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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto


Departamento de Psicologia e Educação

Tópicos em Psicologia – Prof. Dr. Sílvio Morato de Carvalho

Filosofia da Mente – Uma Impressão Pessoal

Trabalho de Conclusão de Disciplina

por

Thiago Favaretto Tazinafo

Endereço Eletrônico: thitazinafo@gmail.com

(20/06/06)
Ainda que no presente ensaio seja defendida uma visão pessoal,
porquanto independente, acerca da questão mente-cérebro e de outros
aspectos relacionados a fenômenos de percepção e consciência, uma leitura
desatenta poderá incorrer à conclusão fácil de que aqui se defende uma
ideologia materialista, uma ontologia reducionista ou, enfim, um “ismo”
cientificista qualquer. Numa época em que tão facilmente se mistura filosofia,
religião, política e ciência, ora de forma ingênua, ora vil, e em tempos de
tamanho relativismo, em que se encoraja a livre e impensada veiculação de
opiniões como nunca se viu, é compreensível – embora intolerável - a eventual
formação de pré-conceitos dessa espécie. Pela mesma razão, contudo, é
imprescindível uma leitura crítica, mas não precipitada.

O argumento central do presente trabalho é o de que uma filosofia da


mente deve adequar-se aos critérios epistemológicos de parcimônia e
refutabilidade, a fim de que seja não somente concordante com o
conhecimento científico como, também, capaz de propor e sustentar programas
de pesquisa científica. Mais ainda, somente uma teoria formulada nesses
termos será capaz de desfazer, se os houver, eventuais equívocos semânticos
no tocante a conceitos como consciência, qualia e outros construtos
pertinentes à filosofia da mente.

*****

A evolução científica tem acumulado – especialmente no campo da


neurociência a partir da segunda metade do século passado – uma série de
propostas parcimoniosas que explicam os mais intrigantes fenômenos
relacionados à vida mental, contrapondo-se a mitos e alegorias fortemente
arraigados em nossa tradição cultural, bem como a teorias de cunho teológico
e às ditas “pseudocientíficas”, como a psicanálise e o kardecismo (vide tabela).
Entretanto, embora haja evidente contradição entre teorias científicas,
filosóficas e as demais supracitadas, enquanto “candidatas a verdade” – ainda
que verdades parciais e temporárias – tal conflito entre idéias acaba por
desfazer-se no nível dos construtos psicossociais, no sentido de que melhor
representam essas idéias, quando dispostas lado a lado e não umas contra as
outras, a múltipla dimensionalidade da experiência humana. Dessa forma, de
um bom acadêmico é esperado que saiba suspender, provisoriamente, aquelas
suas crenças, ideais e preferências que sejam de natureza diversa à de seu
objeto de estudo, enquanto no exercício de sua função acadêmica.

Em se acatando tal premissa, temos viabilizada uma discussão isenta de


paixões acerca da natureza da mente e sua relação com o cérebro, a chamada
“questão mente-cérebro”. Para esse fim, contudo, é necessário um longo
parêntese, no qual serão expostos os conceitos-chave que permitem encerrar a
conclusão do autor.
Tabela Única: Alguns Mitos e seus Correlatos Neurais
Experiência Eventos Neurais Desencadeadores
Visões de Halos ou Auras Sinestesia
Iluminações, Revelações Epilepsia
Visões e Comandos Divinos Psicose
Sair do Corpo Estimulação Elétrica no Giro do Cíngulo
Sensação de Unidade com o Cosmo Inibição Drástica do Lobo Parietal Superior
Abdução; Possessão Paralisia do Sono
Mesa Ouija; Seancées Efeito Ideomotor

Parcimônia

Uma série de exemplos colhidos da física, alguns dos quais seguem


expostos abaixo, permite constatarmos o poder preditivo do reducionismo
metodológico (não confundir com reducionismo ontológico, que a esta altura já
recebeu status de palavrão, ao menos nos círculos humanistas) cuja base
epistemológica é o princípio conhecido como a Navalha de Ockham, em
homenagem ao monge franciscano do século XIV William of Ockham, que
defendia o caráter parcimonioso da natureza.

Suponha que você, num ponto A, atira um objeto sólido para frente e
para o alto, que perfaz uma determinada trajetória sob influência, digamos,
exclusivamente da força gravitacional, durante um intervalo de tempo t, e
chega ao ponto B. Essa será uma trajetória parabólica. Imagine agora um outro
percurso possível para que esse objeto saia do ponto A e chegue a B, no
mesmo intervalo de tempo, nas mesmas condições. Claro que isso não seria
possível fisicamente – e veremos o por que – mas uma segunda trajetória pode
ser possível matematicamente. Assim, imaginemos uma outra trajetória - cheia
de zigue-zagues, por exemplo – que esse mesmo objeto percorre, entre A e B,
ao ser atirado por você, sob ação das mesmas forças (nesse exemplo didático,
apenas uma) e durante o mesmo intervalo de tempo. Se você calcular a
diferença entre a energia cinética e a energia potencial em cada instante, e
integrá-la no tempo ao longo do caminho, verá que o resultado no segundo
caso será maior. Em todo percurso imaginado a diferença entre energia
cinética média e energia potencial média será sempre maior que o caso real.
Esse resultado, conhecido como Princípio da Menor Ação, nada mais é do que
uma forma elegante de enunciar as leis de Newton: o caminho que uma
partícula percorre entre dois pontos é tal que a variação instantânea de energia
é sempre a menor possível.

Ainda, no campo da óptica geométrica, Fermat constatou que o percurso


de um feixe de luz entre A e B é tal que a luz sempre chega a B no menor
tempo. Ou seja, qualquer outra trajetória imaginada levaria um intervalo de
tempo maior para ser percorrido. (A trajetória de menor tempo não é,
necessariamente, a menor distância – i.e., uma reta – porque a velocidade da
luz é diferente em cada meio.) Essa afirmação recebe o nome de Princípio de
Menor Tempo de Fermat, e explica – macroscopicamente – os fenômenos de
reflexão e refração da luz.
Outro exemplo do comportamento “preguiçoso” da natureza é o de uma
função F que satisfaça a equação de Laplace:

(δ 2/δ x2, δ 2/δ y2, δ 2/δ z2) F = 0, ou ∇ 2 F = 0,

onde ∇ 2, um operador de derivadas parciais de segunda ordem, é


denominado laplaciano de F.

Por exemplo, suponha que você pegue uma caixa de papelão e faça um
recorte bem sinuoso ao longo da parte de cima, e retire o topo da caixa
recortado. Depois, pegue uma membrana de borracha (como uma bexiga
aberta, por exemplo), estique-a e encaixe-a apertadamente sobre o recorte na
caixa (o mesmo pode ser feito com um fazedor de bolhas de sabão ou invés da
membrana). Atribuindo coordenadas x e y no plano do fundo da caixa, e z para
a altura, a cada ponto da superfície obtida, podemos dizer que a função z =
F(x,y) satisfaz a equação de Laplace. Uma bolinha que seja colocada sobre
essa superfície rolará para o chão porque a superfície não apresenta nenhum
vale onde a bola pudesse ser depositada. Assim, as funções que satisfazem à
equação de Laplace - as funções harmônicas - não apresentam pontos de
máximo ou mínimo a não ser nas bordas. No interior desse contorno, a área é
sempre a menor possível, sem picos ou vales, assim como, para o caso
unidimensional, a menor distância entre dois pontos é uma reta.
No caso da eletrostática, a função potencial elétrico satisfaz a equação
de Laplace:

∇2 V = 0

A equação de Laplace também se aplica a fenômenos envolvendo


magnetismo, condução de calor, gravitação, e outras aplicações.

Esse comportamento de “minimização” das bandas de borracha, bolhas


de sabão e do potencial elétrico está intimamente correlacionado com o
Princípio de Fermat e o Princípio da Menor Ação. Todos esses exemplos
ilustram a maneira pela qual os processos da natureza ocorrem sempre nos
menores níveis de variação de energia quanto possível, ao invés de admitir
uma pluralidade – ou uma infinidade – de eventos possíveis, e isso certamente
evoca o caráter determinístico da natureza, além de oferecer fundamentação
física para a Navalha de Ockham. Por esse ponto de vista, a Navalha de
Ockham deve ser considerada um poderoso recurso epistemológico nas
ciências naturais.

Suponha que estejamos diante do “desafio” de unirmos, por um trajeto


matemático, dois pontos A e B dispostos num mesmo sistema de coordenadas
qualquer. Estamos livres para traçar tanto uma reta quanto um outro caminho
qualquer, desde que cumpramos a missão de ligarmos os pontos. Há, portanto,
infinitas soluções, de modo que, afinal, o verdadeiro desafio consista em
optarmos por uma dentre essas infinitas soluções, fornecendo uma boa
justificativa para nossa escolha.
Entre A e B, o menor caminho que os une é sempre uma reta; para um
outro caminho qualquer (logo, maior que a reta), sempre haverá, em duas
dimensões, outro caminho simétrico, portanto igual àquele, porém invertido;
enquanto a reta é única, uma outra trajetória qualquer é sempre plurívoca: em
três dimensões, uma trajetória maior que a reta tem sempre outras três
trajetórias simétricas. Aumentando o número de dimensões (i.e. aumentando o
número de variáveis independentes) que evocamos para resolver o problema
de ligar os pontos, verificamos o aumento da pluralidade de cada solução. Mas,
alguém pode dizer, o problema de ligar os pontos seria facilmente resolvido
com uma simples reta! Sim; porém, a princípio, alguém pode não ver
justificativa para escolhermos a reta em detrimento de qualquer outro caminho;
temos, não obstante, uma boa razão para escolhermos a reta, que é o fato de
esta ser única, enquanto qualquer outra opção é sempre plurívoca, e a
pluricidade aumenta conforme “complicamos” a questão, inserindo variáveis
que são, na verdade, dispensáveis. Assim, uma hipotética Federação
Internacional dos Ligadores de Pontos poderia padronizar suas atividades,
adotando, para tal, um princípio de parcimônia: sempre utilizar o mínimo
necessário de variáveis independentes, evitando, assim, a multiplicação
desnecessária de descrições a serem consideradas.

Com essa analogia, pretendo enfatizar que o poder preditivo da ciência


depende de adotarmos um critério epistemológico de parcimônia. Entretanto, é
evidente que, se a própria natureza do universo não apresentasse um caráter
“muquirana”, não teríamos poder preditivo nenhum pois, para quaisquer
fenômenos, os eventos simétricos altercar-se-iam o tempo todo, apresentando-
se aleatoriamente e, nesse caso, não só não haveria ciência, como também
não haveria bom-senso, intuição e, arrisco, sequer haveria formas de vida,
mesmo as mais simples, num universo tão instável. Portanto, o mero fato de
gozarmos de certo poder preditivo já nos deixa clara a natureza econômica do
universo, de modo que podemos, sendo parcimoniosos, espantarmos o
fantasma do relativismo do meio acadêmico: a ciência pode, enfim, nos dizer
uma verdade ou duas, sem para isso incorrermos em cientificismo.

Quantidade de Informação e Graus de Refutabilidade

Dizemos que uma proposição transmite informação quando, dentre um


dado conjunto de eventos, especifica um subconjunto do mesmo. Quanto
menor o subconjunto em relação ao conjunto total de eventos, maior é a
quantidade de informação contida na proposição. Suponha, por exemplo, que
estamos interessados em descobrir o paradeiro de um conterrâneo, o qual
chamaremos carinhosamente de “Fulano”. Assim, a afirmação “Fulano está em
sua sala de estar” contém mais informação que “Fulano está em sua casa”,
porque o subconjunto de eventos possíveis da primeira é mais restrito. Por
outro lado, dado que “Fulano existe”, a afirmação “Fulano está em algum lugar
no espaço-tempo” não transmite informação alguma, porque o subconjunto é
igual ao conjunto total de eventos possíveis. Pondo de outra forma, as
proposições “Fulano existe” e “Fulano está em algum lugar no espaço-tempo”
são iguais em termos da informação em que estamos interessados, diferindo
apenas na forma com que são articuladas. Rigorosamente falando, são ambas
a mesma proposição, mas sentenças diferentes.

A quantidade de informação de uma proposição está correlacionada com


o número de possibilidades de que dispomos para refutar a mesma. Dado que
“Fulano existe”, a ninguém será possível falsear a afirmação de que “Fulano
está em algum lugar no espaço-tempo”. Por outro lado, se encontramos nosso
amigo na rua a caminho de sua casa, a sentença “Fulano está em sua sala de
estar” é imediatamente descartada. Da mesma forma, “Fulano está em sua
sala de estar” é mais refutável que “Fulano está no Brasil” porque há muito
mais maneiras de descartarmos a primeira, que contém mais informação que a
segunda.

Quanto maior o grau de refutabilidade de uma teoria, mais informação


ela contém. Considere a seguinte mensagem, típica de textos de astrologia: “A
sorte favorece o jogo”. Suponha que esta seja parte de um horóscopo. Então,
um jogador deste signo, animado com a “dica” do dia, aposta alegremente
fartas quantias de dinheiro. Se ele vencer, estará ainda mais convicto da
imprescindibilidade de consultar o horóscopo antes de fazer qualquer outra
coisa. Se ele perder dinheiro, entretanto, tampouco perderá a confiança na
astrologia, pois, afinal, o texto dizia que a sorte apenas favorece o jogo. Nosso
ingênuo apostador haverá de concluir que interpretou seu horóscopo de forma
excessivamente otimista. Temos, de qualquer maneira, mais um cliente
satisfeito, às custas de nenhuma informação transmitida.

Em ciência, é altamente desejável que teorias sejam quanto mais


refutáveis o possível. Embora o problema de conseguirmos, na prática, refutar
uma teoria, mesmo as consideradas científicas, esteja longe de ser trivial,
ainda sim impera a necessidade de desconsiderarmos aquelas que sejam,
essencial e inevitavelmente, do princípio ao fim, irrefutáveis. No campo da
psicologia, particularmente, a partir do momento em que atribuímos um
fracasso terapêutico ao paciente e jamais à teoria subjacente, entramos no
terreno fértil da má ciência, abrindo as portas para a invasão, no meio
acadêmico, de incontáveis teorias inatacáveis.

*****

Finalmente, vejamos como parcimônia e refutabilidade são, também,


correlacionadas.

Não raro, no intuito de salvar uma teoria da refutação, adicionam-se


elementos ou entidades irrefutáveis para contornar eventuais falhas da teoria,
tornando-a, ao mesmo tempo, não-parcimoniosa (supondo que o fosse
anteriormente; do contrário, acaba sendo “ainda menos parcimoniosa”) e
irrefutável. Diz a lenda que, quando Galileu demonstrou, para horror dos
presentes, que a superfície da Lua é - longe de ser perfeitamente lisa, como
queria a Igreja – toda esburacada, repleta de vales e morros, enfim, muitas
irregularidades, um de seus opositores contra-argumentou, audaciosamente,
que haveria um fluído invisível cobrindo toda a superfície lunar, tornando-a lisa
e perfeitamente esférica. Galileu, espirituosamente, teria replicado, afirmando
que, sim, havia mesmo o tal fluido invisível (?!), mas que este se acumulava
nos pontos mais altos da superfície, tornando-a ainda mais irregular...

Esses acréscimos, incorporados a uma teoria a fim de salvá-la da


refutação, são as chamadas modificações ou hipóteses ad-hoc. A um só
tempo, modificações ad-hoc tornam uma teoria não-parcimoniosa e irrefutável.

Além das modificações ad-hoc, quaisquer elementos não-parcimoniosos


de uma teoria científica só podem ter dois destinos: quando refutáveis, são
eventualmente descartados, porque desnecessários; quando irrefutáveis,
tornam a teoria descartável como um todo – do ponto de vista científico, nunca
é demais ressaltar. Enquanto, por um lado – e conforme já foi dito – devemos
nos considerar, em geral, livres para sustentar crenças de qualquer tipo, desde
que essas não suprimam ao próximo esse mesmo direito, seria insano, por
outro, que um cientista invocasse a manifestação divina como hipótese causal
num trabalho acadêmico.

Em Filosofia da Mente

Considerando o exposto, concluímos que uma filosofia científica da


mente deve ser parcimoniosa e tanto mais refutável quanto possível,
otimizando a quantidade de informação e evitando a multiplicação de entidades
ora desnecessárias. Isso nos obriga a partir de uma concepção monista do par
mente-cérebro, desconsiderando, portanto, todas as hipóteses dualistas, das
quais o interacionismo cartesiano é, em nossa cultura, o modelo mais
representativo, tendo permeado de forma indissociável nossa linguagem
cotidiana, como se nota em expressões como “cansaço mental” ou em
raciocínios da forma “tenho um corpo ---”, “sair do corpo”, etc .

Quanto ao nome: o termo “problema mente-corpo” é essencialmente


dualista, pois vê um problema ou uma inadequação entre o conhecimento
científico e a dualidade mente-corpo; ao separar “mente” de “corpo”, vemos na
formulação desse “problema” uma concepção dualista; assim, um termo mais
adequado seria “questão mente-cérebro”, que fica por abarcar a discussão
sobre de que maneira estes dois se relacionam, para o que dispomos de
algumas candidatas a programas de pesquisa cientificamente viáveis, a saber,
os funcionalismos e as teorias de identidade token-token e type-type (discutir e
comparar essas teorias, no entanto, excede imenso os propósitos do presente
ensaio).

No mais, assim como sugerem os filósofos John Searle e Daniel


Dennett, concluímos que talvez a própria consciência não seja mais que um
conceito ilusório que tenda a desaparecer conforme progridem os estudos em
neurociência (comparar o “conceito ilusório” com a diferença entre proposição e
sentença previamente exposta). Dennett lembra a doutrina do vitalismo dos
séculos XVII e XVIII, segundo a qual a existência de vida orgânica era atribuída
a uma energia vital específica, chamada por vezes de élan vital, enteléquia ou
magnetismo animal. Com o crescimento da biologia, contudo, essa idéia de
“substância da vida” foi completamente abandonada. O mesmo ocorreu com o
conceito físico de “éter” no fin de siécle. É possível que venha a ocorrer o
mesmo com a idéia de qualia e, por que não, de consciência. Afinal, a
neurociência ainda está no berçário mas, talvez, conforme acumulemos
conhecimento sobre o mapeamento e funções do sistema nervoso, o conceito
de consciência desapareça – citando Dennett - “como as brumas da manhã”.

Thomas Nagel, no tocante tanto à questão da consciência quanto à


relação mente-cérebro, afirma que o problema fundamental, de natureza
metafísica, é tornar compreensível a possibilidade de existência de fenômenos
subjetivamente irredutíveis em um universo totalmente físico. Collin McGinn faz
uma analogia a orangotangos tentando descobrir a teoria da relatividade para
ilustrar a impossibilidade de resolvermos questões dessa ordem de
complexidade.

Isso me lembra uma citação de Lévi-Strauss, para quem “o cientista não


é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras
perguntas”. Por isso eu acho que, muito, muito antes do dia em que um
orangotango venha a se perguntar sobre o que aconteceria, afinal, se um
macaco viajasse na ponta de um feixe de luz, tenhamos respostas mais
construtivas para esse tipo de problema, bem como propostas de muitos outros
novos problemas. Enquanto esse dia não chega, contudo, talvez seja cedo
demais para nos atribuirmos uma consciência ontologicamente legítima.

Ensaio redigido com base em outros textos do próprio autor, que podem ser
visualizados no sítio http://bio.warj.med.br/textos.asp

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