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VII SEMEAD TRABALHO CIENTÍFICO

COMÉRCIO EXTERIOR

ESTRATÉGIA E GLOBALIZAÇÃO

Autores:
Miriam Stolses Mazo (Mestranda em Organizações e Estratégia da Universidade Federal do
Paraná. Rua José de Alencar, 151. Apto 64. CEP 80050-240. Curitiba – PR E-mail:
mstolses@uol.com.br. Fone: (41) 262 6756 ou (41) 9107 1114).

Márcia Cristina Teixeira (Mestranda em Organizações e Estratégia da Universidade Federal


do Paraná. Rua Schiller 33, ap.502 Cristo Rei, Curitiba. E-mail: lecmag@ig.com.br . Fone
(44)2620111 ou (41) 3628571).

Cláudio Aurélio Hernandes (Mestrando em Organizações e Estratégia da Universidade


Federal do Paraná. Rua Senador Souza Naves, 682, ap. 31 Alto da XV, CEP 80050-040,
Curitiba. E-mail: cláudio@radioscan.com.br. Fone (041) 363-4521 ou (41) 9925-5006)

RESUMO:
O objetivo deste paper é traçar um panorama que demonstre a inserção das
organizações no mercado mundial frente ao processo de globalização bem como demonstrar
algumas estratégias adotadas por estas organizações para a inserção neste mercado.
Assim sendo partimos da consideração das organizações sob a perspectiva de
sistemas abertos a fim de visualizá-las como parte integrante de um sistema dinâmico mundial
dando destaque à formação dos blocos econômicos.
Após esta contextualização relacionamos alguns tipos de organizações quanto à
atuação internacional e os tipos de estratégias adotadas.
Por fim fazemos uma breve discussão sobre os desafios da gestão internacional.

Palavras-chave: Administração estratégica, globalização, gestão internacional.


ESTRATÉGIA E GLOBALIZAÇÃO
INTRODUÇÃO
A administração estratégica ganha destaque cada vez maior por estar cada vez mais
integrada com a realidade das organizações. Ela possui uma gama infinita de variáveis com as
quais se preocupar. Um dos principais problemas são as variáveis não controladas pela
organização. Ainda que estas variáveis possam ser facilmente encontradas no ambiente
interno das organizações é no ambiente externo que podemos vê-las de forma mais evidente.
AS ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS
As organizações como sistemas abertos estão sempre inseridas em ambientes
complexos. Esta complexidade pode ser alta ou baixa, mas podemos partir do pressuposto que
não há ambientes simples, mas simplificados. Pode-se especular sobre esta afirmação, mas
efetivamente nos interessa no momento ter a idéia clara de que as organizações são afetadas
pelo meio que as circunda.
Bauer (1999) considera que só há lógica em se pensar em sistemas fechados, pois a
comunicação com o meio é inevitável. Segundo este autor, sistemas sempre estão inseridos
dentro de outros sistemas. Todavia, não podemos abandonar as perspectivas de sistemas
naturais e sistemas racionais, pois estas três teorias representam idéias parciais de uma mesma
realidade. Assim, complementam-se.Fica claro desta forma que a perspectiva dos sistemas
abertos não exclui os sistemas racionais e naturais. A combinação entre eles é considerada por
vários autores: o modelo estruturalista de Etzioni, o modelo contigencial de Lawrence e
Lorsch, o modelo de Thompson e o modelo desenvolvido por Willian R Scott.

Tendo como campo de estudo os sistemas, a cibernética parte da noção de que os


mesmos são um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, formando uma
atividade para atingir um objetivo, operando sobre entradas (informações, energia ou matéria)
e formando saídas (correspondente às possíveis entradas) processadas. Os elementos e as
relações, assim como, os objetivos, são o que definem um sistema. A rede de relações define
o estado do sistema e as linhas destas relações são a comunicação que constituem as decisões.
Dessa forma, temos que um sistema é dinamicamente relacionado, formando uma atividade
para atingir um objetivo e operando sobre dados/energia/matéria para fornecer
informação/energia/matéria.

A cibernética é uma ciência criada por Norbert Wiener (matemático americano que
viveu entre 1894-1963), cuja produção fundamental deu-se entre 1943-47, período em que,
concomitantemente, Von Neumann e Morgenstern (1947) criaram a Teoria dos Jogos,
Shannon e Weaver (1949) criaram a Teoria Matemática da Informação e Von Bertalanffy
(1947) definia a Teoria Geral dos Sistemas. É uma ciência interdisciplinar que permite a
conexão entre outras ciências (podendo ter ação diretiva entre elas) pela identificação das
áreas brancas no mapa das ciências, dando-lhe o atributo de um novo campo de comunicação
e controle entre diferentes ciências.
A análise organizacional do ponto de vista dos sistemas abertos amplia o poder de
visão uma vez que considera o ambiente externo como agente modificador da lógica
organizacional. Nesse sentido podemos encarar um processo de globalização com uma
mudança significativa das pressões externas sobre as organizações.

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GLOBALIZAÇÃO
O fenômeno da globalização não é uma coisa recente. Podemos ver que o império
romano promoveu a globalização de sua época. Os portugueses também foram agentes
globais na época das grandes navegações quando comerciantes viajavam para a Índia e outros
países da Ásia para adquirir especiarias e vender em sua terra natal, e até antes quando os
vinhos portugueses eram importados pela Inglaterra que exportava seus produtos
manufatureiros para o resto da Europa. A troca de produtos e a procura de melhores lugares
para investir, sempre foi mola propulsora da atividade econômica mundial.
Em nossos dias, a evolução da tecnologia dos transportes, o advento da informática
nos anos 60 sua popularização nos anos 80 e a explosão das redes de comunicação nos anos
90, a velocidade de troca de informação e comercialização de produtos tomou um tamanho e
uma velocidade jamais conhecidos e esse fenômeno foi batizado então como globalização.
Desse modo pode-se ver que historicamente a globalização é um processo cíclico que
reflete a predominância social de cada época. Assim, em cada período histórico ela possui
características próprias. A globalização moderna difere das anteriores por estar baseada no
elevado avanço tecnológico e na expansão capitalista levada a cabo principalmente por
pressões dos países industrializados. Assim a globalização é um processo ao mesmo tempo
em que é resultante de outros processos.

Expansão capitalista
Expansão tecnológica

Globalização

Figura 1
Assim a formação da globalização ocorre de sob forma dinâmica de construção e
reconstrução. Se a expansão capitalista foi o primeiro impulso para a busca de mercados
mundiais, foi o avanço tecnológico que possibilitou essa expansão. Esses, entretanto, são dois
movimentos que se complementam e que podem ser vetores bidirecionais, ou seja, o
investimento em tecnologia possibilita a criação de mercados e este por sua vez viabiliza o
desenvolvimento de novas tecnologias.
O cúmulo da expansão de mercados é justamente a atuação de organizações em
âmbito mundial. O que já foi definido pelo termo “globalização”. A figura 1 expressa
exatamente esse ciclo que se auto-impulsiona. Obviamente esse movimento cíclico não
retorna ao seu ponto de partida nunca e assim não é um modelo estático. As mudanças

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temporais e o acúmulo de conhecimento fazem com que ao invés de um circulo essa figura
seja mais parecida com uma espiral.
Não podemos deixar de considerar que esta “expansão capitalista” da qual nos
referimos é efetivamente movida por organizações cujo objetivo final é o capital. Assim,
efetivamente a globalização é resultado do crescimento das organizações que para tal apóiam-
se nas tecnologias disponíveis. Temos, pois, concluído que a globalização da é produto do
próprio avanço organizacional.
A expansão internacional das organizações, entretanto, não se faz alheia aos Estados.
Os governos tomam decisões voltadas às políticas internacionais da mesma forma que as
organizações internacionais. Estas decisões podem tanto beneficiar quanto prejudicar as ações
organizacionais. Podem também beneficiar algumas enquanto prejudicam outras. Foi nesse
contexto que começou a formação de blocos econômicos entre países geograficamente
próximos.
A FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS
Após o final da Segunda Guerra Mundial houve um período caracterizado pela
bipolarização mundial. De um lado os países capitalistas liderados pelos Estados Unidos da
América (EUA) e de outro lado os países comunistas liderados pela então União das
Republicas Socialistas Soviéticas (URSS). Esse período foi também caracterizado pela
“guerra fria” que era uma disputa não armada e não declarada entre EUA e URSS. A
bipolaridade mundial teve a atenção mundial por mais de quatro décadas e influenciou de tal
maneira as economias mundiais que a queda do muro de Berlim em 1982 foi um marco para a
historia mundial. Entre 1989 e 1992 houve um efeito dominó que resultou na proclamação de
independência de vários países do leste europeu que até então estavam sob as égides do
comunismo.
Ainda que a ascensão e queda do comunismo não seja tema deste trabalho, o seu
efeito na bipolarização mundial pode nos fazer ver com maior nitidez o passo seguinte que
deu a sociedade mundial, a formação de blocos econômicos. Com a queda do regime
comunista, houve de uma certa forma uma redistribuição das influencias pelo mundo. Com o
objetivo de proteger interesses comuns iniciou-se da década de 50 a formação de blocos
econômicos. Inicialmente a formação de um bloco visa o estabelecimento de medidas que
tragam benefícios ao comercio entre os países membros como isenção de tarifas e barreiras
alfandegárias. Um passo seguinte é fazer com que a formação do bloco sirva como fonte de
vantagem competitiva em negociações com mercados mais distantes, podendo ser com outros
países ou outros blocos econômicos. A formação de blocos econômicos mudou a realidade
econômica mundial.
A integração econômica segue alguns passos bem definidos, embora não seja clara a
passagem de uma para outra fase. Inicia-se com o estabelecimento de regras simples visando a
aproximação econômica inda até a união política que conta com estratégias comuns incluindo
estratégias militares.

5 - União política

4 - União monetária

3 - Mercado comum

2 - União aduaneira
4
1 - Zona de livre comércio
Tabela 1. Etapas da integração econômica.
OS PRINCIPAIS BLOCOS – UE, NAFTA E APEC
A União Européia é atualmente o principal bloco econômico do mundo. Surgiu em
1957 pela união de seis países europeus sobre a siga CCE (Comunidade Econômica
Européia). Atualmente conta com 25 países e seus membros falam 20 línguas diferentes.
Inicialmente a CCE foi vista como algo fadado ao fracasso tendo em vista a grande
diversidade cultural dos países envolvidos. Entretanto, a integração de ocorreu de uma tal
maneira que hoje a UE já está na chegando na última etapa da integração. Na época da
formação da CCE o objetivo principal era contrapor-se à economia americana que
desenvolveu-se muito durante a Segunda Guerra e no pós guerra era o maior credor mundial.
Para remediar o poder da UE os EUA consolidaram em 1994 a criação do NAFTA
(North American Free Trade Agreement), o Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
Integrando as economias dos EUA, Canadá e México. Estabelece vantagens no acesso aos
mercados (fim de tarifas e barreiras alfandegárias, compras governamentais), regras de
comércio (tipos de proteção, padrões e leis contra práticas desleais de comércio), e serviços
(regras de negociação, serviços financeiros, de seguro, transporte e telecomunicações, entre
outros). É um acordo que não estabelece uma zona de livre comércio entre os três países mas
reduz cerca de 20 mil tarifas, em um prazo máximo de 15 anos. Prevê o corte das tarifas
alfandegárias de mais da metade dos produtos comercializados entre os três países.
Formada em 1989 como um fórum de conversações informais, a Apec, Cooperação
Econômica da Ásia e do Pacífico, assume contornos de bloco econômico a partir da
Conferência de Seattle (EUA), em 1993. A Apec reúne EUA, Japão, China, Formosa
(Taiwan), Coréia do Sul, Hong Kong - ver foto ao lado -, Cingapura, Malásia, Tailândia,
Indonésia, Brunei, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Canadá, México e
Chile. O objetivo de consolidar o bloco até 2020 é aprovado no encontro de cúpula de Bogor
(Indonésia), em novembro de 1994. Os Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia devem ter
comércio liberalizado já em 2010. A produção dos países membros representa 50% da
produção mundial. A Apec envolve 46% do comércio global. A partir de sua consolidação,
será o maior bloco econômico do mundo.
MERCOSUL E A PERSPECTIVA DA ALCA
Criado em 1991, o mercado Comum do Sul (Mercosul) é composto de Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai, nações sul-americanas que adotam políticas de integração
econômica e aduaneira. A origem do Mercosul está nos acordos comerciais entre Brasil e
Argentina elaborados em meados dos anos 80. No início da década de 90, o ingresso do
Paraguai e do Uruguai torna a proposta de integração mais abrangente. Em 1995, instala-se
uma zona de livre comércio. Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países -membros
podem ser comercializadas internamente sem tarifas de importação. Alguns setores, porém,
mantêm barreiras tarifárias temporárias, que deverão ser reduzidas gradualmente. Além da
extinção de tarifas internas, o bloco estipula a união aduaneira, com a padronização das tarifas
externas para diversos itens. O Mercosul tem 209,2 milhões de habitantes e um PIB de 1,1
trilhão de dólares. Chile e Bolívia são membros associados e assinam tratados para a
formação da zona de livre comércio, mas não entram na união aduaneira.
Os conflitos entre Brasil e Argentina dificultam a integração do bloco. Elas agravam-
se em janeiro de 1999, quando o real se desvaloriza, o que provoca temores de uma invasão

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de produtos brasileiros na Argentina. Em junho, o presidente do Brasil, Fernando Henrique
Cardoso, e o da Argentina, Carlos Menem, anunciam a integração de políticas
macroeconômicas dos dois países e dos demais membros do bloco. Entre as metas estão a
uniformização das taxas de juros, do déficit público e dos níveis de inflação e adoção de uma
moeda única.
As dificuldades se implementação do MERCOSUL ajudam a desviar os olhares para
outra perspectiva estratégica envolvendo os países das Américas: a ALCA – A proposta da
Área de Livre Comércio das Américas surge em 1994 com o objetivo de eliminar as barreiras
alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba. O prazo mínimo para sua formação
é de sete anos, quando poderá transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do
mundo. Com um produto interno bruto (PIB) total de 9,7 trilhões de dólares (1,2 trilhão a
mais que a UE), os países da Alca somam uma população de 783,6 milhões de habitantes, o
dobro da registrada na UE. Os Estados Unidos (EUA) propõem a implementação imediata de
acordos parciais, com abertura total do mercado em 2006. Já o Brasil e o Mercosul prevêem
dificuldades na adaptação de suas economias a essa integração e querem maior prazo para
ajustes e que as discussões se aprofundem em vários aspectos, sobretudo a questão dos
subsídios agrícolas aos produtores americanos.
AS ORGANIZAÇÕES E O MERCADO INTERNACIONAL
As organizações são componentes ativas e passivas de um sistema dinâmico. São
ativas na medida que suas ações contribuem para moldara realidade que as circundam e
passivas no momento que sofrem pressões desse sistema. O mercado internacional há muito
deixou de ser realidade de grandes corporações para estar presente na realidade de todo tipo
de empresa.
Neste contexto temos a globalização um dos fatores externos que mais afeta as
organizações nos últimos anos. A globalização da economia deu um grande salto nas duas
ultimas décadas. Nesse período, a tecnologia avançou de um tal modo que as distancias
tornaram-se menores e isso possibilitou que as organizações estendessem seus braços ao redor
do mundo. Da mesma forma os meios de comunicação atingiram elevado grau de eficiência
de modo que pudesse servir também de mola propulsora dos negócios internacionais.
Em um primeiro momento as políticas internacionais tornaram-se coisa corriqueira
nas grandes corporações, entretanto, e em um segundo momento mesmo as pequenas
empresas começaram a preocupar-se com o contexto internacional. Essa preocupação foi a
resultante de um processo de aproximação de fatores externos às organizações. Esses fatores
até então distantes passaram a fazer parte da realidade das organizações a partir do momento
em que a tecnologia propiciou tal fato.
As organizações assumem estratégias que as levam a tomar uma ou outra forma. Que
forma que toma uma organização, por sua vez, faz com que ela adote um ou outro tipo de
estratégia. Esse processo natural de crescimento faz com que tenhamos no mercado
internacional empresas de vários tipos. Todas tem um grau de relação com o mercado
mundial.
TIPOS DE ORGANIZAÇÕES QUANTO A ATUAÇÃO
Em relação ao mercado mundial temos basicamente quatro tipos de organizações
(Wright, Kroll e Parnell, 2000), as domesticas, as internacionais, as multinacionais e as
globais, ou transnacionais.

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A empresa domestica é aquela voltada para o mercado estritamente nacional. A
empresa internacional já possui um moderado ou médio envolvimento internacional.
Normalmente possui a sede ou matriz em um país estabelecendo contato com clientes e
fornecedores através de representantes, licenciamentos ou alianças estratégicas. As
multinacionais possuem um elevado grau de envolvimento internacional, realiza
investimentos diretos em países diversos pela operação própria nestes países ou pela compra
parcial ou total de empresas domesticas nestes países. Suas subsidiarias reportam-se às
matrizes mas operam de modo independente das outras subsidiarias.
As empresas globais, também chamadas de transnacionais são aquelas compostas
por diversas unidades pelo mundo e possuem um grau de envolvimento internacional muito
elevado. A diferença para as multinacionais está presente no fato de que as unidades de
empresas transnacionais têm um grau de liberdade maior de ação, podendo estabelecer suas
próprias estratégias para seus mercados locais. Ainda, varias unidades podem unir-se de modo
a estabelecer uma estratégia única sem que isso tenha que passar pela censura de uma matriz.
A figura 2 apresenta um esquema simplificado que exemplifica os tipos de organizações

Doméstica
Internacional

Global
Multinacional

Figura 2 ((Wright, Kroll e Parnell, 2000)


Naturalmente os tipos de estratégias adotadas serão diferentes de acordo como tipo de
organização. Há uma diferença muito grande entre uma empresa domestica que início seu
processo de inserção internacional e uma transnacional que eventualmente até influencia
forças estatais. Assim, há um as estratégias dependem do estagio de evolução em que se
encontra a organização.
A menos em casos de fusões, seria difícil supor uma organização que nascesse global.
Nota-se que há uma evolução das organizações de domesticas à globais, passando por
internacionais e multinacionais.

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ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO
A inserção e o estabelecimento no mercado internacional é um processo complexo.
Basicamente quando se opta por uma atuação internacional está se optando também pelo
enfrentamento mais acirrado das forças dominantes do macro ambiente. Assim, estas forças
passam a exercer uma pressão maior sobre a organização. Entre estas forças estão as questões
políticas, culturais e monetárias.
Inicialmente adotam-se estratégias que visam a descoberta e conquista de mercados.
As pequenas empresas muitas vezes procuram programas de incentivo à exportações e
rodadas de negócios bem como a participação de feiras e congressos internacionais. Tudo isso
ajuda a ter uma visão mais abrangente do mercado em que se pretende atuar.
LICENCIAMENTO
O licenciamento é uma estratégia bem difundida internacionalmente. Ocorre quando
uma organização cede autorização à outra para a utilização de uma tecnologia, venda de
produto, uso de uma marca, etc. Tendo em contrapartida o recebimento de taxas, royalties, ou
outra forma de compensação (Keegan e Green, 1997). As franquias são uma forma de
licenciamento. É um fato que muitas organizações multinacionais cedem direitos sob forma
de franquias com o objetivo de difundir uma marca, um produto ou mesmo uma tecnologia. O
licenciamento pode trazer vantagens tanto para o licenciador quanto ao licenciado. Para o
licenciador as principais vantagens são a disseminação do produto, a difusão de uma
tecnologia ou da marca sem que tenha que se preocupar tanto com o mercado do consumidor
final em termos de concorrência e logística local principalmente. Para o licenciado é
interessante ter uma marca ou produto conhecido para vender sem ter um grande investimento
para isso. Este fato gera uma grande segurança do negócio para a empresa que não tem muito
poder de investimento. O baixo risco e o baixo investimento são as principais vantagens para
o licenciado.
Entretanto há desvantagens tais como a superestimação do negócio pelo licenciado ou
subestimação pelo licenciador. Assim, um franqueado pode planejar um faturamento x e na
verdade contar com um faturamento de 0,8 x e isso certamente pode causar inviabilidade do
negócio. O contrário pode ocorrer com o franqueador se subestimar o potencial do seu
produto. Uma tecnologia pode ser considerada sem muita importância e depois de licenciada
causar uma revolução. Em uma época com a que vivemos onde o avanço tecnológico muito
rápido isso é especialmente preocupante.
PARCERIAS E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
Quando duas ou mais organizações colaboram mutuamente com o intuito de gerar
valor mutuo ocorrem as parcerias. Muitos exemplos podem ser analisados, pois as parcerias
mostram-se úteis para todas as partes envolvidas. Segundo Junior e Ribeiro (2001) as
parcerias como opção estratégica é uma mudança de paradigma uma vez que a lógica de
competição de competição é invertida. O modelo colaborativo tem sido bastante utilizado por
organizações que possuem ambientes muito instáveis e complexos.
As parcerias são interessantes sempre que duas organizações podem completar-se em
um processo. Como quando uma delas tem uma tecnologia disponível e a outra conhece um
mercado potencial. A união das duas pode trazer benefícios mútuos. As parcerias podem ser
momentâneas ou duradouras dependendo das circunstancias em que se formam. Em
ambientes muito competitivos podem se estabelecer alianças temporárias entre concorrentes
que desejam resolver um problema comum. O efeito deste tipo de estratégia algumas vezes
pode resultar na formação de cartéis que representam o lado negro das parcerias. Entretanto,
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para efeitos de estratégia é uma ferramenta que atende os objetivos a que se propõe em curto
prazo, ainda que ao longo prazo pode trazer comprometimento à imagem organizacional entre
outros danos que pode causar à organização.
Sendo momentâneas as parcerias podem ser informais traduzindo um ajustamento
mutuo a uma determinada contingência que exija rapidez e flexibilidade. As parcerias formais
são planejadas e atendem ao médio e longo prazo. Esse tipo de aliança pode resultar até
mesmo em uma fusão.
FUSÕES
União de duas ou mais organizações que formam uma única empresa, geralmente sob
controle administrativo da maior ou mais prospera (Rossetti, 2001). As fusões são o resultado
da unia de organizações distintas que forma uma terceira diferente das originais.

+ =

Empresa A Empresa B Empresa C


As fusões em geral são acompanhadas de perto pelos governos, pois envolve quantias
expressivas de capital e podem trazer profundas mudanças nos mercados econômicos
nacionais.
AQUISIÇÕES
Literalmente é a integração de uma organização por outra. Cada aquisição tem uma
estratégia implícita ou explícita. Assim, uma organização pode não estar interessada na
aquisição daquela determinada empresa, mas de uma filial que encontra-se em um mercado
desejado. Assim, as estratégias não são sempre claras.
Independente das estratégias que estão por trás das aquisições ocorrem os problemas
decorrentes de choques culturais e identitários. Enquanto em uma fusão há a construção de
uma realidade em conjunto, a aquisição de uma organização por outra implica na imposição
de uma nova realidade à organização adquirida. Isso pode significar mudança de processos,
rotinas, valores e identidades. A resistência à mudança é um fenômeno conhecido em
administração e é sabido que a resistência tanto é maior quanto maior é a imposição para tal.
Houve na última década no Brasil uma onda de aquisições desencadeada pela
abertura do mercado brasileiro e posteriormente pela política de privatizações de empresas
estatais. Muitas organizações viram nisto uma oportunidade para atuar no mercado brasileiro.
É evidente na figura 3 a evolução da participação estrangeira nas fusões e aquisições
no Brasil.

9
80
Participação
70
estrangeira nas Fusões
e60Aquisições no Brasil na década de
50
40
30
20
10
0
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura
3. Fonte: Rosseti (2001)

OS DESAFIOS DA GESTÃO INTERNACIONAL


A gestão internacional é um tema cada vez mais discutido no Brasil. A abertura
econômica ocorrida nas ultimas duas décadas colocou o país um pouco mais próximo do
mercado mundial. A realidade conseqüentemente mudou e conseqüentemente procuram-se
soluções novas para problemas desconhecidos. Dessa maneira muitos desafios estão sendo
colocados sobre as mesas dos gestores de organizações brasileiros.
A questão cultural é o primeiro problema decorrente dos processos internacionais. A
cultura molda a forma como seus integrantes vêem o mundo e dessa maneira, ao fazer
negócios internacionais, podemos ter duas ou mais visões de mundo tentando estabelecer
relações que sejam igualmente significantes para ambos. As relações interculturais merecem
atenção por estarem na base de todas as outras relações. É a cultura que legitima as ações e
muitas vezes que determinam as estratégias a serem adotadas.
A gestão de pessoas é outro fator muito importante na gestão internacional.
Efetivamente são as pessoas que criam e implementam as estratégias organizacionais. Como
cada cultura fornece ao indivíduo "um esquema inconsciente pra todas as atividades da vida"
(CUCHE, 1996, p. 36), para viver em outro meio social torna-se necessário, ao menos o
conhecimento, a percepção e a aceitação de novos valores culturais. Joly (in CHANLAT,
1996) apresenta quatro fases da experiência existencial no estrangeiro. A primeira delas é o
encantamento, marcada por descobertas e desafios. Em seguida ocorre o negativismo
extremo: esta fase caracteriza-se pelo domínio da linguagem, que contribui para a
compreensão do mundo simbólico da cultura vivenciada. A terceira fase, que o autor faz
menção, trata-se de guardar distância ou integrar-se, constituindo a decisão entre rejeitar
definitivamente a nova cultura ou tornar-se nativo. Finalmente, a última fase é o choque da
volta, porque o indivíduo que retorna não é mais o mesmo que deixou sua pátria. O choque
cultural, ou as batalhas culturais como se refere Ribeiro (1995), e a renovação da identidade
de indivíduos expatriados acarretam conseqüências para práticas de gestão, tais como a
dificuldade de reter executivos com experiência internacional no quadro da organização,
necessidade de avaliações e planos de carreiras próprios para essas situações (JOLY in
CHANLAT, 1992).

CONCLUSÃO
Este trabalho possibilitou uma visão ampla do processo de inserção de organizações
no mercado mundial. Ficou evidente a necessidade de uma administração estratégica que

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combine perspectivas e alinhe a organização com as condições ambientais de modo que esta
possa sobreviver no ambiente multinacional.
A gestão internacional desponta como uma nova perspectiva nos estudos
organizacionais e sugere a adoção de soluções inusitadas pelo fato de deparar-se com novos e
complexos problemas. Frente ao exposto nesse trabalho será razoável cogitar a hipótese de a
cultura ser uma das variáveis mais importantes nos próximos anos tendo em vista o
desenvolvimento dos negócios internacionais.
De um modo geral abordamos de forma abrangente e conseqüentemente superficial
vários aspectos das relações entre administração e globalização. Ficou clara a importância
desses temas e a necessidade de pesquisas que explorem suas especificidades. Certamente
trazendo incontestáveis benefícios à comunidade acadêmica bem como às organizações de um
modo geral.
BIBLIOGRAFIA
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1999.
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1996.
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WRIGHT, KROLL e PARNEL. Administração Estratégica. São Paulo, Atlas; 2000.

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