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Francisco F. Cardoso; Mercia M.S.B. de Barros; Márcio Teixeira; Douglas Ito; Camila
Conti; Lígia de Aquino; Daniel Gallardo-Alarcon; Herbert Gomes; Rosa M. Messaros.
1. Apresentação e objetivo
A siderúrgica ArcelorMittal, líder mundial em produção de aço, possui uma rede de
pesquisadores representando instituições de ensino e pesquisa dos países onde está
implantada, a International Network of Scientific Partners in the field of Steel
Construction; no caso do Brasil, esta instituição é a Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo.
No final de 2008, a empresa convidou aos membros da rede para participarem do
Projeto Affordable House, cujo objetivo era desenvolver, ao longo de 2009 e com
equipe da instituição, preferencialmente composta por alunos, uma proposta de
habitação unifamiliar de baixo custo, acessível a grande parte da população pelo
mercado privado, aqui chamada de affordable house, e que empregasse de forma
intensa o aço. O representante da Escola Politécnica da USP aceitou o desafio e
constituiu equipe específica para o Projeto, composta pelos autores desse trabalho,
além de consultores; a equipe também contou com o apoio de profissionais do
mercado, indicados pela ArcelorMittal Brasil, e de profissionais da própria empresa. Do
Projeto resultou o trabalho de conclusão de curso de Engenharia Civil de parte dos
alunos.
O objetivo desse documento é apresentar os principais elementos que orientaram o
processo de definição da solução para a habitação e da solução concebida em si.
A solução proposta foi apresentada e discutida em duas reuniões da rede, realizadas
na Bélgica e julho de 2009 e janeiro de 2010, nas quais foram também apresentadas as
propostas da China, Índia, Polônia, Portugal, República Checa, Romênia e Suécia.
Público alvo
Estudo realizado em 2008, com o horizonte de 20 anos, pelas empresas de consultoria
Ernst & Young (E&Y) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), prevê um crescimento de
150% de PIB brasileiro no período, ou um crescimento médio de 4% ao ano. Por
conseqüência, previram-se mudanças na composição da renda familiar. Há a
expectativa de que as famílias apresentem maior poder de compra: o percentual das
famílias de classe de renda E diminuiria de 55,3% para 30,5%, enquanto que as das
classes de renda D e C cresceriam de 24,5% para 28,9% e de 12,9% para 22,9%,
respectivamente.
Além disso, o IBGE prevê que a população do país crescerá até por volta de 2040,
atingindo 220 milhões de habitantes. Ainda em relação à população idosa, espera-se
que até 2050 a expectativa de vida seja de 81,3 anos, ante os 72,7 de 2007.
Além disso, é sabido que a necessidade de moradias no país é imensa. Dados de 2005
revelaram que o passivo habitacional estava em torno de 7,8 milhões de domicílios. As
principais carências habitacionais estão nas classes de menor poder aquisitivo.
Segundo o estudo, em 2005, nas famílias com rendimentos mensais de até
R$ 1.000,00 (Classe E), a necessidade por moradias adequadas atinge cerca de 20%
da classe. Enquanto que, para famílias com renda acima de R$ 4.000,00 (Classes B e
A), o percentual relativo é de pouco mais de 6,0% (E&Y, 2008).
Por outro lado, tem ocorrido um aumento significativo do crédito habitacional, não
somente com recursos internos quanto externos. O mercado imobiliário brasileiro é
atrativo internacionalmente, tendo havido, nos últimos anos, participação intensa de
investimento externo nas captações das incorporadoras brasileiras de mercado aberto.
Entre 2002 e 2007, o crédito imobiliário passou de R$ 4,8 bilhões para R$ 25 bilhões.
Prevê-se que o fluxo de investimentos habitacionais será de aproximadamente R$ 316
bilhões anuais, sendo R$ 219 bilhões no período de 2008 a 2017 e de R$ 390 bilhões
de 2018 a 2030. Este montante de investimento representará 7,3% do PIB, um
crescimento de 4,5 pontos percentuais em relação a 2005 (E&Y, 2008).
Para o mercado da construção, o país apresentará nos próximos anos (2007-2030) um
grande potencial de crescimento. Nesse período, o faturamento das empresas
construtoras passará de R$ 53,5 bilhões (2007) para R$ 129,6 bilhões (2030) (E&Y,
2008). Ainda nesse período, o estoque habitacional aumentará de R$ 4,6 trilhões de
reais, correspondentes a construção e reformas de moradias.
Para satisfazer o número do crescimento de famílias e reduzir o déficit habitacional,
estima-se que deverá ser de 1,745 milhão a média anual de unidades residenciais a
serem construídas até 2030.
Considerando-se a característica da demanda, o mercado deverá oferecer,
principalmente, produtos destinados a famílias com menor poder aquisitivo (renda
inferior a R$ 2.000,00). Para esta faixa de renda, o produto habitação deverá ter custo
entre R$ 35 mil e R$ 70 mil, a preços de 2007 (E&Y, 2008). Além disso, não será
desprezível a faixa seguinte de renda (até R$ 4.000,00), para a qual o custo da unidade
poderá estar entre R$ 70 e 150 mil.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas (NERI et al., 2008) confirma que um dos efeitos do
desenvolvimento econômico do país nos últimos quinze anos foi a progressão das
famílias da classe de renda D para a C (renda familiar de entre R$ 1.065,00 e
R$ 4.591,00), o que as colocou no mercado de consumo das habitações, dando-lhes
possibilidade de acesso à casa própria pelo mercado privado.
Definiu-se assim como público alvo prioritário para o Projeto as famílias da parcela
superior da classe de renda C (Classe Média), que recebem mensalmente entre 8 e 10
SM (1 salário mínimo SM = R$ 465,00, na ocasião do estudo) e as da parcela inferior de
classes de renda B, que recebem até 12 SM.
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
Vantagens Desvantagens
- Estrutura leve, favorecendo as fundações
- Agilidade de execução - Alto custo dos componentes
Estrutura
OSB - Custo compatível com a tecnologia estrutural - Escassez do material para algumas regiões
(interior) - Facilidade de corte para arremates - Instabilidade em contato com água
- Facilidade de execução - Cultura local não privilegia construções leves
Custo meta
Coincidentemente com a proposta da rede da ArcelorMittal, o Governo Federal lançou
programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que, para incentivar a elevada produção de
habitações de menor preço, elimina a cobrança de encargos sobre os lucros
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
Programa de necessidades
Todos estes elementos levaram ao estabelecimento das seguintes condições de
contorno para o desenvolvimento da solução:
• foco nas características das regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de
Janeiro – elas representam um déficit habitacional de 1,15 milhões de moradias
(2007) e uma nova demanda de 3,81 milhões de novas moradias até 2023.
• Área de construção entre 70 e 80 m2; terreno de 7m de frente por 15m de
profundidade, ou cerca de 100 m2; ambientes mínimos: sala, cozinha, área de
serviço, lavabo, três quartos e dois banheiros (ou, preferencialmente, uma suíte,
dois quartos e um segundo banheiro); disposição das unidades habitacionais
geminadas duas a duas.
• Custo máximo da construção estabelecido em função do preço de
comercialização das casas destinadas às famílias das classes de renda C e B e
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
3. A solução proposta
O programa de necessidade da habitação unifamiliar foi estabelecido a partir das
construções existentes no mercado para as famílias das classes de renda C e B.
Para otimizar o uso do terreno, as casas foram projetadas com dois pavimentos,
atendendo às seguintes diretrizes:
• casa dividida em duas grandes áreas: social no térreo, que inclui sala, cozinha,
área de serviço e lavabo; e íntima, no primeiro pavimento, no qual estão
alocados uma suíte, dois quartos e um segundo banheiro;
• acesso entre as áreas íntima e social feito por uma escada que, por ser única e
centralizada, permite a otimização dos espaços de circulação horizontal, não
criando corredores; além disso, sua estruturação serve de apoio para a caixa
d’água e o acumulador de água quente do aquecedor solar, cuja presença
julgou-se obrigatória para atender aos anseios do mercado;
• integração da sala com o jardim para aumentar o espaço útil.
Como resultado, foram criadas duas opções de planta para o térreo e para o primeiro
pavimento, para aumentar a atratividade das casas, conforme ilustra a Figura 2.
Foram ainda adotadas as seguintes diretrizes para soluções arquitetônicas e técnicas:
• Unificação das áreas molhadas – para minimizar os custos dos sistemas prediais
hidráulicos.
• Alinhamento das paredes superpostas - as paredes estruturais dos pavimentos
superpostos foram alinhadas verticalmente, para minimizar os elementos de
transição.
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
(a)
(b)
Figura 2 – Alternativas de plantas arquitetônicas: (a) para o térreo: opção 1 com a cozinha voltada para a
frente do lote e com uma abertura direta da sala para o jardim dos fundos, ampliando a área; opção 2
com a sala voltada para a frente do lote e cozinha com uma abertura direta para o jardim dos fundos; (b)
para o primeiro pavimento: opção 1 com uma suítes e mais dois dormitórios e um banheiro; opção 2:
duas suítes.
O respeito a tais diretrizes levou a uma área construída final um pouco superior à
fixada, de 84,24 m2.
Apesar de ser uma construção leve, a solução proposta confere um adequado
desempenho térmico aos ambientes durante o ano todo. Durante o inverno, os
materiais utilizados conservam o calor interno, podendo acumular calor por radiação
direta quando necessário, e no verão podendo sombrear as aberturas e ventilando os
ambientes mantendo a temperatura interna na região de conforto. Porém, cabe
ressaltar a questão da acústica desses ambientes que podem causar um desconforto
aos usuários devido à natureza dos materiais.
A Figura 3 traz imagens da proposta da solução proposta.
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Fundações
As fundações serão produzidas a partir de sapatas corridas incorporadas ao piso (“falso
radier”). A escolha levou em conta o reduzido carregamento imposto pelas cargas
permanentes e acidentais e o fato de as cargas serem distribuídas ao longo de todas as
vedações verticais. A execução do piso concomitante permite que se trabalhe com
melhores condições de limpeza e organização do canteiro de obras.
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
Vedação horizontal
Tendo-se adotado as premissas da racionalização e da industrialização, optou-se pelo
uso de placas de OSB como vedação horizontal entre o pavimento térreo e o primeiro
andar, complementado por um forro de chapa de gesso acartonado (o forro foi
igualmente adotado abaixo da cobertura, no primeiro andar) (Figura 4). O revestimento
do piso é em piso vinílico (áreas secas) ou cerâmica (áreas úmidas)
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Habitação unifamiliar de baixo custo: projeto USP para a ArcelorMittal Construmetal 2010
Figura 4 – Corte da vedação horizontal entre o pavimento térreo e o primeiro andar com o uso de placas
de OSB, forro de chapa de gesso acartonado e revestimento de piso cerâmico (áreas úmidas).
Vedação vertical
A decisão pelas tecnologias dos painéis empregados nas vedações verticais considerou
suas características de desempenho, sua disponibilidade e seu custo, tendo sido
definido o emprego de placas de OSB para o exterior e de chapas de gesso acartonado
para o interior.
Ambas são fixadas diretamente na estrutura reticulada do light steel framing. As placas
de OSB receberão tratamento de juntas e camada de revestimento polimérico de
3,0 mm e posterior aplicação de pintura acrílica. Para se obter conforto térmico e
desempenho acústico adequados, a cavidade entre duas placas será preenchida por lã
de vidro (Figura 5).
Internamente, serão utilizados dois tipos de chapa de gesso acartonado: standard e
resistente a umidade, a primeira nas áreas secas do primeiro andar e a segunda nas
suas áreas úmidas e em todo o térreo.
Figura 5 – Corte da vedação vertical externa com o uso de placas de OSB, camada de revestimento
polimérico de 3,0 mm e posterior aplicação de pintura acrílica e isolamento de lã mineral.
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Tabela 1 – Quantitativos - Estimativa dos custos de produção de uma casa geminada (supondo a
construção simultânea de 200 casas).
Custo Custo
Insumos diversos Unidade Quant Custo item %
unitário total
FUNDAÇÃO - Radier
- Execução de lastro de brita m² 6,33 56,00 354,48
- Execução do radier com concreto fck=25MPa / slump 6 +/- 1 cm e armação m³ 470,00 5,60 2.632,00 2.986,48 3,0%
ESTRUTURA
- Estrutura - fornecimento perfis kg 5,20 2584 13.434,20
- Estrutura - montagem perfis kg 0,80 2584 2.066,80
- Estrutura - parafusos unid 0,07 4000 288,00 15.789,00 15,8%
LAJE
- Placa OSB (25 mm) (material e mão de obra) m² 40,41 49,00 1.980,09
- Parafusos kg 7,20 9,80 70,56 2.050,65 2,1%
COBERTURA
- Painel Termilor TP com chapa superior pré-pintada, inferior galvalume e espuma de
poliuretano de 38 kg/m3 (fornecimento) kg 2,93 1781 5.223,77
- Painel Termilor T-P (montagem) kg 0,25 1781 445,32 5.669,09 5,7%
FACHADA
- Placa OSB (18 mm) (material e mão de obra) m² 34,69 120,00 4.162,80
- Revestimento Quimicryl (material) m² 19,74 120,00 2.368,54
- Mão de obra empreitada revestimento m² 7,00 120,00 840,00 7.371,34 7,4%
Custo Custo
Insumos diversos Unidade Quant Custo item %
unitário total
AQUECEDOR SOLAR
- Aquecedor solar (painel e reservatórios) verba 2.400,00 1 2.400,00 2.400,00 2,4%
IMPERMEABILIZAÇÃO FLEXÍVEL
Moldada in loco com solução asfáltica elastomérica (3 demãos) + tela poliester
(banheiros, lavabo, cozinha e área de serviço)
- Preparo de superficie, esp. 0,2 cm m² 3,30 5,78 19,07
- Solução asfáltica m² 16,00 5,78 92,46 111,54 0,1%
REVESTIMENTOS
- Revestimento vinílico áreas secas (material e mão de obra) m² 52,40 52,23 2.737,04
- Cerâmica áreas molhadas Cecrisa Linha White Plain Matte 20 x 20 cm m² 21,00 18,75 393,71
- Azulejo - liso 20x20 cm Cecrisa Linha White Plain Matte 20 x 20 cm m² 21,00 81,77 1.717,16
- Mão de obra empreitada colagem de azulejo/piso m² 15,00 100,52 1.507,76 6.355,67 6,4%
PINTURA INTERNA
- Latex e massa corrida PVA sobre vedação (material e mão de obra) m² 6,04 165,85 1.001,72
- Latex e massa corrida PVA sobre forro (material e mão de obra) m² 6,50 72,26 469,72 1.471,43 1,5%
PINTURA EXTERNA
- Textura acrílica (material e mão de obra) m² 12,00 120,00 1.440,00 1.440,00 1,4%
SERVIÇOS COMPLEMENTARES
- Áreas externas verba 5.500,00 1,00 5.500,00 5.500,00 5,5%
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5. Comentários finais
Com relação à qualidade da solução proposta, a principal dúvida que se tem está
relacionada à vida útil da camada de revestimento polimérico de 3,0 mm e posterior
aplicação de pintura acrílica sobre as placas de OSB. Como a sua aplicação vem
ocorrendo há pouco mais de cinco anos, não dando assim plena garantia de sua
durabilidade, sugere-se a realização de ensaio acelerado de envelhecimento, associado
à verificação da manutenção de outros requisitos de desempenho, para avaliar o
desempenho da solução no tempo.
Do ponto de vista do conforto e do programa de necessidades definidos, a solução
atinge os objetivos fixados. Não há diferença da casa proposta com o conceito da casa
tradicional. Mesmo na aparência, a exceção da cobertura em telha de aço, ela não
demonstra o fato de ser construída empregando elementos não tradicionais.
Já do ponto de vista de custos, embora os custos de produção alcançados sejam
competitivos, o programa de necessidades imposto para que se tivesse uma habitação
mais compatível com o uso do light steel framing levou a um produto habitacional de um
padrão tal que não pode mais fazer parte do programa Minha Casa Minha Vida. No
entanto, a solução proposta continua adequada a uma parcela bastante significativa da
população brasileira.
A editora PINI orçou novamente a unidade de dois pavimentos voltada para a classe de
renda C e área construída de 79,40 m², construída empregando-se as tecnologias
tradicionais (PINI, 2009), chegando a um valor atualizado de R$ 1.173,05 por m2, muito
semelhante ao obtido para a solução de R$ 1.186,02. O orçamento PINI não prevê, no
entanto, um ganho de escala oriundo da produção simultânea de um número
significativo de casas. Por outro lado, a casa projetada adota um programa de
arquitetura mais completo, pois possui um dormitório, um banheiro e uma área de
serviço a mais, além de permitir flexibilidade no arranjo interno da unidade e ser dotado
de sistema de aquecimento solar de água para uso sanitário (chuveiros), de forma a
poder atender à classe de renda B (parcela inferior), que impõe um programa mais
completo e flexível.
As principais diferenças entre a solução concebida e a orçada pela editora, além das
ligadas às opções pela estrutura light steel framing e painéis de fechamento e pela
cobertura em telha de aço, são as fundações profundas em vez do “falso radier” (mais
caras) e as janelas de alumínio em vez de em PVC (mais baratas). Caso se queira
reduzir os custos de produção de forma a que a solução atenda aos limites do
programa Minha Casa Minha Vida, uma alternativa poderia ser a substituição das
esquadria externas de PVC por equivalentes de alumínio, cerca de 30% mais baratas,
mas que diminuiriam o consumo de aço. Outra seria imaginar reduções nos custos
complementares, como os de propaganda e corretagens, assim como a busca por
terrenos mais baratos.
Cabe ainda se dizer que um conjunto de casas projetadas para a terceira idade,
estruturadas em light steel framing, localizado em Avaré, interior do Estado de São
Paulo, construído pela CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
do Estado de São Paulo, teve um custo adicional estimado de 7% em relação ao das
casas tradicionais da Companhia (PINI, 2010). Isso confirma a potencialidade
econômica do sistema para esse tipo de produto habitacional.
As potenciais vantagens sociais trazidas pelo uso do light steel framing são: maior
velocidade de construção que permite alcançar as metas de produção do programa
habitacional brasileiro com maior facilidade; canteiro de obras mais organizado, com
menos perdas e menor impacto ambiental e maior segurança do trabalho.
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Quanto à maior velocidade de construção, estima-se que, para ser competitiva, o par de
casas geminadas deve ser construído em no máximo 20 dias, ou seja, cerca de um
mês-calendário. Esse prazo não foi verificado no estudo, mas se avalia ser
perfeitamente possível de ser alcançado.
Concluindo-se, a solução tem condições de ser adotada no modelo de empreendimento
que parece ser o que vai ser mais emprego no país: o de condomínios horizontais de
habitações unifamiliares geminadas, além de poder ser usada em unidades isoladas.
As mudanças que vêm ocorrendo na sociedade brasileira, como o aumento de renda
das famílias e o envelhecimento da população, vêm fazendo com que cresçam
substancialmente as famílias de classe de renda B, que recebem de R$ 4 mil a R$ 8 mil
por mês. O número de tais famílias deverá passar de 3,3 milhões (2007) para 11,0
milhões (2030) (E&Y, 2007). Assim, embora a solução proposta não tenha alcançado o
nível de custo de produção visado, é viável para as famílias de classe de renda B.
A real viabilidade técnica e econômica da solução somente poderá ser verificada a
partir da construção de um protótipo pelo qual algumas das alternativas propostas
poderão ser devidamente avaliadas. Além disso, a execução do protótipo permitiria
avaliar com maior precisão os custos e os prazos de execução envolvidos, além de se
poder com ele também melhor se conhecer a película polimérica aplicada como
revestimento exterior.
6. Referências bibliográficas
ABNT. NBR 6120. Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1980 (versão corrigida em 2000). 5p.
________. NBR 6123. Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro:
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1988 (versão corrigida em 1990). 66p.
________. NBR 15575:1. Edifícios habitacionais de até 5 pavimentos – Desempenho.
Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas,
2008. 52p.
E&Y. Brasil sustentável. Potencialidades do mercado habitacional. São Paulo: Ernst &
Young, 2008. 28p.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2007). Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007.
NERI, M.C. (Coord.). A nova classe média. Rio de Janeiro: FGV/BRE, CPS, 2008. 74p.
PINI. Orçamento detalhado. Sobrado de padrão popular. Guia da construção. São
Paulo: Editora Pini, Edição 59, jun. 2006a.
________. Orçamento detalhado. Sobrado de padrão médio alto. Guia da construção.
São Paulo: Editora Pini, Edição 61, ago. 2006b.
________. Orçamento detalhado. Casa de padrão popular. Guia da construção. São
Paulo: Editora Pini, Edição 101, nov. 2009.
________. Quanto custa: habitação popular em steel frame. Guia da construção. São
Paulo: Editora Pini, Edição 103, fev. 2010.
Agradecimentos
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Built up sections:
Property no. 7 244.17 0.069 0.069
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