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Um velho sonho de todos os músicos já é rotina para uma boa parcela deles. Ter em casa
um estúdio de gravação, onde se possam gravar os próprios trabalhos, seja como fonte
de renda, ou pelo menos para registrar as idéias quando elas ainda estão frescas, recém-
saídas da inspiração. O antigo sonho de compositores, cantores e instrumentistas se
converteu em um mercado que movimenta milhões de dólares por todos os continentes.
Muitos músicos, pelo mundo afora, têm seu próprio estúdio, geralmente instalado em um
quarto ou sala, em casa. Alguns são bastante sofisticados, com gravação de áudio digital
em 24 pistas ou mais, mesas de som automáticas e muito poderosas, vários samplers,
sintetizadores, supercomputadores, tratamento acústico, enfim, recursos compatíveis com
os estúdios comerciais de médio ou até grande porte. Outros (a maioria) são bem mais
simples, sem tratamento acústico, com menos equipamentos, mas com alto poder de
fogo, de qualquer forma.
A MIDI (ou ‘o’ MIDI, como dizem) foi definida em 1983 pelos principais fabricantes de
instrumentos musicais do mundo. Ela evoluiu de sistemas de triggers e outros
sincronizadores, que cada fábrica desenvolvia para seus instrumentos e seqüenciadores
analógicos, sem muita compatibilidade entre equipamentos de fábricas diferentes. Em 83,
a indústria resolveu criar um protocolo unificado, e aberto a inovações futuras. Surgia a
Musical Instrument Digital Interface, ou MIDI.
Mais adiante, com o grande número de usuários e produtores de MIDI files, os arquivos
no padrão MIDI para computadores já não eram mais de interesse exclusivo dos músicos.
Os jogos de computador, por exemplo, lançam mão desses recursos, e se dirigem a um
público muito maior. Foi definido então o padrão General MIDI, um conjunto definido e
limitado de timbres e outros recursos para compatibilizar diferentes equipamentos em
aplicações voltadas para o mercado da informática. As placas de som e a multimídia
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 2
tiveram aí um terreno fértil para se desenvolverem.
Outro grande responsável pela explosão dos home studios foi o chamado porta-estúdio, o
gravador cassete de quatro (ou mais) pistas, que foi aposentando os gravadores de rolo
de quatro, oito ou 16 pistas. Hoje, o porta-estúdio está sendo aos poucos substituído pela
gravação digital em hard disk ou em fita de vídeo. O custo relativamente baixo e a
facilidade de manuseio desta tecnologia foram os responsáveis pelo súbito aumento do
número de produtores independentes.
De lá pra cá, máquinas, ferramentas e software para se gravar música em casa são
lançados freneticamente em um mercado que não pára de se expandir. Nos anos 90, os
seqüenciadores por computador e a gravação de áudio pelo processo digital em oito ou
16 pistas são as tecnologias que mais se popularizam. A Internet, a rede mundial de
computadores, é uma grande parceira desses estúdios, na medida em que fornece
programas, upgrades (atualizações), gravações de músicas, arquivos MIDI, partituras e
informação musical de graça, sem que o músico precise sequer sair de casa.
Para se montar e operar um home studio são necessários alguns requisitos básicos. O
primeiro que vem à mente, naturalmente, é o capital necessário; o segundo é o
equipamento a comprar. No entanto, um requisito fundamental muitas vezes é esquecido
nessa hora: planejamento. Sem ele, possivelmente o capital será mal empregado ou o
projeto não sairá do mundo das idéias. Planejar os objetivos, o mercado potencial, as
condições de trabalho, o equipamento e os recursos humanos, tudo de acordo com o
capital disponível, deve vir antes da aquisição de qualquer máquina, para que o sonho
não se torne um pesadelo. A consulta permanente ás fontes de informação (revistas,
manuais, lojas, especialistas, amigos com experiência, sites na Internet) é outro requisito
importante.
Para se montar um home studio é preciso equilibrar uma série de fatores. De acordo com
os objetivos, capital, espaço, clientela ou necessidades pessoais, surgem inúmeras
opções de equipamento e de projetos de tratamento acústico para quem vai “se equipar”.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 3
Nada é pior que constatar erros de planejamento depois de realizado o investimento,
como uma obra de isolamento acústico que não isola, ou a compra de aparelhos
desnecessários ou obsoletos. Antes de comprar, devem-se ponderar todas as
necessidades e possibilidades, e aí fazer uma lista de todos os itens, com modelos e
preços compatíveis.
O segundo item é o capital disponível. Ele deve ser levado em conta para se definir o
nível ou o padrão geral do estúdio, para que se determinem equipamentos e obras
acústicas compatíveis entre si. Por exemplo, o uso de microfones caros e muito sensíveis
num quarto de alvenaria sem qualquer tratamento acústico pode trazer resultados
decepcionantes.
Avançado: apto a oferecer qualquer serviço de gravação profissional, adiciona uma mesa
de gravação (Mackie, Soundcraft, Tascam, Yamaha) com 32 ou mais canais de
entrada/saída e oito subgrupos, automação e patch bay, um sistema de gravação digital
(24 pistas) em fita de vídeo (ADAT, DA-88) ou computador (MacIntosh com Pro Tools),
dois sistemas de monitoração com amplificadores e caixas profissionais para gravação e
mixagem, processadores (equalizadores, compressores Dbx, reverberadores Lexicon e
Yamaha, multi-efeitos, Vocalist, Aural Exciter etc.), distribuidores para uns 10
headphones, vários microfones (Neumann U87, AKG C-414, Shure SM-57, SM-94, Audio
Technica 4049, Sennheiser MD 421U, Eletro Voice RE 20) e cabos de qualidade. O
sistema MIDI se expande com uma interface de oito portas (8 Port, Studio 5 etc.) para o
Pentium ou o Mac, teclado controlador Roland ou Kurzweil, sintetizadores Korg Trinity,
Roland JV-1080, Ensoniq TS-12, samplers (Roland, Akai, Emulator). A bateria pode ser
acústica (microfonada) e/ou trigada ao sampler.
As Mesas de Som
Mesa, console ou mixer. O item central de
qualquer estúdio costuma ser negligenciado
por aqueles que estão iniciando no universo
da gravação de áudio, visto como luxo por
alguns que começam a adquirir seus
equipamentos, ou como um verdadeiro
bicho-de-sete-cabeças por outros. É
impossível se operar um estúdio sem a
mesa, e ela é que determina a qualidade do
seu som. Mesmo os mini-estúdios baseados
num único sintetizador workstation, ou só num computador com placa de som, dependem
do mixer virtual instalado neles.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 5
Em um sistema de gravação com mais de uma fonte sonora (instrumento ou voz), todas
as fontes devem ser transmitidas à mesa de som através de cabos. Os sinais sonoros
entram na mesa através dos canais de entrada (inputs), são processados um a um e
finalmente misturados e enviados, pelos canais de saída (outputs), a um gravador ou um
amplificador.
Canais. O número de inputs, oito, 12, 16, 24, 32 ou mais, depende do número de fontes
sonoras (microfones, instrumentos elétricos e eletrônicos) a se gravar simultaneamente, e
a se mixar (canais de gravação, instrumentos eletrônicos seqüenciados). Além desses,
temos os inputs auxiliares, geralmente para entrada de efeitos externos, como o reverber,
ou como canais extras para mixagem de teclados ou outros sinais ‘flat’ (não processados
pela mesa).
Os canais de saída são os masters estéreo (direito e esquerdo), em pares de outputs para
monitoração e mixagem, mais as saídas individuais ou de subgrupos de canais para
gravação, além das saídas auxiliares para processamento e efeitos.
Conexões. Os conectores, na maioria das mesas, são do tipo “banana”; outras usam
plugs RCA. Os conectores “banana” podem ser balanceados (com redução do ruído nas
gravações) ou não balanceados. Prefira os plugs do formato XLR ou Canon, balanceados.
As impedâncias dos sinais de entrada são geralmente equilibradas pelos controles de
ganho (gain ou trim), ou com diferentes inputs para diferentes impedâncias
(microfone/linha, mic/line, por exemplo). Nunca use duas entradas de um mesmo canal.
O equalizador (EQ), que define o timbre de cada canal, pode ser desde um simples par de
controles de tonalidade (grave, low, e agudo, high) até um equalizador paramétrico de
várias faixas de freqüência. Mais comumente, as mesas apresentam controles de
freqüências baixas (Low: 80 ou 100 Hz), médias (Mid: 1 ou 2,5 KHz) e altas (High: 10 ou
12 KHz). As maiores têm uma ou duas faixas de paramétricos nos médios, mais agudo e
grave.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 6
O pan pot, controle do panorama estéreo, posiciona o sinal de um canal de entrada nos
canais stereo de saída, mais á esquerda ou á direita. Instrumentos estéreo, como
teclados, que utilizem dois canais da mesa, devem ter os pan ajustados, um todo para a
esquerda e o outro todo para a direita. O controle da estereofonia, neste caso, é feito com
os faders, aumentando-se ou abaixando-se
cada um para modificar a posição ‘espacial’.
Algumas mesas dispõem de canais estéreo,
que endereçam os dois sinais para esquerda e
direita. Neste caso, usa-se normalmente o
pan, e os outros controles afetam igualmente
os dois lados.
Masters, ou mestres, são um ou dois faders que controlam o nível geral dos canais
masters de saída, e os controles de retorno dos auxiliares. Os subgrupos ou submasters,
encontrados nas mesas de médio e grande porte, tipo 8 bus, funcionam como canais
coletivos que gerenciam outros canais. Por exemplo, se as peças de uma bateria ou de
uma seção de instrumentos estão entrando por vários canais, pode-se equalizá-los em
separado e depois endereçá-los para um mesmo submaster, o que permite o uso de um
único fader ou um par estéreo para toda a seção ou a bateria, e gravar tudo em uma ou
duas pistas, pelas saídas dos submasters.
Automação. As mesas com automação, em geral via MIDI, podem ser controladas por um
computador. Diversos procedimentos de mixagem, difíceis de se realizarem
simultaneamente, podem ser preparados no computador e repetidos infinitas vezes
durante o processo. Vários controles da mesa são automatizados, como os faders, pan e
outros. O recurso chamado “recall” permite recuperar as posições dos controles de uma
mixagem feita antes. Algumas mesas vêm com automação interna, independente do
computador, e todo o processamento on board, isto é, com multiprocessadores de efeitos
internos. Mesas digitais transmitem e recebem o sinal dos gravadores por fibra ótica,
mantendo o som definitivamente no campo digital.
A Captação do Som
Se o seu home studio opera somente via MIDI, isto é, se teclados e baterias eletrônicas
são suas únicas fontes sonoras, não há muito com que se preocupar, pois os
instrumentos eletrônicos são conectados diretamente à mesa de som pelos cabos de
áudio. Porém, se o estúdio dispõe de um gravador multipista (em fita, HD ou MD) e tem o
objetivo de gravar vozes e instrumentos, é necessário conhecer alguns recursos técnicos.
A mesa deve ter inputs do formato XLR ou Canon para uma melhor qualidade do som. Se
ela só possui entradas com plugs do tipo “banana”, verifique no manual se essas entradas
são balanceadas. Neste caso, podem-se usar plugs banana estéreo (com 3 vias) para
fazer a conexão. Note que esses plugs estéreo serão usados como “mono” (a terceira via
é usada como terra). Para gravar instrumentos em linha numa mesa com entradas Canon,
é ideal o uso de Direct Boxes, casadores de impedância que mandam o sinal para a mesa
por cabos Canon. Já os microfones são plugados diretamente à mesa.
Vejamos aqui algumas técnicas e os microfones mais usados para a captação de vozes e
dos instrumentos mais comuns:
Violão. Temos aqui várias opções de captação. O violão com cordas de nylon será
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 8
captado por um microfone a condensador, como os citados para voz, a uns 20 ou 30 cm
da boca do instrumento. Usa-se ainda, nos violões eletrificados, combinar o som do
microfone com o som direto, plugando-se o violão em um segundo canal da mesa. O ideal
é se gravar em várias pistas para então dosar o nível dos sons. O violão com cordas de
aço, atuando em conjunto com outros instrumentos de harmonia, pode ser captado por
um microfone que realce as altas freqüências (agudos), como o AKG C-391 ou o Shure
SM-81.
Baixo elétrico. Pode ser gravado diretamente na mesa, microfonado, via amplificador, ou
de várias formas combinadas. Microfonado, segue os padrões da guitarra, usando Shure
SM 57, AKG D112, Eletro-Voice RE 20 ou Sennheiser 421. Em linha, com direct box, o
som é mais nítido. As cordas têm que estar novas, o instrumento regulado e, se usar
captação ativa, bateria nova. O ideal é experimentar até se alcançar a sonoridade
desejada. O custo/hora do home studio costuma ser bem menor que nos estúdios de
maior porte, o que permite uma experimentação maior.
Os Gravadores Multipista
Há poucas décadas, a gravação de um disco era feita diretamente para a fita master,
gravando-se músicos e cantores todos ao mesmo tempo. Se houvesse um erro por parte
de qualquer um deles, todo o trabalho era refeito. O lançamento dos gravadores multipista
permitiu uma grande evolução nas técnicas de gravação. Os estúdios dispõem hoje de
dois tipos de gravadores, multipista e estéreo, o primeiro para a gravação em si e o
segundo para a mixagem. Cada tipo apresenta diversos formatos, para gravação
analógica ou digital.
Gravadores digitais utilizam fitas de vídeo em 8 pistas, expansíveis até 128, como o Alesis
ADAT-XT (fita S-VHS) e os Tascam DA-88 e DA-38 (fita Hi-8), Mini-Disk (MD) em 4 pistas
(Tascam, Yamaha e Sony) ou disco rígido (HD), em hardware (Roland, E-Mu) ou via
computador. Enquanto a fita permite o livre trânsito do material gravado entre vários
estúdios, a gravação em HD ou MD ganha poderosos recursos de edição. Os programas
de computador (para Mac e PC) controlam sistemas de quatro ou oito pistas, em geral,
utilizando hard disks de mais de um gigabyte de memória. Os mais usados são o Pro-
Tools, da Digidesign (que inclui os periféricos‚ como interface de áudio etc.), o Sonic
Solutions , ambos para o MacIntosh, e o Session 8 (Digidesign) para o PC (Windows).
Recentemente, os seqüenciadores MIDI vêm implementando a gravação de áudio em HD
através das placas ou interfaces de som. Os mais comuns são o Cakewalk Pro Audio
(PC), o Studio Vision, o Digital Performer (Mac), o Cubase Audio e o Logic Audio (para as
2 plataformas).
Pistas e canais são termos usados de forma genérica e confusa para gravadores, mesas,
MIDI e seqüenciadores. Cabe aqui uma distinção: canal ("channel") é a rota de um sinal
de entrada ou saída, seja de áudio em uma mesa de som, seja de informações MIDI
sendo transmitidas ou recebidas por um instrumento ou computador; pista ou trilha
("track") é a faixa de uma fita onde um sinal é gravado. Por exemplo, a fita cassete
estéreo é gravada em duas pistas (direita e esquerda) no lado A e mais duas no lado B.
Os seqüenciadores, inspirados nos gravadores, têm seus setores de "gravação"
igualmente denominados "pistas" .O mesmo ocorre com gravadores de HD. Nada impede,
pois, que enderecemos vários canais de uma mesa direto para uma única pista do
gravador, ou seja, que gravemos várias fontes, através de vários canais da mesa, numa
única pista.
Diferenças entre estéreo e multipista. O gravador multipista difere do estéreo nos modos
de gravação e reprodução. Comparado a um cassete multipista, o deck cassete stereo
tem quatro pistas de gravação, que correspondem aos canais esquerdo e direito de cada
lado ("A" ou "B") da fita. O cabeçote atua sobre duas pistas, os dois canais stereo daquele
lado. Virando-se a fita, gravam-se ou reproduzem-se as duas pistas do outro lado. O
gravador multipista, por seu turno, utiliza todas as pistas de uma só vez. Não há lado "A"
ou "B", mas um único lado com 4 ou 8 pistas, cada uma delas sendo gravada ou
reproduzida independentemente. Cada pista tem seu sinal enviado a um diferente canal
da mesa de som, onde só então o sinal é posicionado no campo auditivo stereo
(direito/esquerdo) via controle de pan.
Filtros. Nos gravadores analógicos, devemos usar sempre o filtro de ruídos, dbx ou Dolby,
desnecessários nos modelos digitais. Os gravadores em HD e MD, com suas
peculiaridades, serão matéria de um outro artigo.
Para o home studio de nível básico, esta revolução significa que, dispondo-se de um PC
com uma placa Soundblaster, geralmente usada para sonorizar jogos, basta instalar um
programa como o Cakewalk Pro Audio para ter um porta-estúdio digital e um
seqüenciador MIDI sem custos adicionais. O estúdio de nível intermediário pode usar uma
placa de som Turtle Beach ou Roland, que aceitam maior número de pistas de áudio e
conferem melhor qualidade sonora. O estúdio avançado usa a mesma versão do
software, com uma placa Audiomedia III, da Digidesign, e um hard disk SCSI, mais rápido
que o IDE.
Embora seja fácil sincronizar qualquer gravador multipista com um seqüenciador, uma
nova tendência vem se irradiando com muita intensidade: os programas de computador
que conjugam seqüenciamento MIDI com gravação e edição de áudio digital. Um desses
programas vem se tornando um verdadeiro padrão nos estúdios: o Cakewalk Pro Audio.
Fácil de operar, o programa (para Windows) conta com inúmeros e poderosos recursos. A
versão 6.0 está em fase de lançamento.
Operar o Cakewalk é muito fácil: do lado esquerdo da tela, temos 256 tracks em linhas
horizontais, que podem servir para gravação de áudio ou MIDI. Em cada track, seleciona-
se a fonte sonora, o canal de áudio ou MIDI e outros parâmetros, de acordo com a
natureza da gravação, como volume, pan, patches de sintetizadores etc., clicando nas
colunas correspondentes. No lado direito, cada take gravado tem a forma de um clip, um
retângulo de comprimento proporcional à sua duração. Os clips MIDI são rosa e os de
áudio, vermelhos, facilitando sua identificação, já que sua edição terá importantes
diferenças.
Lembre-se sempre que o seqüenciador MIDI não está ‘gravando’ o som do teclado, mas
seqüenciando comandos, como note on e off, que só serão ouvidos se o teclado estiver
amplificado. Por outro lado, não é necessário se gravar o áudio do teclado, já que o
Cakewalk sincroniza automaticamente as tracks MIDI com as de áudio. Além disso, o
áudio digital consome centenas de vezes mais memória que os eventos MIDI, o que torna
contraproducente a gravação do som dos instrumentos eletrônicos. Só deve ser gravado
o áudio de vozes, instrumentos acústicos e elétricos etc., nunca dos instrumentos MIDI.
No seqüenciador, crie uma MIDI track com a harmonia (timbre de piano, violão) ou a
bateria, primeiro. Use o metrônomo, para depois poder editar o que foi executado.
Escolha um andamento confortável e, depois de gravado, modifique-o, se quiser, clicando
diretamente na caixa de Tempo (onde está escrito 100,00). A música toca em qualquer
outro andamento, sem alterar o tom. Aliás, se desejar, você também pode modificar o tom
das MIDI tracks, na coluna Key, o timbre em Patch etc.
Quantização. Se o ritmo executado não foi preciso, basta selecionar o trecho com o
mouse e acionar o menu Edit Quantize. Escolha a resolução equivalente ao menor valor
rítmico (colcheia, semicolcheia etc.) que foi tocado. Determine também se quer afetar o
início ou a duração das notas. Clique OK. Ouça o trecho. As notas que estavam
adiantadas ou atrasadas agora soarão exatamente no tempo. Fique atento: se escolher a
resolução errada ou tocar muito fora do tempo, a quantização poderá mover algumas
notas inadequadamente. Às vezes, convém tocar de novo. Alguns "Instrumentos" soam
melhor quantizados, como bateria e baixo; outros, como cordas e solos, não. A decisão
depende de cada linguagem musical.
Transposição. No menu Edit Transpose, um trecho selecionado é transposto para o
intervalo que se quer, permanecendo o resto no tom original.
Scale Velocities. O menu Edit Scale Velocities modifica a expressão (mais forte ou mais
piano) de um trecho marcado mantendo-se a expressão original do restante da música.
Edição gráfica. As telas a seguir são rapidamente acionadas com o botão direito do
mouse sobre a track (pista) a editar:
Staff. No Cakewalk, é o nome dado à edição da partitura convencional, que inclui notas no
pentagrama, letras de músicas e sinais de expressão. Acrescente, retire e modifique
notas com o mouse, diretamente na partitura, usando lápis e borracha. Depois, ouça o
resultado.
Piano-roll. Derivado dos rolos de papel perfurado das pianolas movidas a corda do séc.
XIX, visíveis nos Westerns, o Piano-roll é a tela de edição mais completa. Tem a forma de
um gráfico cartesiano "x-y", com o tempo na horizontal e a escala musical (as alturas das
notas) na vertical. Cada nota é um traço horizontal, cujo comprimento representa sua
duração, e a posição se refere à altura e ao tempo. Com o mouse, facilmente se modifica
sua duração, pitch (altura, "afinação"), velocity (intensidade do toque), bem como se pode
retirar uma nota "esbarrada" ou acrescentar outras.
Event List. Como nos seqüenciadores em hardware, na lista de eventos cada mensagem
MIDI é uma linha com números que a representam, indicando o tipo de evento (notas,
outros comandos), o tempo, a intensidade etc. Podem-se editar as mensagens mudando-
se os números.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 15
Placas de Som
Seu computador está novinho, com 32 MB de RAM e um HD grande e rápido, só
esperando ser configurado para gravação de áudio. Você até já instalou um programa de
gravação, agora só falta a placa de som. Mas, qual placa? O que ela precisa ter? Quantas
entradas e saídas? I/O digitais, ou analógicos? MIDI? Sync? Pode-se gravar áudio de
qualidade com placas multimídia?
As primeiras interfaces de áudio tinham um som muito ruim. Eram baratas, com alto ruído,
e seus conectores se limitavam a miniplugs estéreo (1/8" ou P2). Hoje, uma verdadeira
revolução acontece nesse mercado, onde os modelos evoluem muito rapidamente em
recursos e qualidade de som. A multimídia, para o mercado de consumo, tem placas
baratas com múltiplas funções, como a popular SoundBlaster. Pode-se gravar com essas
placas, embora seu som lembre o de um rádio AM. As placas para multimídia congregam
um grande número de funções, como interface MIDI, sons de sintetizador, controlador de
CD ROM e de joystick para jogos etc., mas não possuem recursos de sincronização (sync
time code) para gravadores multipista externos. Os estúdios dispõem de interfaces de
áudio internas e externas com alta qualidade de som, inúmeros recursos de
processamento digital de sinal (DSP), como reverb, delay, EQ, compressor etc., e preços
atraentes.
Algumas placas vêm com interface MIDI, sincronização a outros equipamentos, efeitos
digitais, capacidade de expansão de entradas e saídas e um gerador de sons, recursos
que interessarão aos usuários, dependendo de suas necessidades. Na ausência de
certos recursos, como MIDI, sync ou mais canais de áudio, pode-se usar mais de uma
placa, em geral, para suprir estas necessidades.
No quadro (Anexo), são comparados vários recursos das placas mais conhecidas do
mercado. Não são citados, por limitação de espaço, os sistemas integrados, pacotes com
placa/interface/software, nem as placas para multimídia, embora ambos também sejam
utilizados para gravação de áudio em HD. Os preços em dólares se devem à dificuldade
de compararmos todos os preços em reais.
Você pode gravar o áudio em seu HD através de uma ou mais dessas placas, com um
programa gravador de áudio multipista ou estéreo, como o Cakewalk Pro Audio, o Cubase
Audio, o Logic Audio, o Session, o Saw Plus ou o Sound Forge, para citar os mais
usados. É importante verificar a compatibilidade entre a placa e o programa, pois nem
todos trabalham em conjunto ou utilizam todos os recursos. Outra boa opção, geralmente
mais cara, são os sistemas integrados (kits) com placas, interfaces externas e programas
num só produto, como o Pro Tools, o Session 8 ou o Yamaha CBX-D5, entre outros, o
assunto de nosso próxim artigo. Veremos, também, os recursos das placas multimídia,
como a SoundBlaster AWE 64, e suas possibilidades de utilização no estúdio.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 17
ADB 24 bits
486 2 Outs
S/PDIF Até 96 Via
PC Sim Não DSP24bits 699,00
Multi!Wav Pro KHz S/PDIF
ISA 16 bits DAC 18 bits
18 AES/EBU
AES/EBU MIDI,
Antex Pentium 4 Ins / 4 Outs 6.25 a 1 In Efeitos
PC Sim 1595,00
LTC/VI
StudioCard 16 MB, PCI XLR 50 KHz 1 Out Opcionais
S/PDIF TC
Synth
AVM
PC * * * * * * * Kurzweil 349,00
Apex
Efeitos
EQ em
CreamWare 486/66 16 MB 4 I/O 1 In MTC
PC 2 Ins / 2 Outs * Sim tempo real 998,00
Master Port ISA 16 bits S/PDIF 1 Out MIDI
Efeitos
11.025
Digidesign Mac PowerMac/ 2 Ins / 2 Outs
a
Pentium,16MB, S/PDIF Sim Não Não EQ 795,00
AudioMedia III PC PCI RCA
48 KHz
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 18
Digital Audio
32, 44.1
Labs 486, 4 MB, Não, só via
e
PC S/PDIF Sim Não Não - 495,00
Digital Only ISA 16 bits CardDplus
48 KHz
CardD
MTC
Emagic Mac PowerMac/ 2 Ins / 8 Outs 38.5 a via
Pentium,16MB, RCA S/PDIF Sim Não VMR 799,00
Audiowerk8 PC PCI AD/DA 18 bits 50 KHz S/PDIF
SMPTE
Event 8 Ins / 10 Outs 1 In / Interface
Mac PowerMac/ 1
Electronics Balanceados 24 bits Qualqu externa
Pentium,16MB, Sim Out 999,00
S/PDIF er MTC
PC PCI 1
Layla 1/4" 20 bits DSP24bits
Thru MIDI
Event Interface
Mac PowerMac/ 2 Ins / 8 Outs 11 a
Electronics 24 bits externa
Pentium,16MB, Sim Não Não 499,00
S/PDIF
PC PCI 1/4", AD/DA de 20 bits 48 KHz
Gina DSP24bits
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 19
S/PDIF WordCl
Korg PowerMac 2 Ins / 2 Outs 44.1 e
ck
Mac Sim Não - 1250,00
ADAT
1212 I/O 8 MB, PCI 1/4" 48 KHz
ótica ADAT
Lucid
Mac AES/EBU
Technology PowerMac/
Não * * Não * * 499,00
Pentium, PCI
PC S/PDIF
PCI24
Lucid
PowerMac
Technology
Mac Não S/PDIF * * Não * DSP24bits 399,00
NuBus
NB24
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 20
Turtle Beach
486, 8 MB, 2 Ins / 2 Outs 5a 1 In Synth
S/PDIF
PC Sim MIDI 429,00
MultiSound opcional
ISA 16 bits 1/8", Mic In 48 KHz 1 Out Kurzweil
Pinnacle
Essa grande variedade de modelos de interfaces de áudio traz uma enorme gama de
opções: conectores analógicos e digitais de diversos formatos, várias taxas de
amostragem (sampling rates), tipos de sync time code, número de pistas de gravação,
recursos de edição e processamento etc. Às vezes, uma consulta a um profissional mais
experiente evita despesas inúteis com recursos que não serão usados e otimiza as
escolhas.
O estúdio básico, que conta com o possível para realizar suas gravações, pode fazer de
seu kit multimídia um verdadeiro "porta-estúdio", gravando o áudio e seqüenciando pistas
MIDI de teclados, com uma versão com áudio de qualquer software seqüenciador, como o
Cakewalk Pro Audio. O áudio é gravado no HD de seu computador através de uma placa
de som como a SoundBlaster 16, AWE 32 ou 64, ou compatível, tudo controlado pelo
programa. Você contará com recursos de edição, processamento acústico (reverber,
compressor...), mixagem e muito mais, em várias pistas de áudio. Se seu estúdio tem
uma mesa de som, ligue primeiro o microfone ou instrumento na mesa, e envie o sinal
dela para a entrada de linha (line in) da placa de som. Para monitorar, ligue a saída de
linha (line out) da placa a 2 entradas da mesa. Caso não possua a mesa, ligue o
microfone direto à entrada mic in da placa, controle o nível de sinal de entrada/saída via
software e ouça o resultado nas caixinhas do kit multimídia ou outro par de caixas plugado
à saída speaker out da placa.
Não se deve subestimar nem superestimar o poder das placas multimídia. De um lado,
são baratíssimas (SoundBlaster 16: R$89; AWE 64, ótima, menos de R$300),
extremamente versáteis (controlam CD, joystick, MIDI, gravam/reproduzem áudio, e têm
um pequeno sintetizador MIDI) e práticas, mas, em contrapartida, apresentam qualidade
sonora inferior à das placas para estúdios, apesar da maciça propaganda. Isto se deve à
economia de custos proporcionada pela escolha de conversores AD/DA de baixa
qualidade, entre outros fatores.
Cada estúdio tem suas peculiaridades, e, com tantas opções, pode-se encontrar os
sistemas que satisfaçam às mais variadas exigências. Escolha o seu de acordo com as
suas reais necessidades. Procure contar com a opinião e orientação de quem já tem
experiência com alguns desses kits de áudio.
Pentium 1798,/*
CreamWare S/PDIF 32, 44.1,
90 4/8-25 (256 MTC, MIDI,
2/ 2 RCA coax./ót.; 1998,/*
virtuais) word, LTC
tripleDAT AES/EBU 48 KHz
16Mb
(c/AES)
Kit:
Digidesign 486 888:S/PDIF 1995,/2300,
888: 8/8 XLR
DX2/66 coax., 8
Session 8 44.1 e MTC, MIDI,
882: 8/8 1/4" AES/EBU 888: */3500,
8/8 word, LTC,
16Mb ADAT
(mais 48 KHz
882-S: 4 XLR+ 882 e 882-S: 882: */1250,
interfaces S/PDIF coax
HD SCSI 10 1/4"/8 1/4"
888,882,882-S)
882-S: */*
NuBus:
Digidesign PowerMac 8-48/ 888: 8/8 XLR 44.1 e MTC, MIDI,
Conforme a 6995,/8250,
word, LTC,
interface
Pro Tools III 16 Mb 16-48 882: 8/8 ¼" 48 KHz ADAT
PCI: 7995,/9300,
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 24
5000,/* (4
S/PDIF canais)
Merging 32, 44.1, LTC, word,
Pentium coax./ót.;
4-8/4-8 * RS-422, BB, 7000,/* (8
150, 16 Mb
Pyramix V. S. 48 KHz ADAT canais)
ADAT
11600,/* (c/PC)
Pentium
2/1 (P2 stereo) 11.025,
Metalithic 90, 22.05,
Breakout: 1695,/*
2/128 breakout:4/4XLR S/PDIF, 29.4, MIDI
Digital Wings 16 Mb, AES/EBU c/breakout:1995,/*
for Audio
2/2 1/4"stereo 44.1 KHz
Win 95
Pentium
MicroSound 8, 11.025, 16, MTC, MIDI,
90, S/PDIF,
4-8/64 stereo 1/1 1/4" stereo 22.05, 24, word, LTC, 2999,/*
AES/EBU
Crystal 2400 44.1, 48 KHz BB
16 Mb
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 25
8, 9.45, 10,
Pentium 11.025, 12,
MicroSound
90, S/PDIF, 16, 18.9, 20, MTC, LTC,
4/64 stereo 4/4 XLR 4895/*
AES/EBU 22.05, 24, 32, BB
MicroSound 37.8, 44.1,
16 Mb
48KHz
SonicSolutions
PowerMac, MTC, word,
16/24 8/8 XLR Opcionais 44.1, 48 KHz LTC, RS- 7999,/*
SonicStudio 422, BB
24 Mb
16*24
MMC, MTC,
Soundscape 486/50
S/PDIF 1 22.05, 32, LTC,
2/8 2/4 RCA 3250,/*
In/2 Outs 44.1, 48 KHz
SSHDR1 8 Mb
RS-422
MMC, MTC,
Spectral 486/66 MIDI, LTC,
Interfaces Interfaces
2-8/12 (96 virtuais) 30-50 KHz word, RS- 3390,-3890,/*
opcionais opcionais
Prisma 16 Mb 422, BB,
ADAT
MMC, MTC,
Spectral 486/66 MIDI, LTC,
Interfaces Interfaces
2-16/16 30-50 KHz word, RS- 4540,-6810,/*
opcionais opcionais
AudioEngine 16 Mb 422, BB,
ADAT
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 26
S/PDIF,
Studer Editech PowerMac, 32, 44.1, MMC, MTC,
AES/EBU,
4-16/8-32 4/4 XLR LTC, word, 10000,/*
Dyaxis II 16 Mb 48 KHz RS-422, BB
SDIF, Y2
Pentium S/PDIF,
Studio A & V 2/4 XLR 22.05, 32, 7995,/*
75
2/10 MTC, LTC
AES/EBU
Sadie 2 outs RCA 44.1, 48 KHz 10995,/* c/PC
8 Mb 1In/2Outs
Através dos formatos de sync time code fazemos os diversos meios de gravação de áudio
e seqüenciamento MIDI trabalharem em conjunto. Dessa forma, por exemplo, não
precisamos gravar os teclados seqüenciados na fita, economizando canais: o
seqüenciador trabalhará sincronizado ao gravador multipista (porta-estúdio, ADAT etc.).
Isto quer dizer que os instrumentos eletrônicos MIDI (sintetizadores, samplers, baterias
etc.) estarão funcionando ao vivo no momento da mixagem, tocados diretamente pelo
seqüenciador. O som desses instrumentos será mixado ao som das pistas de áudio
gravadas, todos ligados à mesa de som. Assim, na fita multipista só são gravados
instrumentos acústicos/elétricos e vozes, consumindo-se poucos canais, evitando-se as
reduções e outros procedimentos que degradam a qualidade do som. Os teclados não
ocupam canais dessa fita, e só serão gravados na fita mixada.
Os formatos mais típicos de sync são o MIDI Clock, o FSK e o SMPTE/MTC. Cada um é
usado entre diferentes meios de gravação/seqüenciamento.
MIDI Clock. Também chamado “MIDI sync”, atua entre 2 seqüenciadores MIDI, com
precisão de 24 pulsos por semínima. Serve para se copiar uma seqüência de um
hardware para outro (de um teclado workstation para o Cakewalk, p/ ex.), ou para se
executar um seqüenciador e uma bateria eletrônica ao mesmo tempo. Comandos MIDI,
como “Start/Stop/Continue” e “Song Position Pointer” (que indica o ponto exato da
música) são enviados pela conexão MIDI Out do seqüenciador “mestre” (master) para o
MIDI In do “escravo” (slave). Primeiro se ajusta o “escravo” para receber MIDI clock; em
seguida é dado o comando “Play” ou “Record”. O “escravo”, em compasso de espera, fica
pronto para trabalhar em conjunto com o “mestre”. Este é ajustado para transmitir os
mesmos comandos. Quando se der o comando “Play” ou “Record”, como também “Stop”,
no mestre, ambos atuarão juntos, no andamento deste. Quando terminar, não esqueça de
tirar o “escravo” do modo sync.
FSK. Frequency Shift Key é um sinal que muda de tom rápida e constantemente, de
acordo com o andamento de uma música seqüenciada. Sincroniza um seqüenciador MIDI
a um gravador multipista. Vários seqüenciadores em hardware e baterias eletrônicas têm
entradas e saídas “tape” ou “sync”, que são conversores MIDI/FSK e FSK/MIDI. O FSK
age como um metrônomo: gerado pelo seqüenciador e gravado na fita, ele permite que o
gravador (mestre) acione o seqüenciador (escravo) de acordo com o(s) andamento(s) da
música previamente determinado(s), bem como o ponto inicial e final. Assim, não são
possíveis alterações nesses parâmetros (andamento e duração), a não ser que se refaça
todo o processo desde a gravação do sync na fita, inclusive regravando as pistas de
áudio. É útil quando o estúdio não dispõe de um computador, apesar de geralmente o
FSK só sincronizar corretamente os aparelhos quando a música é executada desde o
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 28
início (nada confortável quando se precisa regravar várias vezes um vocal no meio da
música).
O sinal de áudio do sync time code é sempre um sinal de altas freqüências, não devendo
jamais passar por filtros de nenhuma espécie. Conecte o seqüenciador ou interface
diretamente ao gravador, sem passar pela mesa etc. Vários porta-estúdios têm uma
chave e conectores “sync”. É porque eles trabalham usando filtros de ruído dbx ou Dolby,
que prejudicam o sincronismo. A chave sync desliga o filtro na última pista de gravação,
permitindo gravar o time code sem o filtro, ao contrário das demais pistas.
O Endereçamento do Sinal
Hoje, os estúdios têm muitas opções de equipamentos para gravação de áudio. Os
procedimentos descritos a seguir são as técnicas mais usuais. Devido ao espaço, este
assunto será dividido em várias edições. Nesta, vamos nos ater ao endereçamento do
sinal de áudio.
Uma gravação pode ser feita em fita analógica ou digital, em disco rígido ou mini-disk,
mas sempre se gravam os instrumentos em diversas pistas ou ‘tracks’. Depois de tudo
gravado, todas essas pistas são mixadas para um gravador estéreo. Pode-se gravar em
várias pistas simultaneamente, ou em uma de cada vez, como também gravar só um ou
vários instrumentos (ou vozes) em cada pista. Tudo depende dos recursos do
equipamento e das características de cada trabalho. Para isso, necessitamos de um mixer
(mesa de som). Os porta-estúdios, que gravam em cassete, MD ou HD, vêm com a mesa
acoplada, endereçando-se os sinais internamente. Sistemas de gravação em computador
têm uma “mesa virtual” para controlar e mixar os sinais, embora continuem a precisar do
mixer externo, “real”, para vários procedimentos.
As mesas de som servem tanto para endereçar os instrumentos para o gravador quanto
para se ouvir os sons gravados. Para se monitorar o gravador, liga-se cada pista dele
(output) em um canal da mesa. Temos, assim, na mesa, um controle separado para cada
pista do gravador.
O som gravado retorna à mesa, para ser monitorado e mixado, de cada canal de saída
(output) do gravador para os canais da mesa, como já vimos. Isto significa que são
usados, ao todo, dois canais da mesa para cada instrumento, um de entrada, por onde
entra o sinal do instrumento para gravação, e outro de retorno, onde entra o áudio já
gravado, para monitoração. Na mixagem, esses canais de retorno são endereçados à
seção master da mesa, através dos botões “L-R”, e dali para o gravador estéreo, como
também para o amplificador, pelas saídas master estéreo.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 30
As diferenças entre porta-estúdios e sistemas com gravador e mesa separados, quanto
ao endereçamento do sinal na gravação, são duas. A primeira é óbvia: não há cabos, a
transmissão é interna. A segunda é a maneira de se fazer o endereçamento do sinal. Há
dois modos: o individual e o coletivo. No individual, para gravar um instrumento na pista 1,
ele é plugado no canal 1 e liga-se a chave de gravação na posição “1”. Dessa maneira,
somente o instrumento que está ligado no canal 1 será gravado na pista 1, e os outros
canais serão ignorados. No modo coletivo, para gravarmos vários instrumentos na pista 1,
liga-se a chave na posição “L”, que quer dizer Left, esquerda. Ligamos cada instrumento
em um canal e viramos o pan de cada canal a gravar para a esquerda. Os canais que não
quisermos gravar, viramos o pan para a direita. Para gravar nas pistas pares (2 ou 4),
ligamos a chave na posição “R” (Right, direita) e viramos o pan para a direita, dos canais
que queremos gravar, e para a esquerda, dos canais que não queremos.
Na monitoração, os porta-estúdios têm em cada canal uma chave “line/tape”, que nos
permite usar o mesmo canal, tanto para entrada (“line”) quanto para monitoração do som
gravado (“tape”), de acordo com a necessidade.
Isto é possível porque dois canais da mesa são usados para cada som gravado: um para
a entrada (input) do sinal - que vem do microfone ou instrumento e vai para a fita (ou HD
etc.) - e outro para a monitoração (audição) e posterior mixagem do som gravado, que
retorna à mesa. (Fig. 1) As ligações são: microfone > canal de entrada da mesa > saída
submaster > input do gravador e output do gravador > canal de monitoração da mesa (ou
“volta do gravador”). Como o canal de entrada fica antes do gravador e o canal de
monitoração fica depois, basta deixar o som entrar flat (seco, não tratado) na fita e ouvi-lo
com os efeitos, equalizadores etc. no canal de retorno. O som vai seco para a fita e é
tratado na volta.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 31
Processadores se dividem em dois grupos, pelo seu uso individual ou coletivo e pela
maneira de serem plugados à mesa. Os efeitos (“FX”), como o reverber, o delay ou eco, o
chorus e outros, podem ser usados por vários canais ao mesmo tempo, em diferentes
intensidades, como um mesmo reverber, que pode ser regulado mais forte no canal da
voz e mais discreto no violão. Nos controles auxiliares dos canais da mesa, dosam-se as
intensidades do efeito para cada canal. O outro grupo é o dos processadores individuais,
que modificam inteiramente um sinal, não se controlando a intensidade, e que são usados
cada um por um único canal. É o caso dos equalizadores, noise gates e compressores.
Os efeitos são conectados às saídas (“aux send”) e entradas (“aux return”) auxiliares da
mesa, também conhecidas como “mandadas” e “voltas” dos efeitos. (Fig. 2) As ligações
são: Aux Send (“mandada do efeito”) da mesa > input do efeito e output do efeito > Aux
Return (“volta do efeito”) da mesa. A mandada pode ser mono ou estéreo, usando-se um
ou dois cabos de ¼”, ou banana. Na mesa, em cada canal, controla-se a intensidade do
efeito para aquele canal. A volta costuma ser estéreo, com dois cabos de ¼”. A
intensidade de saída do efeito fica no máximo, e é controlada por um botão do tipo “aux
return” na seção master da mesa. Já o nível de entrada no efeito é controlado no próprio
efeito, num botão do tipo “input level”.
Certos instrumentos devem ser gravados já processados em definitivo, outros podem ser
melhor tratados na mixagem. A guitarra e o baixo elétrico costumam ser gravados com os
timbres já equalizados, embora ainda se possam ajustá-los de novo na mixagem. Certos
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 32
efeitos da guitarra são gravados junto com ela, como o distorcedor, o chorus, o flanger e
outros. Já a reverberação e o eco podem ser equilibrados na mixagem, para se ambientar
os diversos instrumentos e vozes, todos na mesma hora. Grava-se, geralmente, a voz ou
instrumento com eco ou reverber “fantasma”, isto é, apenas no canal de monitoração. É
comum, com bons microfones, deixar-se o timbre da voz intocado, sem usar
equalizadores, mesmo na mixagem. Os teclados muitas vezes também são gravados e
mixados sem nenhum processamento adicional.
Não exagere ao usar processadores. Às vezes, o excesso de efeitos pode ser fatal para
uma gravação. Da mesma forma, um som muito seco ou sem brilho parecerá artificial. Ao
gravar e mixar, imagine o ambiente desejado para os sons e regule os efeitos para criar
esse ambiente. Ouça outras músicas, de vários CDs. Depois, ouça de novo sua mixagem.
Mexa nos processadores e nas mandadas auxiliares quanto for preciso, sempre ouvindo o
resultado. Aproveite a disponibilidade de tempo, que seu próprio estúdio proporciona,
para experimentar. Quando tudo estiver bom, grave esta mixagem na fita estéreo. Tire
cópias: é o seu produto final.
Os Processadores de Efeitos
O famoso som de estúdio. Afinal, o que faz com que aquela voz pequenina soe tão
exuberante na gravação? Usam-se nos estúdios muitos tipos de processadores. Há
processadores de efeitos, que abordaremos aqui, e processadores de sinal, de que
falaremos na próxima edição. São vários aparelhos que modificam os sons originais dos
instrumentos, dando-lhes novo colorido, ambientando-o ou adaptando o som para ser
gravado em um determinado meio. Os mais usados em home studios são o reverberador
ou reverber, o delay, o compressor, filtros de ruído, o "chorus", o "flanger" e outros mais
específicos, como os distorcedores.
Os processadores com MIDI podem ter seus controles modificados em temo real na
mixagem, pelo mesmo seqüenciador onde se ‘gravam’ os sintetizadores. Escolhe-se um
canal MIDI só para ele e opera-se pelas funções “control change” e “patch change”.
Quando estamos num lugar amplo, diante de um paredão ou uma montanha, podemos
experimentar o efeito do eco. O eco é o reflexo do som, como uma imagem no espelho, a
onda sonora que volta ao ouvido do emissor, após bater numa superfície reflexiva. O som
viaja a 340 metros por segundo. Se você estivesse a 340 metros da montanha e pudesse
gritar alto o suficiente, você ouviria o eco exatos dois segundos após o grito. Um segundo
para a sua voz chegar na montanha, e outro para o eco vir até você.
Os estúdios têm suas salas de gravação revestidas de materiais absorventes para “secar”
o som. Isto nos permite gravar o som seco e aplicar a reverberação artificialmente. Do
contrário, todos os sons gravados teriam a mesma reverberação, e todas as músicas
ficariam com o mesmo “clima”, gravadas no mesmo ambiente.
Quando emitimos um som dentro de uma sala, primeiro ouvimos o som seco, direto da
fonte. É o estágio do reverber conhecido como “pre delay”. Um instante (mili-segundos)
depois, ouvimos as primeiras reflexões (“early reflections”), e depois ouvimos as reflexões
se cruzando pelas paredes, até o som perder força e cessar.
Alguns reverberadores mais simples e baratos, porém com qualidade profissional, trazem
apenas um seletor de “salas” e controle de intensidade, o que é suficiente para bem
sonorizar o home studio de nível básico.
Delay e Eco. O eco é um efeito usado para dar maior profundidade a instrumentos
solistas. O recurso mais usado para criar este efeito é o digital delay. Delay significa
atraso. Ele reproduz uma ou várias cópias digitais do som com atrasos pré-determinados,
criando um “eco”.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 34
Seus controles mais comuns são “level”, que dosa o volume do eco, “delay time”, o tempo
ou o ritmo das repetições, “intensity”, que determina o número de repetições e outros, em
geral referentes ao uso em estéreo, com diferentes delays à esquerda e à direita.
O delay digital substituiu as antigas câmaras de eco (que consistiam numa fita magnética
girando em torno de cabeçotes de gravação com distâncias variáveis) por "samples"
(amostras do som gravados digitalmente). É necessário ao estúdio para fixar a
profundidade de solos instrumentais e algumas vozes.
Os Processadores de Sinal
Um processador de sinal afeta por completo o som de um canal. Assim, só faz sentido
conectá-lo à mesa de modo que o sinal do canal passe inteiramente através do
processador. O controle é todo feito no processador, não na mesa. Além disso, ele é feito
para ser usado por um único canal. Pelas diferenças com os processadores de efeitos,
que acrescentam efeitos aos sons em variáveis proporções e que podem ser usados por
vários canais, os processadores de sinal são conectados à mesa através dos inserts, e
não dos canais auxiliares.
Os principais parâmetros são threshold, ratio, attack, release e output gain. Os dois
primeiros ajustam o nível dos picos e a taxa de compressão. O threshold determina um
volume de som (em dB) a partir do qual o compressor atua. Abaixo deste nível, o som sai
como entra. Acima da fronteira do threshold, o som sofre uma atenuação, de acordo com
uma certa taxa de compressão (ratio). A compressão só atua no trecho do volume que se
situa entre a linha do threshold e o volume real do pico. Se a taxa de compressão for de
2:1 (dois pra um), a diferença entre o threshold e o volume do pico será reduzida à
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 35
metade. Se a ratio for de 4:1 o pico será atenuado para a quarta parte do volume que
excede a linha de threshold. Isto significa que há volumes superiores à linha do threshold,
há uma dinâmica, só que atenuada por uma taxa de compressão. Só não haverá picos de
volume acima do threshold se a ratio for de infinito pra um. Assim, não há dinâmica, e
este efeito é conhecido como limiter.
Os controles de attack e release permitem que o compressor atue de forma mais rápida
ou lenta, tanto na entrada do efeito quanto na saída, realçando mais ou menos os sons. O
output gain, ganho de saída, serve para compensar o volume de saída que tenha sido
alterado pela compressão.
Noise gate. O noise gate tem um threshold que funciona ao contrário do threshold do
compressor: a atuação é sobre os sons com volumes abaixo da linha de threshold, que
são totalmente cortados. Se gravamos um bumbo e uma caixa em duas pistas, com dois
microfones, o som da caixa vazará para o canal do bumbo, e o som do bumbo também
vazará para o canal da caixa. Mas o bumbo e a caixa, em geral, se alternam, quase
nunca tocam ao mesmo tempo. Com dois compressores, um em cada canal, e seus
thresholds ajustados para um nível abaixo do sinal “real” e acima do sinal “vazado”, os
dois canais soam limpos de vazamentos. Quanto o som “vazado” toca abaixo do volume
do threshold do noise gate, ele é simplesmente cortado.
Os noise gates podem ter outros controles, como da velocidade de atuação, para não
cortar o som fora de hora. Usados em canais com vozes e instrumentos gravados com
ruídos de fundo, comuns nos pequenos estúdios, cortam os ruídos durante os momentos
de silêncio, mas não durante os trechos tocados ou cantados. Nestes trechos, o som
estará acima do nível de threshold, e nada será cortado pelo gate, nem o ruído.
Filtros. Existe uma variedade de filtros no mercado, que cortam freqüências específicas,
como os filtros passa-alta (high-pass filter, ou HPF), passa-baixa (low-pass filter, ou LPF),
passa-banda, corta-banda. Cada um tem controles de cutoff, ponto de corte,
determinando as freqüências a partir das quais os sons serão cortados.
Os filtros de ruído mais conhecidos para gravadores analógicos são os Dolby e Dbx.
Cortam ruídos das fitas analógicas, gravando bem mais alto as freqüências das mesmas
faixa do ruído de fundo, e depois reproduzindo essas freqüências proporcionalmente mais
baixo. Os sons são novamente nivelados, mas os ruídos são reproduzidos muito abaixo
do resto. Sempre que você gravar uma fita com um desses filtros, obrigatoriamente
reproduza-a também com o filtro.
Os Equalizadores
O som tem quatro parâmetros principais: altura, intensidade, timbre e duração. As alturas
são as afinações (pitch) dos sons e notas musicais, como do, re, mi, medidas em ciclos
por segundo (Hz). Quanto mais “aguda’ (alta) uma nota, mais ciclos de onda vibram por
segundo. Diz-se que são freqüências altas, enquanto as “graves” são as baixas
freqüências.
Uma onda tem ciclos, que se dividem em morros e vales, alternando-se e variando seu
comportamento ao longo do tempo. Durante um ciclo da onda, a amplitude pode variar,
determinando a forma da onda. É a forma da onda que define o timbre. A forma da onda é
derivada da superposição das parciais do som.
Um som da natureza nunca é totalmente puro. Ele é composto de parciais, sons que se
agregam ao som principal. É como se uma nota musical nunca fosse uma só nota, mas
sempre fosse um acorde com muitos sons. E é isso mesmo o som. Ouvimos a nota
principal, chamada fundamental, porque ela tem uma intensidade muito maior que as
outras, em geral. Mas são as outras parciais (chamadas sons harmônicos) que dão a
principal característica do som, o timbre. Uma mesma nota, com a mesma altura e
intensidade, cantada por duas pessoas, soa com diferentes timbres. Os harmônicos
presentes numa voz e na outra, que são os mesmos, estão com intensidades diferentes
de uma voz para a outra, como se fossem duas diferentes mixagens dos harmônicos
sobre a fundamental. O resultado são dois timbres diferentes.
A onda sonora pura, sem harmônicos, que pode ser produzida artificialmente para
experimentos, é totalmente arredondada. É a onda senóide ou senoidal. Cada harmônico
é também uma onda senóide. Superpostos, fundamental e seus harmônicos resultam
numa outra forma de onda, de acordo com as amplitudes de todas as ondas superpostas.
Na superposição de ondas sonoras, dois movimentos iguais se somam, aumentando a
amplitude da onda resultante. Dois movimentos opostos, simétricos, como um morro e um
vale ao mesmo tempo, se anulam, tirando amplitude (volume) do som.
Um som estridente tem os harmônicos de altas freqüências com mais intensidade que um
som mais abafado. A onda sonora do primeiro é mais pontuda, e a do segundo som, mais
arredondada.
O equalizador atua tanto sobre a intensidade das fundamentais quanto dos harmônicos,
de acordo com as freqüências que se operam, moldando o timbre do instrumento.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 37
A duração é o quarto parâmetro do som. Todos os outros parâmetros podem variar ao
longo do tempo.
Os EQs gráficos de 20 bandas, nos estúdios, podem ser usados para processar um canal,
para timbrar os canais masters estéreo na mixagem ou mesmo para compensar
deficiências acústicas da sala de operação (técnica), sendo então plugado ao amplificador
dos monitores.
Qualquer que seja o seu EQ, nunca exagere o seu uso, ou estará criando sonoridades
que não existem na gravação real. Depois, na mixagem, a gravação soará irreal. Com
moderação, o EQ é um grande aliado do estúdio.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 38
Muito se fala sobre o uso dos recursos da interface MIDI como um reforço no trabalho do
tecladista, ou até do baterista, para usarmos partes seqüenciadas de bateria e teclados
no palco. Mas o principal front dessa tecnologia é mesmo o estúdio de gravação. E, por
ser uma tecnologia barata, acessível e que sempre traz resultados profissionais, ela
passa a ser o grande trunfo do pequeno estúdio na competição com as grandes salas de
gravação. É graças à interface MIDI que podemos expandir os canais do estúdio sem um
aumento proporcional nos custos.
O ideal seria unirmos os recursos dos dois estúdios: MIDI, para que os instrumentos
eletrônicos atuem em quantidade, com a qualidade sonora preservada, tocados na hora
pelo seqüenciador, e um gravador multipista só para gravarmos vozes e instrumentos
elétricos e acústicos. E é exatamente isto o que vamos fazer. Sincronizando os dois
sistemas, temos um home studio com poder de fogo maior do que o de muitos estúdios
comerciais, mesmo de produtoras e certas gravadoras, ao custo de um estúdio caseiro.
Este é o estúdio híbrido, o estúdio MIDI com um gravador multipista sincronizado.
O áudio a ser gravado na fita entra primeiro num canal da mesa por microfone ou linha,
sendo então enviado por um submaster (saída de um grupo de canais) ou pelo DIRECT
OUT (saída individual de um canal) até a entrada (INPUT) de um canal do gravador
multipista. Dali, sai pelo OUTPUT do gravador, voltando a um outro canal da mesa (ou o
MIX-B), para ser mixado aos teclados e aos outros canais do gravador.
Os cabos para sincronização são dois, em geral RCA ou banana. Um sai do computador
(placa com MIDI e SYNC) pelo SYNC OUT, para gravação direta numa pista do gravador.
O outro cabo retorna do OUTPUT do canal do gravador para o SYNC IN da placa do
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 40
computador, permitindo a sincronização do gravador multipista com o seqüenciador.
Outra opção é o seqüenciamento através de MIDI Time Code (MTC), quando o gravador
tem uma saída MIDI OUT para sincronização com o computador.
Os programas com MIDI e áudio. Uma nova tendência é totalmente voltada para o
computador, usando um único programa para fazer os dois trabalhos, a gravação do
áudio e o seqüenciamento MIDI. O Cakewalk Pro Audio, o Logic Audio, o Digital
Performer e o Cubase VST são exemplos de workstations (estações de trabalho) que
atuam ao mesmo tempo como seqüenciadores e gravadores de áudio multipista. Gravam
as pistas de áudio lado a lado com as pistas MIDI seqüenciadas, sincronizando
automaticamente as duas coisas. Além disto, contêm bons processadores de sinal e de
efeitos e um mixer, permitindo que os sons cheguem à mesa já processados e mixados.
Fita ou Disco?
Qual é o melhor meio para gravarmos o áudio? Eis uma questão complexa e delicada.
Bom exemplo é o do leitor João Bonon Netto, que precisa comprar um gravador de 8
pistas. Gostou do Alesis ADAT, mas teme que o equipamento tenha problemas de
desalinhamento de cabeça, já que ele mora distante de uma assistência técnica. Ele
gostaria de saber qual a melhor opção, ADAT ou hard disk. Outros leitores escrevem
querendo saber de porta-estúdios em MD, Zip Disk, HD e cassete. Há ainda os que se
mantêm fiéis à fita de rolo.
Alguns confundem MIDI com som digital. MIDI, de que não trataremos nesta edição, são
comandos musicais para acionar sintetizadores. O que está em questão aqui, é o áudio
analógico e o áudio digital. Vejamos aqui alguns princípios das duas tecnologias:
Som analógico. Ondas sonoras são as oscilações do ar, que vão variando ao longo do
tempo de acordo com as características dos sons. Um microfone as reconhece, por uma
membrana, e cria uma corrente elétrica que varia de forma análoga (semelhante) a elas.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 42
Essa corrente é o sinal elétrico, analógico, do áudio. Esse sinal passa pela mesa e outros
circuitos e entra num gravador. O cabeçote recebe o sinal elétrico e vai magnetizando a
fita enquanto ela passa, de acordo com a voltagem do sinal de entrada. As partículas
metálicas que cobrem a fita vão mudando de posição, de acordo com o maior ou menor
magnetismo. Para tocar a fita, ocorre o inverso: quando ela passa diante do cabeçote,
este reconhece o magnetismo das partículas a cada instante, recriando o sinal elétrico,
que segue pelos circuitos até ser transformado novamente em som mecânico (vibrações
do ar) pelo alto-falante.
Som digital. O gravador digital recebe o mesmo sinal elétrico, mas ele entra primeiro
num conversor analógico-digital (AD). O conversor “redesenha” a onda sonora, medindo a
variação da amplitude em milhares de pontos por segundo. Essa imensa lista de volumes
é gravada na fita ou num disco magnético ou ótico como bytes de computador (dígitos).
Para reproduzir o som, o cabeçote lê a fita ou o disco e envia esses dados a um
conversor digital-analógico (DA) que liga os pontos e transforma de novo essas
informações em sinal elétrico.
Por outro lado, usuários de gravadores analógicos, como os grandes estúdios que
trabalham com máquinas de rolo de 2 polegadas em 24 pistas, se queixam da falta de
“calor” do áudio digital. Alegam que o gravador de rolo armazena certos timbres com
melhor resultado, como o som da guitarra. Algumas gravadoras internacionais chegam a
recusar gravações em DAT, ADAT e outros modelos digitais. Mas existem aparelhos e
programas de computador com recursos para acrescentar características da gravação
analógica aos sons digitais.
Pode-se alegar que o som, no fim do processo, será mesmo digital. Seja em forma de CD
ou digitalizado numa emissora de TV ou de rádio, cedo ou tarde o áudio é convertido em
bytes. É notável que o som digital está em franca evolução, com modelos se substituindo
freneticamente. Do áudio em 16 bit, avançou-se para 18 e 20 bit, permitindo uma
dinâmica dos sons cada vez maior. O áudio digital já transita em 24 bit de um aparelho
para outro e há aparelhos de 32 bit. Cada vez mais apurado e com mais recursos, o
formato (ou os inúmeros formatos!) tem mostrado que veio para ficar.
Tudo no Computador ?
Nesta nova era das gravações multipista no PC, com as interfaces de áudio explodindo
em recursos e seus preços descendo a ladeira, cabe uma pergunta: ainda precisamos de
todos aqueles equipamentos em nossos estúdios? Ou chegou a hora de aposentar a
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 43
parafernália?
Muita gente pergunta se ainda é necessário adquirir uma mesa, processadores e módulos
de som quando seus programas e interfaces dispõem dos mesmos recursos. Se as
placas multimídia contêm um sintetizador multitimbral, por que haveríamos de comprar
outros sintetizadores? E se os programas de gravação de áudio e seqüenciamento MIDI
têm um mixer virtual, não podemos mixar tudo no micro e dispensar a mesa de som?
Como toda revolução, esta vive sua fase de transição. Apesar das enormes inovações,
nem tudo mudou e ninguém sabe ao certo aonde vamos parar. É um período de
novidades, esperança, mas também de instabilidade. Os computadores domésticos, de
fato, já gravam áudio profissional em vários canais, mas ainda é difícil encontrar um que
funcione com esses recursos o tempo todo, sem dar sustos periódicos em seu dono.
O processamento em tempo real traz outras questões para a maioria dos sistemas:
como entrar com um sinal comprimido no computador? E como usar reverberação
“fantasma” para gravar uma voz seca, porém dando conforto ao cantor na hora de gravar?
São necessidades típicas dos estúdios, que somente uma interface com um processador
de sinal em separado (DSP) pode satisfazer. Mesmo assim, a velocidade dos
processadores atuais nem sempre é suficiente para realizar todas as tarefas ao mesmo
tempo. E experimentar vários efeitos girando botões continua a ser muito mais prático que
determinar valores dos parâmetros com o mouse e esperar o processamento para só
então conferir o resultado.
Os sintetizadores têm recursos que ainda não foram contemplados pelas placas
multimídia. Algumas contêm timbres de alta qualidade, mas não em quantidades
comparáveis aos teclados e módulos atuais. Também ainda são raros os recursos para a
edição de novos timbres. Por outro lado, vêm surgindo novos programas que permitem
tocar e seqüenciar amostras do áudio gravado via MIDI, transformando o PC num
poderoso sampler.
Backup. Seus clientes pretendem guardar as pistas de áudio para remixar em outro
estúdio. Você pode arquivá-las em um CD-ROM, mas, às vezes essas pistas só rodam
num determinado sistema. Nesse caso, para mixar em outros sistemas, você terá que
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 44
converter cada pista em um arquivo .wav. Gravadores como o ADAT ainda são o padrão
mais freqüente, o que leva muitos clientes a solicitarem um backup em fita.
Não podemos mais definir num número a dimensão de um estúdio, mas especificar os
detalhes. Toda essa expansão do conceito de “canais” dos estúdios se deve à
combinação dos recursos de gravação com o seqüenciamento MIDI, por causa da
sincronização, do sync time code. Com isto não gravamos os sons eletrônicos junto com a
voz e outros instrumentos, mas mixamos todos eles, poupando as pistas do gravador.
Teclados são tocados “ao vivo” pelo seqüenciador, que está sincronizado como “escravo”
ao gravador multipista, o “mestre”.
Este mesmo conceito, em que os teclados só são mesmo gravados na mixagem final, se
aplica aos programas híbridos em voga, como o Cakewalk e o Cubase. Eles são ao
mesmo tempo seqüenciador e gravador. Isto economiza enorme espaço do HD e os
recursos das placas de som. Para que tudo funcione, precisamos de dois tipos de
interface: de áudio e MIDI.
Com as interfaces ou placas MIDI, como a MQX-32(M) e a MIDI Time Piece, conectamos
maior ou menor número de sintetizadores e sincronizamos o seqüenciador com um
gravador multipista externo, juntando assim os dois sistemas.
O bom é usar cada interface de acordo com suas necessidades, item por item.
Separadas, de áudio e de MIDI, mas trabalhando em conjunto, ou ter um sistema bem
mais simples com uma placa de multimídia, resumindo as principais funções das
verdadeiras placas de som e de MIDI. Este é um proveitoso tubo de ensaio.
Sempre vem à tona a polêmica que contrapõe instrumentos acústicos aos sons
eletrônicos que os imitam. Nosso tema opõe o mais tradicional de todos às mais recentes
conquistas da história da música: as percussões acústicas e eletrônicas. Será que vale a
pena substituir peles e pratos por amostras digitalizadas? A programação de padrões
rítmicos consegue substituir a execução do baterista? Quais os investimentos para gravar
bateria no estúdio? Vamos analisar aqui os prós e contras dos dois sistemas e verificar a
praticidade de uni-los, aproveitando o que cada um tem de melhor.
Para gravar uma bateria tomamos cuidados especiais. Não registramos um som, e sim o
de vários instrumentos. Tambores e pratos, captados por microfones específicos, podem
e devem ser armazenados em diferentes pistas. Temos assim mais recursos para a
mixagem final destes com os demais sons do arranjo. Se for gravada em estéreo, em
apenas duas pistas, a bateria não tem como ser equalizada na finalização do trabalho.
Seus vários microfones, nos canais da mesa, podem ser endereçados para duas ou
várias pistas do gravador.
É óbvio que a maioria dos home studios começa usando os recursos eletrônicos. Muitos
deles obtêm ótimos resultados. Disseminado na música pop a partir dos anos 80, o uso
do sampler, com loops seqüenciados e timbres originais ou muito bem copiados de
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 46
instrumentos acústicos, é hoje predominante em vários gêneros musicais, do rap
americano ao nosso pagode. E a bateria eletrônica nada mais é que um seqüenciador de
amostras sampleadas. Em certos estilos de execução mais livre, como o jazz, a bateria
programada é menos conveniente. Em outros, seu uso é a regra. Em muitos gêneros,
uma boa e detalhista programação de timbres bem escolhidos pode convencer até
profissionais mais experientes. Mal feita, ridiculariza uma produção.
O baterista pode programar seus ritmos usando pads, espécie de “tambores” eletrônicos,
e triggers, pequenos microfones de contato que convertem qualquer fonte de som em
controladores MIDI. Com eles, pode lançar mão de sua técnica instrumental para
programar seqüências com mais conforto, sem ter que se adaptar, por exemplo, a um
teclado. O músico toca até mesmo em uma bateria de estudo trigada ao sistema MIDI.
Popularizados no meio musical a partir do início dos anos 80, os samplers, hoje
obrigatórios em todos os estúdios profissionais, despertaram a princípio o desdém de
muitos compositores, arranjadores e instrumentistas. Gravar sons dos instrumentos
tradicionais para depois serem tocados por teclados eletrônicos chegou a parecer
antimusical para cultores de diversos gêneros. Na verdade, ainda há quem discuta a
importância do sampler. Enquanto isso, o mais versátil instrumento já inventado vem
promovendo, não uma, mas várias revoluções nesta fase tão turbulenta da história da
música.
Capaz de reproduzir qualquer som com absoluta fidelidade e respeitando a dinâmica dos
instrumentos em suas sutilezas, o sampler pode ser tocado por um instrumento
controlador MIDI ou ainda por um seqüenciador. Você pode tanto imitar o som de seu
instrumento acústico sampleando nota por nota quanto criar um loop ou ostinato repetindo
um trecho quantas vezes quiser. Diversos gêneros musicais, como o rap e o techno se
desenvolveram a partir desses loops eletrônicos. A música eletroacústica, importante
tendência erudita, como também diversos jazzistas, reconheceram e adotaram o
instrumento, explorando sua infinita riqueza timbrística e expressiva e elevando-o à
categoria que merece.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 47
O sampler não é um mero imitador de instrumentos. Com ele, você pode criar as mais
originais sonoridades, já que o som digitalizado (gravado) por ele pode ser editado como
fazemos num sintetizador. A diferença é que o sintetizador edita sons gerados
internamente e o sampler o faz com sons que gravamos. Não por acaso, a maioria dos
sintetizadores do mercado usa como matéria prima amostras sonoras sampleadas.
Conhecida como sample playback, essa síntese permite o acesso de uma maior
quantidade de músicos e home studios ao vasto universo de sonoridades digitais. Com
um sintetizador sample player, dispomos de um grande número de sons de instrumentos
“reais” que foram gravados pelo fabricante, mas não podemos samplear novos sons. O
sampler, um pouco mais caro que os sintetizadores, permite ao arranjador a escolha de
qualquer som para seu trabalho.
Os samplers vêm geralmente em rack ou teclado, podendo conter drive de disquete, HD,
CD-ROM, Zip Drive, memória, igualzinho a um computador. Agora vêm surgindo os
softwares que transformam seu próprio PC num sampler. Os sons utilizados podem ser
obtidos por você, gravando-os no HD de seu sampler, ou através de amostras obtidas no
mercado. Diversos fabricantes de CDs de áudio com loops para serem sampleados e de
CD-ROM com amostras prontas nos diversos formatos (Akai, E-Mu, Roland, Wav. e
outros) oferecem milhares de sons e loops para usuários de todos os gostos. É escolher o
som e tocar.
É impressionante como o tempo passa. A coluna Home Studio está completando dois
anos na Backstage. Nesses 24 meses, que esperamos que se estendam por 24 anos,
procuramos divulgar o emaranhado de tecnologias em que se transformaram os sistemas
de gravação. A resposta dos leitores tem sido fundamental para nortear este trabalho,
com suas pertinentes dúvidas e utilíssimas sugestões. Vamos em frente.
Vamos entrar no penúltimo ano do milênio. E é incrível como, na era dos upgrades e
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 48
updates, onde versões de programas ficam obsoletas em três meses, a interface MIDI,
que já passou dos 15 anos, continua com cara de criança. É verdade! Nesta década e
meia o padrão se manteve inalterado, com as mesmas características desde o seu
lançamento, embora para muitos ainda seja uma grande novidade. E é. Afinal, editar tudo
o que tocamos num instrumento eletrônico, depois de gravado, até hoje parece milagre.
Para ajustar cada evento, como uma nota, um controle ou uma troca de timbres, usamos
basicamente três telas. A mais antiga (e a mais complicada de operar!) é a lista de
eventos: cada linha (como numa folha de caderno) contém todas as informações de um
evento. É onde fazemos variar timbres e outros parâmetros mais gerais. Uma nota ocupa
duas linhas, note on e note off.
Para mexermos nas notas e controles, as telas da partitura (staff) e do piano-roll permitem
uma visualização infinitamente melhor. Vemos a música enquanto a ouvimos, seja no
pentagrama ou num gráfico onde as notas são traços. Herdeiro dos rolos de papel
perfurado das pianolas movidas a corda, o piano-roll é uma maneira mais cartesiana de
lermos a partitura. O comprimento do traço é a duração da nota e sua altura na tela é a
própria altura musical ou o pitch. Abaixo ou acima, outra tela mostra variações nos
controles MIDI na mesma hora em que vemos as notas no piano-roll. Com o mouse
desenhamos variações de volume e pan, cortamos notas erradas, mudamos a afinação, a
duração, o momento do ataque ou a intensidade de cada nota, editando glissandos,
pedais de sustain e muitos outros recursos. É o gráfico mais completo e preciso. Na
partitura, apesar da leitura mais direta (para os que a lêem), editamos parâmetros das
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 49
notas e alguns outros. Essas partituras também são editadas para impressão. Além
destes, temos gráficos (curvas) de andamentos, compassos, tonalidades e outros.
A edição dos eventos MIDI, simples como um video-game, tem uma incomparável gama
de recursos. Afinal, não estamos mexendo diretamente com os sons, mas com a forma
deles serem tocados. O que simplifica tudo, embora por muito tempo ainda, para muita
gente, vá parecer milagre.
A gravação e a edição das pistas de áudio e MIDI, a mixagem com automação e multi-
efeitos em tempo real, assim como a finalização do trabalho, após a mixagem, com
masterização em CD, já estão à disposição de estúdios médios e pequenos. E com
recursos avançados, comparáveis às workstations profissionais. Todos os recursos de
processamento encontrados num estúdio estão integrados aos diversos programas de
edição.
As pistas de áudio gravadas no Cakewalk podem ser editadas nele próprio ou no Sound
Forge. Marcamos o trecho de áudio clicando o botão esquerdo do mouse sobre ele. Ali
mesmo acionamos com o botão direito um menu e o item “Audio”. A partir da tela de
áudio, o botão direito abre outro menu com os recursos de edição. Além de copiar,
recortar e colar trechos, contamos com vários plug-ins, programas acessórios com efeitos
e mais alguns recursos. Muitas vezes, uma edição mais elaborada de alguma pista ou
trecho se faz necessária. O Cakewalk permite editarmos esse material no Sound Forge.
Basta clicar no menu “Tools” e em “Sound Forge”, que o programa abre com o trecho
original do Cakewalk.
Depois de gravar e editar tudo, mixamos o material usando uma mesa “real” ou o console
virtual do Cakewalk. O áudio estéreo é enviado para 2 pistas do próprio programa, depois
convertidas num arquivo wave através do comando “Export Audio” do menu “Tools”. Salvo
o material, o Cakewalk encerra aqui sua atuação. Este arquivo wave é agora aberto no
Sound Forge, para a edição final, ou pré-masterização.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 50
Planeje sempre a seqüência correta dos recursos que vai usar em cada etapa. Essas
ferramentas do Sound Forge podem ser usadas na edição das pistas do Cakewalk e na
finalização em estéreo. Algumas só numa ou noutra etapa, outras são usados mais
freqüentemente.
Salve seus arquivos wave pré-masterizados e grave o CD usando o programa que vem
com o gravador ou o plug-in “CD Architect”. Agora é só fazer a capa e as cópias. Seu
home studio virou uma pequena mas sofisticada gravadora.
Desde que surgiram os seqüenciadores MIDI, ainda no tempo em que só havia fitas
analógicas, usamos os processos de sincronização entre eles e os gravadores multipista.
Esses processos, como o FSK, o SMPTE/MTC e o MIDI clock, são úteis não apenas
porque permitem rápidas e radicais modificações no material gravado durante a produção.
Mais que tudo, servem para expandir a quantidade de pistas do estúdio, graças à
economia que proporcionam: os sons dos instrumentos eletrônicos não são gravados,
mas enviados diretamente das suas saídas de áudio para a mesa de mixagem, onde se
juntam aos sons das pistas gravadas.
A grande vantagem de mantermos os sons eletrônicos como pistas MIDI durante todo o
processo de gravação é que não gastamos espaço do HD ou da fita com esses sons. Em
certas produções, essa economia pode representar até cem por cento do que seria
consumido. E o conceito do número de canais do estúdio fica ultrapassado: estamos
atingindo a era dos infinitos canais.
Plugados aos canais de entrada da mesa, que devem ser em número suficiente, tanto os
sintetizadores e samplers quanto os canais de saída do gravador ou da placa de som
terão, a partir de então, o mesmo tratamento. Seja numa mesa analógica ou numa digital,
podemos acrescentar efeitos, equalização e controlar o volume e pan manualmente ou
automaticamente. O programa pode ter uma outra mesa, virtual, que auxilia no processo
de automação da mixagem, mas a mesa externa é necessária para conectarmos os
sintetizadores.
Com a mixagem das pistas de áudio gravadas e dos sintetizadores “ao vivo”, ganhamos
em número de canais, flexibilidade na experimentação dos timbres eletrônicos (que
podem ser modificados depois de seqüenciados) e economia de espaço no HD ou nas
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 52
pistas de áudio (o áudio profissional consome pelo menos 5 MB por minuto, contra alguns
bytes de uma pista MIDI). Em contrapartida, precisamos de uma mesa com canais em
quantidade suficiente para mixar todos esses sons. O pequeno estúdio agora perdeu a
conta dos canais que tem.
Até cerca de um ano atrás, uma gravação multipista no computador exigia pesados
investimentos em interfaces profissionais de áudio. Modelos como a Digidesign Session 8,
a Creamware TripleDAT, a Soundscape HDR1 ou a Yamaha CBX-D5 chegavam ao
mercado por milhares de dólares. Agora, esta barreira foi vencida. Novas placas e
interfaces externas, de novos e antigos fabricantes, conectam e convertem múltiplos
canais analógicos e digitais com qualidade profissional de som e facilidade de operação e
instalação. E todas elas custam algumas centenas de dólares, pouco mais que uma
plaquinha multimídia ou um porta-estúdio cassete.
Estamos falando de interfaces como as Event Electronics Layla, Gina e Darla, a MOTU
2408, a Ensoniq PARIS e a E-Mu APS. Com algumas diferenças, todas permitem
gravação simultânea de múltiplas pistas de áudio através de suas entradas, além de
monitoração e mixagem numa mesa de som externa, pelas suas diversas saídas de som.
Com conectores profissionais ou semiprofissionais ("banana" de ¼" balanceado ou não,
ou RCA, além das conexões digitais), elas livram o pequeno estúdio do pesadelo que era
enviar todos os sons por um único e estreito cabo estéreo com conector de 1/8" (de fone
de ouvido), caso das placas de multimídia.
Esta nova categoria de placas profissionais abaixo de mil dólares traz ainda uma
vantagem sobre as antigas e caras concorrentes. A maioria dos novos modelos é
compatível com os programas de gravação e edição de áudio mais usados, como o
Cakewalk, o Sound Forge, o Cubase e o Logic, como também com os plug-ins DirectX,
que fornecem efeitos e outras ferramentas de edição, compartilhados pelos diversos
programas. Com processamento interno e conexões digitais de 24 bits e conversores
AD/DA de 20 bits, algumas dessas baratas interfaces superam em muito suas antigas e
caras concorrentes.
Embora alguns modelos, como a Layla, contenham conexões MIDI, provavelmente você
precisará usar uma interface em separado para ligar seus sintetizadores. Fábricas como a
Opcode, MOTU e MidiMan têm modelos baratos, de poucas centenas de dólares. Elas
são perfeitamente compatíveis com as placas de áudio. É aconselhável o uso de uma
placa multi-portas (vários MIDI ins e outs), especialmente se você vai sincronizar um
gravador externo ou se tem vários sintetizadores. A mais usada é a barata (menos de 300
dólares) e já tradicional Opcode MQX-32(M).
Com essas novas interfaces e as versões atuais dos programas, o número de pistas
gravadas não dependem mais delas. A velocidade de gravação e leitura do hard disk é
que define quantas pistas podem ser gravadas e reproduzidas simultaneamente. Um HD
Ultra Wide SCSI, bem mais rápido que um do tipo IDE, será capaz de gravar/reproduzir
mais pistas que este. Isto ocorre porque cada take de áudio gravado é um diferente
arquivo, registrado num diferente setor do disco. A cabeça de leitura e de gravação tem
que saltar pelo HD para dar conta simultaneamente de todos esses pesados arquivos de
som. Assim, sua nova placa oferece vários canais de entrada e saída, mas você pode
gravar um número bem maior de pistas no programa, quanto mais rápido for seu hard
disk.
O Sistema MIDI
O milagre da multiplicação dos canais de gravação. Partituras que se escrevem
automaticamente, ao tocarmos um instrumento. Novos e infinitos timbres para os arranjos.
A adição de um sistema MIDI ao estúdio faz essas e outras. A partir deste artigo, vamos
conhecer melhor esses recursos.
Com MIDI, podemos fazer muitas coisas. Na edição de partituras, podemos tocar em vez
de escrever. Ligando dois ou mais sintetizadores, misturamos seus timbres em novas
sonoridades. Automatizamos mesas de mixagem. Sincronizamos gravadores e
seqüenciadores, expandindo o estúdio. Sonorizamos programas multimídia e sites da
Internet, poupando a memória do computador. Mas os seqüenciadores, onde
desenvolvemos os arranjos e que permitem a troca dos timbres eletrônicos mesmo depois
de gravados, são a mais completa tradução dessa tecnologia ainda revolucionária.
Só não grava som. Na verdade, mesmo quando gravamos um arranjo MIDI num
seqüenciador, só estamos registrando comandos musicais, em forma de dados digitais.
Pelos cabos MIDI só transitam mensagens, que dizem aos equipamentos quais notas,
pedais ou botões são acionados pelo músico, e quando. Registrando esses dados e o
momento em que cada ação se dá, o seqüenciador "aprende" a tocar a música. Acionado
o PLAY, ele "toca" os sintetizadores, como um robô ou uma mão invisível, através dos
cabos MIDI. Os sons desses instrumentos continuam sendo gerados por eles, todos
plugados à mesa de som. Por isso, os arquivos MIDI são muito mais leves do que o áudio
gravado no computador. Afinal, aqueles sons não estão no hard disk, mas saindo "ao
vivo" dos próprios instrumentos.
Para termos mais de 16 canais, usamos várias portas MIDI. Cada porta tem um conector
e 16 canais. Com duas portas enviamos mensagens, num total de 32 canais, por dois
cabos. Cada nova porta, mais 16 canais independentes. Certos sintetizadores e as placas
ou interfaces MIDI profissionais para computadores são multiportas.
Os programas multimídia e as home pages usam sempre os padrões General MIDI (GM),
uma lista unificada de 128 timbres, e Standard MIDI Files (SMF), arquivos MIDI salvos por
qualquer seqüenciador usando a extensão .mid. São totalmente compatíveis com os
diversos sistemas.
"Não uso seqüenciador porque não toco teclado!" Esta é uma frase muito repetida pelos
músicos que não conhecem os controladores alternativos. Eles suprem as necessidades
de todo tipo de instrumentista.
O controlador pode ser mudo, para tocar sons de outros aparelhos, ou pode gerar sons
próprios. Um sintetizador MIDI de teclado, por exemplo, funciona ao mesmo tempo com
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 55
as funções de controlador e módulo de som. Para executar bem as duas funções, deve
ser encarado como se fossem duas partes distintas do estúdio: o controlador e o módulo.
Facilmente desligamos a função Local (LOCAL OFF) no teclado e conectamos dois cabos
MIDI entre ele e o computador: out para in e in para out. O teclado agora só emitirá sons
quando assim determinarmos no seqüenciador. Sem isso, ele fica mudo. Esta
configuração permite que usemos o teclado para controlar (tocar) o som de outro
instrumento, sem que seu próprio som atrapalhe a execução.
Além do controlador de sua preferência, mesmo que não toque teclado, convém ao
músico dispor de um, para programar as baterias e percussões, realizar certos
encadeamentos harmônicos e outras facilidades típicas desse tipo de intrumento. Esse
teclado pode ser mudo ou conter os sons que serão seqüenciados, tocados através dele e
do controlador alternativo.
Cada tipo de controlador tem suas próprias características. As guitarras MIDI podem
causar um certo atraso na transmissão dos dados, devido à dificuldade de reconhecer a
afinação da nota executada. Enquanto um teclado transmite a nota imediatamente ao
tocarmos, já que cada tecla tem um contato eletrônico, a guitarra usa um conversor, que
primeiro reconhece a freqüência fundamental de cada nota tocada, para só então
convertê-la numa nota MIDI e transmiti-la a um sintetizador ou outro aparelho. Este
conversor tem que aguardar que se complete um ciclo da onda sonora da corda da
guitarra, para identificar a nota tocada. Só que o dedo do guitarrista, como de qualquer
instrumentista de cordas, não tem a exatidão de uma tecla, porque é comum que a corda
fique ligeiramente esticada quando é tocada. Então, por exemplo, um Fa é mesmo um Fa
ou é um Mi que foi esticado pelo pitch bender? O conversor, muitas vezes, precisa tomar
decisões como esta, antes de fazer a conversão do som para uma nota MIDI.
Cada controlador combina melhor com certos timbres, e pior com outros. É melhor
tocarmos bateria eletrônica por meio de pads do que nas cordas de uma guitarra MIDI
(embora seja possível), mas os pads não nos permitem tocar violino, e a guitarra, sim. O
músico deve escolher aquele controlador que melhor se adapta à sua técnica
instrumental, procurando manter também um teclado.
Mês que vem, veremos a operação dos diferentes módulos geradores de sons. Enviem
correspondência para a Backstage, indicando a seção Home Studio. Até lá, um abraço.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 56
Mês passado, prometi abordar os módulos MIDI, mas um assunto muito urgente impôs
um adiamento. O MP3 tem suscitado um feroz debate na Internet, na mídia impressa e
até nos parlamentos do Primeiro Mundo. Com qualidade próxima ao CD, 12 vezes menor
que os arquivos WAV, o MP3 é ideal para a transmissão de som pela Internet. Com ele,
um home studio, além de gravar e finalizar um trabalho musical, pode ainda divulgá-lo e
distribuí-lo diretamente ao público, sem intermediários. Mas são justamente esses
intermediários, as grandes gravadoras, que têm tentado todas as formas de banir o MP3,
alegando estímulo à pirataria. Lutam ferozmente para garantir a própria sobrevivência.
Só quem tem o direito de julgar o seu talento é você mesmo e o seu público, certo?
Errado. Ao longo de todo o século XX este julgamento coube aos executivos de algumas
gravadoras multinacionais. Para um artista ou uma banda tentar o sucesso, é preciso que
um diretor artístico aprove o seu trabalho e autorize o seu lançamento em disco. Para
algumas centenas de artistas de sucesso no show business brasileiro, quantos milhares
(milhões?) ficaram de fora, muitos até desistindo da profissão? Sem o respaldo da
indústria, a maioria se desestimula e o público nem chega a conhecer seus trabalhos.
Há semanas, a editora do caderno "Informática etc." do jornal O Globo, Cora Rónai, vem
desmascarando a duvidosa ética da indústria a respeito do MP3. Em 28 de junho,
publicou uma carta-manifesto de John Perry Barlow, letrista do Grateful Dead e professor
de Direito em Harvard, além de diretor da Electronic Frontier Foundation EFF , que luta
pela liberdade de expressão na Web. Abro aspas para ele:
"Pois isso está para mudar, e mudar rápido. Com a Internet, há uma ligação direta entre
os artistas e o público. Os músicos podem interagir diretamente com os fãs, conservando
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 57
o copyright dos seus trabalhos e, eventualmente, ganhando a vida com um volume de
vendas que as grandes gravadoras considerariam pequeno demais para valer a pena.
"No ano passado, as gravadoras conseguiram passar pelo Congresso dos EUA diversos
projetos de lei grotescos, criminalizando o que elas determinam ser violações de direitos
autorais. (...) Pior: as empresas tentaram impedir, judicialmente, até mesmo a divulgação
de arquivos de MP3 de domínio público.
"Acontece que ninguém pode ser dono da liberdade de expressão, a menos que a
expressão em questão seja de sua própria lavra. Para impedir este holocausto artístico, a
EFF deu a largada num movimento chamado CAFE (sigla, em inglês, para consórcio para
a liberdade de expressão audiovisual), para organizar artistas, público e provedores de
mídias virtuais contra as indústrias de gravação e divulgação. Há mais informações em
<www.eff.org/cafe/>.
"Algo realmente importante está acontecendo. E está mesmo. Mas precisamos da ajuda
de todos para que continue assim. A EFF tem tido um sucesso fantástico no processo de
impedir que diversas nações e Estados calem o ciberespaço com mordaças legislativas.
Eles podem ser maiores do que nós, mas ainda há certas vantagens em se estar com a
razão."
Só faltavam estes dois detalhes para cada Home Studio vir a ser a própria gravadora do
músico: a divulgação e a distribuição. Agora, com a fácil circulação de sons pela Grande
Rede, nossas gravações serão apresentadas e vendidas diretamente dos produtores aos
milhões de consumidores, sem intermediários. É fácil e pode ser grátis!
Primeiro, crie, grave, mixe e finalize a sua música, como sempre. Depois, copie-a para o
seu computador, se ainda não o tiver feito, num arquivo <.wav>. Então, edite a música,
adequando-a às limitações do novo formato. Depois, transforme o arquivo WAV em MP3,
usando um programa encoder (conversor). Finalmente, hospede seu arquivo num web
site e divulgue-o nas ferramentas de busca da Internet, para que todos o conheçam.
Parece complicado? Vejamos cada passo da operação, para desfazer essa impressão.
Criar, gravar, mixar e finalizar músicas são assuntos que já estamos debatendo há anos
nesta coluna e, de resto, em quase toda esta Edição Especial da Backstage. Por isso,
vamos direto aos próximos passos. Sua música foi mixada para uma fita ou para dentro
do computador, podendo ainda estar num CD ou mesmo num disco de vinil. Caso ela
ainda não esteja em seu HD, copie-a para lá. Basta plugar as saídas estéreo do gravador,
CD player ou toca-discos nas entradas da placa de som. A mesa de som é útil para ajudar
a nivelar os volumes. Mande o som para a mesa e dali para a placa de som. Usando um
programa de gravação, como o Sound Forge, da Sonic Foundry (www.sonicfoundry.com),
basta gravar e depois salvar o novo arquivo no formato <.wav>. Deixe pelo menos um
segundo de silêncio no início, para posterior redução de ruídos.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 58
A edição, aqui, equivale à pré-masterização de um CD. Nessa fase, tiramos os ruídos de
fundo, ajustamos o volume e cortamos o início e o fim da música. Para reduzir ruídos de
fundo, marque o trecho inicial de silêncio e use um plug-in como o Noise Reduction,
também da S. Foundry. Depois, aumente o volume com o recurso Normalize e, se
possível, use também o compressor, levando os picos a -0,5 dB. Provavelmente, você vai
preferir mostrar gratuitamente apenas trechos de suas músicas, deixando no ouvinte um
gostinho de "quero mais". Escolha a passagem mais significativa, mas corte-a iniciando
com um fade in e terminando em fade out, marcando os trechos e executando os
respectivos comandos no programa de edição. Salve novamente o arquivo <.wav>, com
outro nome, para reaproveitar mais tarde o arquivo original.
Converta seu arquivo editado para o formato <.mp3>, usando os recursos do próprio
Sound Forge ou de um programinha como o WinDAC32 (www.windac.de) ou o
Audioactive Production Studio (www.audioactive.com). Aguarde uns minutos e confira o
resultado, usando um player como o WinAmp (www.winamp.com). Há diversas opções de
qualidade sonora: 44.1 kHz/16 bit, 22.05 kHz/8 bit e várias outras. Quanto melhor o som,
maior e mais lento o arquivo que vai navegar pelo mundo.
Para criar um web site você precisará conhecer um pouquinho da linguagem HTML. Um
bom e claro livrinho é o "Aprenda a fazer sua home page", de Marcos Cabral Resende
(Ediouro), mas há muitas páginas brasileiras que ensinam a linguagem gratuitamente.
Procure no Cadê? (www.cade.com.br). Se der, peça ajuda a um amigo ou ao seu
provedor Internet para confeccionar seu web site, adicionando os arquivos MP3 saídos do
forno. Publique o site com os arquivos no seu próprio provedor, se ele disponibilizar
hospedagem. Estes são alguns sites que hospedam home pages gratuitamente:
<www.angelfire.com>, <www.geocities.com>, <www.tripod.com>, <www.xoom.com>. Eles
também permitem criar páginas online, com manual de instruções, só que em inglês. Se
preferir fazer um site mais profissional, a custos relativamente baixos, contrate um bom
provedor brasileiro para hospedá-lo e registre seu próprio domínio (tipo
www.seunome.com.br) na FAPESP (www.fapesp.org.br). Há ainda a opção, mais simples,
de colocar as músicas em sites dedicados à divulgação de novos artistas e bandas. Envie
os arquivos para a rede através do programa FTP Explorer (www.ftpx.com).
Uma vez no ar, seu site precisa de divulgação. Além dos amigos do chat, é bom que seu
endereço seja visto nos portais, as ferramentas de busca da Rede. O principal portal
brasileiro é o Cadê?. Nele você encontra informações sobre como solicitar o registro, que
é gratuito mas leva algumas semanas. O gigantesco portal americano AltaVista
(www.altavista.com) é gratuito, e o registro é automático e imediato. Não esqueça de
indicar o seu e-mail na home page. É por ali que seus fãs vão entrar em contato com
você.
Caso pretenda começar a vender as cópias de suas músicas, você pode optar por enviar
arquivos MP3 online (por e-mail ou com sofisticadas ferramentas de comércio eletrônico)
ou mandar os CDs pelos Correios (o CD por SEDEX), após a comprovação do depósito
bancário. À medida em que a Internet se acelera, você ficará cada vez mais surpreso com
o alcance e o retorno desta empreitada!
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 59
Gravação e Edição no PC
Gravando. Arquivos estéreo ou mono podem ser gravados diretamente no Sound Forge.
Clicando na "tecla" <Record> abrimos a janela que configura a gravação (Fig. 1). Em
<New...> definimos se o arquivo será mono ou estéreo, 8 ou 16 bit e sua taxa de
amostragem. Música para CD é sempre estéreo, 16 bit, 44.1 kHz. Outras aplicações usam
outros formatos. Em <Mode> escolha se cada take será gravado numa janela
independente ou não. Ative <Monitor> e mande o som para a entrada da placa,
monitorando-o nos LEDs e controlando o volume pela saída da mesa. Habilite <DC
adjust>, verifique o tempo de gravação disponível em seu hard disk e mãos à obra.
Vamos gravar. Clique na tecla <Rec>, aguarde dois segundos para começar o som
(vamos precisar desse trecho de silêncio mais tarde) e observe o movimento dos LEDs.
Se acender a luz vermelha com a palavra "Clip", grave de novo mais baixo. Ao terminar,
clique em <Stop> (mesmo botão) e em <Close> para fechar a janela. Agora vamos salvar
o arquivo em <File> <Save as...>, dando-lhe um nome como "Som1.wav". Podemos
começar a edição.
Normalizando. Nossas principais tarefas são nivelar o som, reduzir ruídos, comprimir a
dinâmica e cortar o início e o final. Para que o material fique no máximo volume possível
(0 dB), primeiro vamos normalizar os seus picos. Contudo, para que não tenhamos
surpresas como distorções em certos aparelhos de som, vamos limitar estes picos a –0,5
dB. Em <Process> <Normalize> (Fig. 2) ajustamos o limite dos picos em –0,50 dB e
escolhemos o modo <Peak level>.
Para quem quer uma boa compressão sem ter que fazer contas, uma excelente opção é o
plug-in L1 Ultramaximizer, da Waves (Fig.5). Instalado no micro, ele se abre no Sound
Forge pelo menu <DirectX>. Ajuste apenas o <Out Ceiling> (nível máximo) em –0,5 dB,
ative <Real-time>, ligue o <Preview> e vá movendo o <Threshold> enquanto ouve a
música até achar a atenuação ideal dos picos de volume. Ouça todo o material antes de
dar <OK>.
Cortando. Agora, só falta cortar as pontas e salvar o arquivo. Marque o trecho inicial de
silêncio e aperte a tecla <Delete> no teclado do micro. Faça o mesmo no final. Para não
começar a música com um estalinho, marque um trecho bem curto (centésimos de
segundo) do início e acione <Process> <Fade> <In>. Ao final, marque outro trechinho e
clique em <Process> <Fade> <Out>. Seu arquivo está editado. Agora só falta salvar.
Aliás, salve a todo instante durante a edição. A segurança de nosso trabalho tem vários
inimigos: os conflitos do computador, as companhias de energia elétrica...
Os sons MIDI, embora seqüenciados através do programa, não são gerados pelo
computador. Eles saem dos sintetizadores, que são dispositivos externos. Mesmo que
seja o sintetizador de uma placa de multimídia, seu som, tecnicamente, não ‘sai de dentro’
do computador, mas sim da própria placa. O áudio gravado no hard disk, este sim, é
gerado ‘dentro’ do computador. O que causa a confusão é que as placas de multimídia
usam a mesma saída (line out ou mesmo speaker out) para o áudio gravado no HD e o
seu próprio sintetizador MIDI. O que amplia a confusão é que tanto as pistas de áudio
quanto as de MIDI podem ser produzidas por um mesmo programa. A maior diferença é o
peso de umas e de outras. As pistas de áudio podem consumir milhares ou milhões de
vezes mais memória do computador que as pistas MIDI, razão pela qual evitamos gravar
o áudio de samplers, sintetizadores ou baterias eletrônicas. Em vez disso, mandamos
todos os sons, dos teclados e da placa de som, para a mesa (externa), onde serão
mixados. Só então retornam ao computador, agora como um arquivo estéreo (wave).
Esta maneira de trabalhar é bem semelhante à já tradicional técnica do sync time code
sincronizando um gravador de fita e um seqüenciador MIDI. Só que aqui, em vez de
pouparmos pistas da fita, poupamos o HD e a memória. Os objetivos são os mesmos:
economia e liberdade de edição.
Decidido o uso da mesa de som, vejamos como mandar os sons dela para a placa
(interface) e como mandar de volta os sons do computador para a mesa. Aproveitamos
para plugar também os teclados MIDI na mesa.
Agora, conectamos as saídas da placa de som aos canais de retorno de gravação (Mix-B)
da mesa. Na ausência destes, ligamos essas saídas aos canais de entrada, lado a lado
com as fontes sonoras. Só que as fontes sonoras são endereçadas às saídas da mesa,
enquanto que esses retornos de gravação são enviados à seção máster da mesa,
juntamente com os teclados MIDI, para que sejam monitorados e mixados.
Refazendo os caminhos do som, uma voz, por exemplo, captada pelo microfone, entra no
canal da mesa, sai por um subgrupo ou direct out, entra na placa de som do computador,
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 62
é gravada no hard disk pelo programa, sai pela placa de som e retorna à mesa para
mixagem, quando então vai para o master. Dali, os diversos sons mixados em estéreo
vão para dois lugares: o amplificador dos monitores e de volta para o computador, para a
masterização do CD.
No mais popular dos programas gravadores, o Cakewalk Pro Audio, com sua versão 9
atualmente em lançamento, os canais de som são configurados pelo menu <Tools>
<Audio options>, na janela <Drivers>. Clicamos para marcar as entradas e saídas que
queremos usar e desmarcar as que não queremos. No exemplo, usamos todas as
entradas e saídas analógicas das placas Gina e Layla (que aqui são usadas juntas,
somando seus canais, como se fossem uma só) e desligamos as entradas e saídas
S/PDIF, as do Voice Modem e as do driver de jogos, se não vamos utiliza-las. Habilite
apenas aquelas que estarão conectadas à mesa ou a outros dispositivos.
No lado esquerdo da tela principal (“Track”), temos uma tabela que lembra o programa
MS-Excel. É ali que configuramos nossas entradas e saídas, através das colunas
“Source”, “Port” e “Pan”. Convém arrumar a ordem das colunas, puxando-as pelo seu
título, com o mouse, para deixar as mais usadas à esquerda.
Há várias maneiras de alterar os valores dessas colunas. Com o mouse, em cada pista de
gravação (linha horizontal da tabela), damos dois cliques na coluna desejada, abrindo
assim a janela <Track Properties>. Escolhemos a entrada e a saída da interface que
queremos usar para gravar e monitorar cada pista. Repare que as conexões são tratadas
como pares estéreo de canais. Isto facilita o endereçamento de pistas estéreo.
Podemos agrupar os sons de várias pistas num par estéreo de canais de saída da placa.
Basta escolher a mesma saída em todas as pistas e definir o volume e o pan de cada
uma. Esses valores, no Cakewalk, variam de zero a 127, uma herança do seqüenciador
MIDI, que só atribui essa escala de valores aos controles de volume e de pan. O pan 64 é
o centro. Valores menores que 64 posicionam o som mais à esquerda e maiores que 64,
mais à direita. Esse par de saídas chega a um par de canais da mesa, que devem ter
seus controles de pan virados totalmente, um para cada lado. Assim, mantemos na mesa
a estereofonia definida no programa.
Em resumo, na mandada da mesa para a placa, os sons vão pelos subgrupos. Ou vários
canais por um par estéreo de subgrupos ou um canal por um subgrupo. Neste caso, o pan
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 63
do canal vai todo para a esquerda ou todo para a direita. Escolhemos no programa a
entrada correspondente da placa de som. Na mandada da placa de volta para a mesa,
uma pista cujo som vai sozinho para um canal da mesa tem o pan ajustado no programa
todo para um lado só. Na mesa, posicionamos o pan à vontade. Já um grupo de pistas
saindo por um par de canais da placa tem seus valores de pan ajustados no programa.
Chegando à mesa, entram por dois canais, cujos botões pan estão um para cada lado.
Por fim, uma dica: se depois de tudo isto você não conseguir ouvir o playback do violão
enquanto grava a voz, vá ao menu <Tools>, <Audio Options>, <Advanced> e ligue a
opção <Enable Simultaneous Record/Playback>. Será que eles imaginam que alguém
possa não querer ouvir o playback enquanto grava novas pistas? Quem souber por que a
Cake
Cada vez mais componentes do estúdio se mudam para dentro do computador. Agora é a
vez dos processadores de áudio. Efeitos, compressores, equalizadores, filtros e redutores
de ruídos dos mais variados estilos e para as mais diversas aplicações estão ao alcance
de um clique do mouse. São os plug-ins, os programas acessórios que, uma vez
instalados na máquina, surgem como novos recursos nos menus de todos os programas
de áudio.
Direct-X é uma tecnologia da Microsoft que permite que diversos programas do Windows
aceitem os mesmos plug-ins. Se tivermos necessidade de trabalhar com dois ou mais
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 64
programas diferentes durante uma produção, os mesmos processadores de sinal podem
ser usados aqui e ali. Expandindo incrivelmente as opções do produtor na execução das
tarefas, essa compatibilidade nos permite escolher os modelos preferidos, qualquer que
seja o programa de gravação utilizado.
• SPL De-Esser
Reduz a sibilância na fala ou no canto sem alterar o caráter original da voz,
invertendo a fase das freqüências da letra “S”.
• Antares Autotune
Correção de afinação em tempo real. Detecta o pitch de uma voz ou
instrumento em tempo real e o corrige se necessário. Permite especificar a
escala musical e ajustar a taxa da correção da afinação.
• Cakewalk Audio FX 1:
Um conjunto de processadores dinâmicos: compressor, limiter, expander,
gate. Contém gráficos para visualizar a compressão enquanto ouvimos o
resultado.
• Hyperprism
Bass Maximizer
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 66
Harmonic Exciter
Tube/Tape Saturation (som de válvula ou de fita)
Phaser
Flanger
Chorus
Vibrato
Tremolo
Filtros de freqüências
Pitch Changer
Bem, estes são apenas alguns plug-ins, entre os melhores. Instale-os e esbalde-se.
Redução de Ruídos
A transição da gravação em fita para o computador trouxe muitas mudanças. Uma das
mais importantes foi o advento da edição não-linear, que permite, entre outras novidades,
reduzir drasticamente os ruídos de fundo sem quase alterar o material gravado. O Noise
Reduction, plug-in da Sonic Foundry, consegue fazer sumir um ruído contínuo de uma
gravação, como um chiado de uma fita cassete ou o barulho de um ar condicionado
esquecido ligado, praticamente sem mexer na música ou na locução. E ainda traz consigo
um removedor de cliques e um restaurador de discos de vinil.
Entenda que não se trata de eliminar o ruído, mas de reduzi-lo. Como estamos tratando
com timbres, quanto maior a redução, maior a deformação do som gravado. O NR abaixa
os volumes de centenas de freqüências, em todo o arquivo. É assim que ele reduz o
ruído. Se exagerarmos em sua utilização, ele vai roubar essas freqüências da gravação. A
arte consiste em dosar quanto dá para abaixar o ruído em função de quanto dá para
alterar a sonoridade do material gravado. Uma redução em torno de 10 dB costuma ser
eficaz.
Para ajustar o NR, use as setinhas verticais ao lado do botão <Get> para incrementar ou
atenuar a redução. Digite a quantidade de freqüências medidas ao lado do botão <Fit>,
clicando nele em seguida, para reduzir um número maior ou menor de freqüências.
Exagerado, o Noise Reduction pode decepcionar, mas bem equilibrada, a redução opera
verdadeiros milagres em nossas gravações e restaurações.
Eliminando arquivos inúteis do Cakewalk
Ano novo, vida nova, HD limpo como novo. Hora de tirar todo o lixo do disco rígido. Quem
grava no Cakewalk Pro Áudio sabe o que isso significa. Para “poupar” espaço no hard
disk, o mais popular programa de gravação multipista acaba mesmo entupindo nossa
unidade de disco com arquivos tão grandes quanto inúteis. Para completar, esses
arquivos são muito difíceis de se identificar. Manter o HD limpo melhora a performance
geral do computador, permitindo gravações e mixagens estáveis.
Por que o Cakewalk acumula lixo no hard disk? A intenção até que é boa: qualquer trecho
gravado e posto para repetir em loop é um mesmo arquivo de som acionado seguidas
vezes, em vez de se tornar um arquivo várias vezes maior. Ou ainda, um trecho de um
projeto (uma música) pode ser copiado e usado em outro projeto sem ocupar mais espaço
em disco. Até aí, tudo bem. O problema começa quando o Cakewalk não apaga
automaticamente os arquivos deletados por nós, já que talvez estejam sendo usados em
outra parte da música ou em outra música. E se complica quando usamos seu dispositivo
de limpeza do lixo e ele simplesmente se (nos) engana, esquecendo de apagar uma parte
do lixo ou apagando junto com ele arquivos válidos. Já pensou na sensação de ter que
convidar seu cliente para que grave de novo toda aquela maratona de músicas do futuro
CD porque seus takes simplesmente sumiram? E que tal a sensação de seu cliente?
Nada de pânico: o próprio programa, bem usado, traz as soluções. Com um gravador de
CD (CD-R ou CD-RW) podemos manter o HD (a fita dos dias de hoje) organizado e com
muito espaço disponível para novas gravações e edições.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 68
Cada take gravado no Cakewalk, que ele chama de clip, não faz parte do arquivo que
estamos salvando volta e meia. O take (aquilo que acontece entre os comandos Rec e
Stop) é salvo como um arquivo de áudio, com a extensão .wa~, em um diretório chamado
<Wavedata>. O nome de cada arquivo wa~ é sempre uma sopa de letras e números, sem
possibilidade de identificação por um humano normal ou paranormal. O arquivo geral do
projeto, chamado Normal ou .wrk, apenas coordena a execução desses arquivos .wa~,
que são, afinal, as próprias pistas de áudio. Se copiarmos este arquivo .wrk para um zip
disk, por exemplo, e o abrirmos em outro computador, o áudio não estará presente, já que
os arquivos .wa~ não foram copiados para o disquete. Se houver pistas MIDI
seqüenciadas, estas atuarão normalmente, mas nenhuma pista de áudio será ouvida.
Para transferirmos um projeto com áudio gravado de uma máquina para outra,
trabalhamos salvando o projeto como Normal (.wrk) e, ao final de cada sessão, salvando
como Bundle (.bun). Este é um arquivo-pacote, que compacta o áudio de todos os
arquivos .wa~ (os takes gravados) e os empacota junto com os demais dados, tais como
pistas MIDI, andamento etc. Demorando alguns minutos para salvar e depois abrir e
pesando muitos megabytes, os arquivos Bundle podem ser copiados para um CD-R, que
é uma mídia barata e confiável. Se fizermos o mesmo com todos os arquivos .wrk que
contêm áudio, podemos transferi-los para um CD-R, apaga-los todos do HD e então fazer
a faxina completa, apagando a totalidade dos arquivos .wa~ do diretório <Wavedata>
usando o próprio Windows Explorer. O disco agora merece ser desfragmentado para
recuperar todo o seu espaço livre. Quando quisermos trabalhar num desses arquivos
Bundle, podemos abri-los a partir do CD-ROM.
Feito isto, caso estejamos usando a opção <Take Vault>, que grava um backup
automático dos takes de áudio em forma de arquivos .wav, podemos apagar também todo
o conteúdo da pasta <Take Vault>, já que o backup que faremos será do arquivo .bun.
Esta opção é ativada no menu <Tools> <Áudio Options> <Advanced>.
Após salvarmos os arquivos Bundle, podemos copiá-los para CD-ROM e também apaga-
los do HD. Com isto, esvaziaremos alguns gigabytes do disco. Depois, é só mandar o
Windows desfragmentar o hard disk. Só não podemos, nesta hora, é esquecer de usar um
no-break. Se a luz pifasse, poderíamos perder todos os dados do disco.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 69
Finda a operação, estamos com um HD limpo, quase como novo, com espaço de sobra
para gravar novos projetos.
Usemos como exemplo uma canção pop com voz, vocais de apoio, violão, guitarras,
piano, baixo, bateria, percussão e uma orquestra de cordas ao fundo.
No processo tradicional de gravação, isto seria uma produção de bom tamanho. Num
estúdio de grande porte seriam acomodados os músicos da orquestra (20 a 30), os
músicos da banda e os cantores. Junto a eles, o produtor, o arranjador, o operador e os
assistentes. Seriam usadas algumas dúzias de microfones através de uma mesa de
centenas de milhares de dólares e tudo seria armazenado em um ou dois gravadores de
rolo de 24 pistas. Este material então seria mixado em estéreo e gravado num rolo de
meia polegada. Mais tarde, esta fita seria copiada no processo industrial, para a
prensagem dos discos numa fábrica.
Hoje esta é apenas uma opção, indiscutivelmente mais sofisticada. Com um poder de
fogo comparável, milhares de estúdios caseiros chegam a resultados competitivos.
Combinando o seqüenciamento dos teclados MIDI soando como as cordas, piano, bateria
e outros com a gravação do áudio das vozes, guitarras e percussão, o estúdio híbrido é
usado pelos mais iniciantes e os mais profissionais. Seu custo pode chegar a menos de
um por cento do investimento em um estúdio de áudio de grande porte.
E como vamos realizar a façanha de produzir a tal canção do exemplo com um estúdio
que mais parece um brinquedo? Com uma mesinha de boa marca (12 ou mais canais),
um computador atual, uma placa de som para gravação de duas ou quatro entradas e oito
saídas, uma placa MIDI, um bom sintetizador multitimbral e um ou dois microfones.
É natural que, num ambiente com toda essa liberdade, o arranjador experimente à
vontade novas idéias para o arranjo. Qualquer pista gravada que não agrade pode ser
rapidamente apagada com a tecla delete. As pistas-guia gravadas preliminarmente com a
harmonia e a voz vão sendo apagadas à medida que gravamos as versões definitivas
desses instrumentos e vozes.
A seguir, editamos todo esse material, tanto as pistas de áudio quanto aquelas com a
programação MIDI. Assim, otimizamos as performances instrumentais e vocais, dando um
grande realce às interpretações. Trabalhando geralmente num só programa, o produtor
tem ali todos os recursos de gravação e processamento do áudio, bem como de
seqüenciamento e edição dos eventos MIDI.
A mixagem, em pleno ano dois mil, ainda é melhor realizada numa mesa externa ao
computador do que dentro dele. Especialmente pelo fato de que não temos o áudio
gravado dos teclados MIDI: eles tocam ao vivo junto com a gravação, sequüenciador e
gravador perfeitamente sincronizados num único programa. Trazemos à mesa as saídas
da placa de som e do sintetizador. Na mesa, fazemos a mixagem, que vai ser gravada em
estéreo no próprio PC.
A mais bela das músicas precisa passar por um período em que mais parece um
Frankenstein ou uma caricatura de si mesma. Como em toda arte, é preciso fazer um
esboço do que pretendemos criar e registrar. No artigo anterior, vimos a necessidade de
traçar um roteiro sonoro antes de começar a gravar as pistas de áudio e MIDI de nosso
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 71
projeto. Vejamos aqui como gravar as pistas-guia, que servirão como referência rítmica,
harmônica e melódica de toda a produção.
Começamos, então, com um loop (trecho repetido em ostinato) com a levada básica da
música, suficiente para definirmos o ritmo, a harmonia e a forma da canção. Muitas vezes,
basta seqüenciar um compasso com bumbo, caixa e contratempo (hi hat ou “chimbal”),
que será repetido ao longo da música através de comandos tão simples como “copiar” e
“colar”.
Quando estiver bom, marque o compasso inteiro que contém o loop arrastando o mouse
sobre a faixa cinza no alto da janela <Track>, a que tem os números dos compassos.
Certifique-se de marcar o compasso inteiro, e não somente o loop, caso contrário as
cópias se emendarão, causando “quebras” no ritmo. Clique nos números das pistas 1 e 2
arrastando o mouse sobre a primeira coluna da janela <Track> e o trecho recém gravado
estará marcado. Clique sobre este trecho com o botão direito ou use as teclas <Control> +
<C> para copiar. Agora, clique com o botão direito (ou <Control> + <V>) no próximo
compasso da mesma pista para colar. Digite um número para a quantidade de repetições.
Por exemplo, um valor igual à quantidade de compassos da música. Ok. Temos o
rascunho da bateria para servir de guia. Esta será a referência rítmica para podermos
aplicar os instrumentos com a harmonia.
Escolha um outro canal MIDI (por exemplo, o canal 1) para a próxima pista e um timbre
de instrumento harmônico, como piano, órgão, guitarra ou violão. Para isso, use as
colunas <Chn> e <Patch> da nova pista a gravar.
Ponha para gravar a música do início e, enquanto ouve a bateria, toque a harmonia no
teclado. Você pode gravar a música do início ao fim ou por partes. Pode também
quantizar este novo instrumento e marcar as partes da música.
Podemos, assim, registrar a pista com a harmonia-guia usando a gravação linear (do
início ao fim) ou montando-a com o recurso de copiar e colar. Para isto, nos valemos dos
marcadores.
Gravando a voz-guia. Tudo o que seqüenciamos até agora servirá apenas como
referência para começarmos a gravar o material que realmente será aproveitado no
produto final. É um esqueleto, um monstrengo necessário para desenvolvermos nosso
arranjo da melhor maneira possível. Para que os instrumentos sejam bem aplicados,
precisamos agora de mais uma referência: a melodia. Ela pode ser tocada no teclado,
mas fica ainda mais útil gravarmos uma voz-guia.
Clicando duas vezes na coluna <Source> abrimos a janela <Track Properties>. No item
<Source> escolhemos a entrada da placa de som e no item <Port> a sua saída.
Monitoramos o nível do sinal de um microfone pré-amplificado (em geral, pela mesa de
som) através do LED que aparece no canal da voz, na mesa virtual da janela <Console
view>. “Passe o som” da voz cantando a melodia enquanto observa o LED, para impedir
excesso ou escassez de nível. Controle o volume pela saída da mesa “física” ou pela
entrada da mesa virtual, ao lado do LED.
Ajustado o volume, volte a música ao início, acione <Arm> na pista da voz e grave-a do
mesmo modo que antes. Ao terminar, acione <Stop>, espere o desenho do áudio (as
ondas sonoras) se completar na tela e salve o arquivo. Aliás, salve sempre o arquivo,
clicando no disquete ou digitando <Control> <S>. Volte e ouça. Se for preciso, grave a
voz-guia por partes. A operação de copiar e colar, aqui, é semelhante à que fizemos com
os eventos MIDI.
Bem, o Frankenstein está vivo. Falta transforma-lo em arte, gravando as pistas que vão
valer. Mas este é o assunto dos próximos artigos.
O músico brasileiro, especialmente nos grandes centros urbanos, tem hoje muitas opções
para montar o seu estúdio caseiro de gravação. As lojas de música e de informática
oferecem diferentes tecnologias, todas apresentadas como sendo a última palavra. Áudio
gravado em fita analógica ou digital? MIDI? Gravação no computador? Em meio a tantas
variáveis, nem sempre é fácil escolher o melhor caminho. E depois de escolhido o meio
de gravação, ainda restam muitas opções de cada item, até chegar o momento de apertar
as teclas PLAY e REC. Neste artigo, estaremos mostrando as diversas tendências,
buscando ajudá-lo a escolher os equipamentos e programas do seu estúdio de gravação.
Montar um home studio implica em equilibrar uma série de fatores. De acordo com os
objetivos, capital, espaço, clientela ou necessidades pessoais, surgem inúmeras opções
para quem vai "se equipar". Nada é pior que constatar erros de planejamento depois de
realizado o investimento, como a compra de aparelhos desnecessários ou obsoletos.
Agora, com a instabilidade do real frente ao dólar, o custo de uma escolha equivocada se
multiplicou. Antes de comprar, devemos colocar na balança todas as necessidades e
possibilidades, e aí fazer uma lista de todos os itens, com modelos e preços compatíveis.
Muito mais importantes que o uso de máquinas e programas de última geração são o
talento e a experiência de quem os opera. Um produtor talentoso, com a curiosidade
permanente de buscar novas soluções, pode tirar o maior som de um pequeno estúdio,
enquanto um outro, mais burocrático, é capaz de fazer uma mega-estação de trabalho
soar como uma lata.
Esses estúdios podem gravar somente áudio, mas é bastante comum a presença de um
sistema MIDI, com sintetizadores seqüenciados. Alguns estúdios que só produzem
música eletrônica têm no sistema MIDI o seu ponto forte. Unidos, os recursos de
gravação de áudio e de seqüenciamento MIDI expandem em muito as possibilidades de
qualquer sala de gravação ou produção.
Áudio:
• Microfones
• Mesa de som
• Monitores
• Gravador multipista
• Gravador estéreo
• Processadores de efeitos (reverber e outros)
• Processadores de dinâmica (compressores e outros)
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 75
• Processadores de timbre (equalizadores)
• Cabos de diversos formatos
MIDI:
• Seqüenciador
• Instrumento controlador (teclado ou outro)
• Módulos geradores de som (sintetizadores e samplers)
• Cabos MIDI
O home studio básico, iniciante, pode começar usando um ou dois microfones dinâmicos
com pedestais, uma mesa de som de 8, 12 ou 16 canais, amplificador e caixas acústicas
(no início, que sejam as melhores possíveis). O gravador multipista pode ser um porta-
estúdio (gravador de 4 ou 8 pistas com mixer) em cassete, MD ou HD, ou um sistema de
gravação no PC, com uma placa de som, um programa de gravação multipista e um HD
de tamanho razoável. O gravador estéreo pode ser um deck cassete ou um MiniDisk. Um
ou dois reverberadores ou multiefeitos (alguns porta-estúdios e programas de gravação já
vêm com um bom kit de efeitos incluído) e os cabos apropriados completam a seção de
áudio. O estúdio MIDI deste nível usa um seqüenciador (no PC ou em hardware) e um
sintetizador multitimbral. Este pode ser um rack ou um teclado, que pode conter o
seqüenciador. Neste caso, o teclado (workstation) agrega sozinho todos os itens do
sistema MIDI. Eventualmente, alguns estúdios começam usando o sintetizador da placa
multimídia. Este estúdio custa cerca de 4 mil dólares e você pode ir adquirindo os
equipamentos aos poucos, usando os que já possui. Se for só de áudio ou só MIDI, pode
custar cerca da metade.
Sonho realizado por aqueles que podem desembolsar entre 25 e 100 mil dólares para
montá-lo. Daí para cima, saímos da categoria de home studios. Os maiores estúdios
brasileiros chegam a custar mais de 10 milhões de dólares!
A captação dos sons é uma das etapas mais delicadas. Microfonar um cantor ou um
instrumento é uma arte, da qual depende a sonoridade final da gravação. O estúdio
pessoal, sem o custo/hora do estúdio alugado, permite uma experimentação maior,
segredo de um bom som. Os microfones dinâmicos, apropriados para os sons
percussivos e potentes, podem ser adotados pelo estúdio básico para uso geral, já que
sua resposta mais dura disfarça um pouco a ausência do isolamento acústico. Para voz, o
microfone deve estar a poucos centímetros da boca do cantor, com cerca de 45º de
inclinação. Nos estúdios intermediário e avançado, com acústica tratada, usamos
microfones a condensador, alimentados pelo phantom power da mesa, para captar vozes,
pratos, percussões leves, cordas em geral e madeiras (sopros). Os microfones dinâmicos
captam tambores, metais (trompete, trombone) e alto-falantes de guitarra. Aponte cada
microfone para a fonte do som, desviando-o de ruídos gerados pela pressão do
deslocamento do ar. Os dinâmicos ficam a poucos centímetros da fonte, enquanto os
condenser podem ser colocados mais de longe. O ambiente também determina a
sonoridade captada. Experimente tocar e cantar em vários pontos de sua sala até
encontrar o melhor som. Verifique a polaridade (área de captação) do microfone, para
evitar vazamentos de som. O cardióide capta numa só direção; o figura-de-8 é
bidirecional, captando sons pela frente e por trás; o omnidirecional atua em todas as
direções. Compare os sons obtidos em diversas posições, se possível com vários
microfones, e grave a melhor opção. Use cabos XLR (Canon), se sua mesa tiver esses
conectores. Senão, use plugues banana balanceados.
Armazenamento. Cada som captado vai, através do microfone, para um canal de entrada
da mesa, e dali é enviado por um canal de saída até um gravador (ou placa de
som/programa de gravação), onde será armazenado em uma pista. Qualquer canal de
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 77
entrada pode ser endereçado por qualquer saída para uma pista. Esta pode conter um ou
vários sons, sendo que os sons gravados juntos não poderão mais ser tratados em
separado até o final do trabalho. Daí a necessidade de várias pistas. Podemos gravar os
sons simultânea ou separadamente nas pistas. Para ouvi-las (monitorar e mixar), as
saídas do gravador ou placa de som são enviadas até outros canais de entrada da mesa
(aqui chamados ‘canais de retorno do gravador’). Na hora de gravar cada pista,
precisamos de, pelo menos, dois canais de entrada na mesa: um (ou mais) de entrada
do(s) microfone(s) ou instrumento(s) e outro de retorno da gravação, para monitoração, o
mesmo canal que vai ser mixado aos outros, mais tarde. Por isso, a quantidade de canais
da mesa deve ser o dobro do número de pistas de gravação.
O gravador multipista pode ser analógico ou digital. Analógicos são os gravadores de fita
de rolo ou cassete, como os porta-estúdios de 4 ou 8 pistas. Os gravadores digitais
podem ser de fita de vídeo (ADAT, DA88) ou disco. Em disco temos gravadores em
hardware (usando HD, Zip Disk ou MD) ou em software. Um programa de gravação
multipista em HD, junto com uma placa de som multicanais, transforma seu computador
num poderoso gravador e editor de áudio. A escolha do formato depende do estilo e do
orçamento de cada um. Mas a tendência predominante tem sido a gravação por software.
As interfaces de 8 canais, para estúdios básicos, intermediários e avançados, têm caído
bastante de preço. Se for sua opção, use hard disks SCSI, que gravam mais pistas por
serem mais rápidos que os HDs do tipo IDE. A placa de som é conectada à mesa da
mesma forma que os gravadores em hardware.
Os efeitos (reverber, eco, chorus e outros) são conectados aos canais auxiliares da mesa
e servem simultaneamente a todos os canais. Ou seja, o mesmo processador pode ser
usado por vários canais em diversas intensidades. Por exemplo, com o mesmo
reverberador podemos aplicar muito efeito na voz e pouco no violão, deixando-o mais
seco. Em cada canal da mesa, controlamos a intensidade do efeito pelo seu próprio botão
auxiliar. Geralmente há vários auxiliares nos canais, cada um controlando um diferente
aparelho.
Não se trata aqui de acrescentar um efeito ao som, mas de modificar sua natureza. Por
isso, além de ser processado individualmente, cada som tem que ser substituído pelo som
processado, em vez de ser somado a um efeito. Por isso, em vez dos canais auxiliares,
usamos os inserts. Esta é uma conexão de entrada e saída, presente em cada canal. O
insert usa um cabo especial, bifurcado em "Y", com um conector estéreo numa ponta e
dois mono nas outras. O plugue estéreo entra no insert de um canal, enquanto os outros
dois se ligam à entrada e à saída do processador. Na realidade, o conector estéreo
plugado à mesa usa suas duas vias em mão dupla: entrada e saída. Ao ser conectado ao
insert do canal, corta o som original, envia esse som ao processador e devolve o som
processado ao mesmo canal.
Mixagem. Após gravarmos todos os sons nas diversas pistas, temos que misturá-los
numa gravação estéreo com a sonoridade definitiva. Usamos a mesa para mixar e
processar os sons e enviá-los para o gravador estéreo. As saídas do gravador multipista
ou placa de som são enviadas aos canais de entrada da mesa. As saídas estéreo da
mesa são conectadas ao gravador estéreo. Enquanto na gravação nos preocupamos com
a qualidade da captação e do armazenamento, na mixagem nivelamos os instrumentos e
vozes de acordo com o arranjo musical, posicionando-os no campo auditivo estéreo e
realçando timbres e efeitos.
Monitoração. Durante todas as etapas, precisamos ouvir o que está sendo gravado. A
saída master estéreo da mesa é conectada ao amplificador que alimenta os monitores.
Muitos desprezam este item fundamental que orienta o produtor nas suas ações. Mal
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 79
monitorada, uma boa gravação pode ser desperdiçada, soando irreconhecível em outros
equipamentos. Procure usar amplificadores e monitores de referência, especiais para
gravação e mixagem. Quando microfonados, cantores e instrumentistas se ouvem através
de fones de ouvido, também ligados às saídas da mesa.
MIDI. O estúdio cresce muito em recursos quando conjugado a um sistema MIDI. Com um
seqüenciador (de preferência em software) sincronizado ao gravador multipista, os
instrumentos eletrônicos não precisam ser gravados nas pistas de áudio. Seus sons vão
direto para os canais da mesa, onde se juntam aos sons das pistas gravadas na
monitoração e na mixagem. Mesmo que seu gravador não tenha muitas pistas, basta que
a mesa tenha canais suficientes para conectar os teclados. O estúdio ganha vários novos
canais. Fora isso, a edição dos eventos MIDI dos sintetizadores seqüenciados permite
experimentarmos inúmeras sonoridades a qualquer momento, sem precisar regravar
esses instrumentos.
O instrumento controlador MIDI (teclado ou outro) envia tudo o que tocamos até o
seqüenciador em forma de dados, através do cabo MIDI. Depois, o seqüenciador "toca"
os sintetizadores e samplers ao vivo, enviando para eles os mesmos dados. As saídas de
áudio dos instrumentos ficam conectadas aos canais da mesa, enquanto o seqüenciador
se mantém sincronizado ao gravador multipista. Mesmo nos programas que conjugam
gravação de áudio e MIDI não é necessário gravar os sons dos teclados. Poupamos
pistas e espaço em disco mantendo os instrumentos eletrônicos seqüenciados. Eles serão
mixados normalmente às demais pistas, já que estão ligados à mesa lado a lado com as
pistas gravadas.
Muitos instrumentos podem ser substituídos por sons eletrônicos. O sistema MIDI
acrescenta versatilidade ao estúdio, além de expandir seus canais.
Conclusões. São muitas opções em cada item do estúdio, e todas são boas,
dependendo só de suas necessidades e possibilidades. Os diversos itens devem ser
compatíveis entre si. De nada adianta, por exemplo, investir num super gravador e
economizar escolhendo uma mesa de poucos recursos. Vale começar com um estúdio
mais simples e depois ir evoluindo de acordo com a sua trajetória. O que importa é fazer
um projeto coerente, analisando o que é preciso adquirir a partir de suas condições e
objetivos.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 80
Um estúdio é um estúdio. Não importa mais se ele cabe dentro de um quarto ou se ocupa
todo um prédio comercial. Com equipamentos cada vez melhores, menores e mais
baratos, o home studio já é sinônimo de estúdio.
Como há várias tecnologias para as mesmas funções, não fazemos distinção entre elas
ao discutir conceitos comuns a todas. Então, se mostramos as conexões entre a mesa e
um gravador multipista, isto também se aplica a uma placa ou interface de áudio. Da
mesma forma, as conexões de um seqüenciador são idênticas às de uma placa ou
interface MIDI para computadores. Entradas e saídas de áudio; entradas e saídas MIDI.
Ajustamos o nível de cada etapa dos caminhos do som. Pedindo ao músico que toque
exatamente o que vai gravar, especialmente as passagens mais fortes e as mais suaves,
ajustamos o ganho (trim) do canal de entrada da mesa de forma que, com o fader em
zero dB ou na posição central, o LED do canal chegue ao seu limite nas passagens mais
fortes da música, sem deixar distorcer.
Controlamos o nível de saída da mesa pelo canal submaster que está conectado à
entrada do gravador multipista. Da mesma forma, levamos o nível ao limite, observando o
movimento do LED. Quando o gravador não tem controle de entrada, o submaster é que
controla o nível de gravação. Neste caso, ao movimentarmos o seu fader, conferimos ao
mesmo tempo o seu LED e o LED do canal de entrada do gravador.
Quando enviamos os sons de várias fontes para uma mesma pista de gravação,
nivelamos as fontes entre si - já como uma mixagem definitiva - através dos seus canais
de entrada. Todos eles são enviados por um mesmo canal submaster de saída até a pista
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 81
de gravação. Neste caso, só o submaster é que fica no limite de volume, já que os canais
de entrada estão sendo misturados, cada qual com seu volume. Se usamos um só
microfone (ou um par estéreo) para captar vários sons, essa mixagem é feita pela
distância de cada fonte em relação ao microfone. Podemos experimentar posicionar os
instrumentos ou cantores monitorando-os provisoriamente através de um fone de ouvido.
Se for preciso, gravamos várias vezes o mesmo trecho com diferentes posições das
fontes sonoras, até encontrar a mistura ideal.
Quando dispomos de muitas pistas de gravação, é preferível gravar cada fonte numa
pista exclusiva, o que permite nivelarmos os sons numa outra etapa do trabalho. Se a
mesa dispõe de vários canais submasters, enviamos o sinal de cada fonte (cada canal de
entrada) por um diferente submaster, gravando assim os sons em várias pistas. Senão,
usamos a saída direta de cada canal, cada uma conectada a uma entrada do gravador.
Quando gravamos vários sons numa mesma pista, como vimos, o nível geral (a soma)
deles é que deve ficar no limite operacional do gravador (em geral, zero dB). Mas quando
podemos gravar cada qual numa diferente pista, devemos registrar todos esses sons no
máximo volume permitido. Assim, temos como nivelá-los em definitivo na mixagem e
minimizamos o nível dos ruídos. Mesmo aquele instrumento que vai soar bem baixinho é
gravado primeiro no máximo volume, caso esteja sozinho na pista do gravador.
Para ouvirmos (monitorarmos) as pistas gravadas, como também para mixá-las depois,
usamos as mesmas conexões de retorno. As saídas do gravador são ligadas a outros
canais de entrada da mesa. Estes podem ser os canais comuns ou canais exclusivos para
monitoração, também chamados "tape returns" ou "Mix-B". Como esses canais tocam o
que vem do gravador, eles não influenciam o som da gravação multipista, mas somente a
mixagem final. Podemos posicioná-los à vontade e mudar esses ajustes a todo momento,
sem prejuízo para o armazenamento inicial dos sons.
Quando enviamos os sons dos canais da mesa para o gravador multipista através dos
submasters, é bom notar que eles se organizam em pares estéreo: 1-2, 3-4, 5-6, 7-8.
Plugados nos canais de entrada do gravador, cada submaster manda o som para a
respectiva pista de gravação. Se enviamos o som de um canal da mesa para ser gravado
na pista 3, por exemplo, ele deve ser primeiro enviado ao submaster 3, que o despacha
para o gravador. Só que geralmente não há submaster 3, o que existe é o submaster 3-4.
O som chega igualmente nas pistas 3 e 4. Se o gravamos só na 3, desperdiçamos a
metade do sinal que entra no submaster 4 e pode ser enviada para a pista 4. Evitamos o
desperdício, mandando todo o sinal só para a pista desejada, ao girarmos o botão pan do
canal de entrada todo para a esquerda. Como o submaster é um par estéreo de canais,
ao receber o sinal todo pela esquerda ele manda todo o som pela saída ímpar (no caso, a
de número 3). Se o pan estiver para a direita, o som sai pelo submaster de número par
(aqui, o 4) e é gravado na pista correspondente sem perdas. Esta maneira de enviar o
sinal em nada significa que o som final ficará todo para um lado só.
Como essas pistas são mono e seus sons retornam à mesa para monitoração e mixagem,
é nos canais de retorno que definiremos a posição espacial (pan) definitiva de cada uma,
formando o campo auditivo estéreo na fase de mixagem.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 82
Essa prática de gravar cada som isolado numa pista exclusiva é muito salutar, pois
permite um tratamento definitivo após a gravação. É mais fácil dosarmos reverberações,
compressão, timbres, profundidades e posição espacial dos sons quando já estão todos
gravados. Se o fazemos na hora de gravar, temos que realizar ao mesmo tempo várias
etapas do trabalho: captação, armazenamento, processamento e mixagem. Registrados
os sons um a um, podemos processá-los e mixá-los depois. Contudo, em várias
linguagens musicais, nada substitui o calor da interpretação coletiva ao vivo. Em outras
situações, misturamos gravação coletiva e pistas adicionadas depois. A decisão caberá
sempre ao nosso ouvido, de acordo com os limites do equipamento.
De cara, temos uma excelente economia: como não grava o som, mas mensagens que
acionam o som de um sintetizador, o seqüenciador consome pouquíssima memória.
Qualquer computador com uma interface MIDI é apto para seqüenciar.
Para podermos ouvir e mixar os instrumentos MIDI, conectamos todos eles aos canais de
entrada da mesa, junto com as pistas de áudio do gravador.
Vale a pena começar o trabalho seqüenciando pistas de ritmo e harmonia, como bateria,
baixo e piano. Mesmo que não sejam definitivas, elas ajudam a construir as outras pistas
de áudio e MIDI, fornecendo ritmo, andamento e harmonia. Assim, quando gravarmos
vozes ou outros instrumentos, o intérprete estará sempre escutando essas pistas.
O sistema MIDI trabalha com canais, de modo semelhante às pistas de áudio. Aqui, cada
canal MIDI aciona um diferente timbre de sintetizador ou um diferente aparelho. Os
timbres percussivos, como a bateria, podem estar num mesmo canal, sendo cada tambor
ou prato acionado por uma diferente nota MIDI. Definimos o som de cada nota no
sintetizador, sampler ou bateria eletrônica. O seqüenciador aciona os diversos canais ao
mesmo tempo.
Quando desejamos uma precisão rítmica que não conseguimos executar no instrumento
controlador, como nos trechos de bateria e baixo de música pop ou rock, usamos a
quantização. Para isso, escolhemos uma determinada resolução, que corresponde à
menor figura rítmica (semínima, colcheia) do trecho. Todas as notas do trecho serão
deslocadas no tempo em direção a uma "grade" de subdivisões rítmicas, correspondente
à resolução escolhida. Corretamente utilizada, a quantização confere mais peso às bases
rítmicas e harmônicas, devendo no entanto ser evitada em solos, arranjos de cordas e
outros sons em que a imprecisão rítmica é que define o sentimento.
O seqüenciador tem incontáveis recursos de edição das mensagens MIDI geradas pelo
controlador e executadas nos geradores de som. Saltam aos olhos os recursos de edição
gráfica da tela conhecida como piano-roll, onde podemos acrescentar, suprimir, esticar,
encolher, atrasar ou adiantar as notas e desenhar variações dos controles dos
sintetizadores ao longo do tempo, com simples cliques e arrastes do mouse.
Sérgio Izecksohn
Teoria Básica para Home Studio 84
Desde a entrada em cena do seqüenciador, perdeu o sentido a gravação em fita ou hard
disk do áudio gerado pelos instrumentos eletrônicos. Eles permanecem seqüenciados até
terem os seus sons mixados junto às pistas de áudio gravadas.
Os processadores que mais usamos são os equalizadores dos canais da mesa, para
ajustar os timbres, um ou mais reverberadores, para definir profundidade e ambiência, e
alguns compressores para "segurar" a variação dinâmica, ou seja, os volumes de cada
instrumento ou voz ao longo da música. No computador, também podemos aplicar efeitos,
comprimir dinâmicas e equalizar timbres através dos programas de gravação e plug-ins
de efeitos.
ÁUDIO
• Grave sempre no nível máximo tolerado por seu sistema. Sem deixar distorcer o
som, leve cada LED (entrada e saída da mesa, entrada do gravador) ao limite
máximo de operação. Isto enche o sistema com som, minimizando os ruídos. Cada
pista deve ser gravada no limite, não importando se o nível for atingido por um
instrumento gravado sozinho ou pela soma de sons gravados juntos. Mesmo um
instrumento que vai ser mixado baixo, se gravado sozinho na pista, deve ser
armazenado no pico de volume.
• Você pode gravar som num estúdio analógico, digital ou híbrido. Se optar pelo
digital, além dos gravadores, você precisa de uma mesa digital. As conexões entre
ela e os gravadores ou a interface de áudio devem ser do mesmo protocolo. Som
estéreo profissional usa AES/EBU, mas os home studios digitais tendem mais ao
uso do S/PDIF. Este pode ainda ser ótico ou coaxial (RCA). Conectores multicanais
geralmente são do tipo ADAT ou TOSLINK (Alesis) ou então TDIF (Tascam). Por
exemplo, a mesa digital pode se conectar a uma interface de áudio por cabos
óticos do formato ADAT (8 canais em cada cabo), para gravação multipista, e
mandar o som estéreo mixado para um DAT por um cabo S/PDIF. Esses formatos
não são compatíveis entre si.
• Com bons conversores AD/DA nos gravadores ou interfaces e uma mesa de som
cristalino, seja analógica ou digital, o fato é que nem sempre dá para percebermos
a diferença entre o estúdio digital e o híbrido. Enquanto você não obtiver total
estabilidade e perfeita sincronização na transferência digital do áudio, você pode e
deve começar conectando seus equipamentos digitais através de cabos
analógicos.
• Quantize aquelas pistas MIDI que, se fossem de áudio gravado, você exigiria
absoluta precisão rítmica de seus músicos. É o caso da bateria e do baixo na
música pop. O fator "humano" está presente através da variação de dinâmica
("velocity") de um toque ou nota pra outro. Não é o fato do seu "baterista virtual"
errar os tempos que vai torná-lo mais humano.
• Nos loops, como também para copiar e colar trechos MIDI, temos muito menos
trabalho quando esses trechos estão quantizados. A quantização também ajuda a
resolver o problema dos ‘atrasos’ gerados por controladores MIDI alternativos,
como a guitarra. Entretanto, solos, "camas" (pads), cordas e sopros tendem a soar
melhor sem quantização.
• Para ter timbres diversos sempre de alta qualidade, reserve tempo e orçamento e
adquira um sampler. Dá um pouquinho de trabalho para aprender a operar, mas
sua sonoridade é definitiva.
MISCELÂNEA
• Quantizar e mudar o tempo dos trechos de áudio é sempre temerário. Grave boas
performances vocais e instrumentais, regrave quantas vezes forem necessárias,
processe esses sons com efeitos e compressão, mas evite mexer nos tempos dos
sons gravados. Quantize só as pistas MIDI.
• Se você grava áudio no computador, faça backup das gravações multipista em CD-
ROM. É como se fosse a fita do ADAT, que permite que o material seja remixado
em outro estúdio, ou ainda que façamos acréscimos posteriores às gravações.
Assim como as fitas se deterioram, o áudio no HD pode ser corrompido ou
apagado erroneamente. Quem usa o popular Cakewalk Pro Audio deve gravar
primeiro o arquivo no HD no formato "bundle" (pacote) ou <.bun> e só depois
passá-lo para o CD-ROM.
• Cuide bem de cada som em cada etapa do processo, e terá maior conforto para
mixá-los. Ao criar um arranjo procure usar o seu ouvido interno para prever a
mixagem dos timbres. Arranjo bom, mixagem fácil.
GLOSSÁRIO
Termo Significado
A Inglês. Abreviação de AMPÉRE
A.C. Inglês. Uma abreviação do termo Corrente Alternada. Corrente alternada é um tipo de corrente elétrica
AC Power Inglês. Energia elétrica de corrente alternada.
AC Power Cable Inglês. Cabo de força ou extensão de força.
Inglês. Abreviação de ANALÓGICO para DIGITAL./Indica que um aparelho possui um conversor interno que faz a mudança de /sistemas
AD
analógicos para digitais. O Análogo que é mais inconstante e o sistema digital a base de números (bits) é mais preciso.
Marca Registrada pela Alesis. Lançado no inicio de 1993 tornou-se quase um padrão.É usado em pro e home-studios. Grava em fitas de
ADAT vídeo Super VHS (S-Vhs). É modular ou seja , pode-se ligar vários aparelhos juntos para conseguir um número maior de canais 8,16,24,32
etc.
Inglês. Sigla As letras A, D, S & R são as primeiras letras de:/n Attack, Decay, Sustain e Release. Estes são os vários elementos para
ADSR
mudanças e ajustes de parâmetros em efeitos digitais, instrumentos digitais e teclados.
Inglês. Abreviação da Siglas Audio Engineering Society e European Broadcasting Union. Protocolo de associação internacional de
AES/EBU
engenheiros de áudio para para a comunicação de canais digitais usando conectores XLR.
AFC Inglês. Automatic Frequency Control Controle automático de freqüências. Dispositivo encontrado em alguns processadores digitais.
Amp Inglês. Abreviação de Amplificador Em alguns manuais é abreviação de Ampére.
Ampére Francês. Unidade de medida de uma corrente elétrica.
Amplificador Aparelho eletrônico que aumenta o nível de sinais elétricos e multiplicando o volume de um sinal de áudio.
Amplitude A altura de uma onda de áudio ( senóide ou waveform ) acima ou abaixo da linha ZERO.
Atenuação Diminuir o volume de um sinal de áudio. Ex. Atenuar os graves = Diminuir os graves
Attack Inglês. Ataque Ponto ou instante onde o som começa e aumenta o volume.
Attenuation Inglês. Atenuação Diminuir
Áudio Freqüência Freqüências sonoras percebida, sentidas pelo ouvido humano. Compreendidas entre 20 Hz a 20.000 Hz (hertz)
Áudio Tudo que se refere a SOM captado, manipulado, transmitido ou amplificado por meio eletrônico .
Recurso comum em mesas de som digitais para estúdios. Permite ao engenheiro deixar pré-gravado os parâmetros da mesa vão aumentar
Automação
ou diminuir automaticamente.
Automation Inglês. Automação
Inglês. Entrada Auxiliar Entrada comum em mesas de som onde normalmente são ligados Tape deck, CD Player e sinais de áudio de
Aux In
telões. Dispositivo muito comum também em equipamentos domésticos.
Aux Out Inglês. Saída Auxiliar Em mesas de som serve para conectar efeitos digitais ou enviar sinal de monitor para o palco.
Aux Send Inglês. Mandada ou Saída Auxiliar
Baffles 2 Inglês. Placas Pequenas peças de madeiras usadas na parte interna de caixas acústicas. Conhecidas como labirinto.
Inglês. Painéis Sonoros Painéis (tipo biombo) usados em estúdios para corrigir a acústica de uma sala. Podem ser refletivos ou absorventes
Baffles
impedindo que som entre ou saia de certo espaço. Também usados em apresentação de orquestras ao vivo.
Balance Inglês. Balanço Equilíbrio entre dois canais ( L e R ) ou mais (como 5.1) deixando-os no mesmo volume.
Banana Gíria. Apelido do plugue telefônico de 1/4 de polegada. Conhecido também como plugue P-10 ou "de guitarra".
Inglês. Base Termo usado em gravação. 1) Base musical onde será introduzida a voz. 2) Final da música onde não tem mais a voz cantor
Band Track
(a) 3) pode significar também o play back antes de mixar ou musica sem a voz.
Bass 2 Inglês. Contra baixo Instrumento musical
Bass Amp Inglês. Amplificador de Contra Baixo
Bass Cables Inglês. Cabo do Baixo Cabo que liga o contra baixo ao amplificador ou Direct Box.
Bass Drum Pedal Inglês. Pedal do Bumbo da Bateria Também chamado de Kick Drums ou simplesmente pedal.
Bass Drum Inglês. Bumbo da Bateria
Bass Straps Inglês. Correia do Contra Baixo Correia que mantém o contra baixo suspenso junto ao corpo do músico.
Bass Strings Inglês. Corda ou encordoamentos para Contra baixo
Bass Inglês. Graves Define BAIXAS freqüências menores de 250 hz
Boost Inglês. Excitar ou Amplificar 1) Aumentar ganho de sinal. 2) Aumentar o ganho de freqüências especificas como um equalizador.
Box 2 Inglês. Caixa Em iluminação significa estruturas armadas de alumínio.
Box Inglês. Caixa Definição popular de Caixas Acústicas ou de Direct Box.
Brilho Gíria. Agudos Significa freqüências altas, agudas. (ex. Mais brilho = Mais agudo)
Capsule Inglês. Cápsula Define a cápsula de microfone.
Inglês. Estojo Embalagem especial para acondicionamento e proteção de equipamentos. São fabricados em madeira, alumínio ou fibra de
Case
carbono.
Channel Separation Inglês. Separação Entre Canais Especifica em decibéis a separação entre os canais do estéreo (direito e esquerdo)
Channel Inglês. Canal
Chromatic Tuner Inglês. Afinador Afinador de instrumentos que usa a escala musical chamada cromática.
Concertino
Inglês. Partitura Musical
Manuscript
Cone Componente de um alto falante que produz a movimentação do ar.
Console Inglês. Mesa de Som
Corrente Alternada Um tipo de corrente elétrica
Cozinhar o Galo Gíria. Fazer Hora Equivale a gíria "Rodar a Lâmpada"
Crossfader Inglês. Tipo de mixagem de dois ou mais canais onde o primeiro vai diminuindo e o segundo vai aumentando gradativamente.
Cymbals Inglês. Chimbau de Bateria
DDL Inglês. Abreviação de Digital Delay
Inglês. Pequena CAIXINHA que transforma o sinal de instrumento em sinal de microfone (Alta impedância para Baixa impedância). É
Direct Box
utilizada para ligar instrumentos direto na mesa de som.
Drum Inglês. Bateria Instrumento musical responsável pero ritmo e andamento das músicas
Drummer Inglês. Baterista Musico que toca bateria.
Electret Microphone Inglês. Microfone de eletreto Ou microfone de condensador
Electrical Engineer Inglês. Engenheiro Elétrico Responsável pelo dimensionamento elétrico em shows ou eventos no exterior.
EQ Inglês. Abreviação de Equalização Também pode significar equalizador ( aparelho)
Termo Significado
Fade In Inglês. Aumentar o volume
Fade Out Inglês. Abaixar o volume
Fade Inglês. Uma mudança gradual de um nível para outro. Ex. Aumentar ou abaixar o volume.
Fader Inglês. Botão de volume Botão ou chave deslizante usada para controlar o volume de um canal de mesa ou de outro aparelho qualquer.
Feed Inglês. Sinal Padrão Enviar um sinal auditivo padrão para teste.
Inglês. Em processadores de efeitos é o parâmetro que controla a quantidade de repetições que acontecerão depois do som original
Feedback 2
.Também conhecido como profundidade ou "regeneration" (realimentação)
Feedback Inglês. Realimentação Microfonia.
Fidelity Inglês. Fidelidade Qualidade de uma gravação ou reprodução sonora.
Filter Inglês. Filtro Um dispositivo que remove freqüências de uma região pré determinada. Cada banda de um equalizador é um filtro.
Filtrar Remover ou atenuar uma região de freqüências.
Final Mix Inglês. Mixagem final Quando todos os canais de uma gravação são reduzidos a uma mixagem de apenas dois canais.
Flat Inglês. Reto Em áudio significa deixar todos parâmetro dos botões de volumes ou cortes em ZERO.
Floor Tons Inglês. Surdo da Bateria
Inglês. Termo Europeu Significa mandar um sinal da mesa de som para os monitores de palco. Nos EUA e Japão o termo mais usado é Talk
Fold Back
Back.
Folding Amp Stand Inglês. suporte para amplificadores de guitarra.
Foot Drum Inglês. Bumbo Outro nome do Bumbo da bateria. O termo mais usado é Kick drum
Foot Pedal Inglês. Pedal de volume
Inglês. Pedal com chave Pode ser um pedal liga e desliga ou de pedal de contato usado em "sustain" de teclados e amplificadores de
Foot Switch
instrumentos.
Número de vibrações (ciclos) de uma onda sonora por um segundo. A freqüência de uma onda é medida em hertz (hz) Ex: 100 hz significa
Freqüência
100 vibrações (ciclos) por segundo.
Frequency Range Inglês. Faixa de Freqüências Região de freqüências em que um falante, microfone ou aparelho atua ou trabalha melhor.
Frequency Inglês. Freqüência
Inglês. Faixa Completa. Sistema ou caixa acústica que emite todas as freqüências ao mesmo tempo. Ex : Um sistema de caixas sem
Full Ranger
crossover
GND Inglês. Abreviação de GROUND. Fio terra ou aterramento.
Graphic EQ Inglês. Equalizador Gráfico.
Ground Inglês. Terra Fio terra ou aterramento.
GTR Inglês. Abreviação de guitarra
Guitar Cables Inglês. Cabo de guitarra
Guitar Picks Inglês Palhetas Pequenas peças triangulares de plástico. Usadas para tocar violões, guitarras, baixos etc.
Guitar Straps Inglês. Correia de guitarra
Guitar Strings Inglês. Cordas de guitarra.
Headphone Inglês. Fone de ouvido
House Mix Inglês. Área da Mesa Local onde fica instalada a mesa de som e periféricos.
In put Inglês. Entrada
In Inglês. Abreviação de In Put Entrada
Keyboard Inglês. Teclado
Keyboardist Inglês. Tecladista
Kick Drum Inglês. Bumbo de bateria
Kick Inglês. Chute Abreviação de Kick drum. Bumbo da bateria.
Knobs Inglês. Botão. São botões simples pode ser de plastico, metal,etc.
Left Channel Inglês. Canal esquerdo
Left Inglês. Esquerdo
Formula matemática que explica a relação de voltagem, corrente, e resistência em circuitos elétricos. Por exemplo V = I x R ; I = V // R ; R =
Lei de Omh
V // I /n
Low Batery Indicator Inglês. Indicador de bateria fraca Normalmente é um Led (lusinha) que acende para indicar que a bateria esta fraca.
Low Batery Inglês. Bateria ou pilha fraca
Low Frequency Inglês. Baixas Freqüências Graves
Low Inglês. Baixa Abreviação de Low frequency
Machine Head Inglês. Gíria américa Afinador de guitarra.
Main Power Inglês. Central de energia Transformador central de onde sairão todos os pontos de energia elétrica para os sistemas de som, luz, etc.
Make Off Inglês. Desligar
Gíria. Ponta do multi-cabo Apelido dado a ponta do multi-cabo ou sub-snake onde ficam os plugues XLR ou P-10. Referência mitologia a
Medusa
deusa grega "Medusa" que era uma mulher com cabelos de cobras.
MEG Inglês. Abreviação de 1,000,000
Mexedor de pitocos Gíria. Técnico operador de mesa de som em algumas regiões do nordeste.
Mic Snake Cables Inglês. Multi-cabo Multi-cabo para canais de microfones .
Mic Inglês. Abreviação de microfones
Microphone Stand Inglês. Pedestal de microfone
Inglês. Misturar ou somar Parâmetro encontrado em alguns Efeitos Digitais ( tipo delay ) que controla a quantidade de efeito a ser adicionado
Mix 2
ao som original.
Mix Inglês. Misturar
Mixer Inglês. Misturador Pode significar pequenas mesas de som
Monophonic 2 Inglês. Uma voz Teclados do final da década de 70 que reproduziam uma voz (nota) de cada vez. Ex: Mini Moog
Monophonic Inglês. Monofônico Ou simplesmente MONO. Sistema que reproduz apenas um canal.
MTC Inglês. Abreviação de MIDI Time Code Sinal de sincronismo MIDI baseado no sinal SMPTE.
Multitrack Record
Multitrack Record Inglês. Gravador Multicanal Também conhecido como Gravador multipistas.
Multitrack Inglês. Multicanal Também chamado de multipistas
Termo Significado
Inglês. Mudo Chave que corta o sinal (liga/desliga). Em algumas mesas de som o MUTE pode ser programado para ligar ou desligar um ou
Mute
vários canais simultaneamente em momentos pré determinados. Pode ser acionado diretamente ou programado via MIDI
Off Inglês. Desligado
Ohm Inglês. Unidade de medida da resistência elétrica.
Ohm's Law Inglês. Lei de Ohm Formula matemática que explica a relação de voltagem, corrente, e resistência em circuitos elétricos.
Omnidirectional
Inglês. Microfone Onidirecional
Microphone
On Inglês. Ligado Funcionando , aceso etc.
Operating Range Inglês. Área de Operação Este parâmetro determina a área de alcance de um transmissor ou receptor.
Operating
Inglês. Temperatura de Funcionamento Especifica temperatura adequada ao funcionamento do aparelho.Exemplo "de -10 até +50 graus.
Temperature
Oscilador Circuito eletrônico que gera uma onda de áudio com sinal constante. Bastante usada para calibrar equipamentos.
Oscillator Inglês. Oscilador Circuito eletrônico que gera uma onda de áudio constante.
Out Put Inglês. Saída
Out Inglês. Saída Abreviação de Out put.
Inglês. Gravar em cima parâmetro usado em processadores de efeitos que grava um novo efeito sobre um já gravado .Efeito conhecido
Overdub
como "som sobre som". Em alguns aparelhos como câmeras de vídeo significa regravar o áudio da fita
Inglês. Acima da capacidade Quando um sinal de áudio ultrapassa a capacidade eletrônica de um circuito eletrônico causando a saturação
Overload
e distorção.
P A Speakers Inglês. Caixas de P A
Inglês. Abreviação de PUBLIC ADDRESS Som direcionado ao público. Esse termo no Brasil define todos sistemas de som. Mas é usado
PA
apenas para as grandes platéias. Sistema para pequenos lugares chama-se " Sound Reinforcement "
P.Azeiro Gíria. técnico Técnico de som que opera e monta sistemas de P A
Pad Inglês. Pequeno circuito ou resistências que atenua o sinal de entrada em mesas de som ,mixers, processadores, DI etc
Peak Inglês. Pico Volume mais alto de um sinal de áudio.
Gíria. Apelido dado aos estúdios móveis (caminhões) que fazem gravações de shows ao vivo. Tem esse nome porque se parecem com os
Peixeiro
caminhões de venda de peixe encontrados nas feiras livres de São Paulo
Percussionist Inglês. Percussionista
Inglês. Abreviação de "Pre Fade Listen" Dispositivo usado em mesas de som onde o técnico operador pode ouvir o sinal que entra em um
PFL
canal selecionado antes de passar pela equalização. O seja o sinal original puro.
Phono Plug Inglês. Plugue RCA Conector padrão em sistemas hi-fi e vídeo desenvolvido pela RCA . Conhecido popularmente como plugue RCA.
Power 2 Inglês Abreviação de Power Amp. Amplificadores.
Power On Inglês. Energia Ligada.
Inglês. Energia Requisitada Determina as necessidades de energia para o bom funcionamento de um aparelho. Exemplo Ac 110v ou 220v,
Power Requirements
Dc 9v, 52v etc
Power Supply Inglês. Fontes de energia Transformadores de energia AC para DC. Em alguns casos significa eliminadores de pilhas ou baterias.
Power Inglês. Energia Ou eletricidade
Public Address Inglês. Direcionado ao público. No caso do áudio refere-se ao sistema de caixas de som direcionado ao público ou apenas P.A
RCA connectors Inglês. Conector RCA Tipo de conector padrão em áudio e home vídeo.Conhecido também como "phono plug"
Recording Engineer Inglês. Engenheiro de gravação engenheiro responsável pelas gravações em estúdios.
Régua de AC Gíria. Extensão de força Extensão de energia elétrica com varias tomadas.
Replacement
Inglês. Reparo de Tweeters Domo para reparos de Tweeters.
Tweeters
Rigth Channel Inglês. Canal direito
Rigth Inglês. Direito lado direito
Gíria. Fazer Hora Termo muito usado em estúdios de gravações. Os estúdios cobram por hora de gravação então alguns "mais espertos"
Rodar a Lâmpada
demoram a iniciar as gravações para aumentar o numero de horas a serem pagas.
RTA Inglês. Abreviação de REAL TIME ANALYZER Analisador em tempo real
Screws Inglês. Parafusos
Single Unit Inglês. Unidade Simples Apenas uma unidade
Snake Cable Inglês. Multi-cabo
Snare Inglês. Caixa da bateria.
Speakers Cables Inglês. Cabos de Caixas
Speakers Stands Inglês. Suporte ou estantes para caixas acústicas Conhecidas popularmente como tri-pé ou "pé de galinha"
SPL Inglês. Abreviação de Sound Pressure Level Nível de pressão sonora.
Inglês. Silenciar Pequeno circuito eletrônico que diminui os ruídos de interferências em receptores de microfone sem fio (UHF ou VHF).
Squelch
Existem modelos automáticos digitais e alguns com ajuste manual .
Stage Mix Inglês. Mesa monitora Mesa de som responsável pela mixagem do som dos monitores ou ear phones do palco
Stage Monitors Inglês. Sistema de monitores de palco.
Strap Botton Inglês Botão da Correia Pequeno pino cromado com parafuso existente em instrumentos como violões e guitarras onde é presa a correia.
Straps Inglês. Correias Neste caso correia de instrumentos baixo, guitarra, sax,etc
Strings 2 Inglês. Cordas Define uma orquestra de cordas ou um naipe de violinos.
Strings Inglês. Cordas Encordoamento feitos em aço ou nylon para guitarras,violões, pianos, baixos etc.
Inglês. Multi-cabo Pequeno multi-cabo secundário usado para fazer as ligações de baterias e outros instrumentos distribuídos pelo palco
Sub Snake
trazendo até o multi-cabo principal
Sub Woofer Inglês. Falante de Grave Sistema de caixas ou falantes que reproduzem freqüências muito baixas. Ou seja graves abaixo de 125hz.
Inglês. Tempo para a repetição. Parâmetro usado em processadores de efeitos que controla o espaço de tempo entre uma repetição e outra.
Time Delay
Pode ser medido em segundos, milésimos de segundos ou em metros. Conhecido também como speed
Trafo Gíria. Transformador Apelido do transformador de força ou Main Power.
Trigado Gíria. Usando triggers. Significa que bateria ou outro instrumento usa sensores para disparar um modulo de sampler .
Inglês. Disparadores Pequenos dispositivos eletrônicos de contato sensíveis a vibrações. Os mais comuns são usados em baterias. Neste
Trigger
caso servem para disparar samplers em módulos de baterias eletrônicas.
Termo Significado
Inglês. Instrumento musical. Instrumento de percussão constituído de tubos metálicos. Uma das variações da Marimba. É tocado com
Tubaphones
baquetas de bolinhas de borracha na ponta.
Tube Parametric EQ Inglês. Equalizador Paramétrico a Válvula
Tube Inglês. Abreviação de válvula eletrônica
U.M. Gíria. Abreviação de Unidade Móvel Veiculo com equipamento montado usados em gravações de externas para TV ou shows
Vacuun Tube Inglês. Válvula eletrônica
White Noise
Inglês. Gerador de Ruído Branco E um circuito eletrônico que produz o " ruído Branco" que é usado para calibrar sistemas de áudio
Generator
Inglês. Ruído Branco Sinal de áudio que contém todas as freqüências do espectro auditivo. É usado em conjunto com analisador de
White Noise
espectro para Análise de sistemas de som./Veja também " White noise generator"
Windows Inglês. Janela Representa a área de trabalho nos softwares e pode representar também o visor de cristal liquido no aparelhos. ( Display )
Wireless
Inglês. Microfone sem fio
Microphone
Wireless Inglês. SEM FIO Denomina que o aparelho é sem fio. Pode ser microfones, fones de ouvido, transmissores de guitarra etc.
Woofer Inglês. Sonofletor de graves Sonofletor próprio para reproduzir baixas freqüências (graves) . Normalmente reproduz na faixa de 80 a 600hz
Write Protect Inglês. Proteção contra escrita ou regravação. Em processadores digitais significa que os parâmetros não podem ser alterados.
Inglês. Conector de três pinos padrão AES/EBU usado em microfones e seus cabos. Também chamado de plugue Canon ( Canon é uma
XLR
das marcas.) Conector indicado para cabos e ligações balanceadas de 600 ohm.
Y-cable split Inglês. Cabo y