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A influência da televisão sobre o comportamento violento

1. O ASSUNTO OU PROBLEMA
A pesquisa interessa-se por levantar as relações entre os meios de comunicação
de massa e a prática de atos ditos delituosos, na tentativa de estabelecer a
influência da televisão sobre o comportamento violento.

1.1. Delimitação
Um estudo sobre a influência da televisão sobre o comportamento de jovens com
passagem pela polícia, num grande centro urbano. Os dados serão levantados a
partir de uma pesquisa com internos, na faixa etária entre 12 e 16 anos, de uma
unidade da Fundação Estadual do Menor (Rio de Janeiro, 1980).

1.2. Justificativa
Afora o interesse pessoal do pesquisador, o tema se impõe pela recorrência das
discussões sobre a violência no Brasil, assunto obrigatório em todos os círculos,
neste começo de década, e pela contribuição que uma pesquisa desta natureza
pode emprestar à compreensão do real papel dos meios eletrônicos de
comunicação numa sociedade marcadamente composta de pessoas jovens.

1.2.1. Relevância
A pesquisa se presta a derrubar preconceitos e pode ajudar a estabelecer uma
prática psicopedagógica para a reinserção de jovens “marginais” na sociedade.

1.2.1.1. Relevância Científica


A televisão tem continuado, no Brasil, fora dos corredores universitários.
Intelectual só vê televisão quando “passa pelo quarto da empregada” ou quando
em “conversa com o seu filho menor”. A televisão e sua influência, embora atinja
grande parte da população brasileira, continua à margem das preocupações dos
cientistas. A pesquisa pode, então, contribuir, entre outras coisas, primeiro, para a
superação desse preconceito; segundo, para uma real compreensão dos
fenômenos de comunicação da massa num país em subdesenvolvimento, onde a
televisão é o grande instrumento de lazer; e, para fornecer elementos para um
entendimento das relações sociais num país que, “de repente”, descobriu-se
violento violento...

1.2.1.2. Relevância Social


O estudo permitirá ajudar na resposta a uma pergunta básica: justifica-se uma
censura dos meios de comunicação como forma de se defender a sociedade da
mensagem incitadora à violência, veiculada pela televisão? Ao mesmo tempo, a
pesquisa poderá ajudar a compreender o mundo real de uma faixa de “marginais”,
cujos discurso é bem diferente do de “bom” cidadão. Tem importância estudar um
veículo que atinge, segundo os dados de institutos de pesquisa, mais da metade
da população urbana brasileira por ocasião de um único programa? Tem. Todo o
controle sobre os órgãos de informações tem sido exercido sobre a premissa de
que eles corrompem a moral e os bons costumes; estudar isto é ajudar a
sociedade a se libertar dos seus traços totalitários, por mais aberta que se diga...
1.2.2. Interesse
Por militar na área das ciências do social, o pesquisador se interessa
grandemente pela influência dos meios de comunicação, estudados segundo
métodos precisos, mas interdisciplinarmente. Seu interesse está também em
função de sua postura em prol de uma ciência disposta a se envolver mais
efetivamente com o objeto de sua investigação.

1.2.3. Viabilidade
A despeito de a pesquisa roçar quase sempre o pioneirismo, pela quase
inexistência de estudos na área (especialmente no Brasil), o tema se mostra de
execução viável, primeiro, pela concentração em uma unidade dos jovens que
serão os objetos da investigação; segundo, pelo apoio técnico e financeiro que o
pesquisador receberá da Fundação X; e terceiro, pelos estudos teóricos já
desenvolvidos pelo pesquisador nestas áreas interdisciplinares.

2. AS FONTES
O núcleo dos dados será obtido mediante a aplicação de questionários na
Fundação Estadual do Menor. Servirão ainda os relatórios dessa fundação, além
dos boletins das emissoras de televisão locais.
Secundariamente, com apoio teórico, serão consultados alguns livros
indispensáveis à compreensão prévia do problema, em diversas áreas do saber
(educação, comunicação e psicologia).
Uma classificação das fontes pode ser proposta assim:
1. Fontes primárias
1.1. Questionários elaborados e aplicados pelo pesquisador;
1.2. Boletins (programação e avaliação) emitidos pelas emissoras de televisão;
1.3. Boletins dos institutos de pesquisa de opinião.
2. Fontes secundárias
2.1. Livros de metodologia do trabalho científico
2.2. Livros de pedagogia, sociologia da comunicação e psicologia social

3. O MÉTODO
A pesquisa se fará seguindo etapas próprias, a partir de algumas hipóteses
norteadoras.

3.1. Procedimentos
O trabalho constará das seguintes etapas:
1. Leitura de textos de orientação teórico-metodológica;
2. Elaboração e aplicação de pré-testes e questionários;
3. Observação e avaliação de programas de televisão (ditos violentos) na
presença de internos;
4. Análise geral dos resultados.

3.2. Problemas
São quatro os problemas que a pesquisa procurará responder, a partir de uma
pergunta central:
A televisão influencia jovens à prática de atos violentos (criminosos)?
Desta decorrem as seguintes:
1. Que jovens vêem televisão no Grande Rio?
2. Qual o contudo geral dos programas de televisão veiculados pelas emissoras
do Rio de Janeiro (a partir da programação da Rede Globo)?
3. Qual a reação de jovens internos à informação violenta?
4. Qual a função real da mensagem da televisão?

3.3. Hipóteses
A estas perguntas, propõe-se a seguinte hipótese geral: É nula a influência da
televisão como incitadora da violência.
Decorrentes, propõe-se as seguintes hipóteses corolárias:
1. Apenas 20% da população jovem do Grande Rio (na faixa etária entre 12 e 16
anos) vêem televisão regularmente; destes, 60% estão nas classes média e alta, e
apenas 5% já tiveram qualquer passagem pela polícia.
2. Ao invés de incitar à violência, a televisão serve antes como anteparo à sua
prática, ao servir de catarse coletiva e por diluir informações de teor violento entre
amenidades;
3. Cerca de 90% dos internos jamais viram televisão regularmente, o que explica o
fato de o seu comportamento (em termos de aspirações e linguajar) revelar pouca
dependência desse meio; a atitude de alguns internos à informação violenta não
sofreu qualquer mudança mediata ou imediata.
4. A televisão é um instrumento de lazer, voltado para o incentivo ao consumo; é
neste incentivo que podem residir algumas possíveis relações entre televisão e
“marginalidade”, o que não pôde ser comprovado nos parâmetros da pesquisa.
CArro-chefe da indústria cultural e também controlada pelas elites dominantes, a
função geral da televisão é fundamentalmente a de incutir a passividade e a
resignação social.

3.4. Organização Material


O relatório final constará das seguintes partes:
1. Introdução ao fenômeno da indústria cultural no Brasil recente e à composição
social da população do Grande Rio;
2. Apresentação e análise das pesquisas realizadas;
3. Propostas para uma compreensão de papel do meio (televisão) na sociedade
brasileira.

4. LIMITAÇÕES
Em seu trabalho, o pesquisador, sabe-se, corre vários riscos.
O primeiro deles é o de trabalhar no domínio, às vezes, fluido da
interdisciplinaridade, colocando-se logo sob o fogo cruzado dos estudiosos de
cada uma destas áreas.
Mais difícil, no entanto, pela natureza da pesquisa, será a obtenção de respostas
satisfatórias, o que só será superado com uma empática relação com os
entrevistados.
Mesmo consciente destas dificuldades, o pesquisador se dispõe a realizar a
pesquisa, sabedor de que as lacunas poderão, depois de percebidas, ser
devidamente preenchidas por pesquisas posteriores.
5. CRONOGRAMA
O trabalho deverá estar concluído em agosto de 1980, seguindo o seguinte
calendário de atividades;
Maio
1. Segunda e terceira semanas: leituras teórico-metodológicas
2. Quarta semana: observação dos programas de televisão veiculados no Grande
Rio.
Junho
3. Primeira semana: elaboração e aplicação dos pré-testes
4. Avaliação dos pré-testes e elaboração das baterias dos questionários
Julho
5. Aplicação e avaliação dos questionários
Agosto
6. Primeira semana: Observação e avaliação de programas com os internos
7. Segunda à quarta semana: avaliação geral
Setembro
8. Primeira e segunda semanas: redação provisória do relatório
9. Terceira e quarta semanas: redação final do relatório

6. PLANO PRELIMINAR (ESBOÇO)


Preliminarmente, o seguinte esboço pode ser previsto para o relatório da
pesquisa:
1. Prefácio
2. Introdução
2.1. Generalidades
2.2. Questões de método (delimitação, abordagem, coleta de material, problemas
e hipóteses, etc.)
3. A Indústria Cultural no Brasil
3.1. Indústria cultural: conceitos e aplicações
3.2. A sociedade administrada no Brasil
3.3. A primazia da TV
3.3.1. Panorama da televisão brasileira
3.3.2. O alcance da TV Globo
4. A sociedade brasileira do Grande Rio
4.1. O Grande Rio: economia e sociedade
4.2. Os meios de comunicação do Grande Rio
4.3. Uma juventude brasileira, no Grande Rio
4.4. Onde vide a “marginalidade”: violência & polícia
5. A informação violenta
5.1. A violência da informação
5.2. A violência da sociedade
5.3. As defesas dos “marginalizados”
5.4. A reação à informação violenta por parte dos “fora-da-lei”
6. Conclusões
7. Referências Bibliográficas
8. Anexos (quadros estatísticos e transcrições de observações)
OBSERVAÇÃO FINAL
Neste projeto, tudo se faz no reino do imaginado. Nenhuma pesquisa prévia se
vez para sua elaboração, já que tem apenas um caráter de servir de exemplo para
estudantes, empenhados em pesquisas.
Grande parte do projeto inspira-se, no entanto, numa entrevista breve do
psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, de São Paulo, ao Jornal do Brasil (4.5.1980).
Sua declaração, que impulsionou todo o projeto, foi a seguinte:
“Pela primeira vez, no Brasil, pretendo demonstrar com dados concretos que a
alegada influência dos meios de comunicação entre os jovens, incitando-os à
violência, é nula, pois 68% da juventude paulista não vêem televisão nem têm
acesso a quaisquer outros veículos, por se sentirem excluídos do processo social.”

(Projeto de pesquisa, elaborado para fins didáticos na graduação em 1980 e


nunca desenvolvido)

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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