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Ensino a Distância
Reitor
Ruben Eugen Becker
Vice-Reitor
Sumário
Variações Lingüisticas e sua imporância para o falante nativo ............ 3
Leandro Eugênio Becker
Pró-Reitora de Ensino a Distância
Sirlei Dias Gosmes Níveis e funções da linguagem ................................................... 8
Diretora de Planejamento e Legislação EAD
Lígia Leindecker Futterleib Coesão do texto escrito.............................................................. 11
Laboratório de Criação do
Ensino a Distância
Coordenação Coerência textual .......................................................................... 21
Luiz Carlos Specht Filho
Designer/Infografia O parágrafo padrão ........................................................................ 26
José Renato dos Santos Pereira
Luiz Felipe Telles
A paráfrase ................................................................................... 34
Sabrina Marques Maciel
Referências ................................................................................... 21
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VARIAÇÕES
LINGÜÍSTICAS E SUA
IMPORTÂNCIA PARA O
FALANTE NATIVO
A língua, por ser viva, muda no tempo e no espaço. Vamos
ver como isso acontece!
Neste capítulo, nós nos dedicamos ao estudo das diversas possibilidades para utilização da língua
portuguesa, as quais variam de acordo com as diferentes situações em que ela é utilizada.
Vanessa Loureiro Correa
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Princípio da Variação Lingüística: será estudado em uma unidade com maior pro-
fundidade, mas é aquele que diz que todas as línguas variam no tempo e no espaço.
Princípio da Dupla Articulação: afirma que todas as línguas têm duas articulações,
sendo a primeira a que se refere às palavras, por isso uma lista aberta, pois sempre podem
se acrescentar novas palavras, e a segunda a que se refere aos sons da língua, uma lista
fechada porque não se podem criar novos sons para a língua.
Ex.:mesa,cadeira,menino,menina(primeira articulação)/m/, /t/, /d/ (segunda articulação)
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Em 1916, com a publicação do livro Cours não é errado, se o emissor comunica a sua men-
de Linguistique General de Ferdinad Saussure, sagem. O lingüista vai analisar essa frase dentro
fundou-se a Lingüística. Essa ciência estuda a do contexto comunicativo em que ela foi dita e
linguagem verbal (palavra escrita ou falada) hu- ver o porquê dessa estrutura gramatical, sem se
mana. Não cabe aos lingüistas dizer o que é cer- preocupar em dizer que ela está errada, pois não
to ou errado na língua, apenas analisar os vários está de acordo com a língua-padrão.
usos e estruturas que a mesma apresenta em gru- Para melhor entendermos a afirmação aci-
pos sociais, a fim de descrevê-la. Na Lingüística, ma, vamos tratar da variação lingüística.
dizer “Nóis fumo, vortemo e nada incontremo”
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Fonte 1 - Amazônia
Faixa Etária: nossa linguagem muda con-
forme a idade, tendo em vista o interesse que te-
mos em cada faixa etária. A linguagem de uma Estou sentado na cadeira de
criança é diferente da linguagem de um ado- diretor de redação da VIP e a
lescente e essa é diferente da linguagem de um vista daqui não é nada má, ga-
adulto, conforme os exemplos abaixo. ranto a você. Estou muito bem
cercado. Se giro a cadeira, vejo
Sabrina, a musa instantânea,
Ex. “Eu e os meus irmãozinhos fomos no seu primeiro ensaio calien-
a uma festinha na casa de amiguinhos.” te para uma revista. Delícia.
“Eu e os brothers fomos a uma balada Giro de novo e é só prazer,
na baía da galera.” acredite.
“Eu e amigos fomos a uma reunião na Este é o mundo de
Fonte 4 - SXC
casa de amigos.” VIP. E meu trabalho é tra-
tar muito bem dele. Como
se fosse você, meu caro,
sentado nessa cadeira.”
Fonte 3 - Filologia
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domina os aspectos lingüísticos da tribo, não pode participar da mesma. Vamos aos exemplos:
Surfistas:
Arquivo
Funkeiros:
“Fui a um baile que era uma maresia. Conheci um
alemão que tinha o maior conchavo. Dava corte em to-
das as princesas. Um verdadeiro playboy.”
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Como se pode ver, esses e outros aspectos mesma veste diferentes roupagens, a fim de aten-
fazem com que a nossa língua mude sempre que der nossas necessidades diárias. O importante,
acharmos necessário. É importante termos essa neste caso, é comunicar, ou seja, passar a mensa-
consciência para que possamos evitar atitudes gem para alguém, adequando o nível de lingua-
preconceituosas e excludentes. Não podemos gem ao contexto comunicativo.
exigir que todos falem a mesma língua, pois a
Arquivo
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NÍVEIS E FUNÇÕES DA
LINGUAGEM
Há várias formas de comunicação e também diferentes
objetivos lingüísticos.
Vanessa Loureiro Correa
copo d’água” porque permite pequenos pos fechados. Divide-se em técnica e gíria.
desvios da gramática padrão. É ideal para Técnica: pertence a áreas de estudo. Só é com-
situações comunicativas orais. preendida por aqueles que estudaram os termos.
LÍNGUA VULGAR OU INCULTA Ex.: O juiz deu um hábeas corpus ao réu.
Este nível contém várias inadequações se for- Gíria: é própria de “tribos” existentes na so-
mos levar em conta a gramática normativa da ciedade, como, por exemplo, os surfistas, os
língua portuguesa. No entanto, em contextos skatistas, os funkeiros e assim por diante.
comunicativos orais, pode ser usada sem pro- Ex.: Dropamos a onda e levamos uma vaca.
blemas. Ex. Nóis não vimu ninguém.
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Assim como temos níveis para usar nos con- linguagem mais relevantes para a área acadêmica.
textos comunicativos, também, quando falamos, Cabe ressaltar que temos as funções fática, poéti-
sempre temos um objetivo. Ninguém fala se não ca, emotiva. No entanto, as mesmas, no contexto
tem necessidade; logo, o nosso discurso é acom- acadêmico, não são tão utilizadas. Sendo assim,
panhado de uma função. Vejamos as funções da vamos nos deter nas funções que seguem:
ASTROLOGIA:
A importância da lua na vida das pessoas
24/05/2002 - 00h13
a Lua é o corpo ce-
No nosso sistema solar,
com mais rapidez. A
leste que se movimenta
a volta completa em
cada 28 dias ela perfaz um
360ºdo zodíaco.A
torno da Terra e percorre
fase. A cada 02 dias
cada 07 dias ela muda de
no inteiro e em pouca
e meio atravessa um sig
tas, fazendo e desfa-
horas visita outros plane
com eles.
zendo aspectos e ângulos
No texto anterior, Lua está no sentido denotativo, ou seja, como um satélite da Terra. É encontrada
em todos os textos informativos que lemos e produzimos.
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Função metalingüistica
É a língua falando da própria língua. Serve para verificar se emissor e receptor estão usando o
mesmo repertório.
Definição do Amor
“Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que doi e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer”
(Camões)
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Nesta canção, o autor define o que é saber Todos esses aspectos são importantes para
amar usando outras palavras da língua para ex- que tenhamos a consciência do quanto a nossa
plicar um sentimento, uma atitude. Esse tipo de língua é rica no momento em que estamos usan-
função pauta todos os textos técnicos que têm por do-a. Dominando os níveis e funções, o falante
meta introduzir palavras próprias de cada área de nativo terá um eficiente processo comunicativo.
estudo.
Agor
a que
você
funçõ já viu
es da os nív
lingua eis e
deu a gem,
impor já ap
tância ren-
tar a de se
s mais r e spei-
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inar o
Níveis e funções da linguagem
ulto ní-
nos t
rabal
hos.
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COESÃO DO
TEXTO ESCRITO
Você sabe quais são as palavras que garantem a unidade
dos textos?
Daniela Duarte Ilhesca
Mozara Rossetto da Silva
Neste capítulo estudamos a coesão textual, destacando o papel dos anafóricos e dos articuladores
como elementos que caracterizam este fator de textualidade. O objetivo é compreender o conceito de
coesão textual e reconhecer e analisar o funcionamento dos anafóricos e dos articuladores na constru-
ção do sentido em um texto.
O que é um texto
coeso?
Todo texto escrito pressupõe uma organi-
zação diferente da que caracteriza o texto fala-
do. Veremos que a sua forma e estruturação são
essenciais para a clareza da comunicação da
mensagem, entretanto outros elementos também
contribuem para que esse discurso seja bem-su-
cedido. O que é a coesão textual?.
A palavra coesão no dicionário possui vários
significados, entre os quais “ligação e associação
íntima entre as partes de um todo”. Ora, se o todo
é o texto, associar as suas partes é ligar as pala-
vras e as idéias que o compõem sem repeti-las.
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voltaram para casa da mesma maneira
como tinham quando saído.
Eles são como as seguintes palavras:
Casa rosa bonita casa branca O que notamos nesse texto é a falta de coe-
são. Resumindo, nele encontramos:
Todos os elos podem formar uma corrente, po-
rém precisam estar ligados entre si por meio de a) muitas repetições;
outros elos. Isso formará uma corrente coesa, e, b) muitas frases estanques, isto é, as idéias
no caso das palavras, isso também dará coesão não estão ligadas umas às outras.
ao texto. Veja o resultado:
Agora que identificamos os problemas no
texto, fica fácil reformulá-lo, corrigindo as re-
petições e estabelecendo relação entre as idéias.
Tente fazer as modificações necessárias e com-
pare-as com as sugeridas no texto abaixo.
O
marceneiro Osvaldo notou de substituir aquele tênis surrado.
que o filho estava caminhan- Levou-o, então, à lojinha do Manoel,
do com os pés tortos. O mar- que ficava perto de sua casa. QUAN-
ceneiro resolveu investigar. O marce- DO lá chegou, escolheu um novo cal-
neiro concluiu que o filho estava com çado para seu piá E, TAMBÉM, se-
os pés apertados. Era hora de substituir parou o velho para jogar fora. MAL
aquele velho tênis. Levou o filho à lo- experimentara o presente, começou a
jinha do Manoel. A lojinha ficava per- chorar. Sem entender o porquê daque-
to da casa do marceneiro. Chegando à le choro, o homem NÃO SÓ pensou
lojinha, o marceneiro escolheu um tê- que alguma coisa o estava machu-
nis novo para o filho e separou o velho cando, COMO TAMBÉM tirou ime-
para jogar fora. O filho experimentou diatamente o sapato do baixinho, que
o tênis e começou a chorar. O marce- continuou a choramingar, dizendo que
Coesão do texto escrito
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SUBSTITUIÇÕES REFERENTES
Concluiu o marceneiro Osvaldo
o garoto o filho
Levou o marceneiro Osvaldo
-o garoto / filho
que lojinha do Manuel
Sua garoto / filho
Lá lojinha do Manuel
Chegou o marceneiro Osvaldo
Calçado tênis
Seu o marceneiro Osvaldo
Piá garoto / filho
o velho calçado / tênis
Experimentara o piá / garoto / filho
o presente novo calçado
o homem o marceneiro Osvaldo
O o piá / garoto / filho
o sapato o presente / novo calçado
Baixinho o piá / garoto / filho
o companheiro tênis surrado
-lo tênis surrado
Outro companheiro / tênis / calçado /sapato
o pai o marceneiro Osvaldo
Coesão do texto escrito
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Exemplo 2
Coesão do texto escrito
A idéia da mãe substituta é mais antiga do que parece. Na Bíblia, lemos que Sara, não
podendo engravidar, entregou sua serva Hagar ao marido Abraão, a fim de que ele se tornas-
se pai. Com isso, evitava o opróbrio que pesava sobre os casais sem filhos. Depois disso, a
própria Sara engravidou, uma sugestão de que Deus recompensou seu desprendimento.
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Exemplo 3
Por que as gravações de depoimentos à CPI do Tráfico de Armas foram feitas por um
funcionário terceirizado em vez de um servidor do quadro? Este último estaria submetido ao
sigilo profissional que um cargo público implica. O primeiro, que entregou aos advogados
de Marcos Camacho, o Marcola, por R$ 200, a fita com informações privilegiadas, não tem
qualquer compromisso ético juramentado. Mesmo assim, há três anos, tem sido pela mão –
pelo ouvido e confessadamente pelo bolso – dele que passam todas as informações sigilosas
das CPIs. Informações essas que envolvem desde os nomes velados de testemunhas que
arriscaram suas vidas depondo até a extensão do acesso das autoridades aos números das
organizações criminosas e, mais, o planejamento estratégico para o seu combate.
Fonte 7 : Jornal Zero Hora
Coesão do texto escrito
Referências:
este último – um servidor do quadro essas – informações sigilosas das CPIs
o primeiro – um funcionário terceirizado suas – das testemunhas
dele – um funcionário terceirizado
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articuladores?
CESSÃO mesmo que etc.
meio de um articulador.
a fim de, com o objeti-
FINALIDADE vo de, para etc.
segundo, conforme, de
Como você escolheu CONFORMIDADE acordo com, como etc.
o articulador apropriado?
Será que acertou o alvo?
CONCLUSÃO Portanto, assim, logo
etc.
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Exemplo 6
mento de um texto.
Exemplo 7 Exemplo 8
O resumo não é uma introdução
O resumo não é uma introdução ao artigo, portanto é uma descrição
ao artigo, mas sim uma descrição su- sumária da totalidade do artigo, na
mária da sua totalidade, na qual se descrição sumária se procura realçar
procura realçar os aspectos menciona- os aspectos mencionados. o resumo
Coesão do texto escrito
dos. Deverá ser discursivo, e não ape- deverá ser discursivo, assim não ape-
nas uma lista dos tópicos que o artigo nas uma lista dos tópicos que o artigo
cobre. Deve-se entrar na essência do cobre. Deve-se entrar na essência do
resumo logo na primeira frase, sem ro- resumo então na primeira frase, sem
deios introdutórios nem recorrendo à rodeios introdutórios sem recorrendo
fórmula estafada “Neste artigo ...”. à fórmula estafada “Neste artigo ...”.
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Cá entre nós.... ficou péssimo, não? Sentidos deturpados, repetições desnecessárias. Entretanto,
como vimos, perfeitamente passível de aprimoramento.
No trecho a seguir, vamos identificar quais seriam os elementos coesivos necessários para que o
texto apresentasse uma redação com mais estilo.
Exemplo 9
Pretendeu-se que este trabalho referência freqüente para o leitor que
proporcionasse, de forma muito sin- pretenda construir a sua competência
tética, (1) objetiva e estruturante, na escrita de artigos científicos. Faz-
uma familiarização com os principais se notar, (5) , que ninguém se pode
cuidados a ter na escrita de um artigo considerar perfeito neste tipo de tare-
científico. (2) satisfazer (3) , fa. A arte de escrever artigos cientí-
optou-se por uma descrição seqüencial ficos constrói-se no dia-a-dia, através
das componentes típicas de um docu- da experiência e da cultura. (6) ,
mento desta natureza. Pensa-se que o as indicações deste texto deverão ser
resultado obtido satisfaz os requisitos entendidas como um mero primeiro
de objetividade e pequena dimensão passo, enquadrador, para uma jornada
que pretendia atingir. Pensa-se (4) plena de aliciantes, (7) que nunca
que constituirá um auxiliar útil, de terá fim.
Fonte 8
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Pretendeu-se que este trabalho propor- tuirá um auxiliar útil, de referência freqüen-
cionasse, de forma muito sintética, porém te para o leitor que pretenda construir a sua
objetiva e estruturante, uma familiarização competência na escrita de artigos científi-
com os principais cuidados a ter na escri- cos. Faz-se notar, todavia, que ninguém se
ta de um artigo científico. Para satisfazer pode considerar perfeito neste tipo de ta-
este objetivo, optou-se por uma descrição refa. A arte de escrever artigos científicos
seqüencial das componentes típicas de um constrói-se no dia-a-dia, através da expe-
documento desta natureza. Pensa-se que o riência e da cultura. Assim, as indicações
resultado obtido satisfaz os requisitos de deste texto deverão ser entendidas como
objetividade e pequena dimensão que pre- um mero primeiro passo, enquadrador, para
tendia atingir. Pensa-se também que consti- uma jornada plena de aliciantes, mas que
nunca terá fim.
Fonte 9 - Nogueira
Como vimos, apenas um conjunto de palavras não é capaz de formar uma frase, e um conjunto
aleatório de frases também não é suficiente para formar um texto.
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COERÊNCIA TEXTUAL
Você conhece os princípios que sustentam a coerência dos textos? Veja como
isso acontece!
Daniela Duarte Ilhesca
Mozara Rossetto da Silva
Exemplo 1
O meu pai não gosta de futebol,
visto que meu pai comprou uma cami-
seta da seleção brasileira para a Copa.
Arquivo
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Exemplo 3 Exemplo 5
Coerência textual
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Exemplo 12
no exemplo seguinte, que trata sobre a noite mais
fria do ano no estado do Rio Grande do Sul:
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Notamos ainda repetição de palavras e falta de articulação, o que compromete a coerência do texto.
Coerência textual
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O PARÁGRAFO
PADRÃO
O processo de se escrever um texto coeso e coerente pode
ser facilitado se prestarmos atenção em certos detalhes.
Luana Soares de Souza
Mozara Rossetto da Silva
Escrever um texto
Muitas pessoas não sentem o mínimo estí-
mulo para elaborar umas poucas linhas escritas;
acreditam que não possuem o preparo indis-
pensável para redigir algo que permita desven-
dar e compartilhar suas idéias. Elas ficam de-
sanimadas e consideram-se inaptas para o dom
da escrita. Qual o motivo de tais sentimentos?
Falta-lhes base cultural ou, tão-somente, práti-
ca? Pois, para dominar os medos, é preciso pra-
ticar. É preciso ter iniciativa e escrever. Porque
só aprendemos a escrever escrevendo.
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Exemplo 1
qualidade, afirma Ana Maria Diniz, presi-
dente do Instituto Pão de Açúcar e uma das
idealizadoras do pacto.(...).
Ninguém mais quer um país com uma
O desafio da qualidade
taxa tão baixa de escolaridade: nossos alu-
Crianças de 5ª série que não sabem ler nos ficam, em média, apenas 4,9 anos na
nem escrever, salários baixos para todos escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na
os profissionais da escola, equipes deses- Coréia do Sul e oito na Argentina. E, o que
timuladas, famílias desinteressadas pelo é pior, não aprendem as competências bási-
que acontece com seus filhos nas salas de cas. Pesquisa nacional conduzida pelo Ins-
aula, qualidade que deixa a desejar, pro- tituto Paulo Montenegro mostra que 74%
fessores que fingem que ensinam e alunos dos brasileiros são analfabetos funcionais,
que fingem que aprendem. O quadro da ou seja, não conseguem ler esta reportagem
Educação brasileira (sobretudo a pública) (na verdade, não compreendem nada mais
está cada vez mais desanimador. Na mais complexo que um bilhete). É espantador,
recente avaliação nacional, o Prova Bra- mas é verdade. De cada quatro pessoas, só
sil, os estudantes de 4ª série obtiveram em uma é capaz de entender o que está escrito
Matemática e Língua Portuguesa notas que em qualquer texto minimamente complexo.
deveriam ser comuns na 1ª. E os de 8ª mal E o mesmo ocorre com habilidades mate-
conseguem alcançar os conteúdos previstos máticas, como as quatro operações. Até
para a 4ª. Enfrentar esse desafio parece, algumas décadas atrás, esses dados tinham
muitas vezes, uma tarefa impossível. Mas relativamente pouca relevância.
a verdade é uma só: assim como está, não Hoje, com a globalização econômica,
dá para continuar! A boa notícia é que cada não dá mais para viver sem dominar essas
vez mais gente está percebendo isso – e se competências básicas. Estudos comprovam
mobilizando para mudar essa situação dra- que a riqueza de uma nação depende de sua
mática. No início de setembro, um grupo produtividade e, portanto, da capacitação
de empresários e líderes políticos lançaram de sua mão-de-obra. Em bom economês,
Parágrafo padrão
(com grande apoio de jornais e emissoras gente educada produz mais. Do ponto de
de rádio e TV) o compromisso Todos pela vista social, a Educação também é a única
Educação. Foram apresentadas cinco metas saída para reduzir desigualdades. Números
a ser atingidas até 7 de setembro de 2022, o do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
ano do bicentenário da Independência: tística (IBGE) mostram que filhos de mu-
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lheres com pouca escolaridade (até três anos de 2º parágrafo: A escolha da data é sim-
estudo) têm 2,5 vezes mais riscos de morrer antes bólica e reforça a crença de que
de completar 5 anos de idade do que as crianças um país só pode ser conside-
cujas mães estudaram por oito anos ou mais. rado independente, de fato,
Nos últimos anos, o Brasil deu um passo im- se suas crianças e jovens têm
portante ao (praticamente) resolver a questão do acesso à Educação de quali-
acesso à escola: 97% dos jovens de 7 a 14 anos dade, afirma Ana Maria Diniz,
estão matriculados. Só que esses míseros 3% que presidente do Instituto Pão de
estão longe de livros e cadernos correspondem a Açúcar e uma das idealizadoras
1,5 milhão de pessoas (logicamente, das cama- do pacto.
das mais pobres).(...).
No bicentenário da Independência, o cená-
3º parágrafo: Ninguém mais quer um
rio educacional pode ser o mesmo de hoje. Ou país com uma taxa tão baixa
não. Mudar essa situação caótica é uma decisão de escolaridade: nossos alunos
de todos os cidadãos – e não só de empresários ficam, em média, apenas 4,9
e dirigentes políticos, mas de diretores de escola, anos na escola, contra 12 nos
pais e professores. (...) Estados Unidos, 11 na Coréia
do Sul e oito na Argentina.
Fonte 12 - Nova Escola
4º parágrafo: Hoje, com a globalização
Certamente você contou seis parágrafos. econômica, não dá mais para
Essa simples conclusão é evidente, uma vez que é viver sem dominar essas com-
puramente visual e assinalada pelo deslocamento petências básicas.
da margem. Entretanto, isso não é tudo. É preciso 5º parágrafo: Nos últimos anos, o Bra-
aprender como se constrói um parágrafo para que sil deu um passo importante
ele mantenha a estrutura e a coerência internas. ao (praticamente) resolver a
No artigo apresentado, notamos que, apesar questão do acesso à escola:
de existir uma relação entre eles (o cenário edu- 97% dos jovens de 7 a 14 anos
cacional brasileiro), a cada parágrafo é introduzi- estão matriculados.
do um novo enfoque sobre o tema, como um pon-
to de vista diferente do anterior, ou é feita uma 6º parágrafo: No bicentenário da Inde-
nova abordagem desse tema. Assim, já podemos pendência, o cenário educa-
deduzir que o parágrafo deve se ocupar de apenas cional pode ser o mesmo de
um aspecto ou de um enfoque do assunto; des- hoje.
sa forma, é garantida a sua unidade autônoma, a Se analisarmos esses seis parágrafos sepa-
qual pode compor um texto maior. radamente, poderemos verificar que a maioria
Observe a introdução de cada um dos pará- deles apresenta uma introdução ou frase-núcleo
grafos do texto. Todas possuem uma idéia-núcleo, na qual percebemos o enfoque a ser expandido;
que será desenvolvida posteriormente. um desenvolvimento em que são apresentadas as
idéias relacionadas ao tópico inicial; uma con-
1º parágrafo: Crianças de 5ª série que clusão na qual o autor faz a retomada do tema e
não sabem ler nem escrever, apresenta uma nova idéia, às vezes, a mais im-
salários baixos para todos os portante, ou ainda, um questionamento que pode-
profissionais da escola, equi- rá servir de gancho para um novo parágrafo.
pes desestimuladas, famílias
desinteressadas pelo que acon-
Tomemos o terceiro parágrafo do
Parágrafo padrão
tece com seus filhos nas salas artigo e analisemos sua estrutura:
de aula, qualidade que deixa Ninguém mais quer um país com uma taxa
a desejar, professores que tão baixa de escolaridade: nossos alunos ficam,
fingem que ensinam e alunos em média, apenas 4,9 anos na escola, contra 12
que fingem que aprendem. nos Estados Unidos, 11 na Coréia do Sul e oito
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na Argentina. E, o que é pior, não aprendem as bro de 2005, logo depois do Ministério
competências básicas. Pesquisa nacional condu- da Agricultura ter diagnosticado focos de
zida pelo Instituto Paulo Montenegro mostra que febre aftosa nos rebanhos do Paraná e do
74% dos brasileiros são analfabetos funcionais, Mato Grosso do Sul. A restrição era mais
ou seja, não conseguem ler esta reportagem (na ampla e valia também para carnes e deri-
verdade, não compreendem nada mais complexo vados produzidos em São Paulo, Goiás e
que um bilhete). É espantador, mas é verdade. De Mato Grosso*.
cada quatro pessoas, só uma é capaz de entender
o que está escrito em qualquer texto minimamen-
O texto anterior é um exemplo de parágrafo.
te complexo. E o mesmo ocorre com habilidades
Esse tipo de construção textual traz as seguintes
matemáticas, como as quatro operações. Até al-
características estruturais:
gumas décadas atrás, esses dados tinham re- a) formalmente, apresenta uma única
lativamente pouca relevância. abertura ou entrada de margem, con-
Fonte 13- Nova Escola forme observamos pela indicação da
Nesse parágrafo, observamos que a in- seta no novo exemplo apresentado:
trodução (sublinhada) é composta por dois Fonte 14 - Jornal do Comércio*
períodos, o desenvolvimento contém quatro
períodos e a conclusão (em negrito) possui
um período. Isso nos possibilita nomeá-lo
Exemplo 3
de parágrafo padrão. Isto é, ele é composto
de uma estrutura modelo que contempla os Jornalismo literário
quesitos de um texto bem elaborado.
O que eu acredito é que existe texto
Essa análise pode ser realizada nos demais
bom e texto ruim. O bom texto é construído
parágrafos do texto, e a única variante será o nú-
com informações mais complexas do que a
mero de períodos que os compõem, uma vez que
mera reprodução do que é dito pelas fontes.
todos abordam uma mesma temática – qualidade
É construído também com não-ditos, inter-
do ensino no Brasil – de um texto dissertativo.
ditos, omissões, frases suspensas pelo meio,
Outro fator que pode servir como caracterís- decepadas antes do ponto final. Dá ao lei-
tica do parágrafo-padrão é o nível de linguagem, tor observação (muita), detalhes (muitos),
uma vez que ele privilegia o registro padrão. cheiros, texturas, descrição do lugar, do jei-
Vejamos, agora, um exemplo de parágrafo to das pessoas, de como se vestem, sentam,
que foi produzido como um texto autônomo, isto andam, pegam o cigarro, passam a mão no
é, ele não compõe um texto com mais parágrafos. cabelo, piscam etc. O jornalista tem de dar
ao leitor esse retrato complexo de uma rea-
lidade que ele não testemunhou, mas pode
para Moscou no mês que vem, informou o texto com grande nível de detalhamento
ministro do Desenvolvimento, Indústria e dá muito mais trabalho ao repórter porque
Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. exige uma apuração exaustiva. Com todas
O comércio foi suspenso em 13 de dezem- as informações na mão, escrever é a parte
mais fácil. Difícil é apurar bem para es-
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R
epresentantes do Ministério de organizar suas idéias através de alguns passos
Desenvolvimento Agrário e da importantes e elaborar um esquema que servirá
Petrobras estarão no Estado para como um “esqueleto” do seu parágrafo.
deflagrar projetos voltados para a produ- Passos:
ção de biodiesel. A meta é audaciosa: não
1o escolher um assunto;
apenas inserir a agricultura familiar gaú-
o
cha na produção de álcool, como tornar o 2 delimitar esse assunto (isto é, especificá-lo,
restringi-lo a um ou dois enfoques)
Estado auto-suficiente no médio prazo. A
3o elaborar o objetivo do parágrafo (ou seja,
agenda começa nesta segunda-feira, com qual é a intenção de quem redige; aonde quer
a assinatura de um memorando de enten- chegar com os argumentos apresentados). É
dimento para a instalação de uma usina importante lembrar que o objetivo sempre
de biodiesel e do contrato para instalação é iniciado por um verbo na forma infinitiva
de uma usina de álcool entre a Petrobras como, por exemplo, mostrar, demonstrar, es-
pecificar, esclarecer, exemplificar etc.
e a Cooperbio, em Palmeira das Missões.
Também será assinado um convênio para
Vamos identificar nos próximos exemplos
a manutenção do Curso de Técnico em
de parágrafos como podem ser apresentados os
Agropecuária Ecológica, com ênfase em
seus respectivos esquemas.
Biocombustíveis, entre a Petrobras e a
Fundep. Na quarta-feira, será a vez de assi-
nar memorando semelhante em Bagé, com
os mesmo objetivos. Exemplo 5
A conclusão traz um período (ou seja,
um ponto final).
Ele começou a ser utilizado na culinária
As ações integram os projetos Biodie-
não por dar sabor aos alimentos, mas por
sel-Norte e Biodiesel-Sul, para implanta-
seu potencial sanitário. Com um forte po-
ção de um complexo industrial para a pro-
der esterilizador, o sal conservava a comida,
dução de biodiesel e álcool combustível.
impedindo a reprodução de bactérias. Mas
esse aliado inicial da saúde agora está sob
a mira das entidades médicas. Associado a
Planejando antes de uma série de problemas, entre eles a hiper-
ção.
2o a estrutura (a partir do tipo de texto predeter- o
minado, há um padrão a ser seguido em rela- 2. Delimitação: modificação na utilização
do sal.
ção ao estilo, ao título, à extensão, ao número
o
3. Objetivo: apresentar as providências que
e à organização dos períodos etc.);
organizações médicas pretendem tomar
3o correção gramatical (aspectos ortográficos, de quanto ao consumo incontrolado de sal.
pontuação e de concordância, relativos à pa-
dronização da língua).
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Exemplo 6 Esquema:
1. o Assunto: a ajuda das crianças nas tare-
fas domésticas.
Estimular nas crianças o compromisso com 2. o Delimitação: a colaboração infantil nos
a organização da casa é uma das missões trabalhos da casa exige cuidados.
dos pais. Mas é preciso ter cuidados redo- 3. o Objetivo: alertar quanto às precauções
brados na hora de eleger em quais tarefas que devem ser adotadas durante a re-
alização de atividades domésticas por
a ajuda delas é bem-vinda a fim de evitar crianças.
acidentes. “É preciso ter bom senso. De-
pende muito da habilidade e da idade da
criança”, observa Luciana O’Reilly, da Observe que, em ambos os casos, os autores
ONG Criança Segura. Atribuir a elas a or- dos parágrafos organizaram seus textos, a partir
ganização dos brinquedos e a arrumação da do esquema, da seguinte forma:
própria cama, por exemplo, é uma opção • na introdução, apresentaram a delimitação;
segura e repleta de significação. As tarefas • no desenvolvimento, desmembraram o objetivo;
ao ar livre também são adequadas: ajudar • na conclusão, fecharam o texto de modo coeso
a estender a roupa no varal, regar o jardim e coerente.
e auxiliar nos cuidados com a horta são
algumas das atividades liberadas.Produtos
de limpeza devem ser mantidos à distância
dos pequenos ajudantes. “Um erro muito
comum é colocar esse tipo de produto em
embalagens de refrigerante, o que acaba es-
timulando a ingestão. Alguns, como a soda
cáustica e o limpa-fornos, podem causar
lesões irreversíveis”, lembra Fiks, pneu-
mologista do Hospital e Maternidade São
Luís, em São Paulo. (...)
Fonte 18- São Paulo
Arquivo
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A PARÁFRASE
Dispomos de mais de uma maneira de dizer as coisas na lín-
gua. Não é por acaso que utilizamos uma e não a(s) outra(s)
cada vez que falamos ou escrevemos.
Dóris Cristina Gedrat
Mozara Rossetto da Silva
Compreendendo a paráfrase
Leia o texto a seguir e a paráfrase correspon-
dente com atenção.
TEXTO ORIGINAL
PARÁFRASE
Café dos gourmets tamente valorizados. É impossível esquecê-lo, se
A paráfrase
Grãos especiais levam à transformação do bem tirado, de preferência numa máquina de café
cafezinho numa experiência inesquecível. expresso de boa qualidade. Pode-se prepará-lo
O cafezinho, quem diria, destaca-se onde os em casa, bebê-lo em restaurantes finos ou em ca-
sabores e os aromas da alta gastronomia são al- feterias chiques – como a Suplicy, de São Paulo,
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riamente expressões sinônimas, mas, num oração) passa para o início da frase, e o su-
determinado contexto, podem referir-se às jeito vai para o final, inserindo-se o verbo
mesmas pessoas. “ser” antes do verbo principal da frase.
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Exemplo 5 Exemplo 8
O coral cantou o hino, depois a banda Foi necessário fazer todo o esforço
(verbo)
executou a marcha fúnebre. possível para superar a crise.
(verbo)
Foi necessário que se fizesse todo o
O canto do hino pelo coral foi seguido esforço possível para superar a crise.
(substantivo)
pela execução da marcha fúnebre.
(substantivo)
Exemplo 9
Exemplo 6 Não é certo ficarmos esperando pelo
resto da vida.
A justiça ordenou que a criança fosse en-
(verbo) Não é certo que fiquemos esperando
tregue imediatamente aos pais. pelo resto da vida.
A justiça ordenou a entrega imediata Explicação: nos exemplos 8 e 9, as for-
(substantivo)
da criança aos pais. mas verbais são transformadas.
Exemplo 7 Exemplo 10
Pedro é mais forte que João.
Ontem à noite percebi que as palavras
de um velho amigo eram sensatas. João é mais fraco que Pedro.
(adjetivo)
Ontem à noite percebi a sensatez das
palavras de um velho amigo.
(substantivo)
Exemplo 11
Explicação: nos exemplos 5, 6, e 7
trata-se de um processo que altera a classe Maria é mais esperta do que Ana.
gramatical das palavras. Se no texto origi- Ana é menos esperta do que Maria.
nal aparecia um verbo, na paráfrase esse Explicação: nos exemplos 10 e 11, são
verbo será transformado em nome, ou seja, utilizados comparativos de superioridade e
substantivo ou adjetivo, ou vice-versa. inferioridade.
A partir do que foi visto até aqui, pode pare- Por que se escolhe uma forma de
cer que a língua oferece recursos para o emissor dizer as coisas e não a outra?
dizer algo de diferentes maneiras sem nenhum Muitas áreas do conhecimento interessam-
envolvimento intencional de sua parte. No entan- se pelo uso da paráfrase. Sua utilização é mais
to, veremos a seguir que não é assim. A escolha freqüente e mais importante do que imaginamos.
por uma paráfrase em detrimento de outra não é Parafraseamos constantemente, mesmo quando
mero acaso, mas fruto da intenção comunicativa não o fazemos de forma planejada. Quando que-
do falante (emissor), o qual, mesmo que incons- remos reduzir a intensidade de uma afirmação
A paráfrase
cientemente, procura a forma mais eficaz de di- grave ou agressiva, quando queremos intensifi-
zer o que deseja. car a ênfase em um determinado aspecto de algo,
nessas e em outras ocasiões, utilizamos a pará-
frase mesmo sem sabermos.
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renegociar Itaipu
acordo político para mudar os termos do tratado,
buscar mais justiça e igualdade, no curto e médio
prazo, para refletir o que significa Itaipu para o
Paraguai.
Discussão sobre tratado de hidrelétrica Fonte 21 - Zero Hora
compartilhada por Brasil e Paraguai, que não
prevê venda de energia a terceiros, centraliza No Paraguai, Lula nega
visita presidencial.
interesse brasileiro de
Como já era esperado, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva recusou a proposta do go-
revisar Tratado de Itaipu
verno paraguaio de renegociar o Tratado de Itai-
pu - a hidrelétrica binacional que os dois países Lula faz afirmação depois de o presiden-
dividem no Rio Paraná - e aumentar o preço da te Nicanor Duarte dizer que o acordo deveria
energia que o Paraguai vende ao Brasil. ser revisto. Para o presidente, os dois governos
Pelo tratado, cada um dos dois países tem podem tratar de outras questões relacionadas
o direito de utilizar 50% da energia produzida a Itaipu.
pela usina e a energia não-consumida pode ser Em visita hoje ao Paraguai, o presidente Luiz
vendida ao outro sócio. Atualmente, o Paraguai Inácio Lula da Silva afirmou que o governo bra-
consome somente 6% da energia a quem tem di- sileiro não pretende revisar o Tratado de Itaipu.
reito, e por isso cede a maior parte do excedente A afirmação foi feita em discurso no palácio
ao Brasil, a preço de produção. do governo do paraguaio, depois de o presidente
- A sociedade vai compreender que, num fu- Nicanor Duarte dizer que o acordo deveria ser
turo próximo, haverá tantas empresas brasileiras revisto.
produzindo em território paraguaio que Itaipu já “Já tinha tido a oportunidade, em uma entre-
não será motivo de discussão entre nós - disse vista a dois periódicos do Paraguai, de dizer que
Lula, durante entrevista coletiva em Assunção, não estava na cogitação do governo brasileiro a
ao lado do presidente Nicanor Duarte. discussão sobre o tratado”, reiterou Lula.
O debate sobre a situação da hidrelétrica - a Segundo ele, o assunto foi conversado com
maior do mundo - centralizou a visita de Lula e Nicanor Duarte e com ministros de ambos os pa-
ofuscou a agenda de campanha pela produção, íses. “Não existe tema proibido dentro do marco
industrialização e comercialização de biocom- do tratado”, acrescentou o presidente brasileiro.
bustíveis. A vinda de Lula ao Paraguai, pela Ele ressaltou que os dois governos podem
primeira vez em visita oficial, foi precedida por tratar de outras questões relacionadas a Itaipu.
duras críticas da oposição política que qualificou “Penso que precisamos fazer uma coisa de cada
Duarte de “entreguista” pelo fato de ele não re- vez, porque o que me interessa mais é contribuir
clamar do preço “irrisório” pago pelo Brasil pela para que a economia do Paraguai possa crescer.
cessão de energia do Paraguai. E, crescendo a economia do Paraguai, possamos
Conforme a imprensa paraguaia, o total utilizar toda a energia de Itaipu”.
pago anualmente pelo Brasil ao país vizinho pela Na avaliação dele, a relação entre os dois
energia excedente - que, em 2006, foi de US$ 373 países avançou bastante, principalmente porque
milhões - é um preço abaixo do valor de mercado Paraguai e Brasil começaram a olhar na mesma
e mostra uma posição “imperialista” do Brasil. direção. Disse, ainda, que ambos poderão dar no-
Em sua edição de ontem, o jornal ABC Color, vos passos se souberem lidar com a burocracia.
em editorial, avaliou que o preço justo seria de “O problema da burocracia não é apenas da
US$ 2 bilhões ao ano. burocracia brasileira ou paraguaia. A burocracia
Pouco antes da entrevista de Lula, Nicanor é burocracia em qualquer parte do mundo. Nós,
A paráfrase
Duarte, em discurso, pediu mudanças no tratado latinos, reclamos muito. Quando não temos a
da usina: quem culpar, culpamos a burocracia”.
- Mesmo vendo a boa vontade do presiden- Fonte 22 - Jornal de Brasília
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A escolha das informações e dos comentá- Itaipu, o Jornal de Brasília limita-se a transmitir
rios expressos por um e outro periódicos revela o os fatos, sem muita interpretação.
objetivo que cada um tem ao publicar a notícia. Qualquer falante é capaz de produzir um nú-
Entre outras diferenças, enquanto a Zero Hora mero infinito de paráfrases, e esse recurso lingüís-
oferece uma análise mais acurada do significa- tico é utilizado para os mais diferentes propósitos,
do da recusa do presidente Lula para renegociar como, por exemplo, nos casos a seguir:
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Retextualização
Em vários momentos, deparamo-nos com a necessidade
de escrever aquilo que ouvimos, isto é, de passar o discur-
so oral para o escrito.
Mara Elisa Matos Pereira
Maria Alice da Silva Braga
Mozara Rossetto da Silva
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FALA ESCRITA
Interação face a face Interação a distância (espaço-temporal)
Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à Planejamento anterior à produção
produção
Criação coletiva: administrada passo a passo Criação individual
Impossibilidade de apagamento Possibilidade de revisão
Sem condições de consulta a outros textos Livre consulta
A reformulação pode ser promovida tanto pelo A reformulação é promovida apenas pelo
falante como pelo interlocutor escritor.
Acesso imediato às reações do interlocutor Sem possibilidade de acesso imediato
O falante pode processar o texto, redirecionando-o O escritor pode processar o texto a partir das
a partir das reações do interlocutor possíveis reações do leitor
O texto mostra todo o seu processo de criação O texto tende a esconder o seu processo de
criação, mostrando apenas o resultado.
Fonte 23 - Oralidade e escrita
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dizer.
expressões
• introdução da paragrafação
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TRANSCRIÇÃO 1
Qual é a sua opinião sobre os transpor- E sobre o centro da cidade?
tes em Porto Alegre? sobri ah Porrtalegri u centru di Porrtale-
bom u qui eu achu du:: du transporrte u gri eu achu assim qui u centru de Porrtalegri as
qui eu achu dus ônnibus é qui:: us motorista pessoas éh::: sei lá ... tem muitus crianças ah...
sãu muitu dus ignorantis i maltratu muitu us pedindu errmola muit::us vélhu::s ah pedindu
velhinhus (( suspirou )) i as pessoa deficienti errmola i:: muitas coisas assim extragada né?
mintal i tem agora aquelis negóciu di carrteri- cumidas ex- tra-ga-da pelu centru comu verrdura
nha quandu elis pedi a carrterinha qui a genti otras coisa mais inveiz deli ajudá aquelas pissoas
nãu::... tem ... elis omilha bastanti na frenti di pobris elis nãu ajudu pefiru botá no lixu...
TODU mundu dentru dus ônhibus
RETEXTUALIZAÇÃO 1
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Arquivo
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RESUMO E RESENHA
Nas situações mais variadas da vida, a nossa capacidade
para resumir é exigida e testada à revelia da nossa vontade
de ver como isso acontece!
Débora Mutter
Maria Alice da Silva Braga
Porque é importante
saber resumir?
A importância da síntese
O poder de síntese sempre foi considerado
uma virtude, além de ser, em muitos casos, uma
necessidade. Entretanto, na era da tecnologia
da informação, sua utilidade se faz ainda mais
visível. As inúmeras situações vivenciadas que
necessitamos transmitir cabem somente em uma
forma reduzida, ou melhor, resumida. Um de-
terminado assunto ganha inúmeras versões e en-
Arquivo
foques, dos quais tomamos conhecimento quase
sem perceber, mesmo quando os buscamos du-
rante uma pesquisa. Assim, é fundamental para são as formas textuais adequadas.
as atividades intelectuais o perfeito domínio das Podemos afirmar, com segurança, que todas
modalidades textuais próprias ao ato de resumir. elas são sínteses de conteúdos mais extensos,
que se caracterizam por resguardar alto grau de
Quais as modalidades textuais pró- fidelidade com o original a que se referem. Tais
Resumo e resenha
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lazer, entramos em contato com formas textuais resumidas sem pensar que elas são o produto de um
processo relativamente complexo.
Há um elo radical que as vincula ao resumo. É em razão disso que precisamos primeiro ter uma
idéia clara sobre a noção de resumo, para depois, a partir daí, considerar as derivações para as outras
duas formas que nos interessam: a resenha e a recensão.
O que é um resumo?
Basicamente, um resumo é apresentação de trabalho –, adotamos uma postura de narrador
abreviada do conteúdo de um texto, de um livro, do evento. Como nunca será possível relatar os
de um filme, de uma peça teatral, de uma obra de fatos num espaço de tempo igual ao dos eventos,
arte ou ainda de um acontecimento real. necessitamos do resumo. Seremos o narrador do
Na eventualidade de necessitarmos resumir evento na sua forma resumida. Junto a isso, preci-
um acontecimento que presenciamos ou do qual samos também adotar uma postura com relação ao
fomos protagonistas – circunstância prevista tanto conteúdo resumido. Segundo Reis*.
no cotidiano como em depoimentos, em relatórios
Fonte 24 -Dicionário de narratologia
Tecnicamente, o resumo é a
exposição sucinta das idéias
Observe que o período do acontecimento é principais de um texto – e de
de um dia inteiro e envolve várias ações observa- seu autor –, sem a inclusão de
das e reunidas na forma descritiva pelo autor, ou juízos.
seja, do resumo de um dia inteiro na vida de um
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Como podemos deduzir, a escolha das idéias Segundo Martins (2002), a ABT – B 88 pre-
principais exige a seleção de aspectos principais vê dois tipos de resumo:
por parte do autor do resumo. Assim, temos a se- • Indicativo: apresenta apenas os pontos
gunda característica do resumo, ou seja, ele nun- principais do texto, sem dados qualita-
ca é elaborado pelo próprio autor do original*. tivos ou quantitativos. É comum em ca-
Para Cunha, “resumir não significa recortar tálogos de editoras e bibliotecas ou em
frases ou partes de frases do texto original. Resu- fichas de pesquisa.
mir é reescrever o texto com as próprias palavras, • Informativo ou crítico: informa o leitor
destacando o que realmente é essencial. Portan- de forma mais global sobre o texto ori-
to, para resumir um texto é preciso compreendê- ginal. É freqüente em comentários para
lo como um todo.” 2 estudos acadêmicosw e resenhas críticas
de revistas e jornais.
Para ambos os modelos, a técnica de resumir
é a mesma, o que muda é a forma na exposição
do resultado.
Casca de banana
Está para nascer o sujeito que consegue mulher e até uma casa para a família.
se olhar no espelho e admitir: “Sou um mala”. Parece bem óbvia a mensagem por trás
O doloroso diagnóstico da própria inconveni- desta glorificação do gesto de honestidade:
ência, além de uma boa dose de autocrítica, reforça-se positivamente, com prêmios e até
exige o complexo exercício de olhar-se de fora elogios do presidente da República, o compor-
e imaginar o impacto das próprias ações sobre tamento que se deseja incentivar. O curioso
os outros. nessas fábulas morais que aparecem nos jor-
Com conceitos mais sofisticados, mas re- nais é que o herói é sempre o pobre, o desem-
lativamente subjetivos, como ética, acontece pregado, aquele sujeito que, intimamente, nos
mais ou menos a mesma coisa. Ninguém – es- parece compreensível que pegue o dinheiro do
pera-se – chega em uma roda de amigos e con- jogador de golfe ou do turista estrangeiro.
fessa: “Cuido de mim, e o resto que se vire”. Mas, como bem nos lembrou o deputado
Mas o “cuido de mim”, todo mundo sabe, é recém-eleito Clodovil, todo homem tem seu
mais a regra do que a exceção. preço – nós também. Talvez seja um pouco
Uma dessas exceções que esfregam a re- mais do que um ano de gás de cozinha, é ver-
gra na nossa cara ganhou destaque esta sema- dade, ou pode, inclusive, não ter nada a ver
na. A história é parecida com outras tantas que com dinheiro. O ponto é que somos expostos
a gente lê no jornal de vez em quando: sujeito a decisões morais o tempo todo. (...). Ética
pobre, o ex-vigilante Márcio José Ramos en- não é uma palavra bonita para usar em tempo
contra em um campo de golfe um pacote de de eleição contra os políticos que a gente não
dinheiro, US$ 6 mil, e devolve ao dono. Ano gosta. Ética reafirma-se periodicamente dian-
passado, um faxineiro do aeroporto de Brasília te de situações cotidianas imprevistas.
que encontrou US$ 10 mil e os devolveu foi Como lembrou o juiz Leoberto Brancher
recebido como herói pelo presidente Lula no em uma entrevista esta semana, hoje em dia
Palácio do Planalto. O Márcio ainda não foi não se ensina mais as crianças a juntar a cas-
chamado a Brasília, mas também está sendo ca de banana para que outro não escorregue.
tratado como herói pela comunidade: ganhou Talvez estejamos chegando ao ponto em que
curso profissionalizante, um ano de gás de juntar a casca de banana no chão mereça me-
Resumo e resenha
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tantas que a gente lê no jornal de vez em um pouco mais do que um ano de gás de
quando: sujeito pobre, o ex-vigilante Már- cozinha, é verdade, ou pode, inclusive, não
cio José Ramos encontra em um campo de ter nada a ver com dinheiro. O ponto é que
golfe um pacote de dinheiro, US$ 6 mil, e somos expostos a decisões morais o tem-
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resumir o objeto, faz uma avaliação sobre comum nas “aulas de português”.
ele, uma crítica, apontando os aspectos
positivos e negativos. Trata-se, portanto, O velho pesquisador apaixonado pe-
de um texto de informação e de opinião, los problemas da língua, teórico de espírito
também denominado de recensão crítica.
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U
sem dono, dos paulistas Beto Brant e Renato Cias- ma breve análise de cada um dos
ca, com várias locações na cidade de Porto Alegre. atributos citados de Cão sem
Opções narrativas e relação com a identida- Dono pode sugerir pontos a se-
de local ajudam a explicar o impacto do filme rem enfrentados nesse autoquestionamen-
Cão sem dono. to. Comecemos pela relação do especta-
dor de Porto Alegre com a cultura local
reconstruída na tela: de uma intensidade
nunca antes vista, ela é fruto de aspectos
Porto Alegre nua e crua tanto da esfera do conteúdo quanto da for-
O
impacto de Cão sem Dono sobre ma do filme. Por um lado, se é verdade
o cinema local poderá ser admiti- que o campo temático da obra - os efeitos
do menos ou mais explicitamente do romance entre os jovens Ciro e Marce-
por nossos realizadores, mas já é um fato. la (Júlio Andrade e Tainá Müller) sobre o
Ele decorre, a meu ver, de três atributos desapego existencial do primeiro - situa-
centrais do filme. Primeiramente, dentre se em terreno universal, próprio de uma
as obras em 35mm já produzidas no Esta- geração de classe média pós-industrial e
do, é a que oportuniza ao espectador nati- transnacional, observe-se que os persona-
vo a relação cinematográfica mais densa e gens vivenciam seu drama nitidamente in-
fecunda com a identidade cultural porto- fluenciados por um contexto cultural local
alegrense. Em segundo lugar, a metodolo- que lhes fornece cor e substrato.
gia de produção implementada por Brant [...]
e Ciasca subverte frontalmente a cultivada
Concluindo, gostaria de ressaltar:
pelo longa-metragem gaúcho do período
não postulo, sequer insinuo, que o cine-
pós-Collor, ao deslocar as prioridades
ma gaúcho deva, em regime permanente,
desde os aspectos produtivos para os ar-
tematizar a cultura e a identidade locais,
tísticos, com a obtenção de resultados de
dispensar valores de produção e qualidade
modo geral bastante superiores. A terceira
técnica em prol da criação ou transportar-
estimulante qualidade de Cão sem Dono,
se ao domínio do filme de arte. Antes,
por fim, é sua franca adesão ao formato do
refletir sobre esses pontos me parece um
cinema de arte, recuperando uma vertente
caminho nada desprezível - em muito fa-
de há muito preterida pelos cineastas lo-
cilitado pela aparição de Cão sem Dono.
cais, tão bem ensaiada na fase superoitista
Romantizando, quisera o cenário político-
de Deu Pra Ti Anos 70 (Nelson Nadotti
cultural franqueasse a manifestação das
e Giba Assis Brasil, 1981). Esse conjunto
mais diferentes tendências estéticas em
de elementos, penso eu, poderia induzir o
nosso cinema. Entre outras diversida-
cinema gaúcho a repensar seu atual qua-
des, seria bem-vinda a multiplicidade de
dro de impasse estético e mercadológico,
abordagens ao tema da identidade local -
evidente no naufrágio de crítica e público
afirmativas, renovadoras e contestatórias
de filmes como Noite de São João (Sérgio
-, em oposição aos projetos dirigistas ou
Silva, 2003), Sal de Prata (Gerbase, 2005)
hegemônicos de cunho regionalista, anti-
e Diário de um Novo Mundo (Paulo Nas-
localista etc. Se uma fórmula cultural deve
cimento, 2005).
ser buscada, certamente é a pluralista.
Resumo e resenha
1
Fernando Mascarello é doutor em Cinema pela Universidade
de São Paulo, coordenador do curso de especialização em Observamos um relato claro e bem cuidado
Cinema da Unisinos e organizador do livro História do cinema
mundial. sobre o filme Cão sem dono. O crítico analisa
toda a produção cinematográfica, desde o roteiro
até as locações, passando pela atuação dos atores
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e do diretor. Ele refere que o longa dá uma visibi- se em torno de um mesmo assunto. A recensão
lidade esporádica, mas intensa de nosso cenário distingue-se da resenha pela maior extensão, por
urbano, exibindo um caráter realista poucas ve- uma relativa objetividade no exame dos pro-
zes alcançado no cinema brasileiro. Mostra que blemas e pelo suporte documental: minuciosa,
a produção valoriza as marcas identitárias porto- analítica, pressupõe um rigor que apenas tem
alegrenses articuladas no filme, sem incidir em guarida nas dimensões de uma revista. Não raro,
qualquer tipo de regionalismo. certas recensões tornam-se artigos ou ensaios
importantes, tanto quanto as obras analisadas.
Sob essa perspectiva, a recensão constitui-se
A recensão constitui-se na avaliação crítica de mais de uma obra, tendo,
na avaliação crítica de pois, como base a comparação entre as obras
mais de uma obra, tendo, envolvidas.
pois, como base a com-
paração entre as obras Como podemos constatar a fronteira entre as
envolvidas. três modalidades é relativamente tênue. Por essa
razão, aquele que pretende escrever intencional-
mente em uma das modalidades deve observar as
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CONCORDÂNCIA
VERBAL E NOMINAL
A vida impõe-nos as concordâncias. Assim, no discurso es-
crito também devemos observar as concordâncias entre os
termos na oração.
Daniela Duarte Ilhesca
Maria Alice da Silva Braga
O que é concordância
verbal? Arquivo
Observe a ilustração.
Na charge apresentada, na oração “Admite-
se faxineiros c/ experiência”, percebemos que
há um problema gramatical, pois o verbo admitir
está no singular, contrariando uma regra funda-
Concordância verbal e nominal
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Sujeito Verbo
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2. Sujeito composto e posposto Pode haver dupla concordância: a)Chegaram a menina e o menino.
ao verbo a)SINGULAR (com o primeiro elemento). b)Chegou a menina e o menino.
b)PLURAL (com todos os elementos).
4. Sujeito coletivo determinado a) Verbo no SINGULAR (concordando com o coletivo). a) A turma de estudantes gritava no prédio.
b) Verbo no PLURAL (coletivo acompanhado de substantivo no b) A turma de estudantes gritavam no prédio.
plural).
5. Sujeito representado pelo Verbo concorda em número e pessoa com o ANTECEDENTE Foram os moradores que reclamaram das crian-
pronome QUE DO PRONOME RELATIVO. ças.
6. Sujeito representado pelo Verbo concorda na 3ª PESSOA DO SINGULAR. (concordância Foram os moradores quem reclamou das crianças.
pronome QUEM mais rigorosa). *Foram os moradores QUEM reclamaram das
* Forma menos usual. crianças.
7. Sujeito resumido por um Verbo no SINGULAR. Gritos, risadas, brincadeiras, tudo irritava os vi-
pronome indefinido (TUDO, zinhos.
NADA, NINGUÉM etc.)
8. Sujeito composto com O verbo vai para o PLURAL e concorda com a menor pessoa. As crianças e eu brigamos com as vizinhas.
pronomes pessoais de pessoas As crianças e tu brigaram com as vizinhas.
diferentes
9. Sujeito representado por um Verbo na 3ª PESSOA DO SINGULAR. Vossa Eminência participará da festa?
pronome de tratamento
10. Verbo HAVER (impessoal) Verbo HAVER, indicando existência: 3ª PESSOA DO SINGU- Há (existir) muitas crianças na rua.
LAR. * Deve haver muitas crianças na rua.
* Em uma locução verbal com o verbo HAVER, o auxiliar assume Existem crianças na rua.
as características da impessoalidade (3ª pessoa do singular).
O verbo EXISTIR aceita o PLURAL.
11. Verbo FAZER (impessoal) Verbo na 3ª PESSOA DO SINGULAR. Faz muitos anos que moramos no prédio.
– indicando tempo decorrido ou *Em uma LOCUÇÃO VERBAL com o verbo FAZER, o auxiliar Faz verões terríveis aqui no prédio.
fenômeno da natureza assume as características da impessoalidade (3ª pessoa do * Deve fazer muitos anos que moramos no prédio.
singular)
12. Verbos DAR, BATER, Quando o sujeito não está anteposto, os verbos concordam com o Deram quatro horas.
SOAR NÚMERO QUE INDICA AS HORAS. ou
O relógio (sujeito) deu 4 horas.
13. Verbo SER O verbo SER concorda com o PREDICATIVO: a) O complicado são os problemas.
a) quando o SUJEITO for NOME DE COISA; b) A maioria eram universitários.
b) quando o SUJEITO for formado por uma palavra ou EX-
c) O problema somos nós.
PRESSÃO DE SENTIDO COLETIVO;
c) quando o PREDICATIVO for um PRONOME PESSOAL.
14. Verbo SER – sujeito O verbo SER concorda, por atração, com o PREDICATIVO. Tudo são preocupações.
representado por tudo, isso, isto Aquilo eram situações inconvenientes.
ou aquilo.
15. Voz passiva Quando o verbo vier acompanhado pela partícula SE, terá sujeito Alugam-se casas de veraneio.
Concordância verbal e nominal
expresso na oração e, portanto, concordará com o SUJEITO. Casas de veraneio são alugadas.
Vendem-se roupas usadas.
Roupas usadas são vendidas.
16. Índice de indeterminação Quando o “se” funcionar como Índice de Indeterminação do Precisa-se de operários.
do sujeito Sujeito, o verbo ficará sempre na 3º pessoa do singular. Acredita-se em novas alternativas.
17. Verbo parecer a) Flexiona-se o verbo parecer e não se flexiona o infinitivo. a) As roupas pareciam ficar enormes no corpo.
b) Flexiona-se o infinitivo e não se flexiona o verbo parecer. b) As roupas parecia ficarem enormes no corpo.
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garotas. Isso significa que as palavras, no texto, traordinárias. (o adjetivo refere-se a dois
assumem posições e relações de concordância. substantivos)
Podemos inferir que as palavras concor-
dam entre si dentro da oração.
Sob essa perspectiva, vamos montar um Adjetivo referindo-se a mais de um substantivo
quadro para melhor visualização dos elementos Pode vir, neste caso, anteposto ou posposto
que devem concordar entre si: aos substantivos.
novas garotas
adjetivo feminino substantivo feminino
plural plural
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substantivo adjetivo.
Exemplo:
Neste caso, há duas concordâncias possíveis.
As novas vizinhas de Calvin derrotaram a sele-
ção feminina e a masculina.
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A VÍRGULA, A CRASE E
OS PORQUÊS
O emprego incorreto da vírgula, da crase e do porquê pode
alterar significativamente a informação que um texto pre-
tende veicular.
Cleide Bacil de León
A vírgula
Ao empregar a vírgula de
maneira correta, você
presta clareza ao texto Arquivo
Os sinais de pontuação auxiliam o leitor a entender as razões que nos levam a usar esse sinal,
identificar nossos questionamentos, nossas ex- agrupamos as normas em um conjunto de regras.
clamações e pausas, longas ou não. Quando em- Empregamos a vírgula quando temos:
pregamos bem esses sinais, nosso texto fica cla- a. aposto;
ro, e a mensagem é transmitida e compreendida b. vocativo;
facilmente, tornando o processo comunicativo c. inversão na ordem das palavras;
um sucesso. No entanto, quando os empregamos d. inversão na ordem das orações;
de forma inadequada, nosso leitor não compreen- e. conjunções coordenativas adversativas
de o que desejamos informar. Isso, tratando-se de e conclusivas;
texto escrito, é muito grave, porque, ao contrário f. orações unidas pelo e com sujeitos diferentes;
do texto oral, em que podemos contar com outros g. enumeração;
recursos no processo comunicativo, a produção h. palavras explicativas ou retificadoras;
escrita tem que se bastar lingüisticamente. i. omissão do verbo.
A vírgula é um sinal muito importante, uma
vez que sinaliza aspectos gramaticais e semân-
A vírgula, a crase e os porquês
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com sujeitos diferentes para cada uma delas modo etc.) no final da frase,
(ver o verbo), usamos vírgula antes do e. sua posição natural, não é uti-
Exemplos: lizada a vírgula;
Parole é uma menina estudiosa, e gosta de
estudar a língua materna. (duas orações com o • palavras, expressões, orações
mesmo sujeito – Parole) que completam ou restringem
Parole é muito estudiosa e sua mãe fica o significado de outras não
muito orgulhosa. (duas orações com sujeitos di- devem ser separadas por vír-
ferentes – Parole é sujeito da primeira oração, e gulas.
sua mãe da segunda)
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Exemplo: Exemplo:
Ele referiu-se àquele livro com muito en- Referiu-se a uma senhora que estava
tusiasmo. presente.
• Pode ocorrer crase diante de pala- • Antes de pronomes em geral.
vras masculinas, quando se suben- Exemplo:
tendem as expressões à moda de, à Dê o livro a essa senhora.
semelhança de ou à maneira de. • Quando a palavra que segue o a
Exemplo:
estiver no plural.
Ele jogava futebol à Pelé.
Exemplo:
• A locução à distância só recebe o Dê o livro a pessoas interessadas na leitura.
acento grave quando estiver deter- O uso da crase é facultativo nas situa-
minada. ções abaixo:
Exemplo:
• Antes de pronome possessivo fe-
Estávamos à distancia de 50 metros.
minino.
• Sempre se acentua o a nas expres- Exemplo:
sões que indicam horas. Compre o presente a/à minha filha.
Exemplo:
• Com a locução até a seguida de
Sairemos à zero hora.
nome feminino.
• Diante da palavra casa, quando Exemplo:
acompanhada de modificador. Vou até a/à farmácia.
Exemplo:
Voltei à casa de meus amigos depois de
um ano. (com modificador) Situações Sim Não Opcional
Não devemos colocar o acento grave Diante de palavras
femininas x
nos seguintes casos:
Diante locuções com
• Diante da palavra casa com o sig- palavras femininas x
nificado de “lar” e da palavra terra
Diante dos pronomes
com o significado de “terra firme, aquele, aquela e aquilo x
chão”, quando estiverem desacom-
panhadas de modificador.
Diante da palavra casa x
Exemplo: Diante da palavra casa
com modificador x
Voltei a casa tarde. (sem modificador)
Diante das expressões
• Antes de nome de cidade. que indicam horas x
Exemplo:
Vou a Fortaleza.
Diante de verbos x
Diante de palavras mas-
• Antes de verbos. culinas x
Exemplo:
Entre palavras repetidas x
A vírgula, a crase e os porquês
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Os porquês
Nós temos que saber usar os porquês, por
quê? Porque é importante para entender o senti-
do correto das frases e para que o que queremos
expressar seja corretamente interpretado.
Os porquês podem ser grafados de quatro
formas diferentes: por que, porque, por quê e
porquê. Arquivo
É importante fazer a distinção entre eles, já Vejamos então quando devemos usar cada
que têm usos diferentes dentro do português cul- um dos porquês:
to e podem alterar o sentido de frases, períodos e
• Por que: é empregado no início de fra-
textos, como observamos nos exemplos abaixo:
ses interrogativas e equivale a por qual
• Por que você chegou tarde? / Ele não razão ou por qual motivo. Também é
sabe por que motivo chegou tarde. usado quando as palavras motivo ou
• Cheguei tarde porque o ônibus não razão estão claras ou subentendidas.
passou a tempo. • Porque: é usado para respostas; com
• Você chegou tarde, por quê? ele damos explicações. Há casos que
indica finalidade e equivale a “para
• Quero saber o porquê de seu atraso. que”, “a fim de”.
• Por quê: é empregado em final de ora-
ção e equivale a por que motivo. Re-
cebe acento porque é um monossílabo
tônico no final da oração.
• Porquê: equivale a um substantivo e,
por esse motivo, admite o plural e a
anteposição de um artigo.
No
ss
fo o p
i e rin
st cip
fe uda al
re r a ob
nt s p je
vés es tiv
à rin o n
At d a c om c ipa es
é o e sc u i s te
rit n ica qu cu
as ca a e ç e rs
no p ítu m ão st o
çõ lo lín ef õe
tua es 8 g i c s r
lid c , ti ua az e-
ad en vem po at
mo e e tr os rt ra
s t , a ais ug -
ao óp p s co ue
i c a r ob nta sa
su o s t i r r e t o .
tar po imp do te co
ef rt or xto m
a d e g no
ra tan no e t
pa a es ma te , e e
cr tic s r xpl x -
nh ef or
Arquivo á-l ita al er a-
o d . Fo ne
A vírgula, a crase e os porquês
ur i u c e n
an m es te
pr sá s
te az rio
es e na
ta r a
jo co
rn m-
ad
a!
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REFERÊNCIAS
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Sumário
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