situação da vida de quem sofre: “... por terra derrama-se meu fígado por causa
da ruína da filha de meu povo enquanto pelas ruas da cidade desfalecem
meninos lactentes”.
A situação da morte de tantas vidas humanas até mesmo de crianças,
vítimas da crueldade do Império Babilônico e do Exílio em 587a.C, levou o
autor do livro das Lamentações a expressar o sentimento de dor e sofrimento
daqueles que presenciavam a catástrofe da cidade de Jerusalém, no texto bíblico
denominada “filha do meu povo”. Diante de tamanha crueldade derrama-se
pelo chão o fígado, isto é, sensibiliza-se pelo sentimento de dor o interior
humano.
OS RINS
Os rins relvam a realidade humana da instrução. É a expressão do interior
humano que se abre à instrução.
O CORAÇÃO OU ENTRANHAS
Nós já falamos sobre o coração e o apresentamos como a sede de muitas
operações do interior da pessoa humana. Pois bem, o coração revela o
sentimento do íntimo de todo ser.
Vamos ler no livro do Profeta Oséias o cap. 11, 8-9.
O profeta Oséias atribui a Deus realidades humanas que revelam o íntimo
do ser para falar da sua disposição benigna para com a vida do ser humano que
Ele tanto ama, apresentando-o com os mesmos sentimentos que brotam das
entranhas do coração humano: “Meu coração se contorce dentro de mim,
minhas entranhas comovem-se”.
Toda antropologia bíblica, nascida no interior da cultura judáica, expressa
a compreensão da pessoa humana dentro do plano divino da salvação. A pessoa
humana encontra-se toda envolvida pela realidade do mistério de Deus.
Assim, quem faz a experiência do mistério divino é a pessoa na sua
realidade corporal e espiritual: basar, nefesh e ruah. Pois, a pessoa humana é
uma única realidade onde funcionam inseparavelmente estes três elementos.
Dessa forma é que São João na sua Primeira Carta escreve sobre a
experiência do mistério do Verbo da Vida, da qual ele e os outros apóstolos
foram testemunhas e entraram em comunhão com o mistério de Deus.
Este tipo de dominação será o mais cruel para o povo da Bíblia porque vai
mexer profundamente com a realidade cultural do povo, sobretudo os costumes.
Este sistema atravessou o mar e trouxe, portanto, toda onda de maldade que se
abateu sobre o povo.
Embora o sistema tributário também gerasse uma situação de sujeição e
dependência das pessoas a autoridade dos reis, no entanto não pode ser
considerado escravagista, pois permitia às pessoas uma certa liberdade na posse
dos bens, na expressão da sua cultura própria e na ascensão social. O sistema
escravagista isso não permitia, pois quem nascia pobre e escravo morria pobre e
escravizado. Toda a dominação deste sistema passava pelo esvaziamento
cultural.
Todo povo que perde a sua identidade cultural se torna presa fácil para as
garras de qualquer ideologia de poder.
Foi isso que aconteceu com o povo da Bíblia num determinado momento
de sua história. E esse momento é o período histórico que cobre os anos 333 a.C.
quando se deu o início da dominação grega liderada por Alexandre Magno até
Jesus Cristo e as primeiras comunidades cristãs, que viveram o terror da
dominação romana forjada por Júlio César em 63 a.C.
As dominações que brotaram do Ocidente foram muito mais violentas e
cruéis do que as que vieram do Oriente, pois tinham como objetivo implantar os
seus próprios costumes nas culturas dominadas . A força da ideologia
dominadora dos impérios Grego e Romano levaram o povo a emplementar uma
verdadeira “guerra santa” para combater os inimigos de sua cultura e de sua
nação. É assim que podemos entender a luta dos macabeus contra os gregos para
livrar o povo das garras de tal cultura que estava fazendo sucumbir as
expressões da cultura judáica.
Para confirmar isso vamos ler no 1º livro dos Macabeus o cap. 1, 1-4.
O texto que acabamos de ler fala do contexto da dominação grega. Tudo
começa com Alexandre, filho de Filipe, que vence Dário, rei dos persas e dos
medos, ocupando assim o lugar de soberano do mundo.
As primeiras invertidas que levam um rei a ocupar o lugar de soberano do
mundo são:
• conquistar os outros reis da terra;
• tomar os seus territórios e províncias através de um poderosos
exército;
• e obrigar-lhes ao pagamento do tributo, que além de manter
toda a estrutura econômica do império aparecia como forma de reconhecer
o senhorio do imperador.
Foi o que fez Alexandre Magno para dar aos gregos a soberania política
no cenário internacional. Porém, com ele, nascia a dominação mais cruel e
traiçoeira que o povo de Israel já conheceu.
Vamos continuar lendo ainda o 1º livro dos Macabeus agora o cap. 1, 54-
61.
Havia um “decreto real que condenava à morte” qualquer pessoa que se
encontrasse observando os seus costumes culturais-pátrios, no caso do povo
judeu, a leitura do livro da aliança, onde estava a Lei de Deus, com as práticas
nascidas logo depois do Exílio, e a circuncisão, sinal do compromisso com a
raça e a eleição divina. Desse modo se operou um verdadeiro genocídio. Muita
gente, famílias inteiras tombaram ante as atrocidades deste sistema exterminador
de culturas, de raças e de vidas humanas.
No aspecto religioso a religião se torna legitimadora do culto imperial,
embora muitos se mantiveram fiéis e preferiam a morte antes que violar às leis
religiosas de fidelidade e pureza, prestando assim um verdadeiro culto ao seu
Deus. Através do martírio acreditavam estar prestando um sacrifício de louvor a
Javé. Vamos ler no 1º livro dos Macabeus o cap. 1, 62-64 para confirmar o que
acabamos de dizer.
Ao longo desta história de resistência aos abusos do sistema escravagista
grego e romano, aparece na Bíblia o gesto heróico de uma família inteira que
preferiu morrer a se contaminar com as seduções práticas de uma cultura
estrangeira. Foi a trágica, mas heróica história da família macabéia, narrado no
2º livro dos Macabeus cap. 7. Se você, querido e querida ouvinte quiser
conhecer esta história leia em casa ou nos círculos de estudo de sua comunidade,
todo este capítulo 7 do 2º livro dos Macabeus e veja qual a esperança que
animou esta família a morrer, mas nunca ser infiel à lei de Deus, que se
aproximou do seu povo pela sua cultura. Ela é canal através do qual Deus faz
escoar a sua mensagem e operar a sua salvação. A cultura revela a vitalidade de
um povo. Um povo sem cultura é um povo morto, sem vida, sem expressão.
Deus valoriza a cultura e à partir dela se comunica porque quer vê o seu povo
VIVO. Assim, podemos concluir: se uma religião quiser ser fiel a Deus e a vida
precisa valorizar as expressões culturais dos povos, pois nelas Deus e a vida se
revelam.
No sistema escravagista o mundo aparecia dentro de uma visão mítica,
onde a realidade se esquematizava numa estrutura fixa. Essa visão determinava,
portanto, o quadro da estrutura social, apresentando a ordem da sociedade como
querido pela divindade. Ela fez o Imperador, a Nobreza, o Povo e os Escravos.
Esta ordem não pode ser mexida, quem nasce escravo morre escravo. É o
mesmo pensamento de muita gente hoje que assim pensa a sociedade, quem
nasce pobre, morre pobre porque Deus quer assim. Esta visão fixa da realidade
terrena como expressão da vontade divina é absurda e violenta. Ela é própria de
um sistema que quer manter todos sob a servidão.
As dominações grega e romana atingiram a raiz da cultura bíblica: Terra,
Templo e Culto, Costumes e Raça. Por isso o Imperador grego será chamado de
“Adversário maléfico” (1º Mc 1, 36); “rebento ímpio” (1º Mc 1, 10). A cultura
grega será chamada de “geração de perversos” que se instalou no seio da cultura
judáica, eliminando-lhe a identidade (1º Mc 1, 11).
Hoje vamos iniciar uma nova etapa no nosso estudo da Bíblia. Vamos
começar a falar da história de Israel, e inicialmente trataremos do período da
formação desse povo da história bíblica, que se tornou o povo de Deus.
Retomando um pouco a geografia bíblica na direção NORTE-SUL, a
Palestina é caracterizada por Vales no litoral (Saron) e pelo profundo Vale do
Jordão.
Entre estas duas configurações geográficas estão: as Montanhas da
Galiléia, as Montanhas da Samaria ou Efraim e as Montanhas de Judá.
A história do povo de Israel é a história do povo dessas montanhas. A
história de Israel, nos tempos tribais começa nestes bosques e nestas matas.
3.1) O Nascimento do Povo de Israel: A Assembléia de Siquém
Os grupos mosáicos têm uma ligação com o pastoreio, mas não é esta a
sua origem.
Eles vivem do trabalho forçado no Egito: fabricação de tijolos, construção
de cidades-armazéns para o Faraó, na lavoura dos campos, etc...
Organizam-se também à partir das famílias, porém, na resistência e na luta
as mulheres se destacam.
Neste grupo Moisés é o líder, mas é também na Assembléia de anciãos
que as decisões são tomadas.
Os conflitos para este grupo giravam em torno da servidão, opressão e
repressão às quais estavam submetidos por causa da mão do faraó que pesava
sobre eles.
Havia uma lei contra as crianças, que as sentenciava à morte, envolvendo-
os num grande dilema VIVER ou MORRER. O conflito, se dava entre a VIDA
e a MORTE.
Na religião cultuavam o Deus que VÊ, OUVE e CONHECE a situação
do seu povo, por isso Ele intervém DESCENDO para LIBERTAR.
Confira estas considerações lendo depois em sua Bíblia os capítulos 1-3;
5-6; 12-15 do livro do Êxodo e também no livro do Deuteronômio os capítulos
6, 20-24 e 26, 5-10.
3- O SINAÍTICO:
Depois disso “cada um voltou para a sua herança”, a sua terra, a sua
casa ( Js. 24, 28).
3.2) O Tempo dos Juízes: O Tribalismo
No livro dos Juízes, escrito por volta dos anos 600 a.C., encontramos o
conteúdo do período tribal.
Neste livro os fatos são contados dentro de uma moldura. Sabendo-se, no
entanto, que os textos não estão voltados para dentro do funcionamento do
tribalismo, isto é, sua vida diária, seu dia-a-dia, pois o enfoque principal é
aquele que mencionamos à pouco.
No livro dos Juízes a luta que se dá é de Javé contra Baal. Os Baals são os
outros deuses, rejeitados na Assembléia de Siquém, eles representam a idolatria,
a sociedade tributária. Cultuar aos Baals é ser conivente com a escravidão e a
opressão, legitimando o sistema tributário de dominação.
Javé é o Deus da fidelidade e da libertação, escolhido para ser o único
Deus na Assembléia de Siquém. Ele é o Deus que reina na sociedade tribal.
Fazer o mal é o pecado da idolatria, é servir a Baal e desviar-se da aliança
com Javé, o Deus que exige a fidelidade do seu povo ao compromisso assumido
após a libertação do Egito e que tem como eixo a liberdade da terra e da pessoa
humana.
Isso se expressa no livro dos Juízes pelos refrões quase que constantes:
“Os filhos de Israel fizeram o mal aos olhos de Javé”. Confirme depois em sua
Bíblia lendo Juízes 2, 11; 3, 7. 12; 4, 1; 6, 1; 8, 33; 10, 6; 13, 1.
No livro dos Juízes é especialmente importante o capítulo 5, pois este
texto é dos mais antigos da Bíblia, é o chamado Cântico de Débora e que de
acordo com a pesquisa bíblica possivelmente é um canto de mulheres junto aos
poços de água. Nele aparecem os seguintes elementos:
1) Javé, um Deus da teofania, “se faz” um Deus da história, sem que
seja citada a memória do êxodo.
O Deus da teofania é o Deus que se revela através dos fenômenos da
natureza. Lembram quando falamos do Deus do grupo sinaítico?
2) O tribalismo têm seu inimigo nos cananeus. Não encontra aliados
entre as cidades, mas em Jael, madianita. A luta é social e não racial e
ideológica.
3) Este Israel de Débora não consegue derrotar os cananeus, mas
conquista em relação a eles alguns direitos, em especial o de ir e vir, porque a
batalha se dá nas águas do rio Quison, particularmente decisivo para fazer a
ponte entre o norte e sul daquelas terras.
4) Veja, portanto, que a presença da mulher nas lutas populares era
significativa. O respeito desde o Decálogo era duplo, tanto ao pai como a mãe
devia-se honrar. Por isso Débora é chamada de Mãe em Israel. Confirme em
Juízes 5, 7.
5) O exército era formado com voluntários do povo e com as tribos
mais acostumadas a dureza da vida Neftali e Zabulon. Você poderá confirmar
isso lendo no livro dos Juízes o cap. 4, 6.
Mas, o que levou o povo a pedir um rei, dando início a realeza em Israel ?
a) Causas internas:
• a introdução do boi na agricultura que permitiu a realização dos
trabalhos agrícolas em menos tempo com um aumento da produção.
b) Causas externas:
Dentre as causas externas nós temos as constantes invasões e incursões
dos povos vizinhos em direção aos territórios das tribos, provocando uma onda
de roubos e guerras.
Os filisteus se transformaram numa ameaça poderosa para Israel, pois
com o domínio do ferro queriam expandir os seus territórios e isso desencadeou
grandes guerras contra Israel até o ponto de roubarem a arca da aliança, mas
serão vencidos por Davi que fará o retorno da arca da aliança.
Tudo isso vai se tornando progressivo, assustador e gerando uma certa
insegurança no meio das tribos até o ponto de nascer a idéia de pedir um rei. É
o começo da monarquia em Israel que vai de 1050 até 587a.C., terá seus altos e
baixos, será dividida com a morte de Salomão em dois reinos, o do Norte e do
Sul. O reino do norte, chamado de Israel com sua capital na Samaria terá o seu
fim em 722 a.C. destruído pelos assírios e o reino do sul, chamado reino de Judá
com sua capital em Jerusalém verá o seu fim com o exílio babilônico provocado
por Nabucodonosor em 587a.C.
Sobre o pedido do rei nós vamos ler no 1º livro de Samuel o cap. 8, 1-22.
Neste texto nós encontramos os direitos do rei. Vamos ler agora este texto.
Nenhum poder se mantém sem uma estrutura que o sustenta, por isso à
monarquia também era necessário todo um aparato a fim de manter-lhe a
estrutura.
Diante de tantas corrupções e abusos contra a estrutura da sociedade tribal
o povo clama por um rei, este deveria mantê-lo livre dos abusos do poder e dos
conflitos externos. A idéia era esta: ora se os outros povos têm um rei que cuida
dos seus interesses, porque nós também não temos, ele irá colocar freio ao
abuso do poder e manter longe do domínio estrangeiro a terra e os bens (1º Sm
8, 1-9).
Na sociedade tribal Javé é o rei. Ao pedir um rei para governar, o povo
manifesta sua recusa a Javé e consequentemente um rompimento com a aliança
estabelecida em Siquém.
Isso vai trazer consequëncias sérias para a vida do povo, que logo provará
o gosto amargo do seu pedido. Todavia, antes de Samuel ungir o rei ele
esclarece acerca da estrutura a qual o rei terá direito. Seriam os direitos do rei,
que nós acabamos de ler no cap. 8 do 1º livro de Samuel.
À partir do texto o rei terá os seguintes direito:
• Convocará: filhos e os encarregará dos carros, dos cavalos para
correr à frente, é o Exército.
• Nomeará chefes para o Exército a fim de administrá-lo.
• Ainda com os filhos fará lavrar a terra, ceifar e fabricar armas,
é a mão-de-obra.
• Tomará: filhas para perfumistas- cozinheiras- padeiras.
• Tomará ainda: campos- vinhas- olivais para dar aos seus
oficiais.
• Cobrará: o dízimo das culturas – vinhas e rebanhos para dar aos
seus eunucos e oficiais.
• Tomará: os melhores servos e servas para si.
“Vós mesmos vos tornareis seus escravos, diz o texto. Então, naquele
dia, reclamareis contra o rei que vós mesmos tiverdes escolhido, mas Javé não
vos responderá, naquele dia!”.
Pedir um rei é renunciar a Javé-rei, estabelecendo-se um luta entre Javé, o
único Deus e Baal, os outros deuses. “Javé, porém, disse a Samuel: ‘Atende a
tudo o que te diz o povo, porque não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, porque
não querem mais que eu reine sobre eles. Tudo o que têm feito comigo desde o
dia em que os fiz subir do Egito até agora – abandonaram-me e seguiram outros
deuses – assim fizeram contigo.’ ”
Na história da monarquia em Israel, encontramos três grandes expressões
para o fortalecimento do projeto monárquico: Saul, Davi e Salomão. Eles, na
verdade, representam três projetos monárquicos diferentes, pois três grupos os
apóiam. “Ou em outras palavras: Saul, Davi e Salomão são representantes de
três grupos e projetos políticos distintos” (Mosáicos da Bíblia 7, Milton
Schwantes).
• SAUL, governou o povo entre os anos 1050- 1010 a.C. Ele foi
mais um juiz guerreiro que propriamente um rei. Se caracterizou como um
chefe militar. Não formou um exército profissional. Não organizou uma
capital. Não deve ter exigido tributo. Sua família e alguns amigos eram a
sua corte, que mais se parecia com uma assembléia familiar. Tentou impor
seu sucessor, mas isso não funcionou.
Seu estado não progrediu por algumas razões:
1- Porque os filisteus logo se opuseram;
2- Porque quem sustentava essa corte, de fato, não queria o estado;
3- O suporte do estado de Saul eram os “homens”, os camponeses
livres e mais abastados, os donos do gado. Esses queriam um rei, quando um
inimigo estava próximo. Quando não havia inimigo, já não estavam interessados
no estado.
Saul ficou sozinho com o estado que era de fato ele e sua família.
O estado de Saul foi destruído pelos filisteus. Seus restos foram
aniquilados por Davi ou aprisionados em Jerusalém. Gente da casa de Saul
chama a Davi: “Homem sanguinário e malvado” porque a seu entender
derramou sangue da casa de Saul (2º Sm. 16, 7-8).
• DAVI, governou o povo entre os anos 1010-970 a.C. Seu projeto
é outro. Forma-se no processo de sua vida. A princípio está com Saul.
Parece que se apresenta como o seu melhor sucessor, porque é bom nas
lutas contra os filisteus, porque é amigo de Jônatas e porque se casa com
Mical, a filha do rei. Candidata-se à sucessão, mas fracassa. Tem que fugir
de Saul e vai para o deserto. Aí junta-se com outros sem rumo nem destino.
São quatrocentos homens “endividados e desesperados”, gente
empobrecida, hapiru.